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176 SEÇÃO 11 Anatomia Funcional A articulação CMC do primeiro raio, ou polegar, é uma articulação em sela que consiste na articulação situada entre o trapézio e o primeiro metacarpal. Essa articulação permite ao polegar sua maior amplitude de movimento, permitindo 50 a 80° de flexão e extensão, 40 a 80° de abdução e adu- ção e 10 a 15° de rotação (74). O polegar se situa em um ângulo de 60 a 80° com o arco da mão, tendo grande amplitude de movimentos funcionais (34). O polegar pode tocar cada um dos demais dedos no movimento de oposição, sendo muito importante em todas as tarefas de aperto e preensão. A oposição pode ocorrer ao longo de uma amplitude de movimento de aproximada- mente 90°. Sem o polegar, e especificamente sem os movi- mentos permitidos na articulação CMC, a função da mão ficaria muito limitada. Articulações metacarpofalângicas Os metacarpais se conectam com as falanges para for- mar as articulações metacarpofalângicas (MCF). Também nesse caso, a função das articulações MCF dos quatro dedos difere da do polegar. As articulações MCF dos quatro dedos são articulações condiloides que permitem movimentos em dois planos: flexão-extensão e abdução-adução. A articula- ção é bem reforçada na região dorsal pela aponeurose pal- mar dos dedos, na região palmar, pelos ligamentos palrnares que envolvem a articulação e, nas laterais, pelos ligamentos colaterais, ou ligamento metacarpal interósseo profundo. Os dedos podem se flexionar entre 70 e 90°; a maior flexão ocorre no dedo mínimo e a menor flexão ocorre no dedo indicador (73). A flexão, que determina a força de preensão, pode ser mais efetiva e gerar mais força quando a articulação do punho é mantida em 20 a 30° de hipe- rextensão, uma posição que aumenta o comprimento dos flexores dos dedos. A extensão dos dedos nas articulações MCF pode ocor- rer ao longo de aproximadamente 25° de movimento. A extensão pode ficar limitada pela posição do punho. Ou seja, a extensão dos dedos limita-se com o punho em hipe- rextensão e aumenta com o punho em flexão. Os dedos se separam em abdução e voltam a se unir em adução na articulação MCF. São permitidos cerca de 20° de abdução e adução (82). A abdução fica extremamente limi- tada se os dedos estiverem flexionados, pois nessa posição os ligamentos colaterais ficam muito tensionados e limitam es e movimento. Portanto, os dedos podem ser abduzidos quando estão estendidos, mas não podem ser abduzidos nem aduzidos quando flexionados em torno do objeto. A articulação MCF para o polegar é uma articulação em gínglimo que permite movimento em apenas um plano. A articulação é reforçada com ligamentos colaterais e com os ligamentos palmares, mas não está conectada com os demais dedos por meio dos ligamentos metacarpais transversos pro- fundos. Nessa articulação, podem ocorrer aproximadamente 30 a 90° de flexão e 15° de extensão (82). Articulações interfalângicas da mão As articulações mais distais na interligação do membro superior são as articulações interfalângicas da mão (IF). Cada dedo possui duas articulações IF, as articulações inter- falângicas proximais (IFP) e as articulações interfalângicas distais (IFD). O polegar possui uma articulação IF e, con- sequentemente, possui apenas duas seções ou falanges, a falanges proximal e distal. Contudo, os demais dedos pos- suem três falanges - proximal, média e distal. As articulações IF são articulações em gínglimo que permitem movimento em apenas um plano (flexão e extensão) e são reforçada nas laterais das articulações por ligamentos colaterais que limitam os demais movimentos. A amplitude de movimento dos dedos em flexão é de 110° na articulação IFP e de 90° na articulação IFD e na articulação IF do polegar (82,89). Como ocorre com a articulação MCF, a força de fle- xão nessas articulações determina a força de preensão. Essa força pode ser aumentada com o punho em hiperextensão de 20°, ficando diminuída se o punho estiver flexionado. Podem ser obtidas diversas posições dos dedos por meio de ações antagônicas e sinérgicas de outros músculos, de maneira que todos os dedos podem ser flexionados e esten- didos ao mesmo tempo. Também pode ocorrer extensão da articulação MCF com flexão da articulação IF, e vice-versa. Habitualmente, não é permitida a hiperextensão nas articula- ções IF, a menos que o indivíduo possua ligamentos longos, que permitam extensão por causa da frouxidão articular. MOVIMENTOS COMBINADOS DO PUNHO E DA MÃo A posição do punho influencia a posição das articulações metacarpais, e estas influenciam a posição das articulações IF. Isso depende de um equilíbrio entre os grupos mus- culares. Habitualmente os movimentos do punho são o inverso dos movimentos dos dedos, porque os tendões dos músculos extrÍnsecos não são suficientemente longos para permitir o arco completo do movimento no punho e nos dedos (76,77). Assim, em geral a flexão completa dos dedos será possível apenas se o punho estiver em ligeira extensão e a extensão dos dedos é facilitada com a ação sinergética dos extensores do punho. AÇÕES MUSCULARES Em sua maioria, os músculos atuantes nas articulações do punho e dos dedos têm origem fora da mão, na região da articulação do cotovelo; por isso, são chamados, múscu- los extrÍnsecos (veja a Fig. 5.24). Esses músculos ingressam na mão por seus tendões, que podem ser bastante longos, como é o caso de alguns tendões dos dedos que acabam terminando na extremidade distal de um dedo. Os tendões são mantidos no lugar sobre a área dorsal e palmar do punho por retináculos de extensores e de flexores. Esses retinácu- los são faixas de tecido fibroso dispostas transversalmente ao antebraço distal e ao punho e que mantêm os tendões junto à articulação. Durante os movimentos do pLU1l10e dos dedos, os tendões se deslocam ao longo de distâncias consi- deráveis, mas ainda ficam contidos pelos retináculos. Trinta e nove músculos atuam no punho e na mão, e nenhum desses músculos trabalha sozinho; antagonistas e agonistas trabalham em pares. Mesmo o menor e mais simples movi- mento depende da ação de agonistas e antagonistas (76). Os músculos extrínsecos propiciam força e destreza considerá- veis aos dedos, sem aumentar o volume muscular na mão. Além dos músculos com origem no antebraço, múscu- los intrínsecos com origem na mão criam movimentos nas articulações MCF e IF. Os quatro músculos intrínsecos do polegar formam a região carnosa na palma, conhecida como eminência tenar. Três músculos intrínsecos do dedo mínimo formam a eminência hipotenar (de menores pro- porções), a crista carnosa no lado da palma da mão referente ao dedo mínimo. Os flexores do punho (flexor ulnar do carpo, flexor radial do carpo, palmar longo) são, todos, músculos fusi- formes com origem nas adjacências do epicôndilo medial no úrnero, Esses músculos avançam por cerca de meio-caminho ao longo do antebraço, antes de terem continuidade na forma de um tendão. Os músculos flexor radial do carpo e flexor ulnar do carpo dão a maior contribuição para a flexão do punho. O músculo palmar longo é variável, podendo ser tão pequeno como um tendão ou nem mesmo estar presente em cerca de 13% da população (73). O flexor mais forte do grupo, o flexor ulnar do carpo, adquire parte de sua potência por envolver o osso pisiforme e por utilizá-lo como osso sesamoide, aumentando o ganho mecânico e reduzindo a tensão total incidente sobre o tendão. Tendo em vista que a maioria das atividades necessita do uso de pequeno grau de flexão do punho, sempre devemos dar atenção ao condicionamento desse grupo muscular. Os extensores do punho (extensor ulnar do carpo, exten- or radial longo do carpo, extensor radial curto do carpo) se originam nas adjacências do epicôndilo lateral. Esses múscu- los se transformam em tendões num ponto situado cerca de um terço do trajeto ao longo do antebraço. Os extensores do punho também atuam e criam movimento na articulação do cotovelo. Assim, a posição da articulação do cotovelo é importante para a função dos extensores do punho. Os músculos extensor radiallongo do carpo e extensor radial curto do carpo criam flexão na articulação do cotovelo e, portanto, podem ser reforçados como extensores do punho na extensão do cotovelo. O extensor ulnar do carpo cria extensão no cotovelo, sendo reforçado como extensor do punho na posição de flexão do cotovelo. Do mesmo modo, a extensão do punho é uma ação importante que acompa- nha e dá apoio às ações de preensão que usam a flexão dos dedos. Portanto, os músculos extensores do punho partici- pam de forma ativa nessa atividade. Os flexores e extensores do punho atuam de forma con- junta para a produção de flexão ulnar e radial. A flexão ulnar é produzida pelos músculos ulnares do punho, que ão o flexor ulnar do carpo e o extensor ulnar do carpo. Do mesmo modo, a flexão radial é produzida pelo flexor radial do carpo, extensor radial longo do carpo e extensor radial urto do carpo. O movimento articular de flexão radial, embora tenha metade da amplitude de movimento da flexão ulnar, é importante em muitos esportes de raquete por criar a posição de máximo contato do punho e promover, assim, a estabilização da mão (82). CAPíTULO 5 Anatomia Funcional do Membro Superior 177 A flexão dos dedos é realizada principalmente pelo flexor profundo dos dedos e pelo flexor superficial dos dedos. Esses músculos extrínsecos têm origem nas adjacências do epicôndilo medial. O flexor profundo dos dedos não pode flexionar independentemente cada dedo. Portanto, em geral, a flexão nos dedos médio, anular e mínimo ocor- rerá de forma conjunta, pois os tendões flexores surgem, todos, de um tendão e músculo comuns. Contudo, o dedo indicador pode flexionar de modo independente por causa da separação do músculo flexor profundo dos dedos e do tendão para esse dedo. O flexor superficial dos dedos é capaz de flexionar de modo independente cada dedo da mão. Os dedos podem ser flexionados de modo independente na articulação IFP, mas não na articulação lFD. A flexão do dedo mínimo é também auxiliada por um dos músculos intrínsecos, o flexor curto do dedo mínimo. A flexão dos dedos na articulação metacarpofalângica é gerada pelos lumbricais e interósseos, dois grupos de músculos intrínsecos situados na palma da mão e entre os metacarpais. Esses músculos também pro- movem extensão nas articulações interfalângicas, pois se inserem no capuz extensor fibroso que avança ao longo da superfície dorsal dos dedos. Consequenternente, para obter uma flexão completa das articulações MCF, IFP e IFD, os flexores longos dos dedos devem sobre passar o compo- nente de extensão dos lumbricais e interósseos, o que fica facilitado se a tensão for retirada dos extensores por alguma extensão do punho. A extensão dos dedos é criada principalmente pelo mús- culo extenso r dos dedos. Esse músculo tem origem no epicôndilo lateral e ingressa na mão na forma de quatro tiras de tendão que se ramificam na articulação metacarpo- falângica. Os tendões criam uma tira principal que se insere no capuz extensor e duas tiras colaterais que se conectam a dedos adjacentes. O capuz extensor, formado pelo ten- dão do extensor dos dedos e por tecido conjuntivo fibroso, envolve a superficie dorsal das falanges e avança por todo o comprimento do dedo até a falange distal. fu; estruturas no dedo estão ilustradas na Figura 5.25. Considerando que os lumbricais e interósseos se conec- tam com esse capuz, eles também ajudam na extensão das articulações lFP e lFD. Suas ações são facilitadas quando o extensor dos dedos se contrai, aplicando tensão ao capuz extensor e alongando esses músculos (82). A abdução dos dedos II, IIl e IV é realizada pelos inte- rósseos dorsais. Os interósseos dorsais consistem em quatro músculos intrínsecos situados entre os metacarpais. Esses músculos se conectam às laterais dos dedos II e IV e a ambos os lados do dedo lII. O dedo mínimo (dedo V) é abduzido por um dos seus músculos intrínsecos, o abdutor curto do dedo mínimo. Os três interósseos palrnares, situados no lado medial dos dedos II, IV e V, tracionam para trás os dedos num movimento de adução. O dedo médio é aduzido pelos interósseos dorsais, que estão conectados a ambos os lados do dedo médio. Os movimentos de abdução e adução são necessários para segurar, apertar e agarrar objetos. Quando os dedos estão flexionados, a abdução fica seriamente limi- 178 SEÇÃO II Anatomia Funcional Tendão extensor dos dedos Expansão dorsal (capuz) Metacarpal M. lumbrical -""""''--l . Expansão extensora-r--r-e+s Tendão do flexor profundo dos dedosFalange média Falange distal -----'\- VISTA DOR SAL VISTA LATERAL FIGURA 5.25 Não há ventres musculares nos dedos. Na superfície dorsal dos dedos, existe a expansão extensora e o capuz extensor, nos quais se inserem os extensores dos dedos. Os tendões dos flexores dos dedos avançam por sua superfície ventral. Os dedos se flexionam e se estendem ao ser gerada tensão nos tendões por meio da atividade muscular na parte superior do antebraço. tada pelo tensionamento do ligamento colateral e pela limi- tada relação de comprimento-tensão nos interósseos, que também são flexores da articulação MCF. O polegar possui oito músculos que controlam e geram um extenso conjunto de movimentos. Os músculos do polegar estão apresentados na Figura 5.24. Oposição é o movimento mais importante do polegar, porque dá a opor- tunidade de pinçar, apertar ou segurar um objeto mediante a mobilização do polegar até se unir a qualquer um dos demais dedos. Embora todos os músculos hipotenares con- tribuam para a oposição, o principal músculo responsável pelo início do movimento é o oponente do polegar. O dedo mínimo também é auxiliado na oposição pelo músculo opo- nente do dedo mínimo. FORÇA DA MÃo E DOS DEDOS Comumente, a força na mão está associada à força de pre- ensão, e há muitos modos de segurar ou apertar um objeto. Uma preensão firme que necessite da máxima produção de força irá lançar mão dos músculos extrínsecos, enquanto movimentos finos como, por exemplo, os de pinça, utilizará mais os músculos intrínsecos para uma "regulagem fina" dos movimentos. Em um aperto, os dedos se flexionam para envolver um objeto. Se houver necessidade de uma preensão de força, os dedos se flexionarão mais, e a preensão mais potente é aquela da posição de punho cerrado, com flexão de todas as três articulações dos dedos - MCF, IFP e IFD. Se houver necessidade de uma preensão de precisão, poderá ocorrer apenas limitada flexão nas articulações IFP e IFD, e podem estar envolvidos apenas um ou dois dedos como, por exem- plo, no ato de beliscar ou de escrever (89). A Figura 5.26 FORÇA PRECISÃO FIGURA 5.26 Se houver necessidade de força na preensão, os dedos serão flexionados nas três articulações para formar um punho cerrado. Do mesmo modo, se o polegar ficar em adução, a preensão será mais forte. Geralmente, uma preensão de precisão envolve ligeira flexão em um pequeno número de articulações dos dedos, com o polegar perpendicular à mão. ilustra exemplos de preensões de força e de precisão. O polegar determina se foi gerada uma posição de precisão fina ou uma posição de força. Se o polegar permanece no plano da mão numa posição de adução e os dedos se flexionarem em torno do objeto, é criada uma posição de força. Um exemplo dessa posição é a preensão utilizada no lançamento do dardo e na tacada de golfe. Essa posição de força ainda permite alguma precisão, importante, por exemplo, no dire- cionamento do taco de golfe ou do dardo. A força na preensão pode ser aumentada se o indivíduo cerrar o punho com o polegar envolvendo os demais dedos completamente flexionados. Com essa preensão, a preci- são é mínima ou inexistente. Em atividades que dependem de ações precisas, o polegar é mantido numa posição mais perpendicular à mão, sendo mobilizado em oposição, com flexão limitada nos demais dedos. Um exemplo desse tipo de posição ocorre no arremesso de uma bola, no ato de escrever e no ato de beliscar. Num movimento de beliscar ou de preensão, maior força poderá ser gerada se a polpa do polegar for aplicadacontra as polpas dos dedos indicador e médio. Esse movimento de beliscar é 40% mais forte do que a preensão de beliscar com as pontas do polegar e dos dedos (39). A força de preensão pode ser aumentada pela posição do punho. O posicionamento do punho em ligeira extensão e em flexão ulnar aumenta a força de flexão dos dedos. A força mínima dos dedos pode ser gerada em uma posição de flexão e com o punho em flexão radial. A força de preensão em aproximadamente 40° de hiperextensão do punho é mais de três vezes superior à força de preensão medida em 40° de flexão do punho (89). A força de preensão pode 180 SEÇÃO II Anatomia Funcional Grupo muscular Exemplo de exercício de alongamento Exemplo de exercício de fortalecimento Outros exercícios Cerrar o punho Flexores Agarrões no balde de arroz Resistência manual Extensores Dobrar as mãos juntas Rosca inversa Flexores dos dedos Esticar todos os dedos Expandir todos os dedos Grande círculo com o polegar Apertar uma bola FIGURA 5.27 Exemplos de exercícios de alongamento e de fortalecimento para flexores e extensores do punho e para os flexores dos dedos. Retináculo dos músculos flexores Artéria e nervo ulnares Pisiforme Escafoide Capitato FIGURA 5.28 O assoalho e laterais do túnel do carpa são formados pelos carpais, enquanto o teto do túnel está revestido por ligamento e pelo retináculo dos músculos flexores. No interior do túnel, situam- -se os tendões flexores do punho e o nervo mediano. O uso excessivo dos flexores do punho pode fazer o nervo mediano ficar comprimido, causando a síndrome do túnel do carpa. Deformidade em botoeira, causada pela avulsão ou estira- mente do ramo médio do mecanismo extensor, cria uma articulação IFP rígida e imóvel (73). Avulsão dos flexores dos dedos é chamada dedo de Jersey, sendo causada pela hiperex- tensão forçada da falange distal. Os flexores dos dedos também podem formar nódulos - um dedo em gatilho. Isso provoca um estalido durante a flexão e extensão dos dedos. Essas lesões dos dedos e do polegar também estão em geral asso- ciadas aos esportes e atividades citados anteriormente, devido à incidência de impactos que ocorrem na região da mão. Também ocorrem lesões por uso excessivo associadas ao uso repetitivo da mão em esportes, trabalho ou outras atividades. Tenossinovite dos flexores radiais e dos mús- culos do polegar é ocorrência comum em atividades como canoagem, remo, rodeio, tênis e esgrima. Praticantes de tênis e outros esportes de raquete, golfe, arremesso, dardo e hóquei, em que os flexores e extensores do punho são utilizados para estabilização do punho ou criação de uma ação repetida dessa articulação, estão sujeitos à tendinite dos músculos do punho que se inserem nos epicôndilos medial e lateral. Epicondilite medial ou lateral também pode ser decorrente desse uso excessivo. Epicondilite medial está associada ao uso excessivo dos flexores do punho, enquanto a epicondilite lateral está associada ao uso excessivo dos extensores do punho. Uma lesão por uso excessivo causadora de incapacitação é a síndrome do túnel do carpo. Depois das lesões lomba- res, a síndrome do túnel do carpo é uma das lesões de traba- lho mais frequentes comunicadas pela profissão médica. O assoalho e as laterais do túnel do carpo são formados pelos ossos carpais, e o teto do túnel é formado pelo ligamento transverso. Avançando através desse túnel, encontram-se todos os tendões flexores do punho e o nervo mediano (Fig. 5.28). Por meio de ações repetitivas no pWIDO, cornumente CAPíTULO 5 Anatomia Funcional do Membro Superior 181 a flexão repetida, os tendões flexores do punho podem ficar inflamados, até o ponto em que passa a haver pressão e constrição do nervo mediano. O nervo mediano inerva o lado radial da mão, especificamente os músculos tenares do polegar. A compressão desse nervo pode causar dor, atrofia dos músculos tenares e sensações de formigamento no lado radial da mão. Para eliminar esse distúrbio, a origem da irritação precisa ser removida pelo exame do ambiente de trabalho; pode-se aplicar um dispositivo para estabilização do punho, com o objetivo de reduzir a magnitude das forças flexoras; ou pode-se tentar uma descompressão cirúrgica. É recomen- dável que o punho seja mantido na posição neutra durante a realização de tarefas no local de trabalho, para que seja evitada a síndrome do túnel do carpo. Lesões do nervo ulnar também podem resultar em perda da função no lado ulnar da mão, especificamente os dedos anular e mínimo. A lesão desse nervo pode ocorrer como resultado de traumatismo no cotovelo ou na região do ombro. Neuropatia ulnar está associada a atividades como o ciclismo (56). Contribui~ão da musculatura dos membros superiores para habilidades esportivas ou movimentos Para que seja completamente estimada a contribuição de um músculo ou grupo muscular para determinada atividade, essa atividade ou movimento de interesse deve ser avaliado e estudado. Isso nos fará compreender o aspecto funcional do movimento, dará ideias para treinamento e condiciona- mento da musculatura apropriada e permitirá melhor com- preensão dos locais lesionados e dos mecanismos de lesão. Os músculos dos membros superiores são importantes para a realização de muitas atividades do dia a dia. Por exemplo, o impulso para cima, para levantar-se de uma cadeira ou de uma cadeira de rodas faz incidir uma carga tremenda nos músculos do membro superior, pois o indivíduo sus- tenta todo o peso do corpo durante uma transferência da posição sentada para a posição em pé (5,25). Se a pessoa simplesmente fizer uma flexão para sair de uma cadeira, ou da cadeira de rodas, o principal músculo utilizado será o tríceps braquial, seguido pelo peitoral maior, com mínima contribuição do latíssimo do dorso. Os músculos dos membros superiores contribuem de maneira importante para diversas atividades físicas. Por exemplo, na natação em estilo livre (ou crawl], as forças propulsivas são geradas pelo movimento do braço na água. A rotação medial e a adução são os principais movimentos na fase de propulsão da natação e utilizam os músculos latíssimo do dorso, redondo maior e peitoral maior (55,61). Do mesmo modo, quando o braço é retirado da água na preparação para outra braçada, os músculos ativos são o supraespinal e o infraespinal (abdução e rotação lateral do úmero), parte acromial do deltoide (abdução) e serrátil
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