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Ensino domiciliar no Brasil - Redação corrigida MODELO ENEM



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ENSINO DOMICILIAR NO BRASIL
Na sociedade escravista e autoritária do Brasil Imperial, o ensino domiciliar das crianças pertencentes às classes dominantes era frequente, em virtude da falta de recursos e interesse do Estado em propiciar educação de qualidade para todos. Na contemporaneidade, como símbolo de retrocesso, tal opção de educar os jovens em casa tem ressurgido. Nesse sentido, observa-se que os efeitos no processo de socialização da criança e as limitações na infraestrutura brasileira inviabilizam tal prática.
Em primeiro plano, nota-se que a educação domiciliar afeta o pleno desenvolvimento das crianças. Sob a ótica do sociólogo francês Émille Durkheim, a escola é o mecanismo secundário de socialização, espaço com a finalidade de ensinar ao indivíduo comportamentos essenciais à vida em sociedade. Nessa perspectiva, privar a criança desse ambiente impede a plena convivência com o grupo, impossibilitando a construção de noções imprescindíveis como o respeito à pluralidade de características e opiniões, fomentando a disseminação de preconceitos responsáveis por intensificar as violências que ameaçam a integridade de minorias sociais.
Aliado a isso, não há infraestrutura para implementar o ensino domiciliar no Brasil. Perante as disparidades sociais, o exercício desse método seria opção restrita à classe privilegiada, a qual usufrui de condições financeiras para pagar por tutores e materiais didáticos, configurando uma violência simbólica, conceito do filósofo francês Pierre Bourdieu que traduz a violência como qualquer processo de exclusão ou inferiorização. Ademais, o investimento em mecanismos de controle, com o fito de desenvolver um método para comprovar que estão sendo aplicadas a pedagogia e a didática necessárias à formação de qualidade, é incoerente devido à alarmante necessidade de investir no ensino público brasileiro, o qual deve ser foco do governo diante de sua responsabilidade em oferecer educação de qualidade a todo o espectro social, conforme previsto pela Constituição Federal.
Portanto, é evidente que a aplicação de tal método não é o mais adequado para o país. Primordialmente, cabe ao Poder Legislativo recusar o projeto de lei que autoriza a execução legal dessa prática no Brasil. Outrossim, cabe ao Estado melhorar o ensino público, por intermédio da correta destinação de verbas para criação de novas instituições, melhoria da infraestrutura, pagamento digno aos funcionários e aplicação das diretrizes e normas da BNCC, com o fito de consolidar um espaço propício à aprendizagem e respeito às diferenças, visando o pleno desenvolvimento da consciência cidadã. Sendo assim, será possível observar a democratização da educação de qualidade, conjuntura oposta à do Brasil Imperial.