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JAIR MESSIAS BOLSONARO Presidente da República TEREZA CRISTINA CORRÊA DA COSTA DIAS Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO VALDIR COLATTO Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro JAINE ARIÉLY CUBAS DAVET Diretora de Cadastro e Fomento Florestal FERNANDO CASTANHEIRA NETO Coordenador-Geral de Fomento e Inclusão Florestal VITO ENZO GENESI Coordenador de Fomento e Inclusão Florestal BRUNO MALAFAIA GRILLO FLÁVIA REGINA RICO TORRES Equipe Técnica FLÁVIA REGINA RICO TORRES GRACIEMA RANGEL PINAGÉ Conteudistas e revisoras técnicas GRACIEMA RANGEL PINAGÉ Conteudista AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTO LTDA. Projeto Gráfico e Ilustração SUMÁRIO MÓDULO 1 1 - Conceitos e um pouquinho de história 5 1.1 - História do cooperativismo 10 1.2 - Princípios das cooperativas e associações 18 1.3 - Encerramento do módulo 1 24 MÓDULO 2 2 - Cooperativas e Associações 26 Encerramento do módulo 2 36 MÓDULO 3 3 - Operação e Cotidiano 38 3.2 - Atores da Governança 39 3.2.1 - Cooperados/Associados 39 3.2.2 - As Assembleias Gerais 40 3.2 - Atores da Governança 42 3.2.2.1 - Assembleia Geral Ordinária 42 3.2 - Atores da Governança 51 3.2.2.2 - Assembleia Geral Extraordinária 51 3.2 - Atores da Governança 52 3.2.3 - Assembleia Geral Extraordinária 52 3.2 - Atores da Governança 59 3.2.4 - Conselho de Administração/Diretoria 59 3.2.4.1 - Atividades e competências do Conselho de Administração/Diretoria 61 Encerramento Módulo 3 67 MÓDULO 4 4 - Documentos 69 4.1 - Livro ou fichas de matrícula 70 4.2 - Livro de Atas da Assembleia Geral 73 4.3 - Edital de convocação das Assembleias Gerais 76 4.4 - Atas do Conselho Fiscal 77 4.5 - Livro de Atas do Órgão de Administração 79 4.6 - Documentação geral e arquivos 80 Encerramento do Curso 81 MÓDULO 1 Conceitos e um pouquinho de história 5INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 1 - Conceitos e um pouquinho de história Olá! Eu sou a Ana. Sou técnica extensionista e participo da condução de alguns temas dos cursos do portal Saberes da Floresta. Se você já fez algum dos outros cursos, deve ter me visto por lá. A partir de agora, vamos tratar da introdução às cooperativas e associações. Contaremos com a participação do Seu Edvaldo, presidente de uma cooperativa com mais de 20 anos na região amazônica. Quero apresentar também a Rita, que concluiu os seus estudos e voltou para a comunidade para trabalhar com os produtos extrativistas, e a Dona Bené, que além de professora, trabalha com um grupo de mulheres que fazem o beneficiamento de alguns produtos, entre eles, a castanha e a mandioca, com a finalidade de agregar valor. ANA EDVALDO RITA BENÉ TÉCNICA 6INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Vamos apresentar como as organizações sociais são estruturadas e como elas podem colaborar para a melhoria das relações econômicas, sociais e culturais comuns de grupo de pessoas, por meio de um empreendimento de propriedade coletiva e com gestão democrática. Que bacana, Ana e Edvaldo! Venho mobilizando as mulheres da minha comunidade para finalmente criarmos uma associação. Posso contar com o apoio de vocês? Claro, Bené! Daremos destaque aqui para organizações que atuam ou que possuam alguma atividade com os produtos florestais, com ênfase na Amazônia e como criar e manter uma destas entidades que representam legalmente os chamados “Empreendimentos Coletivos”. TÉCNICA 7INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Eu também quero participar! Me incluam nesta iniciativa. Nossa tradição aqui na floresta é viver em comunidade e trabalhar em conjunto. Sabemos que é muito mais fácil conseguir o melhor resultado em grupo do que sozinho. Temos como exemplos os mutirões, grupos de mulheres e até mesmo grupos de amigos. Então, acredito que a união é o melhor caminho! Bora logo começar? Pessoal, vou falar um pouco como o Estado participa e normatiza as organizações formais. Vamos lá? O primeiro passo é organizar e reconhecer as pessoas físicas – os cidadãos, que se inicia com a certidão de nascimento; e as pessoas jurídicas – diversas formas de organizações, com vários objetivos. Rita, complementando sua fala, a evolução dos grupos sociais, com uma determinada finalidade, trouxe a criação das organizações formais, com regulamentação própria, descrição das funções, dos poderes e das atribuições dos participantes, regras para entrar e sair e divisão dos resultados. Assim, as pessoas jurídicas podem ser de direito privado – nas quais o Estado não tem interesse direto na relação com elas, como associações e fundações, ou de direito público, nas quais o Estado participa de alguma forma, por exemplo, empresa pública e autarquia. As pessoas jurídicas podem ser sem fins lucrativos – como associações e partidos políticos, ou com fins lucrativos, como empresas e sociedades anônimas. Portanto, as cooperativas e associações são organizações formais, de direito privado, sem fins lucrativos. 8INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 TÉCNICA Propriedade, gestão e repartição dos recursos Acrescentando a sua fala, estes empreendimentos sociais são constituídos para atingir fins específicos, conduzidas por princípios de igualdade quanto à propriedade, gestão e repartição de recursos. A tomada de decisões é igualitária, com cada membro da organização tendo direito a um voto. Rita, a principal diferença entre elas é que as Associações têm por objetivo a realização de atividades culturais, políticas, sociais, religiosas, dentre outras. As Cooperativas são uma forma de associação entre indivíduos que têm como objetivo uma atividade comercial comum, de forma a gerar benefícios iguais a todos os cooperados. Em ambas, a base do funcionamento é a ação mútua, em cooperação. O investimento para todas as partes é o mesmo e o retorno também. Mas como podemos diferenciar uma cooperativa e uma associação? 9INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 No geral, em áreas rurais, temos as associações vinculadas com uma finalidade de representação política, como de moradores de uma Reserva Extrativista, Quilombo ou Assentamento. E quando a finalidade é comercializar um produto/serviço em conjunto, a escolha adequada é a constituição de uma cooperativa. Mas podemos falar sobre as diferenças entre os dois tipos de entidade mais adiante. Então eu posso dizer que as associações têm como finalidade uma atividade não lucrativa de um grupo, e as cooperativas de uma atividade lucrativa? Dona Bené, para as cooperativas, usamos o termo “sobra” em vez de lucro. A ideia da cooperativa não é gerar lucro, nem especulação, e sim disponibilizar um serviço e ter um retorno para todos os cooperados, com a distribuição das sobras daquilo que foi cobrado pelo serviço ou produto, retirando os custos da atividade. O lucro está ligado a organizações empresariais, cujo objetivo é incorporar uma quantia monetária sobre o capital investido. TÉCNICA SAIBA MAIS Para entender um pouco mais sobre as diferenças de sobra e lucro, consulte a Lei nº5.764/971. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5764.HTM 10INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 1.1 - História do cooperativismo Tudo começou em 1844, na cidade de Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra. Sem conseguir comprar o básico para sobreviver nos mercadinhos da região, um grupo de 28 trabalhadores (27 homens e uma mulher) se uniu para montar seu próprio armazém. TÉCNICA 11INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 A proposta era simples, mas engenhosa: comprar alimentos em grande quantidade para conseguir preços melhores. Tudo o que fosse adquirido seria dividido igualitariamente entre o grupo. Nascia, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale”, primeira cooperativa moderna, que abriuas portas pautada por valores e princípios morais considerados, até hoje, a base do cooperativismo, entre eles, a honestidade, a solidariedade, a equidade e a transparência. 12INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 A ideia dos 28 pioneiros prosperou. Quatro anos após sua criação, a cooperativa já contava com 140 participantes. Doze anos depois, em 1856, chegou a 3.450 sócios com um capital social que pulou de 28 libras para 152 mil libras. No Brasil, oficialmente, o movimento cooperativo teve início em 1889, em Minas Gerais, com a fundação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto — cujo foco era o consumo de produtos agrícolas. Depois dela, surgiram outras cooperativas em Minas e também nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. 13INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Em 1902, o padre suíço Theodor Amstad fundou a primeira cooperativa de crédito do Brasil: a Sicredi Pioneira, que continua até hoje em atividade. Com sede em Nova Petrópolis (RS), a cooperativa foi a solução encontrada por Amstad para melhorar as vidas dos moradores do município, que até então não contava com nenhum banco. A partir de 1906, foi a vez de surgirem as cooperativas agropecuárias, idealizadas por produtores rurais e por imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Eles trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a se organizar em cooperativas. 14INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 TÉCNICA Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios sócios, livrando-se da dependência dos especuladores. Embora houvesse um movimento de difusão do cooperativismo, poucas eram as pessoas informadas sobre o assunto. Faltava de tudo um pouco, desde material apropriado à criação de uma entidade de representação que congregasse e defendesse todas as cooperativas até leis que amparassem esse tipo de entidade. Em 2 de dezembro de 1969, o cooperativismo ganhou sua própria entidade de representação. Naquele dia, foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), e no ano seguinte, a entidade foi registrada em cartório. Nascia formalmente a entidade representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional, como sociedade civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa. 15INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Dois anos depois, a Lei 5.764/71 disciplinou a criação de cooperativas com a instituição de um regime jurídico próprio, destacando o papel de representação da OCB, mas trazendo ainda alguns pontos que restringiam, em parte, a autonomia dos associados. Essa limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início efetivamente à autogestão do cooperativismo. 16INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou reconhecimento internacional. Roberto Rodrigues, ex- presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi eleito o primeiro não europeu a presidir a Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras. No ano de 1998, foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação cooperativista. 17INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Sete anos depois, em 2005, a formação do Sistema OCB se completa com a criação da entidade que iria responder pela representação sindical das cooperativas. A Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) defende os interesses da categoria econômica, coordenando o Sistema Sindical Cooperativista. E nessa missão, ela conta também com federações e sindicatos de cooperativas. Gostei da história, mas o que une estes empreendimentos coletivos? Isto mesmo, Seu Edvaldo. E agora vou detalhar estes sete princípios. Boa pergunta, Rita! Partimos para um próximo passo do nosso curso. Vamos falar sobre os princípios destes empreendimentos, que foram criados pelo Pioneiros de Rochdale e sistematizados em 1995, durante a realização do Congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Manchester. 18INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 1.2 - Princípios das cooperativas e associações Adesão voluntária e livre Associações e cooperativas são grupos de indivíduos organizados voluntariamente, reunindo as pessoas que queiram usar seus serviços, de acordo com o Estatuto. Devem estar dispostas a aceitar as responsabilidades de sócio e cooperado, sem discriminação social, racial, política, religiosa e de gênero. Gestão democrática pelos sócios e cooperados Associações e cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus sócios, que participam ativamente no estabelecimento de suas políticas e na tomada de decisões. Homens e mulheres, eleitos como representantes, são responsáveis perante os sócios. Em ambas, nas assembleias, cada pessoa tem direito a um voto, e todos os votos têm o mesmo peso. 19INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Participação econômica dos sócios e cooperados Os sócios contribuem de forma equitativa e controlam democraticamente as suas associações. Aqui entra uma das diferenças mais marcantes entre as cooperativas e associações. Associações não precisam, necessariamente, que os sócios contribuam financeiramente com ela, enquanto que, para se tornar um cooperado, é necessário adquirir cotas-parte. Eventuais sobras financeiras devem ter seu destino decidido em assembleia geral, mas o superavit das associações deve ser destinado às finalidades da própria associação, enquanto a cooperativa pode distribuir seus rendimentos. Autonomia e independência Cooperativas e associações são entidades autônomas. Qualquer acordo com outras entidades, governamentais ou não, deve ser feito de forma a preservar seu controle democrático pelos membros e autonomia. 20INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Educação, formação e informação As associações e cooperativas devem proporcionar educação e formação aos sócios, dirigentes eleitos e administradores, de modo a contribuir efetivamente para o seu desenvolvimento. As cooperativas, inclusive, têm a obrigação legal de terem o Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social. Interação/Intercooperação Estas entidades atendem a seus membros mais efetivamente e fortalecem o movimento associativista e cooperativista trabalhando juntas, por meio de estruturas locais, nacionais, regionais e internacionais. As transações entre cooperativas, o chamado ato cooperativo, têm algumas isenções tributárias. 21INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Agora que conhecemos um pouco do que são e para que servem as cooperativas e associações, vamos tratar das leis que normatizam esses empreendimentos. Isso mesmo, Ana. Manter as obrigações legais em dia costuma ser um desafio para várias entidades na Amazônia. Apesar de parecer um tema complexo, é muito importante ter uma noção dos aspectos legais, pois estas entidades são pessoas jurídicas, ou seja, elas precisam cumprir a legislação. Interesse pela comunidade As associações e cooperativas trabalham pelo desenvolvimento sustentável de suas comunidades, municípios, regiões, estados e país, por meio de políticas aprovadas por seus membros. 22INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Para encerrar este tema, vamos apresentar um tabela-resumo do que falamos até agora. TÉCNICA CRITÉRIO ASSOCIAÇÕES COOPERATIVAS Definição Legal Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (art.53, Lei nº 10.406/2002). São sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades (art. 4º, Lei nº 5.764/71). Objetivos Prestar serviços de interesse econômico, técnico, legal, cultural e político de seus associados. Prestar serviços de interesse econômico e social aos cooperados, viabilizando e desenvolvendo sua atividade produtiva. Patrimônio/capital Formado por taxa paga pelos associados, doações, fundos e reservas. Possui capital social, o que facilita o financiamento junto às instituições financeiras. Mínimo de pessoas para constituição A lei não define o número mínimo de pessoas (físicas e/ou jurídicas) para se constituir uma associação. 20 pessoas, excetuando as cooperativas de trabalho, para as quais se exige o mínimo de 7 (sete) pessoas. Art. 6º e subsequentes da Lei nº 5.764/1971. 23INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Forma de gestão As decisões são tomadas em assembleia geral e cada pessoa tem direito a um voto. As decisões são tomadas em assembleia geral e cada pessoa tem direito a um voto. Operações Podem realizar atividades de comércio somente para a implantação de seus objetivos sociais. Podem realizar operações bancárias usuais, tomar empréstimo a programas especiais. Realizam plena atividade comercial, operações financeiras, bancárias e pode candidatar-se a empréstimos e aquisições do governo federal. As cooperativas de produtores rurais são beneficiadas pelo crédito rural de repasse. Remuneração De acordo com o art. 18 da Lei nº 12.868, de 15 de outubro de 2013, os dirigentes podem gozar de imunidade tributária desde que os dirigentes estatutários recebam remuneração bruta inferior a 70% do limite estabelecido para a remuneração dos servidores do Poder Executivo Federal. Os dirigentes podem ser remunerados por retiradas mensais pró-labore definidas pela assembleia, além do reembolso de suas despesas. Contabilidade Escrituração contábil simplificada. Escrituração mais complexa por causa do maior valor dos negócios e da necessidade de contabilidades separadas para as operações com sócios e com não sócios. 24INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 1 Esse primeiro módulo foi muito esclarecedor. Ficaram bem definidas as características das cooperativas e das associações. Também foi importante ter uma noção geral sobre as leis relacionadas a estas instituições. No próximo módulo, vamos colocar a mão na massa e entender como criar estas organizações. Lembre-se de fazer os exercícios. Até mais! TÉCNICA 1.3 - Encerramento do módulo 1 MÓDULO 2 Cooperativas e Associações 26INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 2 - Cooperativas e Associações Olá! Vamos continuar nossos estudos. Neste módulo iremos aprender quais são os requisitos para a criação de um empreendimento cooperativista ou associativista. Qualquer empreendimento nasce da vontade de um grupo existente seguir um caminho burocrático para atender suas necessidades. No caso de cooperativas, é importante que exista um grupo de mais de 20 pessoas que não sejam aparentadas. É interessante também que as entidades de extensão que atuam no local, como a Emater, estejam presentes para esclarecer possíveis dúvidas e deixar claros os procedimentos necessários. Pessoal, antes das reuniões, é preciso ter cuidado com a escolha do local e horário, com boa divulgação e antecedência. Outro ponto a ser considerado é montar uma lista de participantes da organização e de parceiros, como instituições de assistência técnica e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). 27INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Vamos apresentar alguns questionamentos mais comuns nas reuniões. 1 3 4 5 2 Quais as necessidades a serem atendidas pela nova entidade? Quais os objetivos da mesma? No caso de Cooperativas, que produtos serão comercializados? Qual será a atividade econômica principal da Cooperativa? Os interessados estão dispostos a entrar com a sua parte no capital necessário para viabilizar a cooperativa? O volume de negócios é suficiente para que os cooperados tenham benefícios? Os interessados estão dispostos a operar integralmente com a cooperativa? Qual a relação do número de pessoas envolvidas com a viabilidade e dificuldade da organização? Quais são os requisitos para as candidaturas de diretoria e conselho fiscal? É possível que mais de uma entidade tenha o mesmo nome na Junta Comercial? Ana, qual o primeiro passo para criação de uma cooperativa? Primeiro deverá ser criada uma comissão, encarregada de organizar, conduzir e fiscalizar o processo de constituição da entidade. É aconselhável que ela seja composta por pelo menos quatro pessoas que conheçam a estrutura e o processo de criação de uma entidade coletiva e que não irão participar da administração da Cooperativa ou Associação, ao menos na primeira eleição. TÉCNICA 28INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Em muitas situações, agentes de ATER e representantes da OCB participam desta comissão com o propósito de auxiliar o processo e esclarecer as principais dúvidas durante a constituição da entidade. A Comissão também precisa verificar se existem 20 pessoas que queiram assumir a diretoria da Cooperativa (formando uma chapa) e que estejam aptas para isso. Se houver mais de uma chapa, será necessário elaborar um regimento para elaborar o processo de eleição. Vamos apresentar os fatores impeditivos para assumir o cargo de diretoria ou conselho fiscal. • Impedidos por lei – ou seja, não podem ser vereadores, deputados, senador, governador ou prefeito. • Não podem ser menores de idade ou maiores de 70 anos. • Não podem estar presos ou responder a processo criminal transitado e julgado culpado. • Não podem ser parentes entre si até o segundo grau, em linha reta ou colateral, ou por afinidade. Conselho Fiscal Associações • A diretoria não pode ter pessoas em comum. • É desejável que saibam ler e escrever. • Não podem estar com o nome sujo (Inscrito na dívida ativa ou com nome no SPC ou SERASA). • Apenas os requisitos de idade e de idoneidade (Antecedentes criminais e sem nome sujo) são necessários. TÉCNICA TÉCNICA 29INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Para a formação de uma entidade, temos: • discriminação do seu objetivo • a sua qualificação • tipo jurídico de sociedade • a denominação, localização • seu objeto social • forma de integralização do capital social • prazo de duração da sociedade • data de encerramento do exercício social • foro contratual, entre outros. • Levantamento dos custos para criação e funcionamento. • Contratação de colaboradores (advogado, contador e administrativo). • Recursos materiais, financeiros e pessoais. • Organização e divisão de tarefas. • Elaboração do Estatuto. O Estatuto, por ser uma ferramenta de muita importância e trazer as regras da organização, é um documento essencial para a criação da entidade. Tem que ser pensado nos propósitos, direitos e deveres, o funcionamento e atender aos quesitos legais, entre outras coisas. É um documento que após validado é difícil de ser alterado. Apenas após seu registro em cartório ou na junta comercial a entidade é considerada juridicamente existente. O seu conteúdo determina o relacionamento interno e externo da sociedade, atribuindo-se identidade ao empreendimento. As cláusulas devem conter: TÉCNICA 30INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Para a constituição da identidade do empreendimento, alguns itens deverão ser respondidos e validados, dentre eles: denominação social prazo de duração sede: município objeto social, definido de modo preciso e completo capital social, expresso em moeda nacional ações: número em que se divide o capital, espécie (ordinária, preferencial,fruição), classe das ações e se terão valor nominal ou não, conversibilidade, se houver, e forma nominativa (art. 11 e seguintes, Lei nº 6.404/76); diretores: número mínimo de dois, ou limites máximo e mínimo permitidos; modo de sua substituição; prazo de gestão (não superior a três anos); atribuições e poderes de cada diretor conselho fiscal, estabelecendo se o seu funcionamento será ou não permanente, com a indicação do número de seus membros - mínimo de três e máximo de cinco membros efetivos e suplentes em igual número término do exercício social, fixando a data a b c d e f g h i Após as etapas apresentadas até aqui, o próximo passo é a realização da primeira assembleia para constituição do empreendimento. A reunião deve ser amplamente divulgada para a comunidade, pelos meios que atinjam as pessoas que participarão e com antecedência mínima de dez dias. O edital de convocação deve ser publicado em jornal local. TÉCNICA 31INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Esta assembleia deve ser realizada com a presença de todos os associados, sendo considerada uma etapa formal do processo de legalização. É realizada no ato de constituição da associação, na presença de todos os associados. Nessa Assembleia, será escolhido o nome da associação e a sede, além de ser aprovado, ainda, o Estatuto Social. Serão eleitos também os representantes dos órgãos de direção (Conselho de Administração, Diretoria e Conselho Fiscal). Completando o que a Ana vem explicando, nessa assembleia, os documentos dos interessados para compor o processo de criação que serão enviados à Junta Comercial do Estado também devem ser coletados, bem como as fichas de inscrição dos associados ou cooperados. Isso, Edvaldo! Esta assembleia ocorre geralmente em um dia, mas dependendo das discussões pode ter duração até dois dias. É preciso ter então as fichas de inscrição das chapas, fichas de associados ou cooperados, e as declarações de opção livre e não impedimento dos membros da chapa. TÉCNICA TÉCNICA 32INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 E quando todos esses papéis estiverem corretos, sem nenhuma pendência, qual o próximo passo? Rita, a comissão checa se todos os representantes das chapas para a administração estão presentes e se existe quórum para a realização da Assembleia. Para cooperativas o quórum mínimo é de 20 pessoas, e para associações não tem mínimo além dos membros das chapas. Caso não haja quórum, a Comissão terá que agendar uma nova data, publicar o edital de convocação novamente, fazer um novo ofício de chamamento dos interessados. Se tudo estiver certo, a Comissão faz a abertura da assembleia lendo o edital de convocação da Assembleia. Depois a comissão pede que os presentes escolham um(a) presidente para presidir a mesa e um (a) secretário(a) para realização da ATA da Assembleia. 33INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 O presidente da mesa vai ler o Estatuto e se houver correção ou proposta de alteração, essas só poderão ser realizadas mediante a aprovação da plenária. Ao final da leitura a plenária deverá aprovar o estatuto. Com a aprovação do estatuto, é iniciado o processo eleitoral da Administração da Cooperativa, e para isso o presidente da mesa apresenta os candidatos, que fazem seus discursos, e o presidente da mesa fala sobre a maneira que se dará a votação. Após a votação é anunciada a chapa vencedora e apresentadas ao plenário as pessoas, confirmando os nomes e cargos que irão ocupar na administração da cooperativa. Para o encerramento da Assembleia deve ser realizada a leitura da Ata, sua aprovação e posterior assinatura pelos Associados ou Cooperados. A Diretoria eleita agora é responsável por dar continuidade ao processo de constituição da cooperativa? Isso mesmo, a diretoria também deve assinar os documentos, Ata e Estatuto e outros documentos apresentados pelo contador para registro da cooperativa. Embora o registro de Associações seja bem mais simples, o apoio de um contador nesta hora ajuda bastante também. Após a realização da Assembleia de Constituição a cooperativa tem um prazo de 30 dias para dar entrada da documentação da cooperativa na Junta Comercial do Estado. As associações não precisam deste passo, a não ser nos raros casos em que tem por objetivo algum apoio à comercialização. TÉCNICA 34INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Qual a diferença da Ata e o Estatuto? A Ata da Assembleia tem que estar assinada pelos sócios fundadores. Já o Estatuto será assinado pelo presidente e secretário, contudo, os sócios fundadores precisarão rubricar todas as páginas do documento. Além disso, um advogado deverá assinar como responsável legal pela elaboração do Estatuto. SAIBA MAIS A documentação dos sócios-fundadores deve estar fotocopiada e organizada por ordem de aparição na ata de constituição. Tanto a Ata como o Estatuto devem ser registrados no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. Antes de fazer o registro no cartório, os diretores devem procurar o contador para saber da obrigatoriedade de registrar o estatuto antes ou depois do cadastro na Junta Comercial. Isso porque se fizer o registro antes e houver recomendações de alterações pela Junta Comercial o prazo para alterações é de 20 dias e será preciso pagar novamente o registro em cartório. Por isso o ideal é registrar no cartório depois da aprovação pela junta comercial, mas somente o contador é que possui o acesso no sistema da Junta Comercial para saber se ela está utilizando o sistema de via única, que desobriga o registro no cartório para a entrada do processo de criação na Junta Comercial. O contador ainda precisa dar entrada na Receita Federal para a criação do CNPJ da entidade antes. TÉCNICA TÉCNICA 35INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Nossa! É muito importante então guardar os prazos de cada processo! Eu li que quando o CNPJ estiver em mãos é necessário um certificado Digital. Mas para que ele serve? Exatamente, Dona Bené! Com a cooperativa criada e o CNPJ em mãos será necessária a compra do Certificado Digital para a Cooperativa e para o responsável legal. Este certificado tem a função de enviar para a receita federal as informações fiscais, trabalhistas e previdenciárias da cooperativa, ou seja, ele faz o controle se a cooperativa está pagando os impostos corretamente e libera a emissão de Notas Fiscais. TOME NOTA Esses processos são feitos todos por meio eletrônico, e, para tanto, é necessário obter um certificado digital que funciona como uma chave ou senha para o processo. Há uma certa controvérsia jurídica sobre o Certificado Digital para Associações, mas de um modo geral, é melhor tê-lo. TÉCNICA 36INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 2 Muito importante essas informações adquiridas nesse módulo. Não fazia ideia de como era criada uma cooperativa ou associação. Verdade Rita! Gostei bastante! Que bom que gostaram, mas o trabalho está só começando! É importante que a diretoria e os sócios entendam seus papéis de criar um sistema de gestão, bem como um planejamento para a entidade. Encerramento do módulo 2 TÉCNICA MÓDULO 3 Operação e Cotidiano 38INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Agora que dialogamos sobre o processo de criação de uma associação ou cooperativa, precisamos esclarecer o que é Governança. Ana, você pode começar? Pessoal, governança é o conjunto de processos, regulamentos e decisões que compõem a administração de uma organização. No caso de cooperativas e associações, os associados e cooperados, em Assembleia, são a maior instância de tomada de decisões, havendo uma série delas que, por lei, só cabe ao conjunto dos sócios fazerem. Os dirigentes eleitos são responsáveis por implementar as decisões das Assembleia, e tomar decisões para o funcionamento da associação no seu dia a dia. 3 - Operação e Cotidiano A construção de boas práticas de governança em associações ecooperativas representa o legítimo processo pelo qual os associados escolhem, de forma democrática, os objetivos que pretendem atingir e a forma de implantar ações para alcançá-los, indicando as lideranças e acompanhando seu trabalho. A participação de todos os associados neste processo democrático é fundamental. Vamos conferir a seguir quem são os envolvidos neste processo, os chamados atores de governança. 39INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 3.2 - Atores da Governança 3.2.1 - Cooperados/Associados O associado, por ser proprietário, é a parte mais interessada nos negócios da organização associativa (principalmente a cooperativa, onde a propriedade é coletiva), portanto, deve sempre agir com o olhar de “dono”, sendo um instrumento efetivo de fiscalização e controle da organização por meio da participação. A participação dos associados na cooperativa e associação deve ser estimulada por meio da estruturação de ambientes e instrumentos propícios para liberdade de expressão e o diálogo, e com o objetivo de desenvolver um senso de pertencimento, propriedade e capacidade de influenciar os rumos da organização. Vamos conhecer alguns exemplos de boas práticas de participação dos associados: A. Canais de fornecimento de informações aos associados que vão além da Assembleia Geral. B. Reuniões periódicas durante o ano e/ou pré- assembleias, objetivando que as informações sobre as atividades e resultados da entidade possam ser partilhadas. É importante que a Diretoria crie um clima que permita aos associados manifestar suas críticas e sugestões livremente. C. Canais de recebimento de reclamações e sugestões com retorno ao associado do andamento de suas contribuições. D. Atividades contínuas de educação e formação visando que todos os associados e cooperados conheçam seus direitos e deveres na lei, no estatuto e no planejamento da entidade, especialmente em casos de perda e/ou prejuízo. TÉCNICA 40INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 3.2.2 - As Assembleias Gerais Na Assembleia Geral, cada associado tem um voto e as deliberações são aprovadas pela maioria simples (50% + um). A administração deve se esforçar para garantir uma participação efetiva dos cooperados e associados nas decisões da Assembleia, que é o órgão soberano das cooperativas e associações. A lei exige apenas o edital de convocação, mas é bom ir além disso, com mecanismos de comunicação que cheguem aos cooperados e associados, e explique os assuntos de forma clara, conscientizando para a participação e voto consciente. A Lei das Cooperativas exige um prazo mínimo de dez dias de antecedência para publicidade da Assembleia Geral, mas é melhor que a data escolhida possibilite a presença do maior número de associados (então é bom consultar o calendário de atividades da comunidade, por exemplo), seja divulgada com mais antecedência, perto de 30 dias, com a maior publicidade possível e por meios que alcancem os participantes. Ana, a reunião da Assembleia Geral deve ser divulgada com quanto tempo de antecedência? TÉCNICA 41INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Um manual que facilite a participação dos cooperados e associados na assembleia pode ser elaborado, com as regras de convocação para a Assembleia, de funcionamento delas e como formalizar os assuntos a serem discutidos. As regras de votação na assembleia devem ser claras, objetivas e acessíveis a todos os cooperados. Na votação, o associado e o cooperado têm direito a quantos votos? Nas Assembleias, cada cooperado e associado tem direito a apenas um voto, e não é permitida a representação, mesmo por procuração. A única modalidade de representação permitida na lei é quando os cooperados elegem delegados por grupos seccionais, seja porque estão muito distantes da sede da entidade (mais de 50 km), seja porque a entidade tenha um número muito grande de associados ou cooperados (mais de 3.000). Neste caso, os cooperados participam da Assembleia como ouvintes, e o direito ao voto é dos delegados. 42INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 IMPORTANTE É importante notar que o diretor, cooperado ou associado, que em algum momento tenha interesses que conflitem com a sociedade, não pode participar das deliberações referentes a esse impedimento, e é dever dele declarar esse impedimento. É recomendável que a cooperativa realize pré-assembleias como forma de socializar as informações e prestações de contas inerentes à Assembleia Geral Ordinária (AGO) ou Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Serão realizadas tantas pré-assembleias quanto forem necessárias. Rita, a Assembleia Geral Ordinária deve acontecer anualmente, em até três meses após o término do exercício social1 da entidade. Recomenda-se a disponibilização prévia da Ordem do dia2 do edital, pois assim os cooperados poderão se preparar adequadamente para o momento da deliberação. Quantas informações relevantes! Mas a Assembleia Geral Ordinária deverá acontecer no decorrer de quanto tempo? Bem lembrado, Ana! Esta é uma forma de dar maior espaço aos cooperados para entenderem o processo que será discutido nas AGO ou AGE. As pré-assembleias são um processo natural de amadurecimento das ideias para a tomada de decisões, servindo também para divulgação das assembleias. Caso o empreendimento utilize o método de eleição de delegados, estes devem ser eleitos nas pré- assembleias. 3.2 - Atores da Governança 3.2.2.1 - Assembleia Geral Ordinária TÉCNICA TÉCNICA 43INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 O 1exercício social é um calendário específico para a contabilidade. Ele divide um espaço de tempo em 12 meses e, a partir disso, a entidade acompanha seus resultados de valores. Não tem data específica, sendo que seu início pode ou não coincidir com o ano normal de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Isso é definido no Estatuto. Veja mais em: http://www.paranacooperativo. coop.br/ppc/attachments/article/93810/RoteiroAGOCooperativas.pdf 2Ordem do dia: Lista que contém os assuntos, tópicos e quaisquer funções ou tarefas, a serem discutidos e deliberados numa assembleia, conferência, ofício ou trabalho, indicando o que deverá ocorrer. Como podemos definir quais assuntos devem ser tratados em uma Assembleia Geral Ordinária? Dona Bené, um dos assuntos que obrigatoriamente devem ser debatidos na AGO é a prestação de contas da instituição. O relatório de gestão e planejamento também deve ser apresentado, devendo ter sido aprovado antes pelo Conselho de Administração e/ou Diretoria. O relatório anual de gestão, o balanço, o demonstrativo de sobras apuradas ou das perdas decorrentes por insuficiência das contribuições para a cobertura das despesas da sociedade são de grande relevância. A prestação de contas deve ser acompanhada do parecer do Conselho Fiscal, que deve analisá-la antes da Assembleia Geral e apresentar sua recomendação de aprovação ou não das contas. 44INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Tudo isto precisa estar registrado em Ata, constando a quantidade de votos a favor, contra e abstenções, incluindo registros em separado, caso algum cooperado discorde da resolução da maioria. É bom evitar o voto por aclamação, porque fica difícil o controle do número de votos. O que deve ser feito após a prestação de contas? No caso de cooperativas, é obrigatório que a AGO decida sobre os resultados do ano fiscal. Para associações, é uma recomendação. Se tiver sobra, terão que decidir se a cooperativa irá devolver-lhes (essa distribuição das sobras é vedada para associações, que, por lei, só podem reaplicá-las apenas no objetivo da entidade) ou reaplicar no negócio; se foram perdas, terão que decidir a forma de cobri-las. 45INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Sim! Entretanto, pode ocorrer de o saldo do fundo de reserva não ser suficiente. Neste caso, os cooperados devem pagar a diferença. Esta decisão deve ser tomada na Assembleia Geral e registradaem ata. Mas se houver perdas, ou seja, prejuízo para a cooperativa durante determinado ano fiscal, o fundo de reserva pode ser usado para cobrir estes prejuízos? SAIBA MAIS A lei, no caso das cooperativas, destina parte das sobras, quando houver, da seguinte forma: pelo menos 10% para o fundo de reserva, pelo menos 5% para o Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES) e, se houver previsão estatutária, o percentual destinado aos outros fundos. No entanto, se a AGO decidir, pode ser feito o rateio das despesas de forma proporcional. Seja qual for a decisão, ocorrendo perda, ou seja, se o valor dos ingressos não for suficiente para pagar as despesas, os cooperados terão que completar a diferença, depois de deduzido o saldo do fundo de reserva. Ainda em relação às perdas, a lei permite que as despesas fixas da cooperativa sejam distribuídas de modo igualitário por todos os cooperados, mesmo aqueles que não tenham usufruído dos serviços prestados por ela no período. Já as despesas variáveis devem ser divididas na proporção do uso dos serviços – e isso torna necessário que o controle das despesas gerais fixas seja feito separadamente. 46INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Outro ponto que a Assembleia de Cooperativas deve decidir é a possibilidade do pagamento de juros sobre o capital integralizado dos cooperados – esse é o único jeito que a lei prevê para remunerar esse capital. Esse pagamento deve estar previsto no estatuto, e os critérios sobre o pagamento dos juros. É bom que no estatuto esteja previsto que a cooperativa ‘poderá pagar’, ao invés de ‘deverá pagar’, porque se não houver sobras, no último caso, ela terá de pagar assim mesmo. Cooperativas de Crédito têm outras regras para isso, que não serão abordadas neste momento. Ainda sobre pagamentos, se o estatuto da entidade permitir as remunerações ou gratificações dos conselhos, deve-se fixar o valor dos honorários, gratificações e cédula de presença3 dos membros do conselho de administração ou da diretoria e do conselho fiscal, que deverá constar nas deliberações registradas em ata da assembleia geral ordinária. Veja uma sugestão de texto para ser lavrado em ata: “Os membros do conselho de administração/diretoria executiva e conselho de fiscalização receberão ou não receberão remuneração a título de pró-labore e/ou cédula de presença ou participação pelas funções desempenhadas na cooperativa diante de suas atribuições legais e estatutárias.” Estes assuntos devem constar na ordem do dia e da ata da assembleia, mesmo que nada tenha mudado em relação à última AGO. 3Cédula de presença é uma remuneração baseada na presença da pessoa/cooperada/ dirigente eleito quando o mesmo participa de uma reunião de trabalho na cooperativa ou para a cooperativa, é como se fosse uma diária e serve como ajuda de custos ou recompensa pelo trabalho com base na presença em uma reunião. É muito comum para conselheiros fiscais e conselheiros administrativos, onde os membros possuem uma reunião ordinária prevista por lei e registrado em Ata. Essa remuneração é definida exclusivamente pela Assembleia Geral da cooperativa, e é pauta obrigatória de Assembleia Geral Ordinária segunda a Lei 5764/71. TÉCNICA 47INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 E finalmente, no caso de haver eleições na AGO, é bom que as propostas das chapas tenham sido apresentadas antes, e o debate sobre as propostas deve ocorrer agora, bem como as eleições. Vamos conferir as etapas estabelecidas em Estatuto para realização de uma Assembleia Geral? Rita, neste caso, deverá ser feito um encaminhamento da AGE no sentido de resolver o problema que gerou essa decisão. A assembleia pode ficar em ”aberto” até que se resolva o problema – isso reduz os custos de convocação da AGO – ou pode-se decidir encerrar a AGO com essa decisão e realizar outra assembleia, ou seja, uma extraordinária para apreciar as contas e realizar nova decisão. O mais importante é que tudo fique registrado na Ata da Assembleia Geral e que se respeite as previsões estatutárias e legais. E como proceder se a AGO não aprovar as contas do ano? Pré-assembleias Edital de Convocação Regras de votação Regimento Eleitoral Ordem do Dia 48INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Pré-assembleias São reuniões prévias que favorecem um processo natural de amadurecimento das ideias para a tomada de decisões, servindo também para divulgação das assembleias. Caso a cooperativa ou associação possua a boa prática de OQS, as pré-assembleias podem acontecer nas reuniões dos grupos organizados. Estas reuniões têm como objetivos: discutir, socializar as possíveis pautas e elaborar as prestações de contas. Ordem do Dia Recomenda-se a disponibilização prévia da “ordem do dia” do edital para que os cooperados possam preparar-se adequadamente para sua deliberação. Quando houver na pauta do edital o tema “A prestação de contas”, o mesmo deve conter, além das demonstrações contábeis, o relatório de gestão baseado nas estratégias e planos anteriormente propostos pela Direção eleita e plano orçamentário. As cooperativas que remuneram os órgãos diretivos devem divulgar os valores das remunerações dos seus membros do Conselho de Administração/Diretoria e do Conselho Fiscal, de forma individualizada. Também é esperado que as cooperativas e associações utilizem um ou mais dos canais de relacionamento com os associados para apresentar e promover o debate entre os candidatos proponentes à eleição do Conselho de Administração/Diretoria e do Conselho Fiscal. 49INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Edital de Convocação • Local, data e hora: observar a distância para possibilitar a presença do maior número de cooperados. • Pauta de discussão: garantir a divulgação prévia da pauta, com intervalo de tempo suficiente para que os associados possam analisar e refletir sobre os pontos que serão discutidos no evento. É recomendável que a convocação da assembleia ocorra com tempo superior aos 10 (dez) dias e que se aproxime aos 30 (trinta) dias, assim como previstos na Lei nº 5.764/1971, conhecida como Lei das cooperativas. A divulgação do edital deve ser feita nos meios de comunicação com ampla escala, com o objetivo de alcançar o maior número de associados. A convocação da Assembleia Geral deve considerar: Regras de votação A elaboração de manuais visa facilitar e estimular a participação dos associados nas assembleias. Esses manuais podem tratar tanto das regras de convocação quanto das regras de funcionamento e formalização das assembleias. As regras de votação devem ser claras, objetivas e definidas com o propósito de facilitar a votação, além de estarem disponíveis desde a publicação do edital. O diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha interesse oposto ao da organização associativa, não pode participar das deliberações referentes a essa operação, cumprindo- lhe acusar tal impedimento. 50INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Regimento Eleitoral O Regimento Eleitoral é o instrumento normativo elaborado pela cooperativa ou associação para disciplinar, por meio de protocolo único, os processos eleitorais na sociedade, devendo, basicamente, tratar das seguintes questões: • Os trabalhos relativos à eleição (da instalação até o encerramento, que deve ocorrer em Assembleia Geral); • Inscrições e elegibilidade de candidatos e chapas registradas nos processos eleitorais, direito e autonomia dos votantes, assim como restrições, impedimentos, impugnações e modificações vinculadas; • Designação das mesas coletoras e apuradoras de votos; • Aplicação e respeito aos princípios e às diretrizes eleitorais; • Prazos e tempos para inscrição, recontagens, deliberações, votações, recursos e outros atos pertinentes ao processo eleitoral deflagrados por quaisquer partes envolvidas ou exigíveis para o bom andamento dos trabalhos; • Definição, organização e aplicaçãode recursos necessários ao processo eleitoral; • Registros em atas e outros documentos aplicáveis, assim como a manutenção de arquivos necessários. 51INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 3.2 - Atores da Governança 3.2.2.2 - Assembleia Geral Extraordinária TÉCNICA A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) é convocada quando se tem assuntos que precisam ser decididos antes da próxima AGO. Qualquer assunto de interesse social pode ser matéria de deliberação em AGE, desde que descrito de forma clara no Edital de Convocação. Contudo, existem alguns assuntos que precisam, por lei, ser discutidos em uma AGO: alterações de estatuto, fusão, incorporação, desmembramento da entidade, término da entidade ou alteração em seu objetivo. 4Voto em separado é quando um associado ou cooperado vota contra a decisão da Assembleia, mas pede que seu voto e motivações sejam registrados em ATA de forma separada. SAIBA MAIS Esses temas, além de serem exclusivos da AGE, precisam ser aprovados por 2/3 dos associados presentes, e deve ser registrada na ata a quantidade de votos contra, a favor e os votos em separado4. 52INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 3.2 - Atores da Governança 3.2.3 - Assembleia Geral Extraordinária TÉCNICA Além dos atores de governança que vimos até aqui, temos os órgãos de fiscalização necessários às boas práticas de governança da cooperativa. Eles buscam o alinhamento dos interesses dos órgãos de administração aos interesses dos cooperados. Numa cooperativa ou associação, os cooperados ou associados podem fiscalizar, de forma independente, ou podem contratar auditorias internas ou externas, mas o dever de fiscalizar é do Conselho Fiscal, que é subordinado diretamente à Assembleia Geral, e não deve ter conflitos de interesse com os órgãos de administração. Pela lei, toda cooperativa ou associação deve ter um Conselho Fiscal, que deve atuar de forma independente e assegurar efetiva transparência dos negócios da cooperativa. Para tanto, deve fiscalizar os atos da administração, opinando sobre determinadas questões e fornecendo informações aos cooperados. Seus principais objetivos devem ser estabelecidos no regimento interno. O Conselho Fiscal tem o direito de fazer consultas a profissionais externos, como contadores, advogados, auditores, dentre outros, para obter subsídios em assuntos importantes da instituição. Quais são as atribuições do Conselho Fiscal? Como ele é criado? 53INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 No caso de cooperativa, a lei fixa em um ano o mandato do Conselho Fiscal. Em associações, geralmente, esse prazo é seguido, mas não é obrigatório. A cada eleição, é importante verificar a ausência de impedimentos. O Conselho fica no mandato por quanto tempo? Embora nem sempre seja possível, é recomendável que o Conselho seja composto por membros com capacidade técnica para analisar assuntos financeiros e contábeis, além de entender dos assuntos relativos ao campo de atuação da Cooperativa. Além disso, não devem ser empregados ou ter outros negócios com a cooperativa. Mas como podemos montar este Conselho? IMPORTANTE É importante que, logo depois de eleito, o Conselho Fiscal estabeleça uma agenda mínima de trabalho, com as reuniões ordinárias e as informações que eles precisam para estas reuniões, bem como a forma de divulgação de seus trabalhos. O trabalho do Conselho deve sempre ser registrado e, idealmente, devem possuir um regimento interno. Caso os integrantes sejam remunerados, essa remuneração deve ser aprovada pela AGO e registrada em ata. TÉCNICA 54INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 SAIBA MAIS A lei determina, ainda, que 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho Fiscal devem ser substituídos anualmente. Como o Conselho Fiscal é composto, obrigatoriamente, de 6 (seis) membros, sendo 3 (três) efetivos e 3 (três) suplentes, pelo menos 4 (quatro) devem ser trocados. É importante notar que, em cooperativas com poucos cooperados, é bom que não haja muitas pessoas no Conselho Fiscal, para não dificultar a renovação mínima obrigatória. Examinar e emitir pareceres sobre o balanço patrimonial da cooperativa, sobre as sobras e perdas e o fluxo de caixa, propostas de orçamentos anuais e plurianuais, e qualquer outras movimentações financeiras. Solicitar ao órgão de administração a contratação de auditoria independente sempre que estes serviços forem considerados indispensáveis ao bom desempenho de suas funções. Elaborar e atualizar o seu regimento interno. Propor à Administração os prazos e formas da apresentação de balanços, demonstrativos financeiros e prestação de contas, e analisar esses documentos. Caso o Conselho Fiscal verifique irregularidades, deve recomendar à diretoria que efetue correções nos setores contábil, financeiro e orçamentário. Também pode, e em alguns casos deve, recomendar alterações com base dos resultados de suas análises ou auditoria. O Conselho fiscal pode solicitar o comparecimento de qualquer cooperado ou empregado para prestar os esclarecimentos necessários. O Conselho Fiscal tem o dever de apurar as reclamações dos cooperados sobre os serviços da cooperativa, ou sobre erros voluntários ou não dos órgãos de administração da Cooperativa. a b c d e f g Compete ao Conselho Fiscal acompanhar e exercer fiscalização assídua e minuciosa sobre as operações, atividades e serviços da cooperativa, ficando responsável, dentre outras, pelas seguintes atribuições: 55INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Deve conferir se existem pendências ou deveres a cumprir com autoridades, sejam fiscais, trabalhistas ou administrativas, e com outros cooperados, empregados ou cooperativas. Verificar se as ações e orçamentos propostos e aprovados em Assembleia Geral foram executados, e, caso contrário, se estão devidamente justificados e relatados na prestação de contas da gestão e informar ao órgão de administração sobre as conclusões de seu trabalho. Convocar a Assembleia Geral na forma do art. 38, § 2º, da lei cooperativista. Atender às solicitações dos cooperados que tenham por objeto a verificação das operações, atividades e serviços da cooperativa. h J i K Os pareceres do Conselho Fiscal devem abordar aspectos relevantes constatados em sua análise, fazendo referência às recomendações dos auditores, quando existir. A cooperativa deve dispor de canais institucionais para que os cooperados possam acompanhar e cobrar o trabalho do Conselho Fiscal. Para o bom funcionamento do Conselho Fiscal, temos: Apoio Técnico Composição do Conselho Fiscal Agenda de trabalho do Conselho Fiscal Regimento Interno do Conselho Fiscal Pareceres do Conselho Fiscal TÉCNICA 56INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Apoio Técnico Contador (a) Advogado (a) Auditor (a) O Conselho Fiscal deve ter o direito de fazer consultas a profissionais externos habilitados e independentes, pagos pela organização, para obter subsídios em matérias de relevância, tais como: É o profissional que lida com a área financeira, econômica e patrimonial. Ele é responsável técnico pela elaboração das demonstrações contábeis e pelo estudo dos elementos que compõem o patrimônio monetário das organizações. Este profissional oferece assessoria jurídica em situações que necessitam de maior segurança jurídica nas atividades praticadas pela organização. Segurança de que sejam praticados de modo a não acarretar penalidades pelo Poder Público e prejuízos frente a terceiros. É um profissional que realiza uma auditoria em conformidade com as leis ou regras específicas sobre as demonstrações contábeis de uma organização, e que é independente da entidade que está sendo auditada. Os Conselheiros Fiscais que observarem situações de inadequação financeira ou legal devem contar com uma assessoria técnica externa para apresentar um relatório de auditoria imparcial e independente. Composição do Conselho Fiscal É compostopor número ímpar de membros e seus respectivos suplentes, assegurando o voto de desempate. Antes da eleição do Conselho Fiscal, as organizações devem estimular o debate, junto à Organização do Quadro Social, sobre a composição do Conselho Fiscal, de forma a alcançar a desejável diversidade de experiências profissionais pertinentes às funções do órgão e ao campo de atuação da organização. A eficácia da atuação do Conselho Fiscal depende de sua independência e imparcialidade na realização dos trabalhos. É boa prática de governança que os membros do Conselho Fiscal não tenham negócios com a organização, além daqueles realizados na condição de associado, e que não sejam empregados de entidade ou de empresa que esteja oferecendo algum serviço ou produto para a organização. 57INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Agenda de trabalho do Conselho Fiscal Regimento Interno do Conselho Fiscal O Conselho Fiscal deve ter uma agenda mínima de trabalho, que inclua o foco de suas atividades no exercício. Essa agenda deve conter uma relação das reuniões ordinárias, assim como as informações que serão enviadas periodicamente aos conselheiros. O trabalho do Conselho Fiscal deve ser sistematizado e capaz de identificar os problemas e situações mais prováveis de ocorrer em uma organização. As boas práticas de governança sugerem que haja um regramento da atuação do Conselho Fiscal. Esse regramento pode vir na forma de regimento interno que normatize a atuação e organização do órgão. Este Conselho deve buscar uma assessoria técnica para elaborar seu próprio Regimento Interno que discipline o funcionamento do órgão e o planejamento das atividades. O regimento deve conter plano de trabalho e a forma de divulgação dos resultados de sua atuação, que poderá ser por pareceres, opiniões, recomendações e encaminhamento de denúncias recebidas. 58INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Pareceres do Conselho Fiscal Os pareceres do Conselho Fiscal devem abordar aspectos relevantes constatados em sua análise. Sua redação dependerá da situação específica que se apresente, podendo, eventualmente, mencionar resumo dos trabalhos realizados que permitem a emissão da opinião, evitadas expressões e opiniões que não sejam da sua competência. A organização associativa deve dispor de canais institucionais para que os associados possam acompanhar e cobrar o trabalho do Conselho Fiscal. Parecer do Conselho Fiscal Na qualidade de membros do Conselho Fiscal da Cooperativa Mãos que Colhem, em cumprimento às atribuições legais e estatutárias determinadas no art. 1°, letra “A”, procedemos à análise do Relatório da Administração e ao exame das demonstrações contábeis relativas ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2018, compreendendo o balanço patrimonial, as demonstrações de sobras e perdas, das mutações do patrimônio líquido, dos fluxos de caixa e as notas explicativas da Administração. Nossos exames foram efetuados dentro da extensão e profundidade que entendemos necessárias a fim de obter evidências para a formação de uma opinião sobre os referidos documentos e levaram em conta, também, as verificações que efetuamos durante o exercício social. Com base em nossos exames e também considerando os esclarecimentos dados pela administração no assessoramento da auditoria interna e na opinião dos auditores independentes da Empresa XYZ, que emitiram opinião sem ressalva, conforme relatório e parecer da auditoria emitido em “20” de dezembro de 2018, o Conselho Fiscal recomenda à assembleia geral a aprovação da prestação de contas do exercício encerrado em 31 / dezembro / 2018. Local, mês, ano. (nome e assinatura dos conselheiros) 59INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 3.2 - Atores da Governança 3.2.4 - Conselho de Administração/Diretoria O Conselho de Administração/Diretoria é um órgão colegiado eleito pelos cooperados em Assembleia Geral, responsável pelo direcionamento estratégico da cooperativa ou associação. O número de conselheiros/diretores deve variar conforme o setor de atuação, porte, complexidade das atividades, estágio do ciclo de vida da cooperativa e necessidade de criação de comitês, que tem por função preservar os interesses dos associados e/ ou cooperados a longo prazo, protegendo e valorizando o patrimônio da instituição, sua missão, e no caso de cooperativas, também maximizar o retorno do investimento econômico e social dos cooperados. O recomendado é que o Conselho de Administração/Diretoria seja composto de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máximo, 11 (onze) conselheiros/diretores, considerando-se sempre uma composição ímpar. O Conselho de Administração/Diretoria deve ter o conhecimento dos valores da cooperativa, dos seus propósitos e das crenças e das expectativas dos cooperados, zelando pela sua manutenção e desenvolvimento e, ainda, prevenindo e administrando situações de conflitos de interesses ou de divergência de opiniões, a fim de que o interesse da cooperativa sempre prevaleça. TÉCNICA O Conselho Administrativo não precisa ser quem executa as funções administrativas e financeiras da entidade. Podem ser eleitas ou contratadas pessoas para isso, mas é obrigação do Conselho supervisionar o trabalho destas pessoas, além de elaborar as diretrizes estratégicas da entidade. Outras atribuições do Conselho: • Gerenciamento: gerir dos riscos e crises que possam vir a ocorrer na instituição. • Sustentabilidade: por meio da instalação de política que incorpore considerações de ordem econômica, social, cultural e ambiental na definição dos negócios e operações, visando à perenidade da cooperativa. • Comunicação institucional: por meio da instalação de política de porta-vozes que vise eliminar o risco de haver contradições entre as declarações das lideranças. 60INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 TÉCNICA O Conselho de Administração ou a Diretoria é obrigado, por lei, a prestar contas aos cooperados, anualmente, de sua gestão: decisões, aplicação de recursos, atividades realizadas, fatos relevantes, resultado e situação patrimonial. Os documentos que embasam a prestação de contas são, pelo menos, o relatório de gestão, o balanço patrimonial e a demonstração de sobras ou perdas. Esta é uma pauta obrigatória da AGO e deve constar no edital de convocação e sua deliberação deve ser registrada claramente na ata, e devem estar acompanhados de parecer do Conselho Fiscal. Pela lei, pelo menos 1/3 dos membros do órgão de administração devem ser substituídos; por exemplo, se o Conselho de Administração for composto por 3 (três) membros efetivos mais 3 (três) suplentes, pelo menos 2 (dois) deverão ser substituídos. Esta substituição deve ser feita como? A troca deve ficar explícita na ata de eleição, citando os membros anteriores e os novos. Na eleição, os membros eleitos do Conselho devem declarar, na própria ata ou em documento a parte, que não se enquadram em nenhum caso de inelegibilidade. IMPORTANTE O mandato do órgão de administração não pode ser superior a quatro anos, ou inferior, se estiver definido no estatuto. No entanto, mandatos muito pequenos podem se tornar complicados, principalmente para cooperativas e associações pequenas, que precisam renovar os membros da administração. 61INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 TÉCNICAUma ótima pergunta, Rita. O Conselho de Administração/ Diretoria é responsável pela execução das atividades-meio da cooperativa, tais como as administrações financeiras e do fundo de reserva, negociação de contratos, divulgação de produtos e/ou serviços, negociações de compra: de matérias-primas, materiais de apoio, das negociações de venda de produtos e/ou serviços etc. Sabemos qual é a composição do Conselho de Administração/ Diretoria, mas o que compete a eles dentro da organização? IMPORTANTE Motivos de impedimento: são inelegíveis, por lei, os condenados à pena que vede o acesso a cargos públicos, os condenadospor crime falimentar de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, ou crime contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade. Ainda não podem compor uma mesma diretoria ou conselho de administração os parentes entre si até 2º (segundo) grau, em linha reta ou colateral. Como, às vezes, é difícil para a cooperativa verificar tudo isto, os eleitos devem assinar declaração de que não se enquadram em nenhum dos casos de impedimento, sob pena de, além de perderem o cargo, serem processados por crime. 3.2.4.1 - Atividades e competências do Conselho de Administração/Diretoria 62INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Propor à Assembleia Geral as políticas e metas para orientação geral das atividades da cooperativa, apresentando programas de trabalho e orçamento, além de sugerir as medidas a serem tomadas. Avaliar e providenciar o montante dos recursos financeiros e dos meios necessários ao atendimento das operações e serviços e estimar previamente a rentabilidade das operações e serviços, bem como a sua viabilidade. Estabelecer as normas para funcionamento da cooperativa e elaborar, juntamente com lideranças do quadro social, seu regimento interno. Estabelecer sanções ou penalidades a serem aplicadas nos casos de violação ou abuso cometidos contra disposições de lei, de estatuto, ou das regras de relacionamento com a entidade que venham a ser estabelecidas. Deliberar sobre a admissão, desligamento, eliminação e exclusão de cooperados e suas implicações, bem como sobre a aplicação ou elevação de multas. Deliberar sobre a convocação da Assembleia Geral e estabelecer sua Ordem do Dia, considerando as propostas dos cooperados nos termos dos parágrafos 1º e 2º do art. 7º. Estabelecer a estrutura operacional da administração executiva dos negócios, criando cargos e atribuindo funções, e fixando normas para a admissão e demissão dos empregados. Fixar as normas disciplinares e julgar os recursos formulados pelos empregados contra decisões disciplinares. Fixar as despesas de administração em orçamento anual que indique a fonte dos recursos para a sua cobertura. Contratar, quando se fizer necessário, um serviço independente de auditoria. a b c d e f g h J i O Conselho poderá requisitar outros cooperados para diversas atividades, por exemplo: 63INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Indicar banco ou bancos nos quais serão feitos negócios e depósitos de numerário, e fixar limite máximo que poderá ser mantido no caixa da cooperativa. Estabelecer as normas de controle das operações e serviços, verificando mensalmente, no mínimo, o estado econômico-financeiro da cooperativa e o desenvolvimento das operações e serviços, através de balancetes e demonstrativos específicos. Adquirir, alienar ou onerar bens imóveis da sociedade, com expressa autorização da Assembleia Geral. Zelar pelo cumprimento da legislação do cooperativismo e outras aplicáveis, bem como pelo atendimento da legislação trabalhista perante seus empregados, e fiscal. K M L N TÉCNICA O Conselho de Administração poderá solicitar, sempre que julgar conveniente, o assessoramento de quaisquer funcionários graduados para auxiliá-lo no esclarecimento dos assuntos a decidir, podendo determinar que qualquer deles apresente, previamente, projetos sobre questões específicas. As normas estabelecidas pelo Conselho de Administração serão baixadas em forma de resoluções, regulamentos ou instruções que, em seu conjunto, constituirão o regimento interno da cooperativa. IMPORTANTE É importante que o Conselho de Administração/Diretoria se lembre que não vai ficar para sempre, então deve manter registros para repassar para os novos Conselheiros, além de outras providências, como fomentar e implementar política de capacitação e desenvolvimento de novas lideranças para substituição dos membros dos Conselhos e da Diretoria. 64INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Os novos conselheiros/diretores devem receber um conjunto de informações que facilitem sua preparação para o exercício da função, a saber: ─ legislação básica vinculada ao cooperativismo; ─ o Estatuto Social da cooperativa; ─ o regimento interno do Conselho de Administração/Diretoria; ─ os últimos relatórios anuais de prestação de contas; ─ o planejamentos estratégico e orçamentário; ─ o sistema de gestão de riscos, quando houver; ─ a situação econômico-financeira detalhada, e outras informações relevantes para a cooperativa; ─ permissão de acesso às atas das Assembleias Gerais e das reuniões do Conselho/ Diretoria, e, quando houver, senha com nível de acesso aos sistemas informacionais e bancarias. Quais informações devem ser prestadas no processo de substituição do Conselho de Administração/Diretoria? Os conselheiros receberão alguma remuneração por essas atividades? Recomenda-se que os Conselhos de Administração e Fiscal tenham remuneração adequada às responsabilidades da função, mas nem sempre as cooperativas e associações iniciantes podem arcar com isso. Essas remunerações devem sempre ser decididas nas Assembleias Gerais. Ainda é bom que essa remuneração seja baseada nos resultados de médio e longo prazo, não de curto prazo. 65INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 TÉCNICA O Conselho de Administração/Diretoria deve ter um orçamento específico, submetido à aprovação da Assembleia Geral. Entre os itens que podem constar do orçamento do Conselho de Administração/Diretoria, estão: ─ a remuneração do Conselho/Diretoria, dos comitês e da secretaria; ─ cédulas de presença, ajudas de custo, deslocamento, hospedagem e alimentação; ─ consultorias especializadas e honorários de profissionais externos; ─ despesas de treinamento e desenvolvimento e viagens para representação da cooperativa; ─ despesas da secretaria e eventos do Conselho de Administração/Diretoria. IMPORTANTE Recomenda-se que o Presidente elabore um calendário anual de reuniões ordinárias e, quando necessário, convoque as reuniões extraordinárias. As pautas das reuniões devem ser preparadas pelo presidente do Conselho/Diretoria, depois de ouvidos os demais conselheiros/diretores, o executivo principal e, se for o caso, os demais executivos. TÉCNICA A eficácia das reuniões do Conselho de Administração/ Diretoria é resultante da documentação distribuída com antecedência e que garanta a prévia análise dos assuntos a serem deliberados. Recomenda-se também que as reuniões do Conselho/Diretoria sejam presenciais e que a participação por tele ou videoconferência sejam consideradas apenas em casos excepcionais. Também é boa prática que as atas das reuniões circulem entre todos os participantes, para comentários e modificações, antes de sua aprovação, registro, arquivamento e encaminhamento das decisões para o executivo principal, que deve garantir o seu envio para os responsáveis por sua execução. A lista de presença deve constar todos os participantes da reunião. 66INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 TÉCNICA O presidente do Conselho/Diretoria é eleito junto com os demais membros na Assembleia Geral, ou na primeira reunião do Conselho de Administração/Diretoria pelos seus membros eleitos. O Presidente do Conselho/ Diretoria assume a representação institucional da Entidade. E como é realizado a eleição do presidente? IMPORTANTE É importante que o presidente do Conselho/Diretoria garanta que todos os Conselheiros, incluindo os do Conselho Fiscal, recebam a tempo todas as informações importantes para o exercício dos seus mandatos. Ainda é aconselhável que o presidente do Conselho, que tem uma função política e estratégica, não seja o executivo principal do empreendimento (função de gerente), para diminuir a possibilidade de conflitos de interesses. Também é importante que o Diretor busque sempre aperfeiçoar suas competências. TÉCNICA Ao presidente compete, entre outros, definidos em regimento interno, os seguintes poderes e atribuições:dirigir e supervisionar todas as atividades da cooperativa e baixar os atos de execução das decisões do conselho designado pelo Conselho de Administração, cheques, contratos e demais documentos constitutivos de obrigações. É importante avaliar o desempenho dos Conselhos, Diretoria e dos seus indivíduos, e o Conselho de Administração/Diretoria deve fazer uma avaliação do presidente, de forma adequada à cada entidade em particular. 67INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 3 Finalizamos aqui o terceiro módulo. Esperamos que tenham compreendido todo o cotidiano de uma cooperativa. Você poderá obter mais informações sobre a Governança de cooperativas e associações no curso de Gestão de Empreendimentos Comunitários, aqui do Portal Saberes da Floresta. Aguardamos vocês no próximo módulo! Encerramento Módulo 3 MÓDULO 4 Documentos 69INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 4 - Documentos Bem, agora que já vimos as atribuições de cada um dos atores do processo de governança, vamos falar da parte mais burocrática, que é a documentação. Dona Bené, vou começar falando dos livros, que são a documentação sobre a entidade. Eles devem ser conservados por um bom tempo, alguns deles durante toda a vida da entidade, e mantidos à mão para consultas. A lei obriga a existência destes livros apenas para cooperativas, mas é boa prática que as associações também os mantenham. Estes livros podem ser folhas soltas, fichas, ou um caderno de atas. Então precisamos que expliquem direitinho tudo o que deverá ser feito. A seguir, vamos detalhar quais os tipos de livro utilizados. TÉCNICA 70INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 TÉCNICA O livro de matrícula é o documento que comprova que a pessoa é, de fato, associada à cooperativa e lhe garante todos os direitos e deveres de associado. Este documento deve ser mantido atualizado. A admissão de cooperados necessita que se subscrevam as cotas-parte do capital social, e para cooperativas e associações, a ficha de matrícula deve constar no livro, assinado pelo associado e pelo presidente. Isso é muito importante, porque sem esse procedimento o vínculo do associado ou cooperado com a entidade não existe. 4.1 - Livro ou fi chas de matrícula IMPORTANTE É de suma importância que todos os eventos ocorridos com cooperados, como admissões, demissões, eliminações, exclusões, movimentações de quotas-parte, alterações de endereço etc., sejam prontamente registrados no livro de matrícula, que pode ser escriturado em fichas soltas, conforme prevê o parágrafo único do art.22. E como esses registros devem ser realizados? O registro dos associados deve respeitar a ordem de admissão. Não pode haver um cooperado mais antigo registrado no livro depois de outro mais novo na sociedade. As datas devem ser compatíveis com o número de registro, que deve ser sequencial e jamais reaproveitado. Quando é adotado o próprio livro, as páginas são numeradas, o que torna este controle mais fácil, entretanto, com a adoção das fichas, é mais fácil ocorrer erro. Assim, recomenda-se numerar as fichas também, podendo este número ser o mesmo do registro do cooperado. 71INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 Assim, além de dados gerais de cadastro, como nome, idade, estado civil, nacionalidade, profissão, residência, o livro deve conter campos para as assinaturas do associado e do presidente ou diretor da cooperativa, também para admissão, desligamento, com identificação do motivo (demissão, eliminação ou exclusão), e também campos para informar a quantidade e o valor das quotas na admissão e as posteriores movimentações, por transferências ou novas integralizações. O livro de matrícula deve seguir as formalidades estabelecidas em lei, permitindo identificar devidamente os associados e evidenciar sua participação no capital social da cooperativa. Além destes dados, algumas juntas comerciais têm solicitado que se coloque o regime de casamento, para os casos de falecimento do sócio e de eventuais transferências de quotas partes. A ficha de matrícula deve conter o nome do associado ou cooperado, idade ou data de nascimento, estado civil, nacionalidade, profissão, residência, data de admissão ou de desligamento, quando for o caso, e a conta corrente das respectivas quotas-parte do capital social. Para isto, a ficha de matrícula deve conter os campos próprios para os respectivos registros, inclusive de todas as assinaturas necessárias. 72INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 Mas qual é a importância de obter todos esses dados? A informação do número de associados é importante para verificar se a cooperativa está em condições de continuar operando ou está correndo risco de dissolução, bem como para verificar o quórum de instalação da Assembleia Geral. 73INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 4.2 - Livro de Atas da Assembleia Geral TÉCNICA Interessante falar sobre ata! Eu quero contribuir mais com esta parte. Rita, como muitos já devem ter ouvido falar, a ata é o documento que comprova que a assembleia foi realizada conforme a legislação específica e dá segurança à cooperativa quanto à validade das deliberações. É fundamental que todas as assembleias sejam documentadas em atas e, além disso, que as atas sejam escritas de forma clara, objetiva e completa. A pessoa que secretaria a reunião deve possuir técnica e, se for uma ata manual, letra legível. A ata deve ser lavrada5, o que pode ser feito no livro de atas ou na ata digitada. Por lei, as cooperativas devem possuir o livro de atas, ou o livro de folhas soltas, das atas das Assembleias Gerais. Sem isso, as decisões da AGO ficam automaticamente invalidadas. 5Lavrar um documento é um jargão jurídico comum para registrar por escrito um ato ou decisão, com assinatura dos presentes ou seus representantes 74INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 6As regras das juntas comerciais podem variar de estado para estado, portanto é bom verificar no seu Estado o que a Junta requer que seja registrado. As atas da Assembleia Geral de eleição e prestação de contas devem, obrigatoriamente, ser arquivadas na junta comercial do estado onde o empreendimento está instalado. Entretanto, por segurança jurídica, recomenda-se que todas as atas sejam arquivadas na junta6. Por lei, a ata de cooperativas deve ser acompanhada de um documento atestando que foram conferidas as assinaturas de presença dos associados, assinada pelo presidente ou secretário da assembleia ou administradores. Ainda sobre a presença dos associados, é recomendado identificar o cooperado pelo nome, número de matrícula e identificar cada lista de presença: tipo de assembleia, horário da primeira convocação, quórum na primeira convocação, horário da segunda e quórum na segunda convocação, horário da terceira convocação e quórum na terceira convocação. Se houver, deve-se anular os espaços em branco, evitando assinaturas posteriores. 75INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 O livro de presença pode ser uma ficha solta. Esse documento deve acompanhar o livro de atas no registro na junta comercial. As assinaturas devem identificar claramente os associados. Em função do uso comum de rubricas, recomenda-se listar os nomes para que os cooperados apenas assinem na frente. 76INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES MÓDULO 4 E como é realizada a convocação para as Assembleias? O edital de convocação é o documento pelo qual o presidente da cooperativa convoca os associados para a Assembleia Geral, que também pode ser convocada por outras pessoas, em situações especiais. O edital tem que conter, no mínimo, todas as informações definidas na lei. 4.3 - Edital de convocação das Assembleias Gerais TÉCNICA O edital de convocação é o documento pelo qual o presidente da cooperativa convoca os associados para a Assembleia Geral, que também pode ser convocada por outras pessoas, em situações especiais.
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