Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Engenharia de Alimentos Karine Guimarães Moreira Larissa Tacimara Santos Tatiane Siqueira DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA INDÚSTRIA DE COOKIES LIGHT ADICIONADO DE POLPA DE ARATICUM Diamantina 2019 Karine Guimarães Moreira Larissa Tacimara Santos Tatiane Siqueira PLANEJAMENTO E PROJETO DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS: Desafios e perspectivas para implantação de uma indústria de Cookies light adicionado de polpa de araticum Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso. Orientador: Profº Drº Marcio Schmiele Diamantina 2019 RESUMO RESUMO O cookie é um produto obtido pelo amassamento e cozimento de massa preparada com farinhas e que pode ser adicionado de outras substâncias alimentícias permitidas por legislação. É um produto de consumo mundial que possui grande aceitabilidade e diversidade. A adição do fruto araticum (Annona crassiflora) agrega sabor e aroma aos cookies, além da sua contribuição nutricional. A elaboração do presente trabalho permitiu realizar o planejamento e projeto de uma indústria de cookies light adicionado de polpa de araticum, a FITCOOKIES. Foram abordadas as definições do produto e a legislação vigente em que o produto se enquadra, o estudo de mercado, mostrando a participação do biscoito no mercado nacional, o fluxograma de produção, abordando as principais características e requisitos necessários para o processamento de cada etapa, o balanço de massa e energia, realizado para quantificar os insumos e gastos e da indústria. Também foi realizado o dimensionamento e a escolha dos equipamentos que melhor se adequem ás necessidades da indústria, o controle de qualidade e a elaboração do layout, a fim de estudar o espaço onde será implementado a indústria. Também foi realizado o estudo da região em que melhor seria implantado a indústria, mostrando-se ser Montes Claros-MG a cidade potencial mais indicada; esta região contempla todos os itens considerados importantes para o crescimento da FITCOOKIES, sendo eles: proximidade com a polpa de araticum, proximidade com os insumos e facilidade de escoamento do produto final. A indústria terá capacidade de produção diária de 290 kg de cookie, sendo 1 batelada por hora e 6 bateladas ao dia. As embalagens foram desenvolvidas de acordo com o estudo realizado com possíveis consumidores, sendo que cada embalagem contém 10 unidades de cookie, cada um de 10g. A partir da análise financeira, com a produção mensal de 58.000 embalagens de 100g, concluiu-se que a implantação da indústria é aplicável e retornará lucro a partir do quinto mês de funcionamento. Palavras-chave: projeto industrial; engenharia; biscoitos. ABSTRACT The cookie is a product obtained by kneading and baking dough prepared from flour which can be added other substances permitted by food legislation. It is a global consumer product that has great acceptance and diversity. The addition of araticum (Annona crassiflora) adds taste and flavor to cookies in addition to its nutritional contribution. The preparation of this work has made possible the planning and design of a light cookies added industry araticum pulp, the FITCOOKIES. product settings and the current legislation have been addressed where the product fits the market study showing the share of cookie in the domestic market, the flowchart of production, addressing the main characteristics and requirements for the processing of each step, the mass and energy balance, performed to quantify the inputs and spending and industry. It was also carried out the design and the choice of equipment that best fit the needs of industry, quality control and preparing the layout, in order to study the space where it will be implemented the industry. Also the study was conducted in the region that would be better deployed the industry, proving to be Claros-MG Montes potential city most appropriate; this region includes all items considered important to the growth of FITCOOKIES, namely: proximity to the pulp araticum, proximity to raw materials and ease of flow of the final product. Industry would daily production capacity of 290 kg of cookie being one batch per hour and six batches a day. The packages were developed according to the study of possible consumers, each package contains 10 units cookie, each of 10g. From the financial analysis, with monthly production of 58,000 packs of 100g, it was concluded that the industry's deployment is applicable and return profit from the fifth month of operation. Key words:industrial design; engineering; cookies. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Fluxograma de processamento de biscoito tipo cookie. ...................................... 29 Figura 2. Questionário aplicado na pesquisa de opinião sobre o consumo de cookies e interesse de consumo de cookie light adicionado de polpa de araticum. ............................ 53 Figura 3. Resultados obtidos pela pesquisa de opinião sobre o consumo de cookies light adicionado de polpa de araticum. ................................................................................... 544 Figura 4. Resultados obtidos pela pesquisa de opinião sobre o consumo de cookies light adicionado de polpa de araticum. ................................................................................... 555 Figura 5. Resultados obtidos pela pesquisa de opinião sobre o consumo de cookies light adicionado de polpa de araticum. ................................................................................... 566 Figura 6. Resultados obtidos pela pesquisa de opinião sobre o consumo de cookies light adicionado de polpa de araticum. ................................................................................... 577 Figura 7. Protótipo da embalagem FITCOOKIES - Cookies light adicionado de polpa de araticum (vista superior)................................................................................................6161 Figura 8. Protótipo da embalagem FITCOOKIES - Cookies light adicionado de polpa de araticum (vista frontal). .................................................................................................6161 Figura 9. Protótipo da embalagem FITCOOKIES - Cookies light adicionado de polpa de araticum (vista lateral)...................................................................................................6161 Figura 10. Protótipo da embalagem FITCOOKIES - Cookies light adicionado de polpa de araticum (planificação). .................................................................................................... 62 Figura 11. Cadeia produtiva de biscoito tipo cookie. ...................................................... 644 Figura 12. Cidade de Montes Claros no estado de Minas Gerais. .................................... 755 Figura 13. Diagrama pictorial do processamento de biscoito tipo cookie................. ........ 778 Figura 14 – Balanço de massa para a recepção dos insumos................................................84 Figura 15 – Balanço de massa para a pesagem dos insumos................................................85 Figura 16 – Balanço de massa para a fase creme e massa....................................................86 Figura 17 – Balanço de massa para a divisão e modelagem da massa..................................86 Figura 18 – Balanço de massa para o forneamento da massa...............................................87 Figura 19 – Balanço de massa para o resfriamento dos cookies..........................................87file:///C:/Users/Karine/Desktop/com%20sumario%20tcc%2018.11.docx%23_Toc24991470 Figura 20 – Balanço de massa para a embalagem dos cookies.............................................88 Figura 21 – Balanço de massa para o armazenamento e expedição dos cookies..................88 Figura 22. Características geométricas de um tanque padrão............................................ 899 Figura 23. Câmara fria..................................................................................................... 944 Figura 24. Refrigerador Metal frio 324 litros. .................................................................. 955 Figura 25. Número de potência versus Reynolds. ............................................................ 999 Figura 26. Amassadeira G-paniz 60 kg. ........................................................................... 999 Figura 27. Pingadeira Metrol, modelo biscomaq 400. ................................................. 100100 Figura 28. Forno comercial (modelo ZC-100C). ....................................................... 100100 Figura 29. Empacotadeira FWL280B. ...........................................................................1044 Figura 30. Projeto arquitetônico simplificado. ................................................................1077 Figura 31. Planta baixa. ..................................................................................................1088 Figura 32. Instalações elétricas e hidrossanitárias. ..........................................................1099 file:///C:/Users/Karine/Desktop/com%20sumario%20tcc%2018.11.docx%23_Toc24991479 file:///C:/Users/Karine/Desktop/com%20sumario%20tcc%2018.11.docx%23_Toc24991480 file:///C:/Users/Karine/Desktop/com%20sumario%20tcc%2018.11.docx%23_Toc24991481 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Análise dos perigos físicos, químicos e biológicos e determinação dos pontos críticos de controle para as matérias-primas, ingredientes, aditivos e coadjuvante de tecnologia. ....................................................................................................................... 34 Tabela 2 – Análise dos perigos físicos, químicos e biológicos e determinação dos pontos críticos de controle para as etapas do processamento. ....................................................4545 Tabela 3 – Fornecedores da indústria FITCOOKIES. ..................................................... 666 Tabela 4 – Concorrentes diretos do biscoito tipo cookie light adicionado de polpa de araticum. ........................................................................................................................ 678 Tabela 5 – Concorrentes indiretos do biscoito tipo cookie light adicionado de polpa de araticum. .......................................................................................................................6868 Tabela 6 – Características demográficas das cidades: Diamantina, Sete Lagoas e Montes Claros. ..........................................................................................................................7271 Tabela 7 – Teorias clássicas e contemporâneas utilizadas na análise locacional da indústria FITCOOKIES. ..............................................................................................................7372 Tabela 8 – Notas atribuídas aos fatores clássicos e contemporâneos utilizados na análise locacional da indústria FITCOOKIES. ........................................................................... 734 Tabela 9 – Matriz de oportunidades para a análise locacional da indústria FITCOOKIES. 74 Tabela 10 – Ingredientes para a produção de cookies. ...................................................... 80 Tabela 11 – Cronograma de produção diária. ................................................................8282 Tabela 12 – Equações para determinação da capacidade calorífica para os componentes individuais dos alimentos. ................................................................................................ 93 Tabela 13 – Média do calor específico da polpa de araticum (kg.m-3). ...........................9593 Tabela 14 – Fração mássica dos componentes da polpa. ................................................9595 Tabela 15 – Fração mássica (X) dos componentes da polpa. ..........................................9696 Tabela 16 – Equações para determinação da densidade para os componentes individuais dos alimentos. .....................................................................................................................9797 Tabela 17 – Média da massa específica da mistura e amassamento (kg.m-3). .................9898 Tabela 18 – Massa e Fração mássica dos ingredientes do cookie. .............................. 101101 Tabela 19 – Composição centesimal de cada componente. ........................................ 102102 Tabela 20 – Calor específico x Fração mássica da entrada e da saída...............................102 Tabela 21 – Dimensões dos equipamentos da indústria FITCOOKIES. .........................1055 Tabela 22 – Cálculo da área mínima necessária para implantação da indústria FITCOOKIES. ..............................................................................................................1066 Tabela 23 – Relação de fornecedores de insumos e matérias primas. ........................... 11010 Tabela 24 – Investimentos fixos em máquinas da indústria FITCOOKIES. ................. 11111 Tabela 25 – Estoque inicial para 15 dias da indústria FITCOOKIES. ............................. 111 Tabela 26 – Investimentos pré-operacionais da indústria FITCOOKIES. .......................1122 Tabela 27 – Custos com mão de obra mensal. ................................................................ 112 Tabela 28 – Caixa mínimo da FITCOOKIES. ...............................................................1133 Tabela 29 – Capital de giro. ..........................................................................................1133 Tabela 30 – Resultado da avaliação econômica da FITCOOKIES. ................................1144 Tabela 31 – Indicadores de viabilidade para o primeiro ano da FITCOOKIES. .............1144 Tabela 32 – Análise de cenários da FITCOOKIES. .......................................................1166 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 18 2 OBJETIVOS....................................................................................................................... 20 2.1. Objetivo geral ................................................................................................................. 20 2.2. Objetivo específico .......................................................................................................... 20 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 21 4 ESTUDO DO PRODUTO .................................................................................................. 22 4.1. Definição e classificação do produto e denominação de venda segundo a legislação .... 22 4.2. Composição do biscoito tipo cookie ............................................................................... 23 4.2.1. Ingredientes obrigatórios............................................................................................ 23 4.2.1.1. Farinha de trigo ...................................................................................................... 23 4.2.1.2. Farinha de aveia ...................................................................................................... 24 4.2.1.3. Margarina culinária................................................................................................ 244.2.1.4. Sacarose................................................................................................................... 25 4.2.2. Ingredientes opcionais ................................................................................................ 25 4.2.2.1. Ovo integral líquido pasteurizado e refrigerado .................................................... 25 4.2.2.2. Cloreto de sódio ...................................................................................................... 25 4.2.2.3. Essência de baunilha ............................................................................................... 26 4.2.2.4. Gotas de chocolate .................................................................................................. 26 4.2.2.5. Polpa de araticum ................................................................................................... 26 4.2.2.6. Fermento químico ................................................................................................... 26 4.3. Características físico-químicas ....................................................................................... 27 4.4. Aditivos ........................................................................................................................... 28 4.5. Fluxograma de produção ............................................................................................... 28 4.6. Descrição detalhada de cada etapa ................................................................................ 29 4.6.1. Recepção dos insumos................................................................................................. 29 4.6.2. Teste de qualidade da matéria prima ......................................................................... 30 4.6.3. Pesagem....................................................................................................................... 30 4.6.4. Mistura ........................................................................................................................ 30 4.6.5. Divisão e modelagem .................................................................................................. 31 4.6.6. Forneamento ............................................................................................................... 31 4.6.7. Resfriamento ............................................................................................................... 31 4.6.8. Embalagem ................................................................................................................. 31 4.6.9. Armazenamento e expedição ...................................................................................... 31 4.7. Controle de qualidade .................................................................................................... 32 4.7.1. Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) ...................................... 32 4.7.2. Controle de qualidade das matérias primas .............................................................. 33 4.7.3. Controle de qualidade do processamento .................................................................. 33 4.7.4. Controle de qualidade no produto final ..................................................................... 50 4.7.5. Testes nas matérias primas, ingredientes e aditivos .................................................. 50 4.7.5.1. Farinha de trigo ...................................................................................................... 50 4.7.5.2. Farinha de aveia ...................................................................................................... 50 4.7.5.3. Margarina culinária................................................................................................ 50 4.7.5.4. Polpa de araticum ................................................................................................... 50 4.7.5.5. Sacarose (açúcar refinado) ..................................................................................... 51 4.7.5.6. Sacarose (açúcar mascavo) ..................................................................................... 51 4.7.5.7. Ovo integral líquido pasteurizado e refrigerado .................................................... 51 4.7.5.8. Gotas de chocolate .................................................................................................. 51 4.7.5.9. Cloreto de sódio ...................................................................................................... 51 4.7.5.10. Fermento químico ................................................................................................... 52 4.7.5.11. Essência de baunilha ............................................................................................... 52 4.7.5.12. Lecitina de soja ....................................................................................................... 52 4.8. Pesquisa de opinião ........................................................................................................ 52 4.8.1. Resultados da pesquisa de opinião ............................................................................. 54 4.9. Caracterização da embalagem e protótipo .................................................................... 58 5 ESTUDO DO MERCADO ................................................................................................. 63 5.1. Cadeia produtiva ............................................................................................................ 63 5.2. Segmento de mercado e público alvo ............................................................................. 64 5.3. Avaliação de mercado agroindustrial ............................................................................ 65 5.4. Fornecedores .................................................................................................................. 65 5.5. Concorrentes .................................................................................................................. 67 5.6. Principais potenciais regiões .......................................................................................... 69 5.6.1. Matérias primas .......................................................................................................... 69 5.6.2. Características das regiões ......................................................................................... 70 5.6.3. Análise locacional ....................................................................................................... 72 6 PROJETO DE ENGENHARIA ......................................................................................... 76 6.1. Diagrama pictorial ......................................................................................................... 76 6.2. Descrição das etapas do processo ................................................................................... 78 6.2.1. Recepção ..................................................................................................................... 78 6.2.2. Descongelamento ........................................................................................................ 78 6.2.3. Pesagem....................................................................................................................... 78 6.2.4. Mistura ........................................................................................................................ 78 6.2.5. Divisão e modelagem .................................................................................................. 79 6.2.6. Forneamento ............................................................................................................... 79 6.2.7. Resfriamento ...............................................................................................................79 6.2.8. Embalagem ................................................................................................................. 79 6.2.9. Armazenamento e expedição ...................................................................................... 79 6.3. Capacidade de produção ................................................................................................ 79 6.4. Cálculo da quantidade de matéria prima utilizada por dia .......................................... 80 6.5. Cronograma de processamento diário ........................................................................... 81 6.6. Balanço de massa ............................................................................................................ 83 6.6.1. Recepção ..................................................................................................................... 84 6.6.2. Pesagem....................................................................................................................... 84 6.6.3. Mistura ........................................................................................................................ 85 6.6.4. Divisão e modelagem .................................................................................................. 86 6.6.5. Forneamento ............................................................................................................... 87 6.6.6. Resfriamento ............................................................................................................... 87 6.6.7. Embalagem ................................................................................................................. 87 6.6.8. Armazenamento .......................................................................................................... 88 6.7. Balanço de energia e dimensionamento dos equipamentos ........................................... 88 6.7.1. Congelamento (câmara fria)....................................................................................... 89 6.7.2. Descongelamento (refrigerador)................................................................................. 94 6.7.3. Mistura e amassamento (amassadeira) ...................................................................... 96 6.7.4. Divisão e modelagem (pingadeira) ........................................................................... 100 6.7.5. Forneamento (forno)................................................................................................. 100 6.7.6. Embalagem (empacotadeira) .................................................................................... 103 7 LAYOUT .......................................................................................................................... 105 8 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ............................................................... 110 8.1. Fornecedores ................................................................................................................ 110 8.2. Custos fixos e variáveis ................................................................................................. 110 8.3. Resultado da viabilidade econômica e análise de cenários .......................................... 114 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 117 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 118 18 1 INTRODUÇÃO O biscoito é um produto originário da Idade Média. Inicialmente, era produzido a partir do forneamento de pães. Posteriormente, a sua produção foi feita com farinha e água, sendo forneados em forno convencional e secos em forno em temperatura elevada. Na atualidade, a legislação permite que diversos ingredientes sejam adicionados às formulações dos biscoitos, o que proporciona grande variedade de produtos (MANLEY, 2000). Segundo a RDC nº 263, biscoito é o produto obtido pelo amassamento e cozimento conveniente de massa preparada com farinhas, amidos, féculas fermentadas ou não e outras substâncias alimentícias (BRASIL, 2005). O Brasil é o quarto maior produtor mundial de biscoitos. A produção brasileira alcançou 1,3 milhão de toneladas em 2018, movimentando aproximadamente de 14,3 bilhões de reais, apenas no mercado nacional (ABIMAPI, 2018). Na atualidade, o biscoito é um alimento consumido mundialmente por todas as classes sociais, sendo que em cada país o produto varia em tamanhos, formas, sabores e texturas (MORAES et al., 2010). Dentre as variedades de biscoitos ganha destaque o cookie que possui grande aceitabilidade por apresentar um sabor agradável ao paladar e atributos como propriedades nutricionais agregadas e alta durabilidade devido ao baixo teor de umidade e baixa atividade de água, que viabiliza uma menor proliferação de micro-organismos (BARROSO et al., 2016). Segundo a ABIMAPI (2018) o consumo de cookies no Brasil movimenta cerca de R$ 730 milhões. O termo cookie originou-se do holandês Koekje, sendo difundido na América do Norte, especialmente nos Estados Unidos. A denominação “cookies” é utilizada para massas de aspecto áspero e que comumente apresentam pedaços de ingredientes, principalmente chocolate e castanhas (MANLEY, 2000). O aumento da procura dos consumidores por produtos mais saudáveis, com a redução do teor de gorduras, açúcares e aditivos, sem que haja prejuízos nas características sensoriais e nutricionais impulsionou a indústria na inserção de produtos que atendam à demanda (BOFF et al., 2013). O araticum (Annona crassiflora) é um fruto oriundo do cerrado pertencente à família das Annonaceae, sendo um dos frutos mais apreciados na região. Com sabor e aroma característicos, o araticum pode ser consumido in natura ou como ingredientes de outros pratos, como sucos, doces, compotas, tortas e sorvete. Segundo Costa (2013), em 19 cada 100 g deste fruto encontra-se, aproximadamente, os seguintes valores: umidade 76,05%, proteínas 1,22%, lipídios 3,83%, carboidratos 12,78%, e resíduo mineral fixo 1,37%. Dos carboidratos, as fibras alimentares constituem 4,75% do total; enquanto 29% do resíduo mineral é constituído de cálcio e 0,79% de zinco, o que caracteriza o araticum como atrativo para uso no desenvolvimento de novos produtos, agregando valor ao fruto do cerrado e ao produto no qual é adicionado. Diversas regiões do Cerrado possuem alta produção desse fruto, portanto a sua utilização para o desenvolvimento de novos produtos possibilita agregar valor nutricional ao cookie, assim como agrega valor monetário às regiões citadas (AGUIAR, 2018). Por estarem situados na região do Cerrado, Diamantina e Montes Claros serão avaliadas para a possibilidade de implementação de uma fábrica de cookies. Outra vantagem em utilizar o araticum para a produção de cookie light é devido à sazonalidade e baixa distribuição geográfica do fruto, o que proporcionará o consumo ao longo dos demais meses do ano (COSTA, 2013). A etapa de planejamento de uma indústria é de suma importância para a verificação da viabilidade de sua implementação, estudo das regiões ideais onde será feita a sua construção, definição de público-alvo, possíveis fornecedores e concorrentes, diretrizes da gestão de qualidade que nortearão o funcionamento da indústria, assim como análise do projeto de engenharia e do projeto financeiro. Portanto, o planejamento da indústria diminui os riscos oriundos de um novo empreendimento. Diante do exposto, o presente trabalho objetivou analisar a viabilidade da implantação de uma indústria de biscoitos tipo cookie light com adição de polpa de araticum, cujo nome será FITCOOKIES. Para tanto, foi analisado a possibilidade de sua construção em três cidades distintas, Montes Claros, Sete Lagoas e Diamantina, a fim de escolher a que melhorse adequa aos requisitos necessários. Além do mais, foi realizado um estudo do produto e do mercado e a viabilidade econômica da construção da indústria. 20 2 OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Realizar e analisar todas as etapas do planejamento e do projeto de implantação de uma indústria de alimentos para produção de biscoito tipo cookie light adicionado de polpa de araticum. 2.2. Objetivo específico Descrever detalhadamente as matérias-primas e equipamentos necessários à produção do biscoito tipo cookie light adicionado de polpa de araticum; Elaborar a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC); Realizar um estudo de mercado para traçar o perfil dos potenciais consumidores do biscoito tipo cookie; Descrever o fluxograma de produção, formulação, parâmetros de processos e controle de qualidade necessários; Desenvolver a embalagem do biscoito tipo cookie; Apresentar uma análise locacional para a implantação da indústria em questão; Realizar os balanços de massa e de energia do processo; Dimensionar os equipamentos necessários à produção do biscoito tipo cookie; Realizar um estudo de viabilidade econômica da implantação da indústria de biscoito tipo cookie. 21 3 JUSTIFICATIVA O estilo de vida da população atual tem desafiado a indústria alimentícia quanto à elaboração de alimentos com apelo sensorial, nutricional e convencional. O consumidor, cada vez mais exigente, busca por produtos industrializados que alinhem qualidade e ao apelo nutricional. Essa tendência ainda tende a crescer nos próximos anos. Em geral, biscoitos são produtos alimentícios práticos, entretanto, sua composição tem o teor de gordura elevado, o que vai de encontro ás exigências dos consumidores. A incorporação da polpa de araticum à massa do biscoito tipo cookie, além de substituir parte da gordura, convencionalmente adicionada a esta categoria de produtos, traz a valorização de um fruto oriundo do Cerrado brasileiro, agregando valor tanto para o cookie, quanto para o araticum. O araticum apresenta sabor e aroma expressivos quando in natura, sendo uma característica de produtos da região do Cerrado. Estas características podem não agradar á todos os consumidores. Contudo, a incorporação da polpa ao biscoito tipo cookie tem o sabor e aroma da polpa suavizados devido aos demais ingredientes. Além dos ingredientes, as etapas de processamento suavizam as características marcantes da fruta o que aumenta a abrangência de aceitação do biscoito tipo cookie. Outro fator importante a ser considerado é o local de produção da matéria-prima, o qual deve ser próximo à instalação da indústria; sendo assim, a localização de implantação foi decidida baseada na análise locacional que levou em consideração fatores como custo com transporte, valor e disponibilidade de mão de obra. 22 4 ESTUDO DO PRODUTO A etapa do estudo do produto permite analisar as informações pertinentes ao produto, incluindo a segmentação de mercado para poder avaliar os concorrentes, assim como os ingredientes e as etapas necessárias durante o processamento. 4.1. Definição e classificação do produto e denominação de venda segundo a legislação De acordo com a Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005: Produtos de cereais são os produtos obtidos a partir de partes comestíveis de cereais, podendo ser submetidos a processos de maceração, moagem, extração, tratamento térmico e ou outros processos tecnológicos considerados seguros para produção de alimentos; biscoitos ou bolachas são obtidos pela mistura de farinha(s), amido(s) e ou fécula(s) com outros ingredientes, submetidos a processos de amassamento e cocção, fermentados ou não. Podem apresentar cobertura, recheio, formato e textura diversos. Os biscoitos devem ser obtidos, processados, embalados, armazenados, transportados e conservados em condições que não produzam, desenvolvam e, ou agreguem substâncias físicas, químicas ou biológicas que coloquem em risco a saúde do consumidor (BRASIL, 2005). A RDC nº 54 de 12 de novembro de 2012 regulamenta o uso de termos que sugere ou indique que um alimento possui uma ou mais propriedades nutricionais particulares, relativas ao valor energético e o conteúdo de proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e carboidratos, incluindo as fibras alimentares. A denominação light se refere a uma redução de no mínimo 25% de calorias ou algum nutriente específico. É necessário declarar no rótulo da embalagem o grau de redução do nutriente em relação à versão convencional do produto. Além disso, os cookies podem ser adicionados de aditivos, sendo este todo e qualquer ingrediente que não traga aporte nutricional. A funcionalidade deste tipo de componente é de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante as etapas de processamento até o consumidor final, mantendo a qualidade do produto (BRASIL, 1997; GAVA et al., 2008). A utilização de aditivos em alimentos está regulamentada pela Portaria MS 540/1997 da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) e para produtos de panificação e biscoitos utiliza-se a resolução RES 383/1999 também da Anvisa. 23 De acordo com a ANVISA, na Resolução de Diretoria Colegiada, RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002, a denominação de venda de um produto é o nome específico que expressa as características e natureza do alimento. A elaboração da denominação de venda é alinhada ao regulamento técnico do produto, podendo ser acompanhado de expressões consagradas pelo uso. Dessa forma, o produto fabricado pela indústria FITCOOKIES receberá denominação de biscoito tipo cookie light adicionado de polpa de araticum. 4.2. Composição do biscoito tipo cookie Para obter as características que determinam a identidade do biscoito tipo cookie são necessários alguns ingredientes obrigatórios, como: farinhas de trigo e de aveia, gordura, ovos e açúcares, além de ser permitido a adição de outros ingredientes, tais como gotas de chocolate, conservantes e emulsificantes. Contudo, a sua produção abrange uma ampla variedade de formulações, das quais podem ser acrescentadas outros ingredientes, como frutas e grãos, dependendo da imposição do fabricante. O biscoito tipo cookie produzido pela FITCOOKIES terá em sua composição: ● Farinha de trigo; ● Farinha de aveia; ● Margarina culinária; ● Ovo integral líquido pasteurizado refrigerado; ● Sacarose – (Açúcar mascavo); ● Sacarose – (Açúcar refinado); ● Cloreto de sódio; ● Impulsionador de massa (também chamado de fermento químico); ● Lecitina de soja; ● Essência de baunilha; ● Gotas de chocolate; ● Polpa de araticum. 4.2.1. Ingredientes obrigatórios Os ingredientes essenciais para um biscoito tipo cookie são as farinhas de trigo e de aveia, gordura e açúcares. 4.2.1.1. Farinha de trigo 24 A farinha de trigo é a base para quase todo tipo de biscoito, e para o cookie não é diferente. Em sua composição, possui a presença de duas proteínas muito importantes que são a prolamina e glutelina, estas são as gliadinas e as gluteninas do glúten. Quando a farinha é submetida a algum processamento, suas proteínas são capazes de formar um composto proteico, denominada rede de glúten, substância muito importante na produção de panificados, sendo responsável por dar força a massa e maleabilidade ao produto final. Além do mais, a farinha de trigo também possui algumas propriedades importantes para biscoitos que é a estruturação e forma (SOUZA, 2018). O uso de uma farinha adequada para a produção de produtos de panificação é primordial, uma vez que as farinhas de trigo apresentam forças de rede de glúten diferentes. Para os biscoitos, em geral se utilizam farinhas fracas, exceto para os biscoitos dotipo cream cracker e cracker (BERTOLINO; BRAGA, 2017; MANLEY, 2000). 4.2.1.2. Farinha de aveia A farinha de aveia é um dos ingredientes utilizados na formulação de biscoitos tipo cookie que, diferente da farinha de trigo, não possui proteínas formadoras da rede de glúten em sua composição (MANLEY, 2000). Ainda segundo o autor, a aveia é caracterizada como cereal com presença de componentes proteicos capazes de formar a rede viscoelástica do glúten, mas isso é resultado de contaminação cruzada pois, o grão apresenta formato semelhante aos demais cereais que podem desenvolver glúten. Sendo utilizada para biscoitos pois fornece características agradáveis como sabor, aparência e textura. A utilização da farinha de aveia é responsável pelo aumento do valor proteico e substituição de gordura, além de ser uma ótima fonte de fibras solúveis, principalmente da β-glucana. Devido ao alto teor de fibras, o uso deste ingrediente na produção de biscoitos, fornece ainda algumas vantagens como a retenção de umidade do produto, pois as fibras possuem características hidrofílicas e são altamente hidratáveis (GUTKOSKI et al., 2009; PEREZ; GERMANI, 2007). 4.2.1.3. Margarina culinária A margarina culinária é a maior fonte de gordura dos ingredientes presentes na formulação do biscoito tipo cookie. Gorduras são fundamentais na produção de biscoitos por serem um dos maiores responsáveis pela textura do alimento (MANLEY, 2000). Quando o glúten se forma, a partir da farinha de trigo, é formada uma rede extensível. Contudo, a gordura é capaz de envolver a farinha de trigo impedindo que isto 25 aconteça, resultando em uma substância menos dura e com maior facilidade de se solubilizar na boca (MANLEY, 2000). 4.2.1.4. Sacarose A sacarose é comumente chamada de açúcar. Os açúcares são compostos orgânicos pertencentes ao grupo dos carboidratos, além de fornecerem um sabor adocicado, são substâncias capazes de modificar e intensificar o sabor, a cor, a textura e a aparência do biscoito (BERTOLINO; BRAGA, 2017; MANLEY, 2000). O açúcar é um dos ingredientes mais importantes utilizados para produção de biscoitos, sendo a sacarose sólida e cristalina a forma mais utilizada na fabricação de alimentos. A utilização desse ingrediente está diretamente relacionada com o fornecimento de doçura, aumento de maciez, contribuição de volume, desenvolvimento da cor da crosta, retenção de umidade e ao acabamento mais atrativo (BERTOLINO; BRAGA, 2017). A granulometria do açúcar influencia diretamente na textura do biscoito. Granulometrias maiores resultam em produtos mais duros, enquanto granulometrias menores contribuem para a maciez do produto final (BERTOLINO; BRAGA, 2017). Para a produção do biscoito tipo cookie é utilizado a sacarose em duas formas, são elas: o açúcar refinado e o açúcar mascavo, sendo considerada a granulometria fina e intermediária, respectivamente. 4.2.2. Ingredientes opcionais Os ingredientes opcionais são utilizados para complementar a formulação, agregando as características físicas e sensoriais desejadas. 4.2.2.1. Ovo integral líquido pasteurizado e refrigerado O ovo mais utilizado para o desenvolvimento de produtos panificados industrializados é o ovo integral líquido pasteurizado refrigerado, produto muito equilibrado, em se tratando de nutrientes, com alta concentração de proteína, possuindo a gema rica em gorduras e lecitinas. Por possuir estas características, o ovo se torna um ingrediente essencial na produção de biscoitos, além de aprimorar a consistência e o sabor (MANLEY, 2000). 4.2.2.2. Cloreto de sódio 26 O cloreto de sódio é um ingrediente que contribui para o sabor do produto. Além disso, inibe a atividade de leveduras e bolores, sendo um importante contribuinte para estrutura da massa, pois atua no seu desenvolvimento, intervêm na resistência e nas propriedades viscoelásticas da mesma (BERTOLINO; BRAGA, 2017; IGNÁCIO et al., 2013). 4.2.2.3. Essência de baunilha O extrato de baunilha é um composto extraído da flor da orquídea, cujo nome científico é Vanilla planifolia. Contudo, sua produção de forma sintética ganhou um grande destaque por possuírem maior rendimento e preço baixo (MAY, 2010). Esse ingrediente fornece ao biscoito um aroma agradável e atrativo ao consumidor. 4.2.2.4. Gotas de chocolate Uma opção para otimizar a formulação de biscoitos é adição de gotas de chocolate, seja no recheio, na cobertura ou como ingrediente na massa. Especialmente para biscoito tipo cookie, as gotas de chocolate caracterizam o produto, pois agregam sabor e aroma característicos que são fatores atrativos, além de trazer maior sensação de saciedade para o consumidor (BERTOLINO; BRAGA, 2017). 4.2.2.5. Polpa de araticum O araticum também conhecido como panã ou marolo, é um fruto característico da região do cerrado que possui atributos interessantes em sua composição. É uma fruta consumida in natura, contudo, nas regiões onde seu cultivo é alto, este fruto tem sido cada vez mais empregado como ingrediente em formulações de produtos como iogurtes, biscoitos e doces (AGUIAR, 2018). Quando processado, o araticum origina uma polpa que possui alta qualidade nutricional, pois é rica em carotenoides, flavonoides, vitaminas e minerais. O aroma característico e sabor agradável torna a polpa muito atrativa ao consumidor (AGUIAR, 2018). De acordo com Aguiar (2018), o araticum apresenta um teor de lipídeos de cerca de 2,4%, sendo apropriado para uma dieta saudável e uma boa opção para ser incrementado nos alimentos. 4.2.2.6. Fermento químico 27 O fermento químico é um composto a base de bicarbonato de sódio. A sua adição à massa, na presença de fonte de calor, produz um gás (CO2) que provoca aumento no volume e na porosidade da massa. Sendo assim, o fermento químico é de extrema importância, pois, auxilia na textura e aparência do produto final (RESENDE, 2007). 4.2.2.7. Lecitina de soja A lecitina de soja é um ingrediente muito utilizado na indústria alimentícia, sendo constituída basicamente de fosfolipídios, glicolipídios, açúcares, triglicerídeos, ácidos graxos e outros compostos em menor quantidade. Existe uma infinidade de tipos de lecitinas de sojas utilizadas para fins alimentícios, que deve ser escolhida de acordo com as características e propriedades que específicas do produto a ser fabricado (ZULIAN, 2016). A propriedade mais importante da lecitina de soja é a capacidade emulsificante, caracterizadas pela presença de uma parte polar hidrofílica e outra apolar lipofílica, que responsável pela redução da tensão entre as diferentes fases da mistura (ZULIAN, 2016). 4.3. Características físico-químicas A Instrução Normativa RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005 determina os termos técnicos exigidos para qualidade de produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos, no qual se inserem os cookies. Essa IN, impõem que o produto deve seguir o requisito referente a qualidade da farinha utilizada para a produção do alimento específico. Sendo assim, avalia-se a quantidade máxima de umidade relativa permitida, de acordo com a legislação, para produtos derivados de farinhas, amidos de cereais e farelos, a umidade máxima permitida (em g/100 g) é de 15,0%. De acordo com estudos realizados por Klein e colaboradores (2015), a umidade de biscoitos tipo cookie produzidos apresentou-se entre 2,8% e 5,9%, resultando em um produto cuja umidade relativa se enquadra nos padrões exigidos pela legislação. Sabe-se que uma umidade elevada para biscoitos não é adequada, pois, interfere negativamente na textura, quesito que é essencial para o produto. A RDC n° 263, DE 22 de setembro de 2005 institui que cada etapa do processo de produção (tais, como: obtenção dos insumos, processamento, armazenamento, transportes, embalagens) devem ser efetuadas em condições máximas dehigiene para que não se incorporem substâncias físicas indesejáveis que possam causar danos ao produto final, e substâncias químicas e biológicas que possam prejudicar ou colocar em risco a saúde do consumidor (BRASIL, 2005). 28 Além disso, o índice de espalhabilidade do cookie está diretamente relacionado com a proporção dos líquidos e dos sólidos presentes na mistura. À medida que a sacarose é dissolvida, ela contribui para a fase líquida da massa. O teor de gordura, assim como a composição dos ácidos graxos presentes na mistura são responsáveis por auxiliar na espalhabilidade do produto. A solução de água e açúcar compete com a gordura pela farinha, isso faz com que a água interaja com as proteínas da farinha e possibilitam que a gordura proporcione maior espalhabilidade ao cookie (ALMEIDA, 2008; MANLEY, 2000). 4.4. Aditivos Os aditivos são classificados como substâncias que podem ser adicionadas na formulação de um produto a fim de aprimorar o mesmo e facilitar o processamento, trazendo benefícios como: maior tempo de prateleira, maior segurança, aperfeiçoar a qualidade dos nutrientes, entre outros (MANLEY, 2000). Podemos citar alguns dos aditivos mais utilizados na indústria de alimentos: ácidos orgânicos, corantes, emulsificantes, gelificantes, antioxidantes, conservantes, aromatizantes e adoçantes artificiais (MANLEY, 2000). Para a produção do biscoito tipo cookie, fornecido pela indústria FITCOOKIES, será utilizado como aditivo o emulsificante lecitina de soja. Emulsificantes são ingredientes adicionados aos alimentos com funções diversas, mas, em todas as suas funcionalidades tem como objetivo de aprimorar a qualidade do produto. Textura, maciez, estabilidade e homogeneidade são parâmetros beneficiados com a adição destes ingredientes (SANTOS; MING; GONÇALVES, 2014). A lecitina de soja possui em sua estrutura molecular uma parte com características hidrofílicas e outra com características hidrofóbicas, isto lhe fornece propriedades de emulsificantes, as quais são utilizadas para biscoitos, em geral (BERTOLINO; BRAGA, 2017). 4.5. Fluxograma de produção O processamento de biscoito tipo cookie é similar ao processamento de biscoitos em geral e está descrito na Figura 1. O produto será processado segundo as normas de Boas Práticas de Fabricação-RDC nº 216/04, de 15 de setembro de 2004. 29 Figura 1 – Fluxograma de processamento de biscoito tipo cookie. Fonte: Autores, 2019. 4.6. Descrição detalhada de cada etapa 4.6.1. Recepção dos insumos A recepção das matérias-primas e embalagens ocorrerá em local limpo e higienizado, isolado da área de produção dos cookies. A inspeção da matéria-prima tem como objetivo manter a qualidade dos insumos e, consequentemente, do produto final. As matérias-primas, ingredientes e aditivos utilizados para a fabricação dos cookies são: farinha de trigo, farinha de aveia, margarina culinária, polpa de araticum, açúcar refinado, açúcar mascavo, ovo integral pasteurizado, gotas de chocolate, cloreto de sódio, fermento químico, essência de baunilha e lecitina de soja. A polpa de araticum será recebida congelada (-20ºC). O ovo utilizado será integral, líquido, pasteurizado e refrigerado. Na recepção será verificado, em todas as matérias- primas, o prazo de validade, integridade da embalagem, umidade (no caso dos insumos em pó) e só serão recebidas se apresentarem níveis satisfatórios de condições higiênico- sanitárias. Recepção dos insumos Testes de qualidade da matéria-prima Pesagem Mistura Divisão e modelagem Forneamento Resfriamento Embalagem Armazenamento e expedição 30 O armazenamento será feito conforme o manual de Boas Práticas de Armazenagem na Indústria de Alimentos (EMBRAPA, 2000). A polpa de araticum será armazenada conforme as diretrizes da Embrapa segundo as quais a temperatura deve ser mantida abaixo de -20ºC. A margarina culinária será armazenada sob refrigeração (abaixo de 16 ºC), conforme orientação do fornecedor. Os demais insumos serão armazenados ao abrigo da luz e umidade, em local limpo e seco, à temperatura ambiente, sem contato direto com o chão. 4.6.2. Teste de qualidade da matéria prima As matérias-primas, ingredientes e aditivos serão recepcionadas mediante apresentação de laudo emitido pelos fornecedores. A não apresentação do laudo implicará na rejeição dos insumos. 4.6.3. Pesagem Todos os ingredientes que serão utilizados no dia de produção serão pesados com o auxílio de balança analítica e/ou de plataforma e acondicionados para a etapa de mistura e amassamento. A formulação será trabalhada em porcentagens tabeladas e disponíveis aos colaboradores. 4.6.4. Mistura O processo de mistura em biscoitos tem por objetivo principal homogeneizar os ingredientes para a formação de uma massa uniforme, aerada e menos densa. Além da dispersão homogênea dos ingredientes e máxima incorporação de ar, ocorre o desenvolvimento da rede de glúten que neste caso deve ser mínimo. Por isso, a adição da farinha de aveia é essencial, pois promove a diluição da rede de glúten (BERTOLINO; BRAGA, 2017; CALDWELL et al., 1991). Para o processamento de cookies é comum a utilização de batedeiras planetárias de alta velocidade e baixo tempo de mistura. O processo de mistura é realizado em dois estágios onde faz-se uma pré-mistura de açúcar, gordura, aditivos etc., e posterior adição das farinhas e fermento químico. Este sistema de dois estágios é também chamado de método creme-massa. Polpa de araticum, margarina culinária, essência de baunilha, açúcar mascavo, açúcar refinado, ovo integral líquido e pasteurizado e lecitina de soja são misturados de 5 a 10 minutos para a formação da fase creme. Após a formação da fase creme, são 31 adicionados então a farinha de aveia, farinha de trigo, cloreto de sódio, fermento químico e gotas de chocolate para a segunda mistura, a fase massa. 4.6.5. Divisão e modelagem Após a etapa de mistura a massa será cortada em formato circular com peso aproximado de 11,80 gramas a unidade. Os cookies serão moldados por sistema de deposição sobre esteira não perfurada. 4.6.6. Forneamento Após a divisão o cookie será forneado em forno a 150ºC por 15 a 17 minutos. Durante este processo, a aplicação de calor confere à massa o desenvolvimento estrutural, a eliminação da umidade e o desenvolvimento de cor e sabor. Com o forneamento a massa começa a se espalhar por ação das gorduras, açúcares e emulsificantes que tem sua viscosidade diminuída. A expansão de ar ocorre a temperaturas superiores a 65ºC, as quais são responsáveis pelo aumento das dimensões do cookie. Com o aumento da temperatura, a umidade é removida e ocorre a formação da crosta a temperaturas entre 76ºC e 121ºC. Reações de formação de aroma e sabor como: a caramelização e a reação de Maillard acontece em temperaturas acima de 150ºC e 160ºC respectivamente (BERTOLINO; BRAGA, 2017). 4.6.7. Resfriamento Assim que o cookie sai do forno, sua estrutura ainda está mole no centro e com alguma umidade; nestas condições o produto é submetido a etapa de resfriamento antes de ser embalado para que a umidade seja igualmente distribuída em toda a estrutura do biscoito e evite quebras ou trincas (BERTOLINO; BRAGA, 2017). O resfriamento ocorrerá lentamente e em temperatura ambiente sem circulação de ar frio, para que rápidas trocas de calor entre a superfície do cookie e o ambiente não ocorram, impedindo a formação de trincas. 4.6.8. Embalagem O produto será embalado à temperatura ambiente em embalagem adequada (100 g). A embalagem primária será composta de papel cartonado e a embalagem secundária de polipropileno biorientado metalizado. 4.6.9. Armazenamento e expedição 32 O armazenamento do produto final será feito à temperaturaambiente, em local limpo e seco, ao abrigo da luz e umidade, sem contato com o chão. 4.7. Controle de qualidade Em um mercado cada vez mais competitivo, é essencial assegurar a qualidade dos produtos, dessa forma, a gestão da qualidade utiliza ferramentas para cumprir as determinações da legislação, assim como as exigências da própria indústria. 4.7.1. Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) O Sistema APPCC foi desenvolvido pela empresa PILLSBURY COMPANY em colaboração com a Agência Espacial Norte Americana (NASA) com objetivo de identificar as possíveis intoxicações alimentares que poderiam acometer os astronautas em suas missões. A implantação deste sistema objetivava manter a integridade dos alimentos e assegurar a segurança alimentar dos astronautas (FLISCH, 2016). Segundo a Portaria n 46 Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAPA), de 10 de fevereiro de 1998, as Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) é um sistema de análise que identifica perigos específicos e medidas preventivas para seu controle, objetivando a segurança do alimento e do processo e a garantia da qualidade e integridade econômica. Constitui-se de doze etapas, sendo 5 passos preliminares e 7 princípios do sistema: Princípio 1: Identificação dos perigos associados a cada etapa do processo e definição das medidas de controle; Princípio 2: Identificação dos pontos críticos de controle (PCC); Princípio 3: Estabelecimento dos limites críticos de controle; Princípio 4: Estabelecimento e monitoramento de cada PCC; Princípio 5: Estabelecimento de ações corretivas; Princípio 6: Estabelecimento de procedimentos de verificação; Princípio 7: Estabelecimento de registros de resultados; Passo 1: Formação da equipe do APPCC; Passo 2: Descrição do produto; Passo 3: Destinação do uso; Passo 4: Elaboração do fluxograma de produção; 33 Passo 5: Confirmação do fluxograma. 4.7.2. Controle de qualidade das matérias primas A tabela 1 apresenta o plano APPCC para o recebimento das matérias-primas, ingredientes e aditivos. 4.7.3. Controle de qualidade do processamento O processamento do biscoito tipo cookie será realizado obedecendo aos parâmetros estabelecidos no APPCC apresentado na tabela 2. 34 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Ingrediente FARINHA DE TRIGO (PC) Perigos F: Presença de corpos estranhos: insetos, metal. Falta de integridade da embalagem. Produto vencido. Granulometria; Q: Umidade alta; B: Atividade enzimática. Presença de micro-organismos (B.cereus, Coliformes, Salmonella sp.). Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante o acondicionamento da farinha de trigo na embalagem; Q: Armazenamento inadequado; B: Risco enzimático e microbiológico. Medidas preventivas Adquirir farinha de trigo de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas semestrais. Estocar pelo período máximo de 90 dias. Limite crítico Nenhum corpo estranho. Umidade: máxima 15%, umidade. Granulometria: 95% do produto deve passar pela peneira com abertura de malha de 250 µm. (IN 8, 2005, MAPA). B.cereus/g < 3x103 Coliformes a 45ºC/g < 102 Salmonella sp./25g – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA). Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Umidade. Aparelho Recebimento do Analista de qualidade. Tabela 1 – Análise dos perigos físicos, químicos e biológicos e determinação dos pontos críticos de controle para as matérias-primas, ingredientes e aditivos 35 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Granulometria. Contagem microbiológica. Integridade da embalagem. infravermelho. Peneiramento. Teste rápido. Visualmente. ingrediente. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar o prazo de validade. Ingrediente FARINHA DE AVEIA (PC) Perigos F: Presença de corpos estranhos: insetos, metal. Falta de integridade da embalagem. Produto vencido. Granulometria; Q: Umidade alta; B: Atividade enzimática. Presença de microrganismos (B.cereus, Coliformes, Salmonella sp.). Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante o acondicionamento da farinha de aveia na embalagem; Q: Armazenamento inadequado; B: Risco microbiológico. Medidas preventivas Adquirir farinha de aveia de um fornecedor credenciado. Exigência dos laudos que atestem qualidade. Visitas semestrais aos fornecedores e coleta de amostras para análises de qualidade. Estocar pelo período máximo de 90 dias. Limite crítico Nenhum corpo estranho. Umidade: máxima 15%, umidade (RDC 263, 2005, ANVISA). 36 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. B.cereus/g < 3x103 Coliformes a 45ºC/g < 102 Salmonella sp/25g – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA) Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Umidade. Granulometria. Contagem microbiológica. Integridade da embalagem. Aparelho infravermelho. Peneiramento. Teste rápido. Visualmente. Recebimento do ingrediente. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar o prazo de validade. Ingrediente MARGARINA CULINÁRIA (PC) Perigos F: Presença de metal. Flutuação de temperatura. Falta de integridade da embalagem. Produto vencido. Q: Lipídeos totais inadequados. B: Presença de microrganismos (Coliformes a 45ºC/g). Justificativa F: Falta de controle do processamento. Perda da capacidade tecnológica; Q: Composição; 37 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. B: Risco microbiológico. Medidas preventivas Adquirir a margarina culinária de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Limite crítico Nenhum objeto estranho. Temperatura superior à 4°C e inferior à 16°C. Teor máximo de lipídeos 95% (Portaria 372, 1997, MAPA). Coliformes a 45ºC/g < 1 (RDC 12, 2001, ANVISA). Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura. Integridade da embalagem. Composição. Coliformes. Termômetros acoplados ao caminhão de transporte, sala de recepção e câmara de refrigeração. Avaliadas visualmente. Teste de ácidos graxos. Teste rápido. Sempre que receber a margarina. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar o prazo de validade. Matéria-prima POLPA DE ARATICUM (PC) Perigos F: Presença de corpos estranhos: insetos e/ou metal. Perda da qualidade tecnológica, pH alterado, temperatura de recepção e armazenamento. B: Presença de microrganismos (Coliformes, Salmonella sp.). 38 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Justificativa F: Falta de controle do processamento. Flutuação na temperatura de transporte, recepção e armazenamento. B: Risco microbiológico.Medidas preventivas Adquirir a polpa de araticum de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas anuais. Limite crítico Nenhum corpo estranho. Coliformes a 45ºC/g < 102 Salmonella sp/25g – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA). Sem flutuação de temperatura, embalagens íntegras, prazo de validade: 2 anos, pH: 4,0-5,0. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura. pH. Integridade da embalagem. Contagem microbiológica. Termômetros acoplados ao caminhão de transporte, sala de recepção e câmara de refrigeração. pHmêtro digital. Avaliadas visualmente. Testes rápidos. Sempre que receber a polpa de araticum. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar o prazo de validade. Ingrediente SACAROSE - (AÇÚCAR REFINADO) (PC) 39 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Perigos F: Presença de sólidos: metais, plásticos e/ou insetos. Fora do prazo de validade; B: Presença de microrganismos (Coliformes). Justificativa F: Ausência de boas práticas de fabricação na indústria e/ou durante o processamento e transporte. B: Risco de contaminação. Medidas preventivas Adquirir açúcar refinado de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas anuais. Limite crítico Ausência de sujidades. Coliformes a 45ºC/g < 5 (RDC 12, 2001, ANVISA). Monitorização - Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar o prazo de validade. Ingrediente SACAROSE - (AÇÚCAR MASCAVO) (PC) Perigos F: Presença de sólidos: metais, plásticos e/ou insetos. Fora do prazo de validade; B: Presença de microrganismos (Coliformes, Salmonella sp.). Justificativa F: Ausência de boas práticas de fabricação na indústria e/ou durante o processamento e transporte. B: Risco de contaminação. Medidas preventivas Adquirir açúcar mascavo de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas anuais. Limite crítico Ausência de sujidades. 40 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Coliformes a 45ºC/g < 102 Salmonella sp./25g – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA). Monitorização - Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar a validade Ingrediente OVO INTEGRAL LÍQUIDO PASTEURIZADO REFRIGERADO (PC) Perigos F: Presença de casca e/ou metal. Fora do prazo de validade. Integridade da embalagem; Q: Composição; B: Presença de microrganismos (Salmonella, Coliformes e Estafilococos. coagulase. positiva). Justificativa F: Ausência de boas práticas de fabricação na indústria e/ou durante o processamento; Q: Características tecnológicas; B: Risco de contaminação. Medidas preventivas Adquirir ovo integral de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas semestrais. Manutenção Da temperatura de refrigeração (4ºC). Limite crítico Nenhum material estranho. Embalagem íntegra. Coliformes a 45ºC/g < 1, Estafilococos coagulase. positiva/mL – 5x10, Salmonella sp./25mL – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA). 41 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Salmonella sp. Integridade da embalagem. Teste rápido. Visualmente. Por amostragem a cada recebimento. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar a validade. Ingrediente GOTAS DE CHOCOLATE (PC) Perigos F: Perda de textura. Fora do prazo de validade. Integridade da embalagem; B: Presença de microrganismos (Coliformes, Salmonella sp.). Justificativa F: Transporte e armazenamento inadequados. B: Risco de contaminação. Medidas preventivas Adquirir as gotas de chocolate de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Transportar e armazenar em local fresco, arejado e sem exposição à luz. Limite crítico Temperatura superior à 5°C e inferior à 16°C. Coliformes a 45ºC/g – 5x103, Salmonella sp./25g – ausente (RDC 12, 2001, ANVISA). Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura. Salmonella sp. Integridade da embalagem. Termômetros acoplados ao caminhão de transporte, sala de recepção e sala de armazenamento. Por amostragem a cada recebimento. Analista de qualidade. 42 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Teste rápido. Visualmente. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar validade. Ingrediente CLORETO DE SÓDIO (PC) Perigos F: Objetos estranhos: plástico e metal. Integridade da embalagem. Granulometria. Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante a produção do cloreto de sódio. Medidas preventivas Adquirir o cloreto de sódio de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas anuais. Limite crítico Nenhum material estranho. Retenção máxima de 5% na peneira nº 4 com 4,76mm de abertura. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Integridade da embalagem. Retenção. Visualmente. Peneiramento. Sempre que receber o ingrediente. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar validade. Coadjuvante de FERMENTO QUÍMICO (PC) 43 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. tecnologia Perigos F: Objetos estranhos: plástico e metal, integridade embalagem, prazo de validade. B: Presença de microrganismos (Aeróbios mesófilos viáveis). Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante a produção do fermento químico. B: Risco microbiológico. Medidas preventivas Adquirir o fermento de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas semestrais. Limite crítico Nenhum material estranho. Embalagem íntegra. Aeróbios mesófilos viáveis/g < 5x102. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Integridade da embalagem. Contagem microbiológica. Avaliadas visualmente. Teste rápido. Sempre que receber o fermento químico Analista dequalidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar a validade. Aditivo ESSÊNCIA DE BAUNILHA (PC) Perigos F: Objetos estranhos: plástico e metal. Integridade da embalagem. Prazo de validade vencido. Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante a produção da essência de baunilha. Medidas preventivas Adquirir a essência de baunilha de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas semestrais. 44 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Limite crítico Nenhum material estranho. Embalagem íntegra. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Integridade da embalagem. Visualmente. Sempre que receber o ingrediente. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar a validade. Aditivo LECITINA DE SOJA (PC) Perigos F: Integridade da embalagem. Prazo de validade vencido. Justificativa F: Falta de controle de qualidade durante a produção do emulsificante. Medidas preventivas Adquirir o emulsificante de um fornecedor credenciado. Verificação do laudo de segurança emitido pelo fornecedor. Visitas semestrais. Limite crítico Embalagem íntegra. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Integridade da embalagem. Visualmente. Sempre que receber o ingrediente. Analista de qualidade. Ação corretiva Rejeitar quando estiver fora dos limites críticos, notificar o fornecedor e descredenciar se for o caso. Registros Planilhas de controle de recebimento do produto. Verificação Verificação durante a produção e no armazenamento, coletas de amostras para análises, inspeção na produção. Verificar a validade. 45 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Etapas de processamento PESAGEM (PC) Perigos F: Presença de material estranho: plástico e/ou metal; B: Contaminação microbiológica dos insumos utilizados. Justificativa F: Falta de boas práticas de higiene durante processo de pesagem; B: Falta de higienização de equipamentos utilizados durante a pesagem. Medidas preventivas Aplicação do BPF. Limite crítico Erro de 0,2% durante a pesagem. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Peso. Balança devidamente calibrada. Em cada batelada. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Calibração e manutenção preventiva da balança; treinamento dos colaboradores. Etapas de processamento MISTURA E AMASSAMENTO (PCC) Perigos F: Baixo nível de homogeneização; alto tempo de mistura e amassamento. Justificativa F: Formação de grumos; desenvolvimento da rede glúten. Medidas preventivas Homogeneização eficaz; Controle do tempo de mistura. Limite crítico Tempo de mistura de no máximo 15 minutos. Tabela 2 – Análise dos perigos físicos, químicos e biológicos e determinação dos pontos críticos de controle para as etapas do processamento. 46 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Tempo de mistura. Cronômetro. Em cada batelada. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Calibração e manutenção preventiva dos equipamentos utilizados; Treinamento dos colaboradores. Etapas de processamento DIVISÃO E MODELAGEM (PC) Perigos F: Irregularidade nas formas e tamanhos dos cookies; Justificativa F: Peso diferente em cada embalagem; Falta de padronização dos biscoitos. Medidas preventivas Pesagem de cada cookie antes da modelagem; Utilização de moldes padronizados. Limite crítico Cookies segundo o padrão: circular, com gotas uniformes e de mesma espessura. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Padrão do cookie. Visualmente. Em toda batelada. Analista de qualidade do produto. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Calibração e manutenção preventiva da balança; treinamento dos colaboradores. Inspeção durante a produção Etapas de processamento FORNEAMENTO (PCC) Perigos F: Temperatura abaixo de 65°C ou acima de 121°C; tempo de forneamento. Justificativa F: Produção de cookies fora do ponto ideal. 47 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Medidas preventivas Controle do tempo e temperatura dos fornos. Limite crítico Temperatura de 150°C. Tempo entre 15-17 minutos. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura. Tempo. Controladores acoplados aos fornos. Em toda batelada. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Calibração e manutenção preventiva dos fornos; Treinamento dos colaboradores; Supervisão durante o processo. Etapas de processamento RESFRIAMENTO (PCC) Perigos F: Quebra. Justificativa F: Produção de cookies inadequados para venda. Medidas preventivas Cuidado no momento de retirar os produtos da forma; Resfriamento à temperatura ambiente. Limite crítico Temperatura ambiente (25°C). Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura ambiente. Termômetro. Em toda batelada. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Treinamento dos colaboradores; Supervisão durante o processo. Etapas de processamento EMBALAGEM (PCC) 48 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Perigos F: Embalagens com defeitos; mau funcionamento da embaladora. B: Contaminação por microrganismos. Justificativa F: Embalagem inadequada para venda; provoca problemas no produto. B: Possível contaminação do produto através da embalagem. Medidas preventivas Verificação da qualidade da embalagem; cuidados durante o processo de empacotamento. Higienização correta das embalagens. Limite crítico Embalagem sem defeitos e contaminação. Quantidade correta de cookies (100g). Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Defeitos na embalagem. Contaminação. Quantidade correta. Visualmente. Teste rápido. Sensor. Durante toda a etapa de embalagem. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Manutenção preventiva da máquina embaladora; treinamento dos colaboradores. Etapas de processamento ARMAZENAMENTO E EXPEDIÇÃO (PC) Perigos F: Danos causados à embalagem e ao produto; temperatura de armazenamento. Justificativa F: Armazenamento inadequado; quantidade grande de produtos empilhados; Transporte impróprio; danos no produto devido ao calor. Medidas preventivas Atentar-se para a quantidade adequada de produtos empilhados; controle da temperatura do local do armazenamento; cuidado durante o transporte. Limite crítico Temperatura ambiente (25°C). 49 Legenda: F: perigos físicos; Q: perigos químicos; B: perigos biológicos; PC: ponto crítico; PCC: ponto crítico de controle. Monitorização O quê? Como? Quando? Quem? Temperatura. Termômetro. Durante todo armazenamento. Colaborador. Registros Planilha de controle da produção do produto. Verificação Controle de temperatura do local de armazenamento. 50 4.7.4. Controle de qualidade no produto final O produto final passará apenas por testes de umidade
Compartilhar