Buscar

Prévia do material em texto

Uma aplicação da IFRS IAS 37 – CPC 25: provisões, passivos contingentes e ativos 
contingentes na Marisa lojas S.A. 
 
 
- Ana Letícia Santana 
Beatriz Rodrigues da Silva 
Helena Lívia Paixão Rocha 
Karyna Cristina Lima Santos 
Centro Universitário Carioca 
Pós-graduação em Controladoria e Tributos 
 
- Douglas Bastos Rodrigues 
Centro Universitário Carioca 
Prof. Me. 
 
RESUMO 
 
Este estudo tem por objetivo principal verificar a aplicabilidade do pronunciamento técnico 
contábil 25 - provisão, passivo contingente e ativo contingente (CPC 25) que é o foco central 
desta pesquisa, pela empresa de moda feminina e lingerie Marisa loja S.A. Será analisado se a 
empresa vem divulgando corretamente suas provisões em notas explicativas, conforme 
estabelecido pela norma, para alcançar a meta proposta, foi elaborada uma pesquisa 
qualitativa de cunho descritiva e com procedimento documental. Os dados e informações 
fornecidos pela empresa em suas notas explicativas, referentes ao balanço patrimonial 
apresentado na demonstração financeira da companhia nos três primeiros trimestres do ano de 
2020, disponibilizados no site B3 foram analisados e criticados. O resultado obtido com esse 
trabalho, indica que a companhia está seguindo as normas do pronunciamento quanto às 
provisões. As análises apresentadas detalham os apontamentos, ações e procedimentos 
adotados pela companhia que levam a esta conclusão. 
 
Palavras-chave: Provisão. CPC 25. Notas explicativas. 
 
ABSTRACT 
 
 The main objective of this study is to verify the applicability of technical accounting 
pronouncement 25 - provision, contingent liabilities and contingent assets (CPC 25), which is 
the central focus of this research, by the women's fashion and lingerie company Marisa loja 
SA It will be analyzed if the company comes properly disclosing its provisions in explanatory 
notes, as established by the standard, to achieve the proposed goal, a qualitative research of a 
descriptive nature and with documentary procedure was prepared. The data and information 
provided by the company in its explanatory notes, referring to the balance sheet presented in 
the financial statement of the company in the first three quarters of the year 2020, made 
available on the B3 website were disclosed and criticized. The result published with this 
work, indicates that the company is following the rules of the pronouncement regarding 
provisions. The analyzes detail the notes, actions and procedures adopted by the company that 
lead to this conclusion. 
 
Keywords: Provision. CPC 25. Explanatory notes. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Numa economia cada vez mais globalizada, com uma ascendente participação de 
variados investidores de todo o mundo no mercado financeiro e acrescentado ainda a esses 
dois fatos as diferenças políticas, econômicas e sociais de cada população, as demonstrações 
contábeis fundamentadas nos princípios, normas, procedimentos ou padrões contábeis 
próprios, acabaram se tornando inapropriadas para a prestação de informações financeiras 
úteis aos usuários a nível global, no que diz respeito à sua compreensão (GRECO, 2008). 
Nesse sentido, ficou clara uma necessidade mundial de informações padronizadas para análise 
de investimentos. No Brasil, a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), pelo 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2005 foi o pontapé inicial para o processo de 
convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais de contabilidade (IFRS). O 
CPC trabalha constantemente com o intuito de adequar as IFRS para a realidade do Brasil e 
das empresas que operam no país, considerando as características locais e as operações 
comerciais. Essa harmonização tem o objetivo de proporcionar maior facilidade de 
entendimento e possibilitar comparação de demonstrações e documentos das entidades por 
seus stakeholders. Além disso, tal ato facilita a transparência dos dados empresariais e uma 
melhor integração do Brasil ao mercado internacional de capitais. 
Dentre os diversos CPC, essa pesquisa tratará do 25 que é correlacionado com a 
Norma Internacional de Contabilidade IAS 37 e versa sobre provisões, passivo contingente e 
ativo contingente. Esse pronunciamento tem o propósito de determinar critérios de 
reconhecimento e bases de mensuração cabíveis a provisões, contingências passivas e ativas, 
assim como estipular regras para que sejam divulgadas informações necessárias nas notas 
explicativas às demonstrações contábeis, a fim de possibilitar o entendimento de sua natureza, 
oportunidade e valor por parte dos usuários. Este artigo irá focar especificamente sobre esse 
último ponto: as regras para que sejam apresentadas informações suficientes nas notas 
explicativas às demonstrações contábeis. Essa escolha se justifica pelo fato de ser de grande 
importância que o usuário consiga compreender de forma clara e objetiva a natureza, 
oportunidade e o valor dos dados divulgados. 
Que a adoção das IFRS é um marco importante para a contabilidade nacional, é 
indiscutível, a questão que fica é se as empresas seguem de maneira efetiva o que é estipulado 
pelas normas. Nesse contexto, fica a seguinte questão: as empresas vêm divulgando 
corretamente, em notas explicativas, suas provisões diante dos critérios definidos pelo CPC 
25 - IAS 37? 
Para responder à questão proposta, foi escolhida uma empresa para análise, a Marisa 
Lojas S.A., que é uma das maiores redes de moda feminina e de lingerie do país. O objetivo 
deste estudo é poder verificar a adoção correta ou não do critério do CPC 25 quanto à 
divulgação de informações em notas explicativas das demonstrações financeiras da 
companhia e para tal foi feita a verificação de seus três trimestres de 2020. Ao final, são 
apresentados os resultados da pesquisa e as práticas adotadas pela companhia sobre a adoção 
de divulgação de informações acerca das provisões e dos ativos e passivos contingentes. 
 
 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
2.1 PROVISÕES, PASSIVO CONTINGENTE E ATIVO CONTINGENTE - CONCEITOS 
 
Tendo em vista que o foco deste artigo é o pronunciamento técnico 25 que trata de 
provisões, passivo contingente e ativo contingente, é importante revisar alguns conceitos 
fundamentais estabelecidos pelo CPC 00 para elaboração e apresentação das demonstrações 
contábeis, tal como a definição de passivo e ativo. 
De acordo com CPC 00 (R2) (2019), passivo é definido como “uma obrigação 
presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos 
passados". Entende-se como evento o que gera uma obrigação, que pode ser legal ou não 
formalizada, que faz com que a entidade não tenha nenhuma opção realista senão quitar essa 
obrigação. Compreende-se como obrigação legal, aquela que é derivada de contrato, 
legislação ou outra ação da lei. Já a obrigação não formalizada deriva das ações da entidade 
em que por meio de padrão estabelecido de práticas anteriores, de políticas divulgadas ou de 
declaração recente suficientemente específica, a entidade tenha sinalizado a outras partes que 
arcará com certas responsabilidades e em consequência, ela gera uma expectativa válida para 
com essas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades (CPC 25, 2009). 
Iudicibus et al. (2013) acrescenta que as obrigações originadas de fatos geradores futuros não 
são reconhecidas contabilmente. 
Já em relação ao conceito de ativo, segundo o CPC 00 (R2) (2019), ele é “um recurso 
econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados”. Entende-
se como recurso econômico um direito que tem capacidade suficiente para gerar benefícios 
econômicos. Oliveira e da Luz (2012, p.49) acrescentam ainda que “é o ativo que vai 
determinar a estrutura e o potencial que a empresa tem para atender a uma demanda do 
mercado e aproveitar oportunidades”. 
O pronunciamento técnico 25, foco deste artigo, versa sobre provisão, ativocontingente e passivo contingente e da à definição de cada um deles. Nesse sentido, é 
importante entender primeiro que contingências, de forma ampla, significam possibilidades. 
Segundo Oliveira e Da Luz (2012, p. 49) elas “são eventos de ocorrência possível que devem 
ser observados e que não estão sob controle total da entidade, ou seja, dependem de fatores 
externos, futuros e incertos”. O Portal de Contabilidade (2011) considera que as contingências 
são: 
[...] condições ou evento cujo resultado final, favorável ou 
desfavorável, depende de comportamentos futuros e incertos. Contabilmente, 
essa definição se restringe às situações existentes à data das demonstrações e 
informações contábeis, cujo efeito financeiro será determinado por eventos 
futuros que possam ocorrer ou deixar de ocorrer. 
 
Sendo assim, sobre o ativo contingente, Iudícibus, Martins e Gelbcke (2010, p. 337) 
afirmam que “os ativos contingentes surgem da possibilidade de entrada de benefícios 
econômicos futuros para a entidade de eventos não esperados ou não planejados”. O CPC 25, 
define como sendo aquele que é proveniente de eventos passados no qual a existência será 
confirmada somente pela ocorrência ou não de uma ou mais eventos futuros não planejados 
ou não esperados, sendo assim não totalmente sob controle da entidade. Um exemplo para 
ilustrar essa situação seria a reivindicação que uma determina empresa esteja fazendo por 
meio de processos legais, no qual o desfecho seja incerto, tendo em vista que depende de 
fatores externos a ela e a sua vontade. Oliveira e Da Luz (2012), ressaltam que não é 
permitido reconhecer os referidos ativos nas demonstrações contábeis até que os ganhos 
atrelados a eles apresentem concretização praticamente certa. E essa certeza é suficiente para 
afastar a característica de contingência de um elemento ativo. 
Passivo Contingente é conceituado pelo CPC 25 (2009, p.04) como: 
 
Uma obrigação possível que resulta de eventos passados e cuja existência será 
confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não 
totalmente sob controle da entidade; ou 
(b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é 
reconhecida porque: 
(i) não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos 
seja exigida para liquidar a obrigação; ou 
(ii) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente confiabilidade. 
 
Sendo assim, segundo consta no pronunciamento, uma das formas para a sua 
concretização é dependente do fato de ocorrência ou não um ou diversos eventos futuros, nos 
quais independe da vontade ou influencia da entidade. Tais eventos podem culminar em 
ganhos ou perdas para ela e não está totalmente sob o seu controle. 
Quanto à provisão, ela é "um passivo de prazo ou de valor incertos" (CPC 25, 2009). 
Devido a essa falta de certeza sobre prazo ou valor do dispêndio futuro necessário para a sua 
quitação, as provisões podem se distinguir de outros passivos, como por exemplo: contas a 
pagar e passivos advindos de apropriações por competência. O referido pronunciamento 
caracteriza ainda o passivo e a provisão, sendo o primeiro caracterizado como obrigações 
presentes de provável desembolso que resultem em benefícios futuros e o segundo por ser 
uma obrigação presente, proveniente de evento passado, sendo uma provável saída de 
recursos, que seja exigida da entidade a transferência de benefícios econômicos para sua 
liquidação e que o valor da obrigação possa estimado de maneira confiável (CPC 25, 2009). 
 
2.2 RECONHECIMENTO E DIVULGAÇÃO 
 
O CPC 25 é a principal norma contábil brasileira que aborda sobre os ganhos contingentes, 
ela também trata dos requisitos de apresentação dessas contingências nas demonstrações 
financeiras das entidades. Como ressaltado em seu objetivo, a saber: 
 
O objetivo deste Pronunciamento Técnico é estabelecer que sejam 
aplicados critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a 
provisões e a passivos e ativos contingentes e que seja divulgada informação 
suficiente nas notas explicativas para permitir que os usuários entendam a sua 
natureza, oportunidade e valor CPC 25 ( 2009, pág. 2). 
 
Os próximos tópicos abordarão como deve ser realizado o reconhecimento e a divulgação dos 
ativos contingentes, passivos contingentes e provisões, segundo as normas presentes no 
pronunciamento técnico 25. 
 
2.2.1 Ativo Contingente 
 
O CPC 25 (2009) estabelece critérios para reconhecimento e mensuração das provisões, dos 
ativos contingentes e dos passivos contingentes. Sobre as contingências ativas, o comitê dá as 
seguintes orientações: 
31. A entidade não deve reconhecer um ativo contingente. 
32. Os ativos contingentes surgem normalmente de evento não planejado ou 
de outros não esperados que dão origem à possibilidade de entrada de 
benefícios econômicos para a entidade. Um exemplo é uma reivindicação que 
a entidade esteja reclamando por meio de processos legais, em que o 
desfecho seja incerto. 
33. Os ativos contingentes não são reconhecidos nas demonstrações 
contábeis, uma vez que pode tratar-se de resultado que nunca venha a ser 
realizado. Porém, quando a realização do ganho é praticamente certa, então o 
ativo relacionado não é um ativo contingente e o seu reconhecimento é 
adequado. 
34. O ativo contingente é divulgado, como exigido pelo item 89, quando for 
provável a entrada de benefícios econômicos. 
35. Os ativos contingentes são avaliados periodicamente para garantir que os 
desenvolvimentos sejam apropriadamente refletidos nas demonstrações 
contábeis. Se for praticamente certo que ocorrerá uma entrada de benefícios 
econômicos, o ativo e o correspondente ganho são reconhecidos nas 
demonstrações contábeis do período em que ocorrer a mudança de estimativa. 
Se a entrada de benefícios econômicos se tornar provável, a entidade divulga 
o ativo contingente (ver item 89) CPC 25 ( 2009, pág. 8). 
 
Sendo assim, o comitê especifica que não se deve reconhecer um ativo contingente. 
Podendo apenas ser divulgado e isso só no caso de o ingresso de benefícios econômicos seja 
classificado como provável, mas não totalmente certo, e a sua ocorrência dependa de um 
evento externo que não esteja sob o controle da entidade. E sua divulgação deve ocorrer por 
meio de notas explicativas (OLIVEIRA; DA LUZ, 2012). Vale ressaltar que em caso que a 
realização do ganho é praticamente certa, o ativo relacionado não se classifica como 
contingente e por isso o seu reconhecimento é adequado. 
De maneira resumida, quando a entrada de benefícios econômicos é praticamente 
certa, o ativo não é considerado contingente. Agora quando essa entrada é provável, mas não 
totalmente certa, o ativo deve ser reconhecido e a sua divulgação é exigida. E quando não se 
tem uma entrada provável, o ativo não deve ser reconhecido, nem divulgado, ou seja, nada 
deve ser feito nesse sentido. 
 
 
2.2.2 Provisão e Passivo Contingente 
 
 Em situações, que geralmente é rara de acontecer, em que não é possível fazer alguma 
estimativa confiável, há um passivo que impossibilitado de ser reconhecido. Esse passivo é, 
portanto, divulgado como passivo contingente. 
A respeito do passivo contingente, o CPC 25 estabelece as seguintes regras de 
reconhecimento e divulgação: 
 
27. A entidade não deve reconhecer um passivo contingente. 
28. O passivo contingente é divulgado, como exigido pelo item 86, a menos 
que seja remota a possibilidade de uma saída de recursos que incorporam 
benefícios econômicos. 
29. Quando a entidade for conjunta e solidariamente responsável por 
obrigação, a parte da obrigação que se espera que as outras partes liquidem é 
tratada como passivo contingente. A entidade reconhece a provisão para a 
parte da obrigação para a qual é provável uma saída de recursos que 
incorporam benefícios econômicos, exceto em circunstâncias extremamente 
raras em que nenhumaestimativa suficientemente confiável possa ser feita. 
30. Os passivos contingentes podem desenvolver-se de maneira não 
inicialmente esperada. Por isso, são periodicamente avaliados para 
determinar se uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos 
se tornou provável. Se for provável que uma saída de benefícios econômicos 
futuros serão exigidos para um item previamente tratado como passivo 
contingente, a provisão deve ser reconhecida nas demonstrações contábeis do 
período no qual ocorre a mudança na estimativa da probabilidade (exceto em 
circunstâncias extremamente raras em que nenhuma estimativa 
suficientemente confiável possa ser feita) CPC 25 ( 2009, pág. 8). 
 
Nesse contexto, é correto afirmar que a norma estabelece que é vedada as entidades o 
reconhecimento de um passivo contingente, mas tal passivo pode ser divulgado a menos que 
seja remota a probabilidade de uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos. 
É instruída ainda a realização periódica de avaliação dos passivos contingentes para que seja 
determinado se uma saída de recursos que agrega benefícios econômicos passou a ser 
provável. 
 Em relação à provisão, o CPC 25 (2009, pág. 5) estipula que ela só deve ser 
reconhecida quando: 
 
 (a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como 
resultado de evento passado; 
(b) seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam 
benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e 
(c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. 
 
Caso tais condições não forem atendidas, nenhuma provisão deve ser reconhecida. O 
CPC esclarece também que quando for difícil notar que existe uma obrigação, é necessário 
avaliar, considerando toda a evidência disponível, se é mais provável que sim do que não que 
existe uma obrigação no balanço. Nos casos em que for mais provável que não exista uma 
obrigação presente na data do balanço, a entidade deve divulgar um passivo contingente (não 
reconhecendo o, somente divulgando em notas explicativas). Em casos quando a possibilidade 
de saída de recursos for considerada remota não é necessária à divulgação. 
De maneira esquematizada, Farias (2006) esclareceu a relação entre a probabilidade da 
ocorrência das contingências e o respectivo tratamento contábil a ser dado. 
 
Tabela 1 
Probabilidade de ocorrência das obrigações e tratamento contábil 
PROBABILIDADE DEFINIÇÃO EFEITO 
Provável 
Casos em que existem chances 
de perdas por parte da entidade 
envolvida sobre fatos ocorridos 
até a data de encerramento das 
demonstrações contábeis. 
Os valores envolvidos deverão ser 
estimados e provisionados, incluindo 
todos os gastos, bem como eventuais 
recuperações esperadas, devendo, os 
fatos serem revelados em notas 
explicativas. 
Possíveis 
São as situações nas quais existe 
a possibilidade de perdas 
ocorrerem. 
A perda não é registrada, é apenas 
divulgada em nota explicativa. 
Remotas 
Referem-se a situações em que 
as perdas contingentes possuem 
as chances pequenas de 
ocorrerem 
Não há nem o registro, nem a 
divulgação do fato em notas 
explicativas. 
Fonte 1: Adaptado de Farias (2006) 
 
Nos casos em que a entidade considerar a obrigação um passivo contingente ela deve 
atentar para que, periodicamente, a obrigação seja reavaliada para determinar se a 
probabilidade de saída de recurso não se alterou. Segundo o CPC 25, se for provável que será 
exigida uma saída de benefícios futuros para um item previamente tratado como passivo 
contingente, a obrigação deve ser reconhecida nas demonstrações contábeis do período no 
qual ocorre a mudança na estimativa da probabilidade. 
 Resumidamente, para melhor elucidação, caso se tenha uma obrigação provável, se 
trata de uma provisão, o que exige um reconhecimento no passivo e uma divulgação em notas 
explicativas. Quando se tem uma obrigação possível, trata-se de um passivo contingente e, 
portanto, não deve ser reconhecido no passivo, porém deve ser evidenciada em notas 
explicativas. E por fim, se a probabilidade de perda for remota, não se deve reconhecer e tão 
pouco evidenciar tal fato em nota explicativa. 
 
Quadro 1 
Provisões para Contingências - tratamento contábil 
Demonstrações Remota Possível Provável 
Balanço Patrimonial Não reconhece Não reconhece Reconhece 
Notas Explicativas Não divulga Divulga Divulga 
Fonte 2: elaborado pelo autor (2021) 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Com o propósito de identificar a aplicação da IFRS IAS 37 - CPC 25 quanto a 
divulgação em notas explicativas das provisões, passivos contingentes e ativos contingentes 
da empresa Marisa lojas S.A, foi necessária a realização de uma pesquisa para alcançar os 
dados. Para Silva (2012), pesquisas são práticas que tem como objetivo buscar entendimento 
em determinadas áreas de atuação, tendo como finalidade principal a descoberta de respostas 
para o problema por intermédio de procedimentos científicos. 
Quanto aos objetivos, a pesquisa é de cunho descritiva, já que tem como intenção 
averiguar a conexão das demonstrações da empresa estudada ao CPC 25 (2009), analisar se a 
mesma inclui as informações necessárias em notas explicativas quanto às suas provisões, 
ativos contingentes e passivos contingentes e reconhecer se as informações prestadas são 
relevantes e corretas. 
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois foram examinadas as Notas Explicativas e o 
Balanço Patrimonial referentes ao primeiro, segundo e terceiro trimestre do ano de 2020 na 
empresa componente da amostra, permitindo o entendimento das particularidades do 
cumprimento das normas contábeis. 
Em relação aos procedimentos técnicos empregados, Martins e Theóphilo (2009) 
estabelecem como uma pesquisa documental, visto que será utilizado documentos fornecidos 
aos usuários da informação contábil pela companhia estudada. 
 
4 RESULTADOS E ANÁLISES 
 
A Marisa Lojas S.A., uma empresa nacionalmente conhecida, de moda feminina e 
lingerie, foi à companhia escolhida para servir de base de amostra para a presente pesquisa. 
Foram recolhidos, compilados e transcritos para este artigo, trechos das notas explicativas 
disponibilizadas pela instituição em suas demonstrações financeiras, com intuito de analisar 
se estas estão de acordo com as normas pré-definidas como obrigatórias em relação ao 
pronunciamento técnico 25, a saber: 
 
Provisão para litígios e demandas judiciais 
 
Política contábil 
 
A companhia e suas controladas são partes em ações judiciais e processos 
administrativos em decorrência do curso normal de suas operações, 
envolvendo questões de natureza tributária, trabalhistas e civil em processos 
administrativos. 
As provisões decorrentes dessas ações judiciais e processos administrativos 
são reconhecidas quando a companhia e suas controladas possuem uma 
obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de eventos 
passados, sendo provável a necessidade de saída de recursos financeiros para 
liquidar essa obrigação e o valor pode ser razoavelmente estimado na data 
das informações financeiras intermediárias. 
A avaliação da probabilidade de perda inclui a avaliação de evidências 
disponíveis a hierarquia das leis, as jurisprudências disponíveis, as decisões 
mais recentes nos tribunais e a sua relevância no ordenamento jurídico. 
As provisões são revisadas e ajustadas para levar em conta alterações 
circunstanciais tais como prazo de prescrição aplicável, não materialização, 
conclusões de inspeções fiscais ou exposições adicionais identificadas com 
base em novos assuntos ou decisões de tribunais. A provisão para riscos 
trabalhistas é calculada com base no histórico de perdas sobre toda a massa 
de processos e o valor histórico de perdas por cargo de reclamante. 
A administração acreditam, apoiada na opinião de seus advogados legais, que 
a provisão de litígios e demandas judiciais é suficientepara cobrir as perdas 
prováveis. 
 
Processos avaliados como perda possível 
 
Em 31 de março de 2020, a Companhia e suas controladas possuem 
processos tributários em andamento, cuja materialização, na avaliação dos 
assessores jurídicos, são avaliados como possível perda. Os valores 
atualizados montam R$ 548.387 na controladora e R$ 913.781 no 
consolidado (R$ 512.166 na controladora e R$ 37.712 no consolidado, em 31 
de dezembro de 2019), os quais não foram provisionados, conforme 
determinam as práticas contábeis. Os principais temas estão descritos a 
seguir: 
 
Contribuições Previdenciárias 
 
A Companhia, possui autuação em virtude de possível divergência no 
pagamento das contribuições previdenciárias devidas a terceiros, incidentes 
sobre o programa de participação nos lucros e resultados da empresa - PLR. 
A discussão está na fase administrativa e o valor envolvido com a aplicação 
de juros e multa de mora é de R$ 29.187 (R$20.860 em 31 de dezembro de 
2019). Dentro deste cenário a Companhia já possui decisão favorável, para 
afastar a cobrança dos valores possíveis. 
 
ICMS - Importação 
 
A Companhia possui discussões judiciais relativas ao crédito de ICMS em 
operação de importação, supostamente devido ao Estado de São Paulo. A 
Companhia visa a anulação dos débitos fiscais através de Ação Anulatória, na 
qual apresentou seguro garantia. O montante envolvido, considerando juros e 
multa de mora, equivalente a R$ 40.661 (R$ 40.356 em 31 de Dezembro de 
2019) 
 
ICMS - Diversos 
 
A companhia possui diversas discussões envolvendo seus estabelecimentos 
em todo Brasil relacionados à antecipação tributária, supostas divergências de 
estoques, crédito indevido, guerra fiscal e descumprimento de obrigações 
acessórias, sendo que há processos nas fases administrativa e judicial. O 
montante envolvido, com a aplicação de juros e multa de mora, é de R$ 
399.670 ( R$406.871 em 31 de Dezembro de 2019). 
 
PIS E COFINS 
 
A companhia teve um pedido de compensação de credito negado junto a 
Receita Federal do Brasil, referente a PIS E COFINS cujo valor atualizado 
monta a R$ 59.438 (R$ 58.306 em 31 de Dezembro de 2019). A decisão 
aguarda julgamento na esfera administrativa. 
 
IRPJ E CSLL 
 
A controlada Club Administradora de Cartões de Credito LTDA, possui 
algumas autuações e discussões relativas a apuração dos anos calendários de 
2007 a 2012, cujo valor exigido com aplicação de juros e multa de mora é de 
R$ 319.853 (R$ 317.319 em 21 de Dezembro de 2019). A decisão aguarda 
julgamento na esfera administrativa. 
A companhia e suas controladas estão contestando o pagamento de certos 
impostos, contribuições, obrigações trabalhistas e processos cíveis e 
efetuaram depósitos para recursos de montantes equivalentes pendentes das 
decisões legais finais e depósitos em caução relacionados com os recursos 
sobre processos judiciais, no montante de R$ 133.418, sendo R$ 98.252 da 
Controladora (R$131.951 em 31 de Dezembro de 2019, sendo R$ 95.792 da 
Controladora). (MARISA, 2020) 
 
Observa-se então, por meio das informações mencionadas acima, que a Companhia 
dispõem de processos pendentes de regularização, visto que há divergência na aceitação de 
algumas solicitações pela Receita Federal do Brasil. Sendo assim a pesquisa descreve com 
clareza as informações necessárias nas notas explicativas com relação a ativos contingentes e 
passivos contingentes. 
 
Foram analisadas também as demonstrações dos trimestres posteriores e verificou-se 
que a companhia fez a avaliação periódica a fim de determinar se houve alguma mudança 
quanto a possibilidade de uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos se 
tornar provável ou remota e como a mesma se manteve como possível, continuam valendo as 
conclusões acima descritas. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente estudo teve como objetivo detectar a adoção das normas do CPC 25 quanto 
às provisões da empresa Marisa S.A. 
 
E respondendo a este problema, pode-se concluir que por meio das informações 
mencionadas ao longo do texto foram detectados processos com pendências de regularização, 
por conta de divergências na aceitação de algumas solicitações pela Receita Federal do Brasil. 
Com isso, entende-se que a pesquisa detalha claramente as informações necessárias em 
relação aos ativos e passivos contingentes em suas notas explicativas. 
 
O estudo se limitou nos três primeiros trimestres de 2020. Recomenda-se seja 
realizados estudos dos próximos trimestres, tendo em vista que o detalhamento dos dados 
contribui para as tomadas de decisão. 
6 REFERÊNCIAS 
 
DE OLIVEIRA, Antônio Carlos Leite; DA LUZ, Érico Eleutérico. Contabilidade 
Societária. Curitiba: IESDE Brasil, 2012. 
IUDÍCIBUS, S. de, Martins, E., Gelbcke, E. R., & Santos, A. dos. (2010). Manual de 
contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de acordo com as normas 
internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas. 
COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis - CPC, 16 de Set. 2009 Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=56>. Acesso em: 03 Dez. 2020. 
MARISA Lojas S.A Disponível em: < http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-
listadas/empresas-
listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigoCvm=22055&idioma=pt-br>. 
Acesso em: 03 Dez. 2020. 
MARISA Lojas S.A. e Controladas. Relatório sobre a Revisão das Informações Financeiras 
Intermediárias: 30 de junho de 2020

Mais conteúdos dessa disciplina