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Dom Alberto
Psicologia Social
 
 
 
Pamela do Couto
O COTIDIANO DE TRABALHO DOS MONITORES SOCIAIS E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
 
VERA CRUZ
2020
O COTIDIANO DE TRABALHO DOS MONITORES SOCIAIS E SUAS PERCEPÇÕES SOBRE ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos autorais.
RESUMO: A presente pesquisa teve como foco verificar a imagem que monitores sociais tinham de adolescentes em circunstâncias de acolhimento institucional, diante disto relacionei discussões teóricas, tanto no que diz respeito aos documentos normativos que fundamentam as práticas voltadas ao cumprimento dessa medida protetiva, como também aos processos que se estabelecem diante dos vínculos estabelecidos. O abrigamento é uma determinação de proteção com base a decisão do Conselho Tutelar e por definição judicial. A pesquisa foi desenvolvida atraves de referencial bibliografico, o método utilizado foi qualitativo de carater exploratório.
Palavras-Chave: Cuidador social. Acolhimento Institucional. Adolescente.
INTRODUCÃO
É importante refletir sobre o desenvolvimento do adolescente visando o fato de estarem abrigados, visto que adolescentes que necessitam estar nesta situação, deixam de ter as estruturas fundamentais da família e do contato com os pais. Nessa perspectiva, ao cuidador social concernirá, então, preencher suas necessidades, tendo não só um olhar familiar como também a representação destes papeis familiares.
Do ponto de vista emocional do desenvolvimento, Siqueira e Dell’Aglio (2006) lembram que as instituições de abrigamento devem ponderar o afeto nas relações entre os adolescentes e seus monitores. A importância afetiva é parte essencial das relações humanas e não deve ser repelida enquanto elemento facilitador do desenvolvimento, apresentam os autores.
No que concerne à relação que se determina para o cuidado com os adolescentes acolhidos e as particularidades deste serviço nas instituições de acolhimento, o Projeto Político Pedagógico a ser produzindo para a instrução das ações nestes espaços deve ser fundamental para abordar as atribuições dos monitores, cuidadores ou da família acolhedora, decorrendo do modelo de acolhimento exercido, cujo papel é determinado pelas Orientações Técnicas (BRASIL, 2009, p. 47) da seguinte forma:
Em função de sua importância, o educador/cuidador e a família acolhedora devem ter clareza quanto a seu papel: vincular-se afetivamente às crianças/adolescentes atendidos e contribuir para a construção de um ambiente familiar, evitando, porém, “se apossar” da criança ou do adolescente e competir ou desvalorizar a família de origem ou substituta. O serviço de acolhimento, não deve ter a pretensão de ocupar o lugar da família da criança ou adolescente, mas contribuir para o fortalecimento dos vínculos familiares, favorecendo o processo de reintegração familiar ou o encaminhamento para família substituta, quando for o caso.
Esta pesquisa visou contribuir para que, monitores sociais de instituições de abrigamento tenham um olhar mais perceptivo da sua atuação, notando o quanto é necessário estarem capacitados dentro da área da saúde para acompanhar o crescimento e desenvolvimento destas crianças e adolescentes.
A relação que se estabelece com o cuidado de adolescentes acolhidos em instituições, é estruturado pelo Projeto Político Pedagógico para orientação de ações nestes espaços, com o compromisso de discutir as atribuições de educadores, monitores sociais ou da família acolhedora. Conforme Freiria e Caldana (2011), as relações estabelecidas entre os educadores do abrigo e os adolescentes são fundamentais para possibilitar um pleno desenvolvimento do adolescente, pois estes profissionais, além dos cuidados, também orientam e protegem os jovens acolhidos.
Deste modo, é fundamental que os educadores não só no contexto escolar, mas também no contexto do acolhimento sejam capazes de atuar como referência para os adolescentes, com a finalidade de compreender modos de vida diferentes do que vivenciaram, para que tenham possibilidades de optar e não simplesmente repetirem histórias de frustrações conhecidas.
Um ambiente acolhedor e afetivo é essencial para que o momento do acolhimento propicie aprendizagem e construção de novos vínculos afetivos para o adolescente. Seguindo o modelo de acolhimento empregado, no qual, o papel é definido pelas Orientações Técnicas (BRASIL, 2009), pensamos no olhar do monitor social diante deste adolescente abrigado e nas implicações que possam se desenvolver, perguntamo-nos: quais percepções que monitores sociais de abrigos têm de crianças e adolescentes em acolhimento institucional?
Então, busquei como objetivo principal, compreender as percepções que os monitores sociais de abrigos tinham de crianças e adolescentes em acolhimento institucional. Assim, refleti sobre as percepções de monitores frente ao acolhimento, identificando se havia algum estabelecimento de vínculo entre eles e os jovens que se encontravam nesta situação de vulnerabilidade.
A partir disso, o método utilizado nessa pesquisa é qualitativo, de caráter exploratório bibliográfico, visamos ampliar as discussões sobre a temática no meio de Abrigos, este estudo teve como objetivo principal, compreender as percepções que os monitores sociais de instituições tem de crianças e adolescentes em acolhimento institucional. Quanto aos objetivos específicos buscou-se refletir sobre estas percepções que monitores possuem diante deste acolhimento institucional; identificar se havia vínculos estabelecidos entre monitores e jovens abrigados; e analisar estas percepções destes monitores frente aos adolescentes.
DESENVOLVIMENTO
Não é sempre que a família é capaz de ser o espaço ideal para o convívio ou mesmo para a sobrevivência das crianças e dos adolescentes. Uma porcentagem de famílias não pode ou não tenciona cuidar dos seus filhos, o que surge como efeito a institucionalização (PEREIRA, 2004). Quando ocorre a violação de direitos de uma criança ou adolescente, o Conselho Tutelar é quem geralmente recebe a denúncia e logo entra em contato com a família de origem. Ao esgotar todas as possibilidades de permanência da criança ou adolescente com sua família, em casos mais graves, o Conselho Tutelar é obrigado a utilizar as medidas de proteção previstas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), então o afastamento desta criança ou adolescente do convívio familiar é realizado através do acolhimento institucional. A partir do ECA, a criança ou o adolescente, quando é acolhido em uma instituição, tem o dever e o direito de continuar a frequentar a escola, espaços de lazer, cultura e esporte, entre outros. Quando possível será feita a reaproximação da criança/adolescente com sua família de origem, parentes, entre outros, promovendo-se o elo de fortalecimento desse com a sociedade.
O acolhimento institucional é desenvolvido principalmente pelos monitores sociais. Quando as crianças ou os adolescentes são afastados de casa, passam a ser acompanhados por outras pessoas, é neste momento que o monitor social passará a ter um contato imediato com os adolescentes abrigados, acompanhando o seu dia-a-dia, sendo-lhes o modelo de referência mais próximo de um adulto, a estabelecer vínculos e cuidados, tais como higiene, alimentação, suporte escolar, cuidados com a saúde, entre outros.
O modelo de relação instituída com os monitoressociais exerce o papel principal no desenvolvimento das crianças/adolescentes. Serão os adultos responsáveis por assumir o papel de orientação e proteção, estabelecendo, assim, os processos identificatórios dos jovens. Alguns pesquisadores, como Bazon e Biasoli-Alves (2000), argumentam que a relevância de cursos de formação, oficinas e um ambiente com possibilidades de compartilhamentos sobre suas experiências e dúvidas, e receber um apoio e assistência é de grande importância para o trabalho dos monitores sociais. As autoras afirmam que a imagem do monitor é um componente essencial para a realização de um bom trabalho com os jovens institucionalizados, elas os consideram educadores e salientam a relevância de capacitar estes serviços de atenção direta, expondo as necessidades que estes responsáveis têm e que sejam orientados em suas ações realizadas. As ações dos monitores sociais são codeterminadas, em divisões, em parcela por eles mesmos e em partes por sua participação na instituição, por mediação das normas "inconscientes" da mesma (GUIRADO, 1987).
Na compreensão afetiva emocional do método de desenvolvimento, Siqueira e Dell'Aglio (2006) apontam que os abrigos precisam considerar o afeto existente nas relações entre adolescentes/crianças e seus monitores. A extensão afetiva é parte característica das relações humanas e, de maneira alguma, deve ser excluída enquanto elemento assegurador do desenvolvimento. O vínculo é um ponto tão importante no desenvolvimento dos adolescentes que é garantido pelo Estatuto da Criança e Adolescente, em seu Capítulo III - Do Direito a Convivência Familiar e Comunitária, Artigo 19: “Toda criança tem direito de ser criado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 1990, p. 20).
Ao pensar na representatividade e extensão afetiva do monitor social diante desta criança/adolescente em situação de abrigamento institucional, reflete-se sobre o conceito da afetividade. Calligaris (1994) considera o sentimento de "piedade" criado diante das crianças abandonadas. Diante disto, pensando nas instituições de abrigo, o sentimento de piedade e compaixão são mais facilmente desenvolvidos nos vínculos estabelecidos, o autor propõe que estes monitores, ao zelarem pelos adolescentes, podem estar partindo em sua "própria salvação". O autor argumenta que o cuidado de um adolescente abandonado nem sempre está relacionado à prática da cidadania, repleto de condutas educativas, mas, talvez, à carência de buscar nela um afeto que lhes reconstrua algo, sentindo-se perdido ou esvaziado, possivelmente referente à sua própria filiação. Considerando estes argumentos do autor, estas indagações podem ser direcionadas à postura dos monitores de abrigos, uma vez que ao condicionar um olhar de piedade para com o adolescente, podem afastar-se do mesmo enquanto um indivíduo capaz de superar os desafios exigidos pela vida.
Nota-se, então, que é necessária uma explicação precedente sobre a concepção de imagem que este monitor estabelece diante deste adolescente. Olhando um objeto constata-se uma imagem, uma reprodução do que foi visto, no entanto, o que se propõe a explorar neste estudo se conduz mais além, pensar então, na construção da imagem. Segundo Sartre (1996, p. 19) “a imagem designa nada mais que a relação da consciência ao objeto; dito de outra forma, é um certo modo que o objeto tem de aparecer à consciência ou, se preferimos é um certo modo que a consciência tem de se dar ao objeto”.
Diante desta percepção de Sartre, podemos entender que a imagem que se atenta é da mesma forma a consciência do objeto, pois a imagem só é construída a partir da consciência da realidade do objeto. É preciso ter-se uma compreensão do que se observa para que esse objeto se identifique como imagem, pois diferente disto não seria uma imagem, e sim, uma concepção. Tencionando tais apontamentos, pode-se verificar que a imagem do monitor social sobre o adolescente é formada por alguma coisa que ele já conheça nessa circunstância, logo, refere-se a uma imagem repleta de conteúdos que dizem a respeito à sua história de vida e de sua individualidade. Desta forma, consta-se uma imagem que é conhecida a partir da visão do observador, visto que, no instante que se observa algo, conduz a atenção a um estabelecido ponto, percebe-se esta imagem do modo que se a compreende.
Frente ao pressuposto de que a imagem que o monitor possui acerca do adolescente abrigado intervém no modo como atua no dia-a-dia com eles, a intenção desta pesquisa foi identificar essa imagem e a relacionar com os dados coletados de monitores sociais no momento de uma capacitação. Consideramos que as imagens representadas pelos monitores de instituições estão diretamente vinculadas à forma como exercem seus papeis com as crianças e os adolescentes que se encontram em acolhimento institucional.
Historicamente, houve inúmeras instituições no Brasil que assentiram o serviço de cuidar e manter adolescentes que, por negligências familiares, não puderam permanecer com seus responsáveis ou que não tinham vínculo familiar algum. Assim, de acordo com Viegas (2007), as primeiras iniciativas de atendimento a crianças abandonadas no Brasil se deram, segundo a tradição portuguesa, instalando as Rodas dos Expostos nas Santas Casas de Misericórdia. No sistema de recebimento e encaminhamento da Roda dos Expostos, os bebês institucionalizados eram cuidados pelas amas de leite externas. Finalmente, aos sete anos essas crianças retornavam para a casa dos expostos, que procuravam caminhos para colocá-los em casa de famílias ou outras formas para serem criados. Essa metodologia foi extinta em 1950 e, durante mais de um século, a Roda dos Expostos foi praticamente a única instituição de assistência a crianças abandonadas em todo o Brasil (VIEGAS, 2007).
De acordo com Silva (2004), a partir da Constituição Federal de 1988, houve a formação de diversas associações que se articularam na luta, elaboração e na homologação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 – lei federal nº 8.069/90. A partir do ECA, as crianças e os adolescentes passaram de “objetos de tutela” a “sujeitos de direitos e deveres”. O ECA criou um sistema de justiça para a infância e a juventude, tendo por suporte a absoluta prioridade das ações, mediante, a criação dos Conselhos Municipal e Tutelar, das Curadorias da Infância e da Juventude, da redefinição da atuação dos Juízes de Direito, Juízes da Infância e da Juventude, cabendo ao Conselho Municipal definir as políticas de atendimentos e, ao Conselho Tutelar, a sua realização.
Segundo Silva (2004), entre os direitos previstos pelo ECA (BRASIL, 1990), destaca-se o direito à convivência familiar e comunitária, que prevê o fim da institucionalização arbitrária de crianças e adolescentes, como era prática em décadas anteriores. “É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral” (BRASIL, 1990, n.p.).
A partir do ECA, a criança ou adolescente, quando acolhido numa instituição, deve continuar a frequentar a escola, espaços de lazer, cultura e esporte, entre outros. Sempre que possível será realizada a reaproximação do acolhido com sua família de origem, a família extensa, entre outros, promovendo-se também o elo de fortalecimento da criança ou adolescente com a comunidade.
Em 1990, mediante a participação popular, é aprovado no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), documento que passa a incumbir responsabilidades a família, a sociedade e o Estado pelos cuidados com essa população. De acordo com Castro (1995) citado por Avoglia, Silva e Mattos (2012, p. 6) "O estatuto mais do que a implementação de uma nova lei, é a implementação de um novo direito: o direito da infância e da juventude no Brasil".
Pensando neste contexto, vamos salientar o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)e suas medidas de acolhimento institucional de crianças e adolescentes que necessitam de abrigamento fora do núcleo familiar, vamos apresentar as responsabilidades das instituições que exercem este acolhimento e como procede a receptividade destes adolescentes, pensando na chegada desta criança ou adolescente salientamos a função do monitor social, este que normalmente é quem faz a acolhida destes menores, vamos explorar as relações que estes monitores retêm destes adolescentes abrigados, articulando sobre a sua atividade de trabalho e todo este processo de envolvimento para com o adolescente.
De acordo com o PNAS (BRASIL, 2004) a Assistência Social é uma política de proteção social que assegura a proteção básica e especial, a todos aqueles que dela necessitarem e sem contribuição. Desta forma, esta política estende-se principalmente para aqueles que tem seus direitos violados, tendo como exemplo, o direito à convivência familiar e comunitária, que deve ser assegurado tendo como base essa política, é de uma política pública de direção universal, não contributiva e de direito de cidadania, ultrapassando o caráter de caridade e benemerência anteriores.
Essa política é constituída por dois tipos de proteção social: a básica, ligada à prevenção de situações de risco; e a especial, destinada a indivíduos e famílias que já se encontram em situações de risco, podendo ser de média complexidade, quando há violação de direitos, mas os vínculos sociais não foram rompidos, e de alta complexidade, quando há rompimento de vínculos familiares e comunitários (BRASIL, 2004).
Conforme a Secretaria de Direitos Humanos (2010a), a proximidade entre educador social e a criança institucionalizada deve ser efetuada de maneira que esta enriqueça o desenvolvimento da autonomia por parte deste adolescente ou criança, sendo assim para não permaneça em dependência constante da instituição, pois a sua estadia é algo temporário. Dessa forma, alguns procedimentos diários podem ser efetuados pelo educador para que o vínculo gerado beneficie a autonomia, por exemplo, ao acolhê-la, manifestar que a criança ou o adolescente é bem-vindo por todos da instituição e que sejam proporcionadas experiências para que ele reconheça suas capacidades, qualidades e gostos, com a retomada da história de vida a partir de diálogos para que o adolescente ou criança possa pensar sobre o seu futuro.
Do mesmo modo, Moré e Sperancetta (2010) afirmam que se pode produzir um ambiente acolhedor e protetivo, no qual se construa laços afetivos com os educadores que contribuam para sua autoestima e colaborem para perspectivas de elaboração de um futuro melhor. Tal como, se o atendimento concedido pelo educador social for sem afeto, relacionado pela grande rotatividade destes profissionais ocorrerá uma repercussão negativa no desenvolvimento do adolescente ou criança. Na opinião de Teixeira e Villachan-Lyra (2015), o afeto influi nas atividades realizadas dentro da instituição, ou seja, o serviço do educador social decorre da sua afetividade para com o adolescente ou criança, pois sem ela é inviável alcançar à realidade individual de cada sujeito. Neste processo de constituição do sentido de individualidade e de identidade, os monitores que trabalham em instituições de acolhimento devem auxiliar com o intuito de constituir sujeitos autônomos. Para que ocorra o desenvolvimento do adolescente/criança, o educador social deve analisar os objetivos educacionais evidenciando a participação e o protagonismo. Para isto, o monitor deve elaborar atividades em que haja o contato com objetos e pessoas, para que estes sujeitos consigam ver que são capazes de modificar tanto a realidade dentro da instituição como fora dela (SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS, 2010b).
Pensando na institucionalização destas crianças e adolescentes em Abrigos, esses passam a viver sem a referência de ter uma família, acolhimento, amor, segurança, relação afetiva e seus cuidadores, em muitas situações rompem os laços de convivência familiar e comunitária. Suas necessidades básicas são atendidas por profissionais nomeados Cuidadores Sociais, é nestas pessoas que, por vezes, inicialmente efetivam suas referências familiares.
Com o objetivo de que crianças/adolescentes acolhidos tenham atendimentos apropriados, os serviços de acolhimentos institucionais necessitam garantir comportamentos receptivos e acolhedores no decorrer de todo o processo de adaptação e permanência dos adolescentes nas instituições. Segundo o manual de Orientações Técnicas - Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (BRASIL, 2009, p. 51), os serviços de acolhimento precisam ter cuidadores sociais com capacitação para a prática de acolhida afetiva e segura de adolescentes no momento da sua chegada e ao longo do tempo de ajustamento e permanência no serviço e que, para este fim, devem “dispor de profissionais qualificados e capazes de dialogar sensivelmente com crianças e adolescentes nesse momento que envolve ruptura, incerteza, insegurança e transição”. Este período de ajustamento deve ser um período que proporcione a construção saudável de vinculações de afeto e confiança da criança e do adolescente com o cuidador social e colegas, com a intenção de que o serviço de acolhimento atenda efetivamente seu trabalho de proteção. O meio e cuidado apresentados no abrigo devem auxiliar para o desenvolvimento completo do adolescente (BRASIL, 2009).
Os monitores sociais são responsáveis pelo cuidado cotidiano das crianças e adolescentes abrigados. São eles quem mais têm contato com os abrigados, por exercerem a função do cuidado direto. São peças essenciais no atendimento e fundamental para as trocas de informações com a equipe técnica, buscando elaborar a dinâmica diária e refletir sobre os acontecimentos que induzem o sofrimento aos abrigados (PRADA; WILLIAMS; WEBER, 2007). Percebe-se, então, que o monitor/educador social é o principal aliado no desenvolvimento do conhecimento destes adolescentes acolhidos, a importância desta interação que se determina com a criança/adolescente é foco referencial para o seu desenvolvimento. É preciso que o cuidador se vincule afetivamente, contudo sem a intenção de desempenhar os papeis dos pais ou responsáveis, pois não compete ao serviço de acolhimento a posição de substituir a família (BRASIL, 2009).
De acordo com o descrito do manual,
...toda criança e adolescente tem direito de viver num ambiente favorecedor de seu processo de desenvolvimento, que lhe ofereça segurança, apoio, proteção e cuidado. Nesse sentido, quando o afastamento for necessário e enquanto soluções para a retomada do convívio familiar forem buscadas, os serviços de acolhimento prestados deverão ser de qualidade, condizentes com os direitos e as necessidades físicas, psicológicas e sociais da criança e do adolescente (BRASIL, 2009, p. 27).
Conforme Winnicott (2005, p. 45), “[...] todo aquele que cuida de uma criança deve conhecê-la e trabalhar com base numa relação viva e pessoal com o objeto de seus cuidados, e não aplicando mecanicamente um conhecimento teórico”. A notável rotatividade de monitores sociais nos serviços de acolhimentos institucionais tange como um sinal de vulnerabilidade do sistema, esta que possivelmente será capaz de refletir no adolescente. É necessário indagar, como parte constituinte do acolhimento, se o monitor social é capaz de se fazer perceber “englobado” nesse processo. Ou ainda, se ele se entende como ator fundamental no processo de acolhimento institucional e como figura de vínculo para crianças e adolescentes.
Para Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo da sistematização, pesquisa, investigação, isto é, metodologia é o estudo da organização, das vias a serem percorridas, para suceder uma pesquisa ou um estudo, ou para se produzir ciência. Originalmente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos empregados para realizar uma pesquisa científica. O método utilizado nessa pesquisa é qualitativo, de caráterexploratório. Conforme Gerhardt e Silveira (2009, p. 31), “a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc.”
O método qualitativo de pesquisa é compreendido como aquele que se estende ao nível subjetivo e relacional da realidade social e é abordado por meio da história, do universo, dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das atitudes dos atores sociais (MINAYO, 2013).
Desta forma, a pesquisa possui a abordagem qualitativa, exploratória bibliográfica, buscou-se a investigação através de material teórico para compreensão do objeto analisado.
CONCLUSÕES 
O modelo de vínculo estabelecido com os monitores sociais fortalece o papel central no desenvolvimento dos adolescentes abrigados, já que serão esses profissionais que vão estabelecer este papel de protegê-los e orientá-los, construindo os seus preceitos identificatórios. Por isso, um ambiente acolhedor e afetivo é essencial para que o momento do acolhimento propicie aprendizagem e construção de novos vínculos afetivos para o adolescente.
Perante ao modelo de acolhimento empregado e percebendo que esse processo de acolhimento é realizado pelos monitores sociais, então, reflito sobre a percepção do monitor social diante dos adolescentes abrigados. Consideramos que a pesquisa alcançou o seu objetivo através de muita pesquisa teórica, consigo chegar às percepções sobre o processo de acolhimento e vínculos, estes estabelecidos entre monitores e adolescentes, resultando em duas categorias de discussões.
A Autopercepção da função e do trabalho do Monitor Social, entendo a própria percepção do monitor social diante do seu trabalho, quais elementos eles caracterizaram nesta função e dentre eles quais os sentimentos que emergiam diante deste trabalho. Destacaram-se as relações com estes adolescentes, a escuta sensível, empatia, amor pela profissão e, consequentemente, um grande afeto pelos adolescentes, não diferenciando nenhum adolescente independente de sua história de vida, pois todos possuem uma trajetória difícil. O momento do acolhimento é desempenhado por eles, assim refletimos sobre essa preparação, exige uma capacidade emocional muito grande desses profissionais, cautela, ética, paciência junto aos outros elementos citados acima.
Já nas percepções dos Monitores Sociais sobre crianças e adolescentes em acolhimento institucional, chego a conclusões que, as percepções que os monitores sociais possuem dos adolescentes abrigados, mais uma vez notando que esses sentimentos são fundamentais nessas percepções. No entanto, percebemos que não são os seus próprios sentimentos, mas sim o que eles notam que estes jovens sentem diante do acolhimento, perante suas explicações e saberes, construídos no cotidiano e na relação com esses. Aqui, os monitores constroem uma certa imagem de quem são esses jovens, a partir de suas vivências. Os sentimentos são os pilares deste vínculo, por diversas vezes alguns monitores argumentam que os adolescentes as veem com mães sociais, se sentindo como se estivessem em casa, como uma grande família, lembrando que esta é a visão e sentimentos que estes profissionais dizem perceber diante dos adolescentes. No entanto, alguns não se referem exatamente ao papel de mãe social, mas sentem que estes adolescentes buscam neles, os monitores, uma relação familiar, argumentam a necessidade de um tratamento menos formal, como se estivessem em casa. Entendemos que independentemente deste conceito de ser ou não “mãe social”, estes profissionais creem que estes adolescentes buscam neles a referência familiar, o sentir-se em casa, como também limites, afeto, toda a base referencial que seria de fato o papel da família sustentar.
Por fim, me questiono sobre a dimensão afetiva do processo de acolhimento institucional, sendo parte inerente das relações humanas como enncontramos nos referenciais teóricos, exemplificam os monitores. Será possível separar eticamente o profissional e o pessoal diante desse trabalho de monitor social? As percepções levantadas pelos monitores diante destes jovens em situação de acolhimento institucional, são de fato sentimentos e pensamentos emergidos por estes adolescentes? Ou são eles, os monitores, que denominam assim, sendo algo que estimam muito? Me pergunto se eles por si só já não estariam tão institucionalizados emocionalmente que acabam agindo como se estivessem em suas próprias casas, assim idealizando pensamentos, esses que denominariam ser dos adolescentes que ali estão diariamente em convívio.
Penso que o campo que trabalha com a proteção social é pouco visto, acredito que esta pesquisa abra um leque para intervenções tanto com estes profissionais quanto até mesmo com os adolescentes abrigados, chegando a demandas como acolhimento institucional, adoção, preparação desse adolescente para a saída da instituição e, principalmente, a saúde emocional deste monitor social, pois é ele que abrange todos esses processos junto aos jovens e é muito importante que esse profissional seja também visto e acolhido. Como vimos, é um trabalho que envolve em grandes proporções os sentimentos, e dificilmente o apoio chega até eles.
Então, aqui ficam os questionamentos em relação à complexidade do trabalho dos monitores sociais, com relação às congruências que permeiam as vivências desses profissionais, notando que o envolvimento afetivo passa a ser uma atribuição do seu trabalho, reconhecendo a importância de se ter atenção aos vínculos estabelecidos pelos próprios cuidadores referente ao seu exercício profissional, resultando em significados atribuídos às relações que tendem a desempenhar o papel profissional e as implicações que terão para as suas práticas conseguintes.
REFERÊNCIAS 
AVOGLIA, H. R. C.; SILVA, A. M. da; MATTOS, P. M. de. Educador social: Imagem e relações com crianças em situação de acolhimento institucional. Rev. Mal-Estar Subj, Fortaleza, v. 12, n. 1-2, p. 265-292, 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151861482012000100010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 02 agost. 2020.
BAZON, M.; BIASOLI-ALVES, Z. M. M. A transformação de monitores em educadores: Uma questão de desenvolvimento. Psicologia, Reflexão & Crítica, Porto Alegre, v. 13, n. 1, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279722000000100020&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 20 jun. 2020.
______. Lei n. 8069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 19. Brasília, DF: ECA, 1990.
______. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004. Resolução 145/2004. Brasília: Secretaria Nacional de Assistência Social, 2004.
______. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - Secretaria Nacional de Assistência Social - Departamento de Proteção Social Especial. Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes. Brasília, fev. 2009. Disponível em: https://www.mds.gov.br/cnas/noticias/orientacoes_tecnicas_final.pdf. Acesso em: 06 jun. 2020.
CALDANA, R. H. L.; FREIRIA, L. B. F. Crianças e seu cuidado no acolhimento institucional: da infância das educadoras às práticas adotadas. In: ROSSETI- FERREIRA, M. C.; SERRANO, S. A.; ALMEIDA, I. G. (Orgs.). O acolhimento institucional na perspectiva da criança. São Paulo: Hucitec, 2011. p. 310-361.
CALLIGARIS, Contardo. O reino encantado chega ao fim: A criança vira paródia dos devaneios adultos na era pós-industrial. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 4-6, 24 jul. 1994.
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. 1. ed. Porto Alegre: UERGS, 2009.
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