Cap 3 - O Estágio a vivência da teoria e prática

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Olá! 
Neste capítulo, vamos discutir sobre a relação entre a teoria e a 
prática. Esperamos que você compreenda a importância dessa 
relação para a consolidação da formação profissional do professor.
Faça leituras e reflexões sobre cada conceito e orientações 
encaminhadas, de forma bem atenciosa, e fique atento(a) durante 
sua atuação na escola campo do estágio na busca da percepção e 
estabelecimento dessa relação: teoria e prática. Essa é uma relação 
inclusiva que deve tornar-se um ponto de reflexão permanente 
durante o estágio.
Objetivos: 
- identificar o Estágio Supervisionado como uma disciplina que 
tem como função integrar teoria e prática, e que oferece ao futuro 
licenciado a participação em situações reais de vida e trabalho;
- privilegiar a teoria e a prática nas ações que permeiam as 
experiências relacionadas ao ensino e aprendizagem; 
- ressignificar a teoria apreendida de acordo com a realidade 
vivenciada durante o estágio.
3.1 INTRODUÇÃO
Quanto mais penso sobre a prática educativa, reconhecendo a 
responsabilidade que ela exige de nós, tanto mais me convenço do 
dever nosso de lutar no sentido de que ela seja realmente respeitada. 
(FREIRE, 2002, p. 107)
Na terceira etapa do Estágio Supervisionado - Estágio Supervisionado 
III, do Curso de Licenciatura em Informática, seu papel de estagiário 
ampliou muito. Você será responsável pela gestão de aulas, mais 
comumente evidenciado como regente de classe, conforme discutido 
no capítulo I, deste fascículo.
Nesta fase do estágio, você terá a oportunidade de colocar em ação 
todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos estudos realizados nas 
O ESTÁGIO: A VIVêNCIA DA 
TEORIA E PRÁTICA
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várias disciplinas do Curso de Licenciatura em Informativa, quer sejam 
disciplinas instrumentais, básicas científicas ou pedagógicas.
Esta oportunidade surge a partir do momento em que você começa a 
exercer as ações próprias relacionadas ao ser professor. Por meio da 
prática, você deverá articular os conhecimentos que surgem, a partir 
desta prática, unindo os fundamentos pedagógicos e os conteúdos 
técnicos específicos de sua área de estudo. 
Isso significa dizer que será necessário que você estabeleça elos entre 
as suas aprendizagens acadêmicas e as exigências concretas do ensino, 
conforme as especificidades de suas ações na escola do estágio. Isso é 
importante pois, quando se estabelecem os elos, a teoria e a prática 
se apoiam no sentido de consolidar aprendizagens que são inerentes à 
profissão de professor.
Figura 5 - A prática de sala de aula
Fonte: www.shutterstock.com
3.2 COMO CONSEGUIR ESTABELECER ESTA 
RELAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA?
Bem, primeiro vamos entender o que é a teoria e a prática. 
Em linha geral, quando falamos de teoria, neste caso, estamos nos referindo 
ao conhecimento advindo da fundamentação teórica estudada. Já a prática 
consiste na ação que transforma esse conhecimento, e a realidade.
Para as educadoras Pimenta e Lima, 
[...] o papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas 
para análise e investigação que permitam questionar as práticas 
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institucionalizadas e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, 
colocar elas próprias em questionamento, uma vez que as teorias são 
explicações sempre provisórias da realidade. (PIMENTA E LIMA, 
2011, p 43)
Nesta linha de pensamento, a teoria coloca-se como elemento 
importante para que você compreenda as ações pedagógicas praticadas 
na escola, por propiciarem variados pontos de vista sobre as referidas 
ações pedagógicas. 
Todo este movimento possibilitará reflexões sobre o que fazer e como 
fazer as ações próprias da escola, de forma a atender a esta realidade, ou 
seja, realizar um trabalho contextualizado. 
A prática, no dizer de Tardif (2002), não é algo isolada, e sim está 
intermediada por um sistema coletivo de valores que orientam a 
educação. Para Sacristán, a prática na escola ocorre em diferentes 
contextos como: “prática institucionais que tratam do funcionamento 
do sistema escolar, seleção de alunos, sistemas de avaliação [...]; práticas 
organizativas que tratam da estrutura de funcionamento, divisão do 
tempo e do espaço escolar [...]; práticas didáticas que são as práticas de 
responsabilidade dos professores em sala de aula [...]”. (SACRISTAN, 
1995, p 73).
Ainda, segundo Sacristán:
A ação está relacionada aos sujeitos, seus modos de agir e pensar, seus 
valores, seus compromissos, suas opções, seus desejos e vontade, seu 
conhecimento, seus esquemas teóricos de leitura do mundo, seus modos 
de ensinar, de se relacionar com os alunos, de planejar e desenvolver 
seus cursos. (SACRISTÁN, apud PIMENTA E LIMA, 2011, p 42)
Você deve ter observado que, mesmo trazendo nossa compreensão 
sobre a teoria e sobre a prática de forma separada, não se consegue 
pensar a teoria sem pensar a prática, e vice-versa. E é nesse vai 
e vem da teoria e da prática que os elos se estabelecem entre os 
conhecimentos adquiridos nas disciplinas acadêmicas e na prática 
concreta do estágio.
Considerando os conceitos e as considerações apresentados até 
aqui, expresse sua opinião sobre como poderá acontecer essa 
relação - teoria e prática- no dia a dia do professor.
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Continuando a discussão sobre teoria e prática, trazemos as considerações 
que Pimenta apresenta sobre a unidade teoria e prática:
A atividade teórica é que possibilita de modo indissociável o 
conhecimento da realidade e o estabelecimento de finalidades para sua 
transformação. Mas para produzir tal transformação não é suficiente a 
atividade teórica; é preciso atuar praticamente. (PIMENTA, 2010, p 92)
Mas sabemos que essa relação que se faz do conhecimento teórico com a 
prática, e vice-versa, nem sempre é fácil de emergir. Renata de A. Vieira 
aponta para nós que:
Este é, certamente, o ponto nevrálgico do estágio, visto que fazer as 
relações entre aquele conhecimento teórico estanque e as situações 
práticas vivenciadas não é tarefa fácil. Muitas vezes o acadêmico 
ao se dar conta desse impasse opta por ignorá-lo, adaptando-se à 
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metodologia e comportamentos estabelecidos na escola, mesmo que 
os negue teoricamente, e segue suas atividades sem dar esse passo 
adiante. (VIEIRA, 2007, p.3) 
E para Nilda Alves,
[...] teoria e prática são consideradas, na proposta curricular, o núcleo 
articulador da formação profissional, na medida em que os dois 
elementos são trabalhados de forma integrada, constituindo uma 
unidade indissociável. (ALVES, p. 65) 
Considerando o enfoque de Alves e dos demais autores citados 
anteriormente, podemos dizer que a teoria não sobrevive sem a 
prática e vice-versa, ou seja, devem ser trabalhados simultaneamente, 
como uma unidade. Assim,entendemos que a teoria não tem 
utilidade se não fizermos o esforço de situá-la, isto é, de relacioná-
la com as situações concretas do trabalho docente, e é justamente o 
estágio curricular que promove esta integração.
É importante que você esteja atento, avaliando, julgando, 
aprendendo e transformando, sempre que possível, a realidade 
na qual está inserido. Que enfrente os impasses que possam 
advir da relação entre o “conhecimento teórico estanque e as 
situações práticas”.
Figura 6 - O exercício da docência.
Fonte: www.shutterstock.com
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O exercício da reflexão sobre cada ação que realizar na escola e/ou sala 
de aula poderá evitar uma visão separada entre a teoria e a prática. 
Quando refletimos estamos assumindo uma postura de aprendizagem 
permanente, perante o conhecimento e a realidade escolar. 
No dizer de Imbernón (2001), a reflexão é fundamental para a 
compreensão da complexidade das práticas nas instituições e, também, 
na preparação para a sua inserção profissional. 
Torne o estágio um momento e um espaço fundamentais, os quais 
vão possibilitar-lhe a tomada de consciência sobre as concepções 
e modelos a serem apropriados na prática escolar.
Dessa forma, você deverá apropriar-se das diferentes formas de 
interpretação da realidade que envolvem os vários campos de 
conhecimento e buscar compartilhar esses conhecimentos com seus 
tutores, professor colaborador e seus pares.
É sempre bom lembrar que aprendemos a cada experiência e que 
o conhecimento não chega pronto até o professor. Para tornar-se 
professor, é necessário a ressignificação da teoria apreendida de acordo 
com a realidade.
Ressignificação consiste na capacidade de atribuirmos significados 
a partir da reflexão acerca de uma experiência ou acontecimento 
vivenciado, utilizando o aprendizado de forma nova, adaptado 
à situação real com a qual nos deparamos. A ressignificação 
permite atribuirmos novos sentidos a uma experiência passada 
e construirmos em nossa mente uma nova forma de encarar uma 
dada situação. 
Imbernón (IMBERNÓN, 2001, p 62) afirma que “o professor é 
capaz de gerar conhecimento pedagógico em sua prática”.
Você concorda com esta afirmativa?
Se sim, descreva uma situação vivida no estágio ou durante sua 
vida profissional como professor a qual permitiu a geração do 
conhecimento pedagógico.
Se não, justifique sua discordância.
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Ressalto que, para que a experiência gere conhecimento, não basta 
somente executar a ação. É necessário que você tenha sempre um olhar 
investigativo sobre a referida ação, de forma que gere informações, tanto 
na perspectiva teórica como na prática, na observação, no debate e na 
reflexão, considerando os vários pontos de vista e a análise da realidade.
Diante dessas considerações, com toda essa exposição, queremos 
deixar claro que devemos privilegiar a prática e a teoria nas ações que 
permeiam as experiências da prática de ensino e aprendizagem. É uma 
relação inclusiva que deve tornar-se um ponto de reflexão permanente 
durante o estágio, porque estabelecer essa relação é fundamental.
Fecho essa discussão acreditando no estímulo à reflexão sobre a prática 
do cotidiano de uma escola, bem como sobre a ação didática desenvolvida 
na sala de aula, como contribuição para sua formação como professor.
Sugerimos como atividade que você faça uma reflexão a partir dos 
seguintes questionamentos:
•	 Estou atento em relação à aprendizagem dos alunos?
•	 Estou avançando em busca de soluções para as dificuldades 
que se apresentam?
•	 Quais são as minhas dificuldades?
•	 Avalio meu desempenho diário no papel de gestor de sala 
de aula?
•	 Meus conhecimentos teóricos fundamentam a minha prática?
Tome como ponto de partida a relação teoria-prática sobre as ações 
realizadas e sua participação durante o estágio supervisionado.
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Dessa forma, a reflexão sobre o lugar que você confere à relação teoria-
prática é valiosa para que não sejamos educadores de uma prática e 
teoria engessadas, mas autores de uma dinâmica em que ambas se fazem 
e se refazem constantemente e de modo interdependente.
ZABALA, Antoni. A prática Educativa: como ensinar. Tradução 
Ernani F. da F. Rosa, Porto Alegre: Artmed, 1998. (Reimpressão 2010).
Neste livro, o autor propõe alguns critérios que contribuem para 
articular uma prática reflexiva e coerente conforme o momento
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 vivido. É um livro prático porque se ocupa dos problemas que a 
prática gera, ao mesmo tempo em que proporciona os parâmetros 
para as decisões que devem ser tomadas.
Uma ótima leitura!!!
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