Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
1 Sanndy Emannuelly – 4° Período Tutorial 6 OBJETIVO 1: REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DA TIREÓIDE. Tortora, Silverthon - A glândula tireoide, em formato de borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É composta pelos lobos direito e esquerdo, um em cada lado da traqueia, conectados por um istmo, anteriormente à traqueia. - Cerca de 50% das glândulas tireoides apresentam um pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se estende superiormente a partir do istmo. - Ele é uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano, pesando de 15 a 20 g. - A glândula tireoide possui dois diferentes tipos celulares: células C (do inglês, clear), que secretam um hormônio regulador de cálcio, chamado de calcitonina, e as células foliculares, que secretam os hormônios da tireoide. - Microscópicos sacos esféricos chamados de folículos da tireoide constituem grande parte da glândula tireoide. A parede de cada folículo é constituída principalmente por células foliculares, cuja maioria se estende até o lúmen do folículo. Uma membrana basal envolve cada folículo. - Quando as células foliculares estão inativas, seu formato varia de cúbico a pavimentoso, porém, sob a influência do TSH, passam a secretar ativamente e sua forma varia de cúbica a colunar. As células foliculares produzem dois hormônios: tiroxina, também chamada de tetraiodotironina (T4), pois contém quatro átomos de iodo, e tri-iodotironina (T3), que contém três átomos de iodo. T3 e T4 juntas também são chamadas de hormônios da tireoide. - Entre os folículos, podem ser encontradas algumas células chamadas de células parafoliculares ou células C. Elas produzem o hormônio calcitonina (CT), que ajuda a regular a homeostasia do cálcio. Formação, armazenamento e liberação dos hormônios da tireoide - A glândula tireoide é a única glândula endócrina que armazena seu produto secretório em grandes quantidades, normalmente o suficiente para cerca de 100 dias. A síntese e a secreção de T3 e T4 ocorrem da seguinte forma: - A síntese dos hormônios da tireoide ocorre nos folículos tireoideanos (também chamados de ácinos), estruturas esféricas. O centro oco de cada folículo é preenchido com uma mistura pegajosa de glicoproteínas, denominada coloide. - O coloide mantém um suprimento de 2 a 3 meses de hormônios da tireoide. As células foliculares que cercam o coloide sintetizam uma glicoproteína, chamada de tireoglobulina, e enzimas para a síntese dos hormônios da tireoide. Essas proteínas são empacotadas em vesículas e secretadas no centro do folículo. As células foliculares também concentram ativamente o iodo da dieta, usando o simporte sódio-iodo (NIS). - Retenção de iodeto: As células foliculares da tireoide retêm íons iodeto, transportando-os ativamente do sangue para o citosol. Por conta disso, em geral, a glândula tireoide contém a maioria do iodeto corporal. - Síntese de tireoglobulina: Ao mesmo tempo que retêm Iodo, as células foliculares também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma grande glicoproteína produzida no retículo endoplasmático rugoso, modificada no complexo de Golgi e armazenada em vesículas secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o que libera TGB para o lúmen do folículo. - Oxidação de iodeto: Parte dos aminoácidos na TGB consiste em tirosinas que se tornarão iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga elétrica negativa não conseguem se ligar à tirosina até que sofram oxidação (remoção de elétrons). Na medida em que os íons iodeto são oxidados, eles atravessam a membrana para o lúmen do folículo. - Iodação da tirosina: Conforme moléculas de iodo (I2) se formam, elas reagem com as tirosinas integrantes das moléculas de tireoglobulina. A ligação de um átomo de iodo produz monoiodotirosina (T1) e a de dois produz di- iodotirosina (T2). A TGB com átomos de iodo fixados é um material viscoso que se acumula e é armazenado no lúmen do folículo da tireoide, chamado de coloide. ( Conforme o I2 entra no coloide, a enzima tireoide peroxidase remove um elétron do iodo e adiciona o iodo à tirosina na molécula de tireoglobulina. A adição de um iodo à tirosina cria a monoiodotirosina (MIT). A adição de um segundo iodo cria a di-iodotirosina (DIT). MIT e DIT, então, sofrem uma reação de acoplamento.) (Uma MIT e uma DIT combinam-se para formar o hormônio da tireoide tri-iodotironina, ou T3. Duas DIT unem-se para formar a tetraiodotironina (T4, também conhecida como tiroxina). Neste ponto, os hormônios ainda estão ligados à tireoglobulina. Quando a síntese hormonal está completa, o complexo tireoglobulina-T3/T4 é recapturado pelas células foliculares em vesículas 4. As enzimas intracelulares liberam os hormônios T3 e T4 da proteína tireoglobulina.) - Acoplamento de T1 e T2: Durante a última etapa da síntese dos hormônios da tireoide, duas moléculas de T2 se juntam para formar T4 ou uma de T1 com uma de T2 se unem para formar T3. - Pinocitose e digestão de coloide: Gotículas de coloide penetram de novo nas células foliculares por pinocitose e se 2 Sanndy Emannuelly – 4° Período juntam aos lisossomos. Enzimas digestivas nos lisossomos degradam a TGB, separando moléculas de T3 e T4. - Secreção de hormônios da tireoide: Como são lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da membrana plasmática para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é secretada em maior quantidade que T3, mas T3 é muitas vezes mais potente. Além disso, depois que a T4 entra no corpo celular, a maioria dela é convertida a T3 por remoção de um iodo. - Transporte no sangue: Mais de 99% de T3 e T4 se combinam a proteínas transportadoras no sangue, principalmente à globulina transportadora de tiroxina (TBG). - Por anos pensou-se que o T4 era o hormônio ativo, porém, hoje, sabemos que o T3 é de 3 a 5 vezes biologicamente mais ativo, e que o T3 é o hormônio ativo nas células-alvo. As células-alvo produzem cerca de 85% do T3 ativo por meio de enzimas, chamadas de deiodinases, que removem um iodo do T4. A ativação do hormônio no tecido-alvo acrescenta outro nível de controle, pois os tecidos-alvo individualmente podem controlar a sua exposição ao hormônio ativo, regulando sua síntese enzimática tecidual. Ações dos hormônios da tireoide - Uma vez que a maioria das células corporais apresenta receptores para hormônios da tireoide, T3 e T4 exercem seus efeitos por todo o corpo. - Os hormônios da tireoide aumentam a taxa metabólica basal (TMB), que consiste no consumo de oxigênio em condições basais ou padrão (acordado, em repouso e jejum) por meio da estimulação do uso de oxigênio celular na produção de ATP. Quando a taxa metabólica basal aumenta, o metabolismo celular dos carboidratos, lipídios e proteínas se torna mais intenso. - Outro efeito importante dos hormônios da tireoide é o de estimular a síntese de bombas adicionais de sódio e potássio (Na+-K+ ATPase), o que utiliza grandes quantidades de ATP para continuamente ejetar íons sódio do citosol no líquido extracelular e íons potássio do líquido extracelular no citosol. Com a produção e a utilização de mais ATP pelas células, mais calor é liberado e a temperatura corporal sobe. Esse fenômeno é chamado de efeito calorigênico. Dessa maneira, os hormônios da tireoide têm participação importante na manutenção da temperatura corporal normal. Mamíferos normais são capazes de sobreviver a temperaturas muito baixas, mas aqueles cuja glândula tireoide foi removida não conseguem. - Na regulação do metabolismo, os hormônios da tireoide estimulam a síntese de proteína e aumentam o uso de glicose e ácidos graxos para a produção de ATP. Além disso, intensificam a lipólise e a excreção de colesterol, reduzindo, desse modo, o nível de colesterol sanguíneo. - Os hormônios da tireoide intensificam algumas ações das catecolaminas (norepinefrina e epinefrina), pois promovem a suprarregulação dos receptores beta (β). Por essa razão, os sinais/sintomas do hipertireoidismo incluem frequência cardíaca aumentada, batimentos cardíacos mais fortes e pressão arterial elevada. - Junto com o hormônio do crescimento e com a insulina, os hormônios da tireoide aceleram o crescimento corporal, sobretudo o crescimento dos sistemas nervoso e esquelético. A deficiência de hormônios da tireoide durante o desenvolvimento fetal ou infância causa grave retardo mental e restrição do crescimento ósseo. Controle da secreção de hormônio da tireoide - O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo e o hormônio tireoestimulante (TSH) da adeno-hipófise estimulam a síntese e a liberação dos hormônios da tireoide: - Níveis reduzidos de T3 e T4 ou taxa metabólica baixa estimulam o hipotálamo a secretar TRH. O TRH entra nas veias porto-hipofisárias e flui para a adeno-hipófise, onde estimula os tireotrofos a secretar TSH. - O TSH estimula praticamente todos os aspectos da atividade celular dos folículos da tireoide, inclusive captação de iodeto, síntese e secreção de hormônio e crescimento das células foliculares. - As células foliculares da tireoide liberam T3 e T4 no sangue até que a taxa metabólica volte ao normal. O nível elevado de T3 inibe a liberação de TRH e TSH (inibição por feedback negativo). - Condições que aumentam a demanda de ATP – ambiente frio, hipoglicemia, altitude elevada e gravidez – também intensificam a secreção dos hormônios da tireoide. Calcitonina - Hormônio produzido pelas células parafoliculares da glândula tireoide, a CT diminui o nível sanguíneo de cálcio por meio da inibição da ação dos osteoclastos, células que degradam a matriz celular óssea. - A secreção de CT é controlada por um sistema de feedback negativo. Quando o nível sanguíneo de calcitonina está elevado, ocorre queda da concentração sanguínea de cálcio e fosfatos, com inibição da reabsorção óssea (degradação da matriz óssea extracelular) pelos osteoclastos e aceleração da captação de cálcio e fosfatos na matriz óssea extracelular. 1.1- Relação do iodo com a tireoide. Abordagem Nutricional na Função da Tiróide - Liliana Isabel Santos da Silva 2018 Iodo e Tiróide: O que o Clínico Deve Saber - Maria Santana Lopes 2012 Metabolismo do iodo - Maria Helena Guerra Bernadá 2004 3 Sanndy Emannuelly – 4° Período Fisiopatologia da Doença - Mc Phee - O Iodo é um elemento indispensável para a saúde, por ser necessário na síntese de hormônios tireoideos. O Iodo é um elemento essencial da estrutura química das hormônios da tireoide. Os hormônios da tireoide, essenciais para o desenvolvimento dos vários órgãos. - O iodo entra na composição da tiroxina (T4) e da triiodotironina (T3) e a glândula tiroideia concentra, só ela, 99% do iodo contido no organismo.6 O seu teor na alimentação condiciona o funcionamento da tiróide e algumas patologias tiroideias. - A maior parte do iodo vem da alimentação. O peixe e o marisco são geralmente uma boa fonte, porque o mar contém um teor de iodo considerável. As plantas cultivadas em solos com deficiência de iodo são pobres neste elemento, bem como a carne e outros produtos de animais alimentados com plantas pobres em iodo. Como as glândulas mamárias concentram iodo, os lacticínios são geralmente uma boa fonte, mas somente se as vacas ingerirem iodo suficiente. O sal iodado é a melhor fonte alimentar de iodo. Condimentar os alimentos com sal iodado é uma prática desejável, porque nos garante a presença deste elemento, tão importante, na nossa dieta. - As necessidades de Iodo aumentam desde o nascimento até à adolescência mantendo-se depois constantes no adulto, excepto na gravidez e na amamentação em que as necessidades são maiores. - O iodo é um componente essencial das hormonas tiroideias (T4 e da T3), e deve ser providenciado através da nossa dieta. Um aporte inadequado de iodo, leva a uma produção inadequada de hormonas da tiróide e a todas as consequências relacionadas com o hipotiroidismo. Existem várias consequências da deficiência de iodo, na população em geral. As mais importantes são o bócio, e o hipotiroidismo, e nos casos mais graves atraso mental, cretinismo e o aumento da mortalidade neo-natal e infantil. - As consequências da deficiência de iodo são mais de recear no que se refere ao desenvolvimento fetal e infantil. A deficiência materna de iodo aumenta o risco de abortos, complicações na gravidez e infertilidade. As hormonas tiroideias são essenciais para o desenvolvimento normal do cérebro. Se o feto ou o recém-nascido não forem expostos a hormonas tireóideas em quantidade suficiente, podem apresentar défices cognitivos mesmo que a carência seja ligeira/moderada. - O bócio é a consequência mais visível da deficiência de iodo. Existe uma adaptação em que a tireoide fica mais ativa na tentativa de produzir hormona tiroideia suficiente para as necessidades do organismo, apesar da oferta de iodo ser limitada. - Excesso de Iodo: A sobrecarga iodada de origem alimentar é raríssima. A maioria das pessoas pode tolerar, pelo menos, 1 mg (1000 mcg) de iodo por dia sem efeitos adversos. Existem algumas situações onde podem existir danos provocados pelo excesso de iodo tais como o hipertireoidismo induzido pelo excesso de iodo nos indivíduos com doença nodular da tireoide e o hipotiroidismo por bloqueio da capacidade da glândula em produzir hormonas. Indivíduos com doenças autoimunes da tireoide, como a doença de Graves ou tireoidite de Hashimoto, ou com familiares com estas patologias também podem ser mais sensíveis ao iodo. - Excesso de iodo na alimentação pode causar deficiência, pois interfere na biossíntese dos HT ao inibir a proteólise da tireoglobulina nas lisossomas. O excesso de iodo também inibe a peroxidação do iodeto e a conversão de MIT em DIT. - O excesso de iodo é indesejável mas as suas consequências não são tão graves como as do défice de iodo, porque estas afetam o desenvolvimento humano e podem provocar danos cerebrais permanentes. - O excesso de iodo pode também induzir a produção de citocinas e o aumento do stress oxidativo e consequentemente pode contribuir para o desenvolvimento do hipertiroidismo, DAIT e possíveis nódulos da tiróide. - Para a síntese normal dos hormônios tireoidianos, um adulto necessita da ingesta diária de no mínimo 150 µg de iodo. O iodo ingerido na comida é primeiro convertido em iodeto, que é absorvido e captado pela tireóide. As células foliculares transportam o iodeto da circulação para o colóide (“captação do iodo” ou “bomba de iodo”). - O transportador é uma proteína da membrana celular com 65-kDa. Esse transporte de iodeto é um exemplo de transporte ativo secundário dependente da Na+-K+ adenosina trifosfatase (ATPase) como energia; ele é estimulado pelo hormônio estimulante da tireóide (TSH, tireotrofi na). - No nível normal de síntese do hormônio tireoidiano, cerca de 120 µg/dia de iodeto entram na tireóide. Aproximadamente 80 µg/dia são secretados em T3 e T4, e o restante se difunde para o interior do líquido extracelular e são excretados na urina. OBJETIVO 2: COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DO HIPER/HIPOTIREOIDISMO. Silverthon Clinica médica – Usp - Problemas com a secreção dos hormônios da tireoide podem surgir na própria glândula tireoide ou ao longo da via de controle. Hipertireoidismo: Uma pessoa cuja glândula tireoide secreta hormônios em excesso sofre de hipertireoidismo. Os hormônios da tireoide em 4 Sanndy Emannuelly – 4° Período excesso causam alterações no metabolismo, no sistema nervoso e no coração. - A causa mais comum de hipertireoidismo é a doença de Graves. Nessa condição, o corpo produz anticorpos, chamados de imunoglobulinas estimuladoras da tireoide (TSI). Esses anticorpos mimetizam a ação do TSH por se ligarem aos receptores de TSH na glândula tireoide e os ativarem. - O resultado é a formação de bócio, hipersecreção de T3 e T4 e sintoma do excesso desses hormônios. A retroalimentação negativa exercida pelos altos níveis de T3 e T4 diminui os níveis de secreção de TRH e TSH, mas não possui ação sobre a atividade semelhante ao TSH exercida pelas TSI na glândula tireoide. - A doença de Graves é frequentemente acompanhada por exoftalmia, uma aparência de olhos saltados causada pelo aumento dos músculos e tecidos na órbita mediado por reação imune. - Os tumores da glândula tireoide são outra causa do hipertireoidismo primário. O hipertireoidismo secundário ocorre nos tumores hipofisários secretores de TSH. 1. O hipertireoidismo aumenta o consumo de oxigênio e a produção metabólica de calor. Devido ao calor interno gerado, os pacientes têm pele quente e suada e podem queixar-se de intolerância ao calor. 2. O excesso de hormônios da tireoide aumenta o catabolismo das proteínas e pode causar fraqueza muscular. Os pacientes muitas vezes relatam perda de peso. 3. Os efeitos do excesso de hormônios da tireoide sobre o sistema nervoso incluem reflexos hiperexcitáveis (hiper- reflexia) e transtornos psicológicos, desde irritabilidade e insônia até psicose. O mecanismo dos transtornos psicológicos não está claro, mas alterações morfológicas no hipocampo e efeitos nos receptores beta-adrenérgicos têm sido sugeridas. 4. Os hormônios da tireoide são conhecidos por influenciar os receptores beta-adrenérgicos no coração, e esses efeitos se tornam acentuados com a hipersecreção. Um sinal comum de hipertireoidismo é o batimento cardíaco rápido e o aumento da força de contração devido à regulação para cima dos receptores beta1 no miocárdio. Hipotireoidismo: A hipossecreção de hormônios da tireoide afeta os mesmos sistemas alterados no hipertireoidismo. - O hipotireoidismo primário é frequentemente causado por uma deficiência de iodo na dieta. Sem iodo, a glândula tireoide não é capaz de formar os hormônios da tireoide. Baixos níveis de T3 e T4 no sangue não são capazes de exercer retroalimentação negativa no hipotálamo e na adeno-hipófise. - Na ausência de retroalimentação negativa, a secreção do TSH aumenta significativamente, e o estímulo do TSH aumenta a glândula tireoide (bócio). Apesar da hipertrofia, a glândula não pode obter iodo para produzir hormônios, e, assim, o paciente permanece com hipotireoidismo. 1. A diminuição da secreção dos hormônios da tireoide diminui a taxa metabólica e o consumo de oxigênio. Os pacientes tornam-se intolerantes ao frio, visto que eles produzem menos calor interno. 2. O hipotireoidismo diminui a síntese proteica. Em adultos, isso produz unhas quebradiças, queda de cabelos e pele fina e seca. O hipotireoidismo também causa o acúmulo de mucopolissacarídeos sob a pele. Essas moléculas atraem água e causam a aparência inchada do mixedema. Crianças com hipotireoidismo apresentam crescimento atrasado dos ossos e dos tecidos e são mais baixas do que o normal para a sua idade. 3. Alterações do sistema nervoso em adultos incluem reflexos lentos, lentidão da fala e dos processos do pensamento e sensação de fadiga. A deficiência da secreção de hormônios da tireoide na infância causa cretinismo, uma condição marcada por capacidade mental diminuída. 4. A alteração cardiovascular primária no hipotireoidismo é a bradicardia (baixa frequência cardíaca). Hipertireoidismo - Embora, corretamente, ambos os termos (tireotoxicose e hipertireoidismo) sejam usados como sinônimos para descrever a síndrome de excesso de hormônios tireoidianos, cumpre esclarecer que tal prática não corresponde ao 5 Sanndy Emannuelly – 4° Período fenômeno fisiopatológico. Hipertireoidismo refere-se a hiperatividade tireoidiana, enquanto tireotoxicose refere-se a síndrome causada por excesso de hormônio tireoidiano. Doença de Graves - A doença de Graves é uma síndrome caracterizada por hipertireoidismo, oftalmopatia, dermopatia localizada (mixedema pré-tibial) e, raramente, acropaquia. Em geral, o bócio e o excesso de hormônio tireoidiano são os aspectos predominantes. - Usualmente, a doença de Graves inclui duas categorias principais de manifestações clínicas, as específicas da doença de Graves causadas pela autoimunidade (exoftalmo, estimulação e aumento da tireoide e alterações dermatológicas) e as provocadas pelo hipertireoidismo. - Patogênese: O principal fator causal de hipertireoidismo é de natureza autoimune causada pela produção de imunoglobulinas ou anticorpos estimuladores da tireoide (TSI), dirigidos diretamente ao receptor de TSH nos tireócitos. Essas TSI mimetizam a ação do TSH ativando a proteína G (G alfa-s) acoplada ao receptor, o sistema adenilciclase e, consequentemente, a produção de AMP cíclico, provocando o excesso de produção de hormônio tireoidiano, hiperplasia e hipertrofia dos folículos tireóideos. Ao contrário do que se observa com o TSH, o efeito causado por esses autoanticorpos não é bloqueado por concentrações elevadas de hormônio tireoidiano, levando à hiperprodução hormonal crônica. Fatores genéticos, ambientais e constitucionais interagem, por mecanismos desconhecidos, para provocar a doença auto-imune. Não parece haver envo lvimento de um gene es pecífico e concordância em gêmeos idênticos ocorre em apenas 20% dos casos. A doença de Graves predomina cerca de 10 vezes mais em mulheres do que em homens, talvez, em parte, pelos efeitos moduladores dos estrógenos no sistema imunitário. Em ambientes iodo-deficientes, a exposição ao iodo suplementar pode precipitar a doença de Graves em alguns indivíduos, mediante o fenômeno denominado iodo- Basedow. A doença de Graves representa 70 a 80%dos portadores de hipertireoidismo. A incidência anual em mulheres é de 0,5 a cada 1.000, com maior risco de ocorrência entre 40 e 60 anos;é 8 a 10 vezes menos freqüente em homens e incomum em crianças. A prevalência de doença de Graves é semelhante em asiáticos e brancos, e menor em negros. - Manifestações extratireóideas: A oftalmopatia clinicamente evidente ocorre em cerca de 50% dos pacientes com doença de Graves. Dermopatia ou mixedema pré-tibial tem como localização a área pré-tibial e o dorso dos pés. A deposição de glicosaminoglicanos na derme dessa região pode promover prurido e, às vezes, dor. A pele é infiltrada pelos linfócitos T, onde os fibroblastos possuem TSHR; esses linfócitos liberam citocinas que estimulam a produção do ácido hialurônico (ácido hialurônico). O aumento tecidual de ácido hialurônico causa edema e raramente é observado linfedema. A lesão é caracterizada pelo espessamento da pele com pápulas ou placas elevadas hiperpigmentadas violáceas. Na doença de Graves existe associação de baqueteamento e osteoartropatia dos dedos das mãos e dos pés, em 2% dos casos, esses dois fenômenos constituem a acropaquia da doença de Graves. As lesões afetam predominantemente a porção distal dos ossos, e a reação dos tecidos moles é firme, indolor e sem rubor e calor locais. - Quadro clínico: As manifestações clínicas da doença de Graves podem ser divididas entre as usuais a qualquer forma de hipertireoidismo e as específicas da doença de Graves. A intensidade,a duração da doença de Graves e a idade do paciente determinam a apresentação do distúrbio. Em indivíduos mais jovens (20-50 anos),manifestações clínicas como nervosismo,fatigabilidade fácil, palpitações, hipercinesia, diarréia, intolerância ao calor,sudorese e perda de peso estão presentes em mais da metade dos pacientes com a doença, sinais de comprometimento exoftálmico (proptose, retração palpebral ou exoftalmopatia podem estar presente). Em pacientes pré-adolescentes existe crescimento linear rápido com aceleração da maturação óssea. Com o aumento da idade, perda de peso e de apetite está menos exacerbada, enquanto a irritabilidade e a intolerância ao calor ficam menos frequentes miopatia é bastante severa, com perda de massa muscular, impedindo a deambulação. A fibrilação atrial é rara em pacientes com menos de 50 anos, mas ocorre em cerca de 20% dos idosos. Em torno de 90% dos pacientes com idade inferior a 50 anos exibem bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho variável. A presença de comorbidades também pode afetar a queixa principal. O hipertireoidismo pode piorar a intolerância à glicose em paciente diabético insulino-dependente, por aumentar a necessidade de insulina, e, raramente, pode provocar hipoglicemia. - Diagnóstico: O hipertireoidismo da doença de Graves pode ser clínico e laboratorialmente estabelecido, bem como apresentar-se de forma subclínica. Todos os pacientes apresentam níveis de TSH diminuídos ou suprimidos, associados a níveis elevados de T4 livre. A medida do TSH por ensaio sensível é um excelente parâmetro de triagem do hipertireoidismo, pois pequenos incrementos na produção de hormônio tireoidiano suprimem os níveis circulantes de TSH13. Se o TSH é baixo e o T4 livre encontra-se normal, recomenda-se medir o T3 livre. 6 Sanndy Emannuelly – 4° Período - Tratamento: Até o momento, as tentativas de tratamento dirigido à produção autoimune de anticorpos estimuladores da tireoide têm sido infrutíferas. Todas as modalidades terapêuticas são orientadas à tireoide ou às manifestações da produção excessiva de hormônio tireoidiano. Os recursos utilizados internacionalmente são os agentes antitireóideos iodo radioativo e a cirurgia. Bócio multinodular tóxico - Vários fatores etiológicos contribuem para a formação do bócio multinodular autônomo e, eventualmente, tóxico: a heterogeneidade funcional inerente dos nódulos tireóideos, fatores de crescimento, agentes bociogênicos, disponibilidade de iodo e anormalidades genéticas. É a segunda causa mais comum de hipertireoidismo. - A tireotoxicose pode ser precipitada pelo aumento da oferta de iodo a pacientes com bócio multinodular, tanto pela mudança para zona urbana com maior consumo de alimentos rico em iodo e sal iodado como por via medicamentosa ou contraste iodado, levando ao fenômeno conhecido iodo-basedow. - Ao longo do período de evolução, esses nódulos podem tornar-se autônomos, e raramente são observados em região iodo-suficiente. - A sintomatologia nesses casos é discreta, mas com predominância de manifestações cardíacas, como fibrilação atrial, talvez em razão da faixa etária dos afetados, geralmente mulheres acima dos 50 anos. O bócio multinodular não se associa a oftalmopatia ou dermopatia, mas os bócios tendem a ser volumosos e podem provocar sintomas compressivos. - Diagnóstico: O diagnóstico clínico do bócio multinodular tóxico evidencia sintomas de instalação geralmente insidiosa, e a maioria dos pacientes são assintomáticos ou pouco tóxicos, com predomínio de manifestações cardíacas, como taquicardia sinusal, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca congestiva. Pacientes idosos podem apresentar queixas de fadiga muscular, perda de apetite, cansaço, fraqueza, inapetência e depressão, caracterizando uma apresentação clínica atípica, conhecida como hipertireoidismo apático. Ao exame físico verificam-se a presença de bócio e, por vezes, alterações laboratoriais de função tireóidea. Os resultados podem demonstrar um TSH suprimido, com níveis normais, ou no limite superior do normal, de T3 e T4 livre. A ultrassonografia identifica a presença de pequenos nódulos, não palpáveis ao exame da tireoide, e determina suas características. A cintilografia e a captação tireoidianas são úteis no diagnóstico diferencial do hipertireoidismo, ajudando a distinguir a tireoidite do bócio multinodular tóxico ou bócio difuso tóxico. - Tratamento: inclui tionamidas, remoção cirúrgica, ablação com radioiodo e injeção percutânea de etanol. Adenoma tóxico - O adenoma tóxico funcionante autônomo é a terceira causa de hipertireoidismo. Exibe prevalência mundial variável. Aparentemente, sua maior incidência geográfica tem vinculação com a deficiência de iodo. Afeta mais mulheres que homens, preferencialmente acima de 60 anos. - Os adenomas tóxicos são alterações monoclonais de tireócitos, que apresentam aumento da captação de iodo e síntese de hormônio tireoidiano, independentemente de TSH. Podem ser causados tanto por mutações somáticas ativadoras do TSHR como por mutações somáticas ativadoras da subunidade alfa da proteína G (Gs alfa), resultando na inibição da atividade da ATPase. - A partir de 3-4 cm, os adenomas tóxicos já são palpáveis e apresentam produção hormonal suficiente para manifestações clínicas. Os sintomas clínicos apresentam-se de forma mais insidiosa comparada à doença de Graves, com predomínio de sintomas cardiovasculares nos pacientes mais idosos, e ausência de sinais oculares da oftalmopatia da doença de Graves. Tumores trofoblásticos - A mola hidatiforme e o coriocarcinoma constituem a doença trofoblástica gestacional que é uma causa rara de hipertireoidismo. Grandes quantidades de gonadotrofina coriônica são produzidas e essa possui fraca atividade similar ao TSH, o desenvolvimento do hipertireoidismo dependerá da natureza das isoformas e, das gonadotrofinas coriônicas produzidas. - Ocorre em cerca de 1 em 2.000 gravidezes nos Estados Unidos, e sua incidência é 10 vezes maior em países asiáticos e na América Latina. O coriocarcinoma aparece em aproximadamente 1 em 60.000 gravidezes, com cerca de 40% dos casos sobrevindo em mulheres previamente diagnosticadas como portadoras de mola hidatiforme. A remoção cirúrgica da mola ou a quimioterapia apropriada do coriocarcinoma cura o hipertireoidismo. Tireoidite subaguda - Essa entidade conhecida como tireoidite de De Quervain,tireoidite dolorosa,tireoidite de células gigantes e tireoidite granulomatosa,é causada por comprometimento tireóideo pós-infecção virótica do trato respiratório superior. - O início pode ser súbito ou gradual, com dor irradiada para os ouvidos (simulando otite), a mandíbula ou a área occipital. A tireoide, usualmente, encontra-se endurecida e a dor pode ser desencadeada por movimentação da cabeça ou deglutição. Os sintomas sistêmicos são comuns e podem incluir indisposição geral, febre, mialgia e cansaço. Essa condição é mais comum em mulheres e ocorre raramente 7 Sanndy Emannuelly – 4° Período em crianças e idosos. O pico de incidência acontece na 4 e 5 décadas de vida. - O episódio de tireoidite subaguda é geralmente autolimitado, com duração de 6 a 12 semanas, podendo estender-se por períodos de até um ano. O processo de recuperação da função glandular pode passar por fase de hipotireoidismo transitório, que pode perdurar por até dois meses. - Tratamento: Geralmente, a aspirina ou outro anti- inflamatório não-esteroide alivia a dor moderada. Para dores mais intensas pode ser necessário o uso de glicocorticoide. Utiliza-se a prednisona 40 a 60 mg uma vez ao dia, reduzindo a dose progressivamente no transcorrer de quatro semanas. Tireoidite de Hashimoto - Ocasionalmente, a tireoidite de Hashimoto acompanha-se de tireotoxicose moderada, especialmente na fase inicial da moléstia, mas os pacientes podem permanecer eutireóideos ou tornar-se hipotireóideos. Após o período tireotóxico, que pode perdurar por meses, cerca de 40% evoluem para hipotireoidismo, mas alguns podem retornar à condição de eutireoidismo. -Diagnóstico: Os níveis séricos do TSH estão suprimidos e os níveis séricos de hormônios tireoidianos, elevados. A inflamação da tireóide provoca liberação de antígenos na corrente sanguínea e a produção de anticorpos em muitos pacientes. Esses anticorpos não são a causa do processo inflamatório auto-imune, mas refletem apenas o dano glandular. A maioria dos pacientes apresenta bócio, classicamente firme, com consistência aumentada, móvel à deglutição, às vezes acompanhado de desconforto doloroso local e com superfície irregular à palpação. O diagnóstico é feito com base em dados clínicos. Hipotireoidismo - O hipotireoidismo é a alteração funcional endócrina mais comum. A diversidade de efeitos periféricos e a ampla variação da intensidade da doença – oscilando entre indivíduos assintomáticos a pacientes em coma com insuficiência orgânica múltipla – fazem do hipotireoidismo uma entidade clínica ardilosa. O espectro clínico inconstante depende da idade, do sexo, da condição física e do grau da carência hormonal do paciente. - Quando presente em recém-nascidos, pode trazer sérias consequências permanentes se não tratado, inclusive retardo mental, enquanto em crianças e adolescentes induz atraso do crescimento e do desenvolvimento físico. Em adultos, provoca redução generalizada dos processos metabólicos. As manifestações clínicas características do distúrbio eventualmente presentes nos mais jovens, encontram-se frequentemente ausentes ou são menos perceptíveis nos idosos. - Pode ser definido como um estado resultante da produção insuficiente dos hormônios tireoidianos. Segundo o momento da ocorrência, é qualificado em: 1- congênito: perturbação da função tireoidiana existente desde o nascimento; 2- adquirido: hipotireoidianos em que os sintomas aparecem tardiamente. - Conforme o local da lesão determinante é classificado em primário (na tireoide), secundário (na hipófise) ou terciário (no hipotálamo), sendo os dois últimos também reunidos sob a designação de hipotireoidismo central. Pela sua intensidade, pode ser classificado em subclínico (brando) ou clínico (manifesto). - Nos pacientes com hipotireoidismo primário, nos quais a tireotrofina (TSH) sérica encontra-se elevada, a distinção entre a modalidade clínica e subclínica pode ser feita bioquimicamente, pela concentração da tiroxina livre(T4L) sérica, que se encontra abaixo, no primeiro, ou dentro da faixa de referência, no último. - A denominação cretinismo é reservada a um complexo de sinais e sintomas que inclui surdez neurossensorial, retardo mental, baixa estatura e fácies característica, que ocorre em indivíduos portadores de hipotireoidismo congênito não tratado. - Em raras ocasiões, o hipotireoidismo pode ser suficientemente intenso para ser considerado emergência médica (coma mixedematoso). Nesta situação, mesmo com diagnóstico e tratamento precoces, o grau de mortalidade chega a atingir 60%; sua manifestação principal é a deterioração do estado mental. O coma mixedematoso ocorre mais comumente em pacientes idosos com história de hipotireoidismo expostos a condições estressantes, como cirurgia ou frio intenso. - O hipotireoidismo tem prevalência variável conforme a população estudada. Acomete mais mulheres que homens e a incidência em ambos os sexos aumenta com a idade, sobretudo após os 50 anos de idade. - Em alguns indivíduos, os seguintes fatores de risco favorecem seu aparecimento: situação pós-parto, bócio, doença nodular tireoidiana, ocorrência pregressa de tireoidite, história familiar de doença tireoidiana, doença autoimune endócrina não-tireoidiana (p. ex., diabetes mellitus tipo 1, insuficiência suprarrenal e insuficiência ovariana). Hipotireoidismo congênito - A deficiência endêmica de iodo persiste como causa importante mundial de hipotireoidismo congênito. Em regiões com suficiência iódica, afeta 1 em 4.000 recém- nascidos; esta condição é duas vezes mais comum em crianças do sexo feminino e tem caráter esporádico em 85% dos casos. - Nestas, a moléstia resulta de disgenesia tireoidiana (relacionada a mutações nos genes codificadores do PAX8 e 8 Sanndy Emannuelly – 4° Período fatores de transcrição tireoidianos TITF1 e FOXE1) ou de defeitos genéticos herdados da síntese hormonal tireoidiana. - A ausência de resposta ou resposta ineficaz ao TSH pode sobrevir de mutações nos genes responsáveis pela diferenciação dos tireotrofócitos hipofisários (POU1F1, PROP1, LHX3, HESX1), de defeitos estruturais do receptor de TRH, da cadeia TSH-beta e do receptor de TSH. - A passagem transplacentária de anticorpos bloqueadores antireceptor de TSH (TRAb), da mãe com doença tireoidiana auto-imune para o feto, pode também dar origem ao hipotireoidismo de caráter transitório. Hipotireoidismo primário adquirida Tireoidite auto-imune - Também designada doença de Hashimoto, é a causa mais comum de hipotireoidismo adquirido em adultos; apresenta prevalência sete vezes maior em mulheres e sua incidência aumenta na meia-idade. - A patogênese autoimune é corroborada pela infiltração linfocitária da tireoide, presença de autoanticorpos tireoidianos circulantes e células T ativadas (helper) CD4+ específicas para antígenos tireoidianos, e expressão de proteínas do complexo de histocompatibilidade (MHC) classe II apresentadoras de antígeno pelos tireócitos. - Como a tireoidite auto-imune é mais comum em áreas geográficas com aporte dietético iódico elevado, tem sido postulado que um excesso do elemento causa aumento na antigenicidade da tireoglobulina, implicada como um dos antígenos no processo. Contudo, os fatores específicos incitadores da tireoidite permanecem desconhecidos. - Nos portadores de tireoidite autoimune, a tireoide pode ser impalpável ou encontrar-se difusamente aumentada (150 a 300% acima do tamanho normal), com consistência firme, sem nódulos e contorno irregular. Nos pacientes com a variante fibrosa, a glândula mostra-se endurecida e bastante aumentada. - Os indivíduos afetados podem ostentar hipotireoidismo, eutireoidismo ou tireotoxicose transitória seguida por hipotireoidismo (hashitoxicose), que ocorre infrequentemente. - O exame para a confirmação diagnóstica presuntiva de tireoidite autoimune é a determinação dos autoanticorpos tireoidianos. Em alguns casos, não se consegue detectá-los em portadores de hipotireoidismo de longa duração, o que não exclui o diagnóstico. - A doença de Hashimoto pode encontrar-se associada a outras síndromes de insuficiência poliendocrinológica. A do tipo 1 inclui, mais frequentemente, a insuficiência supra- renal, hipoparatireoidismo e candidíase mucocutânea crônica. A do tipo 2 compreende insuficiência supra-renal, diabetes mellitus tipo 1 e insuficiência ovariana primária. Outras causas de dano tireoidiano - O hipotireoidismo primário adquirido pode resultar também de dano tireoidiano prévio por cirurgia ou irradiação – seja na forma de tratamento com iodo radioativo para tireotoxicose, radioterapia externa para tumores malignos da cabeça e pescoço, exposição ambiental acidental ao radioiodo. - Duas outras condições inflamatórias da tireoide, a tireoidite subaguda (tireoidite de De Quervain) e a tireoidite linfocítica (também chamada de tireoidite pós-parto, silenciosa ou indolor), podem levar a um estado de hipotireoidismo transitório. Em ambas as situações, tal fato segue período prévio de tireotoxicose, devido à liberação da tiroxina estocada, e frequentemente persiste por 2 a 8 semanas. - Na tireoidite subaguda, que se acredita ter etiologia viral, o bócio endurecido e doloroso acompanha-se de febre e mal- estar geral. A tireoidite linfocítica é um fenômeno autoimune que afeta 6 a 10% de mulheres entre 1 a 12 meses após o parto, ocorrendo raramente naquelas sem gravidez precedente e em homens. - Causa aumento modesto da tireoide. Como a maioria dos pacientes afetados recupera o eutireoidismo – cerca de 85% com tireoidite subaguda e 75% com tireoidite linfocítica, quase nunca é necessário o tratamento com hormônio tireoidiano. Drogas e substâncias tóxicas causadoras de hipotireoidismo - A talidomida causa hipotireoidismo por mecanismo desconhecido em usuários da droga. O agente retroviral estavudina tem sido igualmente associado ao aparecimento de hipotireoidismo. A administração prolongada de iodo em quantidades farmacológicas, seja na forma de amiodarona ou expectorantes, pode inibir a produção tireoidiana hormonal, particularmente em pacientes com tireoidite autoimune. - Na hemocromatose, a infiltração glandular pelo ferro pode provocar insuficiência glandular. Hipotireoidismo secundário e terciário (central) - Doenças que interferem na produção hipotalâmica de TRH, sua transferência por intermédio da haste hipofisária ou que prejudicam a geração de TSH podem provocar hipotireoidismo central. - As causas mais comuns desta deficiência são os adenomas hipofisários e os procedimentos cirúrgicos ou radioterapêuticos para tratá-los. Além disso, pode resultar de tumores que invadem o hipotálamo (germinoma, glioma e meningioma) ou a haste hipofisária na região supra-selar (craniofaringioma, cordoma). - Sarcoidose, hemocromatose e histiocitose são capazes de induzir igualmente a produção deficiente de TRH. Ainda, a 9 Sanndy Emannuelly – 4° Período disfunção do tireotrofócito pode ser causada por hipofisite linfocítica, infecção, doença metastática, apoplexia (síndrome de Sheehan ou necrose tumoral) e pelo bexaroteno, ligante seletivo do receptor retinóide X, usado no tratamento do linfoma cutâneo de células T. Fisiopatologia - O quadro clínico do hipotireoidismo, independentemente de suas causas, é função do grau de insuficiência tireoidiana, da época da vida em que tal deficiência se instalou, do tempo de duração do hipofuncionamento glandular, além de fatores individuais, variáveis em cada caso. Reflete a atuação sistêmica deficiente do hormônio tireoidiano, sobre a modulação da calorigênese e consumo de oxigênio na maioria dos tecidos e efeitos adicionais órgão-específicos. - A tiroxina (T4),principal produto da tireóide e do hormônio circulante, é convertida a T3 por monodesalogenação no citoplasma e no núcleo dos tecidos alvos por 3 desiodases distintas. As principais ações do hormônio tireoidiano são mediadas em nível genético pela ligação da T3 a uma das isoformas dos receptores TR-alfa-1, TR-beta-1 e TR-beta-2, que são membros da superfamília de receptores nucleares. - Na maioria das vezes, a interação da T3 com seu RT incita a ligação de cofatores proteicos acessórios, que ativam ou reprimem a transcrição de genes exclusivos – como os do TRH hipotalâmico e da subunidade TSH-beta. - A deficiência hormonal provoca diminuição da expressão do gene codificador e do número de receptores hepáticos da LDL, induzindo elevação em seu nível circulante; a atuação reduzida dos genes da cadeia pesada da miosina alfa miocárdica e dos genes da adenosina trifosfato do retículo sarcoplasmático prejudicam o desempenho miocárdico. Quadro clínico - O quadro clínico do hipotireoidismo manifesto é bem característico e compreende sintomas e sinais que incluem intolerância ao frio, ganho de peso, obstipação, pele seca, bradicardia, rouquidão, melancolia e raciocínio lento. A maioria dos achados reflete a redução generalizada dos processos metabólicos e o acúmulo intersticial de glicosaminoglicanos e ácido hialurônico nos vários tecidos. - O hipotireoidismo pode provocar deficiência cognitiva, particularmente problemas de memória. Outros achados neurológicos incluem depressão, psicose, ataxia, convulsões e coma. É causa potencial reversível de apnéia do sono. Também pode causar redução sensorial do paladar, audição e olfato. Outras manifestações atípicas do distúrbio abrangem hipotermia, insuficiência cardíaca congestiva. - É bem conhecido que alterações menstruais acompanham frequentemente mulheres portadoras de disfunção tireoidiana. A deficiência hormonal afeta o eixo reprodutivo de várias maneiras: Hiperprolactinemia, anovulação e, possivelmente, deficiência da fase lútea podem contribuir para a fertilidade reduzida no hipotireoidismo estabelecido, situação de maior risco de perda da gravidez. - A criança com hipotireoidismo congênito, na época neonatal, apresenta hipotermia, dificuldade de alimentação, bradicardia, icterícia, fontanela posterior alargada, obstipação intestinal e hérnia umbilical. Entretanto, em muitos casos podem parecer perfeitamente normais. - Quando a deficiência na produção hormonal tireoidiana surge posteriormente ao nascimento de maneira insidiosa, outras manifestações podem coexistir de forma branda e menos evidente, a saber: crescimento linear prejudicado com maturação óssea retardada, epífises femorais disgenéticas, erupção retardada dos dentes permanentes, puberdade retardada ou precoce, pseudo-hipertrofia muscular, galactorréia. - Os sinais físicos clássicos do hipotireoidismo incluem bradicardia, hipertensão diastólica, bulhas cardíacas hipofonéticas, hipotermia, pele seca, áspera e fria, queda de cabelos e das sobrancelhas, fala lenta e rouca, dificuldade na articulação das palavras, edema generalizado que não cede à pressão dos dedos, reflexos tendíneos profundos (p. ex.,reflexo aquileu) lentos. Contudo, nenhum destes achados é suficientemente sensível ou específico para o diagnóstico e, geralmente, estão presentes no hipotireoidismo grave. 2.1- Manifestações clínicas 2.2- Diagnóstico e tratamento (citar) - O tratamento para os distúrbios da tireoide depende da causa do problema. O hipotireoidismo é tratado com hormônios da tireoide orais. O hipertireoidismo pode ser tratado por remoção cirúrgica de toda ou parte da glândula tireoide, por destruição das células da tireoide com iodo radioativo ou por fármacos que bloqueiam tanto a síntese hormonal (tioureia) ou a conversão periférica de T4 em T3 (propiltiouracila). OBJETIVO 3: EXPLICAR AS NEOPLASIAS E DOENÇAS NODULARES DA TIREÓIDE. Robbins – Patologia Básica Endocrinologia clínica – Lucio Vilar NÓDULOS TIREOIDIANOS - Nódulos tireoidianos (NT) são um achado clínico comum. A grande importância no manuseio dos NT, apesar de a maioria representar lesões benignas, é descartar a possibilidade de câncer (Ca) da tireoide, que ocorre em 5 a 10% dos casos em adultos e em até 26% em crianças. Esses percentuais não diferem significativamente se a glândula apresentar um nódulo único ou múltiplos nódulos. - A doença nodular da tireoide, que contempla nódulos solitários e bócio multinodular, é, portanto, um problema clínico corriqueiro, com etiologias diversas e 10 Sanndy Emannuelly – 4° Período preponderantemente benignas, mais comum em mulheres, idosos e em regiões com deficiência de iodo. As causas mais frequentes de NT são cistos coloides e tireoidites (80% dos casos), além de neoplasias foliculares benignas (10 a 15%) e carcinoma (5 a 10%). - O mecanismo de formação de NT é pobremente entendido. Embora o TSH seja o principal estimulador da função celular tireoidiana normal, seu papel como fator de crescimento na doença nodular é controverso. Outros fatores de crescimento atuam diretamente nas células foliculares. - NT mostram-se, em geral, de evolução insidiosa e assintomática, sendo frequentemente descobertos em exame clínico de rotina, ou acidentalmente, em avaliações por imagens da região cervical anterior, caracterizando os chamados incidentalomas tireoidianos. Estes últimos são, geralmente, não palpáveis e têm diâmetro < 1 cm. - Quando se detecta um nódulo na tireoide, qualquer que seja o modo de identificação inicial, é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula. - Embora nódulos sejam oito vezes mais comuns em mulheres, o risco de malignidade no sexo masculino é duas a três vezes maior. O Ca da tireoide é mais comum em crianças (10 a 26% dos nódulos são malignos) e pessoas idosas, mas a maioria das lesões nodulares nessa faixa etária é benigna. Nódulos em indivíduos com menos de 20 anos e acima de 70 anos de idade apresentam maior risco de serem malignos. - Sintomas como rápido crescimento do nódulo, rouquidão persistente ou mudança da voz e, mais raramente, disfagia e dor podem indicar invasão tissular local por um tumor. Entretanto, pacientes com Ca de tireoide em geral evoluem sem sintomas. Lesões benignas mais vascularizadas podem apresentar rápido crescimento e dor em decorrência de hemorragia intranodular, achado mais frequente em neoplasias benignas, como os adenomas. Bócio difuso e multinodular O aumento da tireoide, ou bócio, é a manifestação mais comum de doença tireoidiana. Bócios difusos e multinodulares refletem o comprometimento da síntese de hormônio tireoidiano, mais frequentemente provocados pela deficiência dietética de iodo. O comprometimento da síntese hormonal tireoidiana leva a uma elevação compensatória do TSH sérico que, por sua vez, provoca a hipertrofia e a hiperplasia das células foliculares tireoidianas e, em última análise, o aumento macroscópico da glândula tireoide. O aumento compensatório da massa funcional da glândula é suficiente para superar a deficiência hormonal, garantindo um estado metabólico eutireoidiano na imensa maioria das pessoas afetadas. - O grau de aumento tireoidiano é proporcional ao nível e à duração da deficiência hormonal tireoidiana. Os bócios podem ser endêmicos ou esporádicos: O bócio endêmico ocorre em áreas geográficas onde o solo, a água e os suprimentos alimentares contêm pouco iodo. A designação endêmico é usada quando os bócios estão presentes em mais de 10% da população em dada região. Essas condições são particularmente comuns nas áreas montanhosas do mundo, incluindo o Himalaia e os Andes. Com a crescente disponibilidade da suplementação dietética com iodo, a frequência e a gravidade do bócio endêmico declinaram significativamente. O bócio esporádico ocorre menos comumente do que o bócio endêmico. A condição é mais comum em mulheres do que em homens, com um pico de incidência na puberdade ou em adultos jovens, quando ocorre um aumento da demanda fisiológica por T4. O bócio esporádico pode ser provocado por diversas condições, incluindo a ingestão de substâncias que interferem na síntese hormonal tireoidiana em algum nível, como o excesso de cálcio e de vegetais como repolho, couve- flor, couve-de-bruxelas, nabo. Em outras situações, o bócio pode resultar de defeitos enzimáticos hereditários que interferem na síntese hormonal tireoidiana. Na maioria dos casos, contudo, a causa do bócio esporádico não é aparente. - Na maior parte dos casos, a hipertrofia e a hiperplasia das células foliculares tireoidianas induzidas pelo TSH resultam inicialmente em aumento difuso e simétrico da glândula (bócio difuso). - Com o tempo, episódios recorrentes de hiperplasia e involução se combinam para produzir aumento mais irregular da tireoide, denominado bócio multinodular. Virtualmente todos os bócios difusos de longa duração se convertem em bócios multinodulares. - Os bócios multinodulares tipicamente são hormonalmente silenciosos, embora uma minoria (aproximadamente 10% ao longo de 10 anos) possa se manifestar com tireotoxicose secundária ao desenvolvimento de nódulos autônomos que produzem hormônio tireoidiano independentemente do estímulo do TSH. Essa condição, conhecida como bócio multinodular tóxico ou síndrome de Plummer. - Os bócios multinodulares são glândulas multilobuladas, assimetricamente aumentadas, que podem atingir tamanho volumoso. Características Clínicas As características clínicas dominantes do bócio são aquelas provocadas pelos efeitos de massa da glândula aumentada. Além do problema cosmético óbvio de uma grande massa no pescoço, os bócios também podem provocar obstrução das vias aéreas, disfagia e compressão dos grandes vasos do pescoço e do tórax superior (na chamada síndrome da veia cava superior). 11 Sanndy Emannuelly – 4° Período - Um nódulo hiperfuncionante (tóxico) pode se desenvolver dentro de um bócio de longa duração, resultando em hipertireoidismo. A incidência de malignidade nos bócios multinodulares de longa duração é baixa (menos de 5%), mas não é zero, e a preocupação com as malignidades surge com os bócios que demonstram alterações súbitas no seu tamanho ou sintomas associados. NEOPLASIAS DA TIREOIDE - O câncer de tireoide é raro (cerca de 1% de todos os tipos), mas, entre as neoplasias endócrinas malignas, é o mais frequente. As neoplasias malignas tireoidianas podem se originar de três diferentes tipos de células: as foliculares, as parafoliculares e as não tireoidianas. As células foliculares, que constituem a quase totalidade dos elementos celulares da tireoide, são responsáveis por cerca de 90% ou mais dos carcinomas tireoidianos. - Nesses casos, há nítida diferenciação histológica entre os carcinomas bem-diferenciados e os indiferenciados. Os bem- diferenciados, que são a maioria absoluta dos derivados das células foliculares (mais de 90%), são subdivididos em dois grupos: os papilíferos e os foliculares. Os indiferenciados ou anaplásicos constituem menos de 5% dos carcinomas tireoidianos. Por outro lado, os carcinomas medulares são derivados das células parafoliculares, produtoras de calcitonina, e representam 3 a 4% dos carcinomas tireoidianos, e podem ser esporádicos (75 a 80% dos casos) ou, menos comumente, hereditários ou familiares. - Tumores malignos de origem de células não tireoidianas não ultrapassam 5% do total. Entre eles, destacam-se os linfomas, os sarcomas, as lesões metastáticas, os teratomas e os hemangioendoteliomas. - A glândula tireoide dá origem a uma variedade de neoplasias, variando desde adenomas circunscritos, benignos, até carcinomas altamente agressivos, anaplásicos. Do ponto de vista clínico, a possibilidade de um tumor é a maior preocupação nos pacientes que se apresentam com nódulos tireoidianos. Felizmente, a imensa maioria dos nódulos solitários da tireoide prova ser adenomas foliculares ou condições não neoplásicas localizadas. - Os nódulos solitários, em geral, mais provavelmente serão neoplásicos do que os nódulos múltiplos. Os nódulos em pacientes mais jovens mais provavelmente serão neoplásicos do que aqueles em pacientes mais velhos. Os nódulos em homens mais provavelmente serão neoplásicos do que aqueles nas mulheres. História de radioterapia na região da cabeça e pescoço está associada a maior incidência de malignidade tireoidiana. Os nódulos que captam iodo radioativo nos estudos de imagem (nódulos quentes) mais provavelmente serão benignos do que malignos, refletindo células bem diferenciadas. Adenomas - Os adenomas da tireoide são neoplasias benignas derivadas do epitélio folicular. Como no caso de todas as neoplasias tireoidianas, os adenomas foliculares geralmente são solitários e com critérios clínicos e morfológicos difíceis de diferenciar. - Embora a imensa maioria dos adenomas seja não funcional, pequena proporção produz hormônios tireoidianos (adenomas tóxicos), provocando tireotoxicose clinicamente aparente. Em geral, os adenomas foliculares não são precursores dos carcinomas. - A via de sinalização do receptor do TSH desempenha um importante papel na patogenia dos adenomas tóxicos. Mutações somáticas ativadoras (com ganho de função) em um ou dois componentes desse sistema de sinalização permite que as células foliculares secretem hormônio tireoidiano independentemente do estímulo do TSH (autonomia tireoidiana). O resultado dessa superabundância é um hipertireoidismo sintomático, com nódulo tireoidiano “quente” observado nos estudos de imagem. - O adenoma tireoidiano típico é uma lesão solitária, esférica, que comprime a tireoide adjacente não neoplásica. As células neoplásicas estão demarcadas do parênquima adjacente por uma cápsula bem definida, intacta. Essas características são importantes no estabelecimento da distinção com os bócios multinodulares, que contêm múltiplos nódulos na sua superfície de corte. - A maior parte dos adenomas da tireoide se manifesta como nódulos indolores, frequentemente descobertos durante um exame físico de rotina. As massas maiores podem produzir sintomas locais, como dificuldade de deglutição. Conforme anteriormente afirmado, as pessoas com adenomas tóxicos podem se apresentar com características de tireotoxicose. - Os adenomas suspeitos da tireoide são, consequentemente, removidos cirurgicamente a fim de excluir a malignidade. Os adenomas tireoidianos apresentam excelente prognóstico e não recidivam ou metastatizam. Carcinomas Diferenciados de tireoide - Neste grupo, incluem-se o carcinoma papilífero (80% dos casos) e o folicular (20%). Os carcinomas diferenciados de tireoide (CDT) habitualmente são encontrados na tireoide que apresenta um ou mais nódulos, em um indivíduo eutireóideo. Excepcionalmente, o carcinoma folicular pode se apresentar como nódulo tireoidiano autônomo e hipertireoidismo. o Carcinoma papilífero - Ocorre em qualquer faixa etária, porém predomina em indivíduos mais jovens (entre a terceira e a quinta década). Seu crescimento em geral é lento e apresenta baixo grau de progressão, de modo que sua detecção leva um longo período. De maneira geral, o prognóstico é bom, e pelo 12 Sanndy Emannuelly – 4° Período menos 80% dos pacientes permanecem vivos cerca de 10 anos após o diagnóstico. Ele costuma ter excelente evolução nos adultos jovens, e raramente leva a óbito pacientes com menos de 40 a 45 anos. - A disseminação do CPT dá-se por meio dos linfáticos intraglandulares, evoluindo do foco inicial para as outras partes da tireoide e para linfonodos cervicais. Dessa forma, lesões multicêntricas na tireoide são comuns e, por ocasião da apresentação, 25% dos pacientes têm metástases cervicais, 20% têm invasão extratireoidiana e 5% apresentam metástases a distância, especialmente para os pulmões. - Os 5 a 10% dos casos de CPT que evoluem para morte são constituídos pelo grupo de pacientes com idade superior a 40 anos que apresentam lesões aderentes às estruturas adjacentes, com metástases invasivas cervicais ou a distância e que apresentam variantes histológicas mais agressivas. - São tumores não funcionantes, de modo que se manifestam mais frequentemente como massa indolor no pescoço ou no interior da tireoide, ou como metástase em linfonodo cervical. - Os carcinomas papilíferos podem se manifestar como lesões solitárias ou multifocais no interior da tireoide. Em alguns casos, podem ser bem circunscritas e mesmo encapsuladas. Em outros casos, podem infiltrar o parênquima adjacente com margens mal definidas. As lesões podem conter áreas de fibrose e calcificação, e frequentemente são císticas. - Os núcleos das células do carcinoma papilífero contêm cromatina muito finamente dispersa, que confere aspecto opticamente claro, dando origem à designação de núcleos em vidro fosco ou em “olho da órfã Annie”. o Carcinoma folicular - O carcinoma folicular de tireoide corresponde a aproximadamente 10% de todos os carcinomas tireoidianos e apresenta maior prevalência em regiões onde a ingestão de iodo é deficiente. Ocorre em um grupo etário mais avançado do que o CPT, com pico de incidência na quinta década de vida. - Geralmente é diagnosticado pelo achado de nódulo único na tireoide, descoberto casualmente. Outras vezes, porém, apresenta-se como crescimento recente de um nódulo em bócio de longa duração ou por metástase a distância (15 a 20% dos casos), com envolvimento pulmonar. - Diferentemente do carcinoma papilífero, o folicular raramente cursa com metástases para linfonodos cervicais. Além disso, são também raras metástases cutâneas, hepáticas, adrenais, renais, cardíacas ou para a região selar. A apresentação típica do CDT é de um bócio nodular, associado a valores normais de TSH e T4 livre. Na literatura há poucos relatos de um CDT em um bócio nodular tóxico e isso geralmente reflete a concomitância das duas condições. Também rara a produção de T3 e T4 por metástases de carcinoma folicular, levando eventualmente a hipertireoidismo. - Ao exame microscópico, a maior parte dos carcinomas foliculares é composta por células bem uniformes formando pequenos folículos, que lembram a tireoide normal; em outros casos, a diferenciação folicular pode ser menos aparente. Os carcinomas foliculares podem ser amplamente invasivos, infiltrando o parênquima tireoidiano e os tecidos conjuntivos extratireoidianos, ou minimamente invasivos. - Os carcinomas foliculares se manifestam mais frequentemente como nódulos tireoidianos frios. Em casos raros, eles podem ser hiperfuncionantes. Essas neoplasias tendem a metatastizar através da corrente sanguínea (disseminação hematogênica) para os pulmões, ossos e fígado. Ao contrário dos carcinomas papilíferos, as metástases para linfonodos regionais são raras. o Carcinoma medular - Se origina das células C ou parafoliculares e pode apresentar-se de duas formas: esporádica ou familiar. Cerca de 75 a 80% desses tumores são de origem esporádica, enquanto 20 a 25% da síndrome fazem parte da síndrome genética conhecida com neoplasia endócrina múltipla (MEN) do tipo 2. - O CMT tem leve predominância no sexo feminino e apresenta-se em qualquer faixa etária. A forma esporádica tem pico de incidência durante a quinta e a sexta década de vida, enquanto as formas familiares manifestam-se mais precocemente. A forma familiar isolada tem idade típica de aparecimento na terceira década, MEN-2A na segunda década e MEN-2B em pessoas com menos de 10 anos, inclusive no primeiro ano de vida. O CMT que se apresenta na MEN-2B é muito mais agressivo que aquele observado na MEN-2a. - Os pacientes com CMT, seja da forma esporádica ou familiar, apresentam-se geralmente com um nódulo palpável, duro, localizado nos dois terços superiores da tireoide, onde estão as células parafoliculares. Eventualmente, o tumor pode ser detectado acidentalmente em exames de imagem da região cervical. O CMT esporádico em geral é um tumor indolente e solitário, enquanto o hereditário geralmente é multicêntrico. Sintomas como disfagia, rouquidão e pressão local são pouco frequentes e dependem do tamanho e da invasibilidade do tumor. - Metástases linfonodais ocorrem em 50% dos pacientes ao diagnóstico e podem ser o primeiro achado no exame físico. Metástases para o fígado, pulmão e ossos são observadas em 20% dos pacientes ao diagnóstico. Mais raras são metástases para pele, adrenal, cérebro ou mamas. - Os carcinomas medulares podem surgir como nódulo solitário ou se manifestar como lesões múltiplas envolvendo 13 Sanndy Emannuelly – 4° Período os dois lobos da tireoide. A multicentricidade é particularmente comum nos casos familiais. As lesões maiores frequentemente contêm áreas de necrose e hemorragia, podendo se estender através da cápsula tireoidiana. Ao exame microscópico, os carcinomas medulares são compostos por células poligonais a fusiformes, que podem formar ninhos, trabéculas ou mesmo folículos. - Uma das características peculiares dos carcinomas medulares familiais é a presença de hiperplasia multicêntrica das células C no parênquima tireoidiano circundante, característica que, acredita-se, representa lesões precursoras a partir das quais o carcinoma medular se origine. o Carcinoma indiferenciado ou anaplásico - é o tipo mais grave e o menos comum das neoplasias malignas da tireoide, respondendo por 1 a 3% dos casos. Mais prevalente em áreas de deficiência de iodo, ele tipicamente predomina em mulheres (3:1) e em idosos (pico entre 65 e 70 anos). É muito raro em pessoas com menos de 50 anos. - O carcinoma anaplásico é uma das formas mais agressivas e resistentes de cânceres, com crescimento rápido, invasão local precoce e prognóstico extremamente desfavorável. A invasão local pode causar dificuldade para respirar ou engolir, e traqueostomia é frequentemente necessária. Esses tumores provocam, com frequência, metástases para linfonodos cervicais e metástase a distância (sobretudo para os pulmões). Metástases ósseas são caracteristicamente raras. - Os carcinomas anaplásicos se manifestam como massas volumosas que tipicamente crescem rapidamente além da cápsula tireoidiana para as estruturas adjacentes do pescoço. Ao exame microscópico, essas neoplasias são compostas por células altamente anaplásicas, que podem assumir qualquer de diversos padrões histológicos. - Os carcinomas anaplásicos crescem com extrema agressividade, independentemente do tratamento. As metástases para locais distantes são comuns, mas na maior parte dos casos o óbito ocorre em menos de um ano como resultado do crescimento agressivo local e do comprometimento das estruturas vitais do pescoço.
Compartilhar