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Prova 1 – Ciências Sociais 1) Tendo como base o que Laraia escreve sobre a antropologia, explique se faz sentido afirmar que um dado povo (grupo social) “não tem cultura”. Correlacione a sua resposta com a noção de etnocentrismo. R: Roque Laraia, em “Cultura: um conceito antropológico”, começa a Parte II de seu livro com um capítulo explicando o motivo pelo qual não pode-se afirmar que algum povo ou grupo social não seria detentor de “cultura”. Para ele, a “dicotomia social entre ‘nós’ e ‘eles’” (Laraia, 2001, p.38) suscitada pelas diferenças de hábitos e costumes entre as diversas sociedades do mundo impedem-as de reconhecer e validar as diversidades entre a cultura alheia e a sua própria. O autor caracteriza como etnocentrismo o sentimento de superioridade que os homens possuem a respeito de seus próprios costumes e comportamentos, impedindo-os de legitimar culturas diferentes das suas própias. Apesar de ser natural, essa tendência de pressupor que a sua cultura é superior simplesmente por ser a que é conhecida e adotada em sua vivência é responsável por diversas atrocidades cometidas durante a história e também por preconceitos que perduram até os dias atuais. O autor utiliza-se de diversos exemplos para justificar e expôr o quão interessantes e naturais são essas diferenças. Homossexualidade, maneiras à mesa e o riso são características passíveis de interpretação dependendo do lugar do globo que você estiver. Por isso que é impossível dizer que um povo ou um grupo social não é detentor de cultura. O que acontece, na verdade, é uma tendência de invalidação de culturas diversificadas pelas hegemônicas, que muitas vezes acabam por ditar o que é “certo” e “errado” e problematizando hábitos e comportamentos considerados “diferentes”. Na realidade, todos as civilizações carregam consigo seus traços, que definem suas vivências e as validam, e que devem sempre ser valorizados, respeitados e validados. 4) As preocupações políticas de Durkheim giravam em torno do tema da integração social. A partir de tal motivação, ele procurou fazer: 1) uma análise objetiva dos tipos de solidariedade social; 2) uma caracterização do modo como a solidariedade estaria ameaçada, na prática, naquele estágio de desenvolvimento das sociedades industriais (final do século XIX); 3) uma proposição geral sobre o caminho que a sociedade deveria seguir para superar o quadro de anomia. Disserte sobre esses aspectos. R: A integração social era um dos principais objetos de estudo para Durkheim. Ele considerava que ela dependia do nível de comprometimento que os indivíduos teriam com a sociedade como um todo, e dessa forma, foi criado o conceito de solidariedade, definida em geral por um nível maior ou menor de divisão do trabalho. Para o autor, era essa divisão era a responsável por assegurar a unidade do corpo social, tendo assim grande importância em suas análises. Assim, foi possível definir a solidariedade mecânica como presente em uma sociedade mais homogênea, com simples divisão do trabalho, onde a ligação dos indivíduos com a sociedade seria direta. Em contraponto, Durkheim caracteriza a solidariedade orgânica como a existente em sociedades mais complexas, com alta divisão do trabalho e o que liga as pessoas à sociedade são as relações de reciprocidade que elas cultivam entre si. Ele diz ainda que a melhor forma de medir esse nível de comprometimento da sociedade é através do Direito, uma vez que a reação da sociedade ao crime e à quem o comete entrega o tipo de relação que as pessoas cultivam entre si. Por fim, Durkheim chama de anomia uma situação onde toda a coesão de uma sociedade estaria ameaçada, normalmente devido à mudanças no paradigma social vigente e a uma transição de uma solidariedade mecânica à orgânica. Neste caso, seria o avanço da sociedade industrial -com uma nova e mais especializada divisão do trabalho- o novo espectro social e cultural que mudaria as estruturas atuais e que causaria esse estado. Esse momento se caracterizou pela “regulação das relações sociais, cada vez mais pautadas na centralidade do indivíduo e do saber científico. A religião e a tradição, que até pouco antes constituíam o cerne da vida moral, davam lugar à racionalidade e à eficiência num processo de afrouxamento dos antigos laços de solidariedade que orga- nizavam a sociedade reunindo seus membros em torno de valores comuns.” (Celso Castro e Julia O’Donnel, 2015, p.120) Para superar a anomia, Durkheim sugere que atuação de instituições nos ambientes de divisão do trabalho poderia suscitar o deselvolvimento de mentalidades coletivas e reestabelecer uma conexão entre os indivíduos. Dessa forma, os egoísmos da popução poderiam ser regulados e controlados, de maneira que a consciência social se fortalecesse e o corpo social fosse finalmente reintegrado.
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