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Fucking God Volume 2 - 2ª Edição

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1 
 
F _ C _ _ N _ 
GOD! 
 
FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA 
 
Autores: 
Filipe Godinho 
Maria Inês Alexandre 
Sílvia Balhana 
David Berhanu 
Sebenta de Neuroanatomia 
Volume 2 
2013/2014 
http://www.google.pt/imgres?q=FMUl&hl=en&biw=1280&bih=631&tbm=isch&tbnid=Z5QrpNFW-vxmmM:&imgrefurl=http://aves.edu.pt/tas/?attachment_id=164&docid=R9-fB622RrYy2M&imgurl=http://aves.edu.pt/tas/wp-content/uploads/2012/01/6-FMUL.gif&w=333&h=329&ei=IvuXUPyIHImWhQfcwoBw&zoom=1&iact=hc&vpx=494&vpy=137&dur=1800&hovh=223&hovw=226&tx=104&ty=87&sig=105497039517009502802&page=1&tbnh=142&tbnw=141&start=0&ndsp=19&ved=1t:429,r:3,s:0,i:74
 
2 
 
 
ÍNDICE 
 
 
INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (Sílvia) ................................................................................... 3 
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO SISTEMA NERVOSO ..................................................................... 4 
ESTRUTURA DO CÓRTEX CEREBRAL (Filipe)......................................................................................................... 5 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA DO TELENCÉFALO (Filipe) .................................................................................... 10 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA DO DIENCÉFALO (Filipe)........................................................................................ 36 
AGRUPAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DOS NÚCLEOS CINZENTOS CENTRAIS DO ENCÉFALO (Filipe) ..... 41 
CONFIGURAÇÃO INTERNA DO DIENCÉFALO (Filipe) ......................................................................................... 43 
CONFIGURAÇÃO INTERNA DO TELENCÉFALO (Filipe)...................................................................................... 62 
TRONCO CEREBRAL (configuração externa) (Filipe) ................................................................................................ 78 
TRONCO CEREBRAL (configuração interna) (Filipe) ................................................................................................. 84 
CEREBELO (Filipe) ....................................................................................................................................................... 93 
ÂNGULO PONTO-CEREBELOSO (Maria Inês) ........................................................................................................ 102 
MENINGES E CISTERNAS (Filipe) ........................................................................................................................... 105 
VENTRÍCULOS (Maria Inês) ...................................................................................................................................... 118 
LÍQUIDO CEFALO-RAQUIDIANO (Maria Inês) ...................................................................................................... 126 
SISTEMA LÍMBICO (Filipe) ....................................................................................................................................... 130 
FORMAÇÃO RETICULAR (Filipe) ............................................................................................................................ 144 
MEDULA ESPINHAL (David e Filipe) ....................................................................................................................... 150 
VIAS ASCENDENTES OU DA SENSIBILIDADE (Filipe)....................................................................................... 165 
VIAS DESCENDENTES (Filipe) ................................................................................................................................ 182 
ARCO REFLEXO, REFLEXOS MEDULARES E REFLEXOS PATOLÓGICOS (Filipe) ....................................... 199 
VASCULARIZAÇÃO DA MEDULA ESPINHAL (David e Filipe) .......................................................................... 211 
LESÕES E SÍNDROMES MEDULARES (David e Filipe) ......................................................................................... 216 
VASCULARIZAÇÃO ARTERIAL DO ENCÉFALO (Filipe) .................................................................................... 227 
VASCULARIZAÇÃO VENOSA DO ENCÉFALO (Filipe) ....................................................................................... 246 
REFLEXOS VISUAIS (Filipe) ..................................................................................................................................... 258 
OUVIDO (Filipe) .......................................................................................................................................................... 264 
FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO (Filipe) ......................................................................................................................... 285 
RESUMO DA MATÉRIA EM TABELAS (Sílvia) ..................................................................................................... 299 
PERGUNTAS-TIPO DE NEUROANATOMIA (Sílvia) ............................................................................................. 304 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 
 
 O encéfalo e a medula espinhal são os centros de integração da 
informação. Estão suspensos em líquido cérebroespinal e são envolvidos 
por meninges (da mais profunda para a mais superficial: pia-máter, 
aracnóide-máter e a dura-máter), protegidas externamente por estruturas 
ósseas. 
 A medula espinhal encontra-se no canal vertebral, desde o seu limite 
superior (forâmen magnum), até à região lombar, aproximadamente ao 
nível da vértebra L1, onde termina pelo cone medular. Abaixo deste nível 
encontramos a cauda equina, um conjunto de raízes nervosas envolvidas 
por meninges e abaixo desta, o filum terminale, um prolongamento de 
pia-máter, que se estende à região coccígea. 
 O encéfalo encontra-se na cavidade craniana e comunica com a medula 
espinhal através do forâmen magnum. É habitualmente dividido em três 
grandes estruturas: 
 
o ROMBOENCÉFALO: corresponde às estruturas mais posteriores e 
inferiores do encéfalo. Engloba o bulbo raquidiano, que se continua 
em baixo pela medula espinhal; a ponte/protuberância, 
imediatamente acima do bulbo; e o cerebelo, posterior à ponte. 
o MESENCÉFALO: conecta o romboencéfalo ao prosencéfalo sendo 
constituído por muitos núcleos e tratos ascendentes e descendentes. 
o PROSENCÉFALO: corresponde à região mais superior do encéfalo 
englobando o diencéfalo, mediano e do qual fazem parte estruturas 
como o tálamo e o hipotálamo; e o telencéfalo/ cérebro, que forma a 
maior porção do encéfalo e que é dividido em dois grandes 
hemisférios cerebrais. 
 
4 
 
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO SISTEMA NERVOSO 
 
 O desenvolvimento do SN depende de factores genéticos e ambientais. 
 Durante a formação dum embrião surgem 3 camadas celulares primitivas: a endoderme, 
que dá origem ao trato gastrointestinal, pulmões e fígado; a mesoderme, que permite a 
formação de tecido conjuntivo, músculo e do sistema vascular; e a ectoderme, 
responsável pela origem de tecidos epiteliais e nervosos. 
 Por volta da 3ª semana de desenvolvimento a ectoderme começa a formar uma placa 
neural que sofre alterações progressivas até culminar na formação do tubo neural. A 
fusão deste inicia-se numa região mediana do embrião e estende-se tanto em direcção 
cranial quanto caudal, deixando em aberto as extremidades do tubo (neuroporos anterior 
e posterior). Aproximadamente aos 28 dias de gestação o encerramento do tubo estará 
completo (antes de muitas mulheres saberem que estão grávidas). 
 Simultaneamente à formação do tubo neural desenvolve-se outra estrutura, a crista neural 
que dará origem a gânglios sensitivos e autónomos, a células da medula supra-renal, a 
melanócitos e aos tecidos mesenquimatosos da cabeça e pescoço. 
 A região do neuroporo anterior prolifera acabando por formar 3 vesículas 
primitivas: o romboencéfalo, o mesencéfalo e o prosencéfalo. O resto do 
tubo neural alonga-se para formar a medulaespinhal. 
 Apesar dos tecidos do SN dependerem essencialmente da ectoderme, a 
mesoderme têm influência no seu desenvolvimento: um exemplo está no 
BMP, factor de crescimento que inibe a formação do tubo neural. A 
mesoderme é capaz de secretar outros factores que inibem o BMP, 
permitindo a ocorrência da neurulação, fenómeno chamado de “indução 
neural”. 
 Os defeitos na formação do tubo neural são das anomalias congénitas mais 
comuns, sublinhando a importância da administração de ácido fólico à grávida (essencial ao processo). Os anti-
convulsivantes podem inibir a síntese de folatos levando a defeitos no fecho do tubo neural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
ESTRUTURA DO CÓRTEX CEREBRAL 
 
 O córtex cerebral atapeta toda a superfície do hemisfério cerebral, sendo formado por substância cinzenta 
 O córtex contém aproximadamente 10 biliões de neurónios 
 A área de superfície do córtex é aumentada devido aos sulcos e circunvoluções existentes 
 A espessura do córtex varia entre 1,5 a 4,5 mm de espessura 
 Consiste numa mistura de células nervosas, fibras nervosas, neuróglia e vasos sanguíneos 
 
CÉLULAS NERVOSAS DO CÓRTEX CEREBRAL 
 5 tipos de células identificadas: 
o Células Piramidais 
o Células Fusiformes 
o Células Horizontais de Cajal 
o Células de Martinotti 
o Células Estreladas ou Granulares 
 
Células Piramidais 
 O seu nome deve-se à forma dos seus corpos 
celulares 
 Os corpos celulares medem entre 10 a 50 µm de 
comprimento. 
 Existem células piramidais “gigantes”, chamadas 
de células de Betz, cujos corpos celulares medem 
até 120 µm. Estas células são encontradas na 
circunvolução frontal ascendente 
 Do ápex (superior) de cada célula, uma dendrite 
estende-se para cima em direcção à pia-máter, 
dando ao longo do seu trajecto vários ramos 
colaterais. Dos vértices basais também partem 
dendrites. Cada dendrite possui numerosas 
espinhas dendríticas, que sinapsam com axónios 
de outros neurónios. 
 O axónio tem origem na base (inferior) do corpo 
celular e termina ou nas camadas corticais mais profundas, ou penetra na substância branca como fibra comissural, 
de associação ou de projecção. 
 
Células Estreladas ou Granulares 
 Células pequenas, poligonais, cujo corpo celular mede cerca de 8 µm de diâmetro 
 Apresentam múltiplas ramificações dendríticas e axónios curtos, que terminam nos neurónios vizinhos 
 
Células Fusiformes 
 O seu maior eixo é orientado na vertical 
 Concentradas principalmente nas camadas corticais mais profundas 
 Dendrites emergem dos 2 polos (superior e inferior) do corpo celular: as dendrites inferiores ramificam-se dentro da 
mesma camada cortical; as dendrites superiores/superficiais ascendem até à superfície do córtex e ramificam-se nas 
camadas superficiais 
 O axónio tem origem no polo inferior do neurónio e penetra na substância branca como fibra comissural, de 
projecção ou de associação 
 
 
 
6 
 
Células Horizontais de Cajal 
 Células orientadas horizontalmente, pequenas e fusiformes 
 Encontradas nas camadas do córtex mais superficiais 
 Uma dendrite emerge de cada extremidade do corpo celular 
 Um axónio corre paralelo à superfície do córtex, sinapsando com dendrites das células piramidais 
 
Células de Martinotti 
 Células nervosas pequenas e multipolares 
 Presentes em todas as camadas do córtex cerebral 
 Apresentam dendrites curtas 
 O axónio dirige-se para a superfície do córtex, onde termina nas camadas mais superficiais. Ao longo do seu trajecto, 
emite pequenos ramos colaterais. 
 
CAMADAS DO CÓRTEX CEREBRAL 
 O córtex cerebral quase sempre está organizado em 6 camadas, ordenadas de superficial para profundo: 
o Camada Molecular 
o Camada Granular Externa 
o Camada Piramidal Externa 
o Camada Granular Interna 
o Camada Ganglionar ou Piramidal Interna 
o Camada Multiforme de Células Polimórficas 
 
Camada Molecular 
 Camada mais superficial 
 Consiste numa rede densa de fibras tangenciais, 
derivadas das dendrites apicais das células 
piramidais e fusiformes, dos axónios das células 
estreladas, e das células de Martinotti. 
 Fibras aferentes provenientes do tálamo e fibras de 
associação também estão presentes nesta camada 
 Espalhadas entre as fibras nervosas encontram-se 
células horizontais de Cajal 
 Local onde ocorre um grande número de sinapses 
entre diferentes neurónios. 
 
Camada Granular Externa 
 Contém um grande número de células piramidais 
pequenas e células estreladas 
 As dendrites destas células terminam na camada molecular e os axónios penetram nas camadas mais profundas, 
terminando aí ou avançando pela substância branca. 
 
Camada Piramidal Externa 
 Composta por células piramidais, cujos comprimentos dos corpos celulares aumentam com a profundidade na 
camada. 
 As dendrites apicais ascendem à camada molecular e os axónios penetram nas camadas mais profundas, entrando na 
substância branca como fibras comissurais, de projecção ou de associação 
 
Camada Granular Interna 
 Composta por células estreladas 
 Concentração elevada de fibras tangenciais, colectivamente conhecidas como banda de Baillarger Externa 
 
7 
 
Camada Ganglionar/Piramidal Interna 
 Contém células piramidais de tamanho médio a grande, e células estreladas e de Martinotti 
 Concentração elevada de fibras tangenciais, que formam a banda de Baillarger Interna 
 No córtex motor (circunvolução frontal ascendente), as células piramidais, devido ao seu grande tamanho, são 
denominadas células de Betz. Estas células contribuem apenas para 3% das fibras de projecção do tracto 
corticoespinhal/piramidal 
 
Camada Multiforme de Células Polimórficas 
 Composta por células fusiforme e piramidais modificadas, cujo corpo celular é triangular a ovóide 
 Presença de células de Martinotti 
 Local de passagem de muitas fibras nervosas, que entram ou saem da substância branca 
 
FIBRAS NERVOSAS DO CÓRTEX CEREBRAL 
 Relativamente à mieloarquitectura, podemos identificar dois tipos de disposição das fibras no córtex cerebral: 
o Fibras Radiais – perpendiculares à superfície do córtex 
o Fibras Tangenciais ou Estrias – bandas de fibras que se dispõem dentro de uma camada do córtex 
 
Fibras Radiais 
 Dirigem-se em ângulos rectos em relação à superfície 
cortical 
 Incluem: 
o Fibras aferentes comissurais, de projecção ou de 
associação, que terminam no córtex; 
o Os axónios das células piramidais e fusiformes que 
deixam o córtex como fibras comissurais, de projecção ou 
de associação, em direcção à substância branca do 
hemisfério cerebral. 
 
Fibras Tangenciais 
 Dirigem-se paralelamente à superfície cortical 
 Incluem: 
o Ramos colaterais e terminais de fibras aferentes (maior 
parte) 
o Axónios de células horizontais de Cajal e células 
estreladas 
o Ramos colaterais das células piramidais e fusiformes 
 Podemos identificar no córtex cerebral 3 estrias: 
o Banda de Kaes-Bechterew – na camada molecular 
o Banda de Baillarger Externa – situada na camada granular 
interna (camada 4) 
o Banda de Baillarger Interna – situada na camada 
piramidal interna (camada 5) 
 As bandas de Baillarger são particularmente desenvolvidas 
em áreas sensoriais/sensitivas devido à grande concentração 
das partes terminais das fibras talamocorticais 
 No córtex visual, a banda de Baillarger externa é tão espessa 
que pode ser vista a olho nu, sendo conhecida como a Estria 
de Gennari. Devido a esta banda/estria, o córtex visual 
próximo do sulco calcarino é referenciado como o córtex 
estriado. 
 
8 
 
VARIAÇÕES NA ESTRUTURA CORTICAL 
 Nem todas as áreas corticais possuem as 6 camadas corticais 
descritas anteriormente. Assim, podemos dividir o córtex 
cerebral em 3 áreas, de acordo com a citoarquitectura e 
mieloarquitectura: 
o Alocórtex (Paleocórtex + Arquicórtex) 
o Isocórtex ou Neocórtex 
o MesocórtexAlocórtex 
 Caracteriza-se pela sua estrutura primitiva e elementária. 
 Constituída pelo arquicórtex e pelo paleocórtex 
 Composta por: 
o Uma camada granular receptora e uma camada piramidal 
efectora - arquicórtex 
o Confusão das camadas celulares – paleocórtex 
 O termo alocórtex foi utilizado durante muito tempo como sinónimo de córtex olfactivo. 
 De facto, o cérebro dos vertebrados inferiores macrosmáticos (diz-se dos animais com o olfacto muito desenvolvido) é 
dedicado quase exclusivamente ao olfacto e aos reflexos que este sentido desencadeia – trata-se portanto do 
rinencéfalo. 
 Pensava-se também que o alocórtex dos vertebrados superiores era também olfactivo, mas actualmente sabe-se que 
no alocórtex se distinguem duas zonas: 
o Formações paleocorticais (paleocórtex) – dedicadas ao sentido do olfacto 
o Formações arquicorticais (arquicórtex) – sem relação com o olfacto 
 Assim, o termo rinencéfalo nestes vertebrados não se aplica a todo o alocórtex, apenas designando o paleocórtex 
 O arquicórtex constitui parte fundamental do cérebro nos vertebrados (superiores e inferiores), governando os 
comportamentos e a vida instintiva. Portanto, a vida destes animais obedece a impulsos, que por sua vez suscitam 
acções automáticas/involuntárias. 
 Nos humanos, o alocórtex integra o Sistema Límbico e está disposto da seguinte maneira: 
o Paleocórtex - constitui o aparelho olfactivo (bulbo olfactivo, pedúnculos, estrias, etc.) 
o Arquicórtex - constitui o aparelho motor do comportamento genérico (hipocampo), dotado de uma certa 
memória. 
 
Neocórtex ou Isocórtex 
 Neste córtex estão bem individualizadas a 6 camadas corticais 
 Podemos distinguir 2 tipos de neocórtex: 
o Córtex Homotípico – as 6 camadas mantêm as mesmas proporções entre si (não há uma maior que as outras). 
Este isocórtex reveste as áreas corticais de associação (ver configuração externa do telencéfalo) 
o Córtex Heterotípico – corresponde a zonas corticais de projecção. Aqui, podemos ainda subdividir o córtex 
consoante as camadas do córtex predominantes: 
 Tipo Granular – as camadas granulares (2 e 4) bem desenvolvidas, em detrimento das camadas piramidais (3 e 
5). Assim, as camadas 2 a 5 fundem-se numa só camada composta predominantemente de células 
granulares/estreladas (são estas células que recebem as fibras talamocorticais). Este tipo é encontrado na 
circunvolução parietal ascendente, na circunvolução temporal superior e em partes da circunvolução 
hipocâmpica 
 Tipo Agranular – as camadas granulares (2 e 4) estão pouco desenvolvidas ou até ausentes. As camadas 
piramidais (3 a 5) estão muito desenvolvidas. Este tipo é encontrado na circunvolução frontal ascendente e 
noutras áreas do córtex frontal. Estas áreas dão origem a um grande número de fibras eferentes relacionadas 
com as funções motoras. 
 O neocórtex relaciona-se com a actividade consciente, voluntária, pessoal e propriamente psíquica. 
 Comparado com os animais, o Homem apresenta este tipo de córtex muito mais desenvolvido. 
 
9 
 
Mesocórtex 
 É um córtex do tipo misto 
 Observamos ilhas de alocórtex rodeadas por mesocórtex 
 Este tipo de córtex está presente na circunvolução do corpo caloso 
 
MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO DO CÓRTEX CEREBRAL 
 Em termos funcionais, o córtex cerebral está organizado em unidades verticais ou colunas 
o Por exemplo, no córtex sensitivo cada coluna está associada a uma função sensitiva específica - uma unidade 
vertical para cada segmento do corpo. 
o Estas colunas estendem-se ao longo das 6 camadas corticais até à substância branca 
o Cada unidade possui fibras aferentes, interneurónios e fibras eferentes 
o Cada unidade pode ser activada isoladamente, ou uma excitação de uma unidade funcional pode-se propagar para 
outras unidades através dos axónios das células estreladas 
o As células horizontais de Cajal permitem a activação de unidades verticais localizadas a uma distância 
significativa da fibra aferente “excitadora”. 
 Relativamente às camadas do córtex, podemos distinguí-las funcionalmente da seguinte maneira: 
o Camada 2 e 4 (granulares externa e interna) – são os pisos de recepção. A camada granular externa recebe 
informações de outras regiões do córtex cerebral. A camada granular interna recebe informações mais longíquas, 
principalmente do tálamo (radiações talâmicas) 
o Camadas 3 e 5 (piramidais externa e interna) – constituem os pisos de emissão. A camada piramidal externa 
transmite mensagens intercorticais, enquanto a camada piramidal interna envia os seus impulsos para zonas 
subcorticais, do tronco cerebral e da medula espinhal. 
o Camada 1 (molecular) – assegura as conexões com as superfícies vizinhas 
o Camada 6 (multiforme) – estabelece as relações interhemisféricas através das fibras comissurais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
CONFIGURAÇÃO EXTERNA DO TELENCÉFALO 
 
 O Telencéfalo (ou Cérebro) é a porção mais volumosa do encéfalo 
 Repousa, através da sua face inferior nos andares médio e anterior/superior da base do crânio 
 Cobre superiormente o cerebelo, do qual está separado pela tenda do cerebelo 
 A sua face súpero-externa, convexa, corresponde em toda a sua extensão à abóbada craniana 
 Forma ovóide com uma extremidade posterior larga 
 Diâmetros: 
o Ântero-Posterior: 16 cm 
o Transversal: 14 cm 
o Vertical: 12 cm 
 Peso médio: 1Kg (mulheres) a 1,1 Kg (homens) 
 Dividido em 2 partes simétricas – os hemisférios – pela fenda interhemisférica 
 Os hemisférios estão unidos entre si pelas grandes comissuras interhemisféricas – corpo caloso e o fórnix – e pelo 
diencéfalo, situado por baixo das comissuras interhemisféricas 
 Cada hemisfério é escavado por uma cavidade derivada do canal central: os ventrículos laterais 
 Cada hemisfério apresenta, ao nível da união com 
o diencéfalo, uma massa de substância cinzenta 
volumosa denominada corpo estriado 
 Cada hemisfério apresenta 3 faces: súpero-
externa, inferior e interna 
 
Face Súpero-Externa 
 Convexa 
 Limites: 
o Em cima pelo bordo superior do hemisfério 
cerebral, bordeado pelo seio sagital superior 
o Em baixo por um bordo marcadamente 
chanfrado na união do seu ¼ anterior com os 
¾ posteriores 
 Corresponde em toda a sua extensão à abóbada 
craniana 
 
Face Interna 
 Plana e Vertical 
 Constituída por 2 partes: 
o Superior: livre, desde o bordo superior do 
hemisfério cerebral até ao corpo caloso. 
Separada do hemisfério oposto pela fissura 
longitudinal do cérebro/ fenda 
interhemisférica, na qual se introduz uma 
prega de dura-máter (foice do cérebro) 
o Inferior ou umbral do hemisfério cerebral: 
aderente, constituída por todos os órgãos 
(corpo caloso, septo pelúcido, fórnix e 
diencéfalo) que unem os hemisférios cerebrais 
entre si 
 
 
 
 
 
11 
 
Face Inferior 
 Limites: 
o Externo: bordo inferior da face súpero-externa 
o Interno: extremidades anterior e posterior da 
fenda interhemisférica e, entre estas 
extremidades, pelo diencéfalo e pedúnculos 
cerebrais 
 Dividida em 2 partes pelo rego de Sylvius/ sulco 
lateral: 
o Parte Anterior ou Orbitária: apoiada sobre a 
parede superior da órbita. Constituída pelo bulbo 
e tracto olfactivos, pedúnculos olfactivos e 
substância/espaço perfurado anterior 
o Parte Posterior ou Temporoccipital: deprimida 
na sua parte média e interna, de tal maneira que 
se orienta para baixo/dentro. Repousa sobre o 
andar médio do crânio e sobre a tenda do 
cerebelo. 
 
FENDAS, REGOS E SULCOS 
 
 A superfície dos hemisférios cerebrais é percorrida por numerosos sulcos e regos que delimitam os lobos cerebrais e 
as circunvoluções cerebrais 
 Os lobos estão separados entre si por sulcos principais ou regos 
 Cada lobo apresenta um certo número de circunvoluções delimitadas por sulcos (secundários) 
 Os limites traçados pelos sulcos podem ser imprecisos. Circunvoluções adjacentes que pertencema um mesmo lobo 
ou a 2 lobos contíguos podem estar unidas entre si por pregas anastomóticas/de comunicação. 
 Existem também sulcos terciários (inconstantes) com origem nos diversos sulcos secundários. 
 Nomenclatura utilizada: 
o Fenda – separa hemisférios. Só há uma: fenda interhemisférica 
o Regos (nomenclatura francesa) – separam lobos entre si, dentro do mesmo hemisfério 
o Sulcos (nomenclatura francesa) – separam circunvoluções, dentro de cada lobo 
o Sulcos (nomenclatura inglesa) – correspondem aos sulcos e regos da 
nomenclatura francesa 
 
Fenda de Bichat ou Fissura Transversa do Cérebro 
 A fenda de Bichat, apesar de designada de “fenda”, não separa hemisférios 
cerebrais. 
 Depressão profunda escavada posteriormente e nos lados, entre, por um lado, os 
hemisférios cerebrais e as grandes comissuras interhemisféricas, e por outro, o 
diencéfalo e o mesencéfalo 
 Forma de ferradura de cavalo com concavidade orientada para a frente 
 A porção média está compreendida entre, por um lado, o esplénio 
do corpo caloso e o fórnix, em cima, e pelo outro, os 
colículos/tubérculos quadrigémios e o tecto do 3º ventrículo, em 
baixo. 
 As porções laterais, prolongamentos da porção média, são 
constituídas por uma depressão que, de cada lado, separa a 
circunvolução parahipocâmpica/temporal superior do pedúnculo 
cerebral e do diencéfalo 
 Nesta fenda penetra a pia-máter, para formar a tela coroideia do 3º 
ventrículo e os plexos coroideus dos ventrículos laterais 
 
12 
 
Rego de Sylvius (Sulco Lateral) 
 Começa sobre a face inferior do hemisfério, no ângulo externo da substância perfurada anterior. 
 Desde esse ponto, dirige-se para fora, descrevendo uma curva côncava para trás, cruza o bordo inferior da face 
súpero-externa e percorre esta face obliquamente para cima/trás, até à união dos 1/3 médio e 1/3 posterior dos 
hemisfério cerebral. 
 Ao nível da face súpero-externa este sulco origina 3 prolongamentos: 
o Ramo anterior/horizontal – dirige-se para a frente, no lobo frontal, ao longo do bordo inferior da face súpero-
externa 
o Ramo ascendente/posterior/vertical – nasce um pouco atrás do ramo anterior, dirige-se para cima/frente 
o Ramo posterior – ramo terminal do Rego de Sylvius que se dirige para o lóbulo marginal. 
 É um sulco muito profundo, cujo 
fundo é ocupado por uma parte 
extensa da superfície do hemisfério 
cerebral – ínsula ou lobo da ínsula. 
 
Rego de Rolando (Sulco Central) 
 Começa um pouco atrás da parte 
média da fenda interhemisférica 
 Desce para baixo/frente sobre a face 
súpero-externa do hemisfério 
cerebral 
 Termina um pouco superior ao rego 
de Sylvius 
 Descreve no seu trajecto 3 curvas 
sucessivas: 
o Curva Superior – convexa para a 
frente 
o Curva Média – convexa para trás 
o Curva Inferior – convexa para a frente 
 A extremidade superior deste sulco escava ligeiramente o bordo superior dos hemisfério cerebral e a porção 
adjacente da sua face interna 
 
Rego Parieto-Occipital 
 Parte do bordo superior do hemisfério 
cerebral, a 5 cm da extremidade posterior 
do hemisfério 
 Desde este ponto, percorre tanto a face 
interna como a face súpero-externa: 
o Rego perpendicular interno (face 
interna) – dirige-se para a frente até à 
extremidade posterior da 
circunvolução do corpo caloso, onde 
termina. Ao longo do seu trajecto, 
cruza-se com o sulco calcarino 
o Rego perpendicular externo ou sulco occipital transverso (face súpero-externa) – apresenta o mesmo trajecto que 
o rego perpendicular interno. É pouco visível pois é obliterado por diversas pregas anastomóticas que unem as 
circunvoluções parietais, temporais e occipitais. Apenas são visíveis as suas extremidades, presentes nos bordos 
superior e inferior do hemisfério cerebral (a extremidade no bordo inferior chama-se incisura pré-occipital). 
 
13 
 
Rego Caloso-Marginal ou Sulco do Cíngulo 
 Situado sobre a face interna do hemisfério cerebral 
 Começa à frente e por baixo do joelho do corpo 
caloso 
 Tem um trajecto paralelo ao bordo superior do corpo 
caloso, posicionando-se a igual distância entre este e 
o bordo superior do hemisfério. 
 Um pouco à frente da extremidade posterior 
(esplénio) do corpo caloso, o sulco flecte-se para 
cima e termina sobre o bordo superior do hemisfério 
cerebral 
 
Rego Subparietal 
 Sulco simples e pouco marcado 
 Tem origem no ponto em que o rego caloso-marginal se flecte para cima, um pouco à frente do esplénio do corpo 
caloso 
 Percorre um trajecto paralelo ao corpo caloso 
 Termina no rego parieto-occipital (rego perpendicular interno) 
 
LOBOS E CIRCUNVOLUÇÕES 
 
 Distinguem-se em cada hemisfério 6 lobos com diferentes projecções nas 3 faces: 
o Lobo Frontal – súpero-externa, interna e inferior 
o Lobo Parietal – súpero-externa e interna 
o Lobo Temporal – súpero-externa, interna e inferior 
o Lobo Occipital – súpero-externa, interna e inferior 
o Lobo da Ínsula – súpero-externa (no fundo do rego de Sylvius, coberta pelo lobo temporal) 
o Lobo do Corpo Caloso – interna 
 
Lobo Frontal 
 Forma de pirâmide triangular: 
o Face súpero-externa – limitada atrás pelo Rego de Rolando e pela porção 
o Face Interna – à frente do Rego de Rolando e por cima do Rego Caloso-marginal 
o Face Inferior/Orbitária – limitada atrás pelo segmento transversal do Rego de Sylvius 
o Vértice – anterior, arredondado, corresponde ao pólo frontal 
 Limites: 
o Rego de Sylvius 
o Rego de Rolando 
o Rego Caloso-Marginal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Circunvoluções (4) 
 Frontal Ascendente ou Pré-Central/Pré-Rolândica 
o Face interna e súpero-externa 
o Limitada atrás pelo Rego de Rolando e à frente pelo 
sulco Pré-Rolândico/Pré-Central (sulco descontínuo) 
o Continua-se com o lóbulo paracentral, na face interna, 
e com a circunvolução parietal ascendente, 
inferiormente e na face súpero-externa 
 Frontal Superior ou 1ª Circunvolução Frontal 
o Face interna, súpero-externa e inferior 
o 2 segmentos: 
 Segmento Superior/Dorsal – segue o bordo 
superior do hemisfério cerebral, sendo identificado 
quer na face interna, quer na face súpero-externa. 
Limitado pelo sulco do cíngulo (face interna) e 
pelo sulco frontal superior (face súpero-externa), 
que se estende desde o sulco pré-central até à 
extremidade anterior do lobo frontal. A sua 
extremidade posterior forma o lóbulo paracentral. 
Ao nível do polo frontal, continua-se com o 
segmento inferior. 
 Segmento Inferior/Orbitário – denominada de 
circunvolução recta, ocupa na face inferior do lobo 
frontal o espaço compreendido entre a fenda interhemisférica e o sulco olfactivo (no qual passa o tacto 
olfactivo) 
o Lóbulo Paracentral – nome atribuído à extremidade posterior do segmento superior/dorsal da circunvolução 
frontal superior. Limitado à frente por um pequeno sulco paralelo ao segmento terminal do sulco do cíngulo. 
Relaciona-se também com as extremidades superiores das circunvoluções pré-central e pós-central 
 Frontal Média ou 2ª Circunvolução Frontal 
o Face súpero-externa e inferior 
o 2 segmentos: 
 Segmento Superior (face súpero-externa) – 
limitado em cima pelo sulco frontal superior, e 
em baixo pelo sulco frontal inferior, que parte 
do sulco pré-central e corre paralelo ao sulco 
frontal superior. 
 Segmento Inferior/Orbitário (face inferior) – 
ocupa ¾ da face inferior do lobo frontal. 
Limitado por dentro pelo sulco olfactivo, e por 
fora pelo sulco orbitário externo. A superfície 
deste segmento é percorrida por 
anfractuosidades (sulcos orbitários) que no seu conjunto descrevem a forma de um H (sulco em H). 
 Frontal Inferior ou 3ª Circunvolução Frontal 
o Face súpero-externa e inferior 
o Ocupa toda a porção do lobo frontal situada por baixo/fora da circunvolução frontal média 
o Compreendida entre os sulcos frontal inferior e orbitário externo, por um lado, e o Rego de Sylvius, pelo outro.o Os 2 prolongamentos do Rego de Sylvius dividem esta circunvolução em 3 partes: 
 Porção Orbitária/Cabeça (face inferior e súpero-externa) – situada por baixo/dentro do ramo anterior do Rego 
de Sylvius 
 Porção Triangular/Cabo (face súpero-externa) – entre os ramos anterior e ascendente do Rego de Sylvius 
 Porção Opercular/Pé (face súpero-externa) – atrás do ramo ascendente do Rego de Sylvius. Comunica em 
cima com a circunvolução Frontal Ascendente. 
 
15 
 
Lobo Parietal 
 Situado na porção média e superior da face súpero-externa do hemisfério cerebral 
 Ocupa uma escassa extensão da face interna 
 Limites: 
o Rego de Rolando à frente 
o Rego de Sylvius por baixo 
o Rego Parieto-Occipital (Rego Perpendicular Externo) atrás 
o Rego Subparietal por dentro (face interna) 
 Apresenta 3 circunvoluções separadas entre si pelo sulco intraparietal 
 Sulco Intraparietal (face súpero-externa) – dirige-se primeiro para cima/trás, paralelamente ao Rego de Rolando 
(neste trajecto toma o nome de sulco Pós-Central/Pós-Rolândico); depois flete para trás e corre paralelamente ao 
bordo superior do hemisfério cerebral, até ao lobo occipital 
 
Circunvoluções (3) 
 Parietal Ascendente ou Pós-
Central/Pós-Rolândica 
o Face súpero-externa e interna 
o Localizada atrás do Rego de 
Rolando e à frente do Sulco Pós-
Central 
o Esta circunvolução une-se à 
circunvolução frontal ascendente por 
meio de pregas anastomóticas, 
localizadas em cada uma das 
extremidades do Rego de Rolando: 
 Inferiormente unem-se ao nível 
da porção opercular da 
circunvolução frontal inferior 
 Superiormente unem-se ao nível 
do lóbulo paracentral (face interna) 
 Lóbulo Parietal Superior ou 1ª Circunvolução Parietal 
o Face súpero-externa e interna 
o Situado sobre o bordo superior do hemisfério 
cerebral, atrás da circunvolução pós-central e 
por cima do sulco intraparietal 
o Invade a face interna do hemisfério cerebral, 
onde forma o lóbulo quadrilátero (pré-cunea) 
o O lóbulo quadrilátero é limitado à frente pela 
extremidade posterior do rego caloso-marginal, 
atrás pelo rego parieto-occipital (Rego 
perpendicular interno), e por baixo pelo rego 
subparietal 
 Lóbulo Parietal Inferior ou 2ª Circunvolução 
Parietal 
o Face súpero-externa 
o Situada por baixo do Lóbulo Parietal Superior e atrás da Circunvolução Parietal Ascendente 
o Formado por 2 segmentos curvos em continuidade um com o outro: 
 Anterior/Circunvolução Supramarginal/Lóbulo Marginal – contém na sua concavidade voltada para baixo a o 
ramo posterior do Rego de Sylvius 
 Posterior/Circunvolução Angular/Lóbulo Angular – contém na sua concavidade voltada para a frente a 
extremidade posterior do sulco temporal superior 
 
 
16 
 
Lobo Occipital 
 Ocupa a porção posterior do hemisfério cerebral 
 Forma de pirâmide triangular: 
o Vértice é o Polo Occipital e está orientado para trás 
o Face Externa – corresponde a uma das fossas cerebrais da escama do osso occipital 
o Face Interna – separada da face homóloga contralateral pela fenda interhemisférica 
o Face Inferior – repousa sobre a tenda do cerebelo 
 Limites: 
o Rego Parieto-Occipital (rego perpendicular 
interno), à frente, na face interna 
o Rego Parieto-Occipital (sulco occipital 
transverso), à frente, na face súpero-externa 
(limite pouco visível, obliterado por várias 
pregas anastomóticas) 
o Na face inferior não existe nenhum limite bem 
definido 
 O lobo occipital é contínuo com o lobo temporal 
nas faces súpero-externa e inferior, e com o lobo 
parietal na face súpero-externa 
 
Circunvoluções (6) 
 Existem 6 circunvoluções occipitais, numeradas de cima para baixo, separadas entre si por 5 sulcos inominados. As 
circunvoluções e os sulcos nascem no polo occipital e dirigem-se até à base do lobo occipital 
 1ª Circunvolução Occipital 
o Face súpero-externa 
o Continua-se à frente com o lóbulo parietal superior 
 2ª Circunvolução Occipital 
o Face súpero-externa 
o Continua-se com a circunvolução angular 
 3ª Circunvolução Occipital 
o Face súpero-externa 
o Está unida por meio de pregas anastomóticas às circunvoluções temporais média e 
inferior 
 4ª Circunvolução Occipital 
o Face inferior 
o Continua-se com a 4ª circunvolução temporal, com a qual forma o 
lóbulo/circunvolução Fusiforme 
 5ª Circunvolução Occipital 
o Face Inferior 
o Continua-se com a 5ª circunvolução temporal, com a 
qual forma o lóbulo/circunvolução Lingual 
 6ª Circunvolução Occipital ou Lóbulo Cuneiforme 
o Face interna 
o Ocupa toda a face interna do lobo occipital 
o Forma de cunha 
o Limites: 
 Rego Parieto-Occipital (rego perpendicular interno), 
à frente/cima 
 Sulco Calcarino por baixo. O sulco calcarino separa 
a circunvolução lingual do lóbulo cuneiforme. Estende-se horizontalmente desde o polo occipital até à 
extremidade posterior da circunvolução do corpo caloso, onde se une ao rego parieto-occipital. 
 
17 
 
Lobo Temporal 
 Ocupa a porção média e inferior do hemisfério cerebral 
 Apresenta 2 faces: 
o Face súpero-externa 
o Face inferior que repousa sobre a fossa temporo-esfenoidal, do andar médio da base do crânio 
o Face interna 
 Limites: 
o Face súpero-externa: Rego de Sylvius, em cima e vestígios do Rego Parieto-Occipital (Rego Perpendicular 
Externo/Sulco Occipital), atrás, separando-o do lobo occipital 
o Face interna: segmento externo da Fenda de Bichat, por dentro, separando o lobo da parte média e 
interhemisférica do cérebro 
o Face inferior: Rego de Sylvius à frente, sendo que atrás não existe nenhum limite bem definido 
 
Circunvoluções (5) 
 As circunvoluções são numeradas numa direcção 
de cima para baixo e de fora para dentro 
 Todas as circunvoluções são limitadas à frente 
pelo Rego de Sylvius 
 Circunvolução Temporal Superior ou 1ª 
Circunvolução Temporal 
o Face súpero-externa 
o Bordeada em cima pelo Rego de Sylvius (é o 
seu limite superior) 
o Limitada e baixo pelo sulco temporal superior, 
que corre paralelo ao Rego de Sylvius 
o Continua-se atrás com a com o lóbulo 
marginal e o lóbulo angular (pertencentes ao 
lóbulo parietal inferior) 
o Denomina-se circunvolução temporal transversa à porção média da vertente superior da circunvolução temporal 
superior compreendida entre 2 sulcos temporais transversos, que se orienta até ao lobo da ínsula. Ou seja, esta 
circunvolução está no lábio inferior do Rego de Sylvius. 
 Circunvolução Temporal Média ou 2ª Circunvolução Temporal 
o Face súpero-externa 
o Por baixo da circunvolução temporal superior, entre o sulco 
temporal superior (limite superior) e o sulco temporal inferior 
(limite inferior) 
o Está unida atrás com o lóbulo angular e a 2ª e 3ª circunvoluções 
occipitais 
 Circunvolução Temporal Inferior ou 3ª Circunvolução Temporal 
o Face súpero-externa e inferior 
o Entre o sulco temporal inferior (limite superior) e o bordo inferior 
do hemisfério cerebral (limite inferior) 
o Segue o bordo inferior do hemisfério cerebral e invade a face 
inferior do lobo temporal 
o Unida à 3ª circunvolução occipital por meio de uma prega 
anastomótica 
 Circunvolução Temporo-Occipital Externa ou 4ª Circunvolução 
Temporal 
o Face inferior 
o Ocupa a parte média da face inferior do lobo temporal 
o Continua-se atrás com a 4ª circunvolução occipital, com a qual forma o lóbulo fusiforme 
 
18 
 
 Circunvolução Temporo-Occipital Interna ou 5ª Circunvolução Temporal ou Circunvolução 
Parahipocâmpica 
o Face inferior e interna 
o É a circunvolução mais interna na face inferior do lobo temporal 
o Separada da 4ª circunvolução temporal pelo sulco colateral, que se inicia próximo do polo occipital e dirige-se 
para a frente. Este sulco pode ser contínuo com o sulco rinal, que separa a parte anterior da circunvolução 
parahipocâmpica do resto do lobo temporal 
o Continua-se atrás com a 5ª circunvolução temporal, com a qual forma o lóbulolingual 
o A extremidade anterior dobra-se para cima/trás em forma de gancho, formando o Uncus (polo temporal) 
o Percorrida em toda a sua extensão pelo sulco do hipocampo (visível ao nível da face interna). Este sulco profundo 
tem origem na região do esplénio do corpo caloso, onde se continua com o sulco do corpo caloso, dirigindo-se 
depois em direcção ao polo temporal, onde termina, separando a circunvolução parahipocâmpica do uncus. No 
fundo deste sulco, no lábio inferior, encontramos o hipocampo. No lábio superior encontra-se o corno temporal 
do ventrículo lateral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ínsula ou Lobo da Ínsula 
 Situado no fundo do Rego de Sylvius, sendo necessário 
separar os 2 lábios para o visualizar 
 Recoberto pelo lobo temporal 
 Forma triangular: 
o Vértice: é o polo da ínsula e orienta-se para baixo/frente. 
Está separado do espaço perfurado anterior pela Prega 
Falciforme ou Límen Insular (prega de córtex cerebral 
ligeiramente arqueada, com concavidade orientada para a 
frente e que se estende desde o lobo frontal até ao lobo 
temporal 
o Base: é horizontal, orientada para cima e separada dos 
lobos adjacentes que a cobrem por um sulco que segue os 
bordos e a base do triângulo – sulco circular da ínsula ou 
sulco circunferencial de Reil (limite interno) 
 Do pólo da ínsula partem 4 sulcos em direcção à base, limitando assim 5 circunvoluções. 
 O 3º sulco/sulco central é o mais profundo e constante, dividindo a ínsula em 2 porções: 
o Ínsula anterior: formada pelas 3 primeiras circunvoluções (1ª, 2ª e 3ª) 
o Ínsula posterior: formada pelas 2 últimas circunvoluções (4ª e 5ª) 
 
Lobo do Corpo Caloso ou Lobo Cingular 
 Formada apenas por uma circunvolução – circunvolução cingular ou do corpo caloso 
 Encontra-se na face interna dos hemisférios cerebrais 
 Limites: 
 
19 
 
o Superiores: Rego Caloso-Marginal (à frente), 
Rego Subparietal (atrás) 
o Inferiores: Sulco do corpo caloso 
 Ao nível do esplénio do corpo caloso, a extremidade 
posterior da circunvolução do corpo caloso (azul) 
continua-se com a circunvolução parahipocâmpica 
(laranja), descrevendo um anel completo, fechado à 
frente pelas raízes do pedúnculo olfactivo (verde). 
Este anel denomina-se Circunvolução Límbica. (ver 
Sistema Límbico) 
 
ÁREAS CORTICAIS 
 
Lobo Frontal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Área Pré-Central 
 Localizada na circunvolução frontal ascendente, incluindo a 
parede anterior do Rego de Rolando e as porções posteriores 
das circunvoluções frontais superior, média e inferior 
 Estende-se até ao bordo superior do hemisfério, até ao 
lóbulo paracentral, inclusive 
 Histologicamente: 
o Quase ausência de células estreladas/granulares 
o Proeminência de células piramidais 
o Células Piramidais de Betz – concentradas na porção 
superior da circunvolução frontal ascendente e no lóbulo 
paracentral. O seu número diminui no sentido posterior 
 anterior e no sentido superior  inferior. 
o Córtex do tipo agranular (circunvolução frontal 
ascendente) 
 A maioria das fibras cortico-espinhais e cortico-
bulbares/cortico-nucleares tem origem nas pequenas células 
piramidais nesta área. 
 Apesar do número de células de Betz rondar os 30 000, 
apenas contribui em 3% para as fibras cortico-espinhais 
 Dividida em 2 regiões: 
o Anterior – contém a área motora primária (B4) 
o Posterior – contém a área pré-motora ou motora secundária (B6 e porções de B8, 44 e 45) 
 
 
 
ÁREAS FUNCIONAIS 
Pré-Central 
Área Motora Suplementar 
Área Pré-Motora 
Área Motora Primária 
Área de Broca Campo Ocular Frontal 
Área Pré-Frontal 
 
20 
 
Área Motora Primária (B4) 
 Ocupa a circunvolução frontal ascendente e o lóbulo paracentral 
 Quando electricamente estimulada: 
o Produz movimentos isolados no hemicorpo contralateral e contracção dos grupos musculares responsáveis por 
movimentos específicos 
o Movimentos bilaterais dos músculos extraoculares, músculos da porção superior da face, da língua, mandíbula, 
laringe e faringe 
 As áreas de movimento do corpo são representadas de forma invertida 
na circunvolução frontal ascendente: 
o Na face súpero-externa, de baixo para cima, temos: 
 Estruturas responsáveis pela deglutição, língua, mandíbula, 
lábios, laringe e pálpebra e sobrancelha 
 Dedos das mãos, especialmente o 1º dedo, mão, punho, cotovelo 
e ombro. 
 Tronco 
 Anca, joelho e tornozelo 
o No lóbulo paracentral (face interna), de cima para baixo: 
 Dedos dos pés 
 Esfíncteres anal e vesical 
 A disposição das estruturas corporais no córtex é representada por um 
homúnculo motor. A área do córtex que controla um movimento 
particular é proporcional à especificidade do movimento em questão e 
não à quantidade de massa muscular envolvida nesse movimento. 
Assim, a área destinada à mão, dedos da mão e face é maior do que a 
destinada aos membros, por exemplo. 
 Função: 
o Permite a realização de movimentos individuais de diferentes partes do corpo (função efectora) 
o Não é responsável por decidir quais os movimentos a efectuar 
o Local final de conversão das decisões motoras em movimentos concretos 
 Recebe aferências da área pré-motora, córtex somatoestésico, tálamo, cerebelo e núcleos basais 
 
Área Pré-Motora ou Motora Secundária (B6) 
 Ocupa a porção anterior da circunvolução frontal ascendente e as porções posteriores das circunvoluções frontais 
superior, média e inferior. 
 Área mais larga superiormente do que inferiormente, estreitando no sentido superior  inferior até se cingir à 
porção anterior da circunvolução frontal ascendente 
 Histologicamente, não apresenta células de Betz 
 A estimulação eléctrica produz movimentos musculares semelhantes àqueles obtidos por estimulação da área motora 
primária. Contudo, é necessária uma estimulação mais forte para se obter o mesmo grau de movimento 
 Recebe aferências do córtex somatoestésico, tálamo e 
núcleos basais. 
 Função: 
o Armazena programas/esquemas de actividade 
motora, aprendidos em experiências passadas 
o Aplicar os programas de motricidade quando são 
adequados a novas situações 
o Programa a actividade da área motora primária 
o Área envolvida no controlo dos movimentos 
posturais através das suas conexões com os núcleos 
basais. 
 
 
21 
 
Área Motora Suplementar 
 Situada na circunvolução frontal superior (segmento superior, face interna), à frente do lóbulo paracentral 
 A estimulação desta área gera movimentos dos membros contralaterais, no entanto, é necessário um estímulo mais 
forte comparativamente à área motora principal 
 A remoção desta área não gera perda de movimento 
 
Campo Ocular Frontal (partes das áreas B6, 8 e 9) 
 Estende-se anteriormente, desde a área da circunvolução frontal ascendente correspondente à área motora facial até à 
circunvolução frontal média 
 A estimulação eléctrica desta área é responsável pelo movimento conjugado dos olhos, especialmente para o lado 
contralateral 
 Pensa-se que o trajecto das fibras nervosas 
provenientes dos neurónios desta área passa pelos 
colículos superiores. Os colículos superiores 
estão ligados aos núcleos dos músculos 
extraoculares através da formação reticular (feixe 
longitudinal interno) 
 Função: 
o Controlo dos movimentos voluntários de 
pesquisa dos olhos 
o Independente dos estímulos visuais 
 Estabelece relações com a área visual occipital 
através de fibras de associação 
 
Área de Broca ou da Motricidade da Fala (B44 e 45) 
 Localizada na circunvolução frontal inferior, entre os ramos anterior e ascendente do Rego de Sylvius 
 Esta área é importante no hemisfério dominante (normalmente o esquerdo). No hemisfério não dominante, esta área 
não existe (em termos funcionais) 
 Assim, a ablação desta região no hemisfério dominante resulta numa paralisia da fala. Por outro lado, a ablação da 
mesma área no hemisfério não dominante não surte efeitossignificativos no discurso 
 Função: 
o Relacionada com a formação das palavras faladas, activando as 
regiões da área motora primária adjacente correspondentes aos 
músculos da laringe, boca, língua, palato mole e músculos 
respiratórios, que devem ser apropriadamente estimuladas. 
 
Área Pré-Frontal (B9, 10, 11 e 12) 
 Área extensa situada à frente da área pré-central. 
 Inclui 
o A maior parte das circunvoluções frontais superior, média e 
inferior (face súpero-externa) 
o A face inferior do lobo frontal (segmentos orbitários das 
circunvoluções frontal superior e média) 
o A maior parte da face interna da circunvolução frontal superior 
o ½ anterior da circunvolução do corpo caloso 
 Estabelece conexões recíprocas com: 
o Outras áreas do córtex cerebral 
o Tálamo 
o Hipotálamo 
o Corpo estriado 
 
22 
 
 A área pré-frontal pode ser dividida em 3 porções: 
o Parte Mediana – relacionada com a iniciativa. Uma lesão nesta 
área causa abolia (perda de iniciativa, vontade) 
o Parte Órbito-Frontal ou Ventral – associada ao comportamento 
social. Uma lesão nesta área causa desinibição das regras sociais 
(respostas desadequadas) 
o Parte Lateral – relacionada com o planeamento e execução de 
acções. Uma lesão nesta área faz com que o doente não consiga 
fazer a sopa, por exemplo, ou faz com que ele faça compras 
exageradas com cartões de crédito 
 As fibras fronto-ponto-cerebelosas também ligam esta área ao 
cerebelo, através dos núcleos pônticos 
 As fibras comissurais do fórceps minor e joelho do corpo caloso unem as duas áreas pré-frontais entre si. 
 Função: 
o Construção da personalidade 
o Papel importante na profundidade dos sentimentos e percepção das emoções 
o Influência na determinação da iniciativa e capacidade de julgamento 
 
Lobo Parietal 
 Áreas Funcionais: 
o Área Somatoestésica Primária (B3, 1 e 2) 
o Área Somatoestésica Secundária 
o Área Somatoestésica de Associação (B5 e 7) 
 
Área Somatoestésica Primária (B3, 1 e 2) 
 Localizada na circunvolução parietal ascendente (face súpero-externa) e na porção posterior do lóbulo paracentral 
(face interna) 
 Histologicamente: 
o A porção anterior da circunvolução parietal ascendente (B3), próxima do Rego de Rolando é do tipo heterotípica 
granular, contendo apenas algumas células piramidais. A Banda de Baillarger Externa é espessa e evidente 
o A porção posterior da circunvolução parietal ascendente (B1 e 2) possui menos células estreladas/granulares que 
a porção anterior 
 Esta área recebe fibras de projecção provenientes dos núcleos ventrais 
póstero-externo e póstero-interno do tálamo 
 O hemicorpo contralateral é representado de forma invertida em cada 
área somatoestésica (homúnculo sensitivo): 
o Na circunvolução parietal ascendente (face súpero-externa) temos, de 
baixo para cima: 
 Região faríngea, língua e mandíbula 
 Face, dedos das mãos, mão, braço 
 Tronco e coxa 
o No lóbulo paracentral (face interna), temos de cima pra baixo: 
 Perna e área do pé 
 Regiões anal e genital 
 A área do córtex somatoestésico destinada a uma parte do hemicorpo 
está relacionada com a sua importância funcional e não com o seu 
tamanho. Assim, a face, lábios e o 1º e 2º dedos da mão têm áreas somatoestésicas maiores. 
 O tamanho da área cortical associada a cada parte do hemicorpo é directamente proporcional ao número de 
receptores sensitivos presentes em cada parte do corpo. 
 
23 
 
 Apesar da maioria das sensações alcançarem o córtex a partir do hemicorpo contralateral, algumas sensações da 
região da boca atingem o córtex homolateral, e aquelas provenientes da faringe, laringe e períneo atingem ambos os 
córtices (fibras bilaterais) 
 Ao entrar no córtex as fibras aferentes excitam neurónios na camada IV (granular interna), e a partir daí o impulso 
propaga-se às restantes camadas. Da camada VI (multiforme de células polimórficas) vários axónios deixam o córtex 
em direcção ao tálamo, bulbo e medula espinhal, providenciando mecanismos de feedback negativo (fibras 
inibitórias que modulam a intensidade do estímulo aferente). 
 Função: 
o Recebe impulsos nervosos dos nervos periféricos e converte-os em informação passível de ser analisada pela área 
somatoestésica de associação 
 A porção anterior da circunvolução parietal 
ascendente (B3) recebe várias fibras aferentes 
provenientes de fusos neuromusculares, 
órgãos tendinosos e receptores articulares. 
Esta informação sensitiva é analisada nas 
colunas verticais no córtex somatoestésico, 
sendo depois passada para a área motora 
primária, influenciando assim a actividade 
muscular esquelética. 
 
Área Somatoestésica Secundária 
 Localizada no lábio superior do Rego de 
Sylvius, ao nível do seu ramo posterior 
 Muito mais pequena e menos importante do 
que a área somatoestésica primária 
 Representação das estruturas corporais: 
o À frente a região da face 
o Atrás a região das pernas 
o O corpo é representado bilateralmente, com domínio do lado contralateral 
 As conexões destas áreas são algo desconhecidas 
 Muitos impulsos sensitivos provêm da área somatoestésica 
primária e do tronco cerebral 
 Os neurónios desta área respondem a estímulos cutâneos de 
curta duração 
 
Área Somatoestésica de Associação (B5 e 7) 
 Localizada no lóbulo parietal superior, estendendo-se até à 
sua porção na face interna do hemisfério 
 Estabelece múltiplas conexões com outras regiões 
sensoriais do córtex 
 Função: 
o Receber e integrar diferentes modalidades sensitivas – 
visuais, somáticas… 
o Permite reconhecer objectos com os olhos fechados, 
apenas através do tacto 
o Receber e interpretar informações sobre a forma e 
tamanho do objecto e relacioná-las com experiências 
sensoriais e sensitivas passadas 
 
 
 
24 
 
Lobo Occipital 
 Áreas Funcionais: 
o Área Visual Primária (B17) 
o Área Visual Secundária (B18 e 19) 
o Campo Ocular Occipital 
 
Área Visual Primária (B17) 
 Localizada nos lábios da porção posterior do sulco calcarino (face interna), 
podendo-se estender até ao polo occipital e face súpero-externa do 
hemisfério 
 Reconhecido macroscopicamente pelo seu córtex fino e pela estria de 
Gennari 
 Microscopicamente, apresenta-se como um córtex heterotípico granular, 
com poucas células piramidais 
 Recebe aferências do corpo geniculado externo, com origem primária na 
retina 
 Cada córtex visual recebe fibras da porção temporal da retina homolateral 
e da porção nasal da retina contralateral. Assim, o campo visual direito 
(retina nasal esquerda + retina temporal direita) é representado no córtex 
visual esquerdo e vice-versa 
 Os quadrantes superiores da retina (que recebem a imagem do campo 
visual inferior) são representados no lábio superior do sulco calcarino e 
vice-versa 
 Portanto, existe uma inversão cortical dupla do campo da visão 
 A mácula lútea (área central da retina) é representada no córtex visual na 
porção posterior da área B17, perto do polo occipital. Por outro lado, os impulsos provenientes das porções 
periféricas da retina terminam em círculos concêntricos, à frente do polo occipital e na porção anterior da área B17. 
 
Área Visual Secundária (B18 e 19) 
 Localizada à volta da área visual primária, nas faces interna e súpero-externa do hemisfério cerebral 
 Recebe aferências da área visual primária e de outras áreas corticais, e do tálamo 
 Função: 
o Relacionar a informação visual recebida pela área 
visual primária com experiências visuais passadas, 
permitindo ao indivíduo reconhecer e apreciar o 
que está a ver. 
 
Campo Ocular Occipital (B19) 
 Localizado na área visual secundária 
 A sua estimulação eléctrica produz um desvio 
conjugado dos olhos, especialmente para o lado 
contralateral 
 Função: 
o Associada aos reflexos visuais 
o Relacionada com os movimentos dos olhos na perseguição involuntária dos objectos em movimento 
 Cada campoocular occipital está unido: 
o Ao Campo Ocular Occipital contralateral; 
o Aos Colículos Superiores; 
o Ao Campo Ocular Frontal. 
 
 
25 
 
Lobo Temporal 
 Áreas: 
o Área Auditiva Primária (B41 e 42) 
o Área Auditiva Secundária (B22) 
o Área de Wernicke 
 
Área Auditiva Primária (B41 e 42) 
 Localizada na circunvolução temporal superior, no lábio inferior do Rego de Sylvius 
 A área de Brodman 41 é heterotípica granular. 
 A área de Brodman 42 é homotípica e é maioritariamente uma área de associação auditiva 
 Recebe fibras de projecção provenientes do corpo geniculado interno, constituindo a radiação auditiva da cápsula 
interna 
 A porção anterior desta área é responsável pela recepção 
dos sons de baixa frequência, enquanto a porção 
posterior é responsável pelos sons de alta frequência 
 
Área Auditiva Secundária (B22) 
 Localizada atrás da área auditiva primária, na 
circunvolução temporal superior, no lábio inferior do 
Rego de Sylvius 
 Recebe impulsos da área auditiva primária e do tálamo 
 Função: 
o Interpretação dos sons 
o Associação das aferências auditivas com outra informação sensorial/sensitiva 
 
Área de Wernicke (porção posterior de B22 e B42) 
 Localizada no hemisfério dominante (geralmente o esquerdo), na 
circunvolução temporal superior, com extensões para o ramo 
posterior do Rego de Sylvius, até ao lóbulo marginal 
 Ligada à área de Broca pelo feixe arqueado/longitudinal superior 
(feixe de associação) 
 Recebe fibras de: 
o Córtex Visual (lobo occipital) 
o Córtex Auditivo (lobo temporal) 
 Função: 
o Permite a compreensão da linguagem escrita e falada 
o Permite a uma pessoa ler uma frase e dizê-la em voz alta 
(através da associação da área de Wernicke com a área de 
Broca) 
o É uma área do córtex cerebral onde à uma reunião da informação visual e auditiva 
 
Outras Áreas Corticais 
 
Área Gustativa (B43) 
 Localizada na extremidade inferior da circunvolução parietal 
ascendente, no lábio superior do Rego de Sylvius, e na área adjacente 
da ínsula 
 Recebe impulsos provenientes do núcleo do tracto solitário que 
ascendem até ao núcleo ventral póstero-interno, onde sinapsam com 
neurónios, que enviam axónios para esta zona do córtex. 
 
26 
 
Área Vestibular 
 Localizada perto da região da circunvolução parietal ascendente relacionada com as sensações da face. Opõe-se à 
área auditiva, situada na circunvolução temporal superior 
 Função: 
o Apreciação da posição e dos movimentos da cabeça no espaço 
o Através das suas conexões nervosas, influencia os movimentos dos 
olhos e a contracção dos músculos do tronco e membros, de forma a 
manter a postura corporal 
 
Córtex Insular (B13 e 14) 
 Área recoberta pelos 2 lábios do Rego de Sylvius, formando o seu 
pavimento 
 A porção posterior do córtex desta área é heterotípico granular e a 
porção anterior é heterotípico agranular, continuando os tipos de córtex 
das áreas somatoestésica primária e motora primária, respectivamente. 
 Funções: 
o Planeamento e coordenação dos movimentos articulares necessários 
ao discurso 
o Área associada às emoções e ao seu processamento 
 
Área Olfactiva Primária (B28) 
 Constitui a área pré-piriforme, o córtex periamigdalino e a metade córtico-
interna do corpo amigdalino, localizando-se no úncus, na circunvolução 
parahipocâmpica. 
 A área pré-piriforme está situada na transição entre a superfície inferior do 
lobo frontal e a face interna do lobo temporal 
 Recebe fibras nervosas provenientes da fita olfactiva externa, que transmitem 
as sensações relacionadas com os cheiros e odores. 
 Função: 
o Recepção da informação olfactiva proveniente da fita olfactiva externa 
o Envio dessa informação para o córtex olfactivo secundário 
 
Área Entorrinal ou Área Olfactiva Secundária (B28 e 34) 
 Constitui a área piriforme, localizada imediatamente atrás da área olfactiva primária, na face interna da 
circunvolução parahipocâmpica. 
 Esta área constitui um importante 
intermediário entre o córtex e o hipocampo. 
Desta área partem um conjunto de fibras que 
constituem a principal aferência do 
hipocampo (via/tracto perfurante) 
 Função: 
o Interpretação das sensações olfactivas, 
provenientes do córtex olfactivo primário 
o Centro de integração de diversas 
informações (visuais, auditivas, olfactivas 
e sensitivas), relacionando-as entre si 
 Uma lesão nesta área pode ser responsável por 
alucinações olfactivas. 
 
 
http://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=sZ3oWm7uVKligM&tbnid=NWjPYXnreyX5xM:&ved=0CAUQjRw&url=http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gray743_insular_cortex.png&ei=MG5MUcW9I-bL0AWGroH4AQ&bvm=bv.44158598,d.ZG4&psig=AFQjCNFKurRpdtqrcjVK86BdXVF8Myxl2A&ust=1364049831502488
 
27 
 
Córtex de Associação 
 As áreas sensitivas/sensoriais primárias apresentam um córtex heterotípico granular 
 As áreas motoras primárias apresentam um córtex heterotípico agranular 
 As restantes áreas corticais são homotípicas e foram classicamente designadas de áreas de associação, sem se saber 
efectivamente o que associavam 
 Actualmente, sabe-se que estas áreas apresentam múltiplas aferências e eferências e estão relacionadas com o 
comportamento, discriminação de objectos e interpretação de experienciais sensoriais 
 Existem 3 áreas de associação principais: 
o Área Pré-Frontal – associa experiências que são 
essenciais para a produção de ideias abstractas, 
juízos, sentimentos e personalidade. Uma lesão 
nesta área não resulta numa perda da inteligência, 
mas sim numa diminuição das capacidades acima 
referidas 
o Área Temporal Anterior - armazena experiências 
sensoriais passadas. Ao ser estimulada, o 
indivíduo recorda sons ou objectos vistos 
anteriormente 
o Área Parietal Posterior – integra a informação 
visual e somatoestésica (toque, pressão e 
propriocepção), dando origem às noções de 
forma, tamanho e textura. Está relacionada com a 
capacidade de estereognosia (reconhecimento dos objectos através dos conceitos da forma, tamanho e textura). 
Esta área permite também a construção consciente da nossa própria imagem corporal e da noção da posição do 
nosso corpo em relação ao meio que nos rodeia (propriocepção). 
 
DOMINÂNCIA CEREBRAL 
 
 Anatomicamente, não existem diferenças entre os 2 hemisférios que determinem o domínio de um deles: 
o As circunvoluções e fissuras existentes nos 2 hemisférios são praticamente idênticas. 
o As vias nervosas que se projectam no córtex alcançam as mesmas áreas corticais em ambos os hemisférios e 
através de um número idêntico de fibras. 
o As comissuras cerebrais, especialmente o corpo caloso e a comissura branca anterior, providenciam uma via de 
transmissão de informação entre os 2 hemisférios. 
 O hemisfério esquerdo está associado ao estabelecimento de uma pessoa como sendo dextra ou canhota e à 
capacidade de compreensão e produção de linguagem. Relaciona-se com a lógica e o raciocínio matemático. 
 O hemisfério direito relaciona-se com as capacidades visuoespaciais: reconhecimento do espaço circundante e de 
trajectos (memória topográfica), de estímulos visuais complexos (como a face humana) e da atenção hemiespacial 
selectiva. Também se relaciona com a apreciação das artes (música, pintura…), aos aspectos emocionais do discurso, 
a intuição e a imaginação. 
 O termo dominância cerebral refere-se ao facto de que um dos hemisférios cerebrais ser o "dominante" em certas 
funções. A diferença é predominantemente percebida na linguagem e nas habilidades manuais (dextro ou canhoto) 
 Cerca de 96% da população adulta têm dominância da fala no hemisfério esquerdo. 
 A área da fala no córtex adulto é maior no hemisfério esquerdo (dominante) do que no direito (não dominante). 
Pensa-se que nos recém-nascidos os 2 hemisférios têm as mesmas capacidades. 
 Yakolev e Rakic descobriram que havia maior número de fibras córtico-espinhaisdecussavam a partir da pirâmide 
esquerda do que a partir da pirâmide direita. Isto significa que na maioria dos indivíduos haverá mais fibras córtico-
espinhais no corno anterior direito da medula espinhal, facto que pode explicar a dominância da mão direita na 
maioria dos indivíduos. Assim, mais de 90% da população adulta é dextra e, portanto, apresenta o hemisfério 
esquerdo como dominante (no que se refere a este parâmetro). Os canhotos podem ter dominância cerebral à direita 
ou ausência de dominância cerebral, algo que ocorre nos ambidextros. 
 
28 
 
 A definição do hemisfério dominante é progressiva e só está concluída por volta dos 10 anos de idade. Este facto 
explica porque, por exemplo, uma criança de 5 anos com uma lesão no hemisfério dominante consiga facilmente 
transferir as funções desse hemisfério para o hemisfério saudável (tal já não ocorre num adulto). Da mesma maneira, 
uma criança canhota consegue tornar-se dextra, mas um adulto já não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DO HEMISFÉRIO DIREITO (NÃO DOMINANTE) – NEGLET SYNDROME 
 
 O hemisfério direito é o hemisfério dominante para as capacidades visuoespaciais: reconhecimento do espaço 
circundante e de trajectos (memória topográfica), de estímulos visuais complexos (como a face humana) e da 
atenção hemiespacial selectiva. 
 A inatenção hemiespacial selectiva (IHS) ou neglect é um dos defeitos cognitivos mais típicos das lesões deste 
hemisfério. O neglect caracteriza-se por uma incapacidade em atender, explorar e responder a estímulos presentes no 
hemiespaço ou no hemicorpo contralateral. 
 As lesões do hemisfério esquerdo raramente provocam neglect, uma vez que o hemisfério direito, sendo dominante 
para essa função, consegue compensar o defeito de atenção selectiva resultante da lesão esquerda. Pelo contrário, nas 
lesões do hemisfério direito, o doente pode manifestar uma total indiferença aos estímulos apresentados à sua 
esquerda e explorar apenas os que se apresentam no hemiespaço direito, detectados e explorados pelo hemisfério 
esquerdo. 
 A IHS pode ter manifestações muito heterogéneas. Nas suas formas mais extremas, o doente apresenta um desvio 
dos olhos e da cabeça para a direita e ignora qualquer estimulação oriunda do hemiespaço esquerdo (não responde se 
o chamarem ou se lhe tocarem do seu lado esquerdo), chegando mesmo a negar ter qualquer defeito motor à 
esquerda (anosognosia) ou a negar que a metade esquerda do corpo lhe pertence (hemiassomatognosia). 
 No seu dia-a-dia, o doente pode ter manifestações de neglect pessoal (não barbeia a metade esquerda da cara ou 
esquece-se de vestir a manga esquerda do casaco), neglect peripessoal (ignora os 
alimentos da metade esquerda do seu prato ou choca contra móveis e objectos à sua 
esquerda) ou no espaço distante (não explora a metade esquerda do local) 
 Existem provas para pôr em evidência a presença de IHS. As mais utilizadas são as 
provas de “barragem”, em que se pede ao doente para bissectar, com um traço, uma 
série de linhas desenhadas ao acaso numa folha de papel. O doente com neglect 
tenderá a ignorar algumas das linhas apresentadas à sua esquerda. 
 O desenho espontâneo é ainda outro dos testes clássicos. Pede-se ao doente que 
desenhe um estímulo simples e simétrico (uma flor, um relógio). O doente com neglect 
poderá colocar todos os números ou os ponteiros do lado direito, negligenciando a 
metade esquerda do mostrador. 
 
Identificação da dominância dos hemisférios 
Durante o exame, o paciente fica sentado à frente de uma tela onde se projectam palavras. Ao mesmo tempo, o paciente pode 
pegar em objectos posicionados atrás da tela. Quando um paciente, após calosotomia (remoção do corpo caloso) vê, por pouco 
tempo, a palavra “bola” no lado esquerdo da tela, ele reconhece-a no córtex visual direito (o tracto óptico não é afectado pela 
comissurotomia). Em 96% das pessoas, a produção da fala localiza-se no hemisfério esquerdo. Portanto, o paciente não consegue 
verbalizar a palavra projectada, já que a comunicação entre os hemisférios é interrompida. Mesmo assim, ele é capaz de selecionar 
e pegar na bola, entre os outros objectos. 
Hoje em dia supõe-se que a dominância hemisférica é resultado da evolução, quando as áreas cerebrais se desligaram das suas 
funções específicas, (ex: produção da fala), de modo a ficarem mais livres para o desenvolvimento da nossa inteligência. 
O corpo caloso permite que os 2 hemisférios (que parcialmente cumprem funções independentes) ainda possam comunicar entre 
si, quando necessário. Devido à dominância hemisférica, o corpo caloso, nos humanos, é mais desenvolvido do que noutras 
espécies animais. 
 A utilização de áreas corticais difere em homens e mulheres. Nos homens, por exemplo, somente um hemisfério é activado para a 
solução de tarefas linguísticas, enquanto as mulheres activam ambos os hemisférios. Este facto também influencia a estrutura do 
corpo caloso. Supõe-se, por exemplo, que em mulheres a compreensão e capacidade da fala são mais desenvolvidas do que nos 
homens, uma vez que alguns estudos sugerem que no istmo do corpo caloso (porção do corpo mais afilada, na transição entre o 
tronco/corpo e o esplénio) da mulher existem mais axónios do que no homem (uma região do istmo 25% maior). 
 
29 
 
LESÕES NO CÓRTEX CEREBRAL 
 
 As lesões do córtex cerebral resultam de tumores, acidentes vasculares, intervenções cirúrgicas e traumatismos. 
 O cérebro humano possui uma capacidade de reorganizar, após lesão, o córtex cerebral intacto, de maneira a que 
alguma da actividade cerebral do córtex lesado seja recuperada. 
 
Lobo Frontal 
 
LESÕES 
Córtex Motor 
Campo Ocular 
Frontal 
Área Pré-Frontal Área Motora 
Primária 
Área Motora 
Secundária 
Ambas 
- Hemiplegia no 
hemicorpo contralateral, 
com distúrbio mais 
evidente dos 
movimentos finos e 
específicos 
- Hemiparesia do 
hemicorpo contralateral 
- Paralisia do hemicorpo 
contralateral 
- Espasticidade ligeira 
- Ataque Epiléptico 
Jacksoniano 
- Dificuldade na execução de 
movimentos específicos, 
especialmente sequências de 
movimentos 
- Alguma hemiplegia (não 
tão severa quanto numa 
lesão da área motora 
primária) 
- Espasticidade marcada 
- Hemiplegia marcada 
do hemicorpo 
contralateral 
- Paralisia grave do 
hemicorpo contralateral 
- Apraxia grave 
- Espasmos musculares 
- Lesões destrutivas 
num hemisfério: 
desvio dos 2 olhos 
para o lado da lesão e 
incapacidade me virar 
os olhos para o lado 
oposto; 
- Lesões irritativas 
num hemisfério: 
desvio periódico dos 
2 olhos para o lado 
oposto da lesão 
- Os movimentos de 
perseguição 
involuntários não são 
afectados 
- Tumores ou lesões traumáticas 
resultam na perda das capacidades 
de julgamento e iniciativa 
- Alterações emocionais, das quais 
se destaca a euforia 
- Perda da espontaneidade, com 
diminuição da fluência do discurso 
e inactividade motora (apatia, 
acinésia, abulia) 
- Negligência das actividades 
diárias essenciais 
- Relacionamento interpessoal 
reduzido e pobre 
- Mudança de personalidade, 
desinibição social, inconsequência, 
impulsividade, incapacidade de 
depressão 
- Não há perda marcada da 
inteligência 
- Esquizofrenia 
 
Ataque Epiléptico Jacksoniano 
 Deve-se a uma lesão irritativa da área motora primária (B4). 
 A convulsão tem início na parte do hemicorpo contralateral representado na área motora primária que está irritada. 
 Os ataques epilépticos podem ser restritos a uma parte do corpo (ex: face ou pé) ou podem envolver mais regiões, 
dependendo da disseminação da irritação na área motora primária. 
 
Espasticidade Muscular 
 A área motora primária origina os tractos cortico-espinhais e cortico-nucleares. 
 A área motora secundária dá origem aos tractos extrapiramidais (embora também contribua para o tracto cortico-
espinhal, embora em menor grau), que passam pelosnúcleos basais e formação reticular. 
 Os tractos cortico-espinhais e cortico-nucleares tendem a aumentar o tónus muscular, mas os tractos extrapiramidais 
transmitem impulsos inibitórios que diminuem o tónus muscular. 
 Assim, uma lesão: 
o Na área motora primária resulta numa espasticidade leve 
o Na área motora secundária leva à perda da acção inibitória sobre o tónus e, por isso, gera-se uma espasticidade 
marcada 
o Em ambas as áreas motoras resulta em espasmos musculares. 
 
Área Pré-Frontal e a Esquizofrenia 
 O córtex pré-frontal tem uma inervação dompaminérgica rica (via meso-cortical) 
 Uma lesão nesta área tende a afectar esta via dopaminérgica, fenómeno que é responsável por alguns sintomas da 
esquizofrenia (sintomas negativos) 
 
 
30 
 
Lobo Parietal 
 Os centros inferiores do encéfalo, principalmente o tálamo, transportam uma parte dos sinais sensitivos até ao córtex 
cerebral, para análise. 
 
LESÕES 
Área Somatoestésica Primária 
Área Somatoestésica 
Secundária 
Área Somatoestésica de Associação 
- Distúrbios sensitivos contralaterais, mais severos nas 
porções distais dos membros 
- Hemianestesia contralateral 
- A dor, tacto e sensações térmicas grosseiros/difusos 
normalmente não se perdem, devido à função do 
tálamo 
- Incapacidade de avaliar graus de calor 
- Perda da discriminação táctil (discriminação de 2 
pontos) 
- Incapacidade de julgar o peso dos objectos 
- Perda do tónus muscular pode dever-se a uma lesão 
nesta área 
- Lesões nesta área não 
causam defeitos sensitivos 
reconhecíveis ou visíveis. 
- Astereognosia: incapacidade do paciente de 
associar e integrar os estímulos tácteis, de pressão e 
propriocepção e logo, de reconhecer objectos 
através do toque 
- Interferência na apreciação da imagem corporal do 
hemicorpo contralateral. A pessoa tende a não 
reconhecer o hemicorpo contralateral como seu (ex: 
esquece-se de fazer a barba na hemiface 
contralateral) 
- Atopognosia: a pessoa não reconhece a região do 
corpo que está a ser estimulada 
 
Lobo Occipital 
 
LESÕES 
Área Visual Primária* Área Visual Secundária 
- Vários tipos de lesões (isto é, de cegueira) consoante a área do córtex visual afectada: 
 - Quando todo o córtex visual primário de um hemisfério é lesado temos uma 
hemianopsia homónima contralateral 
- Quando a ½ superior de um córtex visual, acima do sulco calcarino é lesada, temos 
uma quadrantanópsia homónima inferior contralateral 
- Lesões no pólo occipital produzem um escotoma central hemianóptico 
- As causas mais comuns das lesões desta área são problemas vasculares, tumores e 
ferimentos de armas 
- Incapacidade de reconhecer objectos vistos no 
campo visual contralateral 
- Ilusões e alucinações visuais 
* A fim de perceber melhor este tipo de lesões, ver lesões da via óptica, no final do capítulo de vias ascendentes/Sensibilidade 
 
Lobo Temporal 
 
LESÕES 
Área Auditiva Primária Área Auditiva Secundária 
- Uma lesão nesta área produz uma diminuição bilateral da audição, mas mais 
marcada no ouvido contralateral (isto porque cada corpo geniculado interno e, por 
isso, cada córtex auditivo, recebe fibras de ambos os ouvidos internos, embora mais 
do lado contralateral) – surdez parcial bilateral 
- Perda da capacidade de localizar a fonte/origem do som 
- Uma lesão bilateral dos córtices auditivos gera surdez total 
- Incapacidade de interpretar e reconhecer os sons ou 
música 
- Agnosia verbal acústica (surdez para as palavras) 
 
 
AFASIAS E PERTURBAÇÕES DO PROCESSO DA FALA 
 
Definição e Caracterização das Perturbações da Fala 
 Afasia – perturbação da produção e/ou compreensão da linguagem, secundária a uma lesão cerebral. Constitui uma 
síndrome heterogénea que pode variar no tipo e intensidade. Enquanto nas afasias ligeiras os doentes apresentam 
apenas alguma dificuldade em evocar as palavras que pretendem dizer (manifestada por pausas, hesitações ou 
trocas), nas afasias mais graves os doentes podem ter o seu discurso reduzido a alguns sons, com incapacidade 
completa para comunicar. 
 As afasias podem ser classificadas quanto: 
o Localização Anatómica da Lesão (área de Wernicke, de Broca…) 
o Apresentação Clínica (Síndrome Major ou Minor) 
o Gravidade da Incapacidade da Fala (Afasia Fluente, Não Fluente ou Global) 
 
31 
 
 Uma pessoa afásica manifesta igualmente dificuldades na capacidade de escrita (agrafia) e de leitura (alexia). Caso 
isso não se verifique (fala mal mas escreve bem) então muito provavelmente estamos perante uma disartria. 
 Disartria – não é uma perturbação da linguagem mas sim uma perturbação motora do discurso, da articulação verbal. 
Resulta da falta de força, da alteração do tónus ou da coordenação dos músculos envolvidos na fala (músculos da 
língua, do palato e da face). Caracteriza-se por uma dificuldade em produzir determinados sons (aquilo a que os 
doentes chamam de “fala presa”, arrastada ou “empastada”), tornando o discurso pouco inteligível. Os doentes com 
disartria não têm dificuldade em evocar os nomes, compreender ou construir frases e escrevem sem dificuldade, ao 
contrário do que se sucede na afasia. 
 Nos casos extremos de disartria, os doentes podem ficar incapazes de articular sons verbais (anartria), situação que 
se encontra em lesões do tronco cerebral e em doenças neuromusculares avançadas, como nas doenças do neurónio 
motor. A anartria associa-se com frequência a disfagia e disfonia. 
 
Áreas da Fala – Base Anatómica 
 A capacidade da linguagem está lateralizada no hemisfério cerebral esquerdo em 96% dos dextros e na maioria 
(76%) dos canhotos. O hemisfério direito (enquanto hemisfério não dominante) tem uma capacidade muito limitada 
para processar linguagem, restringindo-se à compreensão de palavras isoladas e aos aspectos emocionais do discurso 
(a entoação e melodia do discurso são processadas pelo hemisfério direito, assim como as palavras de conteúdo 
emocional). 
 As áreas da linguagem encontram-se localizadas no hemisfério esquerdo/dominante. Aqui, a linguagem organiza-se 
essencialmente à roda do rego de Sylvius, na parte póstero-inferior do lobo frontal (B44 e 45), parte posterior e 
superior do lobo temporal (B42) e lobo parietal inferior (B39 e 40). 
 Este núcleo operacional da linguagem está ligado a estruturas subcorticais e áreas acessórias, na sua vizinhança. 
 Uma lesão em qualquer parte desta rede pode causar afasia 
 A disartria, sendo um defeito motor e mais periférico da fala, pode resultar de lesões em diferentes localizações, 
desde o córtex motor frontal direito ou esquerdo, tronco cerebral, cerebelo, placa motora ou nos próprios músculos 
envolvidos na articulação. 
 As lesões perissílvicas do hemisfério esquerdo provocam, com frequência, afasia e disartria em simultâneo. 
 Existem várias regiões associadas à fala, cuja lesão/pera leva a sintomas clínicos típicos: 
o Região de Wernicke – necessária para a compreensão da fala 
o Região de Broca – necessária à produção da fala, estando relacionada com a programação dos movimentos da 
fala 
o Fascículo Arqueado – tracto profundo da substância branca que descreve um arco a partir da área de Wernicke 
ate à área de Broca. 
o Circunvolução Angular – área situada entre a área de Wernicke e o córtex visual, é importante na leitura e 
funções não verbais da linguagem. Coordena as aferências dos córtices visual, auditivo e somatoestésico, e 
influencia a região de Wernicke. 
o Circunvolução Supramarginal – envolvida em funções visuais da linguagem 
o Centro de Exner – área cortical supostamente relacionada com a escrita que se situa na circunvolução frontal 
média, imediatamente à frente do córtex motor primário para a mão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Avaliação da Linguagem 
 Uma avaliação sumária da linguagem oral e a classificação das afasias compreendem a análise de 4 parâmetros 
fundamentais: 
o Fluência do Discurso 
o Compreensão

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