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Universidade Tuiuti do Paraná UTP Patrícia Mates ROSÁCEA Curitiba 2011 Patrícia Mates ROSÁCEA . Curitiba 2011 RESUMO A rosácea é uma doença crônica caracterizada por graus variados de vermelhidão, eritema, telangiectasias, edema, pápulas, pústulas, fimas e lesões oculares. Sua etiologia e patogenia ainda não se conhecem com exatidão. Observaram-se numerosas causas como indutoras da doença ou contribuintes a suas manifestações clínicas, mas poucas foram comprovadas. A rosácea possui um amplo espectro de apresentação clinica que podem variar com o tempo e a idade. Para seu controle ser exitoso requerem-se uma cuidadosa avaliação do paciente e um tratamento individualizado com variações e modificações adequadas as flutuações da doença. Palavras-chaves: rosácea, cara vermelha, acne rosácea, rinofima, H. pylori, Demodex folliculorum. SUMÁRIO Página 1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................5 2- OBJETICO....................................................................................................7 3- REFERENCIAL TEÓRICO...........................................................................8 3.1- O que é Rosácea............................................................................8 3.2- Epidemiologia................................................................................8 3.3- Etiopatogenia.................................................................................8 3.4- Agravantes....................................................................................11 3.5- Clinica............................................................................................12 3.6- Critérios diagnósticos..................................................................13 3.7- Complicações...............................................................................18 3.8- Fimas em Rosácea........................................................................19 3.9- Diagnóstico diferencial.................................................................20 4.0- Terapeutica....................................................................................22 4.1- Rosácea ocular.............................................................................34 5 - CONCLUSÃO..............................................................................................38 REFERÊNCIAS.................................................................................................39 5 INTRODUÇÃO A rosácea é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente os adultos após os 30 anos de idade, sendo mais frequente nas mulheres. A causa é desconhecida. O parasita Demodex folliculorum, presente nos folículos pilo- sebáceos, parece estar envolvido com a doença apenas de forma oportunista. Predisposição pessoal e alterações gastrointestinais também podem ter participação na causa da doença. Certos alimentos podem piorar o quadro em alguns pacientes (café, bebidas alcoólicas, pimenta e molhos quentes). Além disso, frio e calor intenso, assim como a exposição solar, podem estar implicados na piora das lesões. A pele danificada pelo sol ao longo dos anos também pode predispor ao surgimento da doença. A doença atinge principalmente a região central da face. O quadro inicia-se por vermelhidão, a princípio transitória, mas que depois se torna persistente. Com a progressão da doença, surgem também pequenos vasos sanguíneos dilatados (telangiectasias), lesões avermelhadas e elevadas (pápulas) e pústulas (pontos amarelos), que parecem espinhas, daí a denominação acne rosácea, pela semelhança com a acne. Casos mais graves podem atingir áreas extensas da face, com inflamação e edema da pele, formando placas avermelhadas e nódulos. Em alguns pacientes podem ocorrer alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea, pálpebra e íris. Nos homens, o quadro pode ser mais grave e a evolução da doença pode levar ao surgimento do rinofima, quando ocorre o aumento do volume do nariz, cuja pele se apresenta infiltrada, com os poros dilatados e com elevações na superfície. A rosácea é uma doença de curso crônico e não existe um tratamento que a elimine definitivamente, mas ela pode ser mantida sob controle. Devem-se evitar os fatores que provocam a sua exacerbação. A medicação inclui o uso de antibióticos por via oral até se obter a melhora, quando a dose deve ser diminuída gradativamente. A manutenção pode ser feita com antibióticos específicos, de uso local. Eventualmente, se houver piora das lesões, 6 deve ser restituída a medicação por via oral. A indicação do tratamento adequado e a sua duração vai depender da intensidade de cada caso, devendo ser definida pelo médico dermatologista. As telangiectasias podem ser esclerosadas através da fulguração ou laser. O tratamento do rinofima é cirúrgico, podendo ser utilizada a dermoabrasão, o laser de CO2 ou o shaving. 7 OBJETIVO Este estudo teve como objetivo conhecer a doença, seus estágios e subtipos assim como os melhores tratamentos e deste modo melhorar a vida e a autoestima dos pacientes. 8 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 O que é rosácea? A rosácea é uma doença inflamatória crônica de pele caracterizada por frequente flushing, eritema persistente e telangiectasias com episódios intercorrentes de inflamação durante os quais são evidentes o edema, pápulas e pústulas1. Frequentemente localizada na face, porém pode afetar também a pele do pescoço, do tórax, couro cabeludo e orelhas 1,2. 3.2 Epidemiologia Afeta aproximadamente 10% da população geral. Prevalece nas mulheres numa relação estimada de 3 a 1, porém nos homens geralmente é mais severa. Ocorre principalmente em adultos entre os 30 e 50 anos, mas se veem casos entre os 15 e 20 anos inclusive em meninas. É mais frequente em pessoas de pele branca, olhos claros e cabelos loiros, mas também tem se observado casos em pacientes de pele escura, sendo excepcional em negros3. O rinofima, que é o ultimo estagio da rosácea afeta quase que exclusivamente os homens. E em 30% dos pacientes há um antecedente familiar. 3.3 Etiopatogenia A causa da rosácea segue sendo desconhecida e ainda que sem tem implicado numerosos fatores, ainda não há uma explicação que justifique a grande variedade de expressões clínicas que tem a rosácea, que poderia consolidar em uma teoria patogênica única4. Independentemente, os efeitos identificáveis na rosácea incluem o componente inflamatório (eritema, pápulas e pústulas), o vascular (eritema, flushing, telangiectasias, edema), o componente sebáceo (fimas e fibrose) e o ocular. As descobertas clínicas tais como o flushing facial, o eritema persistente e as telangiectasias sugerem fortemente que esta envolvida em sua patogenia uma 9 resposta regulatória aberrante da vasculatura dérmica superficial que conduz ao edema e a inflamação5. Nestes pacientes observa-se uma maior reatividade a uma serie de mediadores químicos desencadeados por diversos estímulos em relação a indivíduos sãos. Atualmente considera-se que o flushing da rosácea é causadopela liberação de mediadores vasoativos mais do que por mecanismos nervosos reflexos. Descreve- se o papel da substância P e outros mediadores como histamina, serotonina e prostaglandinas1, 2,3. Marks considera que em indivíduos geneticamente susceptíveis, fatores extrínsecos (radiação ultravioleta, ventos frios, calor e algumas sequelas de acne...) ocasionariam na derme uma distrofia com elastosis solar (maior do que se vê na população em geral), edema, desorganização das fibras e alterações nos endotélios capilares oque conduziria a telangiectasias, edema persistente, eritema e flushing. Os vasos dilatados se tornariam mais susceptíveis a elementos potencialmente inflamatórios1. Entre os germens tem sido implicado o Demodex folliculorum, Proprionibacterium acnes e o Helicobacter pylori. • Demodex folliculorum Trata-se de um ácaro que tem implicado na fisiopatologia da rosácea e ainda que as maiorias dos autores afirmem que não é a causa da doença, é certo que represente um cofator importante. O possível mecanismo patogênico do ácaro pode produzir um bloqueio dos folículos e condutos sebáceos, originando uma hiperplasia epitelial e uma hiperqueratinização reativa. Poderia também constituir um possível vetor de bactérias e fungos, com capacidade para estimular respostas imunológicas humorais e celulares no hospede afetado e inclusive determinar a formação de granulomas. Os estudos realizados para avaliar a prevalência do Demodex na pele de pacientes com rosácea são muito heterogêneos e não são comparáveis. Por outro lado, já que sua presença é habitual na pele humana, somente pode-se supor um valor patogênico quando sua densidade seja muita alta ou se encontre em uma localização extrafolicular. Em conclusão, segue sendo uma questão a resolver se o 10 Demodex é realmente um agente patógeno da rosácea ou somente um habitante a mais do folículo piloso 6,7. • Propionibacterium acnes A eficácia das terapias com antibióticos tópicos e orais, assim como a utilidade do uso de peróxido de benzoila na rosácea papulopustulosa, falam a favor de um provável papel patogênico na rosácea, já que estes tratamentos atuam frente a diversos microorganismos foliculares, em especial o Propionibacterium acnes. Ainda que o mecanismo antiinflamatório folicular exercido por estes medicamentos poderia sustentar esta hipótese, o papel deste microorganismo na rosácea requere de trabalhos futuros que o demonstrem8. • Helicobacter pylori Também existe controversa com o papel que desempenha o H. Pylori. Deste modo esta se vinculando a rosácea com diversas alterações digestivas, como hipocloridria ou acloridria, gastrite e alterações na mucosa jejunal. As crises periódicas da rosácea e úlcera péptica são em muitas ocasiões simultâneas, oque parece estabelecer relação entre ambos os fenômenos. Dessa forma, a rosácea poderia ser um sinal extragastrico de infecção por H. pylori. Ainda que os estudos não sejam conclusivos, sugerem-se algumas hipóteses sobre o possível papel patogênico de H. pylori na rosácea. O “flushing” pode ser explicado no caso do H. pylori pela produção direta ou indireta de potentes substancias vasoativas, como histamina, prostaglandinas, leucotrienos, diversas citocinas, gastrina plasmática e óxido nítrico9,10. Os antibióticos utilizados na erradicação do H. pylori também são efetivos para tratar a rosácea e se recomenda que os pacientes resistentes ao tratamento devam realizar o Tese da Ureia Expirada para utilizar, em caso de positividade, terapia de erradicação11. Os antibióticos mencionados previamente possuem uma ação antiinflamatória que poderia ser a responsável da melhora da rosácea nos pacientes em que se administra a terapia de erradicação do H. pylori. Sem mencionar o efeito placebo 11 reconhecido nos casos de rosácea e a ação sobre outros germens como o Dermodex proposto como cofator etiopatogênico. 3.4 Agravantes Os elementos desencadeantes, disparadores ou agravantes da rosácea são numerosos e estão envolvidos com eventos comuns da vida diária, são variados, mas distintos e clinicamente relevantes para cada individuo em particular5.(quadro I). Alimentos Queijos, baunilha, chocolate, molho de soja, pimenta, cebola, alho, curry, mostarda, vinagre. Bebidas Álcool, em especial vinho tintos, bebidas quentes. Mudança de temperatura Saunas, ambientes excessivamente quentes, banhos quentes Clima Sol, calor, ambiente úmido, ventos forte e frio. Estado emocional Raiva, ansiedade, estres, vergonha. Drogas Vasodilatadoras Causa físicas Exercícios e esforços. Causas médicas Menopausa e tosse crônica. Produtos para o rosto Substancias com álcool ou acetona. (Quadro I) 12 Sempre se acreditou que no desenvolvimento da rosácea influem determinados fatores dietéticos, sobre tudo comidas condimentadas, álcool e bebidas quentes, assim como certas doenças gastrointestinais que poderiam gerar vermelhidão e pletora facial, até o momento não dispomos na medicina de uma base cientifica que possa relacionar com este processo. Certos fármacos podem ocasionar a piora da rosácea ou inclusive produzir dermatose similar à rosácea12. 3.5 Clínica A rosácea atinge principalmente a região central da face. O quadro inicia-se por vermelhidão, a princípio transitória, mas que depois se torna persistente. Com a progressão da doença, surgem também pequenos vasos sanguíneos dilatados (telangiectasias), lesões avermelhadas e elevadas (pápulas) e pústulas (pontos amarelos), que parecem espinhas, daí a denominação acne rosácea, pela semelhança com a acne12. (Figura I e II) Casos mais graves podem atingir áreas extensas da face, com inflamação e edema da pele, formando placas avermelhadas e nódulos. Em alguns pacientes podem ocorrer alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea, pálpebra e íris12. (Figura I) 13 (Figura II) 3.6 Critérios diagnósticos Presença de uma ou mais das seguintes características primarias13: � Eritema transitório � Eritema persistente � Pápulas y pústulas � Telangiectasias Podem incluir-se uma ou mais das seguintes características secundarias13: � Sensação de queimadura ou ardor (mais frequente na região malar) � Agrupamento de lesões formando placas avermelhadas elevadas � Aparência de pele seca (às vezes coexistem com dermatites seborreica) � Edema � Manifestações oculares � Localização das lesões fora da região facial � Câmbios Fimatosos 14 O diagnostico da rosácea requer ao menos de um ou mais dos seguintes sinais clínicos, situados basicamente nas áreas convexas do rosto, e que são: o eritema transitório, “flushing” (por mais de 10 minutos), o eritema não transitório, ou seja, eritema com tempo de duração de pelo menos três meses, e o qual, geralmente respeita a região periocular. Lesões elementares que constituem a rosácea clássica são as pápulas, as pústulas e finalmente as telangiectasias. Os episódios de inflamação podem evoluir a longo prazo à um edema cutâneo crônico. A presença de manifestações mais dramáticas como edema facial sólido e câmbios fimatosos ocorrem geralmente em homens e é muito rara sua presença em mulheres, talvez devido a fatores de índole hormonal. Tudo isso acompanhado em alguns pacientes pela sensação de ardor ou queimadura cutânea14. Em pessoas em que o prurido é um sintoma proeminente, e são rebeldes a terapia convencional, se deve executar teste epicutâneos para descartar algum fenômeno alérgico por contato, assim como naqueles que referem exacerbação por exposição a luz solar, em quem é convenientea pratica de testes photopach. Desde o ponto de vista da clínica da rosácea, é importante saber que nem todas as caras vermelhas são rosáceas, e que se deve contar com elementos clínicos para realizar um diagnostico diferencial, o qual é variável dependendo dos diferentes subtipos de rosácea, os quais serão abordados mais adiante15. Em 2002 foi estabelecido nos Estados Unidos um comitê chamado “The National Rosacea Society’s Expert Committee on the Classification and Staging of Rosacea” com expertos de diferentes países onde se estabeleceu quatro subtipos básicos de rosácea, três deles focados na pele e um na área oftalmológica, assim como a inclusão adicional de uma variante clínica16. � Estágios da rosácea Estágio I Eritema ou cianose. Dura de 4 h. até alguns dias pode desenvolver telangiectasias e sensibilidade a cosméticos e medicamentos. Estágio II Idem I + pápulas e pústulas persistentes por semanas ou mais. As lesões podem exceder rosto e estender-se ao couro cabeludo, nuca e outras áreas. Estágio III Nódulos inflamatórios, forunculoides, hiperplasia tissular, alterações do contorno facial em especial os afetados por rinofima. Quadro II. 15 � Subtipos clínicos: � Eritemato-telangiectasica � Papulopustular � Fimatosa � Ocular • Eritemato-telangiectasica: Caracteriza-se por eritema ou vermelhidão episódica de predomínio centro facial de mais de dez minutos de duração, podendo afetar também a parte periférica do rosto, os pavilhões auriculares e o pescoço, assim como no colo. O estímulo desencadeante pode ser desde as bebidas com temperaturas extremas, as comidas condimentadas ou o álcool. Há sensação de ardor ou prurido e frequentemente intolerância a diversas substâncias tópicas como filtros solares e cosméticos. Com o tempo o eritema tende a ser persistente e continuo; se acompanha de te- langiectasias inicialmente finas nas asas nasais, e de onde se estendem até as bochechas. Existe uma forma rara acompanhada de edema facial sólido persistente. A pele pode não ser oleosa como nos outros subtipos clínicos e apresentar aspecto de ressecada e descamação; o que poderia refletir em algum grau de dermatite crónica de baixo grau 17,18. • Papulopustular Pode se considerar a rosácea “clássica”. Apresenta eritema na porção central da cara, acompanhado de lesões muito semelhante as da acne, que vão desde pequenas pápulas e pústulas, até grandes nódulos de evolução intermitente (não se pode esquecer que na rosácea não existe comedões e que a hiperqueratinização folicular não contribui em suas patogêneses). No caso de achar comedões, devemos comentar que é possível a coexistência entre acne e rosácea, sobre tudo em mulheres de mediana idade, o qual deve se ter em conta em alguns casos pouco frequentes. Este subtipo clínico se observa geralmente em mulheres entre 30 e 40 anos. 16 As telangiectasias são geralmente aparentes, embora possam ser dissimuladas pelo contexto eritematoso da dermatose. Os episódios de inflamação podem desembocar em edema crónico, como o edema facial sólido e câmbios fimatosos, que são mais frequentes em homens com este subtipo de rosácea e muito raros em mulheres 17,18. • Rosácea Fimatosa Nesta variedade clínica se observa hiperplasia das glândulas sebáceas, principalmente no nariz, e em cuja pele se aprecia o “poro muito aberto” com um aspecto de “pele de laranja”. Em estagio avançados há fibrose e um aspecto nodular. Houve relatos de casos graves em que o excesso de tecido hipertrófico impede uma correta respiração por oclusão das narinas. Caso afete o nariz se considera “Rinofima”, a mandíbula “gnatofima”, a testa “metofima”, um ou os dois pavilhões auriculares “otofima” ou as pálpebras, “blefarofima”. Este subtipo de rosácea pode observar-se em combinação com os subtipos Eritemato-telangiectasica e Papulopustular 17.18. • Rosácea Ocular É mais comum do que se pensa, já que suas características incipientes frequentemente não são tomadas em conta, podendo afetar até 50% dos casos de Rosácea cutânea. Inicia com sintomas vagos como ardor, prurido, sensações de olho seco ou de corpo estranho, lacrimejo ou fotofobia, culpando se geralmente as lentes de contato, ao sol, ou a contaminação ambiental. Nesta variedade clínica, o mais frequentemente observado é a blefarites e a conjuntivite, havendo inflamação do borde palpebral, com a presença de calázios recorrentes e inflamação das glândulas de Meibomius, infecções estafilocócicas crónicas, hiperemia conjuntival e telangiectasias conjuntivais. Outras manifestações menos frequentes são a queratite, esclerite e irite, que podem ocorrer como complicações raras 17,18. � Variante Considera-se uma variante aquela que não representa um padrão morfológico ou uma combinação dos subtipos de rosácea. O comité norte-americano só reconhece 17 uma variante: a rosácea granulomatosa, entretanto mencionaremos outras variantes que também são observadas, porém em menor escala. • Rosácea Granulomatosa Observam se pápulas ou nódulos firmes de cor vermelho- amarelentos, ou de cor café claro. Ademais das características clínicas as lesões apresentam uma conformação granulomatosa na imagem histopatológica. Houve controvérsia sobre a origem deste tipo de Rosácea e sua relação com Mycobacterium Tuberculose, o qual corresponderia a tuberculids micronodulares da cara. De forma estrita é difícil considerar esta entidade nosológica ou patofisiológicamente dentro do espectro da rosácea, em alguns artigos tem sido proposto à denominação de “Dermatite Facial Granulomatosa”. Para complicar mais as coisas, é provável que tenha outras variantes da “Dermatite Facial Granulomatosa”. Tal é o caso da recentemente descrita “Erupção Facial em crianças Afro Caribenhas” conhecida por suas siglas em inglês como FACE. Entre outras variantes desta manifestação clínica estão a dermatite perioral granulomatosa, e a antiga dermatose conhecida como lupus miliaris disseminatus faciei, a qual poderia considerar se como um tipo de tuberculose cutânea. • Edema persistente Rara e frequentemente subdiagnosticada. Mencionado na literatura como linfedema rosáceo, edema eritematoso crônico facial superior, doença de Morbihan2. Observa- se na parte superior da face é de consistência dura não pressionável, que deforma o contorno facial, geralmente associada ao estagio III da rosácea, é duradoura e difícil de tratar. • Rosácea conglobata Apresenta-se com abscessos nodulares hemorrágicos e placas endurecidas. De curso progressivo e crônico, afeta em especial as mulheres. Seu curso é crônico, poderia estadificar-se como estagio IV. 18 • Rosácea fulminas ou pioderma facial Sua existência como entidade é discutida, não há evidência de que seja um verdadeiro pioderma nem tão pouco uma acne conglobata. Plewing a considera uma variedade de rosácea de começo brusco em mulheres pós-adolescentes3. Manifesta-se pela aparição abrupta de nódulos e quistes flutuantes coalescentes e confluentes, dolorosos, desfigurantes, associados a seborreia e estabelecido sobre uma pele eritematosa, com ou sem episódios de flushing ou blushing. Geralmente aparece depois de um trauma emocional, associada à gravidez, doença inflamatória intestinal. O prognóstico é excelente e geralmente não é recorrente. Frequentemente estes pacientes não apresentam antecedentes de acne nem rosácea. • Rosácea agravada por halogênio: Por iodo e bromo. • Rosácea induzida por corticoides É frequente em crianças e adultos sem antecedentes de rosácea em que foram administrados corticoides potentes por outras dermatoses da face, por exemplo, por eczemas ou dermatite seborreica. Produz-se um quadro similar à rosácea com eritema, telangiectasias, papulopústulas e atrofia cutânea, geralmente agregasse prurido, ardor e sensação de queimadura,tornando a pele muito sensível. 3.7 Complicações � Rosácea agravada por corticoides É uma rosácea que tem sido tratada erroneamente com corticoides tópicos potentes por tempo prolongado, observando-se a maioria aparente e transitória do eritema pelo efeito vasoconstritor e antiinflamatório do CE e a posterior aparição de seus efeitos adversos, atrofia, emagrecimento, telangiectasias, etc. Condição desfigurante e muito irritante. Suspender os esteroides. Está associada, inevitavelmente, com uma exacerbação da doença. 19 Rosácea corticoagravada � Rosácea Gram (-) Adquire aspecto clínico da rosácea do estágio I e II na região perioral e perinasal. Apresenta-se com múltiplas pústulas pequenas ou nódulos. Isolam-se Klebsiella, E. Coli, Pseudomona, Acinetobacter e Proteus. Considera-se mais uma complicação do que uma variedade de rosácea. 3.8 Fimas em rosácea A palavra grega phima significa tumefacção, bulbo ou massa. Esta lesão apresenta- se em diferentes partes do rosto e nas orelhas. É mais frequente no nariz (rinofima). � Rinofima Caracteriza-se por um aumento lento e progressivo do apêndice nasal que chega a produzir importantes deformações2. É pouco frequente e predomina em homens. Clinicamente se observa um aumento do tamanho nasal, especialmente na ponta, com uma coloração vermelha ou violácea, numerosas telangiectasias e orifícios 20 foliculares dilatados, ocasionalmente pápulas e pústulas. Desenvolve-se ao longo de muitos anos como resultado do aumento progressivo do tecido conectivo, hiperplasia das glândulas sebáceas, veias ectásicas e inflamação crônica profunda. Pode acompanhar a rosácea do estágio III, em outros pacientes, surpreendentemente, os sinais da rosácea no resto do rosto podem ser muito leves. Existem quatro formas de apresentação; glandular, fibrosa, fibroangiomatosa e actinica3. � Outros fimas O gnatofima é a tumefacção da mandíbula; o metofima se refere às tumefacções que como almofadas aparecem na testa; o otofima ocorre nos lóbulos das orelhas; denomina-se blefarofima a tumefacção crônica das pálpebras, sobre tudo devido a hiperplasia das glândulas sebáceas2. 3.9 Diagnóstico diferencial Reconhecer os “imitadores da rosácea” facilita o diagnostico e a terapêutica. Deve- se levar em conta as afecções que constituem as síndromes da cara vermelha, a acne, dermatite seborreica, dermatite por contato, dermatite perioral, foliculite por Pitiriosporum, micose, LES e doenças sistêmicas que cursem com flushing, eritema ou telangiectasias como feocromocitoma, mastocitose, síndrome carcinoide, Sindrome de Marfan etc. 21 Rinofima em ambas as fotos. 22 4.0 Terapeutica A rosácea possui um amplio espectro da apresentaçoes clínicas que podem mudar com o tempo e a idade. Para sua eficacia requer de uma cuidadosa avaliação do paciente e um tratamento individualizado com variações e modificações adequadas as flutuações da afecção. Os esquemas terapeuticos estão determinados pelos estágios e pela severidade da doença. Poderão ser tópicos e sistêmicos. Sempre deveram modificar-se ou eliminar-se os fatores que desencadeiam e/ou agravam a rosácea. Pode-se obter muitos resultados bons sobre o componente pápulopustuloso, menor sobre o eritema e as telangiectasias e é dificil o controle do flushing. Aos pacientes com Rosácea devem-se explicar detalhadamente os seguintes pontos � Doença crónica, cíclica. � Alto impacto na vida social e profissional. � Recomendar um “diário de vida” com registro detalhado dos fatores desencadeantes que e o paciente considera (principalmente de flushing/blushing). � Explicar a fisiopatogenia e a raridade de conversão a etapas mais severas (rinofima). � Recomendações sobre uso diário de máscaras calmantes, cosméticos e fotoprotetores. � O enfoque terapêutico deve melhorar a qualidade de vida. � Informação por trípticos ou a través de páginas web a fim de ajudar a melhorar o cumprimento das indicações e dos controles. � Explicar os múltiplos tratamentos disponíveis. � Melhorias aceitáveis em prazos breves (3-4 semanas). Aos pacientes deve-se entregar um guia de recomendações sobre o uso de cosméticos e protetores solares, já que uma das características destes pacientes é a 23 intolerância aos produtos cosméticos, ademais de enfatizar que o sol é um fator desencadeante e agravante da cara vermelha19. Guia para o uso de fotoprotetores e cosméticos em pacientes com rosácea � Usar limpadores livres de sabão. � Eleger protetores solares frente a ultravioleta A e B. Os filtros físicos são mais tolerados (dióxido de titânio e óxido de zinco). � Os cosméticos e fotoprotetores devem conter silicone protetor (dimeticona ou ciclometicona). � Eleger base de maquiagem suave e de fácil extensão. Também é aconselhável que levem em sua formulação protetores frente a ultravioleta A y B. � As maquiagens ou fotoprotetores de cor verde proporcionam uma maior cobertura das áreas vermelhas. � Evitar adstringentes, tonificantes, mentol, alcanfor e produtos que contenham lauril sulfato de sódio. � Evitar cosméticos resistentes a água e bases de maquiagem grossas, difíceis de aplicar ou de retirar sem agentes irritantes. � De preferencia cosméticos e filtros solares livres de óleos. � Medidas gerais � Fotoproteção Se deve evitar ou minimizar a exposição direta ao sol do rosto ou outras áreas afetadas. Mas não é suficinte permanecer na sombra entre as 10:00 e as 16:00 h. nem proteger-se com vestimenta. Recomenda-se utilizar diariamente cremes com protetores solar, de amplo espectro, não oclusivo, não comedogênico, hipoalergênico e não irritante. Uma pesquisa realizada por Frazer e Katz em 1998 revelou que 81% dos entrevistados reconheceram a exposição solar como causa de seus surtos de rosacea, porém de 2000 pacientes somente 5% usavam diariamente protetor solar5. 24 � Cuidados com a pele A pele dos pacientes com rosácea é extremamente sensível. Por isso devem evitar aplicar produtos com álcool, acetona ou adstringentes, determinados sabonetes ou substâncias abrasivas. Devem dar preferência aos de base liquida. Qualquer produto deve ser provado em uma pequena área antes de ser aplicado no rosto5. Os produtos com base verde ou amarela neutralizam a coloração eritematosa do rosto e são muitos úteis. Os produtos para o cabelo que contenham álcool não devem ter contato com a pele do rosto. � Tratamento tópico • Metronidazol Demonstrou ser seguro e eficaz como monoterapia na rosácea leve a moderada. Apresenta-se em gel, loção e creme a 0,75% para duas aplicações diárias. Também estão disponíveis em formulas para única aplicação a 1%, o qual melhora o cumprimento do tratamento. Estudos multicêntricos, randomizados, duplo cego, com grupo paralelo estabeleceu a eficácia do creme de metronidazol a 1%, observando-se, depois de um período de dez semanas uma diminuição significativa da severidade do eritema e o número de pápulas e pústulas. A melhora é evidente a partir da 3º semana e até a 9º. Assim como a resposta se considera apropriada se deve iniciar um esquema de diminuição da frequência da aplicação. O metronidazol possui atividade antiinflamatória, regula os neutrófilos além de ter efeito antioxidante. Com este medicamento é possível induzir períodos de remissão ainda que não se estabeleça a duração ótima do tratamento. As recaídas são frequentes ao suspendê-lo, se requer terapia a longo prazo. Os efeitos adversos são raros, em alguns pacientes podem ocorrer ardor, vermelhidão e ressecamento moderado. Inclusive se relatou casos de agravamento da rosácea. 25 A administração tópica pode resultar em uma mínima absorção percutânea com uma biodisponibilidade sistêmica muito baixa20. Seuuso durante a gravidez esta limitado aos casos em que existe uma clara necessidade. � Antibióticos Utiliza-se a eritromicina em concentrações que variam de 2 % a 4% e a clindamicina em concentrações de 0,5% a 2%. � Sulfacetamida sódica A sulfacetamida sódica 10% com enxofre a 5% loção, se usa a mais de quatro décadas. Possui a propriedade de atuar contra microorganismos (Demodex) e estendesse a formulas de maquiagem com coloração que possibilita a camuflagem pelo cosmético21. A incorporação do enxofre incrementa o efeito irritante, mas também, a eficácia terapêutica. Aplica-se uma vez ao dia2. � Imidazol Os resultados são bons, mas não se realizou estudos clínicos controlados. O de maior eficácia é o cetoconazol em creme aplicado uma a duas vezes ao dia. Apresenta ação antiinflamatória e antimicrobiana sobre bactérias gram positivas2. Estão especialmente indicados em pacientes com dermatites seborreica associada. � Retinóides Há evidencias de que a isotretinoina a 0,025% em creme suave é eficaz 22,23 e produz menos irritação que a tretinoina, esta ultima pode ser utilizada com cautela, em baixa concentração e provando a tolerância, não esta indicada em rosácea com muito eritema e com pele muito sensível2,11,21. É útil também o retinaldeído a 0,05% que aumenta a espessura da epiderme e inibe o fator de crescimento do endotélio vascular, sozinho ou associado ao venotônico e a antiedematose24. 26 � Loção de secagem Loções de enxofre a 2% a 5%, aplicando uma camada fina pela noite. � Antiparasitários Utilizado quando se comprove infestação por Demodex. Pode ser usado crotamiton a 10% em creme ou loção com um sabão contendo uma combinação de enxofre e ácido salicílico, ou permetrina, lindano ou benzoato de benzila2, o tratamento se aplica uma vez ao dia em um período de dois a cinco dias. Solução de Burow (acetato neutro de chumbo 15 g, sulfato de alumínio 8,5 g, água destilada csp) diluída (5 ml em 200ml de agua fervida)25, aplicada em compressas durante 15 minutos nas horas mais quentes do dia que é quando o ácaro tem maior atividade. As preparações com vitamina C reduzem o eritema21. Os peelings com ácido glicólico podem combinar-se com os antibióticos em seções de duas a três semanas, com cremes com concentrações reduzidas de ácido glicólico. A microdemoabrasão em semanas alternadas tem êxito limitado. � Corticoides Em raras ocasiões são prescritos corticoides tópicos para tratar a chamada dermatite rosácea e controlar a irritação produzida por outros agentes terapêuticos tópicos, síndrome de intolerância aos cosméticos, mas seu uso deve ser cauteloso para evitar seus efeitos adversos. 27 � Tratamento sistêmico � Antibióticos Os antibióticos ocupam o primeiro lugar entre os tratamentos da rosácea. Os mais efetivos são o cloridrato de tetraciclina, a oxitetraciclina, a doxiciclina e a minociclina2,3. As doses de cloridrato de tetraciclina variam de 1 g a 1,5 g divididas em duas ou três vezes ao dia. É a terapêutica de primeira eleição. Em duas a três semanas geralmente se controlam as pápulas e pústulas e se podem passar para as doses de manutenção de 500 a 250 mg/dia2, alguns pacientes evolucionam bem, inclusive com 250 mg ou 500 mg em dias alternados2. A doxiciclina se administra a razão de 50 a 100 mg, duas vezes ao dia. Observou-se que doses menores, 20 mg duas vezes ao dia, produzem bons resultados26. Alguns estudos27 sugerem a superioridade da minociclina sobre a tetraciclina e a doxiciclina, já que também inibe a formação de granuloma28. Utiliza-se a 50 a 100 mg/dia. Em raras ocasiões a resposta terapêutica não é a desejada então se pode prescrever-se limeciclina (150 a 300 mg/12h.), ampicilina, trimetoprima- sulfametoxazol ou eritromicina a 500 mg cada 12 h29. Os tratamentos duram semanas ou meses, até que remitem as lesões papulopustulosa, portanto as doses devem ser reduzidas até a suspensão total. Os fármacos tópicos podem ser suficientes para manter a melhora. Em cada surto voltará a utilizar o tratamento oral3. Em caso de demonstrar-se o H. pylori, em um paciente com rosácea e sintomatologia digestiva associada, se indica o plano erradicador. Em geral se associa amoxicilina (500 mg/8 h), claritromicina (500 mg/12 h) e omeprazol (20 mg/12 h) por 10 dias. Outras opções são o metronidazol 500 mg/8 h, amoxicilina 500mg/8 h, claritromicina 500 mg/12 h ou azitromicina 500 mg/dia e omeprazol 20 mg/12 h ou citrato de bismuto 300 mg/6 horas29. 28 Rosácea estágio II + H. pylori. Pós-tratamento com amoxicilina, claritromicina e omeprazol. 29 � Retinoides A isotretinoina é um medicamento notavelmente eficaz para a rosácea22,23. Pode ser apropriada para os casos de rosácea com inflamação severa ou aquelas refratarias aos tratamentos antibióticos como a granulomatosa, conglobata, a rosácea fulminans e a complicada com microorganismos gram negativos2,30. É particularmente útil nos pacientes com pele oleosa, poros dilatados e glândulas sebáceas hiperplásicas. É recomendável para o rinofima em seus e estágios iniciais. Suas doses padrão são de 0,5 a 1 mg/kg/dia mas pode ser mal tolerada por pacientes e além dos conhecidos efeitos adversos. A dose máxima deve reservar-se para a rosácea fulminans ou anterior a cirurgia do rinofima2. Foram obtidos resultados com doses menores (0,1 – 0,2 mg/kg/dia) mas em um tempo mais prolongado (1 ou 2 meses). Minidoses de isotretinoina (2,5 a % mg/dia) são muito uteis para a rosácea em estagio III, na granulomatosa e no edema persistente. Os efeitos adversos são leves e o tratamento dura uns seis meses no mínimo, mas com uma dose acumulativa muito pequena2. Em uma mulher em idade fértil devem-se tomar todos os cuidados para evitar a concepção. Realiza-se lipidograma e hepatograma antes de iniciar o tratamento e durante o mesmo. � Metronidazol É um fármaco efetivo em todas as formas de rosácea em doses usuais de 500 mg/dia, por 20 a 60 dias. Pode-se utilizar o dobro da dose por um lapso breve. � Corticoides sistêmicos É a indicação principal para a rosácea fulminans. Em geral se prescrevem para diminuir a inflamação e permitir a solução dos quistes28. São usados, também, para melhorar o componente vascular27. 30 Sugere-se que, para os fins estéticos e em limitadas ocasiões usa-se doses muito baixas de 10 a 20 mg durante dois dias antes de algum evento socialmente importante21. � Terapêutica física � Laser Os pacientes com rosácea chegam a um platô de resposta terapêutica farmacológica depois da qual persistem algumas telangiectasias e eritema. A laserterapia é um recurso muito útil. Para o controle das telangiectasias se utiliza o laser pulsado. Existem distintos esquemas usando Nd: YAG, green laser de 532 nm, localização, tipo de vasos dilatados, características da pele, etc31. Uma única aplicação geralmente é suficiente para os pequenos vasos, entretanto os de maior tamanho requerem duas sessões. A resposta é melhor em pacientes de pele muito branca com vasos entre 0,25 e 0,9 mm na asa do nariz e a zona mais difícil de tratar é a ponte nasal. Nas áreas convexas é maior a incidência de complicações, despigmentação e cicatrizes. O intervalo entre sessões é de 4 a 6 semanas. Em algumas ocasiões não é possível resolver totalmente a lesão, mas se consegue dissimular seu aspecto estético. Imediatamente depois do laser devem-se aplicar compressas frias e pomada com antibióticos. É imprescindível evitar o sol. As áreas tratadas devem ser lavadas suavemente com água e sabão e aplicar um emoliente32. A reação mais frequente é o ardor que desaparece em 7 a 10 dias. Podendo desenvolver pequenas crostas (20% dos casos) que desaparecem em uma semana. A vermelhidão e o edema desaparecem em 24 a 48 horas.As mudanças de pigmentação que se observa em uns 10 % dos casos são transitórias. O Zimmer Cryo-5, é um dispositivo de resfriamento de ar que melhora a tolerância a estes procedimentos, reduz as complicações e permite aplicar tratamentos de maior intensidade o qual reduz o número de sessões. 31 Também existe o 1064 laser (Vasculight) com um tamanho de spot de 6 mm e um pulso único de 16 mseg com 95 a 110 joules para tratar vasos de maior diâmetro (0,5 a 2 mm) entorno do nariz. � Fototerapia A terapia fotodinâmica de contato breve e a luz pulsada intensa esta sendo usada com êxito no tratamento da rosácea além de melhorar a vermelhidão e o engrossamento da pele33. � Massagens Duas sessões diárias de massagem de Sobye, em sentido circular, suave, sobre o nariz, as bochechas e a testa durante alguns minutos acelera a drenagem linfática reduzindo o edema. � Controle de algumas situações especiais � Flushing O controle do componente vascular é difícil. Obtém-se certo controle com bloqueadores, comprimidos de ação curta e prolongada de propranolol, foram testados também a clonidina e a espironolactona com resultados relativos 2,3. Podem ser usados nadolol, naloxona e antiinflamatórios não esteroides. Amlodipina 10 mg/dia com boa tolerância em normotensos25, os anticolinérgicos, como o glicopirrolato 2 mg/12 h., podem ser de grande ajuda28. Descongestionantes como água de hemamélis, máscaras de iogurte, máscara de pepinos, água termal e vitamina k1 a 1% em creme. Os pacientes devem evitar os desencadeantes ambientais, trabalhar em ambientes frescos e reconhecer e controlar os episódios de raiva, vergonha, timidez. Os psicotrópicos podem teoricamente ajudar a alguns pacientes. 32 � Eritema (cara vermelha) Não existe uma modalidade simples para alterar a cor da pele mediante fármacos tópicos ou sistêmicos. No momento, a maquiagem corretiva é a melhor estratégica. Em especial as maquiagens com coloração verde, conseguem disfarçar a cor avermelhada fazendo a diferença. Com experiência e pequenas camadas de maquiagem, os homens podem usar estas bases ou géis sem que se note34. � Edema O edema é uma sequela da vasodilatação e do flushing, por isso os esforços para minimizar estes componentes colaboram com a prevenção ou o controle do edema. A aplicação de compressas de água fria ou a permanência em ambientes frescos podem ajudar. Alguns expertos recomendam fazer massagem facial, iniciando a massagem do centro da face para a periferia. Os diuréticos não são utilizados, pois o edema da rosácea não ocorre por um desequilíbrio de eletrólitos28. Do ponto de vista local uma formula original contendo retinoaldeído a 0,05%, hesperidina metil chalcona, sulfato de dextran e água termal se consideram útil24. � Telangiectasias Sugere-se que um bom controle da rosácea com terapias tópicas e sistêmicas podem minimizar a tendência a desenvolver telangiectasias e fibrose, mas isso não se estabeleceu definitivamente. A destruição com laser vascular é realmente efetiva. � Dermatite rosácea Ocorre com frequência em pacientes que deixam de usar sabonete para higienizar o rosto por considerar que resseca ou irrita sua pele. A permanência de micróbios e oleosidade induz mudanças na epiderme com eritema, descamação e inflamação comparáveis aos de uma dermatite inflamatória. O controle desta afecção consiste em lavar-se com sabonete ao menos uma vez ao dia ou emulsões de limpeza e 33 aplicar hidrocortisona 1% diariamente ainda que por períodos breves para evitar a “rosácea de rebote” ou a “adição aos esteroides”28. � Rosáceas fulminans Esta variante requer uma atenção especial. O tratamento começa com corticosteroides sistêmicos, por exemplo, metilprednisolona 1 mg /kg/dia durante uma semana para suprimir a reação, logo se agrega isotretinoina oral a uma dose de 0,2 a 0,5 mg/kg/dia, rara vez a 1 mg/kg/dia2. Os corticóides diminuem progressivamente durante as seguintes duas a três semanas. A isotretinoina continua por três a quatro semanas. Em alguns casos a dapsona pode ser uma alternativa a isotretinoina28. � Edema persistente O tratamento recomendado consiste em isotretinoina em baixas doses (0,1 a 0,2 mg/kg/dia) durante dois a seis meses2, combinada com cetotifeno um a dois mg/kg/dia. � Foto dano Uma vez controlado o componente inflamatório deve-se tratar o dano actínico, usando com precações por serem peles sensíveis, o adapaleno 0,1%, tarzaroteno 0,05% a 0,10%, tretinoina 0,025% e retinoaldeído a 0,05%. � Tratamento do rinofima Dieta, combinação de vitaminas, erva, mercúrio, vapor, injeções de fibrolisina, esteroides foram testados sem grande sucesso. Nem os antibióticos nem os retinóides detém a progressão da rosácea a rinofima, nem tão pouco causa regressão do rinofima existente. Em 1920 estavam em alta os raios-x, mas entrarem em desuso. No entanto recentemente aplicaram-se técnicas de dermo aplainamento, dermoabrasão, duas técnicas simples e de resultados reproduzíveis35. 34 A isotretinoina em uma dose de 1 mg/kg/dia por 18 semanas tem mostrado benefícios em particular nos estágios iniciais do rinofima e em homens jovens36. Terapia combinada de dermoabrasão mais isotretinoina, reduzio o volume do rinofima e os acinos sebáceos e foliculares, desapareceram a hiperplasia das glândulas sebáceas, pápulas e pústulas, houve regressão do edema e da inflamação além de melhorar as telangiectasias. Diminuiu também o tempo cirúrgico e não se associou a transtornos de cicatrização nem recorrência. O laser também se utiliza, Shapsay (1980) reportou o uso de laser CO2. O laser CO2 de onda continua permite a excisão da maior quantidade de tecido e o de pulsos de aplica para melhorar a forma de tecido residual. Recomenda-se não extirpar totalmente as glândulas sebáceas para evitar os defeitos da cicatrização37. Henning e Van Gemert (1983) usaram o laser de argônio. Har-El e col. depois de comparar laser versus excisão observaram iguais resultados pré-operatórios e estéticos. Alguns autores implantaram bisturi ultrassônico para melhorar a hemostasia intra-operatória. A eletrocoagulação produz bons resultados. Observa-se que o dano térmico produzido pode gerar cicatrizes cutâneas e dano a cartilagem nasal. O rinofima pode tratar-se cirurgicamente com a técnica de “shaving” por bisturi de radiofrequência3 ou com cirurgia excecional. Curnie38 incorporou uma modificação a técnica de tripla abordagem tradicional mediante o uso de bisturi ou dermatomo para realizar uma excisão tangencial e combina com uma venda de alginato com bons resultados quanto a hemostasia e reepitelização. O uso de alginato tem resultado superiora a parafina suave, gaze, celulose oxidada, colágeno porcino e bandagens impermeáveis. O tempo de cura é menor assim como o risco de cicatrizes hipertróficas. 4.7 Rosácea ocular O comprometimento ocular na rosácea é surpreendentemente comum39, a doença pode começar em um olho e escapar ao diagnostico durante um lapso prolongado. 35 Os sinais oculares aparecem antes que os faciais em 20% de pacientes manifestando-se como vermelhidão e sensação de corpo estranho. Os 45 a 85% dos pacientes com rosácea facial se queixam de incômodos oculares e, em algumas estatísticas o comprometimento ocular nos pacientes com rosácea alcançam 50%, cifra que justifica a investigação e o cuidado de esta particular localização para prevenir incômodos e disfunção. Porém, se não se tratam podem ocorrer complicações da córnea até perca visão40. � Manifestações clínicas Os sinais e sintomas de rosácea ocular incluem sensação de corpo estranho, lacrimejo, visão borrosa, fotofobia, telangiectasias do borde da pálpebra, blefarites, inflamação das glândulas meibomianas, diminuição das lagrimas, e comprometimento mais severo:queratite, episclerite, hiperemia conjuntival, úlceras marginais da córnea e vascularização41. Antes de estabelecer um diagnostico de rosácea ocular se deve descartar outras causas de “olho vermelho” (infecção viral ou bacterina, alergia ocular, uveíte de diversas causas). Rosácea ocular com severo comprometimento da visão. 36 � Patogenia Os fatores patogênicos envolvidos na rosácea ocular são múltiplos, ainda que muitos deles sejam questionáveis. Dentro dos infecciosos se considera, assim como na rosácea cutânea, o Demodex folliculorum e o H. pylori, bactérias como alguns estafilococos que foram descritos pelos oftalmologistas43. � Composição da lagrima O pH das lagrimas se tornou foco de investigação ao relacionar o conteúdo de ácidos graxos livres com a etiopatogenia de outras entidades como a acne. Sugere- se que as exotoxinas bacterianas desestabilizam os lipídios e tornam alcalinas as lagrimas (pH 8,0 versus 7,0 o normal)40. Mas estudos de precisão demonstram que o pH das lagrimas dos pacientes com rosácea é comparável aos de controle, sem rosácea. Usualmente os lipídios que estão na superfície das lagrimas contribuem a evitar a evaporação. Se diminuírem, então produzirá secura ocular e sensação de corpo estranho40. � Inflamação A hipótese mais firme é a inflamatória dado que foi reportado em níveis elevados de IL-1 alfa nas lagrimas de pacientes com rosácea ocular44. Também foi informado aumentos da metaloproteinase-945. � Tratamento • Antibiótico sistêmico Desde 1966, quando Sneddon descreveu o uso de tetraciclinas para tratar a rosácea se tornaram a terapêutica de eleição, também para a rosácea ocular. 37 As tetraciclinas inibem a expressão de metaloproteinas e a produção da lipasa bacteriana o qual reduz a concentração de ácidos graxos livres inflamatórios nas lagrimas45. São efetivas a tetraciclina (1g/dia) e a doxiciclina (100mg/dia). A melhora é observada a partir da 3º ou 4º semanas e se deve reduzir a dose progressivamente no lapso de quatro a seis semanas até a dose mínima com ação antiinflamatória que mantenha o paciente livre de sintomas. Na maioria dos casos a suspensão do tratamento é acompanhada da reaparição dos sintomas43. Um trabalho de Ta46 documenta a melhora clínica de pacientes com rosácea ocular tratados com minociclina, que reduz a produção de radicais livres nos neutrófilos. As bactérias isoladas nestes pacientes incluem o Estafilococos coagulasa-negativo (CNS), Staphylococcus aureus e Propionibacterium acnes. A recontagem de bactérias diminui significativamente em três meses de tratamento com minociclina � Tratamento tópico Em pacientes com blefarites se aconselha uma higiene exaustiva com produtos não irritantes para remover detritos aderidos, pode-se aplicar compressas quentes de três a quatro vezes ao dia por 10 minutos. Recomenda-se também terapia tópica com pomada bactericida e polimixina B. Pode-se utilizar o ácido fusídico. Se a inflamação é importante pode-se indicar pomadas com combinação de antibióticos e esteroides40. Sugere-se que a tetraciclina tópica alcança uma concentração apropriada nas lagrimas e o humor aquoso. O tacrolimus se utiliza a 0,1% em creme com base oftálmica29. 38 CONCLUSÃO A rosácea é uma afecção frequente. Afortunadamente, a maioria dos casos são leves e facilmente controlados com tratamentos tópicos e/ou sistêmicos. Com este geralmente consegue-se a remição das pápulas e pústulas além de que previne a progressão das formas crônicas da doença e das lesões desfigurantes tais como o rinofima, e a fibrose. 39 REFERÊNCIAS 1. Marks R.: Rosácea, en Marks R., Plewig G.: Acne and Related Disorders. Londres - Editorial Martin Dunitz; 1989, cap. 54. 2. Plewig G .: Rosácea, en Fitzpatrick, Eisen, Wolff: Dermatología en Medicina General , Editorial Médica Panamericana , Buenos Aires, Argentina, 4ª.Ed., 1997 : 762-770. 3. La Rotta E, Adame G, Fernández Vozmediano J, Armario JC, Piquero-Martin J. Introducción al conocimiento de la rosácea. En Herane MI, Piquero-Martin J (eds) Rosácea y afecciones relacionadas 1ra ed. Caracas. Editorial Creser Publicidad 1013 CA, 2007. 4. Del Rosso J.: Shining New Light on Rosacea. Skin & Aging, 2003 suppl octubre: 3-6. 5. Katz I; Frase J.: Lifestyle Changes to Manage Sun Exposure and Other Rosacea Tripwires. Skin & Aging 2003, suppl octubre : 12-16. 6. 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