Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre EMERGÊNCIAS CLÍNICAS PROFESSOR - ALBERT MEDICINA – 8º SEMESTRE 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre INTRODUÇÃO OBSERVAÇÕES • Paciente com hemorragia subaracnóide (doença neurológica) pode fazer supra de ST. Se receber ASS com Clopidogrel é condenação de morte. Pode fazer amilase elevada, sugerindo uma pancreatite. É clássico o paciente chegar com dor torácica e cefaleia, sendo necessário associar as duas dores. • Paciente com insuficiência cardíaca descompensada levando a choque cardiogênico (fase inicial) chega com dor em hipocôndrio direito. Solicitação de TGO, TGP e USG de vias biliares → TGO e TGP elevados → ICC descompensada. • Os órgãos são interligados!!! ABORDAGEM INICIAL EM PACIENTES GRAVES O tratamento de um paciente grave é cheio de protocolos e o médico não tem muito tempo pra pensar. • Bom senso → 40%; • Conhecimento → 40%; • Tática → 10%; • Calma → 10%. IDENTIFICAR OS CRÍTICOS • RNC (rebaixamento do nível de consciência): Observação da alteração do nível de consciência. O paciente pode estar agitado, com delirium, comatoso, hipoxêmico, hipoglicemia. • Qualquer paciente com alteração do nível de consciência é considerado um paciente crítico. ALTERAÇÕES DOS SINAIS VITAIS • FR >36 (taquipneia) ou <8 (bradipneia) ou uso de musculatura acessória: O que é mais importante? FR ou padrão respiratório? O padrão é muito mais importante do que o número em si da frequência respiratória. • SO2 <90%: parâmetro global. Tem paciente que está na fila de transplante de pulmão com saturação cerca de 86-88%. • FC >130 (taquicardia) ou <40 (bradicardia). Considerar também as arritmias (alteração do padrão). • PAS <90: Para conduzir esse paciente, a meta é PAM (pressão arterial média) >65. Importante: PAS!!! Em alguns casos: PAM. Quando a PAD é importante? A PAD é a pressão na artéria em que eu consigo manter os tecidos absorvendo oxigênio mesmo que o coração não esteja fazendo sístole e jogando sangue pra periferia. A PAD é entre 30 e 40mmHg. Se eu comprimir o tecido mais do que 30mm de mercúrio durante um tempo, eu vou isquemiar aquele tecido. Quando intuba ou faz uma traqueostomia no paciente, o balão que é insuflado tem que ter uma pressão < 30 mmHg, que é a PAD diastólica mínima aceitável nos tecidos capilares. Se tiver mais do que isso vai isquemiar. ❖ Em oftalmologia, pressão ocular >30mmHg leva o paciente a fazer papiledema. ❖ Queimadura circunferencial de um membro com pressão >30mmHg → síndrome compartimental → escarotomia. ❖ Paciente com abdome agudo e pressão abdominal >30mmHg → cirurgia de urgência. • TEC (tempo de enchimento capilar) >3s: O tempo de compressão do leito ungueal varia de acordo com a literatura (15, 20 e 40s). Avaliar o tempo de retorno da circulação habitual: entre 3 e 4 → hipoperfusão leve; entre 4 e 5 → hipoperfusão moderada; >5 → hipoperfusão grave. Crítico Exames complementar es Farmacologi a Revisão de casos Emergência Fisiologia UTI Abordagem Inicial do Paciente Grave 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre POTENCIALMENTE CRÍTICOS Pacientes que podem desenvolver doenças que vão levar ao óbito mais rapidamente. • Precordialgia: todo mundo pensa em infarto agudo do miocárdio, mas pode separar um aneurisma dissecante de aorta, tumoração com isquemia. Saber as características da dor, se vai usar ASS ou não, fazer eletro ou não, pedir os marcadores de necrose. • Febre – neutropenia? Paciente que chega com febre, frequência cardíaca elevada, frequência respiratória elevada ... É importante pedir um hemograma. Se a contagem de neutrófilos está muito baixa, tem que ficar de olho. • Suspeita de obstrução de via aérea: paciente com a mão apertando sobre o pescoço, cianose facial, agitação (alteração do nível de consciência). • Déficit motor agudo, afasia, convulsão: tem que ser AGUDO. Não adianta pegar uma senhora de 90 anos que já teve AVC, paralisia de hemicorpo e não movimenta sobre a cama há 20 anos. • Delirium: é diferente de delírio. Alteração agudo do nível de consciência e da atenção. • Intoxicações agudas; • HDA (hemorragia digestiva alta) / HDB (hemorragia digestiva baixa): caráter clínico. • Dor intensa ou refratária: dor que não passou com o primeiro analgésico. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA Na abordagem inicial, é preciso avaliar o paciente de forma sindrômica e oferecer um adequado suporte avançado de vida. MOV Existem vários protocolos que tem como objetivo uniformizar condutas. • M → Monitorização cardíaca contínua: coloca o monitor no paciente e analisa o eletrocardiograma (centro cirúrgico, UTI). • O → Oximetria de pulso: possível saber se o paciente está precisando de oxigênio ou não. Ao mesmo tempo em que se está monitorizando o paciente, é possível realizar a oximetria. • V → Veia: Necessidade de algum exame, medicamento. Os pacientes que passam pra UTI ou centro cirúrgico necessitam de monitorização hemodinâmica avançada e, consequentemente, de uma veia do paciente. Observação: pacientes graves críticos e potencialmente críticos com droga vasoativa necessitam de acesso central. Exemplo: paciente com precordialgia, déficit motor aguda, crise convulsiva, alteração do nível de consciência, FC >140. DESTRINCHAR HISTÓRIA QUANDO POSSÍVEL Nem sempre é possível. Quando possível, perguntar somente o necessário. DIAGNOSTICAR Neste momento, o médico não dá o diagnóstico de doença e sim de grandes síndromes. • Choque/hipoperfusão: é quando o paciente tá precisando de uma demanda metabólica maior do que o corpo é capaz de oferecer. • Insuficiência respiratória: tipo 1, tipo 2 e mista. • Neuro-check: pupilas – avaliar se são isocóricas e fotorreagentes; déficit motor; Glasgow – nível de consciência. PROTOCOLOS Unifica o conhecimento. • ACLS: é o mínimo que deve ser feito em determinados pacientes. É um protocolo avançado de vida para pacientes cardiológicos, incluindo AVC e infarto. • ATLS: é o mínimo que deve ser feito em determinados pacientes. Trauma. • PHTLS: Pré-hospitalar. • FCCS: É um resumo de todos os protocolos. • VENUTI: Ventilação mecânica na emergência, na UTI e no centro cirúrgico. • CITIN: Pacientes neurocríticos, não especificamente AVC. Crise convulsiva, edema cerebral, AVC, trauma específico cerebral. • ECOTIN: Ecografia, incluindo USG. É possível dizer que o paciente está com edema cerebral avaliando apenas o olho. Ecocardiograma dinâmico • SEPSE – 3.0/SSC e ILAS: 2 guidelines (1 pra diagnóstico e 1 pra tratamento). 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre PERFUSÃO – LACTATO No paciente ambulatorial não é comum avaliar perfusão porque o paciente está bem. Na emergência ou centro cirúrgico (inclusive cirurgia eletiva) é necessário avaliar perfusão. Toda e qualquer avaliação de um emergencista, intensivista e anestesiologista se baseia em perfusão orgânica. A perfusão também é avaliada em todo e qualquer paciente grave, que necessita dos cuidados de cardiologista, neurologista, endocrinologista, oftalmologista, dermatologista na UTI. A avaliação é feita por meio de um exame chamado lactato. Lactato é marcador de perfusão tecidual (tecido) global (todos os órgãos) tardio. Se o lactato estiver alto, o médico já está atrasado para tratar o paciente. Observação: Lactato é produzido em situações de hipóxia. CICLO DE KREBS O que tá em amarelo é o que acontece dentro da mitocôndria e o que tá fora do amarelo é o que acontece fora da mitocôndria. Acetil-CoA é a principal enzima existente no corpo e, a sua ausência, leva a inexistência da vida. GLICOSE +ÁGUA + O2 + ADP A condição mínima que a gente necessita pra viver é glicose + água + oxigênio + ADP (reserva de energia). Quando a gente fala de perfusão, tudo isso é avaliado. Se faltar qualquer um desses elementos, haverá uma alteração na perfusão. • ADP: Doença genética está relacionada com falta de ADP. Por conta disso, normalmente o paciente morre ainda feto ou embrião. Em pacientes pediátricos e adultos, o ADP não é avaliado. • Glicose: é possível um paciente sair de uma glicemia normal de 80 pra 10 em poucos minutos? Não! A queda acontece de forma gradual. Quando o paciente chega desmaiado na emergência, é importante dosar a glicemia. Utilizar HGT – glicemia capilar para análise da perfusão. • Água: é possível que o paciente saia de 8 litros de sangue pra 0? Não! É importante dar volume/hidratar o paciente rápido na emergência. • Oxigênio: é possível que o paciente saia de 100% de oxigênio para 30% em poucos segundos? Sim! 6 minutos é o tempo que o cérebro aguenta em apneia, exceto em casos específicos, como por exemplo, atletas de alta performance (podem aguentar até 30 minutos). Tem que prestar muita atenção no oxigênio, porque ele baixa muito mais rápido que os outros. Sempre fazer HGT (avaliação da glicemia) e soro nos pacientes graves na emergência!!! Quando se fala em hipoperfusão, todo mundo vê logo o oxigênio (avaliação de hipoxemia) do paciente. Sinais de hipoxemia: nível de oxigênio baixo, alteração do nível de consciência, frequência cardíaca alterada, frequência respiratória alterada. Mais tardiamente: queda da pressão arterial, elevação do lactato. Os sinais vitais devem sempre ser avaliados para ver se aquele quadro não está encaminhado o paciente para uma hipoperfusão. 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre Mecanismos de choque: oxigênio → tecidos: O caminho do oxigênio é: ar ambiente → narina → laringe → glote → traqueia → brônquio fonte → brônquio → bronquíolo → alvéolo → membrana - alvéolo-arterial (importantíssimo) → vaso – dissolvido no plasma. O oxigênio dissolvido no plasma é o PO2 (visto na gasometria) → hemácia (relação com a saturação de oxigênio). O oxímetro só mede a SO2 (saturação), não medindo a PO2 (pressão arterial do oxigênio). Pra levar o oxigênio ligado a hemoglobina para os tecidos da periferia (rim, músculo, osso, olho) é necessário de uma bomba (coração). Ao chegar na periferia, o oxigênio sai da hemoglobina, é dissolvido no plasma, se liga no endotélio (quando inflamado – endotelite – visto em sepse) e vai para o tecido. Se tiver um problema em qualquer uma das estruturas citadas, há um tipo de choque diferente. Quando o oxigênio chega nos tecidos, existe uma enzima denominada Piruvato Desidrogenase que faz com que o oxigênio entre na mitocôndria. Quando o O2 não entra na mitocôndria, ele não produz energia de forma adequada. Se o paciente fizer respiração anaeróbia (tentar produzir energia sem oxigênio), ele produz ácido lático. O lactato produz 2 atps, enquanto que, se o O2 entrar na mitocôndria, há uma produção de 36 atps. Ou seja, o processo energético dentro da mitocôndria é 18X mais eficiente. Observação: Somente as células que tem mitocôndria podem produzir lactato. A intenção é fazer a enzima Piruvato- Desidrogenase funcionar, a qual necessita de glicose, água e oxigênio. Caso contrário, há a produção de lactato. Em pacientes graves, é feito HGT de 6/6 horas. Os cofatores da enzima PD são: Tiamina (B1), FAD e Lipoato (relação com gordura e bainhas mielinizantes). Estes últimos, estão relacionados a doenças genéticas, enquanto que a tiamina apresenta relação com etilista. No intestino, a tiamina é absorvida na 2º porção do duodeno. A cirurgia bariátrica é um exemplo de situação em que se exclui essa 2º porção do duodeno, necessitando de reposição de complexo B (especialmente tiamina) pelo resto da vida. Com o tempo, o resto do intestino acaba aprendendo a absorver tiamina por necessidade, mas mesmo assim não é 100%. Quando o paciente bariátrico tem queda cabelo, provavelmente não tenha feito a terapia nutricional adequada pós-operatória. O etilismo faz com que a pele do duodeno se torne muito lisa. Além disso, por também ser absorvido no duodeno, o álcool acaba competindo com a tiamina. Se o paciente é etilista ou pós-operatório de cirurgia bariátrica e chega na emergência com o lactato alto e eu não sei se é por deficiência de oxigênio, água, glicose ou tiamina, a conduta imediata é medir a glicemia, colocar soro, medir a oximetria e dar complexo B (ou tiamina, se tiver). O mínimo de tiamina que a gente precisa pra sobreviver é 100mg/dia (o ideal é 300mg tiamina/dia). Pra eu atingir esse valor apenas tomando complexo B, são necessárias 12 ampolas. Colocar: 500ml de soro fisiológico + 12 ampolas de complexo B. Pra saber se é hipoperfusão tipo I ou tipo II, é preciso avaliar se a causa é glicose, água ou oxigênio OU se a causa tem relação com os fatores (pacientes que tem problemas na absorção de tiamina). Se o lactato (marcador de perfusão tecidual global tardio) tipo I estiver alto, o pensamento para um paciente grave é que todos os órgãos estão sofrendo. Quando mais alto o lactato, maior é a mortalidade do paciente. Em pacientes graves e críticos, deve-se pedir sempre hemogasometria arterial com lactato. Exemplo: o paciente chegou com lactato de 5 ... Em 6 horas, é preciso medir esse lactato de novo, sendo o esperado que ele tenha reduzido 10%. Ou seja, depois de 6 horas, o lactato tem que estar <4,5. Se tiver maior do que isso, ou a estratégia escolhida para tratamento não está adequada ou o paciente está sofrendo muito mais do que o imaginado. A dor da câimbra tem relação com a produção de lactato alta em um músculo específico. Imagine que todos os órgãos do paciente estão produzindo lactato alto!!! Ao entubar um paciente grave, é utilizado o 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre fentanil (analgésico mais potente), porque é como se ele tivesse sentindo câimbra no corpo inteiro. Se tiver na dúvida se o motivo do lactato alto é glicose, água e o2 ou se são os cofatores, administra TIAMINA para fazer a ENZIMA PIRUVATO DESIDROGENASE funcionar. Se for Glicose, água e O2 é hipoperfusão, hipolactetemia tipo I. Se for cofatores é hiperlactetemia, hipoperfusão tipo II, ou seja, é uma hipoperfusão falsa, porque a deficiência dele é nutricional. Para EXCLUIR a causa nutricional, administra nutrientes para ele, senão baixar o lactato só pode ser glicose, água e O2. PERFUSÃO GLOBAL O lactato é um marcador de perfusão global porque tem relação com todos os órgãos, embora seja possível medir o lactato em um órgão específico. Quando os órgãos nobres (cérebro, pulmão, coração, fígado, sistema hematológico, rins) estão sofrendo, significa que os outros órgãos abaixo deles também estão. Em pacientes realmente graves, com lactato alto, em uso de drogas vasoativas, é preciso interromper a dieta por um período. Isso porque o estômago e o intestino não estão recebendo sangue suficiente. Uma vez melhorada a perfusão, libera a dieta. Quando o paciente tá fazendo infarto agudo do miocárdio, algum outro órgão está sofrendo e tem uma hora que o paciente não aguenta. Quando o fígado está sofrendo, todos os órgãos abaixo dele (relação com o escalão de órgãos nobres) estão sofrendo junto. Score SOFA: não dá diagnóstico de sepse. É utilizado para marcar prognóstico. Se hoje o SOFA tá 10 e amanhã tá 12, significa que o paciente piorou. O SOFA mede a alteração do nível de consciência, o uso de droga vasoativa, creatinina e débito urinário, nível de plaquetas, bilirrubina e troca gasosa. Ou seja, o SOFA mede a função dos orgaõs nobres.7 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre DOR Experiência sensorial e emocional “desagradável” associada a lesão tecidual real ou potencial, ou seja, não necessariamente há uma lesão física. Exemplo: um paciente que está sofrendo na UTI, na emergência, apreensivo por não saber qual a sua doença. Isso tudo pode causar dor que pode, inclusive, passar despercebida. Importante lembrar que nem para todo mundo a dor é desagradável. Não necessariamente o paciente precisa ter uma ferida ou ter passado por um procedimento de mobilização para sentir dor. IMPORTÂNCIA DA DOR • Sintoma de maior frequência; • Controle inadequado (dentro ou fora do hospital) → insatisfação do doente; VÁRIAS RAZÕES ❖ Subvalorização da queixa; ❖ Falta de obediência por parte do paciente à prescrição; ❖ Prescrição de doses subterapêuticas de analgésicos, devido ao receio de efeitos adversos graves e desconhecimento da sua farmacologia. • UTI: ❖ 50% dos pacientes não cirúrgicos. 50% dos pacientes não cirúrgicos experimentam dor em algum momento do internamento. Quando é uma UTI de pacientes cirúrgicos, a dor é relatada por mais de 90% dos pacientes. FATORES • Doença subjacente (exemplo: fibromialgia), trauma, cirurgia (conceitualmente falando, é um tipo de trauma); • Cuidados de enfermagem: mobilização, aspiração da via aérea, curativos; A própria mobilização do paciente no leito, durante o banho (temperatura da água) pode causar dor. Ficar atento à fascies de desconforto, taquicardia e ansiedade. Existem trabalhos relatando que a dor da aspiração de via aérea é a dor mais excruciante que existe. • Fisioterapia; • Imobilização prolongada e procedimentos invasivos (passagem de acesso central ou até mesmo um periférico, medição da glicemia capilar) terapêuticos, diagnósticos ou de monitorização. A 2º dor mais excruciante é a dor por trauma testicular. O parto é a 3º dor mais excruciante. O QUE A DOR PODE LEVAR • Ansiedade: Quanto mais tempo o paciente demorar com dor, independente se dentro ou fora do ambiente hospitalar, isso pode gerar uma ansiedade. A ansiedade leva a uma perturbação da mente (agitação, preocupação ou angústia) que, no decorrer de anos de sofrimento, pode levar a uma doença psiquiátrica (ex. delírio). • Delírio X Delirium (doença muito relacionada a causas orgânicas): ❖ Alteração do juízo da realidade: Ambas são uma alteração do juízo da realidade, ou seja, o paciente perde a capacidade de julgar o que é verdadeiro ou falso. ❖ Alteração da consciência: Qualquer Glasgow diferente de 15. O paciente pode estar rebaixado como também pode estar hiper agitado, os dois fazem parte do delirium. Existe uma escala para avaliar delirium. Por exemplo, questiono ao paciente se o peixe nada ou voa, se o martelo é mais pesado ou mais leve do que um papel, e ele não consegue fazer esse juízo, não consegue dizer coisas claras. A pergunta deve ser algo simples/besta para que se perceba o quão alterado o paciente fica. Relacionado ao delirium, também se avalia a atenção através de um mnemônico (SAVE A HAART), pedindo Analgesia na emergência 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre que o paciente aperte a mão do avaliador toda vez que este falar a letra A. É uma forma de mensurar/um score de atenção. ❖ CID: Delírio: é um sintoma que faz parte de uma série de outras doenças, como as psiquiátricas. Delirium: é uma doença muito relacionada a causas orgânicas. Se consegue dar o diagnóstico, tem CID. A dor, dentro do contexto hospitalar, é uma importante causa de ansiedade que, sendo um processo duradouro, vai levar ao delirium. • Distúrbios do sono: O paciente faz alteração do ciclo sono-vigília, fica acordado a noite e dorme durante o dia: • Hipercoagulabilidade (interleucinas 2,6 e 12); As alterações de dor, ansiedade, distúrbio do sono acabam liberando uma série de catecolaminas, de interleucinas que levam a um estado de hipercoagulabilidade. Imaginem um paciente acamado, sentindo dor, ansioso o tempo todo. Por estar acamado, a circulação dele já não é adequada, o paciente já tem uma doença de base, que é o motivo dele estar no hospital. Existem diversos casos que o paciente estava bem no hospital e, em questão de 30 minutos, ou um trombo soltou ou um paciente faleceu. O estado de hipercoagulabilidade tem muito a ver com isso. Lembrar de tratar o paciente, não a doença. O paciente que está acamado, se não for orientado a caminhar, ele não vai lembrar de caminhar, ele vai ficar na cama quieto, sentindo dor, porque pensa que, se andar, a dor piora. Dor é anormal, é um sintoma que deve ser levado em conta e que é preciso tratar. Por uma série de liberação de interleucinas, em específico a TNF-alfa, é feita imunossupressão no paciente. Dor leva a uma disfunção pulmonar por uma série de interleucinas, então, se o pulmão está sofrendo e temos uma imunossupressão relacionada a isso do paciente, qual o maior foco de infecção intra- hospitalar que existe? Infecção respiratória. Dor leva a um estado de hipercoagulabilidade (eventos tromboembólicos de forma geral). O paciente com dor aumenta a frequência cardíaca, aumenta a frequência respiratória, aumentando a necessidade de oxigênio e liberando um monte de catecolaminas/interleucinas/TNF-alfa, provocando um estado de hipercoagulabilidade (interleucinas inflamatórias; IL-2, IL-6 e IL-12). É estímulo catecolaminérgico, sistema adrenérgico mesmo. Quando a FC e FR aumentam pela resposta endócrino metabólica ao trauma (REMIT), o paciente todo vai precisar de oxigênio. O aumento do oxigênio circulante libera radicais livres, o que aumenta a inflamação. Se aumenta a inflamação, lesiona mais o endotélio, formando mais plaquetas, ativando todo sistema de coagulação. • Imunossupressão; • Catabolismo e cicatrização alterados; • Disfunção pulmonar e ativação do sistema nervoso simpático, com taquicardia e aumento da resistência vascular periférica e do consumo miocárdico de O2. Além da disfunção pulmonar, causa também uma disfunção cardíaca. O músculo é um órgão que não para, acostumado (por exemplo) a 6L de O2/min (se for considerar a massa corpórea tem também o índice cardíaco), se estiver com dor, ansioso ou qualquer outro motivo, e essa dor está continuando, o coração vai precisar de mais oxigênio. Mas, às vezes aquele paciente idoso, que já tem o endotélio lesionado, já tem um estado de hipercoagulobilidade, de imunossupressão, já tem uma obstrução de 40-50% do vaso coronariano, e de uma hora pra outra precisa de mais oxigênio chegando naquele músculo cardíaco, vai acabar ocasionando no paciente dentro do hospital um infarto. Isso seria um paciente que estava bem, com plano de alta, começou a ficar ansioso pela alta, e com isso o paciente morre. Por isso tem que olhar para o paciente, se ele estiver com cara de dor, a FC mais elevada que o normal dele todo no hospital, e por conta do TNF-alfa, gera uma necessidade hipercatabólica, a cicatrização fica prejudicada. Exemplo: paciente acabou de fazer uma cirurgia e ele vai para casa sentindo dor, a cicatrização dele vai ser alterada nos próximos meses, lembrando que a formação final do tecido fibroelástico (cicatriz) se dá até 12 meses. Sentir dor não é normal! PERGUNTA: então é essa elevação de citocinas inflamatórias, catecolaminas, que influencia na RVP e 9 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre A IL-6, a mesma que causa inflamação, vai causar também o aumento da resistência vascular, que vai levar a pressão arterial aumentada, aumento da FC, porque o coração está precisando de mais O2. Quando o coração precisa jogar mais O2 para periferia, ele faz isso aumentando o débito cardíaco (volume sistólico X frequênciacardíaca). O volume sistólico é pré-carga, pós-carga e contratilidade. Exemplo: quando uma pessoa está ansiosa, o um copo de água oferecido pra ela é para aumentar a pré-carga. Já a pós-carga é a pressão arterial. ESCOLHA DO ANALGÉSICO • Intensidade da dor; • Natureza da dor: exemplo: dor de causa inflamatória, neuropática, psicológica... Cada grupo de dor tem uma droga específica. Quando não está resolvendo pela natureza da dor, alteramos a percepção do paciente a dor, transformando algo desagradável em agradável; • Risco: Exemplo: paciente que vai se submeter a uma cirurgia eletiva e que não está sentindo dor. Recebe medicação mesmo assim por conta do risco de sentir dor. As escalas são utilizadas para avaliar a intensidade. A escala de faces de Wong Baker (carinhas da tabela acima) é em pacientes entubados, que não podem falar e apontam com o dedo para graduação. A dor é relativa, porém, uma vez que o paciente está relatando que está sentindo dor, temos que valorizar e tratar, principalmente intra-hospitalar. MEDICAMENTOS • Analgésicos anti-inflamatórios – AINE: ❖ Analgésicos fracos; ❖ Ação periférica. • Opioide (hipnoanalgésicos): ❖ Analgésico ¨forte¨; ❖ Ação central. ANALGÉSICOS ANTI-INFLAMATÓRIOS – AINE • Analgésico importantes; • Antipirético: na boa parte deles, servem para febre; • Anti-inflamatório: tratam a dor de causa inflamatória. Se a dor for de causa neuropática, contração muscular, os AINEs não irão resolver; A dor é uma hiperatividade neuronal, que pode ter diversos mecanismos, não necessariamente uma inflamação. A inflamação é somente um dos mecanismos de dor. Exemplo.: paciente amputou o membro há 3 anos, e ele ainda sente dor no membro fantasma, isso não é de causa inflamatória. Existe um grupo de drogas específico para cada mecanismo de dor. Exceção: Paracetamol – não anti-inflamatório O paracetamol é um anti-inflamatório não esteroidal sem poder anti-inflamatório e sem os efeitos colaterais dos AINEs. Ele é um AINE? Fica a pergunta. • Perfil farmacodinâmico, mecanismo e eficácia semelhantes (prescrição concomitante?): os AINEs de forma geral, tem mecanismo, perfil farmacodinâmico e eficácia semelhante. Não adianta, por exemplo, associar o Cetoprofeno e com mais uma droga para dor - Meloxicam, pois eles são do mesmo grupo. O paracetamol também entra nessa exceção. Pode prescrever um AAS com paracetamol. MECANISMO DE AÇÃO PERIFÉRICA E CENTRAL Quando se prescreve AINES para o paciente, quais recomendações precisam ser dadas? Comer antes de tomar um AINE, porque faz lesão de estômago, ou 10 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre seja, a ciclooxigenase tem interferência no estômago. tomar com bastante líquido: rim. Lembrar do AAS (antiagregante plaquetário), agindo nas plaquetas. Tomar até 5 dias: a partir de 5 dias ele gera uma imunossupressão por disfunção macrofágica e endotelial. Ele lesiona tanto o endotélio e faz disfunção macrofágica, que o paciente fica mais sujeito a infecção, tanto que AINE dentro do hospital é péssimo. • Consequente da inibição da Ciclioxigenase; ❖ 1ª geração: bloqueiam a COX-1 e a COX-2; ❖ 2º geração: bloqueiam seletivamente a COX-2. Do ponto de vista clínico/prático, não existe essa diferenciação. Os mesmos cuidados devem ser tomados: nunca em jejum, bastante água, e por no máximo 5 dias. • Resposta analgésica leve a moderada: ❖ Efeito ¨teto¨: a partir de certo momento, ele não tem mais uma ação adequada, pois nem toda inflamação é mediada pela COX. • Atividade anti-inflamatória limitada: ❖ Inferior aos corticoides; ❖ Inflamações dependentes da COX: Na cascata de inflamação tem lá em cima uma droga que bloqueia toda cascata de inflamação, que é o corticoide. ❖ Não age na rinite, asma (mediado por leucotrieno/IgE). EX: se bloquear a via da COX, mas o paciente ainda está gerando inflamação, quer dizer que os leucotrienos que estão agindo. Não adianta usar inibidor da COX. Além disso, o uso desses medicamentos em alergias pode até exarcebar a produção de leucotrienos. • Barato. • Via oral, retal, intravenosa ou intramuscular. • IV ou IM: ❖ Diclofenaco, cetoprofeno, tenoxicam e valdecoxib; ❖ Pacientes hospitalizados; Recentemente tem sido notificado arritmia cardíaca em criança (principalmente ibuprofeno) e rebaixamento de nível de consciência. A inibição da cicloxigenase tem interferência no estômago, plaqueta, rim, macrófago, endotélio, SNC e coração. OBS: AINE na reumatologia é utilizado em doses menores como poupador de corticoide. Além disso, são específicos para reumatismos. ❖ Múltiplas administrações. INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX SALICILATOS (AAS) • Século V – Hipócrates descreveu o pó ácido da casca do salgueiro para alívio da dor; • Patenteada em 1899 – Bayer; • Mais consumido no mundo; • Perdeu a patente após a 1º guerra mundial devido uso; • 1971 → descrito seu mecanismo de ação (Nobel). • Inibidor da COX-1 e COX-2; • Analgésico, antipirético, anti-inflamatório; • Antiagregante plaquetário; • VO (só tem VO no Brasil). ❖ 50 a 325 mg via oral para a prevenção de trombose e doenças cardíacas (dose diária); ❖ 500 mg via oral para tratamento da dor (a cada 4 horas); ❖ 1.000 mg via oral para tratamento da dor e da inflamação (a cada 4,6 ou 8 horas). OBS: a dose mínima para ação de antiagregação plaquetária é de 50 mg. A dose de ataque no paciente com IAM é 300 mg, e a dose de manutenção do IAM é de 100mg 1x ao dia. • Contraindicação: alergia, estados hemorrágicos, dengue (relação com a antiagregação plaquetária). 11 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre Todo AINE tem possibilidade de fazer antiagregação plaquetária por que ele interfere no COX 1 que interfere na plaqueta. O celecocxibe faz antiagregação plaquetária em menor grau. Tem que garantir que não vai sofrer lesão, pois a chance de sangramento é real. • Efeitos adversos: hemorragia, irritação gastrointestinal, angioedema. • Difusinal – derivado do AAS; Bem mais caro e não tem tanto benefício assim. • Cetorolaco – derivado do AAS (SL ou EV). Para quem tem enxaqueca de causa inflamatória, mediado por COX. O Cetorolaco tem de 5, 10 e 15mg. Geralmente quem tem enxaqueca usa de 15mg e outros 10mg sublingual. INDÓIS • Indometacina e Sulindaco; Os derivados dos Indóis são muito utilizados nas clínicas de quimioterapia, tem efeito semelhante ao AAS. Muito comum no Brasil a Indometacina • Inibidor da COX 1 e COX 2; • Semelhante ao AAS; • VO (25mg, 50 mg) e VR (100mg); • Preferência na febre dos tumores malignos ou em paciente que fez quimioterapia e dentro de 24 horas faz aquele febrão. • Boa ação uterina; Boa parte dos AINES tem boa ação uterina. Mulheres que tem DIU e fazem uso do anti-inflamatório, podem ter chances de engravidar pela diminuição da inflamação que o efeito do DIU causa, já que o mecanismo do DIU causa inflamação no útero para impedir a nidação. O DIU hormonal é mais difícil, mas pode ocorrer também. • Mais tóxico. ÁCIDO PROPIÔNICO • Derivados do ácido propiônico: Ibuprofeno, cetoprofeno (profenid) e naproxeno; não são seletivos. O naproxeno e ibuprofeno, no Brasil, são muito usados para febre. O profenid está escrito lá na bula que pode ser utilizado para febre, mas na prática clínica não usa para febre. O ibuprofeno é muito utilizado para criança, porém de 2018 para cá foi visto que está muito relacionado a arritmia. Muita criança fazendo taquiarritmia e extrassístole supraventricular por conta do ibuprofeno. Cuidado com AINE! • Inibidores da COX 1 e COX 2; • Analgésico, anti-inflamatório, anti-reumático e antipirético; • Ação uterina, portanto afeta a eficácia do DIU; • VO, IM ou EV; • Crianças: cuidado!ÁCIDO ANTRANÍLICO • Ácido Mefenâmico: Ponstan (derivado do ácido Mefenâmico): Muito usado no período menstrual. ❖ Inibidores da COX 1 e COX 2; ❖ Semelhantes aos outros AINES; ❖ Efeitos colaterais mais intensos. Ele reduz aquela inflamação uterina. As mulheres acabam usando-o 1 ou 2 vezes por dia, com uma dose não tão alta, não tendo o efeito colateral tão intenso. Mas algumas mulheres, mesmo com dose menor, têm relatado alguns efeitos como alteração de humor mais repentina, às vezes associam a TPM e não ao medicamento em si. ÁCIDO FENILACÉTICO • Diclofenaco e Tolmetina; O voltaren não tem venoso, ele é IM. Para aqueles pacientes que chegam na emergência, injeto o IM e já libera para casa. Ele também está relatado para febre na bula, mas na prática não utiliza. • Inibidores da COX-1 e COX-2; • Tolmetina – artrite: ❖ Menos efeitos colaterais; ❖ VO. • Diclofenaco: 12 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre ❖ Apesar de antipirético, não é utilizado; ❖ VO e IM. ÁCIDO ENÓLICO (OXICAMS) • Piroxicam (12/12horas), Tenoxicam e Meloxicam (1X/dia; bom AINE). Os últimos AINEs do ponto de vista de efeitos colaterais dos não seletivos, temos os Oxicans. De todos esses que foram pontuados, esse tem eficácia semelhante desde que obedecido a posologia! Se utilizar 1g de AAS vai ser a mesma coisa que utilizar 15mg de meloxicam. Os efeitos colaterais vão variar, obviamente, mas tem uma eficácia parecida. Então desses AINEs, perfil semelhante, só respeitar a posologia desses medicamentos. • Inibidores da COX-1 e COX-2; • VO e IV; • Usado em doenças reumáticas e dor uterina; • Menor frequência de efeitos colaterais. INIBIDORES SELETICOS DA COX-2 NIMESULIDA Do ponto de vista prático clínico, existe diferenciação. Nimesulida é dado no SUS! Os outros inibidores seletivos da COX 2 não são dados no SUS. ❖ Semelhante aos outros AINES; ❖ Menor efeito gástrico e renal. ❖ Hepatotóxico: em alguns países, o nimesulida é proibida (Finlândia - 2002 e Irlanda – 2007); COXIB Celecoxib, Rofecoxib, Etoricoxib, Valdecoxib) Famoso arcoxia! Os Coxibs são os tops dos AINES. São caros, tem menor efeito gástrico e renal. A questão é que ele ¨mexe¨ em outros lugares => Coração e cérebro. Caso: O paciente vai tirar o dente e é prescrito arcoxia. Dois dias depois baixa na emergência por que fez uma crise convulsiva, baixou o nível de consciência ou teve taquiarritmia. ❖ Semelhante aos outros AINES; ❖ Menor efeito gástrico e renal; ❖ Cardiotóxico. Brasil: retenção de receita e sendo retirados do mercado. AINE – EFEITOS COLATERAIS • Digestivos: epigastralgia, sangramento digestivo, náuseas e enjoo; ❖ Todos em maior ou menor grau, exceto paracetamol. ❖ Inibidores da COX-2 têm menor morbidade gástrica. • Renais: Retenção de água e sal, edema. Nefrite intersticial. Todos, inclusive paracetamol. • Hematológicos: Leucopenia. Anemia aplásica. Agranulocitose. ❖ Evento raro. Maior risco com Indometacina e Pirazolônicos, no tratamento crônico. • Neurológicos: Síndrome de Reye. Confusão mental. Coma (intoxicação). Observada com Aspirina. • Dermatológicos: “Rash” cutâneo. Prurido. Questão alérgica. • Respiratórios: pioram rinite e asma. PARACETAMOL • Não é dependente de COX. • Não é anti-inflamatório. • Não leva à erosão gastroduodenal e sangramento digestivo. ❖ Antipirético e Analgésico: excelente. ❖ COX-3? Não comprovado. ❖ Hepatotóxico (>4g) → Insuficiência Hepática. Ter atenção nos pacientes com disfunção hepática prévia. *Acetaminofeno (apresentação IV, não disponível no Brasil). Dose: 750mg de 6/6h = 3000mg = 3g/dia. *Tem a apresentação de 500mg também. ATENÇÃO! • Entre 4-6g dia: pode provocar uma insuficiência hepática LEVE. • Entre 6 – 8 g: Insuf. Hepática MODERADA. 13 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Entre 8-9g: Insuf. Hepática GRAVE. • Acima de 9g dia: Hepatite fulminante. Toda intoxicação por paracetamol deve-se fazer uso do antídoto, que é a Acetilcisteína. Porém é uma droga cara, e não é tão disponível. Contudo, existe o xarope com a N Acetilcisteína (para a tosse), que pode ser utilizado com o mesmo objetivo, porém com uma superdose. É necessário pelo menos 100ml do xarope para atingir 1 comprimido de paracetamol. Por conta desse efeito danoso, o paracetamol é muito utilizado nas tentativas de suicídio. Outra coisa interessante sobre o paracetamol, é que se um paciente for para fila de transplante por conta de uma hepatite fulminante provocada por paracetamol, ele imediatamente deixa de ser uma busca estadual e passa para nacional. DIPIRONA • Analgésico e antipirético; • Não é anti-inflamatório; a molécula lembra a do paracetamol, mas são diferentes. • Mecanismo de ação? → COX 3?. • Uso restrito/Banido. Aplasia medular por agranulocitose → 0,2 a 2 casos/1 milhão após 4 dias de uso. Apesar de ser uma das drogas mais utilizadas, ninguém sabe explicar o seu mecanismo de ação, não se sabe explicar com quem ela faz ligação. A dipirona pode ser considerada um AINE pela semelhança da molécula; ou mediada por COX 3; na neurologia ela pode se relacionar com a atividade neuropática; na reumato, considera-se a ação hormonal → isso vai variar de literatura e estudo. Há muita restrição do uso de dipirona no mundo, sendo seu controle extremamente restrito. No Brasil, é uma das drogas mais utilizadas, e é o único lugar que tem apresentação de 1g. Não tem estudo estatístico sobre seu uso. OPIOIDES • Originário da Índia (Papoula Rapaver somniferum). • Ópio (Morfina, Codeína, Tebaína, Papaverina e Noscapina). • Século XVII a XIX (Símbolo aristocrático). • Uso medicinal: analgésico, sonífero e antidiarreico (Limitação: dependências) • Analgésico potente. • Efeito tranquilizante (sedativo): em algumas situações, pode ser usado como ansiolítico. *Euforia. • Hipnótico: perde a capacidade de decidir sobre si. • Tendência a produzir tolerância, dependência psíquica e física – mais relacionado ao uso crônico. O opioide transforma algo desagradável, que é a dor em uma sensação agradável. É o famoso “ bate onda”, o que contraindica inclusive a pessoa dirigir máquinas pesadas, porque provoca uma alteração de concepção. Ou seja, altera a percepção da dor, não trata a dor. • Ação fundamentalmente central: ❖ Depressão da consciência e das funções neurovegetativas (pode levar até coma). • Controle da dor aguda intensa refratária aos AINES (quando não apresentou melhora). • Controle da dor crônica neoplásica. • Associado aos AINES. • Deprime o componente afetivo-emocional. • Inibe a sensação aversiva, desagradável da dor. • Uso: VO, SC, IM, IV, transdérmica, intra- raquiana, intraocular. TRAMADOL (BAIXA POTÊNCIA) Análogo de opioide. • Não é propriamente um opioide. • Analgésico de ação central. • Não é anti-inflamatório e antipirético. • Uso comercial em associação. • VO, IM ou EV (uso diluído e após anti-emético) e lento, porque provoca náuseas. CODEÍNA (BAIXA POTÊNCIA) É um opioide verdadeiro. • Analgésico. • Antitussígeno (principalmente em crianças). • Uso comercial em associação. • Encontrada no ópio (0,9 a 3%). • Potência 12x menor que a morfina. 14 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre → 200mg VO codeína = 130 mg IM = 10 mg de morfina Tylex – 30 mg de codeína 8/8h (500 mg paracetamol/ 30mg fosfato de codeína) *Se essa droga não estiver controlando a dor, melhor substituí-la por outra mais forte, e não aumentar a dose. Lembrar do efeito hepatotóxico do paracetamol. MORFINA Nome derivado Morpheu. • Analgésico, narcótico. Guerra Civil Americana – 400 mil soldados dependentes. • SC, VO, EV ou Raqui. • Usos: Dor crônica; Dor neoplásica; Anestesiageral; Pacientes terminais. É uma excelente droga, com importante vasodilatação coronariana (aumenta a patência e melhora circulação da coronária). • 2mg = 1ª dose; • 2 – 4mg = 2ª dose; • 2 – 10 mg = a partir da 3ª dose ou usuário crônico. MEPERIDINA (PETIDINA) OU DOLANTINA • Potente analgésico. • Potência semelhante à morfina. • Menor efeito colateral que a morfina (exceto dependência – com apenas 1 uso e síndrome de abstinência – é o que impede o uso liberado). 200 mg de codeína = 10mg de meperidina = 10mg de morfina. É utilizado em restritas situações e apenas com o paciente sedado. METADONA 200 mg de codeína = 10 mg de meperidina = 10 mg de morfina = 10 mg de metadona. • Potência semelhante à morfina. • Maior duração de ação → péssimo para quem faz exame de dopping. • Desenvolvida para a 2ª Guerra Mundial contra o exército alemão (Dolophine). • Antitussígeno. • Síndrome de abstinência mais leve, porém mais duradoura. Usos: • Escolha na terapia de abstinência aos outros opioides, incluindo a heroína → como a meia vida da metadona demora 5 dias, o corpo não percebe pequenas variações de opioide sérico. Vai diminuindo a dose a cada 15 dias. Então é um opioide tratando abstinência de outro opioide. • Algumas leucemias: mata as células linfoblásticas leucêmicas. NALBUFINA 200 mg de codeína = 10mg de meperidina = 10mg de morfina = 10 mg de metadona = 10 mg de nalbufina. • Opióide agonista-antagonista → efeito muito rápido. • Analgesia semelhante à morfina. • Efeito antagonista menor que o naloxone. • Reversão menor da depressão respiratória. • Analgesia residual. • Aumento da FC e PA. Exemplo de uso: paciente acabou de extubar em CC, mas precisa de opoide → faz nalbufina e manda para enfermaria. OXICODONA (OXYCONTIN) 200 mg de codeína = 10mg de meperidina = 10mg de morfina = 10 mg de metadona = 5mg de oxicodona. • Analgésico 2x mais potente que a morfina. • Ansiolítico e sedativo. • Derivado da codeína. • Limita o uso: Apnéia, hipotensão grave. Tem menos efeitos colaterais que a morfina. Só foi liberada no brasil em 2017. Tem comprimido de 5, 10 ou 20mg. É uma excelente droga, via oral e libera paciente para casa. FENTANIL, SUFENTANIL, ALFENTANIL, REMIFENTANIL Cada um com sua meia vida, mas todos derivados do fentanil. 15 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre 200 mg de codeína = 10mg de meperidina = 10mg de morfina = 10 mg de metadona = 5mg de oxicodona = 0,1mg de fentanil. • 100x mais potente que a morfina. ❖ 0,1mg = 10mg de morfina. ❖ Opioide mais potente. • Excelente analgésico e hipnótico; • VO e EV: ❖ Muito usado de forma EV: em bolus ou infusão contínua. • Usos: ❖ Dor crônica (pode usar o adesivo); ❖ Dor oncológica; ❖ Dor aguda grave (IAM, anemia falciforme); ❖ Anestésico; ❖ Sedativo (IOT): muito usado para intubar, pois a dor é muito grande. Além disso, é hipnótico. ❖ Usado como droga ilegal de abuso. HEROÍNA 200 mg de codeína = 10mg de meperidina = 10mg de morfina = 10 mg de metadona = 5mg de oxicodona = 0,1mg de fentanil = 10mg de heroína. • Derivado da morfina; • Entorpecente. • Sensação de prazer semelhante ao orgasmo → algumas pessoas usam com precedex ou xylol, aumentando o sono e sonhos eróticos. • Após fase de euforia → fase de sedação. • Inicialmente como tratamento para a dependência da morfina e sedativo da tosse em crianças. • Suspenso após descoberta de dependência maior. É usado em alguns países para efeito analgésico (é barato), por isso a importância de aprender a usar. Pode causar bradipneia ou taquipneia. EFEITOS COLATERAIS DOS OPIOIDES • Depressão da consciência (sonolência ao coma). • Depressão dos reflexos neurovegetativos. ❖ Hipotensão postural. ❖ Depressão respiratória – bradipneia à apneia. • Náuseas, vômitos. • Confusão mental. • Retenção urinária. • Suprime a tosse. • Constipação. ❖ Diminuição da motilidade intestinal, que leva a maior absorção de água e fezes duras (trata diarreia). • Constrição biliar: Espasmos nas vias biliares → pode piorar a dor do paciente. • Outros: Prurido, imunossupressão e broncoconstricção. • Dependência. ❖ Desenvolve tolerância. ❖ Depende da administração (sobredose ou tempo prolongado). ❖ Dor neoplásica – não é impedimento. Muitos dos efeitos colaterais dos opioides estão relacionados com o tempo de uso. Por isso, usar pelo mínimo de tempo possível. ANTAGONISTAS (OVERDOSE) Para pacientes que tem sintomas de overdose de opioide, usa naloxone. No ACLS prevê que o paciente que desenvolveu PCR e foi encontrado em zona de abuso de drogas ou claramente fez uso de opioide, deve ser usado o naloxone no RCP. • Naloxone: é antagonista puro. Não tem efeito opioide. ❖ Início de ação: 1min. ❖ Pico de ação: 45 min. ❖ EV ou VO. O paciente, que estava no hospital e fez overdose de opioide e foi administrado naloxone, vai acordar com dor e sem poder usar opioide. Precisa esperar 45 minutos. ANESTÉSICOS LOCAIS O professor não adentrou, pois haverá uma aula sobre esse assunto mais à frente. • Bloqueiam a condução nervosa: ❖ Sensorial e motora. • Bloqueiam a infiltração: • Pequenos procedimentos. • Fisioterapia motora. 16 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Lidocaína: não é só anestésico local, mas também um antiarrítmico com poder arritmogênico. ❖ Curta duração: 60min a 4h. ❖ Dor neuropática (venosa) – arritmogênica. • Bupivacaína: ❖ Bloqueio peridural. • Ropivacaína: ❖ Bloqueio peridural mais prolongado. EFEITOS COLATERAIS São os principais efeitos dos anestésicos locais, principalmente a lidocaína: • Hipotensão arterial; • Perfusão acidental dos nervos, vasos e dura- máter. • Crises convulsivas. • Zumbido. • Gosto metálico. • PCR. OBS: efeito colateral de anestésico local é muito frequente em prova de residência. ANESTÉSICO CLOROFÓRMIO • Anestésico volátil. ❖ Absorve calor da pele → ↓ temperatura →↓ sensibilidade. • Rainha Vitória (reino Unido) ❖ 1ª mulher a usar para reduzir as dores do parto • Pode ser fatal se inalado ou expirado → usar máscara. • Pode causar câncer. • Joga na pele e esperar 4 minutos para suturar. CATETER EPIDURAL Paciente após cirurgia, consegue fazer a administração da droga bem localizada. Anestesia do nível inserido para baixo. ANALGESIA ANALGESIA COADJUVANTE Pode misturar as drogas, usando mais de um analgésico para reduzir os efeitos colaterais das drogas. É uma forma de melhorar o tratamento do paciente. • Melhorar qualidade do tratamento e analgesia. • Não aumenta morbidade do tratamento. • Opções: ❖ Ansiolíticos e Antipsicóticos. ❖ Relaxantes musculares. ❖ Antidepressivos. ❖ Corticoides. ❖ Clonidina: é atensina (anti-hipertensivo). Faz alteração do nível de consciência, deixando o paciente mais sonolento (inclusive é um relato dos pacientes que usam clinicamente como anti- hipertensivo). A clonidina tem receptor alfa-2. O receptor alfa2-beta1-micra6 é responsável pela dor e nível de consciência (dor de causa ansiosa), que também faz ativação. ❖ Cetamina: tem multirreceptor. Também atua nesse receptor, causando analgesia no paciente. Ótimo para manter o paciente intubado. ❖ Dexmetomidina (Precedex): essa droga é a clonidina subseletiva, que só atua no receptor alfa2-beta1-micra6. Seda o paciente e trata um pouco da dor. Então, ansiedade que causa dor ou dor que causa ansiedade. Pode ser usada, por exemplo, para o paciente que vai ser extubado e é ansioso e agitado, não podendo usar profenide e propofol (pois vão causar parada respiratória). • Ansiolíticos e antipsicóticos. • Corticóides: usa quando quer tratar via de inflamação. 17 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestreRELAXANTES MUSCULARES • Diazepan, Clonazepam, Carisoprodol, Tiocolcosídeo, Orfenadrina. Os relaxantes de via gaba são bem usados em crise convulsiva. O relaxante muscular é para quando há uma contratura muscular, que pode ser por causas diferentes: crise convulsiva (benzodiazepínico), contratura muscular intrínseca (relaxantes musculares). • Droga que afeta o músculo esquelético diminuindo o tônus muscular. • Usado para aliviar sintomas tais como espasmo muscular, dor e hiperreflexia. • Início: ❖ Índios da Amazônia. ❖ Setas envenenadas: Relaxantes muscular é diferente do Bloqueador neuromuscular (BNM). O relaxante muscular serve para fazer ajuda aos analgésicos e os BNM para intubação ou para manter o paciente em ventilação mecânica adequada. CLASSIFICAÇÃO • Ação periférica (BNM): ❖ Não tem ação no SNC. ❖ Sedação. • Ação central (relaxante muscular): ❖ Aliviar a dor musculoesquelética e espasmos para reduzir a espasticidade. ❖ Mecanismo: inibição simpática em vários níveis e leve efeito sedativo/ansiolítico. Pelo fato de ter ação central é que os relaxantes musculares dão sonolência, com efeito sedativo e ansiolítico. Lembrar que a dor muscular está relacionado com a ansiedade que o paciente acumulou ao longo do dia e somatizou, fazendo contração muscular. Já BNM tem ação periférica, atuam na placa mioneural. DOENÇAS • Dor por espasmo muscular – Ex. Fibromialgia, Mialgia Fascicular. • Cefaleia vascular - Cefaleia do final do dia, começa na região nucal do pescoço e vai subindo. Pode estar muito associado a ansiedade ao decorrer do dia. • Doença muscular por hipertonia – Paciente que fica com o musculo contraído o dia todo. Ex. Estresse, Coreia, Parkinsonismo, Bruxismo. • Doença Neurovegetativas – Ex. Parkinson, Alzheimer, ELA • Outras situações: Coreia, Balismo, Pralisia Cerebral, Esclarose Múltipla. ❖ Essas são algumas doenças as quais são feitas associações de relaxantes musculares com analgesia. OBJETIVOS • O objetivo do relaxante muscular é reduzir ou evitar aquilo que vai causar a dor. • Dar-se analgésico junto para tratar a dor naquele momento e evitar a reincidência ou permanência maior da dor, para não ter que ficar repetindo a medicação o tempo todo. ❖ Considerar mecanismo de doença. ❖ Ajudar no tratamento de causa base. ❖ Reduzir os espasmos. ❖ Reduzir os efeitos colaterais das medicações. ❖ Associação com outras drogas. • RELEMBRANDO: o AINE trata dor de causa inflamatória, ele é analgésico e trata a inflamação. O opioide muda a nossa percepção da dor. Já os relaxantes musculares quando associados aos analgésicos tratar a dor naquele momento e evitar que o músculo continue contraído, que faça balismo, ou algum motivo que levou a dor, e com isso reduzir espasmos e contrações musculares por exemplo. • Os relaxantes musculares também são ansiolíticos!! Eles têm ação central, reduzem ansiedade. • O professor escolheu alguns para citar, relembrou que cada um tem o relaxante muscular preferido, que responde adequadamente. 18 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre Reforçou também que a dor é multifatorial e que é preciso investigar a causa. ORFENADRINA • Dorflex: Associação: Dipirona + cafeína • Anticolinérgico e anti-histamínico: • Indicação de uso: Espasmo muscular, torcicolo, fibromialgia, cefaleia vascular. • Dorflex – 35mg • Dose letal: 2g: Arritmia, convulsão e Morte após 2h. • Obs. A cafeína nos relaxantes é para não dar a sonolência excessiva. A cafeína aumenta o fluxo sanguíneo nos órgãos, não só do local inflamado. A razão da cafeína junto ao relaxante, é que ao aumentar o fluxo sanguíneo, facilita o fluxo de sangue que está levando a droga até determinado órgão. • Outra coisa é quando estar com leve cefaleia, e ao praticar exercício físico ela alivia. É o mesmo efeito da cafeína: Aumento do fluxo sanguíneo para os órgãos. Mas também tem a questão da endorfina que a atividade física libera. Alguns dizem que a cafeína também. • Quando se tem uma inflamação, o fluxo sanguíneo naturalmente estará aumentado ali, quando se mantem essa inflamação por mais tempo, 24, 48h, há o risco de obstruir o vaso e chegar menos fluxo sanguíneo. Logo, a inflamação na fase inicial aumenta o fluxo sanguíneo, por isso de coloca gelo, depois de um tempo o que se coloca não é mais gelo, é água morna/quente, para melhorar o fluxo sanguíneo. CICLOBENZAPRINA • Miosan. • Dolamin Flex (+lisina). ❖ Contratura muscular. ❖ Aumenta absorção do cálcio. • Inibidor polissináptico. • Possui atividade antidepressiva. • Cuidado com: ❖ IAM, Glaucoma. ❖ Retenção urinária. A ciclobenzaprina é muito utilizado para distúrbio de sódio, fibromialgia ou somatização relacionado a contratura muscular. CARISOPRODOL • Tandrilax: ❖ Carisoprodol (relaxante muscular), Diclofenaco (anti-inflamatório), cafeína e paracetamol (analgésico). • Inibidor polissináptico. • Indicações: Reumatismo (além das dores articulares, também faz contratura muscular), osteoartrose, artrite reumatoide. • Indicado para dor ósteo-articular associada a muscular. • Coadjuvante no espasmo do balismo/coreia. • O carisoprodol é aquela droga pra por exemplo um paciente com hérnia de disco que faz contratura muscular perto da hérnia discal. Aí você dá o Tandrilax, pois o diclofenaco que tem nele reduz a inflamação próxima da hérnia, faz o relaxamento muscular envolta, com o carisoprodol, com a cafeína estimula mais fluxo sanguíneo, e ainda faz analgesia com o paracetamol, que ainda potencializa o diclofenaco. OUTROS RELAXANTES MUSCULARES Atuam nos receptores GABA: • Benzodiazepínicos: Muito utilizado em pacientes com crise convulsiva. Lembrar: Benzodiazepínico NÃO trata crise convulsiva, ele relaxa musculatura para reduzir atividade cerebral. O que vai tratar de fato são os anticonvulsivantes. Os benzodiazepínicos interrompem a contratura muscular. • Para as espasticidades – Baclofeno (coreia e Balismo), muito usado na UTI, especialmente nos neuropatas. Outros: • Clonidina – Pacientes ansiosos, hipertensos, com dor. SNC + SNP (ação mista): 19 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Relaxantes musculares que não produz dano estrutural: Dantrolene, magnésio . ❖ O magnésio também atua no relaxamento, é a droga de escolha para fazer relaxamento do músculo cardíaco, para impedir o prolongamento do QT, que é o que vai culminar no Torsades de points). ❖ O magnésio também pode ser usado na crise convulsiva refratária, principalmente a que atua no receptor antiMbDA. Ex. mulher jovem com crise convulsiva reentrante, que não melhora, quando faz uma USG uterino tem uma teratoma, produtor de MbDA, aí o corpo ataca o receptor do MbDA, mas também temos receptores MBDA no cérebro, por isso paciente faz crise convulsiva no paciente com teratoma. Isso é comum, mulher, jovem, fazer crise convulsiva, você pede USG de ovário e vê o teratoma. ❖ O magnésio também tem lugar na crise asmática refratária, usou corticoide, várias. quando nada deu jeito, você relaxa a musculatura brônquica com o magnésio. ❖ A crise convulsiva da eclâmpsia da gestante também, que inclui o receptor MbDA. ❖ Relaxantes musculares que produzem dano estrutural: Etanol (no Brasil não é prescrito em ambiente intra hospitalar, mas fora do Brasil sim), Fenol (álcool benzílico), toxina botulínica (também pode ser usado em alguns casos de contratura muscular, a exemplo de homens com contratura prostática). Gestante com DHEG o sulfato de magnésio faz profilático? É discutível. Se mantiver magnésio 2x o valor normal, pois tem uma associação incomum de DHEG com eclâmpsia que não é tão forte, mas está descrito na literatura comouma ocorrência extremamente grave e mortal. Então se eu consigo reduzir o risco, porque não?! O raciocínio é mais esse do que pensar como profilaxia. ESCOPOLAMINA/HIOSCINA • Buscopan Composto/ Buscopan Plus: ❖ Antiespasmódico. ❖ Dor tipo cólica. ❖ Overdose: paralisia, delírio, torpor. • Em semiologia aprendemos a perguntar aos pacientes se a dor é do tipo cólica ou contínua. Isso tem uma razão de ser perguntado. Dor do tipo cólica é uma dor de víscera oca (ex. estômago, vesícula, útero, bexiga, ureter, intestino). Cérebro e rim não dor do tipo cólica. • Se o paciente tiver pielonefrite e tiver com dor tipo cólica associada, além da pielo ele pode ter um cálculo no ureter. Agora se não tiver dor do tipo cólica, muito provavelmente a dor é não calculosa, e está só no rim. • Uma vez a dor sendo do tipo cólica, contratura visceral, faz-se associação com buscopan simples (N-Bultil brometo de escopolamina ou hioscina), que tem tanto oral quanto venoso. • No mercado temos Buscopan Composto, que é associado a dipirona, Buscopan Plus, que é associado a paracetamol e o Buscofem que é associado com naproxeno (anti-inflamatório). • Buscopan Composto: 500mg de dipirona e 20mg de escopolamina. • LEMBRAR: Pode-se utilizar até 2g de dipirona e até 40mg de Escopolamina. • A escopolamina deve ser feita lento, se for venoso, pois dá visão turva, a glândula salivar fica seca instantaneamente, dá sensação de ansiedade. Observação: anti-inflamatório pode ser indicado para cólica menstrual, mas isso depende da causa do excesso de dor na cólica menstrual, é por inflamação? Excesso de contração uterina? Inclusive, quando não se sabe, se associa Anti-inflamatório com Buscopan simples ou composto. E como descobre a causa? Dando Anti-inflamatório pra mulher e fazendo teste terapêutico. Tem mulheres que não vão melhorar, pois o problema é o excesso de contração uterina, então o remédio é Buscopan. ENXAQUECA • É um dos grandes mistérios da medicina, tem até um congresso sobre enxaqueca, mas até hoje o pessoal não conseguiu avançar muito no tema. • Cefaleia hemicraniana com aura e sem aura: Com aura: o paciente vê escotomas cintilantes, estrelinhas brilhando no canto do olho, que geralmente precede em meia hora a cefaleia. 20 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Dor forte latejante e pulsátil: parece que tem um sino na cabeça. • Escotomas cintilantes. • Audiofobia x fotofobia: Piora com barulho e luz. Por isso pessoas com enxaqueca procuram lugares escuros, com pouco barulho. Tem gente que gosta do frio, outros do calor para a enxaqueca. Existem relatos de alívio da dor ao entrar em banheira com gelo. • Vômitos e náuseas. • Dor incapacitante que piora com esforços. • Fatores desencadeantes: vinho, queijo, chocolate. Cada um tem um gatilho. • Existe diversos tipos de enxaquecas, inclusive mosacoides, em que a pessoa enxerga tudo em mosaico. Tanto que no século passado isso foi muito visto como doenças psiquiátricas. • Na enxaqueca as pessoas também veem objetos muito próximos, muito distantes, pessoas falando, ora desaparecem, similar a uma esquizofrenia, mas só fica naquele momento da enxaqueca. ‘’Alice nos pais das maravilhas’’ é sobre isso, tudo que Alice tinha nas histórias eram os sintomas enxaquecoides do autor, tanto que o livro que ele fez na sequência é ‘’A cefaleia’’, em tradução recente ‘’Enxaqueca’’. 21 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre CONSCIÊNCIA • Percepção do eu por si mesmo de tudo em volta: é a percepção que eu tenho do meio e a influência que o meio tem sobre mim. • Tem diversas subdivisões, como por exemplo, o grau de consciência, nível de consciência, orientação (Glasgow), atenção. • A atenção pode ser graduada da seguinte maneira: o médico fala algumas letras para o paciente e pede para que ele aperte a sua mão todas as vezes que forem ditas a letra A. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS ❖ Sono e sonho: existem algumas drogas que são indutoras do sono e do sonho. ❖ Hipnose (¨eu perco a capacidade de decidir sobre mim mesmo¨) e cansaço (Exemplo: um estudante cansado, ao terminar a leitura de um parágrafo, percebe que não entendeu do que se trata). Se perdurar muito, acaba sendo uma alteração não fisiológica. NÃO FISIOLÓGICAS Aqui tem as 3 principais categorias, mas existem outras, inclusive, se misturando entre elas. • Estreitamento: é o estreitamento da consciência, que acontece muito na crise convulsiva. ❖ Confusão de percepção: Exemplo: o paciente tá tendo crise convulsiva parcial. Se o médico tentar conversar com o paciente sobre a dimensão de mundo dele, alguns pacientes vão achar que o mundo só existe dentro daquele quarto. Se perguntar se ele nasceu da barriga da mãe dele, ele não vai entender a pergunta. Ou seja, o paciente percebe que você está falando com ele, pode entender que existe uma mãe, mas não tem a consciência/ligação de que esteve na barriga da mãe. Outro exemplo: se alguém for assaltar uma pessoa com confusão da percepção de mundo, a pessoa não vai entender que está acontecendo um assalto. ❖ Epilepsia: ❖ Histeria: pessoas que quando alguém fala alguma coisa, responde de forma histérica. Ou seja, existe uma confusão na percepção da consequência de um ato ou acontecimento, onde ela acaba extrapolando ou reduzindo a sua reação. • Entopercimento: ❖ Diminuição ou perda da lucidez ou vigília; não tem uma inserção do conteúdo. ❖ Febre, AVC, TCE. Exemplo: um paciente que sofreu um AVC, ele vai ficar mais rebaixado, não vai responder tudo o que for perguntado e não vai obedecer a todos os comandos dados, mas ele não vai estar vendo um animal do lado dele, não vai ver o soro se transformando em uma cobra. • Obnubilação: ❖ Diminuição ou perda da lucidez ou vigília associado ao conteúdo anormal da consciência; ❖ Delirium. Exemplo: bêbado grave dançando com o poste, acha que todo mundo é amigo dele e que ele é o cara mais forte do mundo. Neste caso, o paciente pode fazer a inserção de algum conteúdo ou modificar o conteúdo no dia a dia (famoso delirium). O delírio tremens é causado pela abstinência de álcool. SEDAÇÃO • Estado de depressão do nível de consciência (ou seja, eu altero em alguma coisa o nível de consciência, que pode ser por hipnose, atenção, orientação ou nível) induzida por drogas, em diferentes níveis de intensidade (varia de um paciente para o outro); • Como saber se a dose é específica para aquele paciente? Faz a dose padrão! Se o paciente responder mal ou responder pouco, é preciso aumentar a dose. Se respondeu demais, tem que reduzir na próxima dose. Sedação 22 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre Importante: Sedação é o tipo de droga que eu altero a posologia a cada dose. É adaptado ao paciente! • De acordo com doses administradas e respostas individuais, o resultado varia desde a consciência com leve tranquilidade até a inconsciência. INDICAÇÃO/OBJETIVO • Inadaptação à ventilação mecânica; • Agitação psicomotora grave; • Tratamento da hipertensão intracraniana; • Tranquilidade e conforto; • Regularidade de sono. Exemplo: se é pra intubar o paciente, o Glasgow tem que ser 3 (completamente inconsciente); se o paciente teve uma crise psicótica, que está em surto, mania e batendo em todo mundo, o Glasgow tem que ser >9 (porque se quer sedar, mas não intubar); paciente que tá com dificuldade pra dormir, o Glasgow tem que ser um pouco diferente de 15 (mais ou menos 13-14), apenas para induzir o sono ... o mesmo acontece em pacientes com transtorno de ansiedade; paciente com hipertensão intracraniana,se for leve, basta um Glasgow de 9-11, mas se for de moderada a grave, é preciso intubar o paciente, mantendo o em Glasgow 3. É preciso saber o tipo, grau e quantidade (dose) de sedação que o paciente precisa pra cada situação. PRINCÍPIOS DA SEDAÇÃO ADEQUADA A intubação é feita em pacientes com Glasgow <= 8, desde que não estejam em crise convulsiva (não é só isso). Todo paciente crítico e potencialmente crítico precisa de monitorização. IDENTIFICAÇÃO DE MOTIVOS REVERSÍVEIS PARA AGITAÇÃO • Hipoxemia (fase inicial da hipoxemia → agitação; fase mais tardia → sonolência; fornecimento de O2 faz com que ele acorde), hipoglicemia (HGT do paciente), hipotensão (fase inicial → agitado; fase mais tardia de médio a longo prazo → rebaixamento; uma medicação pra aumentar e pressão do paciente faz com que ele acorde), dor exagerada (fazer analgesia), abstinência de álcool ou drogas (fazer antídoto); • Imobilização, privação de sono, desconforto ventilatório, hipercapnia, uremia, distúrbios eletrolíticos (sódio e magnésio; alteração neurológica), acidose ou infecção; • Pode ser uma manifestação da disfunção orgânica neurológica associada a sepse. • Deve-se utilizar a menor dosagem possível dos medicamentos sedativos a fim de diminuir a tolerância e dependência aos mesmos. • Deve ser individualizada a fim de obter o menor grau que permita o cumprimento dos objetivos; • A dose de cada uma das drogas deve ser redefinida diariamente para minimizar os efeitos da sedação prolongada. Em relação a obesidade, a sedação depende do tipo de obesidade (1 – central, 2 - gordura visceral, 3 - gordura extra visceral, 4 – distribuída, 5 - causa hormonal) do paciente. O fentanil se fixa muito na célula com gordura (vacúolos). Então, ao falar em fentanil, considera a massa total (inclusive a massa gorda) do paciente, mas ao falar do propofol, considera a massa magra do paciente. CLASSIFICAÇÃO ANSIÓLISE Não existe sedação leve! O termo correto é ansiólise. Pra fazer ansiólise, não precisa usar um sedativo, pode ser um analgésico (exemplo: paciente que tá quebrando tudo por conta de uma dor em forma de cólica biliar, que acalma após analgesia com dipirona). A ansiólise pode ser feita também em pessoas que receberam uma notícia ruim e ficaram desesperadas. • Estado de tranquilidade e calma induzido por drogas, durante a qual, o paciente responde normalmente aos comandos verbais; • Funções cognitivas e de coordenação podem estar comprometidas: significa que o paciente não pode dirigir máquinas pesadas. • Função cardiovascular preservada: significa que a ansiólise não causa hipotensão nem hipertensão, nem bradicardia nem taquicardia. • Função ventilatória preservada: significa que não é preciso intubar o paciente, pois este não faz aumento ou redução da frequência respiratória. 23 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre SEDAÇÃO MODERADA • Depressão da consciência induzida por drogas, durante a qual o paciente desperta intencionalmente a um comando verbal e/ou um leve estímulo tátil; é aquele paciente que ao ser chamado ou tocado, acorda e fica mais de 10s acordado, voltando a dormir depois de 20-30s. • Via aérea permeável e VE está adequada: significa que não é preciso intubar o paciente. • Função cardiovascular preservada: não faz hipotensão, hipertensão, bradicardia ou taquicardia. • Reflexos de retiradas aos estímulos dolorosos não são válidos como resposta esperada: neste caso, o Glasgow não entra como avaliação. SEDAÇÃO PROFUNDA • Depressão da consciência induzida por droga, durante a qual o paciente não acorda facilmente, porém responde aos estímulos dolorosos (vigorosos) repetidos: o paciente acorda, fica com o olho aberto por menos de 10s, e volta a dormir de novo. • Função ventilatória espontânea pode estar comprometida; Em alguns casos, o anestesista, no lugar de intubar o paciente, coloca uma máscara laríngea. Quando se utiliza tal máscara, cânula de guedel ou endoscopia, o objetivo é sedação profunda. Quando se faz a broncoscopia, o objetivo é sedação moderada a profunda. O paciente em crise psicótica, em uso de haldol, amplictil e fenergan, o objetivo é sedação profunda. • Função cardiovascular está frequentemente preservada: é preciso monitorizar. Dependendo do paciente, pode fazer uma hipotensão transitória, hipertensão, bradicardia, taquicardia. • Os reflexos de retirada aos estímulos dolorosos não são válidos como resposta esperada. ANESTESIA GERAL • É o mais alto grau. • Depressão do nível de consciência durante o qual o paciente não é despertado, mesmo por estímulos dolorosos; neste caso, o paciente está completamente sedado. • Ventilação comprometida: o paciente necessita de ventilação mecânica. Ao intubar o paciente, é necessário que ele esteja em anestesia geral. • Necessário ventilação com pressão positiva devido à depressão da ventilação espontânea por drogas e/ou relaxantes musculares; • Função cardiovascular pode estar comprometida: por conta da quantidade de droga, o paciente pode fazer hipotensão, hipertensão, bradicardia, taquicardia. ESCALAS ESCALA DE AGITAÇÃO-SEDAÇÃO DE RICHMOND (RASS) Na escala de RASS, o paciente alerta e calmo, representa o RASS 0. Sonolento → RASS – 1; Paciente agitado, agressivo → RASS +4 (necessita de droga intramuscular pra sedação). Importante: fazer a leitura da escala RASS (é o queridinho dos emergencistas e intensivistas). ESCALA DE RAMSAY 24 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre Importante: fazer a leitura da escala de Ramsay (queridinha dos anestesistas). • O RASS 0 equivale ao RAMSAY 2. • É pra saber que existe, mas não é pra decorar. GLASGOW • É utilizado em casos de trauma. • Avalia resposta verbal, resposta motora e abertura ocular. • Cada doença tem sua escala específica. OPÇÕES TERAPÊUTICAS ANSIÓLISE MEIOS FARMACOLÓGICOS • Dipirona; • Paracetamol; • Anti-inflamatórios: cetoprofeno, meloxicam... • Tramadol; • Metadona; • Morfina; • Meperidina/Petidina. Não precisa usar um Midazolam (dormonid) pra fazer a ansiólise do paciente, mas pode fazer. Exemplo: o paciente vai fazer uma cirurgia amanhã e toma um dormonid hoje. Isso porque um paciente que vai ser submetido a uma cirurgia precisa estar preparado pra isso, o que significa que ele precisa estar tranquilo. Paciente ansioso tem aumento de demanda metabólica, demanda de oxigênio no miocárdio, aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Na cirurgia, vai sofrer um estresse metabólico. Quando o paciente morre logo após a cirurgia, um dos motivos pode ser a falta de preparo no pré-operatório, tendo um REMIT e uma resposta inflamatória muito pior. Nestes casos, o risco de eventos trombólicos no intraoperatório e no pós operatório imediato é muito maior. OPÇÕES TERAPÊUTICAS DA SEDAÇÃO PROPRIAMENTE DITA MIDAZOLAM (DORMONID) • Benzodiazepínico: atua no receptor gaba. • Ansiólise, relaxamento muscular impressionante (excelente para pacientes com crise convulsiva ou que não respondem aos relaxantes mais simples); • Amnésico (o paciente esquece o que aconteceu mais ou menos antes dos 30 minutos do midazolam), hipnótico; • Início de ação: 1 min; • Pico de ação: 4 min; • Duração: 1 a 4 horas. Faz parte junto com a Ketamina para o ¨Boa noite cinderela¨. É perigoso! Exemplo: intubação de emergência do paciente com dormonid e fentanil (não deve tá sabendo muito bem o que tá fazendo). Não dá pra intubar o paciente logo após ter feito o dormonid, pois o seu pico de ação é em 4 MINUTOS. O paciente que se pode esperar pra intubar é o da cirurgia eletiva. O midazolam é bom para manter o paciente sedado. • Uso: sedação prologada; • Metabolismo hepático; • Droga recreativa (Portugal);• Posologia: ❖ IOT → Bolus: 1 a 15mg (diluído); ❖ Manutenção → solução padrão. É importante lembrar de usar mg (posologia adequada) e não ml. No caso do midazolam tem duas ampolas (uma de 15 mg e outra de 50 mg). A hipotensão que o midazolam causa leva a uma parada cardíaca irreversível. OBEDEÇA O TEMPO DE AÇÃO DA DROGA! EFEITOS ADVERSOS • Hipotensão: em paciente com choque que necessita de intubação, o midazolam não é uma boa droga, porque vai piorar o quadro. 25 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Depressão respiratória (não usar em pacientes com insuficiência respiratória grave, dessaturando), sobretudo associada à opioides; • Metabolismo prejudicado em insuficiência hepática ou renal; • Abstinência. Se o paciente está com abstinência a alguma droga, como por exemplo, um benzodiazepínico, e necessita de intubação por qualquer outro motivo, o midazolam é uma boa droga. Em casos de crise convulsiva, utiliza-se o propofol (efeito curto), porém, se após o uso do propofol, a crise não ceder, pode utilizar o dormonid (midazolam). FENTANIL • Opióide narcótico: 100X mais potente que a morfina; • Início de ação: <1 minuto; • Pico de ação: 4 minutos. Pra intubar o paciente, é preciso dar o analgésico mais potente que existe, que é o fentanil e os seus derivados. A primeira droga da sedação é o fentanil, tanto que a primeira classe é a analgesia. Analgesia → Sedação → Bloqueador neuromuscular. • Duração da ação: 30 a 60 minutos; • Eliminação hepática; Remifentanil, sufentanil ... • Uso: Dor crônica, dor aguda, associado a outro fármaco. • Posologia: ❖ IOT → bolus: 25 a 100mcg (2ml); ❖ Manutenção → solução padrão. EFEITOS ADVERSOS • Miose, bradicardia vagal, hipotensão, rigidez muscular, tolerância, depressão respiratória, náuseas, vômitos, íleo, espasmo vias biliares, retenção urinária. • Efeito prologando na insuficiência hepática; • Rigidez torácica. PROPOFOL • Anestésico de ultracurta duração; • Hipnótico: excelente pra fazer endoscopia. • Poder amnésico fraco; • Analgesia fraca: na bula. No ponto de vista clínico, não existe a questão de ser analgésico. Se for usar o propofol, tem que usar o fentanil ou outro analgésico concomitante. • Hipercalórico: A parte branquinha do propofol que parece um leite não é propofol. Em 100 ml de propofol, só tem 1 ml que é propofol. A parte branquinha é gordura (triglicerídeos de cadeia longa). Num frasco de 100 ml tem em torno de 700 kcalorias (entra na conta da dieta do paciente). Alguns pacientes que usam por muito tempo fazem esteatohepatite por excesso de gordura no sangue. • Ação anticonvulsivante: utilizado em casos de pacientes em crise convulsiva que necessitam de intubação imediata. • Preferência nas crises convulsivas reentrantes. • Início < 40s; • Pico de ação: 1 minuto. • Duração: 10 minutos. • Posologia: ❖ IOT → bolus: 1% ou 2%: 1 a 3mg/kg (2-10ml); ❖ Manutenção → solução pronta. EFEITOS COLATERAIS • Instabilidade cardiocirculatória: Efeito vasodilatador e depressor do miocárdio; • Depressão respiratória: não usar em paciente com insuficiência respiratória, dessaturando. • Urina verde; • Dor no local da injeção; • Veículo lipídico: monitorização do perfil lipídico; • Síndrome da Infusão Rápida do Propofol: muito comum em crianças. O paciente faz acidose metabólica, aleteo nasal, diaforese. • Hipotensão. Paciente que chega hipotenso na emergência ou com depressão respiratória → não usar nem propofol nem midazolam, pois não são bons nestes casos. ETOMIDATO • Anestésico hipnótico de curta duração; • Amnésico fraco; 26 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre • Segura do ponto de vista cardiovascular: não faz hipotensão, hipertensão, bradicardia e taquicardia. • Não induz depressão respiratória; • Redução de fraturas: colocar a articulação no lugar. • Cardioversão: taquiarritmia, TV → Etomidato. • IOT; • Diminui a PIC. • Não analgésico; • Início de ação: 30s; • Pico de ação: 1 minuto; • Duração: 5 minutos; • Metabolismo hepático. • Posologia: ❖ IOT → bolus: 0,3-0,4 mg/kg lento (20 mg); ❖ Manutenção não existe: uso prolongado → insuficiência suprarrenal. Sepse causa disfunção de todos os órgãos (hormonal, renal, muscular, adrenal). A insuficiência adrenal é caracterizada por uma hipotensão refratária a droga vasoativa, ou seja, é aquele paciente que chega na emergência e não melhora da hipotensão mesmo após 4l de volume, noradrenalina, adrenalina, vasopressina, dopamina. Ao fazer o corticoide, o paciente melhora. EFEITOS COLATERAIS • Injeção dolorosa; • Mioclonia; • Supressão adrenal importante (uso crônico) → insuficiência adrenal ou suprarrenal. Por conta disso, só faz uma dose, e não faz a solução padrão (manutenção). ❖ Contraindicado no choque séptico??????? Não é uma contraindicação absoluta. Tem droga melhor, mas não é proibido fazer o Etomidato. KETAMINA • Anestésico hipnótico: é um hipnótico tão potente quando o Dormonid. • Analgésico: comparado a dipirona. • Broncodilatador: usado em paciente com insuficiência respiratória, principalmente de causa asmática ou DPOC, broncoespasmo. • Não induz depressão respiratória: é o melhor sedativo para paciente com depressão respiratória. • Hipertensor/aumenta a DC; • Aumenta a pressão cerebral; • EV, IM, via retal e VO. • Posologia: ❖ IOT → 50 a 150mg; ❖ Manutenção → solução padrão. EFEITOS ADVERSOS Além de ser um sedativo, é uma droga dissociativa, ou seja, ela inibe o sistema límbico e o lobo frontal (comportamento). Se der uma dose muito alta, o paciente vai dormir, mas o cérebro vai estar a mil (Exemplo: paciente sedado sonha que está conversando com um elefante). Pra inibir essa hiperatividade cerebral se usa o dormonid. Em doses menores, a capacidade do paciente de inventar coisas é inibida. • Cuidado com PA e PIC (?); • Ansiedade; • Psicose esquizofrênica aguda; • Delírio; • Boa noite cinderela; • Intoxicação (sem antídoto/Clonidina). Soro da verdade: Tiopental associado a ketamina. RESUMO • Paciente que chega com choque (hipotensão): o Dormonid e o Propofol não são bons, mas o Etomidato (não aumenta a pressão) e a ketamina (aumenta a pressão) são. • Paciente com hipertensão: O Dormonid é bom (se o objetivo for baixar a pressão), o Propofol é bom (ganha tempo) e o Etomidato é bom (se o objetivo não for baixar a pressão naquela hora). Ketamina não é bom! • Paciente com insuficiência respiratória, asma, DPOC, broncoespamo: O Dormonid e o Propofol não são bons. Etomidato é bom, mas tem droga melhor, que é a ketamina (além de não causar depressão respiratória, eu ganho tempo). 27 Beatriz Machado de Almeida Emergências clínicas – 8º semestre TIOPENTAL Todos os sedativos pontuados acima são como um notebook que coloca para hibernar, e quando quiser ligá-lo é só levantar a tela do computador. Já o tiopental, é como se estivesse desligado o notebook e tirado da tomada. Ou seja, sua ação é tão forte que simula uma morte encefálica. Se for feito um eletroencefalograma, não mostra atividade cerebral nenhuma. É usado em casos de crise convulsiva reentrante em que Diazepan, propofol, dormonid e ketamina não resolvem. Portanto, o tiopental é o fim de linha! É extremamente neurotóxico e cardiotóxico. Mesmo quando é bem indicado, não é uma droga segura. Muito pouco usado. • Barbitúrico; • Depressor do SNC; • Hipnose; • Reduz pressão intracraniana; • Não analgésico; • Início de ação < 30 segundos; • Duração: 5-8 minutos; • Metabolismo hepático. • Posologia: ❖ IOT – Bolus: 3 a 4 mg/kg; ❖ Manutenção: solução padrão; EFEITOS ADVERSOS • Estreita margem terapêutica; • Depressor cardíaco importante; • Depressor
Compartilhar