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@STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 1 A doutrina de morfologia, como o estudo científico da forma e da estrutura de organismos, foi definida por Aristóteles, seu fundador, como a busca de um plano de construção comum para todas as estruturas por meio de um processo metodológico rigoroso. Quando se encontram semelhanças, a relação entre forma e função exige aprofundamento. O conhecimento de anatomia não é um fim em si, mas um pré-requisito para o sucesso da prática médica. Desde a antiguidade, a dissecação humana foi restrita ou mesmo proibida por motivos religiosos ou éticos, e registros são raras exceções. Como as dissecações animais eram a única possibilidade de estudo dos princípios de forma e função, essas descobertas eram generalizadas e aplicadas à anatomia humana. O mito geralmente aceito na época e ainda hoje – de que os porcos se assemelham aos humanos mais do que qualquer outro animal – baseia-se, em grande parte, nos hábitos alimentares similares e na sua disponibilidade como material de estudo na época. Anatomia é o ramo da morfologia voltado para forma, estrutura, topografia e interação funcional dos tecidos e órgãos que compõem o corpo. A dissecação de animais mortos ainda é o método mais importante e eficiente para estudar e entender anatomia. Com o avanço da anatomia clássica, a histologia, incluindo a anatomia microscópica e a embriologia, se tornaram disciplinas distintas. Embora não se possa separá-las como um todo, tal divisão promove uma abordagem mais estruturada e, portanto, mais fácil para obter o conhecimento de anatomia. A anatomia sistêmica relaciona-se a “sistemas”, ou seja, a estruturas e órgãos que desempenham uma função comum. O sistema respiratório, por exemplo, responde pela troca de gases, enquanto o sistema nervoso recebe, traduz, transmite e reage a estímulos. Pode-se comparar diferenças entre espécies individuais, de modo que, de @STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 2 um ponto de vista anatômico, o ensino de “anatomia sistêmica” também representa uma anatomia comparada. O conhecimento de anatomia sistêmica é o fundamento essencial para a anatomia topográfica, a qual descreve a posição relativa e a interação funcional de órgãos e estruturas de várias regiões do corpo. Ela requer amplo conhecimento prático da anatomia sistêmica. Juntas, as anatomias sistêmica e topográfica constituem a base da prática clínica. Determinados termos descritivos são empregados para indicar precisamente e sem ambiguidades a posição ou direção de partes do corpo. @STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 3 O plano mediano, na vertical, dividirá o corpo em duas metades iguais, cada uma dela sendo denominada antímero. O plano transversal dividirá o corpo em metâmeros, ou seja, duas metades desiguais. Já o plano horizontal dividirá o corpo em metades denominadas paquímeros. O corpo animal é dividido em secções claramente diferenciadas umas das outras, exteriormente. Assim, temos a cabeça; o pescoço; o tronco; a cauda e os membros. Cada uma dessas partes é subdividida em regiões, que são os objetos da descrição no âmbito da Anatomia Topográfica. Posição padrão adotada para o corpo animal no espaço, para que se possa descrever as estruturas que o compõem. → Eixo craniocaudal Se estabelece do plano cranial ao caudal, delimitando o tamanho do corpo animal. @STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 4 → Eixo dorsoventral: Se estabelece do plano dorsal ao ventral, delimitando a altura do corpo animal. → Eixo latero-lateral se estabelece entre os planos laterais, delimitando a largura. Quando tratando de estruturas anatômicas que se encontram do mesmo lado, por exemplo, duas estruturas mediais, o termo utilizado é homolateral ou ipsilateral, ou seja, as estruturas são homolaterais. Nos casos de estarem de lados opostos, o termo utilizado é contralateral. Ainda em termos de comparação, a holotopia descreverá a localização geral de um órgão dentro do organismo. Por exemplo: o fígado está localizado no abdômen. Em contrapartida, a sintopia utiliza uma descrição de vizinhança para situar o órgão. Nesse caso, um exemplo é dizer que o estômago está abaixo do diafragma, à direita do baço e à esquerda do fígado. As células e os tecidos com estrutura e função semelhantes são agrupados em órgãos ou sistemas orgânicos que atuam sinergicamente para realizar funções que definem o organismo e asseguram sobrevivência. @STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 5 Cada sistema orgânico é composto por tecidos diferentes. Um órgão individual consiste em duas espécies de tecidos: → Parênquima; → Estroma. As células do parênquima são responsáveis pela função de um órgão. O estroma compõe o tecido conectivo que, por exemplo, envolve uma pequena unidade funcional ou separa áreas maiores de um órgão em lóbulos ou lobos. O tecido conectivo também serve para o transporte metabólico originário e destinado aos órgãos, envolvendo não apenas vasos sanguíneos e linfáticos, mas também nervos periféricos do sistema nervoso e, em conjunto, essas estruturas formam um sistema de controle de grande influência sobre o caráter estrutural e funcional dos órgãos. Uma decisão histórica na era moderna da anatomia dos animais foi o estabelecimento do Comitê Internacional para Nomenclatura em Anatomia Veterinária. Essa obra padroniza mundialmente a terminologia na medicina veterinária, propiciando, assim, uma ferramenta útil para conservar a importância da anatomia em um cenário médico em constante mutação. @STDSELVAGEM ANATOMIA VETERINÁRIA 6 KÖNIG, H. E., et al. (2016). Anatomia dos animais domésticos: texto e atlas colorido. 6ª edição. Porto Alegre: Artmed. Introdução e Anatomia Geral.
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