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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Administração Estratégica Aula 1 Prof. Fernando Eduardo Kerschbaumer Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Olá, queridos alunos. Vamos começar nosso bate-papo sobre administração estratégica, um assunto de grande relevância para os administradores, pois precisamos entender quais as possibilidades que temos para a realização dos negócios da organização, e, assim, escolher quais os meios que poderão ser utilizados. Se isso for realizado sem metodologia e sem embasamento coerente, os resultados da organização podem ser totalmente diferentes do esperado. A palavra estratégia significa meios desenvolvidos para conseguir alguma coisa (Etm. do latim: strategia; pelo grego: strategía.as), e por isso apresenta ligação tão forte com a administração, pois o gestor sempre possui um objetivo, e precisa buscar os meios para atingi-los. O objetivo geral do nosso estudo é entender o conceito e a prática da administração estratégica nas organizações. Para atingi-lo, serão abordados os seguintes temas: 1. Entendimento dos 5 P’s da estratégia (plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva), entendendo suas inter-relações. 2. Estudo das estratégias para mudanças, a fim de entender como atingir resultados diferentes do padrão. 3. Conceituação sobre estratégia, enfatizando vantagem competitiva e sustentabilidade. 4. Refletir sobre o processo estratégico, entendendo suas escolas e dimensões. Contextualizando As dificuldades para um gestor são sempre bastante grandes, principalmente por, com frequência, termos no cenário risco e incerteza, que, embora jamais possam ser totalmente anulados, devem ser entendidos ao máximo para que a tomada de decisões tenha o maior nível de acerto. Planejar atividades futuras é algo de extrema importância para o gestor, e depende de Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 uma boa leitura das possibilidades, a fim de que os esforços estejam conduzindo corretamente ao objetivo. Além de entender todas as características próprias da organização, o gestor sempre contará com influências externas, seja pelo próprio setor onde atua, ou até mesmo pela macroeconomia. O setor onde a organização atua é composto por clientes, concorrentes, fornecedores, produtos substitutos e pela ameaça de novos entrantes, sendo que todas essas forças atuam de maneira a influenciar nos resultados dessa organização. A Abordagem Contingencial da informação (Chiavenato, 2004) ainda apresenta sete tipos de fatores que influenciam diretamente as organizações quando falamos em ambiente externo, sendo eles os fatores tecnológicos, econômicos, culturais, políticos, legais, culturais, demográficos e ecológicos. Isso nos leva a perceber que o mercado é influenciado por preços, mudanças tecnológicas, impostos, leis e principalmente pelo comportamento dos consumidores. Ainda, Chiavenato (2004) indica que a incerteza está na cabeça do administrador, o que é confirmado por Costa (2006), que indica que as organizações planejam a longo prazo de acordo com os modelos mentais de seus gestores. Isso explica a tendência de acreditar que o futuro será uma combinação das modificações simples do que ocorreu no passado. Para que se coloque em prática a administração estratégica, é necessário, sim, entender os resultados obtidos no passado, traçando tendências para o futuro, mas somente isso não é o suficiente, o gestor precisa também criar uma sistemática de aprendizagem, pois muitas coisas serão transformadas ao longo do tempo, e, apesar de o histórico sempre demonstrar aquilo que já se conhece e gerar a possibilidade de tendência, poderá também demonstrar a necessidade de transformação e criação de novos meios para a sobrevivência. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Pesquise Algumas questões se fazem presentes para que possamos entender a importância desse conteúdo que vamos estudar nesta rota. O que é estratégia? Como podemos definir estratégia nas organizações? Quais as bases da estratégia e por que elas propõem atingir vantagem competitiva e mudanças? Qual a importância das escolas da estratégia no resultado organizacional? Tema 1: Cinco P’s da Estratégia Para que possamos entender todo o contexto da administração estratégica, é necessário que primeiro façamos uma abordagem geral sobre o que se sabe sobre estratégia, principalmente por esta possuir diversos conceitos diferentes, o que deixa um pouco completo o seu entendimento. Os cinco P’s referenciados neste tema da rota compreendem essas diferentes maneiras de uso para a palavra estratégia, sendo que Mintzberg et al. (2006) as apresenta como: plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva. Portanto, para que fique mais fácil e claro o entendimento, a estratégia pode ser analisada sob aspectos diferentes, conforme vamos estudar nos próximos itens. A estratégia como Plano – É muito fácil entendermos a estratégia como um plano, ou um planejamento. Essa é uma das formas mais comuns de encontrarmos dentre as definições utilizadas pelas pessoas, e está ligada à ideia de que a estratégia é algo criado antes das ações, ou seja, primeiro entendemos e decidimos como vamos realizar algo para, posteriormente, desenvolver e aplicar. Vários são os campos em que a estratégia é aplicada como plano, sendo que seu uso vem desde muito antes dos exércitos da antiguidade. No campo militar, a estratégia tem uma importância bastante grande, tal qual na administração, na qual possuímos planos amplos e integrados para atingir os objetivos da organização. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 É importante lembrarmos que as organizações estão atuando em um ambiente dinâmico e competitivo, por isso as estratégias estudadas no campo militar são comparáveis com as estratégias que aplicamos no dia a dia organizacional. Quando estabelecemos um objetivo, precisamos entender quais as possibilidades para atingi-lo, e, com isso, deparamos com as dificuldades desse ambiente competitivo, o que pode demandar a adoção de medidas alternativas dos gestores, transformando os resultados organizacionais. Em meio a essa complexidade do ambiente, e buscando manter vantagem competitiva, o plano é a ferramenta que indica que estamos nos preparando para aquilo que posteriormente será tido como ação. A estratégia como Pretexto – Neste caso, a estratégia ainda é um plano, no entanto esse plano é parte da manobra para atingir um objetivo real. Trata-se de um processo de direcionamento de esforços que venham a distrair ou ameaçar o concorrente, para assim obter vantagem sobre aquilo que se conhece ou que o concorrente desconhece. Em seu livro, Mintzberg et al. (2006) exemplifica o pretexto com uma empresa que ameaça expandir sua capacidade de produção como forma de desencorajar um concorrente a construir uma nova fábrica. A estratégia como Padrão – Parte-se do princípio de que, se foi planejado, é porque há a possibilidade de realizar ou atingir os objetivos. Assim, a estratégia passa a ser também uma linha para a análise do desempenho daquilo que é realizado em comparação com o que foi proposto. O comportamento resultante é decorrente da adoção da estratégia ou do padrão de ação. Podemos entender que se a estratégia é aplicada como padrão, a organização está tomando ações que padronizam suas atividades, seus produtos ou serviços. Como exemplo, podemos considerar uma empresa que escolhe produzir um único modelo de seu produto para reduzir custos produtivos e, com isso, buscar a possibilidade de ampliar seus resultados. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Na prática, o que essa definição nos apresenta é que os gestores por vezes buscam formas convencionais ou padrão de agir, e a isso chamam de estratégia, pois planejam dentro desse universo o que pode por vezes ser um pouco limitado, mas leva, sim,em direção ao objetivo. As diferenças da estratégia definida como plano e padrão são bastante grandes, principalmente se pensarmos que os planos podem não se realizar, enquanto padrões podem aparecer sem planejamento prévio. Não podemos ainda nesse momento defender qual das definições seria mais adequada, pois precisamos de muitos argumentos a mais para conseguir fazê-lo, mas podemos concluir que o plano seria algo pretendido, e o padrão, algo que vem sendo realizado. Já desde seu uso nas corporações militares, a estratégia é utilizada em torno de coisas importantes, e não de detalhes. Muito embora os detalhes por vezes possam fazer parte de algo importante para a estratégia, há essa separação conceitual. Mintzberg et al. (2006) contextualiza que Henry Ford perdeu a guerra contra a General Motors também por ter optado por não utilizar cores diferentes do preto para a pintura de seus veículos, indo contra aquilo que era praticado no mercado. Esse era apenas um detalhe, porém surtiu um efeito devastador. Acaba sendo relevante o fato de que para cada organização as informações surtirão um efeito diferente. Para algumas organizações, as estratégias de seus concorrentes podem compor sua tática (nível de detalhes). Por isso, tratamos as coisas como “mais, ou menos estratégicas” no mesmo contexto que “mais, ou menos importantes”. Estratégia como Posição – Demonstra a ideia de localizar a empresa no ambiente onde ela está inserida. Nesse momento, a organização está utilizando um pensamento em relação a esse posicionamento, que pode indicar tanto competição quanto cooperação, mas que define bem qual sua posição no “jogo” da estratégia, olhando para fora da organização, no ambiente externo. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Em termos práticos, o posicionamento define como estamos utilizando os recursos à nossa disposição para competir no mercado e sobressair à concorrência. Em muitos casos, essa definição pode estar também ligada à ideia de evitar a competição. Para isso, alianças podem ser criadas com fornecedores, clientes e até mesmo com possíveis concorrentes. Como exemplo no ambiente da estratégia como posição, podemos citar as fusões empresariais, as joint ventures, as diretorias corporativas associadas, e outros modelos que permitam esse tratamento político para reduzir a necessidade de desgaste pela competição. Estratégia como Perspectiva – Esta definição olha para dentro da organização e, principalmente, para dentro das pessoas dos estrategistas, criando assim uma maneira fixa de olhar o mundo. Dessa forma, criam conceitos e marcas que duram ao longo do tempo, em razão de um estudo de como entender pensamentos coletivos, para poder assim ter influência sobre eles. Para entendermos melhor, devemos buscar uma correlação entre as definições apresentadas, pois, de modo geral, como apresenta Lapierre (1980), estratégias são “sonhos em busca da realidade”, ou seja, estamos buscando meios para realizar aquilo que temos como objetivo. Quando usamos claramente essa definição de que estamos indo atrás de atingir o objetivo da organização, ou de seus idealizadores, passamos a compreender que todas as definições estão correlacionadas, mesmo que nos façam olhar o caminho até o objetivo sob aspectos diferentes. No entanto, devemos ter cuidado para usar corretamente as estratégias, a fim de tornar realmente possível atingir o objetivo com eficácia. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Há uma defesa sobre a importância de misturarmos essas definições para possibilitar a tomada de decisão, pois, como Mintzberg et. al (2006) definem, nem todo plano vira padrão, nem todo padrão será realizado como planejado, alguns pretextos são menos que posições, enquanto outras estratégias são mais do que posições, ou menos do que perspectivas, e assim por diante. Desse modo, é importante saber que as estratégias devem ser definidas e bem adotadas, utilizando-se de uma combinação dessas definições, e não de uma somente, para que se possa enriquecer a aplicação da estratégia. O que não pode ocorrer é a ausência de adoção de estratégia, pois assim a organização estaria sem possibilidade de coordenação rumo a seus objetivos. Tema 2: Estratégias para Mudanças Agora que já temos ideia do que é estratégia, e das possibilidades de que dispomos na hora de adotar as estratégias na organização, precisamos saber que a estratégia não é a única palavra que apresenta múltiplas interpretações no meio organizacional. Objetivos, metas, políticas e programas também possuem diferentes significados, e precisam ser entendidas corretamente pelos gestores. Sabendo que há várias possíveis definições, o gestor deve ter clareza para o seu processo de adoção da definição e montagem de seus planos. Em sua aplicação, a estratégia deve auxiliar na organização e na alocação dos recursos da organização, de modo a permitir um direcionamento único em relação ao objetivo da organização. Também permite entender os riscos e planejar a contingência (Plano B) para os casos em que possam ocorrer mudanças programadas. Os objetivos são também descritos como metas, correspondendo àquilo que queremos atingir, relacionando principalmente com o fator tempo. Com a definição do tempo (prazo), podemos medir a eficácia das estratégias adotadas. Importante lembrar que a organização sempre deve ter um objetivo Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 maior (geral) e vários objetivos menores (específicos), que devem estar ligados para atender ao objetivo maior. Já as políticas definem os limites, ou seja, dentro de que regras as ações vão ocorrer. Isso facilitará para que não ocorra conflito em razão dos diferentes objetivos que foram estipulados. Para a definição das sequências de ação passo a passo, temos os programas, que surgem para assegurar que os recursos sejam organizados a fim de atingir as metas, por meio da criação de meios para o acompanhamento constante do progresso rumo aos objetivos. Dessa forma, as decisões estratégicas são aquelas que orientam a atingir um objetivo, em meio às situações previsíveis e imprevisíveis que ocorrem no ambiente dentro do qual a empresa está inserida. Assim, conseguimos entender que estamos falando de um ambiente dinâmico, onde estão ocorrendo mudanças, e que estamos delimitando nossas ações de acordo com as modificações desse ambiente. Para melhor definir, é um processo de modelagem, que vai direcionar as metas, e adaptar as ações conforme as condições do ambiente. As estratégias não se restringem ao nível corporativo da organização, sendo também utilizadas nos níveis departamentais, por isso precisamos definir um pouco melhor a diferença entre estratégia e tática, e essa diferença está principalmente na escala, ou seja, no tamanho que essa ação representa na perspectiva de quem é o responsável por ela. As táticas podem ocorrer em qualquer nível dentro da organização e estão voltadas à ação-interação de curta duração, sendo usadas de acordo com as estratégias adotadas para possibilitar o atendimento das metas. Em uma combinação, estratégia e tática promovem atingir os objetivos, portanto devem estar ligadas e alinhadas de modo a se adaptar às condições do ambiente e permitir a correção de rota rumo às metas estabelecidas. A avaliação do desempenho precisa estar presente, para comprovar que o que foi estipulado realmente está direcionando ao que se pretendia. Correções de Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 estratégia devem ser realizadas sempre que necessário. Esses conceitos são utilizados desde a pré-história, em organizações militares, conforme relatos de diversos autores e pesquisadores, incluindo Sun Tzu (1963), Maquiavel (1950), Napoleão (1940) e outros. A tecnologia mudou muito alguns processos estratégicos, porém sem mudar a sua essência, ou seja, ocorreram apenas adaptações aos modelostecnológicos disponíveis ao longo do tempo. Nas organizações, esse modelo de estratégia, que vem desde a pré- história, passa a ganhar um aspecto mais formal, ou seja, é elaborado de acordo com aspectos científicos e dentro de períodos e regras que geram um maior sentido às organizações, permitindo a competitividade e a interpretação de se os resultados alcançados realmente estão em acordo ao que foi inicialmente desejado. Dentro dos conceitos modernos que foram trazidos para a administração, temos diversos pensadores que aparecem contribuindo com a constituição dos modelos formais que temos atualmente. Desde o princípio havia o interesse em entender como as pessoas se comportam em sociedade, e como deveriam ser aplicadas corretamente as técnicas que permitissem um melhor comando e estímulos motivacionais. Posteriormente, passou-se a dar ênfase nos processos de território, entendendo melhor a demanda logística e o posicionamento geográfico, buscando ainda rapidez nos movimentos, por meio de concentração e pontos de domínio. Ou seja, aos poucos, passou-se a entender que precisamos de objetivos principais claros, e que sobre esses objetivos é que serão desenvolvidas as estratégias, com um limite de ação, mas direcionando a um resultado futuro que realmente seja satisfatório. Assim se obtém o objetivo com a redução de esforços, em função do menor risco de desvio das metas estipuladas. Importante lembrar, novamente, que não estamos defendendo que a adoção de estratégias irá travar ou engessar o processo decisório, ao contrário, Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 a adoção de estratégias está buscando justamente flexibilizar os processos, de acordo com as demandas do ambiente onde a organização está inserida. Podemos chamar isso de flexibilidade planejada. No aspecto de Dimensões da Estratégia, devemos considerar inicialmente que já falamos que as estratégias são compostas de três elementos básicos, sendo eles as metas (ou objetivos), as políticas que orientam ou limitam e os programas ou sequências de ação, que levam ao cumprimento das metas dentro do que foi estabelecido. Assim, somos apresentados ao conceito de que o desenvolvimento da meta é parte integrante da formulação da estratégia. As estratégias eficazes se desenvolvem ao redor de alguns poucos conceitos e forças principais que lhes proporcionam foco, coesão e equilíbrio. Além disso, a estratégia busca olhar para o imprevisível, mas principalmente entender o desconhecido, pois precisa encontrar respostas às situações que não são óbvias no dia a dia das organizações. A hierarquia organizacional também é relevante para as dimensões da estratégia, pois a organização deve ter estratégias hierarquicamente relacionadas, que se apoiem mutuamente, cada uma com características específicas, possibilitando moldar os resultados organizacionais com mais facilidade. De todas as formas, as estratégias devem ser testadas, mesmo que em discussões intelectuais, para que sejam realmente efetivas. Como estamos falando em lidar com o desconhecido, torna-se fácil entender que não há uma regra específica e bem determinada para o estabelecimento das estratégias, do mesmo modo que uma estratégia que deu bons resultados no passado não obrigatoriamente irá repeti-los, ou seja, precisamos entender o cenário atual, inclusive no que diz respeito ao que os demais atores do cenário conhecem ou estão planejando. Para a avaliação da efetividade da estratégia proposta, há estudiosos que sugerem alguns critérios como clareza, impacto motivacional, consistência interna, compatibilidade com o ambiente, adequação à luz dos recursos, grau Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 de risco, combinação dos valores pessoais com os principais números, horizonte de tempo e funcionalidade. Outros fatores sugeridos para estratégias eficazes são: objetivos claros, decisivos; manter a iniciativa; concentração; flexibilidade; liderança coordenada e comprometida; surpresa; e segurança. Cabe definir um pouco melhor cada um desses fatores: - Objetivos claros, decisivos: Avaliar se o que está sendo proposto é bem compreendido e alcançável. - Manter a iniciativa: deve haver preservação da liberdade de ação, aumentando o comprometimento, e evitando que ocorra baixa motivação para o controle do cumprimento das tarefas. - Concentração: entender se a estratégia está propiciando uma concentração de poder superior em local e momento considerados decisivos. - Flexibilidade: Se a estratégia for totalmente rígida ou engessada, situações adversas que surjam poderão prejudicar o resultado que estava proposto. Portanto ela precisa direcionar e orientar, permitindo, entretanto, que as correções de curso sejam tomadas. - Liderança coordenada e comprometida: Estratégias bem-sucedidas exigem comprometimento, não apenas aceitação. Os líderes precisam ser motivados, devem transmitir ao grupo toda essa motivação para que o objetivo seja alcançado. Para ser transmitida, a motivação depende do entendimento e envolvimento de todos com os propósitos estratégicos, de maneira coordenada. - Surpresa: Rapidez, segredo e inteligência são fatores que auxiliam a atingir os objetivos propostos, uma vez que, no mercado, as organizações devem surpreender os clientes e sair à frente dos concorrentes. - Segurança: Na análise deste fator, o gestor deve verificar se a estratégia garante ou assegura que o que é importante para a organização será realmente atingido, reduzindo os riscos e dando entendimento para evitar resultados contrários ao estipulado. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Em síntese, entendemos que a escolha de estratégias possibilita mudanças na organização, levando a atingir os objetivos propostos, mas, para isso, precisamos buscar meios para a validação dessas estratégias, entendendo se elas realmente estão trilhando o caminho mais correto e seguro para o cumprimento das metas. Tema 3: O que é Estratégia Agora que temos algumas noções um pouco melhores sobre esse ambiente que envolve a adoção de estratégias, vamos buscar definir um pouco mais o que é estratégia, para entendermos um pouco mais também seu contexto com a eficácia operacional, vantagem competitiva e sustentabilidade. Primeiro, é importante relembrar que as organizações precisam ser flexíveis para responder rapidamente às mudanças que o ambiente apresenta, mantendo sua competitividade. Para atender aos objetivos, é necessário não apenas que sejam entendidos em suas partes menores, mas também que sejam adotadas medidas constantes de acompanhamento de desempenho. A terceirização é uma das práticas que vêm sendo adotadas nesse modelo estratégico, pois auxilia os gestores a manter o foco em suas atividades principais, sendo que as empresas terceirizadas também irão manter foco em suas respectivas atividades, o que deve gerar ganho de eficiência. Alguns desses processos mudam o foco estratégico, pois se acredita que posicionar a empresa é algo muito estático para um ambiente altamente competitivo e com tecnologias mutantes, no qual as empresas podem copiar muito rapidamente os modelos aplicados, gerando, inclusive, um processo competitivo destrutivo. O processo da estratégia acabou em grande parte substituído pelos processos de eficácia operacional, como a busca por produtividade, qualidade e velocidade, que geraram demanda por um grande número de ferramentas e técnicas gerenciais importantes (qualidade total, avaliação de desempenho, competição baseada em tempo, terceirização, parcerias, reengenharia, Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 mudança gerencial etc.). Essas ferramentas que compõem a eficácia operacional são extremamente importantes, inclusive para medir o desempenho dentro dos processos da estratégia, mas a eficácia operacional e a estratégia trabalham de maneira muito distinta. A eficácia operacionalpropõe a entrega de maior eficiência, o que resulta em custos unitários médios mais baixos. Outra opção para a companhia ter um bom desempenho é entregar valor maior a seus clientes, o que permite preços mais altos, portanto, há uma correlação entre os modelos, na qual valor e preço acabam sendo uma consequência desses diversos fatores. Para que se possa começar a falar em vantagem competitiva, é necessário que sejam analisadas todas as atividades da empresa, pois as diferenças entre custos dependem de todas as atividades que envolvem criar, produzir, vender e entregar os produtos aos clientes, incluindo o contato com clientes, montagem, treinamento de funcionários e todas as outras atividades. No contexto geral, a eficácia operacional remete somente ao desempenho das atividades, ou seja, ao melhor aproveitamento dos recursos, seja produzindo mais, ou melhor. Isso influencia bastante as organizações, pois seus resultados sempre são totalmente diferentes, gerando uma lucratividade também muito diferente. Algo importante no modelo de eficácia operacional é o fato de que a organização busca aproveitar melhor seus recursos e reduzir as falhas, portanto ela é extremamente necessária, porém, não é suficiente, pois as organizações devem buscar meios para sobressair e se destacar no mercado. Quando as empresas fazem avaliações de desempenho e criam padrões utilizados pelo mercado, elas se tornam mais parecidas entre si. A terceirização também tem essa característica de padronização e equivalência, e assim as organizações acabam indo em caminhos idênticos. Já a estratégia se baseia em atividades únicas, ou seja, ser diferente, entregar um conjunto único de valores. Isso gera uma definição de Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 posicionamento para a organização, que deve fugir do padrão que as demais empresas estão adotando para suas ações e para os valores que entregam a seus clientes. As posições estratégicas, por sua vez, possuem três origens distintas, que podem ser usadas em conjunto. O posicionamento baseado em variedade constitui a primeira dessas origens e representa a escolha dos produtos e serviços que serão ofertados. A segunda origem é o posicionamento baseado em necessidade, que visa atender às necessidades específicas de um grupo, e a terceira origem é o posicionamento baseado em acesso, que está relacionado a questões geográficas do cliente. Assim, temos três diferentes meios de definir a posição estratégica, ou ainda a combinação de mais de um desses itens, e a criação de uma posição estratégica é justamente a criação de um valor único em torno dessas diferentes possibilidades. Quando falamos em sustentabilidade, estamos nos referindo a uma estratégia que permita a continuidade das ações propostas, bem como das referências que a empresa possui no mercado. É necessário que a empresa possua intercâmbios de posições estratégicas, ou seja, precisa combinar suas ações de maneira a preservar sua reputação no mercado, sem gerar a ideia de falta de constância ou de credibilidade. Esses intercâmbios criam a necessidade de escolher e limitar propositalmente o que será ofertado pela organização. Além disso, eliminam a possibilidade de indecisão e surgem a partir das próprias atividades, ou dos limites em coordenação e controles internos. Ao tentar competir em dois setores diferentes, como baixo custo e serviços completos, a empresa acaba se descaracterizando e não conseguindo satisfazer corretamente a uma parte dos clientes. Portanto, sabendo dos intercâmbios, ampliamos a resposta sobre o que é estratégia, acrescentando que é realizar intercâmbios ao competir ou, ainda, escolher o que não será feito pela organização. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Para gerar vantagem competitiva, é necessário que, por meio desse processo de intercâmbio, ocorram ajustes, de forma que as atividades reforcem umas às outras, impedindo que outras empresas imitem a cadeia que está sendo gerada. Conceitualmente, há três tipos de ajuste que podem ser usados simultânea ou individualmente. O primeiro é a consistência simples entre cada atividade e a estratégia global. Por meio desse ajuste, é possível permitir que as vantagens sejam acumuladas, sem desgaste ou anulação, tornando um processo único e completo. O segundo ajuste é o reforço das atividades, no qual a organização deverá validar se todos os esforços estão alinhados de forma enfática e clara a uma única condição. O terceiro ajuste é a otimização do esforço, ou a busca por reduzir os esforços para atender às demandas principais da organização, ou seja, buscar ajustar as estratégias para o melhor aproveitamento de algo que realiza. A vantagem competitiva surge do sistema completo de atividades, ou seja, quando realizamos os ajustes, estamos potencializando o resultado sistêmico, reduzindo custos e aumentando a diferenciação. Nesse ponto, temos uma informação comum e importante, o fato de que as atividades em sistema representam muito mais valor competitivo do que as atividades individuais. Esses ajustes estratégicos irão contribuir para a sustentabilidade da vantagem competitiva, ou seja, copiar algo isolado é muito mais simples do que copiar um conjunto de atividades interligadas, por isso posições baseadas em sistemas de atividades são consideradas mais sustentáveis do que as baseadas em atividades individuais. Um dos contrapontos de todo esse conteúdo é o fato de o planejamento para um único ciclo de planejamento acabar se tornando muito caro em razão de mudanças frequentes, sendo interessante um horizonte maior, em torno de Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 uma década ou mais. Nesse ponto, a resposta sobre o que é estratégia acaba recebendo um pouco mais de informações, sendo que se pode afirmar que estratégia é criar ajuste entre as atividades de uma empresa, criando um modelo sistêmico que permita a sustentabilidade. Tema 4: Reflexão sobre o Processo Estratégico – Parte 1 Nesse momento, você provavelmente já consegue se arriscar a responder às seguintes questões: O que é estratégia? Quais as possíveis definições para estratégia? Como o posicionamento estratégico contribui para o resultado das organizações? Esses conhecimentos básicos estão ganhando forma e nos permitindo enxergar como a estratégia é importante na concepção da organização, facilitando o processo de planejamento e permitindo atingir objetivos. Ainda há muito a se descobrir sobre estratégia, de modo a dar um entendimento de todas as possibilidades que elas nos proporcionam, e principalmente para entendermos como devemos aplicar os processos estratégicos de maneira adequada. Dentro da reflexão sobre o processo estratégico, teremos acesso pela primeira vez às dez escolas da estratégia, apresentadas no livro Safari da Estratégia. (Mintzberg et. al, 1998) Essas dez escolas representam tanto processos fundamentalmente diferentes da criação da estratégia, quanto diferentes partes de um mesmo processo. É importante entender individualmente essas escolas e fazer uma síntese sobre o que elas representam em conjunto, pois de certa forma são diferentes interpretações para uma coisa única que é a estratégia. Aqui nesta primeira rota, referenciaremos todas as rotas para elencar sua importância no processo de reflexão sobre estratégia. As escolas serão apresentadas detalhadamente nas rotas 5 e 6 de nossa disciplina. 1. Escola de Design: Um processo de concepção – Apresenta o conceito Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 de perspectiva original. Vê a formação da estratégia como a obtenção do ajuste essencial entre as forças e as fraquezas internas com as ameaças e oportunidades externas. A importância da análise dos ambientes interno e externo da organização já é apresentada nessa primeira escola. Os gestores precisam analisar esses ambientes ecompreender como eles estão influenciando nos resultados propostos. A gerência formula estratégias claras, simples e únicas, em um processo deliberado de pensamento consciente (nem formalmente analítico, nem informalmente intuitivo). Todos os envolvidos podem implementar as estratégias. Possui grande influência da teoria e da prática, por isso teve e ainda tem uma dominância do processo estratégico, combinando-se com outras visões em contextos bem diferentes. 2. Escola de Planejamento: Um processo formal – Cresceu em paralelo com a escola de design. Uma de suas suposições é a de que o processo não é apenas cerebral, mas também formal, podendo ser decomposto em passos distintos, delineados por listas de verificação e suportados por técnicas (especialmente em relação a objetivos, orçamentos, programas e planos operacionais). 3. Escola de Posicionamento: Um processo analítico – Essa escola transforma o papel dos planejadores em analistas, que irão realizar análises formalizadas da situação. Assim, a estratégia passa a ser reduzida a uma posição genérica. 4. Escola Empreendedora: Um processo visionário – Baseia os processos nos mistérios da intuição. Adota visões vagas ou perspectivas amplas, incluindo metáforas. Centra o poder no presidente da organização, que é quem deve defender sua visão de líder criativo. 5. Escola Cognitiva: Um processo mental – Decorrente do meio acadêmico que busca entender os processos mentais. Apresenta a cognição como processamento de informação, mapeamento da estrutura de Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 conhecimento e obtenção de conceito, com a construção de estratégias como interpretações criativas. 6. Escola de Aprendizado: Um processo emergente – A estratégia é tida como aprendizado que era diferente das escolas anteriores, pois eram emergentes, sendo que os estrategistas estavam por toda a organização, e a formulação e implementação das estratégias se entrelaçavam e ocorriam naturalmente em decorrência do aprendizado. 7. Escola de Poder: Um processo de negociação – Concentra a criação de estratégias baseada em poder, apresentando o micropoder, que é o poder que ocorre dentro da organização, ou decorrente dos atores que dividem o poder, e o macropoder, que indica que a organização usa seu poder sobre os elementos externos à organização como forma de negociar estratégias. 8. Escola Cultural: Um processo social – Apresenta a cultura como passo importante para a formulação estratégica, com os impactos, por exemplo, da administração japonesa dos anos 1980 conseguindo demonstrar o que é esse processo social baseado em cultura. 9. Escola Ambiental: Um processo reativo – Nessa escola, o ambiente onde a organização atua e suas manobras nesse ambiente são a característica marcante. A teoria da contingência que considera as respostas esperadas às mudanças no ambiente é aplicada nesse momento, além da imposição de limites pela “ecologia da população” e das pressões institucionais enfrentadas pelas organizações. 10. Escola de Configuração: Um processo de transformação – Uma teoria e prática mais extensa e integradora. As organizações são vistas como agrupamentos coerentes de características e comportamentos. Sendo as organizações vistas como essas condições (características), as mudanças passam a ser algo drástico, portanto são chamadas de transformações. As escolas de design, planejamento e posicionamento são consideradas prescritivas, ou seja, refletem aquilo que “deve ser”. As demais escolas são consideradas descritivas (no sentido de fato “é”), sendo que as escolas Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 empreendedora e de configuração podem ser algumas vezes prescritivas. Diversos são os pensadores envolvidos na concepção e defesa dessas escolas, sendo muitos deles nomes de grande importância em todo o meio da administração, e que trazem grandes teorias para o processo de gestão. O papel das escolas é estudar e defender o modelo de processo de estratégia sob os aspectos estudados, sendo que conseguimos perceber que esses modelos possuem grande relevância na hora de decidir estrategicamente, porém se misturam em algumas condições. Para maior reflexão, devemos buscar entender todas as propostas de modelo, além de referenciar com os conteúdos que veremos na sequência de nossa disciplina, sabendo que cada escola pretendia apresentar uma mensagem, e essa mensagem faz alusão ao resultado estratégico. Tema 5: Reflexão sobre o Processo Estratégico – Parte 2 Como pudemos observar até este momento da rota, existe uma variação bastante grande de interpretações sobre o que é estratégia, sendo que isso traz também resultados diferentes para a organização, por isso ela deve ser interpretada sempre de acordo com os resultados que são esperados. As dez escolas da estratégia apresentadas no tema anterior possuem diversas características específicas, sendo que muitos itens variam de acordo com as disciplinas de base em que a escola se ampara, ou principalmente as mensagens pretendida e realizada pelas escolas. Devemos lembrar que essas teorias estão vindo desde a antiguidade, tendo maior influência sobre muitas delas durante o século XIX. Esse encontro do aumento da influencia se dá em razão do crescimento da industrialização em função de tecnologias de transporte, comunicação, energia e força motriz. A Revolução Industrial tem grande importância para esse assunto, uma vez que fez com quem os gestores precisassem procurar eficácia organizacional e resultados mais planejados. Há uma grande influência de outras áreas de conhecimento, como Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 biologia, sociologia, economia e psicologia nos processos administrativos, sendo o processo estratégico influenciado também por essas áreas, o que justifica inclusive a existência das dez diferentes escolas apresentadas. Considera-se ainda um intercâmbio bastante grande entre as escolas, no qual uma teoria acaba se relacionando bastante com a outra, e elas, por fim, complementam-se, gerando a possibilidade de uma formação estratégica mais eficiente. Em resumo, essas escolas representam formas diferentes de formação estratégica, e também diferentes partes de um mesmo processo. Portanto, elas serão utilizadas como estágios ou aspectos do processo de formação da estratégia. Esse processo é bastante complexo, porque o ambiente é dinâmico, há muita demanda por intuição, ocorrem conflitos, existe toda uma interação social e pensamentos individuais. Com tantas variáveis influenciando no processo, há uma variação da adoção entre as escolas, por vezes tendendo a uma, e mudando para outras ao longo do planejamento. Os processos cognitivos (cognição está diretamente ligada à aquisição de conhecimento, à aprendizagem) são muitas vezes exigidos de modo individual, em vez de socialmente interativos, ou seja, nem sempre a definição estratégica será discutida em grupos, por vezes acabará sendo realizada por quem detém conhecimento suficiente para a tomada da decisão. Também em alguns momentos a qualidade da informação e o conhecimento obtido permitirão que haja maior racionalidade na composição estratégica, enquanto, em outros momentos, a adaptação àquilo que vem ocorrendo acaba empurrando o processo de maneira menos racional. A dinâmica do ambiente também é algo que varia muito, e acaba precisando ser interpretada corretamente, pois em alguns momentos gera exigências maiores, e em outros acaba facilitando o processo de movimentação. Há, portanto, a necessidade de interpretar corretamente todas essas variáveis para que se possa escolher um dos processos, ou combiná-los, Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 de modo a compreender as possibilidades de resultado organizacional. Com a apreciação das escolas, e os conceitos básicos sobre processo estratégico, deve-se então ser possível estabelecermeios para que a organização não seja simplesmente empurrada pelo ambiente, mas crie meios para ser impulsionada por este. Precisamos buscar enxergar melhor os resultados que a organização irá obter. Trocando ideias Agora é hora de cada um contribuir com seu entendimento para podermos responder a todos os questionamentos apresentados no início da nossa rota, e outros que devem ter surgido durante esse processo de aprendizado. Em nosso fórum, dê seu posicionamento quanto aos seguintes questionamentos: Como você define o que é estratégia? Na definição de estratégia nas organizações, quais exemplos de resultados você consegue exemplificar? Quais as bases da estratégia e por que elas propõem atingir vantagem competitiva e mudanças? Como você vê a importância das escolas da estratégia no resultado organizacional? Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 Síntese Neste momento inicial da nossa disciplina, o mais importante é entender o que é estratégia, com suas diferentes possibilidades e definições, para visualizar a aplicação e a importância no dia a dia organizacional. Já nos cinco P’s da estratégia, pudemos entender que esta é vista de maneira diferente, tendo cinco definições, sendo elas plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva, e essas definições possuem inter-relações que acabam transformando tudo isso em um processo único. Quando há a adoção dessa inter-relação, a estratégia se mostra mais coerente, eliminando a possibilidade de mau uso do termo estratégia. Enquanto analisamos as estratégias para mudanças, percebemos que as estratégias são utilizadas em conjunto com as metas (objetivos), políticas e programas da organização. As decisões estratégicas direcionam os resultados para aquilo que se tem como objetivo. Para ser possível atingir esses objetivos, critérios devem ser adotados, atendendo alguns fatores críticos que permitam um bom direcionamento. Na definição de estratégia, fomos apresentados a uma diferença entra a eficácia operacional e a estratégia, estando a eficácia operacional relacionada a um bom desempenho das atividades, mas que não é suficiente para manter a empresa em vantagem competitiva, pois acaba colocando as empresas em uma situação de similaridade umas entre as outras. Há, portanto, a necessidade de estabelecer as estratégias para que ocorra a busca pela diferenciação das organizações. Com isso, estudamos que a estratégia competitiva precisa ser única, diferente, gerando um valor exclusivo aos clientes, e permitindo a sustentabilidade da própria estratégia e da organização. Para que o processo de sustentabilidade ocorra, há a necessidade do ajuste, que irá tratar um conjunto de atividades interligadas, o que torna mais difícil de ser copiado pelos concorrentes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 As escolas da estratégia brevemente apresentadas demonstram que a estratégia pode ser aplicada de diferentes maneiras, e que as mensagens pretendidas com o processo estratégico podem ser bastante diferentes de acordo com cada uma dessas escolas. Com a evolução desses estudos, percebemos ainda que mesmo as escolas são utilizadas de um modo interligado e se confundem em alguns momentos. No entanto, há uma importância bastante grande por uma boa adoção de estratégias, pois irá trazer um conjunto sensato entre visão intuitiva e aprendizado emergente, para transformar os resultados da organização em meio às relações sociais e cooperativas, permitindo atingir os objetivos estabelecidos. Na Prática Caso de ensino: A empresa de RH do Sr. Elmar O Sr. Elmar atuou por muitos anos com recursos humanos em organizações privadas, tendo ocupado o cargo de gerente de RH em algumas delas. Na última empresa em que foi empregado, no ramo de transportes, atuou, além de com a gestão de RH, também com a gestão de sistemas e métodos. Quando recentemente havia completado seus 45 anos de idade, a organização teve uma mudança acionária, e a primeira ação que os novos acionistas realizaram foi substituir todo o quadro de gestores da organização, situação que obrigou Elmar a pensar em uma nova oportunidade profissional. Por indicação de um amigo e antigo colega de trabalho, que apresentou um empreendedor da área de RH a Elmar, iniciou-se uma jornada empreendedora. No entanto, a empresa de recrutamento e seleção, da qual naquele momento Elmar adquiria 50% da sociedade, estava com problemas de gestão, gerando uma grande dificuldade financeira. O grande desafio era buscar um meio para fortalecer a empresa, gerando vantagem competitiva e, assim, tornando-a lucrativa. Com mais de 150 empresas concorrentes na grande Curitiba, essa não Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 era uma tarefa fácil. Elmar teve de analisar o ambiente e definir algumas estratégias que proporcionassem a reversão do quadro apresentado. Inicialmente definiu como a empresa deveria estar em um prazo de quatro anos, qual o tamanho, volume de faturamento e lucratividade. Traçou os objetivos e estruturou a forma de realizar cada uma das atividades para chegar aos resultados pretendidos. Uma das dificuldades da organização evidenciada por Elmar era a falta de foco em suas atividades. O sócio fundador não definiu algum tipo de profissional ou ramo de negócios a atender, portanto a empresa tinha uma atuação ampla, mas sem a possibilidade de especialização em algo que lhe pudesse ser mais rentável. A segunda atitude de Elmar foi limitar as atividades da organização, definindo como público-alvo apenas as indústrias metalúrgicas, permitindo um maior entendimento dos profissionais a serem recrutados e selecionados pela empresa. Com a definição do foco de atuação e do público-alvo, Elmar articulou uma terceira ação quando se aproximou de dois de seus supostos concorrentes, estabelecendo uma parceria com estes, visando cooperação, uma vez que essas outras duas organizações atuavam com públicos-alvo diferentes. Assim, eles repassavam os contatos dos clientes, de acordo com o foco de atuação, melhor aproveitando os esforços de seus consultores de vendas. Essas três movimentações articuladas por Elmar fizeram com que os resultados da organização mudassem significativamente. Após oito meses, a empresa estava saindo do vermelho, e um ano e meio depois os resultados já indicavam que ultrapassariam o desempenho previsto bem antes do prazo estipulado de quatro anos. Protocolo de resolução da situação proposta Leia o caso acima e, com base no conteúdo e nos materiais já apresentados nesta rota, analise as questões propostas a seguir, buscando Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 ampliar seu conhecimento, propondo inclusive alternativas diferentes do que foi realizado pelos personagens do caso. 1. Identifique quais dos cinco P’s da estratégia podem ser observados nas realizações de Elmar. 2. Os P’s da estratégia foram inter-relacionados nas três adoções de Elmar. Explique como essa inter-relação foi positiva para proporcionar os resultados alcançados. 3. Em sua opinião, como os demais P’s da estratégia poderiam ter contribuído para salvar essa organização da situação em que se encontrava? 4. Pode-se afirmar que Elmar não dependeu só da eficácia operacional? Explique. Resolução do caso Dentre as diversas possibilidades de entendimento das teorias apresentadas nesta rota, o caso apresenta alguns elementos fundamentais a serem identificados em resposta às solicitações propostas. Procure identificar as seguintes situações: 1. Dos cinco P’s estudados, três são facilmente identificados no texto, sendo que o “Plano” aparece na primeira realização de Elmar, pois estipulou um planejamento anterior à execução das ações, buscando atingir objetivos específicos. (Mintzberg et al., 2006) O segundo P é o “Padrão”, descrito no momento em que Elmar buscou reduzir sua forma de atuação, especializandoa organização e reduzindo os esforços. A terceira ação está relacionada à “Posição”, quando as alianças foram firmadas, e os concorrentes potenciais se tornam aliados, cada um defendendo um nicho de mercado específico. 2. Dentro das propostas de inter-relação, está a condição de que a organização pode adotar estratégias que somem ao processo organizacional, não havendo necessidade de que apenas uma das definições seja adotada, pois elas se misturam e se completam. Pode-se afirmar sobre a positividade dessa inter-relação, pois Elmar talvez não conseguisse os mesmos resultados Pró-reitoria de EaD e CCDD 27 para a organização se tentasse aplicar apenas uma das definições apresentadas para estratégia. 3. A questão três propõe um exercício um pouco mais amplo, no qual os P’s referentes ao “Pretexto” e “Perspectiva” que não foram facilmente identificados no texto devem ser pensados como novas possibilidades para a empresa de Elmar. Procure imaginar como Elmar poderia ter criado meios para superar seus rivais utilizando um pretexto que colocasse sua organização à frente de uma situação; ainda, pensando em perspectiva, como ele poderia olhar para dentro de sua organização, olhando o mundo de maneira fixa, criando uma ideologia em torno de seus produtos ou serviços, lembrando que essa ideologia corresponde à criação de um “conceito” de produto ou serviço no mercado. 4. Como vimos na teoria, a eficácia operacional é necessária, mas não suficiente (Mintzberg et al., 2006). Ela corresponde a ter um bom desempenho nas atividades internas da organização, mas não garante que o desempenho será melhor do que o de suas rivais. Elmar extrapolou essa barreira da eficácia operacional, pois deixou de fazer o mesmo que os demais participantes do mercado, e buscou meios para ter seu próprio modelo de atuação, gerando um conjunto estratégico que gera vantagem competitiva e diferenciação. O caso ainda permite extrapolar as respostas apresentadas. Procure identificar mais situações, ou até mesmo exercite reescrevendo o caso, com outras possibilidades que Elmar pudesse ter adotado! Referências AZEVEDO, A. A terceirização como estratégia. 2011. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/a-terceirizacao-como- estrategia/56043/>. Acesso em: 15 out. 2015. BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva – conceitos e casos. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, Pró-reitoria de EaD e CCDD 28 2011. BINDER, M. P. Estratégias genéricas: posições discretas ou contínuas? ANPAD. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/3Es/3es_2003/2003_3ES56.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015. BRASIL, H. G. A empresa e a estratégia da terceirização. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, 1993. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v33n2/a02v33n2.pdf>. Acesso em: 15 out. 2015. CAVAGNOLI, I. Citação sobre gestão: Eficácia operacional não é estratégia. 2014. Disponível em: <http://gestaoeinovacao.com/citacao-sobre-gestao- eficacia-operacional/>. Acesso em: 14 out. 2015. CERTO, S. C. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. DINIZ, A. L. M. Estratégias de gestão e organização empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. DUARTE, R. Eficiência operacional não é estratégia. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/eficiencia-operacional- nao-e-estrategia/81187/>. Acesso em: 13 out. 2014. MARTINS, T. S.; GUINDANI, R. A. Estratégia e Competitividade. Curitiba: Intersaberes, 2013. MINTZBERG, H. et al. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. Pró-reitoria de EaD e CCDD 29 NOGUEIRA, C. S. Planejamento estratégico. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. PEREIRA, C. A. R. F. et al. Estratégia: uma revisão teórica. In: III SINGEP e II S2IS, 2014, São Paulo. Anais... São Paulo. Disponível em: <http://www.singep.org.br/3singep/resultado/465.pdf>. Acesso em: 14 out. 2015. STADLER, A. et al. Desenvolvimento gerencial, estratégia e competitividade. Curitiba: Intersaberes, 2012. v. 3. (Coleção Gestão Empresarial) Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Administração Estratégica Aula 2 Prof. Fernando Eduardo Kerschbaumer Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Olá, queridos alunos. Em nossos conceitos iniciais, começamos a compreender o que é estratégia, com suas diferentes definições e aplicações, e ainda contextualizamos a aplicação dessa estratégia no meio organizacional, com diferentes resultados que podem ser obtidos. A definição original para a estratégia era “a arte do estrategista”, justamente trazendo a importância que a personalidade e a visão do estrategista têm para a organização, e as mudanças possíveis com a substituição desse profissional. Diversos conceitos sobre o papel do gestor foram apresentados ao longo da história, descrevendo suas funções, e por vezes enfatizando mais ou até mesmo menos sua atuação como estrategista. Neste momento, vamos analisar melhor o papel do estrategista, compreendendo como as organizações entendem esse profissional, e como esse papel é fundamental para os resultados organizacionais. Estabelecer estratégias em uma organização não é uma tarefa simples que possa ser realizada sem conhecimento. A partir desse conceito, entender o papel do estrategista e as características que este deve possuir passa a ser extremamente importante para que os resultados organizacionais sejam atingidos. A fim de que possamos realmente compreender o papel do profissional, teremos de entender que, para obter mudança organizacional, é necessário mudar as pessoas que atuam nela, permitindo assim atingir resultados diferentes. Alguns padrões de comportamento podem ser identificados, e indicam tendências de resultados para as organizações. Ao longo do nosso conteúdo, abordaremos as principais características apresentadas pela ciência, para entender o papel e o comportamento do estrategista. Ao gerente podem ser atribuídas as funções de orientar para a ação, Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 liderar e motivar equipes, atuar de maneira política para pressionar em busca de resultados, construir uma organização de aprendizado, promover o pensamento sistêmico ou atuar em nível intermediário na organização. Todos esses modelos são apresentados como resultados de estudos, mostrando visões diferentes sobre o estrategista, as quais caracterizam que diferentes pessoas irão conduzir a organização a diferentes resultados. Assim, percebendo a importância do estrategista, poderemos entender o papel de liderança necessário, bem como a demanda pela construção de organizações de aprendizado. Contextualizando Você já conseguiu identificar qual o papel do estrategista? A resposta não é tão óbvia como: “Estabelecer a estratégia para atingir os objetivos da organização”. Para que entendamos melhor o papel do estrategista, o ideal é que possamos compará-lo a outros profissionais, para que, então, fique claro o papel que ele desempenha nas organizações. O estrategista é responsável por ter uma visão além daquilo que é tangível. Ele precisa conhecer perfeitamente o mercado, interpretar as tendências geradas ao longo do tempo, buscar alternativas e estabelecer critérios para que os objetivos sejam atingidos. E na prática? Como as organizações estão se saindo com suas estratégias? Quais as dificuldades que enfrentam com a situação econômica de nosso país? Precisamos lembrar que o ambiente é dinâmico, portanto os desafios estão sempre presentes. Pesquise Para melhor entendimento sobre o estrategista e seu papel na organização,alguns questionamentos auxiliam no processo de criação do conhecimento sobre a importância desse profissional. Qual é a função do Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 gerente nas organizações? Porque as organizações precisam de gerentes artistas, artesãos ou tecnocratas? Qual a influência de decisões políticas para as organizações? O que são organizações de aprendizado? Qual a necessidade de gerentes intermediários nas organizações? Tema 1: O Trabalho do Gerente Os diferentes estudiosos e pesquisadores da administração nos apresentam diversas explicações sobre a função do gerente nas organizações, sendo que alguns falam que estes são executores, outros, que são pensadores, há os que argumentam que eles são controladores, e ainda os que defendem que são realmente líderes. Parte desses conceitos é verdadeira, mas há certo folclore neles. Talvez, ainda, a junção dessas diversas funções irá trazer maior clareza sobre o papel do gerente, e aí deve ser separado o que realmente é fato e o que é folclore. (Mintzberg et al., 2006) Ainda em seus relatos, Mintzberg (2006) busca apresentar alguns itens que diferenciam fatos e folclore sobre o papel do gerente, conforme segue: Folclore Fato O gerente é um planejador reflexivo e sistemático. Estudos mostram que os gerentes trabalham em ritmo incansável, que suas atividades são caracterizadas por brevidade, variedade e descontinuidade, e que eles são fortemente orientados para a ação e não gostam de atividades reflexivas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 O gerente eficaz não tem obrigações regulares a cumprir. Além de lidar com exceções o trabalho gerencial envolve o cumprimento de diversas obrigações regulares, incluindo rituais e cerimônias, negociações e processamento de informações que conectam a organização ao seu ambiente. O gerente sênior precisa de informações agregadas, que devem ser disponibilizadas por um sistema formal de informações gerenciais. Os gerentes favorecem muito a mídia verbal, ou seja, chamadas telefônicas e reuniões. Gestão é, ou pelo menos está se tornando rapidamente, uma ciência e uma profissão. Os programas dos gerentes – para organizar tempo, processar informações, tomar decisões, etc. – permanecem encerrados dentro da cabeça deles. Fonte: Mintzberg et al. (2006) Para chegar aos fatos, o autor apresenta diversos resultados de pesquisas e entrevistas realizadas, que buscam aferir o que está sendo por fim definido como folclore. Com esses resultados, evidencia-se que o trabalho do gerente é, sim, complicado e difícil, e que gira em torno da sobrecarga de obrigações, com baixa possibilidade de delegação. Quando desdobradas as funções gerenciais, torna-se mais fácil compreender de dentro para fora o papel assumido pelo estrategista, a partir de uma condição central, ou seja, a pessoa, até chegar no núcleo da responsabilidade, conforme a seguir: Desdobramento da função gerencial Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 1- A pessoa que exerce o cargo: o indivíduo que já possui um conjunto de valores estabelecidos, experiências, habilidades e competências, que geram uma base de conhecimento, que pode ser convertido em modelos mentais; 2- A estrutura do trabalho: consiste na aplicação da pessoa na tarefa gerencial, sendo que a estrutura vem dos conhecimentos aplicados; 3- O Programa de trabalho: programa, ou programação, está relacionado a agenda, o conjunto de tarefas ou questões que exigem atenção; 4- O núcleo no contexto: como núcleo define-se o ambiente ou o contexto de responsabilidade da tomada de decisão do gerente, caracterizado pelo ambiente interno, que é a unidade que está sendo gerenciada; o ambiente interior, que é o restante da organização; e o externo que é o restante do contexto, composto pelos demais atores do mercado; Fonte: Mintzberg et al. (2006) A partir desses conhecimentos bem estabelecidos, surge a administração em três níveis, ou seja, administrar a ação, administrar as pessoas e administrar a informação. Deve ocorrer um equilíbrio entre esses três níveis. Geralmente o perfil do gestor faz com que algum dos três níveis seja favorecido, sendo que os “executores” preferem a ação, os “líderes”, o nível de pessoas, e os “administradores”, a informação. Quando se administra por informação, o gerente processa as informações para conduzir as pessoas que devem adotar as ações necessárias para que os objetivos sejam atendidos. Há demanda pelos processos de comunicação, que se referem aos meios de coleta e disseminação de informações, e controle, que se refere ao uso diretivo para fazer com que surtam os efeitos desejados. O processo de controle utilizado na administração por informação é realizado basicamente com o desenvolvimento de sistemas, a projeção de estruturas e a imposição de diretrizes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Na administração por meio de pessoas, se está um passo mais perto da ação, porém o foco ainda é afeto e não efeito. Surge, nesse momento, a demanda por motivar, ou dotar as pessoas de poder. Nesse momento, começou-se a trabalhar o processo de influência, e diversas literaturas passaram a ser abordadas sobre o processo de relações humanas, sobre a Teoria Y e sobre administração participativa. O papel da chefia surge, e passa a ter bastante relevância. O processo de chefiar inicia-se com um nível individual, depois se passa a chefiar em grupos, quando montam equipes e, por fim, chega-se à chefia em nível de unidade, cujo propósito é a criação de cultura dentro da organização. Já o nível de ação gerencial é o processo em que o gerente administra de maneira ativa e instrumentalmente por meio de envolvimento direto com a ação. Portanto, temos um papel de executor que, no entanto, apenas significa que o gestor está diretamente envolvido no processo de mandar fazer o trabalho, e por esse contexto está diretamente mais perto da ação. A execução interna na organização tem a ver com o processo de mudança em si, resolvendo problemas e evitando crises. Já a execução externa se relaciona com a negociação e acordos. É importante perceber que de alguma forma o processo todo se liga novamente com as pessoas e as informações. Para que ocorra um balanceamento do trabalho do gestor, é necessário entender todo o contexto de possibilidades desse papel, e assim ponderar os meios de ação. É importante que isso ocorra de maneira bilateral, transpondo as barreiras entre os três níveis, vindo de dentro para fora da organização, e também indo de fora para dentro, passando por ação, pessoas e informação. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 O método de atuação vindo de dentro para fora (informações, pessoas e ações) é considerado dedutivo, pois usam informações para conduzir as pessoas e praticar as ações. Já o método trabalhado de fora para dentro (ações, pessoas e informações) possui caráter intuitivo, pois fará experimentações para obter experiência e, assim, interpretar os resultados para adaptar suas ações seguintes. Importante é percebermos que o trabalho do gerente dentro das organizações não é algo tão diretamente definido, e que os diferentes estilos de liderança, por utilizarem essas diferentes possibilidades de gestão, irão influenciar diretamente nos resultados obtidos pela organização. Tema 2: Artistas, Artesãos e Tecnocratas Agora que entendemos um pouco sobre o papel do gerente e podemos perceber a importância das diferentes formas de gerenciar, é possível perceber que a mudança no resultado de uma organização está diretamente ligada às pessoas? Nesse contexto é que se apresentam três modelos de comportamento dos gestores nas organizações, sobre os quais se defende que eles fazem parte do indivíduo, e, por isso, se trocarem as pessoas, a corporação será transformada. O primeiro desses perfis é o do tecnocrata, descritocomo controlado, conservador, sério, analítico, objetivo, intenso, determinado, cerebral, metódico e meticuloso. Usualmente ele é racional demais, busca analisar o histórico e manter um conservadorismo. Em segundo, temos o artista, que é muito o oposto do perfil anterior, é pouco detalhista, não especifica bem as ações, corajoso, audacioso, fascinante, volátil, intuitivo, empreendedor, inspirador, imaginativo, imprevisível e divertido. Chega a ser um pouco “lunático”, pois acaba tendo uma atuação considerada por outros como maluca. Por fim, o artesão, conservador, arraigado à tradição, enxerga a Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 organização como algo durador, recebe a confiança das pessoas, é considerado sábio, amável, humano, honesto, franco, responsável, confiável, razoável, mente aberta e realista. O que realmente difere o artesão do tecnocrata é a visão e a valorização das pessoas. A figura a seguir demonstra esses estereótipos gerenciais. Figura 1 - Estereótipos Gerenciais Fonte: Mintzberg et al., 2006. Os três modelos são bastante diferentes e conflitantes em ação e resultados, apresentando ideias distintas sobre os problemas e os meios para solução. Em alguns estudos realizados durante os anos 1980 e 1990, Mintzberg cita a tendência à substituição de artistas e artesãos pelos tecnocratas. Isso mudou a visão da estratégia da organização para a lucratividade, o que é extremamente superficial, e fez perder a visão que o artista empregava, perdendo sua humanidade com a ausência do artesão. Esse triunfo do tecnocrata deve-se principalmente à sua capacidade de Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 fazer as pessoas se sentirem seguras, usando as regras da lógica, da boa prática empresarial, administração modelo, administração participativa, administração com qualidade total e as novas regras da globalização e das alianças estratégicas. Essa segurança, portanto, vinha do racionalismo, do equilíbrio, do processo metódico apresentado em gráficos e relatórios. Dentro do conceito narcisista, aparece a suposição de que estamos em um tempo de descontinuidade, em que as antigas formas de fazer as coisas já não servem mais, obrigando as organizações a aprender de maneira rápida e contínua. Para o processo de aprendizado, três modelos são tratados, desde o processo que conta com o visionário, que irá indicar um caminho totalmente diferente daquilo que já é conhecido, caracterizando o aprendizado descontínuo, ou imaginativo. Outro modelo é quando as descobertas são transformadas, estruturadas, modeladas para serem utilizadas, ou seja, esse modelo caracteriza-se como um aprendizado contínuo ou diário, no qual as ideias vão sendo aprimoradas ao longo do tempo. O terceiro modelo de aprendizado é decorrente do velho conhecimento, dos livros e trabalhos científicos. Nesse modelo não sé exigida a prática ou o discernimento. As críticas aos modelos surgem quando não faz sentido não ter imaginação, pois assim não ocorre a inovação, caracterizando as organizações como simples imitadoras da concorrência. Por fim, surge a necessidade de visão, continuidade e controle. Nesse momento, a liderança entra em cena para fazer com que o processo funcione na organização. Diversos elementos, entretanto, dificultam todo o andamento desses modelos nas organizações, principalmente pelo fato de as pessoas se comportarem de maneira diferente, e não virem com uma personalidade tão formada e completa como os modelos dos artistas, artesãos e tecnocratas. Assim, nas organizações, há grande dificuldade para o gerenciamento, Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 em razão do comportamento das pessoas, o que gera dificuldades de planejamento em um ambiente completamente instável. A organização precisa, portanto, de artistas, artesãos e tecnocratas em uma dose certa, ou ideal, o que certamente é um desafio. Tema 3: Bons Gerentes Não Tomam Decisões Políticas Você sabe quais características em comum os executivos bem sucedidos apresentam? Muitas são as ilusões, caricaturas e mitos apresentados pelas teorias, pois poucos são os que têm a oportunidade de atingir níveis máximos de resultados dentro da administração. No entanto, o que se afirma é que uma combinação de atos deve ocorrer, lembrando que as teorias dos livros e artigos não possuem a vida que o trabalho do gestor possui. Portanto, Mintzberg et. al (2006) apresenta cinco habilidades ou talentos comuns nos executivos bem-sucedidos, e que, portanto, tornam-se relevantes. São elas: Manter-se bem informado: O gestor não poderá ser detentor de todas as informações sobre todos os processos dentro da organização, portanto precisa criar uma rede com elementos que dominem cada uma das especialidades necessárias para o bom entendimento do contexto. Focando tempo e energia: O bom entendimento sobre as tarefas que possui, buscando identificar aquelas que trarão maior impacto a longo prazo para a organização, irá proporcionar ao gestor a possibilidade de selecionar as atividades às quais realmente dedicará seu tempo e energia, uma vez que possui capacidade limitada de atuação. As demais tarefas serão delegadas para pessoas treinadas, e ele irá apenas se manter informado e dar o aceite sobre as questões apresentadas. Jogando o jogo do poder: Neste aspecto, entra o cuidado entre impor suas ideias e propostas e a demanda pelo reconhecimento das necessidades das pessoas da organização, a fim de que o apoio obtido para a Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 sequência das atividades realmente possa proporcionar os resultados esperados. Isso coloca o bom senso de oportunidade como um elemento fundamental para o gestor, pois ele deve absorver as demandas das diversas pessoas envolvidas com a organização, além de identificar as metas que realmente lhe interessam, articulando sua atuação, evitando, assim, que as pessoas se tornem bloqueios para os programas ou projetos. A arte da imprecisão: Muito embora o gerente bem-sucedido nem sempre tenha um conjunto de objetivos bem definidos, uma habilidade importante que ele deve ter é a de convencer a organização de que existe, sim, um senso de direção, pois os objetivos que ele visualiza são responsáveis por conduzir seus pensamentos para entender melhor o contexto do ambiente da organização. Ele declara os objetivos da organização de uma maneira sempre subjetiva, ou indireta, nunca sendo totalmente claro na definição. Considera impossível estabelecer esses objetivos específicos em um ambiente dinâmico, onde a estratégia corporativa precisa ser constantemente revisada. Com essa falta de clareza, ele conduz o público e os acionistas a acreditar que a organização tem um conjunto de objetivos bem definidos, com senso de direção claro. No entanto, ele sabe e sente as ameaças que circundam a empresa. Administrar sem tomar decisões políticas não significa que as organizações operem sem política. As políticas são aquelas que surgem com o tempo, por meio de um conjunto de decisões operacionais. Misturando objetivos: O gestor entende que empurrar pacotes ou programas completos dentro da organização nem sempre é a melhor alternativa, e está disposto a aceitar a parcialidade para progredir em relação a suas metas. Ele irá buscar identificar as relações entre as partes para identificar as oportunidades de combinação e reestruturação. Assim, o gerente analisa a proposta total, ou algumas das partes da Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 proposta, verifica como ela no todo ou em partes será recebida nos grupos da organização, e como ela se relaciona aos programas já em processo ou recentemente propostos, para conduzir sua tomada de decisão. Tema 4: O Novo Trabalho do Líder: Construir Organizações de Aprendizado Voltamos a tratar neste tema um pouco sobre organizações de aprendizado. E agora, vocêse arrisca a definir o que são organizações de aprendizado? Lembre-se: Somos seres humanos e fomos feitos para o aprendizado (lembre-se das crianças em sua evolução). As organizações são feitas de pessoas, portanto possuem a característica de aprender. Parte desse potencial de aprender vem sendo perdido em modelos errados de gestão, como o exemplo em que somos ensinados a dar a resposta certa, para evitar erros. A busca pela aprovação das pessoas nos faz reduzir os esforços, ou criar condições menos favoráveis para o desempenho. Um desempenho superior depende de aprendizado superior, e vem sendo foco de estudo das organizações para proporcionar melhores resultados. Nesse contexto, temos o aprendizado adaptável, que está relacionado à cópia, ou a elementos naturais, e o aprendizado gerador, que exige formas diferentes de agir e enxergar as coisas. Assim, surge o novo trabalho do líder, que passa a ter um papel menos carismático e mais voltado aos conceitos de projetistas, professores e administradores. Deve construir visão compartilhada, desafiar os modelos mentais, promover pensamento sistêmico. Os líderes são, portanto, responsáveis por construir organizações, por Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 meio do aprendizado. Para proporcionar resultados, o líder deve utilizar a tensão criativa, ou princípio integrador, que envolve entender claramente aonde se quer chegar (a visão) e onde se está (realidade atual). O espaço entre essas duas situações gera uma tensão natural. Segundo Mintzberg et. al (2016), A tensão criativa pode ser resolvida de duas maneiras básicas: levando a realidade atual em direção à visão, ou trazendo a visão para a realidade atual. Pessoas, grupos e organizações que aprendem como lidar com a tensão criativa aprendem como usar a energia que ela gera para mover a realidade de forma mais confiável em direção a suas visões. Esse processo não se identifica como solução de problemas, pois na solução de problemas os esforços são medidos para sair de uma situação indesejável atual, e, na tensão criativa, os esforços se medem para mudar o cenário entre a situação atual, a fim de chegar na visão que se elaborou. Novos papéis Nesse contexto apresentado, começa a surgir a demanda por criatividade e motivação, que permita construir uma Cultura Organizacional e moldar sua evolução. Surgem então três papéis distintos do líder, apresentados a seguir: Líder como projetista – Neste papel, deve-se levar em conta o processo criativo e de planejamento. O projetista é aquele que criou a estrutura que permite atingir os resultados que estavam sendo buscados. Esse papel tem essencial importância uma vez que gira em torno de objetivo, visão e valores básicos da organização. Líder como professor – Ter um papel de líder como professor significa buscar meios para ajudar a todos na organização, inclusive a si mesmo, a fim de que se possa obter uma melhor visão da realidade atual. Está ligado à busca pelos modelos mentais que as pessoas possuem sobre as questões, gerando meios que facilitem o processo de entendimento. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 Líder como administrador – É tido como o papel mais sutil da liderança, pois basicamente se resume a uma questão de atitude crítica. Eles se sentem parte de um objetivo mais amplo, e parte da mudança, e com isso usam de sua convicção para liderar, gerando mais satisfação pessoal e sucesso organizacional até do que as outras formas de liderança. Fonte: Mintzberg et al. (2006) Novas habilidades Para atuar com esses novos modelos de liderança, tanto os líderes como todas as pessoas envolvidas na organização devem desenvolver algumas habilidades que permitem o desenvolvimento da liderança. - Construir visão compartilhada – Uma visão individual não traz resultados para a organização, o compartilhamento da visão permite que as diversas peças sejam aproveitadas de modo a ampliar os resultados gerais. Para desenvolver a visão compartilhada, as seguintes habilidades são incluídas: encorajar a visão pessoal; comunicar e pedir suporte; encarar a visão como um processo contínuo; misturar visões extrínsecas e intrínsecas; e distinguir visões positivas de visões negativas. - Trazer à tona e testar modelos mentais – Um das grandes razões das melhores ideias não serem colocadas em prática nas organizações está associada aos modelos mentais não serem iguais às iniciativas tomadas. Para reduzir essa falta de aproveitamento dos modelos mentais, algumas habilidades devem ser desenvolvidas: enxergar falhas de abstração; equilibrar pesquisa e defesa; distinguir teoria adotada da teoria em uso; e reconhecer e enfraquecer as rotinas defensivas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 - Pensamentos sistêmicos - O papel do líder também está ligado a facilitar com que todos possam entender o quadro geral, como esse processo torna-se nem sempre tão fluente, as habilidades que são sugeridas para o melhor desenvolvimento são: ver inter-relações, não coisas – processos, não imagens isoladas; mover-se para além da culpa; separar complexidade de detalhes de complexidade dinâmica; focar-se em áreas de alta alavancagem; e evitar soluções sintomáticas. Fonte: Mintzberg et al. (2006) Lembre-se, entretanto, de que essas habilidades devem ser desenvolvidas em todo o ambiente organizacional, portanto se o líder não conseguir transmitir às pessoas da organização, os resultados não serão satisfatórios. Tema 5: Em Louvor ao Gerente Intermediário Os gerentes intermediários, por conotarem um processo de mediocridade e por gerarem um processo de resistência, em virtude de se manterem nesse contexto de médio, defendendo esse status, aparecem em muitas teorias como condenados a um processo de extinção, por não conotar uma agregação de valor para a organização, olhando para o crescimento. No entanto, o valor das contribuições desses gerentes é bastante alto, ainda mais considerando que eles preenchem um espaço não absorvido pelos gerentes seniores. Claro que nem todos os gerentes dão a contribuição que realmente é esperada deles, no entanto, o gerente intermediário irá facilitar nos processos de mudança organizacional. O gerente intermediário apresenta quatro forças que se destacam nesse papel, sendo elas: o empreendedor; o comunicador; o terapeuta; e o acrobata. (Mintzberg et al., 2006) O empreendedor – Esta força indica que o gerente intermediário tem ideias empreendedoras, que precisam ser ouvidas e colocadas em prática. Por estarem em um papel mais próximo das operações, dos clientes e dos funcionários, eles conseguem entender melhor quais os problemas da Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 organização. Conseguem visualizar novas possibilidades, gerando uma diversidade de ideias criativas que permitem mudar ou fazer a organização crescer. O Comunicador – Por sua condição de nível de trabalho, possuem facilidade para articular as redes informais que possibilitam as mudanças. A maioria dos problemas nas mudanças ocorre no processo de implementação, que exige comunicação clara e convincente. Como muitos gerentes intermediários subiram a esse nível, vindos de níveis operacionais, torna-se muito mais fácil o processo de comunicação, em razão de suas redes sociais. Conhecem quem faz, e quais as formas para convencer a fim de que as coisas sejam feitas. O Terapeuta – Como o medo está diretamente atrelado ao processo de mudança, essa proximidade do gerente intermediário com os níveis inferiores da organização permite uma conexão com a necessidade emocional dos funcionários. Eles sabem como lidar com o bem-estar emocional dos funcionários nesse cenário. O moral pode ser reduzido e a ansiedade pode ser gerada, resultando em depressão ou paralisia quando a incerteza da mudança não é controlada. O aprendizado e a adaptação, ou a capacidade de
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