Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APRENDIZAGEM, DESENVOLVIMENTO E COGNIÇÃO Professoras: Me. Márcia Regina de Sousa Storer Esp. Nadyesda Lessandra Foschiani Martinez Me. Luciene Celina Cristina Mochi Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Projeto Gráfico Thayla Guimarães Design Educacional Rossana Costa Giani Design Gráfico Victor Augusto Thomazini Ilustração Bruno Cesar Pardinho DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MOCHI, Luciene Celina Cristina; STORER, Márcia Regina de Sousa; MARTINEZ, Nadyesda Lessandra Foschiani. Atendimento Educacional Especializado Para Pessoa Com Deficiência Intelectual. Luciene Celina Cristina Mochi; Márcia Regina de Sousa Storer; Nadyesda Lessandra Foschiani Martinez. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 35 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Especializado. 2. Deficiência. 3. Intelectual. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 371 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 sumário 09| CONSIDERAÇÕES SOBRE NORMALIDADE, PATOLOGIA, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 21| A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE INTELECTUAL 23| DESENVOLVIMENTO E COGNIÇÃO DO DEFICIENTE INTELECTUAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Diferenciar o que está dentro do desenvolvimento esperado de uma criança e o que seria considerado patológico. • Conhecer aspectos sobre a relação entre aprendizagem e afeto no desen- volvimento da criança com deficiência intelectual. • Estudar aspectos referentes à Aprendizagem e o Desenvolvimento do Deficiente Intelectual. • Apresentar fatores favoráveis ao desenvolvimento do Deficiente Intelectual, compreendendo aspectos voltados à compreensão da atenção e estabe- lecendo conexões para compreensão de possíveis casos de desatenção acometidos na deficiência intelectual. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Considerações sobre normalidade, patologia, aprendizagem e desenvolvimento • A importância da afetividade no processo de aprendizagem do Deficiente Intelectual • Desenvolvimento e Cognição do Deficiente Intelectual • Considerações favoráveis ao desenvolvimento do Deficiente Intelectual APRENDIZAGEM, DESENVOLVIMENTO E COGNIÇÃO INTRODUÇÃO Ao estabelecermos um estudo sobre Cognição e Desenvolvimento, todos os conteú- dos anteriormente apresentados devem ser bem acomodados internamente. Pois apresentamos comumente uma pré-disposição a excluir e/ou não saber como lidar com o que nos é diferente e essa perspectiva ao menos deve ser compreendida se ainda não foi assimilada e internalizada em nossas atitudes. Dando continuidade aos nossos trabalhos, estudaremos conceitos de normali- dade e patologias, tendo a ótica voltada para o senso comum e o científico. Após estabelecer critérios de definição e ter em evidência que mesmo havendo antítese entre ambos, não há como separar um do outro, o estudo continuará por meio da perspectiva de não apresentar o patológico existente como um “rótulo” imposto sobre um indivíduo e sim, considerar as diferenças existentes entre todos os seres humanos, incluindo o deficiente intelectual. E ainda conhecer como funciona nosso cérebro e como ele responde ao processo de desenvolvimento e à cognição e as contribui- ções da psicomotricidade nesse processo. Sendo importantes estes conhecimentos prévios para uma compreensão maior sobre o deficiente intelectual e seu desen- volvimento, a identificação dessas crianças na escola e de que maneira comunicar a família, encaminhar a especialistas e intervir como educador no cotidiano escolar. Pós-Universo 7 Pensando nas inúmeras queixas que recebemos de familiares e professores no ambiente clínico, as dificuldades de atenção que algumas crianças apresentam em sala de aula e na realização de tarefas escolares, entre eles o deficiente intelectual, apresentaremos os aspectos pertinentes ao seu funcionamento e treino. É importante considerar que muitos desses casos de desatenção se deve à falta de planejamento do educador que leva a falta de interesse dos alunos e ainda o des- preparo do ambiente de estudo, sem disciplina/rotina. E ainda a inúmeros fatores de distração como a ansiedade, cobrança excessiva familiar e escolar, pensamentos divergentes, eventos inesperados, barulhos irritativos e descontextualizados, o uso inadequado de fones de ouvido e também fatores funcionais. Pós-Universo 8 Pós-Universo 9 CONSIDERAÇÕES SOBRE NORMALIDADE, PATOLOGIA, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO De acordo com a psicopatologia, é considerado normal e patológico tudo que se refere à natureza do problema humano. A respeito da saúde, uma pessoa é conside- rada normal, comumente, por estar bem fisicamente, mentalmente e socialmente. O ser “normal” remete à saúde integralmente orgânica física, psíquica e social. Ainda assim, é de suma importância considerar questões éticas, sociais, culturais, econô- micas e políticas. Pois do ponto de vista humano, não existem normalidades mas, desenvolvimento dentro do esperado para a idade na maioria das crianças. Ao considerar a avaliação de uma criança por exemplo, há de se relevar essa tênue junção, pois, o que é destoante, diferente no seu desenvolvimento pode, com o tempo, estar de acordo e dentro do que se chama “esperado para a idade”. Ou, ao contrário, uma criança que teve seu desenvolvimento dentro do esperado apresen- tar disfunções, desorganizações e/ou até mesmo desenvolver alguma patologia. Mas, dentro da medicina, o que é normal e o que é patológico? Alguns estudos consideram que não há definição de um sem o outro. Ainda mais, quando associados ao significado fonético de anomalia (o que foge dos padrões de normalidade) e anormal (o que não é normal). A reflexão sobre essas definições remete ao comprometimento profissional em questionar o que se pode fazer pela criança e assim estabelecer os parâmetros sobre os sintomas da mesma. Não julgar o patológico como um estigma, mas estabelecer meios de padronizar os sintomas, intervindo no dia a dia da criança de maneira que ela possa viver com equilíbrio seus limites de normalidade no cotidiano. Pós-Universo 10 Todo processo requer esforço, mudanças, adaptação, compreensão. Assim, quando o ser humano cresce, seu corpo dá sinais de modificação, seu cérebro capta essas transformações físicas e busca com esforço adaptar-se a esta realidade. Algumas vezes, sem compreender o que está acontecendo, outras, atingindo esta compreensão, consegue conquistar com maturidade sua posição social entre a família, os amigos, o meio em que vive. O processo de maturação tem um “peso” considerável sobre as crianças. O conflito do desenvolvimento é constante, pois adquirir autonomia requer responsabilida- des e sendo assim, sair do aconchego de ser totalmente tutelado para aprender a ser independente. As crianças procuram imitar os adultos de sua convivência: pais, irmãos, professores etc., e acabam desprezando crianças menores ou “cuidando” das mesmas, como um adulto mirim. Nossos processos de aprendizagem começam a partir da observação dos adultos a nossa volta. No processo de desenvolvimento, a criança interage com o meio e esse pode fa- vorecer ou prejudicar seucrescimento, dependendo das características do ambiente no qual a criança está inserida. Não se deve pensar no crescimento meramente ge- nético, mas todo contexto em torno deste processo: a família, amigos, professores, escola, sociedade. A criança passará por conflitos e à medida que os enfrenta positi- vamente e negativamente, essa relação poderá modular sua personalidade, seu eu, seu “ser” de acordo com o espaço e tempo vividos. E isso não acontece harmonica- mente. Por isso, a sensibilidade de percepção do profissional em distinguir o que faz parte desse processo e o que está prejudicando essa formação é fundamental. Saber que uma criança está com um comprometimento cognitivo, nos remete a avaliar as causas: desordem familiar, conflito em adaptar-se ao grupo escolar, método do edu- cador, ou problemas de ordem neurológica. Há várias possibilidades e o profissional deve avaliá-las minuciosamente e comunicar à família para as providências cabíveis. A ação deve ser multidisciplinar envolvendo família, escola e diversos especialistas (de acordo com a necessidade da criança). Uma criança madura passa por conflitos, chora, exclui-se e inclui-se no grupo, in- timida-se e toma iniciativas, surpreende todo instante. Ao passo que a imatura, passa pelos mesmos conflitos e o mesmo processo, mas demora em atingir resultados, sofre muito mais, cansa-se com frequência, frustra-se e até insiste em acomodar estados que lhe são agradáveis, opondo-se ao “novo”, ao “diferente”, àquilo que não entende. Pós-Universo 11 O desenvolvimento é um processo contínuo no ser humano, e na infância é onde os maiores conflitos se agregam ao consciente e ao inconsciente, formando um adolescente, um jovem, um adulto e logo um idoso, futuramente comprometido patologicamente, devido a traumas, lacunas, cobranças exageradas, incompreensão, estigmas de uma infância mal vivida. “... a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar”. (VIGOTSKI, 2001, p. 109) reflita Os estudos de Lev Semenovich Vigotski (2001) nos ensinam que a criança antes de aprender a ler e escrever na escola, de ter os primeiros contatos com os signos cor- respondentes à linguagem escrita, é capaz de ler e registrar o que vivencia por meio da imitação, da fala, desenhos, brincadeiras, canções e tantas outras formas de apren- der a comunicar. Partindo do desdobramento do pensamento comum de que lugar de aprender é somente na escola, consideramos que toda criança que adentra o limiar escolar possui sua pré-história e não é diferente com o deficiente intelectual. A criança aprende em sua interação familiar, escolar e social. O desenvolvimento, a capacidade de desenvolver não é estática, mas sim um processo constante e contínuo. O cérebro humano é capaz de superar funções, de reestabelecer conexões e encontrar novas rotas de desenvolvimento e superação, quando bem direcionado. Na perspectiva histórico-cultural, segundo Vigotski (2001), não é possível limitar o processo de desenvolvimento humano e a capacidade po- tencial de aprendizagem. Mas, é possível determinar dois níveis de desenvolvimento intelectual de uma criança: nível de desenvolvimento efetivo (área de desenvolvi- mento proximal) e nível de desenvolvimento das funções psicointelectuais (área do desenvolvimento potencial). Entre eles há uma proximidade, pois partindo do que a criança aprendeu (nível de desenvolvimento efetivo) é possível mediar novos co- nhecimentos e capacidades de memória, atenção, concentração, estética, e demais funções psicointelectuais estabelecidos por esta base constituída. Pós-Universo 12 Para melhor exemplificar analisaremos os estudos de Vigotski (2001, p.111): “ Quando se estabelece a idade mental da criança com o auxílio de testes, re- ferimo-nos sempre ao nível de desenvolvimento efetivo. Mas um simples controle demonstra que este nível de desenvolvimento efetivo não indica completamente o estado de desenvolvimento da criança. Suponhamos que submetemos a um teste duas crianças, e que estabelecemos para ambas uma idade mental de sete anos. Mas quando submetemos as crianças a provas posteriores, sobressaem diferenças substanciais entre elas. Com o auxílio de perguntas-guia, exemplos e demonstrações, uma criança resolve facilmente os testes, superando em dois anos o seu nível de desenvolvimento efetivo, enquanto a outra criança resolve testes que apenas superam em meio ano o seu nível de desenvolvimento efetivo. Neste momento, entram diretamen- te em jogo os conceitos fundamentais necessários para avaliar o âmbito de desenvolvimento potencial. Isto, por sua vez, está ligado a uma reavaliação do problema da imitação na psicologia contemporânea. O ilustre autor soviético firma um posicionamento oposto à perspectiva tradicional que responde a possibilidade de desenvolvimento psicointelectual da criança por si só, sem mediação, por sua própria capacidade. Salienta que a criança aprende mediante socializa- ção, interação, imitação, exemplos e experiências de mediação em seu convívio familiar, social e escolar. Conforme a criança, por meio do conhecimento transmitido pelo educa- dor e da mediação desse conhecimento, e socialização do conteúdo mediante atividades diversificadas, ela aprende e acontece em seguida desse aprendizado o desenvolvimento. “ Podemos agora resumir o que dissemos e fazer uma formulação geral da relação entre os processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Antes de o fazer, salientamos que todas as pesquisas experimentais sobre a natu- reza psicológica dos processos de aprendizagem da aritmética, da escrita, das ciências naturais e de outras matérias na escola elementar demonstram que o seu fundamento, o eixo em torno do qual se montam, é uma nova for- mação que se produz em idade escolar. Estes processos estão todos ligados ao desenvolvimento do sistema nervoso central. A aprendizagem escolar orienta e estimula processos internos de desenvolvimento. A tarefa real de uma análise do processo educativo consiste em descobrir o aparecimento e o desaparecimento dessas linhas internas de desenvolvimento no momento em que se verificam, durante a aprendizagem escolar (VIGOTSKI, 2001, p.116). Pós-Universo 13 Ou seja, segundo o autor o processo de desenvolvimento e de aprendizagem não acontece paralelamente, mas sim o desenvolvimento segue o da aprendizagem, pos- sibilitando assim a criação da área de desenvolvimento potencial. A criança precisa estar em contato constante com a aprendizagem de diferentes eixos, conteúdos, disciplinas e seu processo de desenvolvimento pode ser acompanhado por momen- tos difíceis, na presença de conflitos, que exigem um esforço maior para superação. Marilda G. D. Facci (2006) fundamentada nos autores soviéticos, Vigotski, Leontiev e Elkonin, contribuem para compreensão das etapas de desenvolvimento infantil ca- racterizada, segundo Vigotski, por crises: “ Vigotski (1996) identificou as seguintes crises: crise pós-natal – primeiro ano (2 meses a 1 ano); crise de um ano – infância precoce (1 a 3 anos); crise de 3 anos – idade pré-escolar (3 a 7 anos); crise dos 7 anos – idade escolar (8 a 12 anos); crise dos 13 anos – puberdade (14 a 18 anos) e crise dos 17 anos. Nesses períodos de crise – que podem durar vários meses, um ano, dois no máximo – produzem-se mudanças bruscas, rupturas na personalidade da criança. Conforme Vigotski (1996), algumas características estão presentes nesses períodos: 1) os limites entre o começo e o final da crise e as idades contínuas são totalmente indefinidas: as crises originam-se de forma imper- ceptível e é difícil determinar o momento de seu começo e fim; 2) grande número de crianças que vivem essa fase são difíceis de educar, podem ter conflitos com outras pessoas e consigo mesmas; no entanto, não é sempre assim, pois os períodos críticos são distintos em diferentes crianças, e algumas simplesmente nãopassam por eles; 3) o negativismo é uma característica marcante. Esses períodos, portanto, são caracterizados por uma atitude de negativismo em relação às exigências antes cumpridas: as crianças tornam- -se desobedientes, caprichosas, contestadoras e, muitas vezes, entram em conflito com os adultos que as cercam, geralmente com os pais e professo- res (FACCI, 2006, p.19). Pós-Universo 14 Diante do entendimento das possíveis crises existentes durante o desenvolvimen- to infantil, torna-se mais claro perceber em nossos alunos da educação infantil e do ensino fundamental seus conflitos e distinguir as possibilidades de deficiência no desenvolvimento no trilhar a aprendizagem. E ainda, não justificar todas as irre- gularidades no processo de desenvolvimento nas “crises”. As crises são passageiras, mesmo não havendo um “tempo” determinado de começo e fim, há uma sequên- cia no tempo, são momentos difíceis que exigem esforço para superação, atingindo a maturação. De acordo com Facci (2006), “eles dependem das condições concretas nas quais ocorre o desenvolvimento”, ou seja, ao oportunizar condições favoráveis à aprendizagem, a criança vai compreendendo o universo que a cerca e desenvol- ve suas potencialidades. O que mais distingue a criança deficiente intelectual é sua incapacidade de adap- tação, devido barreiras de inadequação social, muito mais do que a inadequação escolar ou psicológica. O contexto cotidiano de inclusão do deficiente na sociedade assume para a maioria um rótulo capitalista de solidariedade, não atingindo ainda a conquista dos direitos iguais para todos. Considerando que o deficiente intelectual demora mais para aprender, necessita de uma rotina intensa e repetitiva. Isso não impossibilita de desenvolver sua auto- nomia, segundo sua crescente aprendizagem. Não devemos deixar de considerar a implicação da deficiência, podendo ser leve e moderada (com possibilidade maior de desenvolvimento progressivo de autonomia) e severa (com maior grau de difi- culdade em aprender e logo em desenvolver sua autonomia). O deficiente intelectual pode aprender a responder problemas do dia a dia e de- senvolver a responsabilidade sobre a própria vida estando nesse processo sempre acompanhado de um tutor (algum membro da família). Sendo importante que o deficiente intelectual consiga o quanto possível responder por si, aprender e desen- volver futuramente, um ofício que garanta sua dignidade e sobrevivência quando atingir a maioridade (sendo ou não supervisionado). Pós-Universo 15 Plasticidade Neural A plasticidade neural ou neuroplasticidade é a capacidade de organização do Sistema Nervoso frente ao aprendizado e a lesão. Esta organização se re- laciona com a modificação de algumas conexões sinápticas. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal do indiví- duo. Os processos de modificação pós-natais em conseqüência da interação com o meio ambiente e as conexões que se formam durante o aprendizado motor consciente (memória) e inconsciente (automatismo) são exemplos de como funciona a neuroplasticidade em indivíduos sem alteração do Sistema Nervoso Central. É importante salientar, que estes dois processos descritos acima, necessitam da estimulação periférica para dar o feedback neuromotor. Fonte: Bass ([2017], on-line). saiba mais Para melhor compreender como acontece o processo neurológico da aprendizagem é de início saber o que são as células nervosas ou neurônios. Vejamos na figura 1, a seguir: Figura 1 - Neurônios Fonte: adaptada do shutterstock Pós-Universo 16 Os neurônios são células estimuladoras que se comunicam entre si e/ou com as células efetoras. No corpo celular, onde estão o núcleo e as organelas é onde ocorre a permissão do impulso nervoso que responde às sensações no nosso organismo. Os dendritos ampliam a captação das sensações para avaliação no corpo celular, portanto quanto mais dendritos, mais informações. O axônio funciona como um fio condutor para o estímulo elétrico criado pelo corpo celular. Aqui os neurotransmissores (NT) produ- zidos pelo corpo celular devem atingir a sinapse, que se localizam nas terminações do axônio. Na sinapse acontece a transformação do estímulo elétrico em estímulo químico (pelos NT: adrenalina, serotonina, dopamina, etc.). Os neurônios produzem substâncias denominadas neurotransmissores clás- sicos, produzidas no terminal pré-sináptico, que em resposta à atividade nervosa são liberados, resultando em alterações em sua ação. Os neurotransmissores são formados a partir de substâncias (glicose, aminoácidos etc.) que passam a barreira hematoencefálica. Os neurônios são extremamente numerosos, aproximadamente 100 bilhões em cada cérebro, capazes de aprender e fazer em torno de 60 mil conexões, podendo receber 100 mil impulsos por segundo em cada sinapse. Já na vida intra uterina começa o desenvolvimento neuropsicomotor – por volta da terceira semana de gravidez, ou seja, as formações de estruturas nervosas começam desenvolver-se no feto. A importância do acompanhamento desde o pré-natal, o nascimento e a idade escolar se faz necessário, pois identificar má-formação e trabalhar estímulos para a motricidade e processo de aprendizagem é intenso em todos os momentos da vida de um indivíduo. Essas são medidas preventivas para identificar possíveis deficiên- cias devido a falhas e/ou dificuldades ocasionais durante a gestação, onde a criança venha sofrer de algum atraso na aprendizagem, ser ou sentir-se emocionalmente agredida e discriminada pelo seu tempo de aprender ser mais lento ou estar aquém da turma que está inserida. O processo de aprendizagem se dá no sistema nervoso central, assim como a memória. Quando uma informação chega ao sistema nervoso central ela pode trans- formar-se em memória se a informação já for conhecida, mas quando chega uma informação nova acontece a aprendizagem. Pós-Universo 17 Além de conhecer o sistema nervoso central e sua finalidade é importante saber as funções de cada área específica de nosso cérebro. No Lobo Occipital acontece a integração visual por meio da recepção dos estímulos nervosos que já conhecemos. Responsável pelo tato, a interpretação e in- tegração de estímulos visuais provenientes do córtex occipital é o Lobo Parietal. No Lobo Temporal, em sua parte posterior, ocorre a recepção e decodificação de estímulos auditivos, enquanto que sua parte anterior está relacionada com o olfato e a gustação (atividade motora visceral) e ainda com comportamentos instintivos. E no Lobo Frontal é onde ocorrem as conexões das diversas funções nervosas com- pactuadas ao comportamento humano. É aqui que, devido a lesões podem ocorrer perda da concentração, diminuição da habilidade intelectual, déficit de memória e julgamento (na área do córtex pré-frontal), e ainda, paralisia contralateral e falta de sensibilidade (na área do córtex motor e sensitivo). É no córtex cerebral (região do sistema nervoso central) que acontece a trans- formação dos estímulos recebidos em aprendizagem. Mas, para que isso aconteça, toda atividade do SNC deve estar funcionando de maneira adequada, em favor das funções nervosas superiores. Na medida em que os estímulos nervosos atingem o córtex, há uma comparação (ativação da memória) de experiências anteriores, inter- pretação, decodificação e compreensão. Se não houver nenhuma “memória” do que está recebendo, isso ficará registrado e tão logo através de experimentações poste- riores, se dará o aprendizado. Portanto, só aprenderei se meu SNC estiver pronto para receber e interpretar à medida que eu estiver atento e interessado. Fatores químicos produzidos no organismo cerebral de cada indivíduo, também estão relacionados à esquizofrenia, psicose maníaco depressiva e à síndrome do Déficit de Atenção. Consideradas hoje como doençasorgânicas neurológicas. Por exemplo, a esquizofrenia pode ocorrer pelo excesso de dopamina produzida pelo organismo. Ainda, o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), transtorno de tiques (síndrome de Gilles de la Tourette) e até mesmo o autismo. Portanto, é importante saber que “cada caso é único” por mais similar que pos- sa-nos parecer. Cada organismo é único, mesmo entre hipóteses e características parecidas de diagnóstico. Considerando também os estudos neurológicos que não param e podem ainda revelar muitas dimensões sobre o conhecimento do cérebro humano. Pós-Universo 18 Hemisférios cerebrais O cérebro possui em geral dois hemisférios: o esquerdo e o direito. Ambos os hemis- férios processam suas informações de modos diferentes e de maneira inversa – ações cruzadas. O processo de informações acontece no lado dominante, mas a aprendi- zagem acontece quando ambos os hemisférios funcionam de maneira equilibrada, o que é resultado do fortalecimento do lado não dominante do cérebro. Pós-Universo 19 Psicomotricidade Todos os movimentos do corpo humano primeiramente são gerados na mente: a ação dos braços, das mãos, pernas, músculos etc. E quando se faz necessário exer- citar esses movimentos cerebrais e físicos, a psicomotricidade integra técnicas que trabalham o corpo e todo seu desenvolvimento funcional. Sendo, a evolução psi- comotora dentro do esperado para uma criança em determinada idade, passar dos movimentos globais aos específicos e do movimento espontâneo ao consciente. O sistema motor é dividido em: Sistema Motor Central e Sistema Motor Periférico. Para que haja o entendimento dos benefícios da psicomotricidade é importante a priori saber que ele é um produto filogenético, ontogenético e cultural e os respon- sáveis pela aprendizagem e o desempenho comportamental são: o sistema nervoso, o estado psicológico e as situações sociais. O amadurecimento neurológico permite gradualmente o maior domínio de nosso corpo e de nossas ações, bem como a relação entre causa e conse- quência de nossos atos. No que tange ao desenvolvimento neuropsicomotor, há padrões neste processo passíveis de serem identificados desde o estágio germinal e embrionário da espécie humana. Belsky (2010) apresenta os três padrões de desenvolvimento corporal e pontua que estes são mantidos até a adolescência, quais sejam: a) Cefalocaudal, primeiro a cabeça, depois os braços e pernas. Este padrão é observado no início da formação do embrião que surge de uma in- tumescência inicial segue-se a diferenciação de braços b) proximodistal, ou seja, do meio do organismo para a periferia, assim forma-se a medula espinhal, para depois formar as células germina- tivas dos braços, para daí surgir o antebraço etc. c) sequência geral para específico, as células troncos são indiferenciadas que no decorrer do desenvolvimento do embrião vai se diferencian- do compondo todos os tecidos do corpo humano. Fonte: adaptado de Belsky (2010). saiba mais Pós-Universo 20 Pós-Universo 21 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE INTELECTUAL Assim como as demais crianças, o deficiente intelectual demonstra em seu com- portamento reflexos de como sua família, parentes, amigos, pessoas bem próximas a eles, o concebem como pessoa. Seus sentimentos são expressos em sua conduta e atitudes mesmo que inconscientemente. Portanto, refletem muitas vezes desde o excesso de proteção ao abandono total. No contexto do cotidiano escolar vivenciamos a necessidade de afeto com o qual nos chega às crianças a nós confiada, muito mais necessário é nos empenhar- mos a esse vínculo positivo e afetuoso para com nossas crianças com deficiência, no caso, com deficiência intelectual. Nossas crianças precisam sentir-se protegidas, cui- dadas, necessitam de nossa compreensão, nosso toque de mãos em seus ombros, de caminhar conosco lado a lado de mãos dadas, nosso olhar e gesto de aceitação, de compreensão, sem exageros e “melismos”, mas com muita pontualidade, preci- são, equilíbrio e responsabilidade. Afinal, aceitar o deficiente não significa adotá-lo em função de suas limitações, mas principalmente atender esta criança com since- ridade, respeito, atenção e cientificidade. A convivência com o deficiente intelectual nos posiciona muitas vezes em superar conflitos e barreiras existentes e pré-estabelecidas pela própria família, pela socieda- de e em pessoas da própria instituição de ensino. Pós-Universo 22 De acordo com Maria Teresa Egler Montoan (1989, p. 120): “ O deficiente mental sic reflete o modo pelo qual sua família e colaterais o concebem como pessoa. Sua conduta denuncia os sentimentos que estão por trás de certas atitudes, na maioria das vezes inconscientes, daqueles com os quais convivem mais diretamente em seu meio de origem. O desenvolvimento da criança com deficiência intelectual depende de fatores que favorecem seu aprendizado, em especial as atitudes e o convívio afetivo das pessoas que convivem com as mesmas. Corrigir comportamentos e atitudes extremas de proteção à rejeição melhora sua auto estima e consequentemente favorece a apren- dizagem e logo o desenvolvimento de todas as crianças. Ellen e seu celular... A inclusão escolar dos alunos com deficiência intelectual tem a proposta de permitir que os mesmos experienciam e aprendam a conviver em socieda- de, enfrentado situações diversas de acordo com as normas sociais vigentes. Essa postura é de suma importância para o desenvolvimento integral do aluno. Contudo, infelizmente, não é a realidade observada nas escolas. Uma regra adotada pela escola Y é de que o aparelho celular retirado em sala de aula por mau uso pelo aluno só é entregue no final da semana e com a presença dos pais. Ellen, deficiente intelectual leve, foi chamada atenção por 3 vezes e orientada a guardar o aparelho. Ao não respeitar a norma teve seu celular retido. A direção não adotou com ela o protocolo padrão e o de- volveu no mesmo dia alegando que ela era diferente. Posturas como essa não favorecem o desenvolvimento integral da aluna e criam situações de exclusão entre os pares, pois concede atendimento diferenciado em situa- ções que não requerem tal postura. Fonte: baseado em fatos reais. reflita Pós-Universo 23 DESENVOLVIMENTO E COGNIÇÃO DO DEFICIENTE INTELECTUAL Caro(a) aluno(a) como sabemos o desenvolvimento humano depende de condições anteriores a este processo, sendo a aprendizagem o ponto fundamental. O termo cognição é usado de diferentes modos, relacionamentos e significados. Sendo a aprendizagem e/ou os processos que envolvem o conhecimento um desses signifi- cados. Ademais, a cognição pode ser vista de modo mais amplo: ato de saber ou de ter conhecimento, podendo também ser interpretada em um consenso social ou cultural para descrever o desenvolvimento emergente de conhecimentos e concei- tos dentro de um grupo. A cognição pode ser caracterizada como compreensão e como um processo social: • Cognição como compreensão: é entendida como processo de otimização (força para auto-organizar comportamento). • Cognição como um processo social: é baseada historicamente no processo de evolução do desenvolvimento humano, por exemplo: o desenvolvimen- to da escrita e da fala. No deficiente intelectual sabe-se que há um prejuízo cognitivo significativo, porém sabe-se também que as crianças deficientes não são incapacitadas de aprender, muito pelo contrário, elas aprendem o tempo todo, porém, de modo e tempos diferentes. Podem aprender e desenvolver, porém de uma forma mais lenta, demorada e tardia quando comparadas às demais crianças de mesma idade cronológica. A maioria das crianças com deficiência intelectual severa ainda não frequentam escolas inclusivas no ensino comum. Geralmente, permanecem em centros de atendimento especializados como por exemplo as escolas especiais (APAES) ou classes especiais. As criançascom aprendizagem tardia sem o comprometimento severo frequentam o ensino regular com apoio em período contraturno em classes de recursos, salas multifuncionais ou especiais. Pós-Universo 24 Considerações favoráveis ao desenvolvimento do Deficiente Intelectual O educador pode contribuir para o desenvolvimento de todas as crianças ao oferecer condições favoráveis à aprendizagem. Ao elaborar seu plano de aula deve considerar: • a utilização de experiências concretas; • utilização de estímulos motivacionais; • utilização de atenção individual e em grupos de crianças; • dificuldade de concentração e de compreensão ao trabalhar com abstra- ções e a lógica. E considerar alguns princípios paliativos: • aceitar a criança como ela é; • encorajar a criança sempre; • ter paciência; • considerar e sugestionar positivamente suas correções; • trabalhar a importância das diferenças com a turma; • estimular o espírito de companheirismo; • permitir que a criança sinta-se protegida e confiante na turma que está inserida; • evidenciar suas potencialidades já que suas dificuldades são evidentes; • evidenciar as semelhanças entre as crianças (exemplo: todas gostam de brincar, são seres humanos, sentem alegria, dor como todos os seres humanos). Pós-Universo 25 A educação de pessoas com deficiência intelectual: aprendizagem promove desenvolvimento O presente artigo, de natureza bibliográfica, trata das contribuições da Psicologia Histórico-Cultural para a educação de pessoas com deficiência in- telectual. Para esta perspectiva teórica, o processo de humanização implica superar a condição de espécie biológica pela formação do gênero humano, por meio da apropriação da cultura. Analisamos os pressupostos da obra Defectologia, os conceitos de com- pensação e supercompensação, a concepção de deficiência intelectual na perspectiva vigotskiana as implicações da aprendizagem para o desenvolvi- mento. À guisa de conclusão, defendemos que o comportamento cultural compensatório sobrepõe-se ao comportamento natural defeituoso pela apropriação de instrumentos intelectuais e materiais. Neste contexto, a escola e o professor têm papel fundamental, uma vez que, por meio de um ensino organizado e intencional, possibilita a transformação da pessoa com deficiência em sujeito cultural. Este artigo aponta importantes considerações sobre a educação de pessoas com deficiência intelectual e a relação com o desenvolvimento da aprendizagem. Para saber mais acesse o artigo na íntegra em: <https://periodicos.ufrn.br/ educacaoemquestao/article/view/4043/3310>. Acesso em 03 mai. 2017. saiba mais Testes de Atenção De acordo com Toledo (1999), o “teste de cancelamento com lápis e papel” é um teste de performance continuada que avalia a atenção sustentada enfatizando as- pectos da atenção visual. Ao discorrer sobre a matriz atencional, Weintraub e Mesulam (1985), ressaltam que um aspecto importante da atenção é a sua distribuição no espaço extrapessoal. Os autores desenvolveram um teste de exploração do espaço extrapessoal que se apoia na atenção visuo-espacial. Trata-se de um teste de cancelamento de estímu- los verbais e não verbais. Pós-Universo 26 Nos testes de cancelamento verbais são utilizados determinadas letras do alfa- beto como alvos, e nos testes não verbais são utilizados símbolos tipográficos (+, □, ◊, ◘, ◙, por exemplo). Lezak (1995) enumerou outros testes de cancelamento, utilizando outras pistas (alvo) e outros distratores, os quais envolvem tarefas visando a exploração da sensibi- lidade da atenção visuo-espacial. Além das tarefas clássicas descritas por Weintraub e Mesulam (1985), Lezak citou, por exemplo, o teste de cancelamento de letra e sím- bolos, que consiste na apresentação simultânea de letras e símbolos em uma folha padrão formato A4, contendo seis linhas com 42 figuras. Outro exemplo é o de can- celamento de estrelas. É um teste sem tempo determinado desenvolvido com o objetivo de aumentar a sensibilidade da tarefa de cancelamento para a desaten- ção por meio do aumento da dificuldade de sua execução. Dentro de uma aparente mistura de palavras, letras e estrelas, 56 pequenas estrelas são os estímulos-alvo. A folha de teste é propositadamente organizada em colunas para facilitar a contagem do número de estrelinhas canceladas. Os examinados explica a tarefa, cancelando duas estrelinhas, como exemplo, e deixando um total de 54 cancelamentos possí- veis para o sujeito experimental. Kimura (1999) afirmou que mesmo os mais céticos em aceitar as diferenças entre homens e mulheres em diferentes tarefas são forçados a admitir que existe uma dife- rença intrínseca entre homens e mulheres em certas tarefas de “lápis e papel”. Essas diferenças podem ter surgido em consequência de uma pressão seletiva evoluti- va nos homens e que resultou em habilidades de navegação de longas distâncias, incluindo, entre elas, a capacidade de reconhecer uma cena a partir de diferentes ângulos ou pontos de vista. De acordo com Geldmacher (1996), uma forma de alterar o grau de dificuldade do teste de cancelamento seria da variação na relação (razão) estímulo-alvo/distratores. Outra forma de alterar o grau de dificuldade do teste de cancelamento e, portanto, o grau de atenção necessário para o desempenho da tarefa, seria por meio da varia- ção na semelhança visual entre o estímulo-alvo e os distratores. Desta sorte, quanto maior a semelhança entre estímulo-alvo e distratores, maior o grau de dificuldade. Pós-Universo 27 Casagrande et al. (1999) adaptaram, desenvolveram e testaram uma tarefa “lápis e papel” em que o sujeito devia identificar letras-alvo dentro de uma matriz de es- tímulos alfanuméricos, cuja duração e dificuldade podiam ser facilmente mudadas, variando-se o número de alvos e/ou a dimensão da matriz. Nessa tarefa, denomi- nada 3-LCT (three-letter cancellation task; tarefa de cancelamento de três letras), o sujeito deve procurar e assinalar sequencialmente, da esquerda para a direita e de cima para baixo, tão rápida e acertadamente quanto possível, três letras-alvo dentro de uma matriz de 36x50 (letras maiúsculas impressas em uma folha formato A4). Cada letra-alvo aparece 100 vezes, perfazendo um total de 300 alvos corretos em 1.800 possíveis. De acordo com os pesquisadores, o desempenho é avaliado pelo tempo exigido para a execução da tarefa, número de respostas assinaladas corretamente e número de respostas assinaladas indevidamente. Segundo Toledo (1999), esse instrumento é um teste de desempenho continua- do que avalia a atenção mantida durante a tarefa. Um outro teste de atenção atualmente em uso é o teste d2. Quanto à forma, o teste d2 representa um desenvolvimento a partir do teste de cancelamento. É um “Teste de Atenção Concentrada Visual” que avalia a capacidade de concentração e a flutuação da atenção, que elaborado, originalmente, com o objetivo de medir a aptidão para dirigir. Permite investigar os distúrbios de atenção na escola e na clínica (BRICKENKAMP, 1990). Figura 2 – Tarefa de cancelamento com lápis e papel Fonte: (WEINTRAUB; MESULAM, 1985) Pós-Universo 28 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO Nome: ____________________________________________________ Sexo: _________ Escola: ____________________________________________________ Série: _________ Data de nascimento: _____/_____/_____ Teste de cancelamento com lápis e papel Assinalar todas as letras “As”. Horário do experimento: Início: _____h_____ Término: _____h_____ Tempo: ________ segundos. Número de erros por omissão: ________ Número de erros por comissão: ________ Data: _____/_____/_____ Figura 3 – Ficha individual para registro dos dados levantadoscom a aplicação da tarefa Fonte: elaborado pelas autoras. Atenção expressa seletiva: trata-se de uma versão reduzida do teste de Stroop em três páginas. A primeira contém linhas de palavras vermelhas, azuis e verdes em ordem va- riável, e a tarefa do aluno é ler todas as palavras o mais rapidamente possível. A página dois contém linhas “X”s agrupados em unidades de quatro “X”s, coloridas em vermelho, azul e verde, e o aluno deve nomear a cor de cada grupo de “XXX” o mais rapidamente possível. A página três compreende um teste de atenção seletiva. As palavras VERMELHO, AZUL, e VERDE são escritas com cores diferentes daquela que designam: por exemplo, a palavra VERDE é escrita na cor AZUL. O aluno deve dizer o nome da cor de cada palavra mais depressa do que leria a palavra, e em tempo o mais rápido possível (figura 04). Figura 04 – Teste de Stroop Fonte: elaborado pela autora. atividades de estudo 1. De acordo com Vigotski as crianças: a) antes de aprender a ler e escrever na escola ela já está em processo de aprendizagem. b) antes de ter os primeiros contatos com os signos correspondentes à linguagem escrita já é capaz de ler e registrar o que vivencia por meio da imitação, da fala, de- senhos, brincadeiras, canções e tantas outras formas de aprender e se comunicar. c) aprende somente após entrar na escola para receber a educação formal. d) aprendem em sua interação familiar, escolar e social. e) As alternativas a, b e d são corretas. 2. O que o professor deve considerar ao planejar suas aulas considerando a inclusão de uma criança deficiente intelectual em uma de suas turmas? a) Considerar a história prévia de vida da criança e fazer uso da observação para conhe- cê-la de modo a criar vínculo necessário para o desenvolvimento da aprendizagem. b) O manual de deficiências DSM-V c) Saber realizar um excelente planejamento pedagógico. d) Avisar a turma para tratar diferente a criança com deficiência intelectual e) Não precisa considerar nada, este é o princípio da inclusão. atividades de estudo 3. “De acordo com Ruff et al. (1998), durante a idade pré-escolar, as crianças focam sua atenção por tempo muito variável em razão do objeto de atenção e em razão da idade”. Considerando esta afirmação, assinale as afirmativas corretas: I - Pais e professores devem reforçar o foco de atenção das crianças, pois inúmeros fatores externos propiciam a desatenção. II - Os professores devem pensar somente em transferir o conteúdo planejado aos seus alunos, sem exigir deles silencio e atenção durante a aula. III - O Deficiente Intelectual deve ser acomodado da melhor maneira na sala de aula. IV - A postura do professor pouco influencia na atenção voluntaria dos alunos. a) Somente I e III estão corretas. b) Somente II e III estão corretas. c) Somente I, II e IV estão corretas. d) Somente I, III e IV estão corretas. e) Todas afirmativas estão corretas. resumo Ao diferenciar normalidade de patologia é possível estabelecer critérios de observação mais humanos ao analisar “crianças deficientes” e “não deficientes” no convívio escolar e social. Afinal, quem não possui limitações e prejuízos em alguma área da aprendizagem? É importante consi- derar as relevantes limitações para estabelecer um planejamento adequado que atinja de maneira saudável a aprendizagem e contribua para o desenvolvimento do deficiente intelectual. Esperamos que estes estudos norteadores da deficiência intelectual, conduzam vocês, alunos do curso de Atendimento Educacional Especializado, conceber a aprendizagem e o desenvolvimento em uma perspectiva humanizadora atribuindo contribuições à compreensão da neurociência e da importância da psicomotricidade para a aprendizagem e o desenvolvimento humano. Assim, compreender o tempo maior para aprender que o deficiente intelectual necessita para desen- volver suas potencialidades e o que é necessário que o educador planeje em suas aulas nesse processo, como contribuição favorável ao desenvolvimento de todas as crianças. Considerando que a desatenção pode ser conhecida como um problema contemporâneo, per- cebemos que atualmente as crianças recebem inúmeras informações, uma “carga” acumulada de imagens, letras, sons, cores, cheiros, sensações e outros, que podem sobrecarregar o funcio- namento seletivo cerebral. Na certeza que a atenção é necessária para a aprendizagem, buscou-se contribuir com esta unidade, a compreensão de que um ambiente preparado é tão importante quanto um planeja- mento de aula e que auxiliar os alunos, em especial, o deficiente intelectual, na “varredura” visual e auditiva, exigindo seu olhar e postura, eliminando objetos de distração contribuem para a apren- dizagem e o comportamento adequado à atenção. Assim, pensando a aprendizagem ligada à necessidade de atenção em sala de aula e no exercí- cio de tarefas (em casa), exige-se competência e exigência de pais e professores comprometidos com o desenvolvimento das crianças. Dizemos compromisso e exigência, pois remete a repeti- ção constante no ambiente escolar e familiar. Obrigada pela atenção de todos e até a próxima!. material complementar Título: Alfabetização para o Aluno com Deficiência Intelectual Autor: Maria Piedade Resende da Costa Editora: Edicon Sinopse: A presente obra é fruto da longa experiência da autora no ensino com alunos que apresentam deficiência in- telectual, ou déficit cognitivo. É uma opção para o ensino da leitura e escrita, que seja adequada à realidade desses alunos, tendo como base partir do nível em que o aluno se encontra para realizar a aprendizagem e, assim, construir, passo a passo, suas novas aquisições. O grande mérito da autora é mostrar que o ensino da linguagem escrita, especialmente para esse tipo de aluno, não pode ser um fim em si mesmo, só para que ele tenha acesso ao conhecimento, mas primordialmente um meio para possibilitar modificações mais amplas no seu re- pertório comportamental, contribuindo para que ele melhore a sua autoestima, de modo geral baixa, em decorrência do modo preconceituoso como tais alunos costumam ser tratados pelo comum das pessoas. O programa proposto na presente obra, além de ampliar o vocabulário do aluno com deficiência intelectual e sua linguagem, lida também com a competência linguística e fonética, favorecendo a fala e a sua melhor articulação. Por tais significativas contribuições, tra- ta-se de obra importante para todo professor, psicopedagogo, psicólogo e demais profissionais que lidam com alunos com deficiência intelectual. material complementar Título: Meu nome é Rádio Ano: 2003 Sinopse: Em uma cidade racialmente dividida, o treinador Jones encontra um estudante deficiente mental chamado Rádio e é ins- pirado a fazer amizade com ele. Logo, Rádio é o fiel assistente de Jones e o diretor Daniels observa que a auto-confiança de Rádio au- mentou. Porém as coisas começam a piorar quando Jones começa a ter reclamações dos fãs, que sentem que a sua devoção por Rádio está atrapalhando a sua busca por uma vitória no campeonato. NA WEB Vídeo completo sobre Neurociência na aprendizagem escolar, com a professora Marta Pires Relvas, professora de Neurociências e Educação. Neste vídeo a professora Marta faz o diálogo entre a neurociência e a pedagogia no comportamento humano. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=M5F2S5D5CDE> A contribuição da Neurociência no ensino dos alunos com deficiência intelectual Web: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/a-contribuicao-da- -neurociencia-no-ensino-dos-alunos-com-deficiencia-intelectual/54521#!2>. Acesso em: 19 de março de 2017. referências BASS, B. L. Plasticidade Neural. Disponível em: <http://www.profala.com/artfisio36.htm>. Acesso em: 03 mai. 2017. BELSKY, J. Desenvolvimento humano: experienciando o ciclo de vida. Trad. Daniel Bueno. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA | Educação a Distância 207. Porto Alegre:Artmed, 2010. FACCI, M. G. D. (2006). Os estágios do desenvolvimento psicológico segundo a psicologia so- ciohistórica. Em A. Arce & N. Duarte (Orgs.), Brincadeiras de papéis sociais na educação infantil: as contribuições de Vigotski, Leontiev e Elkonin (pp. 11-25). São Paulo: Xamã. LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. MANTOAN, Maria Tereza Egler. Inclusão escolar- o que é? Por quê? Como fazer ? Campinas, 2003. SIERRA; Dayane Buzzelli, MARILDA; Gonçalves Dias Facci. A educação de pessoas com deficiên- cia intelectual: aprendizagem promove desenvolvimento. Revista Educação em Questão, Natal, v. 40, n. 26, p. 128-150, jan./jun. 2011. TOLEDO, A. P. L; BLASCOVI-ASSIS, S. M. Trabalho e deficiência: significado da inclusão no mercado formal para um grupo de jovens com síndrome de down. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.7, n.1, p.83-96, 2007. VIGOTSKI, L. S. (2001). Obras Escogidas. Madrid: Machado Libros. resolução de exercícios 1. e) As alternativas a, b e d são corretas. 2. a) Considerar a história prévia de vida da criança e fazer uso da observação para conhe- cê-la de modo a criar vínculo necessário para o desenvolvimento da aprendizagem. 3. a) Somente I e III estão corretas.
Compartilhar