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FÍSICO-QUÍMICA EQUILÍBRIO QUÍMICO EQUILÍBRIO QUÍMICO As reações que estão em equilíbrio químico continuam ocorrendo até que a composição da mistura atinja um mínimo de energia livre de Gibbs. Essa composição é descrita por uma constante de equilíbrio. O equilíbrio químico é dinâmico e se altera com mudanças das condições. O conhecimento da composição de uma mistura de reação no equilíbrio nos informa sobre a quantidade de produtos que podemos esperar, o que é de grande importância econômica e biológica. Ao se atingir o equilíbrio químico, a reação química não tem mais a tendência de mudar a composição da mistura de reação, isto é, as concentrações (para solutos em solução) ou pressões parciais (para gases) dos reagentes e produtos. Os equilíbrios químicos são dinâmicos, com as reações direta e inversa ocorrendo na mesma velocidade. Os equilíbrios químicos podem ser descritos de forma termodinâmica, pois o mesmo tende a atingir um mínimo de energia, isso nos dá a possibilidade controlar a direção de uma reação e consequentemente seu rendimento. A constante de equilíbrio é uma consequência da termodinâmica. REAÇÕES NO EQUILÍBRIO Dizer que o equilíbrio químico é dinâmico significa dizer que, quando uma reação atingiu o equilíbrio, as reações direta e inversa continuam a ocorrer, mas os reagentes e os produtos estão sendo consumidos e recuperados na mesma velocidade. O resultado é que a composição da mistura permanece inalterado. A síntese de Haber para a produção de amônia, ilustra graficamente o equilíbrio químico. N2(g) + 3H2(g) ⇄ 2NH3(g) No início da reação a concentração dos reagentes é máxima e no decorrer da reação ocorre uma redução. O contrário é observado para o produto, em que a concentração inicial é zero, mas com o passar do tempo inicia-se um aumento desse valor. Em certo momento, não ocorre mais variação de concentração dos reagentes e produtos, o equilíbrio químico foi atingido. EQUILÍBRIO E LEI DA AÇÃO DAS MASSAS Estudos realizados por Guldberg e Waage na síntese trióxido de enxofre evidenciaram que independente da concentração inicial dos reagentes, a reação seguia sempre para uma mesma proporção entre reagentes e produtos, de acordo com a expressão: 2SO2(g) + O2(g) ⇄ 2SO3(g) 𝐾 = (𝑃𝑆𝑂3) 2 (𝑃𝑆𝑂2)2𝑃𝑂2 A lei da ação das massas estabelece que, no equilíbrio, a composição da mistura de reação pode ser expressa em termos de uma constante de equilíbrio (K), em que cada componente no estado gasoso, é descrito em termos de pressão parcial elevada a uma potência igual ao coeficiente estequiométrico da equação química balanceada. No equilíbrio químico a velocidade da reação inversa (V2) se torna igual a velocidade da reação direta (V2). aA + bB ⇄ cC + dD V1 V2 FÍSICO-QUÍMICA EQUILÍBRIO QUÍMICO A constante de equilíbrio também pode ser escrita em termos de molaridade para espécies que não são gases, como mostrado a seguir: Zn(s) + 2HCl(aq) ⇄ ZnCl2(aq) 𝐾 = [𝑍𝑛𝐶𝑙2] [𝐻𝐶𝑙]2 Descobriu-se empiricamente, e a termodinâmica o justifica, que os líquidos puros (l) ou os sólidos (s) não devem aparecer em K. Então, ainda que o Zn(s) participe do equilíbrio, ele não deve aparecer na expressão da constante de equilíbrio. A conversão da constante de equilíbrio em termos de pressão (K) para a constante de equilíbrio em termos de concentração, é dada pela expressão: K = (RT)Δ n Kc Sendo Δn = nprodutos – nreagentes. As considerações acerca da expressão da constante de equilíbrio, consideram o comportamento ideal, ou seja, soluções diluídas e baixas pressões. Dessa forma, evita-se uma interferência causada pelas interações intermoleculares das espécies envolvidas no equilíbrio. Os equilíbrios químicos em que todos os reagentes e produtos estão na mesma fase são chamados de equilíbrios homogêneos. Equilíbrio homogêneo: 2SO2(g) + O2(g) ⇄ 2SO3(g) Os equilíbrios químicos em sistemas em mais de uma fase são chamados de equilíbrios heterogêneos. Equilíbrio heterogêneo: Zn(s) + 2HCl(aq) ⇄ ZnCl2(aq) Cada reação tem a sua constante de equilíbrio característica, com um valor que só pode ser alterado pela variação da temperatura. Reação T (K) K F2(g) ⇄ 2F(g) 500 3,0 x 10 -11 1000 1,0 x 10 2 1200 0,27 TERMODINÂMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO A lei da ação das massas é uma consequência da termodinâmica, a energia livre de Gibbs de uma mistura de reação depende das pressões parciais ou concentrações de reagentes e produtos. Portanto, a tendência de uma reação de ir adiante ou reverter é determinada por essas pressões ou concentrações. Em temperatura e pressões constantes: • Quando a mistura de reação ainda não formou produtos em quantidade suficiente para alcançar o equilíbrio, a direção espontânea das mudanças é no sentido da formação de mais produtos e ΔG < 0 para a reação direta. • Se a mistura de reação tem excesso de produtos, a reação inversa é espontânea e ΔG > 0, para a reação direta (e ΔG < 0 para a reação inversa). • Para a reação em equilíbrio, não existe tendência de espontaneidade em nenhuma das direções, direta ou inversa, e ΔG = 0. O valor de ΔG em um determinado momento da reação é a diferença entre a energia livre de Gibbs molar dos produtos e dos reagentes nas pressões parciais ou concentrações que eles têm naquele ponto. ∆𝐺𝑟 = Ʃ𝑛𝐺𝑚(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − Ʃ𝑛𝐺𝑚(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) É muito importante distinguir esta energia livre de Gibbs de reação, ∆𝐺, da energia de Gibbs padrão da reação, ∆𝐺°, que não muda durante a reação. O valor de ∆𝐺° pode ser calculado a partir das energias livres de Gibbs padrão de formação. ∆𝐺° = Ʃ𝑛𝐺𝑓°(𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠) − Ʃ𝑛𝐺𝑓°(𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) O estado padrão de uma substância é sua forma pura na pressão de 1 bar. No caso de um soluto, o estado padrão é a concentração de 1 mol.L -1 . A energia livre de Gibbs está relacionada com a pressão parcial, no caso de gases, ou com a concentração, no caso de um soluto, de acordo com as expressões: Para um gás: FÍSICO-QUÍMICA EQUILÍBRIO QUÍMICO 𝐺𝑚 = 𝐺𝑚° + 𝑅𝑇𝑙𝑛 ( 𝑃 𝑃0 ) Para um soluto: 𝐺𝑚 = 𝐺𝑚° + 𝑅𝑇𝑙𝑛 ( 𝐶 𝐶0 ) Logo, para a reação geral: aA + bB ⇄ cC + dD ∆𝐺𝑟 = ∆𝐺𝑟° + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑄 Com o quociente de reação, Q, definido como 𝑄 = (𝑎𝐶) 𝑐(𝑎𝐷) 𝑑 (𝑎𝐴)𝑎(𝑎𝐵)𝑏 A expressão de Q tem a mesma forma da expressão de K, mas as atividades referem-se a qualquer estágio da reação. No equilíbrio, Q = K e ∆𝐺𝑟 = 0, logo a expressão para o cálculo da energia livre de Gibbs torna-se: ∆𝐺𝑟° = −𝑅𝑇𝑙𝑛𝐾 O leva as seguintes observações: • Se ∆𝐺𝑟° é negativo, lnK deve ser positivo e, portanto, K > 1; os produtos são favorecidos no equilíbrio. • Se ∆𝐺𝑟° é positivo, lnK deve ser negativo, portanto, K < 1; os reagentes são favorecidos no equilíbrio. DIREÇÃO DA REAÇÃO Para predizer a tendência de uma determinada mistura de reagentes e produtos de formar mais produtos ou mais reagentes, é necessário comparar Q e K: • Se Q < K, ∆𝐺 é negativo; a reação tem a tendência de se processar na direção dos produtos. • Se Q = K, ∆𝐺 = 0; a reação não tem a tendência de mudar em nenhum sentido. • Se Q > K, ∆𝐺 é positivo; a reação inversa é espontânea e os produtos tendem a se decompor nos reagentes. FORMAS DA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO As reações em equilíbrio químico podem ser escritas em diferentes formas, o que causa certas modificações no valor da constante de equilíbrio: Equação Química Constante de equilíbrio aA + bB ⇄ cC + dD K1 cC + dD ⇄ aA + bB K2 = 1/K1 naA + nbB ⇄ ncC + ndD K3 = K1 n PRINCÍPIO DE LE CHATELIER Quando uma perturbação exterior é aplicada a um sistema em equilíbrio dinâmico, ele tende a se ajustar para reduzir ao mínimo o efeito da perturbação. 1) Variação na quantidadede reagentes e produtos: A adição de reagentes faz com que o quociente da reação, Q, fique momentaneamente abaixo de K, Q < K, a reação responde com a formação de produtos para restaurar a igualdade entre Q e K. A adição produtos faz com que Q fique momentaneamente acima de K, Q > K, a reação responde com a formação de reagentes 2) Compressão de uma mistura de reação A compressão de uma mistura de reação em equilíbrio no estado gasoso, tende a deslocar a reação na direção que reduz o número de moléculas em fase gás. O aumento da pressão pela introdução de um gás inerte não afeta a composição em equilíbrio. 3) Temperatura e equilíbrio No caso de uma reação exotérmica, verifica-se experimentalmente que a formação de produtos é favorecida pelo abaixamento da temperatura. No caso de uma reação endotérmica, pelo contrário, o aumento da temperatura favorece os produtos. O efeito da temperatura na composição de equilíbrio é FÍSICO-QUÍMICA EQUILÍBRIO QUÍMICO uma consequência da dependência da constante de equilíbrio com a temperatura., dada pela equação de van’t Hoff: 𝑙𝑛 𝐾2 𝐾1 = ∆𝐻𝑟° 𝑅 { 1 𝑇1 − 1 𝑇2 } BORA PRATICAR 01. Verifique se as seguintes afirmações estão corretas ou erradas. Se estiverem erradas, explique por quê. (a) Uma reação para quando atinge o equilíbrio. (b) Uma reação em equilíbrio no é afetada pelo aumento da concentração de produtos. (c) Se a reação começa com maior pressão dos reagentes, a constante de equilíbrio será maior. (d) Se a reação começa com concentrações maiores de reagentes, as concentrações de equilíbrio dos produtos serão maiores. 02. Balanceie as seguintes equações usando os menores coeficientes inteiros, e depois escreva a expressão do equilíbrio Kc de cada uma das reações: (a) CH4(g) + O2(g) ⇌ CO2(g) + H2O(g) (b) I2(g) + F2(g) ⇌ IF5(g) (c) NO2(g) + F2(g) ⇌ FNO2(g) 03. Use os seguintes dados de concentrações molares de equilíbrio, coletados em 460 °C, para determinar a constante K da reação H2(g) + I2(g) ⇌ 2HI(g). PH2 (bar) PI2 (bar) PHI (bar) 6,47 x 10 -3 0,594 x 10 -3 0,0137 3,84 x 10 -3 1,52 x 10 -3 0,0169 1,43 x 10 -3 1,43 x 10 -3 0,0100 04. Escreva o quociente de reação Q para: (a) 2BCl3(aq) + 2Hg(l) ⇌ B2Cl4(s) + Hg2Cl2(s) (b) P4S10(s) + 16H2O(l) ⇌ 4H3PO4(aq) + 10H2S(aq) (c) Br2(g) + 3F2(g) ⇌ 2BrF3(g) 05. Calcule a energia livre de Gibbs da reação I2(g) ⇌ 2I(g) em 1200 K (K = 6,8), quando as pressões parciais de I2 e I forem 0,13 bar e 0,98 bar, respectivamente. Qual a direção da espontânea da reação? Explique de forma resumida. 06. Se Q = 1,0 para a reação N2(g) + O2(g) ⇌ 2NO(g) em 25 °C, ela tenderá a formar produtos, a formar regentes ou estará em equilíbrio? (Dados energia de Gibss de formação (ΔGf°): NO = +86,55 kJ.mol -1 , N2 = 0 kJ.mol -1 , O2 = 0 kJ.mol -1 ) 07. Em uma mistura de H2, Cl2 e HCl em equilíbrio na fase gás, em 1000 K, [HCl]=1,45 x10 -3 mmol.L -1 e [Cl2]=2,45 x 10 -3 mmol.L -1 . Calcule a concentração de H2. (K = 5,1 x 10 8 ) 08. Para a constante de equilíbrio da reação 2SO2(g) + O2(g) ⇌ 2SO3(g), K = 2,5 x 10 10 em 500 K. Encontre o valor de K na mesma temperatura: (a) SO2(g) + 1/2O2(g) ⇌ SO3(g) (b) 2SO3(g) ⇌ 2SO2(g) + O2(g) (c) 3SO2(g) + 3/2O2(g) ⇌ 3SO3(g) 09. Uma amostra de 25,0 g de carbamato de amônio, NH4(NH2CO2), foi colocada em um frasco de 0,250 L sob vácuo, em 25 °C. No equilíbrio, o frasco continha 17,4 mg de CO2. Qual é o valor de Kc para a decomposição do carbamato de amônio em amônia e dióxido de carbono? A reação é: NH4(NH2CO2)(s) ⇌ 2NH3(g) + CO2(g) 10. A mistura de quatro gases, NH3, O2, NO e H2O colocada em um reator atinge o equilíbrio na reação 4NH3(g) + 5O2(g) ⇌ 4NO(g) + 6H2O(g). Certas mudanças são então feitas na mistura. Examine cada mudança separadamente e explique o efeito (aumento, diminuição ou nenhum) que elas provocam nos valores originais de equilíbrio da quantidade da segunda coluna. Mudança Quantidade (a) adicione NO H2O (b) adicione NO O2 (c) remova O2 NH3 (d) remova H2O NO (e) adicione NH3 O2 (f) remova NO NH3 (g) adicione NH3 NO (h) aumente a pressão O2 (i) aumente a temperatura H2O
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