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P á g i n a 1 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII CONCEITOS BÁSICOS • Endocrinologia: é a parte da biologia e da medicina que estuda o desenvolvimento, as funções e as doenças das glândulas endócrinas, sendo o sistema endócrino formado por diversos órgãos ou tecidos localizados em diversas regiões do organismo. • Glândula endócrina: órgão que tem função produzir uma secreção específica que • Funções gerais hormonais: são diversas as funções, sendo elas as seguintes: • Principais glândulas e seus hormônios: a) Pineal: melatonina. b) Hipotálamo: hormônios trópicos. c) Neurohipófise: ocitocina e vasopressina. d) Adenohiófise: prolactina, GH, corticotropina (ACTH), tireotropina (TSH), FSH e LH. e) Tireoide: triiodotironina, tiroxina e calcitonina. f) Paratireóide: paratormônio. g) Timo: timosina e timopoetina. h) Pâncreas: insulina, glucagon e somatostatina. i) Córtex da adrenal: aldosterona, cortisol e andrógenos. j) Medula da adrenal: adrenalina e noradrenalina. k) Rins: eritropoietina e 1,25 diiroxivitamina D3. l) Ovário: estrógeno e progesterona; inibina e relaxina. m) Tecido adiposo: leptina. n) Placenta: estrógeno, progesterona e gonadotropina coriônica. • Hormônios: substâncias ou moléculas produzidas por uma glândula endócrina ou em tecidos que apresentam outras funções (p. ex., pele, tecido adiposo, placenta etc.) Funcionam no organismo como sinais químicos e são liberados na corrente sanguínea sobre órgãos e tecidos situados à distância. Pode ter as seguintes comunicações em diferentes distâncias: a) Autócrino: quando o hormônio produz um efeito biológico sobre a mesma célula que o libera. b) Parácrino: quando o hormônio liberado de uma célula exerce um efeito biológico sobre uma célula vizinha, frequentemente localizada no mesmo órgão ou tecido. c) Endócrino: quando o hormônio é liberado na circulação e, em seguida, P á g i n a 2 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII transportado pelo sangue para exercer um efeito biológico sobre células-alvo distantes. d) Intrácrino: quando que um hormônio é sintetizado e atua intracelularmente na mesma célula que o produz (o hormônio nem chega ser secretado; ele é produzido e atua dentro da própria célula). - Classificação bioquímica dos hormônios: podem ser classificados em: è Proteínas (p. ex., corticotrofinas); è Peptídeos (p. ex., vasopressina); è Monoaminas (p. ex., noradrenalina); è Derivados de aminoácidos (p. ex., tri- iodotironina); è Esteroides (p. ex., cortisol) e; è Lipídeos (p.ex., prostaglandinas). • Controle da secreção hormonal: chamamos de retroalimentação ou feedback os mecanismos em que um hormônio controla sua própria produção e liberação. Um exemplo comum, é o eixo hipotálamo- hipófise-tireoide. Esse controle pode ser classificado em: è Feedback positivo: o estímulo é recebido e amplificado. Um certo “hormônio X” aumenta os níveis do “componente Y” e o “componente Y” estimula a secreção do “hormônio X”, conferindo instabilidade. è Feedback negativo: garante estabilidade por manter um parâmetro fisiológico dentro da escala normal. Em uma alça de retroalimentação negativa, o “hormônio A” atua em um ou mais órgãos-alvo para induzir uma mudança (diminuição ou aumento) nos níveis circulantes do “componente B”, e a mudança no componente B, por sua vez, inibe a secreção do hormônio A. P á g i n a 3 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII • Classificação dos mensageiros extracelulares quanto a natureza química: - Hidrossolúveis; - Peptídeos e proteínas: o mais comum, é a insulina. São hidrossolúveis, produzidos em vesículas, possuem meia-vida curta, não necessitam de moléculas carreadoras. - Derivados de aminoácidos: catecolaminas, serotonina e melatonina são exemplos. - Lipossolúveis: podem ser esteróides (p. ex., o cortisol, aldosterona, testosterona, estrogênio e a vitamina D), hormônios tireoideanos, eicosanoides e óxido nítrico. - Aminas: são derivados de um único resíduo de aminoácido, geralmente a tirosina. São hidrofílicos, não necessitam de moléculas carreadoras e possuem receptores de superfície. - Hormônios esteroides: são derivados do colesterol. São lipofílicos (não são estocados), possuem moléculas carreadoras proteicas específicas e agem em receptores intracelulares (nucleares e citoplasmáticos). - Hormônios tireoidianos: constituídos por duas tirosinas acopladas e iodadas. Embora as tirosinas sejam aminoácidos hidrossolúveis, uma vez acopladas e iodadas, perdem o caráter hidrossolúvel. Passam a ter algumas características comuns dos hormônios liposolúveis, como a necessidade de transportadores na corrente sanguínea, ação em um receptor nuclear e necessitar de transportadores para entrar na célula alvo. • Receptores: moléculas ou ponto de uma molécula ao qual vem ligar-se e interagir uma outra molécula, como por exemplo um hormônio. Permitem que ocorra a comunicação entre as células, sendo responsáveis pela transdução de sinal. Podem ser intracelulares ou de superfície (membrana plasmática). A expressão do receptor determina quais células responderão a esse estímulo. • Formas de atuação dos receptores intracelulares: ocorre uma ativação do gene ligante dependente (ligação ao gene e recrutamento de coativadores). Os HRE (elementos de resposta ao hormônio) entrarão em ação, o que levará a uma repressão do gene ligante dependente. P á g i n a 4 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII - Receptores internos: a atuação dos hormônios será de natureza lipossolúvel. Podem ser nucleares ou citoplasmáticos. São capazes de reconhecer e se ligar ao subgrupo dos genes que será regulado pelos seus ligantes. Os genes alvo contêm sequências específicas de DNA que são chamadas de elementos responsivos ao hormônio (HRE). - Receptores de membrana: esses receptores são glicoproteínas integrantes da membrana cujo domínio extracelular reconhece um ligante. As etapas a seguir descrevem o funcionamento de receptores de membrana: a) A transmissão do sinal se inicia quando um ligante extracelular, denominado primeiro mensageiro, liga-se a seu receptor específico; b) Geralmente gera mudança conformacional no receptor; c) O receptor passa de sua forma inativa à ativa e inicia a transdução de sinal (várias formas); d) Geração de cascata de sinalização; e) Formação de segundos mensageiros intracelulares; f) Atuação sobre proteínas alvo (exemplos de proteínas alvo: transportadoras, reguladoras da expressão gênica, do citoesqueleto e reguladoras do ciclo celular e enzimas) e; g) Provoca uma ação hormonal. - Receptores ligados a canais iônicos: há a conversão de um hormônio em um sinal elétrico. Podem levar à despolarização celular, como por exemplo, alguns subtipos de receptores de acetilcolina e glutamato que abrem canais de sódio ou cálcio. Outro exemplo, é o receptor nicotínico da acetilcolina. - Receptores acoplados a proteína G: possuem sete domínios transmembrânicos. São assim chamados por ligarem-se a nucleotídeos de guanina (GDP e GTP). A proteína G são complexos heterotriméricos, constituídos por subunidades α, β e γ. No estado inativo, a subunidade α está acoplada ao GDP, do lado interno da membrana plasmática. As etapas a seguir descrevem o funcionamento de receptores acoplado a proteínas G: a) Ligação do hormônio; b) Mudança conformacional do receptor; c) Mudança conformacional da proteína G; d) Liberação do GDP e ligação do GTP; e) Ativação da subunidade α da proteína G; P á g i n a 5 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII f) A subunidade α se desliga das outras subunidades; g) Asubunidade α liga-se a uma enzima, o que pode acarretar estimulação ou inibição de sua atividade catalítica; h) Essas enzimas catalisam a geração de mensageiros intracelulares como AMPc, por exemplo, e; i) Esses segundos mensageiros desencadeiam a ação hormonal. A sinalização é terminada quando o hormônio é removido e a subunidade α se inativa por conversão de seu GTP em GDP; a subunidade α mais uma vez se combina com a as beta e gama para formar a proteína G trimérica ligada a membrana e inativa. As três variações de alfa são: I. Gαi: inibe a adenililciclase (responsável por transformar ATP em AMPc) e inibe o AMPc. II. Gαs: aumenta a ação da adenililciclase aumentando AMPc e aumentando a resposta celular. III. Gαq: estimula DAG, IP3 e fosfolipase C (via cálcio/calmodulina). - Receptor tirosina-quinase: apresentam um domínio extracelular, um domínio transmembranar e uma porção intracelular que contém uma enzima chamada tirosinaquinase que fosforila resíduos de tirosina (a enzima está no receptor e por isso é denominada intrínseca). A ativação pelo ligante ativa a tirosina quinase, que ativa um substrato que vai atuar sobre outras proteínas, promovendo a ação celular. BIOQUÍMICA METABÓLICA • Taxa Metabólica Basal (TMB): o metabolismo basal é o gasto energético mínimo para a existência do corpo. Assim, mesmo quando a pessoa se encontra em completo repouso, uma energia considerável é requerida para realização de todas as reações químicas do corpo. São fatores que influenciam a TMB: idade, sexo, peso, genética, temperatura etc. • Termogênese: é o processo de produção e regulação de calor nos organismos. Pode ser induzida por dieta. - Termogênese induzida por dieta: quando há ingestão de alimentos, a produção de calor pelo corpo aumenta para valores acima dos níveis basais. Essa energia é chamada de termogênese induzida pela dieta (TID). Essa TID determina o gasto de energia necessária para a digestão, absorção, metabolismo, excreção e armazenamento dos nutrientes, além do aumento da atividade metabólica. • Trifosfato de adenosina (ATP): as células heterotróficas obtêm energia livre de forma química pelo catabolismo de moléculas de nutrientes, e elas usam essa energia para fazer ATP a partir de ADP e Pi. O ATP doa P á g i n a 6 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII parte da sua energia química para processos endergônicos como a síntese de intermediários metabólicos e de macromoléculas a partir de precursores menores, para o transporte de substâncias por meio de membranas contra gradientes de concentração, e para o movimento mecânico. • Glicólise: uma molécula de glicose é degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas, gerando duas moléculas do composto de três átomos de carbono, o piruvato. Durante as reações sequenciais da glicólise, parte da energia livre da glicose é conservada na forma de ATP e NADH. - Etapas da glicólise: a) Ocorre a fosforilação da glicose e sua conversão em gliceraldeído-3-fosfato na seguinte sequência: 1. Ocorre a conversão de glicose- 6-fosfato a frutose-6-fosfato. 2. Ocorre a fosforilação da frutose-6-fosfato a frutose-1,6- bifosfato. 3. A clivagem da frutose-1,6- bifosfato permite a interconversão das trioses- fosfato, que resulta na formação do gliceraldeído-3- fosfato. b) Formado o gliceraldeído-3-fosfato, há início a fase de pagamento. Essa etapa inclui fases de fosforilação que conservam energia, nas quais partes da energia química da molécula da glicose é conservada na forma de ATP e NADH, e que ocorre na seguinte sequência: 1. Ocorre a oxidação do gliceraldeído-3-fosfato a 1,3- bifosfatoglicerato. 2. Ocorre a transferência de grupo fosforil de 1,3-bifosfoglicerato a ADP. 3. Ocorre a conversão de 3- fosfoglicerato a 2- fosfoglicerato. 4. Ocorre a desidratação de 2- fosfoglicerato e fosfoenolpiruvato e, por fim; 5. Ocorre a transferência de um grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para ADP. P á g i n a 7 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII Em resumo, a glicólise, na sua fase de pagamento, forma 4 ATP`s e 2 NADH. Porém, na fase preparatória há o consumo de 2 ATP`s. Logo, o saldo energético da glicólise são 2 ATP`s e 2 NADH. • Gliconeogênese: converte em glicose o piruvato e os compostos relacionados, com três e quatro carbonos. Os precursores importantes da glicose em animais são compostos de três carbonos como o lactato, o piruvato e o glicerol, assim como certos aminoácidos. • Ciclo de Cori: é a gliconeogênese pelo lactato. O lactato produzido pela glicólise anaeróbia no músculo esquelético retorna para o fígado e é convertido a glicose, que volta para os músculos e é convertida a glicogênio. • Ciclo de Krebs: é uma via catabólica central por meio do qual os compostos derivados da degradação de carboidratos, gordura e proteínas são oxidadas a CO2, com maior parte da energia da oxidação temporariamente armazenada nos transportadores de elétrons FADH2 e NADH. A acetil-CoA entra no ciclo do ácido quando a citrato-sintase catalisa sua condensação com o oxaloacetato para a formação de citrato. Em sete reações sequenciais, incluindo duas descarboxilações, o ciclo do ácido cítrico converte citrato a oxaloacetato e libera dois CO2. Para cada acetil-CoA oxidada pelo ciclo do ácido cítrico, o ganho de energia consiste em 3 moléculas de NADH (2,5 ATP`s formados), 1 de FADH2 (1,5 ATP formado) e 1 nucleosídeo trifosfatado (ATP ou GTP). - Etapas do Ciclo de Krebs: I. Ocorre a formação do citrato. II. Ocorre a formação de isocitrato via cis- aconitato. III. Ocorre a oxidação do isocitrato a a- cetoglutarato e CO2 (sai 1 molécula de CO2 e 1 NADH). IV. Ocorre a oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO2 (também sai 1 molécula de CO2 e 1 NADH). V. Ocorre a conversão de succinil-CoA a succinato. VI. Ocorre a oxidação do succinato a fumarato. P á g i n a 8 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII VII. Ocorre a hidratação do fumarato a malato. VIII. Ocorre a oxidação do malato a oxaloacetato. • Cadeia respiratória ou fosforilação oxidativa: é a culminação do metabolismo produtor de energia em organismos aeróbios. Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos, gorduras e aminoácidos convergem para esse estágio final da respiração celular, onde a energia da oxidação governa a síntese de ATP. - Etapas da cadeia respiratória ou fosforilação oxidativa: I. Ocorre a entrada de elétrons, derivados da ação das desidrogenases. II. Desigrogenases ligadas a nucleotídeos de nicotinamida catalisam reações reversíveis dos seguintes tipos gerais: III. Desidrogenases ligadas ao NAD+ removem dois átomos de hidrogênio de seus substratos. IV. O NADH carrega elétrons das reações catabólicas até seu ponto de entrada na cadeia respiratória, o complexo da NADH-desidrogenase. V. Os elétrons passam por uma série de carregadores ligados à membrana, ondem ocorrem: è Transferência direta de elétrons, como na redução de Fe3+ a Fe2+. è Transferência na forma de um átomo de hidrogênio. è Transferência como um íon hidreto (H2), que tem dois elétrons. VI. Os carregadores de elétrons atuam em complexos multienzimáticos. P á g i n a 9 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII PÂNCREAS ENDÓCRINO • Função: por ser uma glândula mista, é responsável pela produção de enzimas digestivas (ou secreções exócrinas), secretadas na luz do duodeno, como a produção de hormônios (ou secreções endócrinas), secretados no interstício, de onde alcançam a circulação sanguínea. • Insulina: a insulina é um hormônio peptídico constituído por duas cadeias de resíduos de aminoácidos,sendo a sua síntese iniciada no R.E.R das células β, constituindo-se assim, a pré-proinsulina, que originando a insulina, é transportada pelo complexo de Golgi e empacotada em grânulo, originando a insulina e o peptídeo C (conecta as cadeias A e B). A deficiência de peptídeo C no sangue indica uma produção deficitária de insulina no metabolismo. Já a secreção da insulina inicia-se a partir da glicose, que ao ser transportada pelo GLUT2 para a célula B, através de ação da hexoquinase e glicoquinase, produz a glicose- 6-fosfato, que sofre transformação e leva a metabolização da glicose. Essa metabolização leva a formação de ATP e o aumento da relação ATP/ADP, promovendo o fechamento dos canais de potássio ATP-dependentes, que permitem a abertura dos canais de cálcio, que ativam enzimas da célula B, que expressam fosfolipase D (PDL), adenilciclase (AC), fosfolipase C (PLC) e fosfolipase A2 (PLA2), que juntas promovem a entrada do cálcio no meio intracelular, facilitando a ligação da calmodulina, formando Ca2+ - CaM. Ca2+ - CaM ativam PKA dependente de CaM, que junto com PKC e PKA, induzem a fosforilação de partes do citoesqueleto, para aí então, permitir a exocitose dos grânulos de insulina. P á g i n a 10 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII • Controle da secreção da insulina: é feita fundamentalmente pela glicose circulante. O aumento da glicemia causa elevação da secreção de insulina, a qual, agindo nos diferentes tecidos do organismo, eleva o transporte de glicose para os mesmos tecidos, diminuindo a glicemia. Com a redução desta, desaparece o estímulo secretório e consequentemente decresce a secreção do hormônio. • Ação da insulina no receptor: ocorre uma ligação da insulina à subunidade alfa do IR, o que provoca uma autofosforilação da tirosina quinase ligada à subunidade beta do IR, onde há liberação do sítio catalítico, permitindo a fosforilação de substratos do receptor de insulina (IRS), onde há ativação da enzima fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K) que atua na membrana transformando PIP2 em PIP3, onde este ativa a PDK, que por sua vez, ativa PKB (proteína quinase B) que promove a translocação de vesículas através do GLUT 4. • Ação da insulina no metabolismo de: a) Carboidratos: os efeitos da insulina no metabolismo da glicose promovem seu armazenamento e são mais proeminentes em três tecidos: fígado, músculo e tecido adiposo. No fígado e no músculo, a insulina aumenta a síntese de glicogênio. No músculo e no tecido adiposo, a insulina aumenta a captação de glicose por aumentar o número de transportadores de glicose (GLUT-4) na membrana da célula. Assim, a administração intravenosa de insulina causa uma diminuição imediata na concentração de glicose no sangue. No fígado, a insulina diminui a produção de glicose por inibir a glicogenólise e a gliconeogênese. b) Lipídios: a insulina diminui os níveis de ácidos graxos livres circulantes por inibir a atividade da lipase sensível a hormônio, a qual degrada triacilgliceróis no tecido adiposo. A insulina age promovendo a desfosforilação e, portanto, a inativação da enzima. Além disso, a insulina promove o aumento na síntese de triacilgliceróis, fornecendo o substrato glicerol-3-fosfato para a síntese destes. c) Proteínas: estimula a entrada de aminoácidos nas células e a síntese de proteínas. P á g i n a 11 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII • Resistência à insulina: incapacidade dos tecidos-alvo periféricos de responder de modo apropriado a concentrações circulantes normais de insulina. Para manter o estado de euglicemia, o pâncreas compensa pela secreção de quantidades aumentadas de insulina. À medida que a resistência à insulina aumenta, verifica-se o desenvolvimento de comprometimento da tolerância à glicose. Por fim, a falência ou a exaustão das células B do pâncreas resulta em secreção diminuída de insulina. A combinação de resistência à insulina e comprometimento da função das células B caracteriza o diabetes tipo 2 clínico. • Glucagon: é um hormônio peptídico produzido nas células A das ilhotas pancreáticas. Sua síntese inicia-se quando, após a transcrição do gene, o seu mRNA é traduzido no R.E.R., formando-se inicialmente o pré pró- glucagon, que origina o pró-glucagon. Durante o transporte dessa molécula através do complexo de Golgi para ser empacotada no grânulo, o pró-glucagon é clivado, dando origem a várias sequências peptídicas, entre as quais o glucagon que permanece armazenado até que a exocitose seja deflagrada. • Controle da secreção do glucagon: a sua secreção é estimulada pela glicemia. Contudo, o aumento da concentração de glicose no sangue inibe a secreção do glucagon. Do mesmo modo que as células B, as A expressam canais de KATP, e o aumento do metabolismo da glicose leva ao fechamento desses canais e a despolarização dessas células. O controle dessa secreção é realizado por incretinas, que são hormônios produzidos pelo trato gastrointestinal, que estimulam a secreção de insulina. O hormônio incretina peptídeo 1 tipo glucagon (GLP-1), além de estimular a secreção de insulina, suprime a liberação de glucagon. • Ação do glucagon no metabolismo de: a) Carboidratos: a administração intravenosa de glucagon leva a um aumento imediato na glicemia. Isso resulta de um aumento na degradação do glicogênio hepático (não do muscular) e de um aumento na gliconeogênese. b) Lipídios: o glucagon ativa a lipólise no tecido adiposo. Os ácidos graxos liberados são captados pelo fígado e oxidados a acetil-CoA, à qual é usada para síntese de corpos cetônicos. c) Proteínas: aumenta a captação de aminoácidos pelo fígado, resultando em aumento na disponibilidade de esqueletos carbonados para a gliconeogênese. • Tipos de diabetes: a diabetes é uma doença metabólica crônica caracterizada pelo P á g i n a 12 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII aumento dos níveis de açúcar/glicose no sangue. - Diabetes mellitus tipo 1 (DM1): é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina. É mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres. Subdivide-se em DM tipo 1A e DM tipo 1B. - Diabetes mellitus tipo 2 (DM2): é a mais comum. Possui etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes genético e ambiental. Geralmente acomete indivíduos a partir da 4ª década de vida. Trata- se de doença poligênica, com forte herança familiar. Na maioria das vezes é assintomática ou oligossintomática por longo período. Com menor frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento inexplicado). - Diabetes mellitus gestacional: consiste em condição diabetogênica, uma vez que a placenta produz hormônios hiperglicemiantes e enzimas placentárias que degradam a insulina, com consequente aumento compensatório na produção de insulina e na resistência à insulina, podendo evoluir com disfunção das células β. - Diabetes insipidus: é uma doença rara que leva a uma alteração no mecanismo de excreção e retenção de água, cursando com poliúria, polidipsia e baixa densidade urinária. Pode ser causada pela secreção e síntese deficiente do hormônio antidiurético (ADH) ou pela incapacidade tubular renal em responder a esse hormônio. P á g i n a 13 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII EIXO HIPOTÁLAMO- HIPOFISÁRIO • Conceito: é a integração das funções do hipotálamo e da glândula hipófise,que permite o controle dos sinais nervosos que chegam até o hipotálamo interfiram com sinais hormonais na glândula pituitária e controlem seu ritmo de produção hormonal, acarretando efeitos sistêmicos. • Hipotálamo: região do cérebro envolvida na coordenação das respostas fisiológicas de diferentes órgãos que, em seu conjunto, mantêm a homeostasia (fome, sede, sexo). Integra os sinais provenientes do ambiente, de outras regiões do cérebro e de aferentes viscerais e, a seguir, estimula as respostas neuroendócrinas apropriadas. - Tipos celulares hipotalâmicos: há dois tipos de neurônios encontrados no hipotálamo, são eles: a) Magnocelulares: sai do núcleo do hipotálamo → infundíbulo → neuro- hipófise → secreção de ADH e ocitocina → circulação sanguínea → células alvo. b) Parvicelulares: sai do núcleo do hipotálamo → eminência média → sistema porta-hipofisário → adeno- hipófise → circulação sanguínea → células alvo. - Hormônios hipotalâmicos: são eles: a) TRH: estimula a síntese e liberação do hormônio tireotrófico (TSH) e prolactina. b) GnRH: estimula a síntese e liberação dos hormônios gonadotróficos folículo estimulante (FSH) e luteinizante. c) Somatostatina (SS ou GHRIH): inibe a síntese e liberação do GH e do TSH. d) CRH: estimula a síntese e liberação da corticotrofina (ACTH). e) GHRH: estimula síntese e liberação de GH. f) Dopamina: inibe a liberação de prolactina (Prl). • Hipófise: também chamada de glândula pituitária, é uma pequena estrutura endócrina que possui dois componentes: adeno-hipófise, componente epitelial, e neuro-hipófise, uma estrutura neural (armazena ADH e Ocitocina). Todas as funções endócrinas da glândula pituitária são reguladas pelo hipotálamo e por alças de retroalimentação positiva e negativa. - Tipos celulares hipofisários: há cinco tipos celulares encontrados no hipotálamo, são eles: P á g i n a 14 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII a) Somatotrofos: são acidófilos e secretam o hormônio do crescimento (GH). b) Lactotrofos: também são acidófilos e secretam prolactina (PRL). c) Tireotrofos: são basófilos e secretam o hormônio estimulador da tireoide (TSH). d) Corticotrofos: são basófilos e secretam corticotrofina (ACTH). e) Gonadotrofos: são basófilos e secretam o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo-estimulante (FSH). - Hormônios hipofisários: dividem-se em neuro-hipofisários e adeno-hipofisários da seguinte forma: a) Neuro-hipofisários: encontram-se aqui, ocitocina e ADH. b) Adeno-hipofisários: encontram-se aqui, TSH, GH, ACTH, FSH, LH e Prl. • Sistema porta-hipofisário: na eminência mediana e nas porções mais superiores da haste hipofisária, observa-se uma densa rede de capilares, os quais se distribuem formando grandes alças, algumas penetrando cranialmente na eminência mediana, até as proximidades do líquido cerebrospinal do terceiro ventrículo, o que sugere possíveis trocas de moléculas entre eles. Esses capilares drenam para vasos que trafegam por toda a haste hipofisária em direção aos capilares sinusoides da adeno-hipófise, sendo, por essa razão, denominados vasos portais longos. Uma segunda rede de capilares está presente nas porções mais ventrais da eminência mediana, na haste hipofisária e neuro-hipófise (processo infundibular). Essas regiões recebem suprimento sanguíneo das artérias hipofisárias inferiores e são drenadas por capilares portais que se dirigem à adeno- hipófise, passando pela hipófise intermédia; esses capilares, por serem mais curtos que os anteriores, são denominados vasos portais curtos. • Hipopituitarismo/Pan-hipopituitarismo: a falência da hipófise se manifesta pela secreção diminuída ou ausente de um ou mais P á g i n a 15 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII hormônios hipofisários. O hipopituitarismo é um evento primário causado pela destruição da adeno-hipófise ou um fenômeno secundário, resultante da deficiência de fatores estimulantes hipotalâmicos que normalmente atuam sobre a hipófise. TIREOIDE • Sobre a glândula: possui dois lobos lateralizados, direito e esquerdo, estão unidos por um istmo de parênquima glandular que se apoia frouxamente sobre a traqueia anterior na altura da cartilagem cricóide. • Tipos celulares: a composição celular da glândula tireoide é diversificada, incluindo os seguintes tipos de células: a) Células foliculares (epiteliais): é a unidade funcional da glândula, onde ocorre o processo de biossíntese, armazenamento e secreção do HT. b) Células endoteliais: revestem os capilares responsáveis pelo suprimento sanguíneo dos folículos. c) Células parafoliculares: envolvidas na síntese da calcitonina, um hormônio que atua no metabolismo do cálcio, em resposta ao aumento da calcemia. d) Fibroblastos, linfócitos e adipócitos. • Hormônios tireoidianos: sabe-se que, apesar de não ser produzido na tireoide em si, o TSH (hormônio tireotrófico), é o estimulador da tireoide, que é regulado pelo hormônio hipotalâmico TRH e pelo HT, onde se forma uma alça de feedback negativo. Assim, é permitido que haja a produção de 3 (três) hormônios na glândula tireoide, como: a) T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina): os hormônios produzidos na tireoide são o T3 e o T4, sendo que o T4 é convertido em T3 no meio intracelular dos tecidos- alvo e/ou na escassez de iodo. b) Calcitonina: também produzido na tireoide, tem como função diminuir a concentração de cálcio no sangue, diminuir a absorção de cálcio pelos intestinos e impedir a atividade dos osteoclastos. • Síntese dos hormônios tireoidianos: segue a seguinte etapa de formação: I. Transporte do iodeto pela captação ativa (NIS – sódio-iodeto), direcionamento e transporte apical do iodo para o lúmen folicular; II. Oxidação do iodeto pela tireoperoxidade (TPO), catalisado pelo peróxido de hidrogênio (H2O2); III. Iodação dos resíduos tirosil da molécula de tireoglobulina formando iodo tirosinas e; IV. Acoplamento oxidativo de duas iodotirosinas formando iodotironinas ainda ligadas à tireoglobulina. Vale a pena lembrar que, o T3 é a união de uma tirosina MIT e uma DIT. Já T4, pela união de duas DIT. P á g i n a 16 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII • Secreção dos hormônios tireoidianos: uma vez liberados na circulação, T4 e T3 se ligam, de maneira reversível, a três proteínas plasmáticas: globulina ligadora de tiroxina (TBG), transtirretina (TTR) e albumina. • Células alvo: os hormônios tireoidianos exercem variadas funções em órgãos distintos, como por exemplo: a) Coração: estimula a transcrição do retículo sarcoplasmático Ca2+ ATPase, aumentando a taxa de relaxamento miocárdico diastólico, aumenta a expressão de formas rápidas de isoformas de cadeia pesada de miosina (α-isoformas), auxiliando no aumento da função sistólica, altera a expressão dos receptores α-adrenérgicos, altera a expressão de diferentes isoformas dos genes Na+ - K+ ATPase, reduz a concentração da proteína inibidora Gi α e aumenta as taxas de despolarização e repolarização do nodo sinoatrial (aumento da frequência cardíaca). Essas ações levam a mudança na função diastólica ventricular, redução da resistência vascular periférica e aumento do volume intravascular. b) Sistema simpático: aumenta o número de receptores β-adrenérgicos no coração, músculo esquelético, tecido adiposos e linfócitos além de amplificar a ação das catecolaminas no sítio pós-receptor. c) Pulmões: mantém as respostas ventilatórias à hipóxia e à hipercapnia no centro respiratório do tronco cerebral e regula as funções musculares respiratórias (músculos intercostais e diafragma); d) Células sanguíneas: regula a demanda celular por O2 e,por consequência, a regulação da produção de eritropoetina e da eritropoiese; e) Trato gastrointestinal: promove a motilidade visceral. f) Ossos: estimula a renovação óssea, aumento da reabsorção de cálcio e formação óssea. g) Complexo neuromotor: regula a velocidade de contração e relaxamento dos músculos e da taxa da renovação proteica e inversamente proporcional do músculo esquelético; h) Fígado: regula a gliconeogênese e a glicogenólise. i) Hipófise: controla a liberação de GH, GnRH, gonadotrofinas, prolactina, e ajuda na responsividade do eixo hipotálamo-hipófise ao estresse e na depuração metabólica do cortisol. • Hipotireoidismo: é causado por uma falência da tireoide (o mais comum), por uma deficiência hipofisária de TSH, por uma deficiência hipotalâmica de TRH ou por P á g i n a 17 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII resistência periférica à ação dos hormônios tireóideos. Pode ser classificado em: a) Hipotireoidismo primário: ocasionado por uma falência da própria glândula, mas também pode ocorrer devido a doença hipotalâmica ou hipofisária (denominado hipotireoidismo central). As principais etiologias do hipotireoidismo primário são: doença autoimune da tireoide, também denominada de Tireoidite de Hashimoto (caracterizada pela presença de autoanticorpos), deficiência de iodo e redução do tecido tireoidiano por iodo. b) Hipotireoidismo central (ou secundário): caracteriza-se por diminuição da secreção do TSH e, subsequentemente, redução da liberação dos hormônios da tireoide. Resulta de distúrbios da adeno- hipófise ou do hipotálamo e, algumas vezes, pode ocorrer em associação a outras anormalidades dos hormônios adeno-hipofisários. • Hipertireoidismo: Pode ser classificado em: a) Hipertireoidismo primário: pode ser considerado primário quando o mau funcionamento ocorre na própria tireoide (Doença de Plummer). b) Hipertireoidismo central: o hipertireoidismo secundário é causado por um aumento na liberação do hormônio tireoidiano pela glândula tireoide em resposta a níveis elevados de TSH derivados de adenomas hipofisários secretores de TSH. Os adenomas secretores de TSH representam uma pequena fração (1 a 2%) de todos os adenomas da hipófise e resultam em uma síndrome de secreção excessiva de TSH. O perfil hormonal caracteriza-se pela incapacidade de suprimir o TSH, apesar dos níveis elevados dos hormônios tireoidianos livres (T3 e T4 – Doença de Graves). • Tireotoxicose: refere-se às manifestações bioquímicas e fisiológicas das quantidades excessivas de hormônios tireoidianos, P á g i n a 18 | 18 Igor De Angeli Medicina, 2º Período, 2021/1 Turma XXVIII enquanto o termo hipertireoidismo significa especificamente o aumento da síntese de hormônios da tireoide e sua secreção. A tireotoxicose pode ser associada com hipertireoidismo ou pode ocorrer na ausência de um aumento da secreção hormonal tireoidiana. A causa mais comum de tireotoxicose é a Doença de Graves, em que autoanticorpos podem se ligar e estimular a produção tireotropina, também chamado de hormônio tireoestimulante ou TSH. Os receptores que se encontram na superfície das células foliculares da tiroide são estimulados, o que resulta em excesso de produção de T3 e T4. • Iodo: alimentos ricos em iodo são os produtos derivados do ambiente marinho. Nas regiões próximas ao litoral, acumula-se iodo no solo, pela chuva proveniente da evaporação da água marítima. Desta maneira, frutas e vegetais cultivados nesses locais absorvem significativas concentrações de iodo. Recomenda-se uma dieta alimentar de pelo menos 150 µg/dia para um adulto normal. Entretanto, em regiões geográficas com solo pobre em iodo, devido à distância do mar aliada aos efeitos do desgaste da terra por antiguidade, congelamento e lavagem por chuvas recorrentes, a ingestão desse elemento pode não atingir 10 µg/dia e deve ser complementada com sal iodado. A carência persistente de ingestão de iodo e consequente falta de HT durante o período fetal ocasiona um quadro grave de déficit do crescimento e do desenvolvimento neurológico, que foi denominado cretinismo. A principal via de excreção do iodeto é a renal. Uma pequena quantidade de iodeto é, entretanto, eliminada pela saliva, lágrimas, fezes, suor e leite. As vias de excreção são importantes em casos em que se realizam tratamentos com iodo radioativo.