Buscar

Contratos 04. Classificação

Prévia do material em texto

Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
É importante distinguir as diversas categorias de contratos suscetíveis de 
subordinação e regras peculiares e de indubitável interesse prático. 
 
1. Contratos considerados em si mesmo 
 
1.1. Quanto a natureza da obrigação: 
 
 Efeitos 
 Obrigações 
1.1.1. Unilaterais, bilaterais e plurilaterais: A cargo 
 Posição-devedor 
 
a)Unilaterais: São aqueles que criam obrigações para uma das partes. Ex: Doação 
pura. 
Orlando Gomes: É unilateral se, no momento em que se forma, originar obrigação, 
tão somente para uma das partes. Ex uno latere. 
Obs: Mesmo com duas partes poderá ser unilateral, quando gera obrigações somente 
para uma parte. 
b)Bilaterais: São os que geram obrigações para ambos os contratantes. Ex: Compra 
e venda (art. 481, CC). 
Obs: Sinalagmáticos ou de prestações correlatas 
Contrato bilateral imperfeito: Nasce como unilateral e durante a sua execução, 
converte-se em bilateral. 
Ex: Comodato – Nasce como unilateral Somente obrigação do comodante o 
Indenizar certas despesas pelo comodatário 
O contrato bilateral imperfeito subordina-se aos regimes dos contratos unilaterais, 
porque as contraprestações não nascem com a avença, mas de fato posterior a sua 
formação, não sendo consequência necessária de sua celebração. 
Karl Larenz afirma que tem que haver equivalência, compensação da própria 
prestação. 
Não é necessário, todavia, que todas as prestações sejam estabelecidas com esse 
nexo de reciprocidade e equivalência, bastando que o sejam as obrigações principais. 
A EXCEPCIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS: 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
Somente no contrato bilateral é aplicado a excepcio non adimpleti contractus – Art. 
476,CC. 
 Art. 477,CC. 
A Exceção: Solve et repete. 
c) Plurilaterais ou plúrimos: Contém mais de duas partes, mais de dois pólos 
(compra e venda – em qualquer hipótese dois pólos – o ativo e o passivo). 
Ex: Contrato de Sociedade em relação a cotas de cada sócio. 
 Consórcio. 
Características: Rotatividade de seus membros. 
É um ato coletivo que se assemelha mais a tipo de negócio do que uma figura 
contratual. 
1.1.2.Onerosos e gratuitos ou benéficos Vantagens 
 Benfícios 
 
a) Onerosos: Ambos os contratantes auferem proveito, ao qual, porém, corresponde a 
um sacrifício. Ex: Compra e venda, locação, empreitada. 
b) Gratuitos ou benéficos: São aqueles que apenas uma das partes aufere benefício 
ou vantagem. Ex: Doação pura, Comodato. 
Obs: Contratos desinteressados: Subespécie dos contratos gratuitos, entretanto, 
não acarretam diminuição patrimonial, entretanto, beneficiam outra parte. 
Possibilidade de contrato unilateral e oneroso: Mútuo feneratício ou oneroso 
(convencionado o pagamento de juros). 
Unilateral: Devido sua natureza real após feita a entrega começa a gerar efeitos 
surgindo a obrigação somente ao mutuário. 
Possibilidade de contrato bilateral e gratuito: Mandato – Embora seja bilateral 
imperfeito A obrigação para o mandante nasce somente a posteriori. 
1.1.3. Comutativos e aleatórios: Por natureza 
 Acidentalmente 
 
 
 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
1.1.3.1 Comutativos: São os contratos de prestação certas e determinadas. As partes 
podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, 
decorrente de sua celebração porque não envolve nenhum risco. 
É oneroso e bilateral. 
1.1.3.2 Aleatórios (por natureza e acidentalmente): É bilateral e oneroso, em que, 
pelo menos uma das partes não pode antever a vantagem que receberá ou sacrifício 
que terá que dispor, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se pela incerteza 
para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que poderá advir. 
Nos comutativos existe a equivalência das prestações. 
Todavia, pode não haver equivalência objetiva, mas subjetiva, existente apenas no 
espírito dos contratantes, e não necessariamente na realidade, visto que cada qual é 
Juiz nas suas conveniências e interesses. 
Silvio Rodrigues: São os contratos em que o montante da prestação de uma ou de 
ambas as partes não pode ser desde logo previsto, por depender de um risco futuro, 
capaz de provocar sua variação. 
O objeto do negócio do negócio está ligado à idéia de RISCO, podendo resultar um 
lucro ou perda para qualquer das partes. 
O vocábulo aleatório é originário do latim alea que significa sorte, risco, azar, 
dependente do acaso ou do destino, como na célebre frase de Júlio César: alea jacta 
est. 
 Ex: de jogo, de aposta e seguro. 
Caio Mário: (...) basta que haja o risco para um dos contratantes. 
Obs: Não se confundem com os contratos condicionais, pois nestes a eficácia de um 
contrato depende de um evento futuro e incerto, nos aleatórios o contrato é perfeito 
desde logo, surgindo um risco de a prestação de uma das partes ser maior ou menor, 
ou mesmo não ser nenhuma. 
Obs: A LESÃO (art. 157,CC) só ocorre nos contratos comutativos. 
1.1.3.2.1 Aleatórios por natureza: Nascem aleatórios. 
1.1.3.2.2 Acidentalmente aleatórios: Art. 458/461. Ocorre quando os contratos 
tipicamente comutativos tornam-se aleatórios, como é o caso do contrato de compra e 
venda. 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
1.1.3.2.2.1 Venda de coisas futuras: A própria existência da coisa ou a sua 
quantidade; 
a) Risco concernente à própria existência da coisa: “emptio spei(venda da 
esperança)” – (Art. 458, CC). 
Ex: Quando alguém vende a colheita futura, declarando que “a venda ficará perfeita e 
acabada haja ou não safra, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço 
pago, se em razão da geada ou outro imprevisto, a safra inexistir”. 
Se o risco se verificar sem dolo ou culpa do vendedor, adquire este o preço; se não 
houver, porém, colheita por culpa ou dolo do alienante, não haverá risco, e o contrato 
é nulo. 
Ex: Pessoa que propõe pagar determinada importância ao pescador pelo que ele 
apanhar na rede que está na iminência de lançar ao mar. Mesmo que, ao puxá-la, 
verifique-se não ter apanhado nenhum peixe, terá o pescador direito ao preço integral, 
se agiu com habitua diligência. 
Silvio Rodrigues: Desproporção das prestações. Podendo ser verificada em sentido 
contrário. 
b) Risco respeitante à quantidade da coisa esperada: “emptio rei speratae 
(venda da coisa esperada)” (Art. 459, CC) 
Se o risco da aquisição da safra futura limitar-se à sua quantidade, pois deve ela 
existir, o contrato fica nulo se nada puder ser colhido. Porém, se existir uma pequena 
quantidade por menor que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o vendedor 
direito a todo o preço ajustado. 
1.1.3.2.2.2 Venda de coisas existentes, mas expostas a riscos. (Art. 460 e 461, 
CC) 
Ex: A venda de mercadorias que está sendo transportada em alto-mar por pequeno 
navio, cujo risco de naufrágio o adquirente assumiu. É válida mesmo que a 
embarcação tenha sucumbido na data do contrato. 
Se tiver ciência que o alienante, do naufrágio, a alienação poderá ser anulada. 
É imprescindível a boa-fé. 
1.1.4 Paritários ou por adesão. Contrato tipo 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
1.1.4.1 Paritários: São os do tipo tradicional, onde as partes discutem suas livremente 
as condições, porque se encontram em situação de igualdade. 
1.1.4.2. Adesão: São os que não permitema liberdade disciplina nos paritários, 
devido à preponderância de vontade de um dos contratantes, que elabora todas as 
cláusulas. O outro adere as cláusulas do contrato confeccionado, não podendo 
modificá-las, afastada qualquer alternativa de discussão. 
A falta de negociações e de discussão implica uma situação de disparidade econômica 
e de inferioridade psíquica para o contratante teoricamente mais fraco. 
Casos de estado de oferta permanente: Grandes empresas concessionárias ou 
permissionárias de serviços públicos ou titulares de monopólio de direito ou de fato. : 
O indivíduo que necessita contratar com uma grande empresa de serviço público 
depara com um contrato padrão, previamente elaborado, limitando-se a dar a sua 
visão ao paradigma contratual estabelecido. Ou se submeter a ele, sem chance de 
discutir o preço e outras condições propostas, contratando, ou se priva, de um 
serviços, muitas vezes indispensável. 
Art. 51 e 54 do CDC. 
Art. 423,CC. 
Hipossuficiência econômica do aceitante. Art. 423 e 424, CC. Cláusulas ambíguas e 
contraditórias e proibir a renúncia antecipada. 
1.1.4.3 Contrato tipo, de massa, em série ou por formulários: Difere do contrato de 
adesão, eis que não é essencial a desigualdade econômica dos contratantes, bem 
como admite discussão sobre o seu conteúdo. As cláusulas não são impostas, mas 
pré-redigidas, que são preenchidas pelo concurso de vontade. EX: Contratos 
bancários. Destinam-se a grupos identificáveis. 
Caio Mário: Não são cláusulas imposta, mas pré-redigidas, as quais a outra parte não 
se delimita a aderir, mas que efetivamente aceita, conhecendo-as, as quais, por isso 
mesmo, são suscetíveis de alteração ou cancelamento, por via de cláusula 
substitutiva, que venham manuscritas, datilografadas ou carimbadas. 
1.1.5 Evolutivos: 
Arnoldo Wald: Figuras contratuais próprias do Direito Administrativos, em que é 
estabelecida a equação financeira do contrato, impondo-se a compensação de 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
eventuais alterações sofridas no curso do contrato, pelo que o mesmo viria com as 
cláusulas estáticas, propriamente contratuais, e outras dinâmicas, impostas por lei. 
1.1.6 Quanto à disciplina jurídica: 
a) Civis 
b) Comerciais 
c) Consumerista 
d) Trabalhista 
e) Administrativos 
1.2. Quanto à forma: 
1.2.1 Solenes e Não solenes 
1.2.1.1 Solenes ou formais: São os contratos que devem estabelecer a forma 
prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como forma de 
validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem, isto é, constitui 
a substância do ato. 
1.2.1.2 Não solenes ou não formais: São os de forma livre. Basta o consentimento 
para sua formação, como a lei não reclama nenhuma formalidade para seu 
aperfeiçoamento. 
Obs: Quando a formalidade é exigida não como condição de validade, mas apenas 
para facilitar a prova do negócio, diz que ela é ad probationem tantum. 
1.2.2.Consensuais e Reais: 
1.2.2.1 Consensuais: São aqueles que se formam unicamente pelo acordo de 
vontades (solo consenso)., independentemente da entrega da coisa e da observância 
de determinada forma, também considerados não solenes. Ex: Art. 482, CC. 
1.2.2.2 Reais: São os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a 
entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto. A entrega do objeto é requisito para 
formação do ato. Ex: Penhor, arras. 
1.3. Quanto à designação 
1.3.1 Nominados e Inominados: 
1.3.1.1 Nominados: São aqueles que têm designação própria (nomen iures) e servem 
de base à fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação específica de 
lei. (Antunes Varela). 
CC: Em 20 capítulos regulamenta: 23 contratos: 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
Compra e venda; troca; contrato estimatório; doação; locação de coisas; empréstimo; 
prestação de serviço; empreitada; sociedade; depósito; mandato; comissão; agência; 
distribuição; corretagem; transporte; constituição de renda; seguro; jogo; aposta; 
fiança; transação e compromisso. 
 
Devido a inesgotável imaginação humana, juntamente a diversificação dos negócios e 
as crescentes necessidades decorrentes da vida moderna, não há como prever todos 
os tipos de contratos, surgimento assim, os contratos inominados. 
Obs: Permite-se que contenha poucas cláusulas, pois já estão determinados na lei 
(típicos). 
1.3.1.2. Inominados: Os que não tem denominação própria. É aquele que não tem 
nome no ordenamento jurídico. 
Art. 422,CC. 
1.3.2. Quanto à disciplina legal específica 
1.3.2.1. Típicos e Atípicos 
1.3.2.1.1.Contratos Típicos: São os regulados pela lei, os que têm o perfil nela 
traçado. 
1.3.2.1.2 Contrato Atípicos: São os que resultam de um acordo de vontades, não 
tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e regulados na lei. 
Arts. 421,422 e 425, CC. 
1.3.2.2 Mistos, Coligados e União dos Contratos. 
1.3.2.2.1 Misto: Resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas 
pela vontade dos contratantes. Não é típico e nem totalmente atípico, nova espécie 
chamada de contrato único ou unitário. 
1.3.2.2.2 Coligados: Não se confunde com o misto, pois constitui uma pluralidade, em 
que vários contratos celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Embora 
distintos estão ligados para uma cláusula acessória implícita ou explícita. 
1.3.2.2.1 União dos contratos: Quando o elo entre os contratos consiste somente no 
fato de constarem no mesmo instrumento. São contratos distintos e autônomos, 
apenas são realizados no mesmo documento ou ao mesmo tempo. O vínculo e 
meramente externo (compra da moradia e reparação de um outro prédio). 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
1.4. Quanto à pessoa do contratante: 
1.4.1.Personalíssimos e Impessoais 
1.4.1.1 Personalíssimos ou intuito personae: Celebrado levando em conta às 
qualidades pessoais de um dos contratantes, não podendo o obrigado fazer substitui-
se por outrem, pois as habilidades de um dos contratantes foram determinantes para o 
consentimento do outro contratante. Geralmente é uma obrigação de fazer. São 
intransmissíveis aos sucessores. Também não podem ser objeto de cessão. Havendo 
erro essencial sobre a pessoa do outro contratante são anuláveis. 
1.4.1.2. Impessoais: São aqueles em que a prestação pode ser cumprida pelo 
obrigado ou por terceiro. O importante é que se realizada, pouco importando que a 
executa, pois seu objeto não requer qualidades especiais do devedor. 
1.4.2 Individuais e coletivos: 
1.4.2.1 Individuais: As vontades são individualmente consideradas, ainda que 
envolva várias pessoas. 
Caio Mário: Contrato individual é o que se forma pelo consentimento de pessoas, 
cujas vontades são individualmente consideradas. Pode uma pessoa contratar com 
várias outras ou um grupo de pessoas com um grupo de pessoas. 
1.4.2.2 Coletivos: É o acordo de vontades de duas pessoas jurídicas de direito 
privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados de 
convenções coletivas. 
Caio Mário: o contrato individual cria direitos e obrigações para as pessoas que dele 
participam; ao passo que o contrato coletivo, uma vez homologado regularmente, gera 
deliberações normativas, que poderão estender-se a todas as pessoas pertencentes a 
uma determinada categoria profissional, independente do fato de terem ou não 
participado da assembleia que votou a aprovação de suas cláusulas, ou suas 
cláusulas, ou até de se haverem, naquele conclave, oposto à sua aprovação. 
Pode haver, também, no âmbito do direito empresarial, celebrados por pessoas 
jurídicas representativas de determinadas industrias ou sociedades empresárias, 
destinado a inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a desenvolver a 
cooperação mútua,etc. 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
O AUTOCONTRATO: É o contrato em que um dos sujeitos é representado por outro 
com poderes para celebrar e que, em vez de pactuá-lo estipula-o consigo próprio. 
Art. 117, CC. 
1.5. Quanto ao tempo de sua execução 
1.5.1. Execução instantânea, diferida e de trato sucessivo 
1.5.1.1 Execução instantânea, imediata ou execução única: Os que consumam em 
um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração, prestação única. 
Extinção cabal da obrigação. Os que consumam em um só ato, sendo cumpridos 
imediatamente após a sua celebração, prestação única. Extinção cabal da obrigação. 
1.5.1.2. Execução Diferida ou retardada: São os que devem ser cumpridos em um 
só ato, mas em momento futuro. 
1.5.1.3 Execução continuada ou de Trato sucessivo: São cumpridos por meio de 
atos reiterados. São as que se renovam em prestações singulares e sucessivas, em 
períodos consecutivos, como sucede na compra e venda a prazo. 
Fracionada: São as que se prolongam no tempo, sem solução e continuidade, 
espécie de execução continuada. O objeto do pagamento é fracionado. Ex: 
Fornecedor de energia elétrica. 
Obs1: A teoria da imprevisão não se aplica aos contratos de execução instantânea. 
Obs2: O princípio da simultaneidade das prestações aos de execução instantânea. 
Obs3: Nos contratos de execução instantânea a nulidade ou resolução por 
inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior, enquanto que nos de 
execução continuada são respeitados os efeitos produzidos. 
Obs4: A prescrição da ação para exigir cumprimento das prestações vencidas, nos 
contratos de trato sucessivo, começa a fluir da data do vencimento de cada prestação. 
1.6. Pelo motivo determinante do negócio 
1.6.1 Causais e Abstratos: 
1.6.1.1 Causais: Estão vinculados à causa que os determinou, podendo ser 
declarados inválidos, se a mesma for considerada inexistente, ilícita ou imoral. 
Abstratos: São aqueles cuja força decorrente da sua própria forma, independente da 
causa que os estipulou. Ex: Títulos de crédito. 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
1.7.Pela função econômica: 
Troca: Caracterizado pela permuta de utilidades econômicas. 
Associativos: Caracterizado pela coincidência de fins, como é o caso da sociedade e 
parceria. 
Prevenção de risco: caracterizado pela assunção de riscos por parte de um dos 
contratantes, resguardando a possibilidade de dano futuro e eventual, como nos 
contratos de seguro, capitalização e constituição de renda. 
Crédito: Caracterizado pela obtenção de um bem para ser restituído posteriormente, 
calçada na confiança dos contratantes e no interesse de obtenção de uma utilidade 
econômica em tal transferência. Ex: multo feneratício (juros). 
Atividade: Caracterizado pela prestação de uma conduta de fato, mediante a qual se 
conseguirá uma utilidade econômica. Ex: Contrato de emprego; de prestação de 
serviços, empreitad; mandato; agência e corretagem. 
2. Contratos reciprocamente considerados 
2.1. Quanto à relação de dependência 
2.1.1 Principais, acessórios e derivados: 
2.1.1.1 Principais: São os que têm existência própria, autônoma, e não dependem de 
qualquer outro para existir. Ex: compra e venda. 
2.1.1.2 Acessórios: Dependem da existência de outros. Tem sua existência 
subordinada à do contrato principal. A função predominante nos contratos acessórios 
é o cumprimento das obrigações contraídas no contrato principal. Ex: cláusula penal, a 
fiança, penhor, hipoteca, fiança. 
A prescrição da pretensão concernente à obrigação principal acarretará a da relativa 
às acessórias, embora a recíproca não seja verdadeira, desse modo a prescrição dos 
direitos acessórios não atinge a do principal. 
Obs: Poderão as partes convencionar a extinção do contrato principal em virtude do 
desaparecimento do acessório. Ex: interdição do fiador, falência, etc. 
Orlando Gomes: Os acessórios podem ser preparatórios (Ex: Mandato) ou 
integrativos (aceitação de terceiro em estipulação em seu favor) e complementares 
(adesão a um contrato aberto). 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
2.1.1.3 Derivados ou Subcontratos: São os que tem por objeto direitos estabelecidos 
em outro contrato, denominado básico ou principal. Ex: Sublocação; Subempreitada e 
a subconcessão. 
Igualmente aos acessórios, dependem ou derivam de outros. Difere, porém, pois, 
mesmo transferindo a terceiros, não se desvincular, a utilidade correspondente à sua 
posição contratual. Continuará vinculado. 
Surge uma nova relação contratual que difere da primeira, havendo um sujeito que é 
titular de ambos os contratos. 
Obs1: O novo contrato dá lugar a um novo direito, do mesmo conteúdo e com 
limitações no contrato antigo (contrato-base), sua extensão não pode ser 
ultrapassada. Ninguém pode transferir mais do que o direito que tem (nemo plus iures 
ad alium transferre potest quod non habet). Se o contrato principal se extinguem, a 
mesma sorte terá o derivado, por impossibilidade material de sua de sua continuação. 
(Sílvio Venosa). 
Não é permita no contrato de execução instantânea e nos personalíssimos. 
2.2 Quanto à definitividade: 
2.2.1. Preliminares e Definitivos 
2.2.1.1 Definitivo: Tem por objetos diversos, de acordo com a natureza da avença. 
CONTRATO PRELIMINAR - CONTRATO-PROMESSA - PACTUM DE 
CONTRAHENDO: 
2.2.1.2 Preliminar, pré-contrato ou pactum de contrahendo: É um contrato 
provisório, preparatório, no qual, prometem completar o ajuste, celebrando o definitivo. 
Objeto a efetivação de um contrato definitivo. 
Obs: Quando tem por objeto a compre e venda de um imóvel, é denominado 
promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda, se irretratável e 
irrevogável. 
1. Definição: É aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. 
Nem sempre o contrato ocorre de forma instantânea, mediante uma proposta e pronta 
aceitação. Algumas vezes resulta de uma prolongada e exaustiva fase de 
conversações ou negociações preliminares. 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
Outras vezes, mesmo tendo alcançado o consenso, não se mostra conveniente aos 
contratantes contratar de forma definitiva, seja porque o pagamento será feito de modo 
parcelado e em elevado número de prestações, seja pela necessidade de aguardar a 
liberação de um financiamento, seja por outro motivo particular, ou mesmo de mera 
conveniência. 
Neste caso, pode os interessados celebrar um contrato provisório preparatório, no qual 
prometem complementar o ajuste, celebrando o definitivo, esta avença é o contrato 
preliminar. 
Importante: Art. 462, CC: Não exige que o contrato preliminar seja pactuado com os 
mesmos requisitos formais exigidos para o contrato definitivo a ser celebrado. 
O exemplo mais comum de um contrato preliminar é a promessa de compra e venda. 
Entende, Orlando Gomes, que se deve usar o termo “COMPROMISSO de compra e 
venda e PROMESSA IRREVOGÁVEL de venda” para os negócios irrevogáveis e 
irretratáveis, com a finalidade de evitar a confusão reinante na doutrina, com 
repercussão na jusrisprudência, reservando a expressão contrato preliminar para que 
os que admitem arrependimento. Art. 463, CC. 
2. Disciplina no Código Civil: Arts. 462 a 466, CC. 
Tem que ter todos os requisitos do contrato definitivo, salvo quanto à FORMA, e seja 
levado ao registro competente. 
Não tem forma prescrita em lei, mesmo que o principal tenha forma solene, não há 
necessidade do preliminar também seguir a mesma sorte. 
Em caso de não conter cláusula de arrependimento, poderá valer-se execução 
especifica (forçada) Art. 464,CC. Suprindo a vontade do inadimplente. Convalida 
Confere caráter definitivo ao contrato preliminar 
Emborao parágrafo único use o termo “Deverá”, não é requisito para aquisição do 
direito real. 
Caio Mário e Silvio Venosa: Pode ser executado mesmo sem o registro. 
Súmula 239. STJ. O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro 
do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. 
Art. 464, CC. Execução específica da obrigação de fazer contida no contrato 
preliminar. 
 
 
 
Professor Nizomar Bastos Tourinho Jr. 
Art. 465, CC. Somente quando não houver interesse do credor, ou a isso se opuser a 
natureza da obrigação, é que valerá o contratante pontual das perdas e danos. Será 
considerado desfeito. 
Obs. Se opuser a natureza da obrigação. 
OPÇÃO: Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes. 
É negócio jurídico bilateral, embora nos efeitos seja contrato unilateral. Ex: Opção de 
venda; opção de compra. 
Todavia, não obriga a outra parte a aceitar. 
Gagliano, Pablo Stolze. Filho, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil, Vol. IV, 
tomo 1: teoria geral. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. III. Contratos e atos unilaterais. 
7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

Continue navegando