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Neoplasias Linfóides

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Patologia – Amanda Longo Louzada 
1 NEOPLASIAS LINFÓIDES 
LINFOMA NÃO HODGKIN: 
 Comprometimento mais frequente de múltiplos 
gânglios linfáticos periféricos 
 Disseminação não contígua 
 Anel de Waldeyer e gânglios mesentéricos 
comumente comprometidos 
 Apresentação extranodal comum 
LINFOMA DE HODGKIN: 
 Características: 
 Mais frequentemente localizadas em um grupo 
axial único de gânglios linfáticos (cervical, 
mediastinal, para-aórtico) 
 Disseminação ordenada, por contiguidade 
 Gânglios mesentéricos e anel de Waldeyer 
raramente comprometidos 
 Apresentação extranodal rara 
 Células: 
 Células de Reed-Sternberg: são células 
grandes (≥ 45 mícron de diâmetro) com 
múltiplos núcleos ou um único núcleo com 
vários lobos nucleares, cada qual com um 
nucléolo grande semelhante a uma inclusão, 
com tamanho aproximado de um pequeno 
linfócito (5 a 7 mícron de diâmetro) 
 Células Lacunares:possuem núcleos mais 
delicados, pregueados ou multilobados e 
citoplasma claro e abundante que, com 
frequência, se rompe durante a preparação dos 
cortes histológicos, deixando o núcleo situado 
em um espaço oticamente vazio 
NEOPLASIA DE CÉLULAS B E T PRECURSORAS: 
LEUCEMIA LINFOCÍTICA AGUDA: 
 São neoplasias compostas de células B (pré-B) 
ou T (pré-T) imaturas, as quais são chamadas 
de linfoblastos 
 É o câncer mais comum em crianças, 
acometendo mais meninos 
 Morfologia: 
 A medula é hipercelular e densamente 
preenchida por linfoblastos, que substituem os 
elementos normais da medula 
 As células tumorais apresentam escasso 
citoplasma basofílico e núcleos pouco maiores 
do que os dos pequenos linfócitos. A cromatina 
nuclear é delicada e finamente pontilhada, 
enquanto os nucléolos, em geral, são 
pequenos e frequentemente delimitados por 
uma borda de cromatina condensada. 
 Comportamento clínico agressivo, o índice 
mitótico é elevado. Como ocorre em outros 
tumores linfoides de crescimento rápido, 
macrófagos ingerindo células tumorais 
apoptóticas podem apresentar aspecto em “céu 
estrelado” 
 Quadro Clínico: 
 Início repentino e tempestuoso dentro de dias a 
poucas semanas dos primeiros sintomas. 
 Sintomas relacionados à depressão funcional da 
medula, incluindo fadiga decorrente de anemia; 
febre, refletindo infecções secundárias à 
neutropenia; e hemorragia decorrente de 
trombocitopenia. 
 Efeitos de massa causados pela infiltração 
neoplásica (que são comuns na LLA), incluindo 
dor óssea resultante de expansão da medula e 
infiltração do subperiósteo; linfadenopatia 
generalizada, esplenomegalia e hepatomegalia; 
aumento do volume testicular; e, na LLA-T, 
complicações relacionadas à compressão de 
grandes vasos e das vias respiratórias no 
mediastino. 
 Manifestações do sistema nervoso central, como 
cefaleia, vômito e paralisia dos nervos, 
resultantes da disseminação neoplásica 
meníngea, são mais comuns na LLA. 
 
NEOPLASIAS DE CÉLULAS B PERIFÉRICAS: 
LINFOMA LINFOCÍTICO DE PEQUENAS CÉLULAS E 
LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA: 
 A leucemia linfocítica crônica (LLC) e o linfoma 
linfocítico de pequenas células (LLP) diferem 
apenas no grau de linfocitose do sangue 
periférico 
 A idade média ao diagnóstico é de 60 anos e há 
predomínio entre os indivíduos do sexo 
masculino 
 Patogenia: Os achados mais comuns são 
deleções do 13q14.3, 11q e 17p e trissomia do 
12q. 
 Morfologia: 
 Os linfonodos são difusamente substituídos por 
infiltrado difuso de linfócitos 
predominantemente pequenos, com 6 a 12 μm 
em diâmetro, de núcleos redondos a 
ligeiramente irregulares e citoplasma escasso 
 Em conjunto com essas células, está presente 
um número variável de linfócitos grandes e 
ativados, os quais, com frequência, configuram 
agregados frouxos, denominados de centros de 
proliferação, contendo células mitoticamente 
ativas. Quando presentes, os centros de 
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proliferação são patognomônicos para 
LLC/LLP. 
 O sangue contém um número elevado de 
pequenos linfócitos redondos com pouco 
citoplasma 
 Algumas dessas células se rompem no 
processo de preparação dos esfregaços, 
produzindo as então denominadas células-
borrão. 
 Com frequência, a medula óssea é acometida 
por infiltrados intersticiais ou agregados de 
células tumorais. 
 Quadro Clínico: 
 Com frequência, os pacientes se apresentam 
assintomáticos ao diagnóstico. Quando os 
sintomas aparecem, são inespecíficos e 
incluem fácil fatigabilidade, perda de peso e 
anorexia. Linfadenopatia e 
hepatoesplenomegalia generalizadas estão 
presentes em 50% a 60% dos pacientes 
sintomáticos. 
 Interfere na função imunológica normal 
 
LINFOMA FOLICULAR: 
 Apresenta-se na meia-idade e atinge igualmente 
homens e mulheres. 
 Patogênese: tem origem nas células B do centro 
germinativo e é fortemente associado às 
translocações cromossômicas que envolvem 
o BCL2. 
 Morfologia: 
 Tem origem nas células B do centro 
germinativo e é fortemente associado às 
translocações cromossômicas que envolvem 
o BCL2. 
 Dois tipos principais de células estão presentes 
em variadas proporções: 
 Pequenas células com contornos nucleares 
irregulares ou clivados e citoplasma escasso, 
denominadas centrócitos (pequenas células 
clivadas) 
 Grandes células com cromatina nuclear 
frouxa, vários nucléolos e uma quantidade 
moderada de citoplasma, denominadas de 
centroblastos 
 
 Quadro Clínico: 
 O linfoma folicular tende a se manifestar com 
linfadenopatia generalizada e indolor. 
 O acometimento de sítios extranodais, como, por 
exemplo, trato gastrointestinal, sistema nervoso 
central ou testículo, é relativamente incomum. 
 Embora incurável, em geral segue um curso 
indolente de crescimento e regressão. A 
sobrevida (média de 7 a 9 anos) não melhora com 
a terapia agressiva; portanto, a abordagem 
habitual consite em aliviar os pacientes com 
baixas doses de quimioterapia ou imunoterapia 
LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B: 
 A idade média do paciente é de 60 anos, mas o 
LDGCB também ocorre em adultos jovens e 
crianças. 
 Morfologia: 
 Os aspectos comuns são tamanho celular 
relativamente grande (em geral, quatro a cinco 
vezes o diâmetro de um linfócito pequeno) e 
padrão difuso de crescimento, porém observa-
se variação morfológica substancial. Com 
maior frequência, as células tumorais têm um 
núcleo redondo ou oval aparentemente 
vesicular 
 Os nucléolos podem apresentar-se em número 
de dois a três, situados ao lado da membrana 
nuclear, ou mostrar-se dispostos de forma 
individual e centralizada 
 
 Quadro Clínico: costuma manifestar-se como 
uma massa que cresce rapidamente em um sítio 
nodal ou extranodal. Virtualmente, pode surgir 
em qualquer parte do corpo 
 
 
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LINFOMA DE BURKITT: 
 Patogenia: translocações do gene MYC no 
cromossoma 8, conduzindo ao aumento dos 
níveis de proteína MYC. 
 Principalmente em crianças ou adultos jovens 
 Morfologia: 
 Os tecidos comprometidos são substituídos por 
um infiltrado difuso de células linfoides com o 
tamanho intermediário de 10 a 25 μm de 
diâmetro, com núcleos redondos ou ovais, 
cromatina grosseira, vários nucléolos e uma 
quantidade moderada de citoplasma 
 O tumor exibe alto índice mitótico e contém 
numerosas células apoptóticas, cujos restos 
nucleares são fagocitados por macrófagos 
benignos que se situam junto aos outros 
componentes. 
 Esses fagócitos têm citoplasma claro e 
abundante, criando um padrão do tipo “céu 
estrelado”. 
 Quando a medula óssea é envolvida, os 
aspirados revelam células tumorais com 
cromatina nuclear levemente agrupada, dois a 
cinco nucléolos distintos e citoplasma azul real 
contendo nítidos vacúolos citoplasmáticos. 
 
 Quadro Clinico: A maioria dos tumores se 
manifesta em locais extranodais. 
 O linfomade Burkitt endêmico se apresenta 
como uma massa envolvendo a mandíbula, 
com predileção incomum pelas vísceras 
abdominais, particularmente rins, ovários e 
glândulas adrenais. 
 O linfoma de Burkitt esporádico é representado 
com maior frequência como uma massa que 
envolve a porção ileocecal e o peritônio. 
 O acometimento da medula óssea e do sangue 
periférico é incomum, principalmente nos casos 
endêmicos. 
NEOPLASIAS DE PLASMÓCITOS: 
 Essas proliferações de células B são 
constituídas por plasmócitos neoplásicos que, 
com frequência, secretam uma Ig monoclonal ou 
um fragmento de Ig, que serve como marcador 
tumoral e que costuma evidenciar 
consequências patológicas. 
 
 
MIELOMA MÚLTIPLO: 
 É uma neoplasia de plasmócitos comumente 
associada a lesões líticas ósseas, hipercalcemia, 
insuficiência renal e alterações imunológicas 
adquiridas 
 Morfologia: 
 Se manifesta como tumores destrutivos de 
plasmócitos (plasmocitomas) comprometendo 
o esqueleto axial. 
 Os ossos comumente afetados (em ordem 
decrescente de frequência) são: coluna 
vertebral, costelas, crânio, pelve, fêmur, 
clavícula e escápula. As lesões começam na 
cavidade medular, corroem o osso esponjoso 
e, progressivamente, destroem o córtex ósseo, 
muitas vezes resultando em fraturas 
patológicas; estas são mais comuns na coluna 
vertebral, mas podem ocorrer em qualquer 
osso acometido. 
 As lesões ósseas aparecem radiograficamente 
como defeitos em destaque, em geral com 1 a 
4 cm de diâmetro, consistindo em massas 
tumorais ecidas, gelatinosas e avermelhadas. 
Com menos frequência, a doença óssea 
mielomatosa generalizada pode produzir mais 
desmineralização difusa (osteopenia) do que 
defeitos focais. 
 Plasmócitos de aparência relativamente 
normal, plasmoblastos com cromatina nuclear 
vesicular e um nucléolo único evidente, ou 
células multinucleadas bizarras 
 
 Quadro Clínico: hipercalemia, reabsorção óssea. 
Infecções bacterianas recidivantes e insuficiência 
renal 
PLASMOCITOMA: 
 As lesões ósseas tendem a ocorrer nos mesmos 
locais como no mieloma múltiplo. As lesões 
extraósseas são frequentemente localizadas nos 
pulmões, oronasofaringe ou seios nasais. 
Pequenas elevações das proteínas M no sangue 
ou na urina podem ser encontradas em alguns 
pacientes. O plasmocitoma ósseo solitário quase 
inevitavelmente progride para mieloma múltiplo, 
fato que pode levar de 10 a 20 anos ou mais 
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para ocorrer. Em contraste, os plasmocitomas 
extraósseos, em especial aqueles que 
comprometem o trato respiratório superior, são 
frequentemente curados com ressecção local. 
LINFOMA PLASMOCÍTICO: 
 É uma neoplasia de células B de adultos mais 
velhos que, em geral, se manifesta na sexta ou 
sétima década de vida. 
 O plasmócito secreta a IgM monoclonal, muitas 
vezes em quantidade suficiente para causar a 
síndrome de hiperviscosidade conhecida como 
macroglobulinemia de Waldenström. 
 Quadro clínico: 
 Prejuízo visual associado à congestão venosa, 
que se reflete pelas evidentes tortuosidade e 
distensão das veias da retina; hemorragia e 
exsudatos da retina também podem contribuir 
para os problemas visuais. 
 Problemas neurológicos, como cefaleia, 
vertigem, surdez e torpor, todos provenientes 
da lentidão do fluxo sanguíneo e 
sedimentação. 
 Hemorragia relacionada à formação de 
complexos entre as macroglobulinas e os 
fatores de coagulação, assim como 
interferência nas funções plaquetárias. 
 Crioglobulinemia resultante da precipitação de 
macroglobulinas em baixas temperaturas, que 
produz alguns sintomas, como fenômeno de 
Raynaud e urticária ao frio. 
NEOPLASIAS DE CÉLULAS T E NK: 
LINFOMA DE CÉLULAS T PERIFÉRICAS: 
 Esses tumores ocupam os linfonodos de forma 
difusa e, tipicamente, são compostos por uma 
mistura pleomórfica de células T malignas de 
tamanho variável. 
 Com frequência, há um infiltrado evidente de 
células reativas, como eosinófilos e 
macrófagos, provavelmente atraídas pelas 
citocinas derivadas dos tumores. 
Neoangiogênese ativa também pode ser 
observada 
 
 
LINFOMA DE GRANDES CÉLULAS ANAPLÁSICAS: 
 Esse tumor é composto de células grandes 
anaplásicas, algumas contendo núcleos em 
formato de ferradura e citoplasma volumoso 
(denominadas células características, “hallmark 
cells”. Com frequência, as células tumorais se 
agrupam em torno de vênulas e infiltram os seios 
linfoides, mimetizando o aspecto de carcinoma 
metastático. 
 Tendem a ocorrer em crianças ou adultos jovens, 
frequentemente acometem as partes moles e 
apresentam ótimo prognóstico 
 
LINFOMA DE CÉLULAS T DO ADULTO: 
 É observada apenas em adultos infectados pelo 
retrovírus tipo 1 da leucemia de células T 
humana (HTLV-1) 
 A maioria dos pacientes apresenta uma doença 
rapidamente progressiva que é fatal dentro de 
meses a 1 ano, apesar da quimioterapia 
agressiva. Com menos frequência, o tumor 
acomete apenas a pele e segue um curso muito 
mais indolente

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