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Infecções respiratórias agudas Martina Frazão Pediatria 12 · · Elevada incidência · Óbitos abaixo dos 5 anos VIAS AÉREAS SUPERIORES resfriado comum conceitos iniciais · Infecção viral: mucosa nasal, seios paranasais e nasofaringe. · Nas crianças até 5 anos, ocorre em média 6-8x/ano. etiologia · Rinovírus: principal · Outros: coronavírus, influenza, parainfluenza, VSR. clínica · Coriza (rinorreia) · Obstrução nasal · Espirros · Roncos · Dor de garganta · Hiperemia de mucosas · Tosse: predominantemente noturna · Febre · Complicação mais comum: otite média aguda tratamento · Antipiréticos: dipirona, paracetamol OBS: Influenza ou varicela + AAS = risco de Síndrome de Reye (encefalopatia + disfunção hepática). NÃO usar AAS!!! · Desobstrução nasal com solução fisiológica · NÃO USAR medicamentos desnecessários · Como evitar a doença? Lavagem das mãos otite média aguda · Infecção bacteriana com inflamação da orelha média. · Principal complicação do resfriado comum. · FISIOPATOLOGIA: Disfunção tubária -> Acúmulo de secreção -> Proliferação Bacteriana. etiologia · S. pneumoniae · H. influenzae (não tipável) · Moraxella catarrhalis clínica · Irritabilidade · Choro · Mais frequente em crianças < 2 anos · Otalgia · Otorreia: nesse momento a dor some. Também presente na otite externa. · Febre diagnóstico · Otoscopia Normal: transparente, brilhante, côncava, móvel. Alterada: opaca, hiperemiada, abaulada (mais especifico) tratamento · Analgésico · Avaliar antibioticoterapia INDICAÇÃO DE ATB: < 6 meses Todos 6m-2 anos Graves, Otorreia e/ou Bilateralidade Quando é grave? Temperatura > 39ºC, dor moderada ou intensa, > 48h de doença > 2 anos Graves e/ou Otorreia · Amoxicilina: 40-50mg/kg/dia (10 dias). · Mecanismo de resistência: hemófilo e moraxela (beta lactamase), pneumo (menor afinidade PBP) = dose dobrada · Usa-se também DOSE DOBRADA em crianças < 2 anos, frequenta creche e uso de ATB recente · Amoxicilina com Clavulanato: falha terapêutica e OMA, conjuntivite e uso recente de ATB (< 30 dias) complicação · Otite média serosa/ Otite média com Efusão · Efusão sem inflamação · Observação por 3 meses · Após: avaliar tubo de timpanostomia · Mastoidite Aguda: principal complicação · Inflamação do periósteo · Sinais de inflamação retroauricular · Deslocamento do pavilhão sinusite bacteriana aguda · < 5 anos: seios etmoidais e maxilar clínica · Resfriado “arrastado” (>10 dias) · Coriza abundante · Tosse intensa, diurna, noturna · Quadro Grave (>3 dias): febre alta, coriza mucopurulenta, tosse. · Quadro que piora (bifásica) OBS: o diagnóstico é CLÍNICO. Não precisa pedir exame de imagem!!! etiologia · S. pneumoniae · H. influenzae (não tipável) · Moraxella catarrhalis tratamento · Antibioticoterapia: amoxicilina · Manter por mais 7 dias após melhora. faringite aguda - faringite bacteriana etiologia · Streptococcus beta hemolítico do grupo A (S.pyogenes) clínica · Idade acometida: 5-15 anos · Febre e manifestações inespecíficas · Dor de garganta · Manifestações gastrointestinais · Exsudato amigdaliano: · Petéquias no palato: · Adenopatia cervical · NÃO tem tosse exames complementares · Testes rápidos: alta especificidade · Cultura de orofaringe: mais sensível tratamento · Analgésico e antipirético · Antibioticoterapia: Penicilina benzatina (DU) ou Amoxicilina por 10 dias. complicações · Abcesso periamigdaliano: amigdalite, disfagia/sialorreia, trismo, desvio da úvula. · Abscesso retrofaríngeo: IVAS recente, febre alta e odinofagia, disfagia e sialorreia, dor à mobilização do pescoço. faringite aguda – faringites virais · Febre Faringoconjuntival · Adenovírus · Febre + conjuntivite + adenomegalia pré auricular · Herpangina · Coxsackie A · Úlceras · Mononucleose infecciosa · Epstein Barr · Linfadenopatia generalizada · Esplenomegalia doenças epiglóticas · Doenças periglóticas cursam com estridor. epiglotite aguda etiologia · Haemophilus influenzae B · Ver vacinação clínica · Início agudo · Evolução rápida · Febre alta · Toxemia · For de garganta · Disfagia · Sialorreia · Dificuldade respiratória · Estritor · Posição do TRIPÉ TRATAMENTO · Conduta imediata: estabelecimento de vias aéreas · Enquanto isso: deixar a criança em paz, ofereça oxigênio, não tente visualizar a orofaringe, não solicita exame. · Após: Suporte + ATB LARINGOTRAQUEÍTE VIRAL AGUDA ETIOLOGIA · Vírus parainfluenza · Outros: adenovírus, VSR, influenza clínica · Pródromos catarrais · Tosse metálica CRUPE · Afonia e rouquidão · Estridor diagnóstico · É clínico. · Radiografia cervical: sinal da torre tratamento · Com estridor em repouso: nebulizar com adrenalina, corticoide (VO ou IM). · 0,5ml/kg – Max 5ml. OBS: manter em observação por 2h após NBZ. · Sem estridor em repouso: sem corticoide. vias aéreas inferiores PNEUMONIAS INTRODUÇÃO · Pneumonia: é uma infecção do parênquima pulmonar, provocada na maioria das vezes por agentes infecciosos. · Broncopneumonia: infecção da via aérea e parênquima. · Entre as infecções respiratórias agudas do trato respiratório inferior, a pneumonia é a principal causa de morbidade e mortalidade infantil, especialmente em países em desenvolvimento. · As infecções em neonatos são mais graves do que em lactentes e crianças mais sadias. · Diferenciar: pneumonia bacteriana (quadro mais grave), pneumonia atípica (quadro insisioso) e bronquiolite (sibilo). · epidemiologia · 4 a 6 infecções respiratórias aguda (IRA) por ano. · 2-3% são pneumonias · 80% das mortes por IRA é por pneumonia. · Pneumonia: uma das cinco principais causas de óbito em crianças < 5 anos. fatores de risco · Idade menor que 9 meses. · Número de pessoas no domicilio, escolaridade e ausência paterna. · Idade materna < 20 anos, berçário, creches. · Peso ao nascer < 2500g. · Desnutrição (peso/idade). · Falta de aleitamento materno. · História prévia de pneumonia. · Doenças pulmonares preexistentes (asma, fibrose cística). · Alterações anatômicas, como fístulas traqueoesofágicas. · Refluxo gastroesofágico · Doenças neurológicas · Imunodeficiências congênitas ou adquiridas etiologia das pneumonias pneumonia bacteriana quadro clínico avaliação complementar · Radiografia de Tórax · NÃO é obrigatória · Indicar nas hospitalizações · Pode evidenciar: consolidações, aerobroncograma, pneumonia redonda diagnóstico anamnese e exame físico · Pródromos catarrais · Febre alta e tosse · Frequência respiratória elevada (taquipneia) >60 · Dispneia · Dor abdominal · Sinais clássicos: · Estertores · Aumento do FTV · Macicez · Broncofonia, Pectorilóquia afônica · Sinais de gravidade: · Tiragem subcostal · Batimento de asa nasal · Gemência · Esforço respiratório · Crianças com IRA, sempre contar a frequência respiratória (FR). · Tosse e frequência respiratória elevada é indicativo de Pneumonia em crianças menores que 5 anos, segundo o MS: IDADE FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA < 2 meses > 60irpm 2 a 11 meses > 50 irpm 1 a 4 anos > 40 irpm particularidades · Resfriado comum são antecedentes frequentes (coriza, tosse, febrícula). · Nas crianças pequenas, dificilmente têm alterações à ausculta pulmonar. · Algumas crianças apresentam dor abdominal como um dos sintomas de pneumonia. · Sibilânia, nas iinfecções por vírus ou por Mycoplasma pneumoniae e Clamydopophila pneumoniae. sinais gerais de perigo · Não consegue beber nem mamar no peito · Vomita tudo · Convulsões · Letárgica ou inconsciente · Enchimento capilar > 2s · Tiragem subcostal · Estridor em repouso tratamento · INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO: · Idade < 2 meses · Sinais de gravidade: tiragem subcostal e saturação < 92% · Comprometimento do estado geral: incapaz de beber líquidos e vomita tudo que ingere · Portadores de doenças de base · Complicações radiológicas · Sinais de sepse · Problemas sociais · AMBULATORIAL · > 2 Meses: Amoxicilina, VO e reavaliação em 48h. · HOSPITALAR · < 2 meses: Ampicilina e Gentamicina · > 2 meses: PenicilinaCristalina IV OBS: criança com pneumonia muito grave – oxacilina + cerftriaxona complicações derrame pleural · Complicação mais frequente das pneumonias bacterianas. · Os principais agentes: S. pneumoniae (>50%), H. influenzae (< 2 anos) e S. aureus (< 6 meses). · Exame físico: macicez à percussão, diminuição da ausculta e postura antálgica. · Radiografia mostra velamento do seio costofrênico ou hipotransparência com uma linha côncava. · Tratamento: toda criança com derrame pleural com > 1cm deve ser puncionado (toracocentese), e o líquido deve ser submetido à análise. · Diferenciar o exsudato inflamatório do empiema. No caso de crianças com empiema, não apresentará melhora clínica. Não apresentando melhora, ou seja, falha após 48-72h, faz-se a radiografia, se apresenta derrame, faz-se toracocentese. · Com empiema +, a conduta é realizar drenagem. pneumonias atípicas aspectos gerais · Quadro insidioso · Manifestações extrapulmonares · Não melhora com penicilina formas clínicas · Pneumonia atípica: Mycoplasma (>5 anos) Pneumonia afebril do lactente · Chlamydia trachomatis · Parto vaginal: colonização conjuntiva e nasofaringe · Conjuntivite neonatal · Pneumonia (1-3 meses): quadro arrastado, afebril, tosse, taquipneia, eosinofilia e infiltrado intersticial · TRATAMENTO: macrolídeos padrão radiológico · Pode ser empregado para auxilio no diagnóstico da pneumonia em crianças, dando suporte à impressão clínica e definindo a extensão do processo inflamatório. · Radiografia de tórax NORMAL de uma criança. Atentar-se para a imagem do timo, não confundir com uma consolidação pulmonar. “Imagem de vela de barco”: · As densidades pulmonares são classificamente divididas em três padrões radiológicos: 1) Broncopneumonias · Pneumonias causadas pela S.aureus e outras bactérias. · Quadro radiológico multiforme, as lesões não respeitam a segmentação pulmonar, podem ser únicas ou múltiplas, dispersas ou confluentes, de limites irregulares, uni ou bilaterais. · · Em casos de pneumonia pelo estafilococo é comum p encontro de pneumatoceles ou derrame pleural. Imagem com infiltrado broncopneumônico. Imagem com várias pneumatoceles 2) 3) Pneumonias Lobares ou Segmentares · Compromete homogeneamente um lobo, lobos ou segmentos pulmonares. · Geralmente são causados por pneumococo ou outras bactérias. · Podem ser visualizados broncogramas aéreos. · Mais frequentes em lactentes acima de 6 meses de idade e, principalmente, em crianças maiores. 4) Pneumonias Intersticiais · De forma geral, são causadas por vírus ou Mycoplasma, apresentando-se com sinais de aumento de trama broncovascular, espessamento peribrônquico e hiperinsuflação. · Progressivamente, podem ocorrer áreas de consolidação associadas ao aparecimento de atelectasias. Imagem com aspecto difuso Imagem com infiltrado predominante nas bases. Pneumonia Viral Pneumonia Bacteriana Principal agente: VSR Principal agente: S. pneumoniae Manifestações clínicas: tosse, coriza e obstrução nasal. Manifestações clínicas: história clássica de calafrios seguido de febre alta, tosse e dor torácica. Tratamento: medidas de apoio. Alguns pacientes irão precisar de internação. Drogas: amantadina oral, rimantadina, oseltamivir, zanomivir e ribavirina. Tratamento: penicilina em casos graves. Em casos ambulatoriais, usa-se a amoxicilina. BRONQUIOLITE VIRAL aguda introdução · É uma síndrome clínica que acomete crianças menores de dois anos e cursa com sintomas de doença das vias aéreas superiores (como coriza), seguidos por infecção e inflamação das vias aéreas inferiores resultando em sibilância e estertores. · Principal agente: VSR. · A doença é mais grande entre o primeiro e o terceiro mês de vida. · É a causa mais frequente de hospitalizações em lactentes. · Ocorre mais frequentemente no inverno. · A forma de transmissão ocorre através do contato com secreções da pessoa contaminada. Fisiopatologia · É caracterizada por obstrução inflamatória dos bronquíolos. · Ocorre uma alteração na relação ventilação/perfusão, com consequente hipoxemia, retenção de co2 e acidose respiratória. manifestações clínicas e diagnóstico · Crianças < 2 anos · Febre e tosse · Pródromos com sintomas leves de vias aéreas superiores, como espirros e rinorreia. · O quadro respiratório deteriora, com tosse paroxística, dispneia e irritabilidade. A criança é sempre taquipneica, o que interfere com a aceitação da dieta. · O exame físico é caracterizado pela presença dos sibilos. · Sinais de estresse respiratório incluem taquipneia (aumento da frequência respiratória) e dispneia (ex.: batimento de aletas nasais, retrações intercostais e subcostais) · Radiografias de tórax evidenciam sinais hiperinsuflação e atelectasia. tratamento · A hospitalização está recomendada nas seguintes situações: · Idade inferior a 12 semanas · Não aceitação da ingesta (~50% inferior da ingesta normal); · Desidratação; · Letargia; · História de apneia; · Taquipneia moderada a grave; · Disfunção respiratória moderada a grave; · Saturação de O2 < 91% em ar ambiente; · Presença de comorbidades, como cardiopatia congênita com repercussão clínica, hipertensão pulmonar, doença neuromuscular, pneumopatia dependente de oxigênio, imunodeficiência. · TRATAMENTO HOSPITALAR · Oxigenoterapia, se saturação < 90% - CNAF. · Hidratação venosa, se necessário: solução isotônica · Avaliar nebulização com solução hipertônica OBS: NÃO é para indicar beta 2 agonista, corticoides e fisioterapia respiratória PREVENÇÃO · Palivizumabe: anticorpo para VSR, 1 dose por mês durante 5 meses. bronquiolite obliterante · É uma obstrução crônica de bronquíolos e vias aéreas pequenas. · É rara e na infância é provocada por fibrose de bronquíolos após um insulto infeccioso agudo. · Os agentes mais comuns são: adenovírus, influenza, parainfluenza, sarampo, VSR varicela e M. pneumoniae. · Clínica: · A doença caracteriza-se por episódios de recorrência de dispneia, tosse crônica e produção de escarro. · Ao exame físico observam-se sibilos, estertores e hipoxemia. · A radiografia simples de tórax revela áreas irregulares de hipertransparência associadas à bronquiectasias, melhor definidas através da TC de tórax. · A espirometria revela um distúrbio ventilatório obstrutivo crônico. · O padrão-ouro para estabelecer o diagnóstico é a biópsia pulmonar. · Tratamento: o uso prolongado de corticoides, imunomoduladores como sirulimus, tacrolimus e ciclosporina em aerossol são algumas das possibilidades de tratamento, embora não haja terapia definitiva. bronquite · É a inflamação da parede brônquica associada a diversas causas, como: · Inflamatórias: asma · Pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar, bronquiectasias, fibrose cística, discinesia ciliar, tráqueo e broncomalácia. · Doenças crônicas: desordens da deglutição, refluxo gastroesofágico, cardiopatia congênita e imunodeficiências. · Malformações congênitas: anéis vasculares e hemagiomas. · Aspiração de corpo estranho. · Infecções por vírus e bactérias. · A bronquite aguda tem etiologia predominantemente viral, sendo a tosse o principal sintoma, que pode persistir de uma a três semanas. Pode associar também sintomas respiratórios altos, como coriza e obstrução nasal. · A bronquite crônica é bem definida em adultos e caracteriza-se por tosse produtiva por três meses/ano ou mais durante no mínimo dois anos. Nas crianças, esses casos são encontrados em pacientes com fibrose cística, displasia broncopulmonar e bronquiectasias.
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