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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: BIOMECÂNICA OCUPACIONAL AUTORIA: Dra. Fernanda Flávia Cockell Dr. Daniel Perticarrari Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Biomecânica Ocupacional Autoria: Dra. Fernanda Flávia Cockell Dr. Daniel Perticarrari Primeira edição: 2008 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Neste módulo você irá estudar o organismo humano e suas principais funções que interessam à ergonomia. Você aprenderá como as disciplinas antropometria, biomecânica ocupacional e fisiologia contribuem para a construção da Ergonomia. Você conhecerá como o corpo humano reage a condições desfavoráveis. Como trabalham os olhos, ouvidos, músculos, articulações, tendões, coluna vertebral e outros órgãos sensoriais em situações extremas de trabalho. Aprenderá os limites do corpo humano e como é fundamental para a ergonomia evitar a fadiga e sobrecarga do trabalhador. Todas as unidades são voltadas para as características do corpo relacionadas com a capacidade de trabalho. Lembre-se que o ser humano é bem mais complexo, entretanto, após o término deste módulo você será capaz de avaliar como o corpo humano se comporta em cada situação específica de trabalho. Os textos básicos e complementares são os principais materiais didáticos utilizados no desenvolvimento do módulo. Outros recursos irão auxiliá-lo no estudo do corpo humano no trabalho, como figuras, tabelas, organogramas e vídeos. Dedique-se à leitura dos textos complementares e assista aos vídeos indicados, buscando aprofundar seus conhecimentos sobre cada assunto. Bons estudos! Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Objetivo Qualificar profissionais de diversas áreas para avaliar como o corpo humano se comporta em cada situação específica de trabalho. Ementa O corpo humano e suas principais características essenciais para a ergonomia: o sistema músculo-esquelético, sistema nervoso, sistema circulatório, sistema respiratório, audição, visão e demais sentidos. O metabolismo basal, o gasto energético em diferentes tipos de trabalho, o controle da temperatura corporal e as influências do ambiente de trabalho. Os fundamentos da biomecânica ocupacional, sua história, formas de análise das forças internas e externas que atuam no corpo humano, planos de análise e sua relação com o meio ambiente. Medidas antropométricas, dimensionamento de espaço de trabalho, zonas de alcance e tipos de alavancas. O mito da postura ideal, as diferentes posturas no trabalho e o trabalho em computador. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 Sobre o Autor Dra. Fernanda Flávia Cockell Doutora em Engenharia de Produção (Saúde e Trabalho) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – SP, 2008; Mestre em Engenharia de Produção (Ergonomia) pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – SP, 2004; Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, 2001. Desenvolveu pesquisas na área de ergonomia junto à UFMG, FUNEP e UFSCar. Atualmente, participa de projeto de pesquisas na UFSCar e UNICAMP, nas áreas de Sociologia do Trabalho e Saúde do Trabalhador. Tem experiência em treinamentos, comitês de ergonomia e projetos de intervenção ergonômica nas empresas: UNILEVER, Telemig Celular, Multibrás (Brastemp), SOICOM, CRB, Johnson & Johnson, PMMG, Companhia Mineira de Metais, entre outras. Dr. Daniel Perticarrari Pós-Doutorado pela UNICAMP – Faculdade de Educação; Doutor em Sociologia Industrial e do Trabalho pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – SP, 2007; Mestre em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP, 2003; Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, 1999. Desenvolveu e desenvolve projetos de pesquisa científica junto à UFSCar, UNICAMP, e Cardiff University – Inglaterra. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 SUMÁRIO UNIDADE 1 ....................................................................................................... 9 O corpo Humano............................................................................................. 9 UNIDADE 2 ..................................................................................................... 17 Sistema Músculo-esquelético ....................................................................... 17 UNIDADE 3 ..................................................................................................... 24 Sistema nervoso ........................................................................................... 24 UNIDADE 4 ..................................................................................................... 31 Sistema circulatório ....................................................................................... 31 UNIDADE 5 ..................................................................................................... 38 Sistema Respiratório ..................................................................................... 38 UNIDADE 6 ..................................................................................................... 44 Metabolismo ................................................................................................. 44 UNIDADE 7 ..................................................................................................... 51 Temperatura Corporal ................................................................................... 51 UNIDADE 8 ..................................................................................................... 57 Biomecânica Ocupacional ............................................................................. 57 UNIDADE 9 ..................................................................................................... 62 Planos e Eixos Corporais .............................................................................. 62 UNIDADE 10 ................................................................................................... 70 Movimentos corporais ................................................................................... 70 UNIDADE 11 ................................................................................................... 79 A Postura no trabalho ................................................................................... 79 UNIDADE 12 ................................................................................................... 84 Modelo de ser humano .................................................................................84 UNIDADE 13 ................................................................................................... 90 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 O mito da postura correta ............................................................................. 90 UNIDADE 14 ................................................................................................... 95 Antropometria ............................................................................................... 95 UNIDADE 15 ................................................................................................. 101 Variabilidade das medidas .......................................................................... 101 UNIDADE 16 ................................................................................................. 109 Trabalho Muscular ...................................................................................... 109 UNIDADE 17 ................................................................................................. 117 Fadiga Muscular ......................................................................................... 117 UNIDADE 18 ................................................................................................. 121 Coluna Vertebral ......................................................................................... 121 UNIDADE 19 ................................................................................................. 129 Membros superiores ................................................................................... 129 UNIDADE 20 ................................................................................................. 140 Punhos, mãos e dedos ............................................................................... 140 UNIDADE 21 ................................................................................................. 147 Pega manual ............................................................................................... 147 UNIDADE 22 ................................................................................................. 158 Manuseio de carga ..................................................................................... 158 UNIDADE 23 ................................................................................................. 164 Trabalho pesado ......................................................................................... 164 UNIDADE 24 ................................................................................................. 170 Trabalho em altas temperaturas ................................................................. 170 UNIDADE 25 ................................................................................................. 174 Postura em pé ............................................................................................ 174 UNIDADE 26 ................................................................................................. 181 Postura sentada .......................................................................................... 181 UNIDADE 27 ................................................................................................. 187 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 Trabalho no computador ............................................................................. 187 UNIDADE 28 ................................................................................................. 195 Visão ........................................................................................................... 195 UNIDADE 29 ................................................................................................. 203 Audição e trabalho ...................................................................................... 203 UNIDADE 30 ................................................................................................. 209 Vibração ..................................................................................................... 209 GLOSSÁRIO ................................................................................................. 216 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 235 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 UNIDADE 1 O corpo Humano Objetivo: Conhecer o corpo humano e suas principais características essenciais para a ergonomia. Corpo Humano O corpo humano é a estrutura total e material do organismo humano. O corpo humano é formado por um conjunto de sistemas e órgãos que são inter- relacionados, ou seja, dependem uns dos outros, responsáveis por mantê-lo em funcionamento durante toda vida humana. Cada sistema e cada órgão são responsáveis por determinadas atividades e funções. Existem várias ciências que estudam o corpo humano, entre elas: A Anatomia humana é a ciência da estrutura do corpo. Origina das palavras gregas ana = em partes e tome = cortes. A Fisiologia é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas do corpo humano. A Cinesiologia é a ciência que tem como enfoque a análise dos movimentos do corpo humano. Origina das palavras as kínesis = movimento e logos = tratado, estudo A Biomecânica é ciência que estudo a mecânica do corpo humano. Faz parte da Biofísica. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 Tecidos corporais Tecido é um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, separadas ou não por líquidos e substâncias intercelulares, que realizam determinada função num organismo multicelular. O primeiro tecido que você irá aprender é o Tecido Ósseo (formado por células ósseas). Esqueleto De acordo com o livro de Anatomia do Gardner (1998), o nosso esqueleto é formado por ossos e cartilagem. A cartilagem é um tecido elástico e flexível, branco ou acinzentado, aderente às superfícies articulares dos ossos. – É liso e resistente, atuando como protetor das estruturas ósseas, amortecedor de choques e redutor do atrito. Os ossos do corpo humano variam de formato e tamanho, sendo o maior deles o fêmur, que fica na coxa, e o menor o estribo que fica dentro do ouvido médio. O esqueleto tem como função: • Sustentar e dar forma ao corpo; • Proteger determinados órgãos vitais, como, por exemplo, o cérebro, que é protegido pelo crânio, e também os pulmões e o coração, que são protegidos pelas costelas e pelo esterno; • Arcabouço de alavancas – os ossos formam alavancas que acionadas pelos músculos permitem o movimento do corpo humano; • Fabricar algumas células sanguíneas através da medula óssea; • Acumular íons de cálcio e fósforo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 O esqueleto de um indivíduo adulto é formado por 206 ossos. Observe na Figura 1, os principais ossos do corpo humano. Figura 1 Curiosidade: algumas pessoas possuem 207 ossos, trata-se de uma costela extra. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 Tipos de ossos • Ossos longos: Têm o comprimento maior que a largura e a espessura. Ex: fêmur, tíbia, rádio, ulna. • Ossos curtos: Têm equivalência em todas as suas dimensões. Ex: ossos do carpo e ossos do tarso. • Ossos sezamóides: Todo o osso que se desenvolve no interior de alguns tendões. Ex: patela. • Ossos laminares ou planos: Têm o comprimento e a largura maior que a espessura. Ex: escápula, ilíaco, costelas, etc. • Ossos irregulares: Não têm equivalência em nenhuma de suas dimensões. Ex: vértebras, sacro, etc. • Ossos pneumáticos: Todo o osso que tem ar em seu interior. Ex: crânio, frontal, esfenóide, maxilar, etc. Com o envelhecimento,pode ocorrer a osteoporose. A Osteoporose caracteriza-se quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente e desenvolve ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas. Faz parte do processo normal de envelhecimento e é mais comum em mulheres que em homens. Junturas e Articulações Popularmente, juntura significa lugar no qual duas coisas se mantêm juntas. A juntura é a conexão existente entre quaisquer partes rígidas componentes do esqueleto. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos. As articulações permitem: • Distribuição das cargas da articulação por uma área maior; • O movimento dos ossos com o mínimo de fricção e desgaste As extremidades de algumas articulações são recobertas por cartilagem. Outras articulações também possuem um revestimento (membrana sinovial) que as envolve, formando uma cápsula articular. As junturas podem ser classificadas de acordo com sua estrutura em: • Juntura fibrosa - os ossos são unidos por tecido conjuntivo fibroso. Possuem pequenos ou movimentos nulos. Exemplos: suturas do crânio, o dente no alvéolo; • Juntura Cartilaginosa - os ossos são unidos pela cartilagem. Exemplos: corpos das vértebras; • Juntura Sinovial - possui um espaço entre os ossos (bolsa sinovial) e um líquido chamado de sinóvia ou bolsa sinovial, capaz de minimizar o atrito. Permite maior ou menor liberdade de movimento. As articulações sinoviais podem ser classificadas de acordo com o eixo de movimento: • Uniaxial - articulação se move num eixo só: 1 eixo com 2 movimentos: o Gínglimo ou articulação em dobradiça (permite extensão e flexão): falanges, cotovelo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 o Gínglimo ou dobradiça atípica (pequena rotação): joelho o Trocóide ou pivô (permite movimento de rotação, onde um osso desliza sobre outro fixo): articulações rádio-ulnar e atlanto-axial. o Plana ou artródia (deslizamento para frente e para trás): articulações dos ossos carpais e tarsais, articulação da mandíbula. • Biaxial - articulação se move em dois eixos: 2 eixos com 4 movimentos: o Condilar ou elipsóide (extremidade côncava em contato com outra convexa, limitando o movimento): articulações atlanto-occiptal e entre o punho e o carpo. o Selar (relacionamento de extremidades de igual curvatura, permitindo a circundação): articulação carpo-metacarpal do polegar. • Triaxial -articulação se move em três eixos: 3 eixos com 6 movimentos. Exemplo: articulação do quadril; • Poliaxial - articulação se move em mais de três eixos. Exemplo: articulação do ombro. As articulações móveis são unidas por ligamentos, conforme você pode observar em detalhe a articulação do joelho representada na Figura 2 (Fonte: Revista invicto, 2007). Figura 2 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 Ligamentos O ligamento é um feixe de tecido fibroso que une entre is duas cabeças ósseas de uma articulação. Desempenha as seguintes funções: • Auxilia na estabilidade da articulação; • Conecta os ossos; • Controla e limita os movimentos - impede movimentos em planos indesejados; • Auxilia o suporte de cargas de tensão. Curiosidade: Quem nunca ouviu falar de ligamentos? No futebol é comum a lesão dos ligamentos do joelho, principalmente, do ligamento cruzado anterior. O ortopedista Moisés Cohen afirma que a cada seis segundos o jogador de futebol faz um movimento inesperado. Segundo ele, as articulações e músculos foram feitos para mexer, mas o ser humano ultrapassa os limites de movimentação do seu corpo e aí ocorrem as lesões. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 Dica 1: Acesse os sites abaixo e saiba mais detalhes e informações sobre: a) O corpo humano, seus principais órgãos e sistemas: http://www.webciencia.com/11_00menu.htm Dica 2: b) O esqueleto e seus ossos: http://www.afh.bio.br/sustenta/sustenta1.asp Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 UNIDADE 2 Sistema Músculo-esquelético Objetivo: Diferenciar as principais estruturas do sistema músculo-esquelético. Nesta unidade você irá estudar a anatomia e fisiologia do sistema músculo-esquelético, fundamental para a avaliação dos movimentos humanos em situações de trabalho. Durante a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), você precisará analisar os tipos de movimentos realizados pelos trabalhadores, tais como flexão, extensão, rotação, abdução, adução e os limites de cada movimento. Entretanto, é fundamental estudar, primeiramente, o sistema músculo-esquelético e os eixos corporais. O sistema músculo-esquelético é formado pelo esqueleto, pelos músculos, tendões, ligamentos e outros componentes das articulações. Este sistema é responsável pelo movimento humano. O sistema muscular é constituído por tecidos musculares, formados por células especializadas chamadas fibras musculares. Fibras Musculares As fibras musculares são especializadas em contrair e realizar movimentos, em resposta a um estímulo nervoso, transmitido através dos nervos. As fibras musculares podem ser do tipo: • Lisas – fibras presentes em diversos órgãos internos (tubo digestivo, bexiga, útero) e também na parede dos vasos sanguíneos; • Cardíacas – fibras presentes no coração; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 • Esqueléticas ou estriadas – fibras presentes nos músculos. Os músculos esqueléticos se prendem aos ossos e por intermédio dos tendões movimentam o corpo, sendo responsáveis pela contração e relaxamento dos músculos, pela postura corporal e auxiliam o transporte sanguíneo por meio das contrações dos membros, principalmente das pernas. Os músculos esqueléticos são controlados voluntariamente. Mas, a maior parte de suas ações ocorre automaticamente. Ou seja, você não precisa pensar para andar, mas se quiser modificar o movimento é capaz. Podem sem comparados ao “motor” de um carro. Observe na Figura 3 (desenvolvida por http://curlygirl.naturlink.pt/tecidosa.htm) a organização do músculo-esquelético desde o seu nível macroscópico ao molecular. Figura 3 Cada músculo é formado por células altamente especializadas alongadas e multinucleadas, capazes de converter energia em movimento. Possuem um aspecto estriado quando observadas no microscópio. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 Uma fibra muscular é formada por muitas miofibrilas. As miofibrilas são filamentos cilindros formados por microfilamentos de actina e miosina. A actina e a miosina são as proteínas musculares que permitem que uma célula muscular se contraia. Segundo a teoria do deslizamento dos filamentos, a contração muscular ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. Mecanismo Geral de Contração Muscular De acordo com o Tratado de Fisiologia Médica (GUYTON e HALL, 1996, p.68) o início e a execução da contração muscular ocorre sequencialmente de acordo com as seguintes etapas: 1º Um potencial de ação (forma como os sinais nervosos são transmitidos pelo corpo) trafega ao longo de um nervo motor até suas terminações nervosas nas fibras musculares/ 2º Em cada terminação, o nervo secreta pequena quantidade de substância neurotransmissora, chamada acetilcolina; 3º A acetilcolina atua sobre a área localizada da membrana da fibra muscular, abrindo canais de acetilcolina; 4º A abertura de canais de acetilcolina permite que íons sódio fluam para dentro da membrana da fibra muscular no ponto do terminal neural, desencadeando um potencialde ação na fibra muscular; 5º O potencial de ação que veio das fibras nervosas cursa nas fibras musculares; 6º O potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular, levando a liberação íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático; 7º Os íons cálcio provocam grandes forças atrativas entre os filamentos de actina e miosina, os fazendo-os deslizar. Isso é o processo contrátil (contratabilidade); Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 8º Após segundos, os íons cálcio retornam para o retículo sarcoplasmático, terminando a contração. Mesmo os movimentos mais simples são complexos! Cada músculo está conectado aos ossos através dos tendões e protegido pelas fáscias. Os tendões são cordões resistentes de tecido conjuntivo que inserem cada extremidade de um músculo ao osso e a Fáscia é um tecido conjuntivo que reveste os músculos. Ao contrair, uma parte do músculo se movimenta enquanto a outra permanece fixa. A parte fixa é denominada de origem e a parte móvel de inserção. Antagonismo muscular A movimentação de uma parte do corpo depende da ação de músculos que atuam antagonicamente. Por exemplo, para levar uma colher à boca, a contração do bíceps depende do relaxamento do tríceps (músculo do “tchau”).Gardner (1998) descreve os músculos de acordo com a ação realizada em: • Agonista - é o músculo ou conjunto de músculos que leva diretamente ao movimento desejado; • Antagonista (ou oponente) - é o músculo ou conjunto muscular que se opõe diretamente ao movimento desejado; • Fixadores - músculos que estabilizam articulações ou parte delas; • Sinergistas - classe especial de músculos fixadores. Atuam quando um músculo atravessa mais de duas articulações, impedindo que a articulação intermediária seja movimentada. Ex: o punho permanece fixado quando movimentamos os dedos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 Lembre-se de que a ação da gravidade pode atuar como agonista, facilitando o movimento, por exemplo, ao descer um braço, como também pode atuar como antagonista do movimento, como, por exemplo, ao erguer o braço para estender uma roupa no varal. Formas de ação • Concêntrica - Quando a tensão muscular provoca um torque maior que o torque resistivo – músculo encurta e aproxima dos ossos nos quais está inserido. Exemplo: Chutar uma bola; • Excêntrica - Quando o torque de uma articulação excede aquele produzido pela tensão em um músculo – alonga afastando a inserção da origem. Exemplo: Abaixamento de um peso; • Isométrica - Quando ocorre desenvolvimento de tensão sem haver mudança no comprimento articular. Exemplo: exibição de fisiculturistas. A força muscular A força total de um músculo é a soma das forças exercidas por suas fibras individuais. Desta forma, ao compararmos dois músculos do mesmo tamanho, o mais forte será aquele que tiver o maior número de fibras musculares. A força muscular pode ser medida por meio de Potenciômetros ou Dinamômetros. Outros métodos para avaliar a carga numa atividade de trabalho são conhecidos, dentre eles destacam-se o rendimento do trabalho muscular, as bases fisiológicas da alimentação do trabalhador (COUTO, 1996), os ambientes de trabalho, solicitações mentais e a densidade do trabalho (WISNER, 1994) e avaliação postural. Conforme aumenta a força do sinal nervoso mais fibras musculares são estimuladas, sendo maior a força muscular. É denominado de princípio do tamanho (GUYTON e HALL, 1996), que permite a gradação da força muscular em pequenas etapas enquanto o estímulo é fraco. Por exemplo, permite movimentos finos, importantes nas indústrias de eletroeletrônicos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 Guyton e Hall (1996) afirmam que a força máxima de um músculo é cerca de 3 a 4 kg por centímetro quadrado de músculo. É importante saber que a força e a velocidade da contração variam também de acordo com o ponto de ação e o eixo do movimento. Você aprenderá na Unidade 16, com funcionam os sistemas de alavancas do corpo humano. Na próxima Unidade (Unidade 3) você conhecerá o sistema nervoso que comanda a atividade dos músculos de acordo com os estímulos do meio ambiente. Dica 3: Os principais músculos humanos podem ser encontrados no endereço: http://www.ditudo.wiki.br/Lista_de_m%C3%BAsculos_do_corpo_humano.html Neste site, os músculos estão divididos de acordo com o segmento corporal (cabeça, tronco, membros superiores e inferiores). Ao clicar no nome de um músculo, você terá detalhes sobre a origem e inserção do músculo, principais ações e localização no corpo humano. Utilize a lista sempre que tiver dúvida sobre a função de um determinado músculo. Ela será útil durante todo o curso, por isso, retorne neste site quantas vezes precisar! Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 Atividade Complementar 1: Assista ao Vídeo 1 sobre contração muscular, disponível em: http://br.youtube.com/watch?v=mcw6WDuU6Ww Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 UNIDADE 3 Sistema nervoso Objetivo: Reconhecer a importância do sistema nervoso para a atividade de trabalho do ser humano. Nesta unidade você irá aprender as principais funções do sistema nervoso e qual a importância desse sistema para a atividade de trabalho do ser humano. O Sistema nervoso é formado por células nervosas ou neurônios com as seguintes características: • Irritabilidade – sensibilidade a estímulos; • Condutibilidade – condição de sinais elétricos. Observe o Sistema Nervoso ilustrado na Figura 4 (Fonte: Body instittute), ele pode ser dividido em: Figura 4 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 1. Sistema Nervoso Central (SNC) – cérebro e medula espinhal; 2. Sistema Nervoso Periférico (SNP) – nervos periféricos. 1. Sistema Nervoso Central a. Cérebro O Cérebro ou encéfalo fica localizado dentro da caixa craniana. Possui mais de 10 bilhões de neurônios e pesa menos de 1,5kg (homem adulto). Divide-se em dois hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo. O hemisfério esquerdo é o dominante responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa (fala) e o hemisfério direito pelo pensamento simbólico (emoções) e criatividade (capacidade artística). Lembre-se de que nos canhotos as funções são invertidas. Suas principais funções são, segundo Gardner (1998): • Aprendizagem – inteligência e raciocínio; • Fala; • Controle de todas as atividades mentais; • Mecanismos de associação para a função motora – algumas áreas dos hemisférios cerebrais controlam a atividade muscular. Suas células nervosas enviam sinais nervosos para os músculos. • Mecanismos de associação para a função sensitiva – recebem impulsos enviados pelos nervos periféricos. O cérebro é o centro de controle do movimento, da fome, do sono, da sede e da maioria das atividades vitais necessárias à sobrevivência. Todas as emoções, como o amor, o ódio, a inveja, o medo, a ira, a alegria e a tristeza também são controladas pelo cérebro. É Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 responsável ainda por receber e interpretar todos os sinais enviados pelo organismo e pelo ambiente exterior. b. Medula Espinhal A medula espinhal é uma longa e cilíndrica massa de tecido nervoso. É a continuação do cérebro. Inicia na base do crânio e vai até o final da coluna, tendo aproximadamente uns 44 centímetros de comprimento. A medula espinhal fica localizada dentro da coluna vertebral. A cada lado da medula, há uma série de pares de nervos (31 pares) conhecidos como raízes espinhais. Por meio de uma rede de nervos, a medula espinhal recebe impulsos sensoriais de receptores do corpo e envia para o cérebro e também recebe impulsos enviados do cérebropara o corpo. A medula possui dois sistemas de neurônios: • Sistema descendente: controla funções motoras dos músculos, regula funções como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino; • Sistema ascendente: transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula e de lá para o cérebro As principais funções da medula espinhal são: • Conduzir impulsos nervosos do cérebro para o corpo e do corpo para o cérebro; • Produzir impulsos nervosos capazes de coordenar atos independentes do cérebro como, por exemplo, o reflexo involuntário. Ao longo do curso, você aprenderá como os ambientes de trabalho podem ser nocivos à medula espinhal, podendo levar a lesões sérias e irreversíveis, principalmente, devido ao excesso de carga manuseada, movimentos extremos e manutenção de posturas prolongadas durante o trabalho. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 Sistema Nervoso Periférico O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é composto por gânglios e nervos encarregados de fazer as ligações entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o corpo. O nervo é uma coleção de fibras nervosas visíveis a olho nu. Os nervos podem ser divididos em: • Nervos sensoriais ou aferentes (nervos sensitivos) – levam informações da periferia do corpo para o Sistema Nervoso Central (caminho da ida para SNC); • Nervos motores ou eferentes - transmitem impulsos do SNC para os músculos ou glândulas (caminho de volta do SNC até os músculos). Nos nervos existem vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição das células nervosas. Existem situações de trabalho, principalmente aquelas que exigem a manutenção de posturas extremas ou acima do limite articular satisfatório que impedem a correta circulação sanguínea até os nervos periféricos, além disso, quinas vivas ou ambientes apertados podem ocasionar a compressão direta do nervo. Em ambos os casos, podem ocorrer uma disfunção dos nervos periféricos, conhecida como Neuropatia Periférica, caracterizada por alterações como perda da sensibilidade, debilidade e atrofia musculares ou alteração do funcionamento dos órgãos internos. Impulsos Nervosos As fibras presentes nos nervos conduzem impulsos elétricos de origem eletroquímica das diversas regiões do corpo ao sistema nervoso central e vice-versa. Um impulso nervoso é, portanto, a transmissão de um sinal codificado de um estímulo (do próprio corpo ou externo) dado ao longo da membrana do neurônio, a partir de seu ponto de aplicação. Os estímulos podem ser, por exemplo, luz, temperatura, tato, agentes químicos, som, movimentos articulares, alterações de postura, aceleração, dor ou qualquer outro tipo de estímulo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 Um neurônio pode ser dividido em: • Corpo celular • Dendritos – Receptores de estímulos: são prolongamentos dos neurônios especializados na recepção de estímulos nervosos, que podem ser do meio ambiente ou de outros neurônios; • Axônios – Condutores de impulsos: são prolongamentos dos neurônios responsáveis pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular, até outro local mais distante, como um músculo ou outro neurônio. Os sinais nervosos entram nos dendritos e são transmitidos pelos axônios, sempre num mesmo sentido, passando de um neurônio para outro. A transmissão ocorre através das Sinapses Nervosas, não existindo contato direto. As Sinapses Nervosas são os pontos onde o axônio de um neurônio encontra com os dendritos de outro neurônio, permitindo que o estímulo passa por meio de mediadores químicos, os neurotransmissores. Os neurotransmissores permitem que as células do cérebro conversem entre si. Itiro Lida (2005) explica que a estimulação repetida e prolongada durante vários dias pode levar a uma alteração física da sinapse, facilitando o estímulo. O autor aponta esta característica como um possível responsável pela memória e aprendizagem dos movimentos, fundamental no desenvolvimento da atividade de trabalho. A Figura 5 representa esquematicamente uma sinapse nervosa (Fonte: bio- sandra.blogspost.com). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 Figura 5 Atividades Complementar 2: Assista ao Vídeo 2 sobre o sistema nervoso. O vídeo encontra-se disponível nos Estudos Complementares. Para acessá-lo, clique em Módulo, em seguida Estudo Complementar e no vídeo Sinais Sensoriais Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 Atividades Complementar 3: Assista também ao Vídeo 3 e conheça em detalhes a fisiologia dos neurônios e como está pequena estrutura é a chave para toda a complexidade do cérebro humano. O vídeo encontra-se disponível nos Estudos Complementares. Para acessá-lo, clique em Módulo, em seguida Estudo Complementar e no vídeo os Neurônios e seu funcionamento. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 UNIDADE 4 Sistema circulatório Objetivo: Conhecer as principais características do sistema circulatório. Nesta unidade você irá aprender a importância do sistema circulatório, constituído por: 1. Coração – é uma bomba muscular responsável por bombear o sangue de forma que circule no corpo. É dividido em quatro cavidades: átrio direito e esquerdo e ventrículo direito e esquerdo. A contração do coração é chamada de sístole e o seu relaxamento de diástole. 2. Vasos sanguíneos – conduzem o sangue até os pulmões onde o dióxido de carbono (CO2) e trocado por (O2), sendo composto por: • Artérias: Artérias são vasos sanguíneos que carregam sangue a partir dos ventrículos do coração para todas as partes do nosso corpo. Caracterizam por sua pulsação. Caso sejam cortadas, o sangue sai em esguicho, sob pressão; • Veias: Veias carregam sangue em direção aos átrios do coração. Não pulsam. Muitas veias possuem válvulas que, quando fechadas, impedem o refluxo do sangue; • Capilares: Os capilares sanguíneos ou vasos capilares são tubos de pequeníssimo calibre, responsáveis pela distribuição e recolhimento do sangue nas células. 3. Vasos linfáticos – São os vasos responsáveis pelo transporte da linfa (liquido claro e incolor absorvido pelos capilares linfáticos) fazem parte do sistema linfático. O sistema linfático é responsável pela: • Remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 • Absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório; • Produção de células imunes (como linfócitos, monócitos e células produtoras de anticorpos conhecidas como plasmócitos). Propriedades do sistema circulatório O sistema circulatório é responsável pela: • Condução de elementos essenciais para todos os tecidos do corpo: oxigênio para as células, hormônios (que são liberados pelas glândulas endócrinas) para os tecidos, condução de dióxido de carbono para sua eliminação nos pulmões; • Coleta de excreções metabólicas e celulares; • Entrega de excreções nos órgãos excretores, como os rins; • Transporte de hormônios; • Papel importante no sistema imunológico na defesa contra infecções; • Termo-regulação: calor, vasodilatação periférica; frio, vasoconstrição periférica; • Transporte de nutrientes dos locais de absorção até as células dos diferentes órgãos. Tipos de circulação 1. Circulação sistêmica (ou grande circulação) Na circulação sistêmica o sangue oxigenado é bombeado para o ventrículo esquerdo pelas artérias até os músculos e órgãos do corpo, onde seus nutrientes e gases são trocados nos capilares, entrando nas veias contendo restos celulares e dióxido de carbono. O sangue pobre em oxigênio é recolhido pelas veias e levado até o átrio direito Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33do coração, que transfere sangue para o ventrículo direito, onde é então bombeado para as artérias pulmonares e finalmente aos pulmões. 2. Circulação pulmonar (ou pequena circulação) Na circulação pulmonar as veias pulmonares trazem o sangue oxigenado dos pulmões para o átrio esquerdo, que desemboca no ventrículo esquerdo, completando o ciclo da circulação sanguínea. Débito Cardíaco O Débito Cardíaco (DC) é a quantidade de sangue bombeada pelo coração em tempo unitário. Guyton e Hall (1996) afirmam que a circulação de um homem adulto em repouso é da ordem de 5.000 ml/min. Débito Cardíaco é resultado da Frequência Cardíaca (FC = número de batimentos do coração) Volume sistólico (VS = volume ejetado no coração humano) DC = FC x VS O Débito Cardíaco varia intensamente de acordo com o nível de atividade do organismo. Guyton e Hall (1996) explicam que certos fatores podem influenciar o DC como: • Metabolismo do corpo (vide Unidade 5); • A prática ou não de exercícios; • Idade (o DC diminui com o envelhecimento); • Sexo (nas mulheres o DC é cerca de 20% inferior aos homens); • Tamanho corporal. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 Retorno Venoso O Retorno Venoso (RV) é a quantidade de sangue que flui das veias para o átrio direito do coração. O retorno do sangue para o coração é auxiliado pela ação do bombeamento de músculos esqueléticos. Ao contrair os músculos, nós conseguimos vencer a força da gravidade. Quando o homem passou a andar em duas pernas, sua circulação ficou comprometida, pois o coração fica bem distante dos pés e das pernas e o sangue precisa retornar contra a gravidade. Nossas pernas possuem um sistema de bombeamento envolvendo toda a musculatura conjuntamente com as válvulas das veias (Figura 6), evitando que o sangue volte para baixo acumulando nos pés. Figura 6 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 A panturrilha (batata da perna - bomba muscular da panturrilha) e o arco plantar (curva do pé – bomba plantar) são fundamentais para este sistema, ao contrair auxiliam o retorno do sangue, pois estrangulam as paredes dos vasos sanguíneos. Por isso, pessoas que fazem exercícios físicos dificilmente têm dor, peso e cansaço nas pernas, pois sua musculatura da panturrilha é forte o suficiente para auxiliar corretamente o retorno venoso. A ergonomia deve sempre procurar transformar o trabalho de forma a auxiliar o retorno venoso. Quem fica muito tempo sentado tem deficiência no Retorno Venoso, contribuindo com o aumento de varizes (veias superficiais anormais, dilatadas e tortuosas) A compressão da parte posterior da coxa e do joelho pela cadeira ou parte do mobiliário impede o correto retorno do sangue. Imagine as veias como mangueiras de água, agora pense que essa mangueira é comprimida em um determinado ponto. O que acontece? O fluxo final de água é reduzido. O mesmo ocorre com o nosso corpo quando a cadeira comprime a região posterior da coxa impedindo que o sangue retorne eficazmente. No caso das mulheres, o uso excessivo de sapatos com saltos altos dificulta o retorno venoso, causando problemas na circulação sangüínea, além de provocarem também o encurtamento de toda a cadeia muscular posterior do corpo e, consequentemente, problemas na coluna. Pressão Arterial A cada batimento cardíaco um novo volume de sangue enche as artérias. A Pressão Arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna das artérias. As artérias são distensíveis. Basta imaginar um balão cheio de água. Ele é capaz de acomodar diferentes volumes. Guyton e Hall (1996) afirmam que a combinação da distensibilidade arterial com a resistência ao fluxo sanguíneo determinam a PA. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 PA máxima ou PA Sistólica: refere-se à pressão exercida pelo coração ao contrair na sístole para ejetar seu sangue. PA mínima ou PA Diastólica: refere-se à menor pressão exercida sobre as artérias, imediatamente antes de um novo batimento do coração, quando ele se relaxa na diástole. O valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal. Este valor significa que a pressão arterial que oscila entre 120 e 80 mmHg, 120 no pico da sístole e 80 no final da diástole. Sistema circulatório e o ambiente de trabalho Durante a atividade de trabalho, qualquer problema na circulação pode levar a alteração da condução, distribuição e remoção das mais diversas substâncias dos e para os tecidos do corpo. A circulação inadequada compromete a irrigação das mais diversas partes do corpo. É importante lembrar que ao realizar uma atividade, é necessário contrair os músculos. Quanto maior a contração ou quanto maior tempo permanecer contraído, maior será a pressão exercida pelos músculos nas paredes dos vasos sanguíneos, comprometendo, consequentemente, a circulação. A circulação é restabelecida com o relaxamento do músculo. Posturas articulares extremas também podem levar à redução do fluxo sanguíneo. Além disso, ferramentas de trabalho inadequadas e layout incompatível com o tipo de atividade causam compressão na pele, músculos, nervos e em toda a rede de capilares adjacentes. A redução do fluxo sanguíneo para músculos e nervos durante a atividade de trabalho compromete o desempenho do trabalhador e aumenta significativamente as chances de lesões. Nestas situações, os músculos, articulações ou os nervos começam a trabalhar sem o oxigênio e os nutrientes necessários. A redução ou limitação do fluxo sanguíneo são medidas, principalmente, em situações laboratoriais, ou seja, de maneira experimental. Na prática, a ergonomia irá indicar quais Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 posições corporais ou quais ferramentas ou mobiliários inadequados ao trabalho levam à redução do fluxo sanguíneo. Ao longo do curso você aprenderá a reconhecer situações que diminuem nocivamente o fluxo sanguíneo durante a atividade de trabalho. O conhecimento do sistema circulatório também fornece dados importantes sobre a sobrecarga fisiológica de determinadas tarefas. No caso de trabalhos pesados ou realizados em temperaturas extremas (muito quente ou muito frio) ocorre a alteração da FC e da PA do trabalhador devido aos esforços necessários para realizar a atividade e para manter a temperatura corporal em índices adequados. A FC e a PA são, portanto, parâmetros importantes para serem analisados. No Módulo “Aplicabilidade das principais vertentes e ferramentas ergonômicas” você aprenderá como avaliar o esforço físico por meio das medidas de PA e FC, em situações reais de trabalho. Atividade Complementar 4: Assista ao Vídeo 4 sobre as complexas estruturas que compõem o sistema circulatório. O vídeo descreve a circulação pulmonar, encarregada de oxigenar e descarbonizar o sangue, e a circulação sistêmica, encarregada de distribuir o sangue para todas as partes do organismo. O vídeo encontra-se disponível nos Estudos Complementares. Para acessá-lo, clique em Módulo, em seguida Estudo Complementar e no vídeo Sistema Circulatório. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 UNIDADE 5 Sistema Respiratório Objetivo: Conhecer os principais aspectos do Sistema Respiratório. Nesta Unidade você conhecerá o sistema respiratório, suas funções e importância. Observe na Figura 7 (Fonte: www.ocorpohumano.com.br), as estruturas que compõem o sistema respiratório. Entre elas: Figura 7 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 1. Cavidade Nasal – as fossas nasais são duas cavidades paralelas que começam nas narinas e terminam na faringe. Além de fornecer uma via aérea para a respiração, o nariz filtra, aquece e umedece o ar inspirado, libera as substâncias estranhas extraídas do ar e é responsávelpelo olfato (possui células sensoriais). Possui um revestimento dotado de células produtoras de muco e células ciliadas, também presentes nas porções inferiores das vias aéreas; 2. Boca – a boca é uma via área para a respiração, mas não é capaz de filtrar o ar; 3. Faringe – é um canal comum para deglutição quanto para a respiração. Ou seja, por ela passa o ar e a comida que ingerimos; 4. Laringe – é um órgão cartilaginoso que conecta a parte inferior da faringe com a traquéia. Nos homens é possível observar o pomo-de-adão, saliência que aparece no pescoço e faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe. A Laringe além de ser uma via área para a respiração serve como uma válvula para guardar as passagens aéreas durante a deglutição e permita também a vocalização (a fala não envolve apenas a respiração); 5. Traqueia – dá continuidade à laringe, dividindo-se em brônquios principais direito e esquerdo. A traqueia é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, cujas paredes são reforçadas por 16 a 20 aneis cartilaginosos. É uma via área para a respiração, formada por um epitélio de revestimento muco-ciliar capaz de aderir partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão no ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento dos cílios) e engolidas ou expelidas. 6. Pulmão direito e pulmão esquerdo, são órgãos de respiração, esponjosos, com aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo envolvidos por uma membrana serosa denominada pleura. A principal função dos pulmões é oxigenar o sangue venoso (sangue com CO2). Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Os pulmões são divididos em: • Brônquios – esquerdo e direito (mais curto, mais largo e mais verticalizado). Curiosidade: como o brônquio direito está quase em linha reta com a traqueia, os corpos estranhos penetram com maior facilidade neste lado. • Bronquíolos – nos pulmões os brônquios se ramificam em bronquíolos. São tubos mais finos, altamente ramificados responsáveis pelo transporte do ar, formando uma árvore brônquica. • Alvéolos – cada bronquíolo termina em pequenas bolsas compostas por células epiteliais achatadas, conhecidas como alvéolos, onde ocorrem as trocas gasosas. 7. Diafragma – a base de cada pulmão apoia-se no diafragma, órgão músculo- membranoso que separa o tórax do abdômen. 8. Músculos intercostais – Os músculos intercostais são os músculos localizados entre as costelas. Promovem juntamente com o diafragma os movimentos respiratórios. Respiração A respiração é o conjunto de trocas gasosas que ocorre nos pulmões entre o sangue e o ar. A respiração acontece porque as células têm necessidade de oxigênio para o processo de oxigenação. A partir, principalmente, da contração do diafragma o ar é obrigado a entrar pelas narinas, fenômeno conhecido como inspiração. O ar das narinas passa pela faringe, laringe e traqueia entrando nos pulmões pelos brônquios. Já nos bronquíolos, o ar atinge os alvéolos pulmonares onde ocorrem as trocas gasosas, o sangue libera o dióxido de carbono (CO2) e absorve o oxigênio (O2). Por fim, o diafragma relaxa e a retração elástica dos pulmões, da caixa torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões. Ao comprimir os pulmões, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 o ar rico em dióxido de carbono percorre o caminho inverso sendo excluído, através da expiração. Continuamente, nos inspiramos (entrada do ar), expiramos (saída do ar), inspiramos, expiramos... Entra o ar e sai o ar o tempo todo! A respiração pode ser dividida, segundo Guyton e Hall (1996, p.433) em: 1. Ventilação pulmonar – renovação do gás alveolar pelo ar atmosférico; 2. Difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue; 3. Transporte – transporte do oxigênio no sangue e nos líquidos corporais (dos pulmões para as células) e transporte do dióxido de carbono (das células para os pulmões); 4. Regulação da ventilação e de outros aspectos da respiração. Mecânica da Ventilação pulmonar Os pulmões são enchidos e esvaziados por dois mecanismos (GUYTON e HALL, 1996): 1. Pelos movimentos do diafragma para cima e para baixo. Tais movimentos fazem com que a caixa torácica se encurte ou se alongue; 2. Pela elevação e abaixamento das costelas, o que aumenta ou diminui o diâmetro antero-posterior da caixa torácica. A ventilação pulmonar pode ser avaliada por meio da espirometria. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 Transporte dos gases O transporte de gás oxigênio está a cargo da hemoglobina, proteína presente nas hemácias. Cada molécula de hemoglobina combina-se com quatro moléculas de gás oxigênio, formando a oxi-hemoglobina. O monóxido de carbono (CO) liberado pela “queima” incompleta de combustíveis fósseis e pela fumaça dos cigarros combina-se com a hemoglobina de uma maneira mais estável do que o oxigênio, formando o carboxiemoglobina. Dessa forma, a hemoglobina fica impossibilitada de transportar o oxigênio, podendo levar, dependendo da concentração, a diminuição da capacidade visual, dores de cabeça, tonturas, fraqueza muscular até a morte por asfixia. Regulação da respiração durante a atividade de trabalho Quando um trabalhador respira um ar pobre em oxigênio ocorre a diminuições da pressão de oxigênio sanguíneo. Nessas situações, qumioceptores (receptores capazes de detectar a variação de O2 do sangue) conduzem o aumento da ventilação. Pessoas que moram em altas atitudes são aclimatizadas às baixas concentrações de O2. Mas, quando os jogadores de futebol brasileiros vão jogar em altas altitudes, como em La Paz na Bolívia, eles não são aclimatizados, por isso encontram dificuldade para realizar esforços físicos devido à escassez de O2. Quando estamos em repouso, nossa respiração é principalmente movida pelo diafragma. Os músculos respiratórios contraem apenas durante a inspiração, sendo a expiração quase passiva, causada pela retração elástica. Por outro lado, durante o exercício ou durante a realização de trabalhos pesados, as forças elásticas não são suficientes para permitir a expiração. Nestas situações a contração dos músculos abdominais empurra o conteúdo abdominal para cima auxiliando o diafragma. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 Durante um trabalho pesado ou físico, o consumo de O2 e a formação de CO2 podem aumentar até 20 vezes. O sistema respiratório humano comporta um volume total de aproximadamente 5 litros de ar (capacidade pulmonar total). Desse volume, apenas meio litro é renovado em cada respiração tranquila, de repouso, conhecido como volume corrente. A Frequência Respiratória (FR) é o número de ciclos respiratórios (inspiração e expiração) por minuto. Em repouso, a FR é igual a 15 a 20 vezes por minuto, durante a atividade de trabalho pode chegar até 40 vezes por minuto. A ergonomia utiliza dados da frequência respiratória para avaliar a carga física de trabalho. Lembre-se de que uma atividade de trabalho não pode ser exercida como se fosse uma prática esportiva. Além de buscar reduzir a FR, a ergonomia avalia quais agentes químicos (substâncias, compostos ou produtos) podem penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores), buscando evitar o desenvolvimento de doenças respiratórias ocasionadas pelo trabalho. Atividade Complementar 5: Assista ao Vídeo 5 sobre a respiração, dividido em três fases: ventilação pulmonar, intercambio gasoso e transporte sanguíneo. O vídeo encontra-se disponível nos Estudos Complementares. Para acessá-lo, clique em Módulo, em seguida Estudo Complementar e no vídeo Respiração. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta doBrasil 44 UNIDADE 6 Metabolismo Objetivo: Identificar os principais aspectos energéticos do metabolismo humano. Nesta unidade você irá estudar como o nosso corpo obtém energia e quais são os aspectos energéticos fundamentais para a realização de uma atividade de trabalho. O metabolismo do organismo refere-se ao conjunto de reações químicas ocorridas nas células do organismo. O metabolismo pode estar em dois estados: • Anabolismo - é a síntese, ou seja, a formação de compostos. Trata-se dos processos metabólicos que implicam na construção de moléculas a partir de outras. A síntese protéica, a síntese de ácidos graxos e a síntese de hormônios são exemplos de reações anabólicas. • Catabolismo - é a degradação, ou “quebra” de compostos. Trata-se dos processos metabólicos que implicam na “quebra” de substâncias complexas em substâncias mais simples. A “quebra” das proteínas do tecido muscular para obter energia é um exemplo de catabolismo. De uma forma bem simples podemos afirmar que o anabolismo é a construção e o catabolismo é a destruição. Fonte de Energia A fonte de energia do corpo humano são os alimentos. A alimentação humana é composta de substâncias como proteínas, gorduras e carboidratos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 A energia contida nos alimentos é geralmente medida em calorias (cal) ou em quilocalorias (Kcal). Um grama de gordura é capaz de liberar, durante a respiração celular, uma quantidade de energia equivalente a 9,5 kcal. O Metabolismo humano é medido em termos da velocidade de liberação de calor durante as reações químicas. A energia liberada pelos alimentos é utilizada pelas células para que elas multipliquem, cresçam e movimentem-se. Parte da energia é usada para manter o organismo funcionando e outra parte para o seu trabalho. Observe a Figura 8. Ela representa a pirâmide dos alimentos, um guia para alimentação mais saudável. Figura 8 Um cardápio balanceado deve conter, diariamente, cerca de 55% de carboidratos, 30% de lipídeos e 15% de proteína, além das vitaminas, sais minerais e fibras.Na base da pirâmide encontram-se pães, arroz, cereais e massas. Devem ser consumidas entre 6 a 11 porções diárias. Em seguida, legumes e verduras ricos em vitaminas, sais minerais e fibras. Possuem nutrientes essenciais a diversas funções do organismo. Devem ser consumidos 3 a 5 porções diárias. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 Na terceira linha da pirâmide existem dois grupos: o grupo composto por carnes, ovos e leguminosas como feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja, nozes e castanhas. São os alimentos construtores, necessários para a construção e manutenção dos tecidos orgânicos, formação de enzimas, hormônios e vários líquidos e secreções corpóreas e preservação do sistema de defesa. Ricos em proteínas, vitamina B12 e minerais como zinco e ferro. Na mesma linha da pirâmide, encontram-se leite e derivados, maiores fornecedores de cálcio (mineral envolvido na formação dos ossos e dentes, contração muscular e na ação do sistema nervoso). Também são fontes de proteína de boa qualidade. Consuma de 2 a 3 porções diariamente dos dois grupos. O último grupo é formado por lipídeos (óleos e gorduras), fonte de energia mais concentrada que a dos carboidratos e das proteínas. São uma forma de armazenamento de energia quando transformados em tecido adiposo. Devem ser consumidos moderadamente, de uma a duas porções diárias. Itito Lida (2005) compara o organismo humano a uma complexa máquina térmica, pois parte dos alimentos consumidos converte-se em glicogênio, que é oxidado, numa reação exotérmica gerando energia. Essa reação produz subprodutos como calor, dióxido de carbono e água, que devem ser eliminados pelo organismo. Metabolismo Basal Nosso organismo gasta uma quantidade de calorias simplesmente para manter suas funções vitais como respiração e funcionamento cardiovascular quando se está em repouso absoluto, enquanto está acordada. Essa energia necessária para manter apenas as funções virais é conhecida como Metabolismo Basal. Gasto Metabólico Guyton e Hall (1996, p.821) explicam que os fatores que aumentam a atividade química das células também aumentam o metabolismo, principalmente: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 1. Exercício físico intenso – curtos períodos de contração muscular podem liberar em poucos segundos até 100 vezes a quantidade de calor liberada pelo mesmo músculo quando em repouso. 2. Atividades diárias – um homem de 70 kg, deitado o dia todo, gasta cerca de 1650 cal de energia. Se ele se alimentar, a digestão de alimentos eleva em 200 ou mais cal. Se ele se sentar durante todo o dia, seu gasto total é de 2250 cal. Existem tabelas que fornecem uma lista de intensidade de utilização de energia de acordo com o tipo de atividade realizada. Observe na Tabela 1 os principais gastos calóricos de acordo com a intensidade da atividade realizada para um homem de 70 kg. Para identificar quantas calorias são gastas em um dia é necessário incluir alguns fatores que influenciam o gasto energético, tais como: • Peso – quanto maior o peso maior a necessidade calórica; • Idade – com o avanço da idade o metabolismo diminui; • Sexo – os homens gastam cerca de 20% a mais de energia para realizar atividades idênticas as mulheres, pois possuem mais massa muscular e por isso o metabolismo é mais acelerado; • Nível de atividade física – a atividade física acelera o metabolismo. No sono, diminui 10 a 15%, devido à diminuição do tônus muscular (intensidade da contração) e redução da atividade do sistema nervoso. • Clima – O metabolismo aumenta em ambientes frios para manter a temperatura. • Hormônios – O hormônio sexual masculino, hormônio do crescimento e o hormônio tireóideo aumentam o metabolismo; • Febre – a febre sempre acelera o metabolismo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 48 Cada pessoa possui um gasto energético diferente e precisa de energia de forma diferente para se alcançar o objetivo necessário, seja ele emagrecimento, ganho de peso ou a realização de uma determinada atividade de trabalho. FORMA DE ATIVIDADE CALORIAS POR HORA Escrever 10 a 20 Sentado, em repouso 100 Dormindo 60 Lavar louça 60 Trabalho mental 60 Acordado, deitado e imóvel 77 Falando ao telefone 85 Digitar 95 Em pé, relaxado 105 Jogando vídeo game 108 Vestindo ou despindo-se 118 Estudar 120 Ficar de pé 130 Carregando bebê 141 Trabalhar leve em pé 150 Cozinhar 168 Andando de bicicleta 180 a 300 Relação sexual 190 Caminhada 240 Compra no Supermercado 270 Exercício “ativo” 290 Exercício intenso 450 Limpeza de casa 300 Exercício leve 310 Natação 500 Corrida 500 a 900 Caminhando rápido 520 Jogar futebol 580 Dançando rápido 605 Subir escada 1000 Tabela 1 - Consumo de energia durante diferentes tipos de atividade para um homem de 70 Kg Fontes: Guyton e Hall (1996) e Jarbasbio (2008) Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 49 IMC Existe um índice de metabolismo individual, conhecido com IMC. O IMC é calculado dividindo o peso corporal pela altura ao quadrado. IMC = Peso (Altura X Altura) Exemplo: Se você tem 1,80m de altura e pesa 80 kg, basta calcular: IMC = 80/ 1,80 x 1,80 � IMC = 24,6. Após o cálculo, compare o valor encontrado com os seguintes parâmetros: • Abaixo do peso – IMC abaixo de 18,5 • Peso normal – IMC entre 18,5 - 24,9 • Sobrepeso – IMC entre 25,0 - 29,9 • Obesidade Grau I – IMC entre 30,0 - 34,9 • Obesidade Grau II – IMC entre 35,0 - 39,9 • Obesidade Grau III – IMC entre 40,0 e acima Através desse cálculo simples, é possível analisar todos os trabalhadores de uma empresa e verificar o percentual em cadauma das categorias. Campanhas podem ser realizadas dentro da empresa buscando hábitos saudáveis como a prática de exercícios e alimentação balanceada. Pense nisso! IMC elevados são importantes indicativos de doenças físicas e psicológicas, incluindo problemas cardíacos, hipertensão arterial, diabetes, osteoartrite, transtornos de ansiedade. É fundamental que as empresas possuam programas de promoção a saúde. Barros (1999) mostra que uma adequada rotina de nutrição, controle de estresse e atividade física, podem reduzir indiretamente o risco de desenvolvimento de doenças e afastamentos desnecessários dos trabalhadores. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 50 Atividade Dissertativa 1 Leia o artigo dos pesquisadores João Francisco Severo Santos e Carla Werlang Coelho sobre Atividade física e obesidade em trabalhadores da indústria. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd67/obesidad.htm e no link “Estudo Complementar” da sua sala de aula. Tendo como base o texto, procure responder com suas próprias palavras: 1) Os riscos da obesidade para os trabalhadores. 2) A importância da criação de um programa de prevenção de obesidade dentro das empresas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 51 UNIDADE 7 Temperatura Corporal Objetivo: Entender o mecanismo de regulação térmica humana. Nesta unidade você estudará como a temperatura corporal é controlada pelo equilíbrio entre a produção e a perda de calor. Esse equilíbrio é fundamental para a realização de atividades próximas a altos fornos, trabalho em frigoríficos e trabalho extenuantes, extremamente pesados. A produção de calor constitui um dos principais subprodutos do metabolismo. Quando a intensidade da produção de calor no organismo é maior que sua perda, o calor aumenta no organismo e verifica-se uma elevação da temperatura corporal, podendo levar até à morte. Temperatura Central Normal A temperatura corporal média situa-se entre 36,7º C e 37º C. Couto (1995) afirma que um homem adequadamente protegido consegue tolerar variações de -50º C até 100º centígrados. Mas, não é capaz de suportar alterações de 4º C em sua temperatura interna sem sofrer risco de morte devido à desnaturação das proteínas (alteração do estado das proteínas) no caso do aumento da temperatura e inibição das proteínas em baixas temperaturas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 52 Produção de Calor Vários fatores determinam a taxa de produção de calor (metabolismo, atividade muscular, hormônios, aumento da temperatura corpórea), conforme você aprendeu na Unidade anterior. Em situações de trabalho, é fundamental conhecermos quais são os fatores que determinam maior produção de calor. Sabemos que a intensidade e frequência da contração muscular necessária para cada tipo de trabalho determinam a taxa de produção de calor. Em ambientes quentes, o trabalhador produz muito calor interno e coloca em risco a estabilidade de seu sistema de controle da temperatura corpórea. Além do mais, quanto mais intenso for o trabalho, menor será a tolerância do trabalhador à atividade física e mental (Couto, 1995). Um trabalhador com febre ao realizar trabalhos pesados corre sério risco de elevar ainda mais sua temperatura interna. Perda de Calor Normalmente, o calor produzido é transferido para pele, onde é perdido para o ar e meio ambiente (GUYTON e HALL, 1996, p.826). Podem ser perdidos por: 1. Irradiação - raios térmicos infravermelhos irradiados pelo corpo humano para o ambiente; 2. Condução - contato (conduz calor para roupa em contato com o corpo, para o mobiliário, etc.); 3. Convecção - remoção do calor por correntes aéreas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 53 Adaptação O homem consegue manter o equilíbrio de sua temperatura corporal relativamente constante através de diversos mecanismos capazes de atuar na regulagem da temperatura do corpo, como: 1. Tremores - gera calor a partir de contrações musculares; 2. Palidez - a circulação sanguínea se altera para direcionar menos calor para a pele, perdendo menos calor para o ambiente. Neste caso, as arteríolas da pele se contraem para evitar a perda de calor para o meio ambiente; 3. Ruborização - a circulação sanguínea se altera para irradiar mais calor através da pele. Neste caso, as arteríolas da pele se relaxam, permitindo que o sangue flua para a periferia do corpo e o calor seja perdido para o meio ambiente; 4. Ofegância – ocorre quando o sangue fica superaquecido; 5. Suor - para perder calor através da evaporação. Enquanto a temperatura de nossa pele for maior do que a do meio ambiente, ocorrerá perda de calor por irradiação e por condução. Todavia, se a temperatura do ambiente for maior, o corpo irá ganhar calor pelos mesmos mecanismos. Nessa situação, a única forma que o organismo tem para se livrar do calor é por evaporação. Sudorese A sudorese, ou secreção de suor é um mecanismo fisiológico de regulação da temperatura corporal, produzida pelas glândulas sudoríparas. As glândulas sudoríparas também têm a capacidade de filtrar do sangue algumas substâncias tóxicas resultantes do metabolismo, como a ureia. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 54 Através da sudorese, o organismo perde calor para o meio externo através do fenômeno da evaporação do suor na pela. Em ambientes quentes úmidos, o suor na fase líquida possui maior dificuldade de passar para a fase de vapor. Por isso, é mais fácil suportar ambientes quentes quando secos. Em ambientes ventilados, Couto (1996, p.72) explica que a ventilação retira as camadas de ar saturadas de vapor d’água imediatamente em contato com a pele, possibilitando que novas moléculas de suor evaporem. O autor lembra que se colocarmos em um ambiente de trabalho uma ventilação com a temperatura do ar maior de 37º C, funcionará como uma fonte a mais de calor. Qualquer fator que impeça a evaporação levará ao aumento da temperatura, como, por exemplo, o tipo de roupa. A roupa conserva o ar perto da pele e no seu tecido, diminuindo o fluxo de corrente de ar por convecção. Hipertensos, obesos e sedentários possuem menor capacidade de tolerar ambientes quentes devido à maior dificuldade de sudorese. É importante saber, que mesmo nesses casos, o nosso organismo tem a capacidade de aclimatização. A água e eletrólitos (sódio, potássio, cloro e magnésio, conhecidos como saís minerais) perdidos pelo suor precisam ser repostos para evitar a desidratação e a hiponatremia (diminuição de sódio), caracterizada por câimbras generalizadas pelo corpo. A hidratação de quem trabalha em altas temperaturas ou realiza trabalhos pesados não deve ser feita somente com água. É preciso repor a água e os eletrólitos, por meio de bebidas isotônicas (como o gatorade). Couto (1996, p.73) descrever quais as consequências das altas temperaturas para o homem: • Hipertemia – Ocorre quando o organismo já tentou todos os mecanismos de perda de calor e não conseguiu, levando, em seguida, ao ganho de calor, podendo levar à morte; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 55 • Tontura e desfalecimento – devido a perdas expressivas de sódio pelo suor, pela redução do volume circulante (baixa reposição hídrica) e/ou pela evaporação inadequada do suor. • Desidratação – ingestão de água insuficiente para compensar a perda pela urina, pelo ar expirado e pelo suor; • Distúrbios psíquicos – crises neuróticas ou psicóticas; • Comprometimento da produtividade e do trabalho intelectual; • Dificuldade de pegar de ferramentas ou objetos devido às mãos permanecerem úmidas e escorregadias; • Risco de queda – chão pode ficar escorregadio devido ao suor dos trabalhadores; • Irritação ocular– suor nos olhos pode interferir na visão do trabalhador; • Aumento da propensão a choque. No módulo “Aplicabilidade das principais vertentes e ferramentas ergonômicas” você aprenderá como avaliar o gasto energético do trabalhador em situações reais de trabalho. Através de um equipamento chamado metabolímetro é possível avaliar a quantidade de calorias despendidas em uma atividade, de acordo com o percentual de oxigênio despendido de acordo com o peso corporal do indivíduo. Além disso, aprenderá avaliar a temperatura ambiente, quais fenômenos são indesejados e como observar e comparar os feitos das altas temperaturas ambientais através da ofegância e da sudorese corporal dos trabalhadores. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 56 Leitura complementar 1: Leia o texto sobre o Processo de trabalho e saúde dos trabalhadores na produção artesanal de carvão vegetal em Minas Gerais, Brasil (Dias et al., 2002). O texto encontra-se disponível nos Estudos Complementares. Para acessá-lo, clique em Módulo, em seguida Estudo Complementar e no texto Ministério Perdas auditivas. Procure refletir sobre as condições de vida e saúde dos operários que convivem diariamente com situações de trabalho em ambientes com altas temperaturas, como, por exemplo, o trabalho realizado nos altos fornos das siderúrgicas, fornos de carvão, fornos de cerâmica, fornos de padarias, entre outras. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 57 UNIDADE 8 Biomecânica Ocupacional Objetivo: Explorar a importância da biomecânica ocupacional para a ergonomia. Nesta unidade você conhecerá a definição de biomecânica ocupacional, sua evolução histórica e a importância dos modelos biomecânicos para a ergonomia. A Biomecânica Ocupacional é umas das diversas disciplinas que fundamentam a ergonomia. A maior parte das ferramentas ergonômicas demanda o conhecimento sobre o corpo humano, alavancas, limites e posturas corporais. É fundamental dominar o conteúdo sobre biomecânica ocupacional, pois somente dessa maneira você conseguirá aplicar a ergonomia em suas múltiplas correntes. Por definição, a biomecânica é uma disciplina multidisciplinar que requer conhecimento das ciências físicas e da engenharia, com as ciências biológicas e comportamentais. Nordin e Frankel (2003) definem a biomecânica ocupacional como “A biomecânica que utiliza leis da física e conceitos da engenharia para descrever movimentos realizados por vários segmentos corpóreos e forças que agem sobre estas partes do corpo durante atividades normais da vida diária”. Existem dois campos de estudo distintos na Biomecânica: o estudo das forças internas e das forças externas e suas repercussões. • Biomecânica interna - analisa a determinação das forças internas e as consequências resultantes dessas forças para as estruturas corporais; • Biomecânica externa – analisa os parâmetros de determinação quantitativa ou qualitativa referentes às mudanças de lugar e de posição do corpo. Estuda as características observáveis exteriormente na estrutura do movimento. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 58 Itiro Lida (2005, p.159) explica que a biomecânica ocupacional preocupa-se com “as interações físicas do trabalhador, com seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distúrbios músculo-esqueléticos”. Segundo ele, produtos e postos de trabalho inadequados provocam estresses musculares, dores e fadigas que podem ser resolvidos com soluções simples de layout. A partir do conhecimento da biomecânica ocupacional, você poderá estudar as interações entre o trabalho e o homem do ponto de vista dos movimentos músculos-esqueléticos e suas consequências para o corpo humano. Evolução histórica da biomecânica ocupacional Vários foram os personagens históricos que contribuíram para o desenvolvimento da biomecânica (FMUSP, 2008), sendo os principais: • Aristóteles (384 - 322 a.C) foi considerado como o primeiro Biomecânico, pois pesquisou o movimento dos animais, considerando seus corpos como sistemas mecânicos. Introduziu o termo "mecânica" pela primeira vez, descrevendo alavancas e outros mecanismos simples. • Leonardo da Vinci (1452 - 1519). Posteriormente, conhecido como “biomecaniscista”, da Vinci foi um homem da Renascença. Através de desenhos explorou o mundo das ciências, estudando anatomia humana e analisou forças musculares e funções articulares. Da Vinci qualifica a mecânica como a mais nobre e útil ciência pelo fato de que todos os corpo vivos que possuem capacidade de movimentar-se agem de acordo com as leis desta ciência. Escreveu a "Mecânica do movimento”; • Giovanni Alfonso Borelli (1608 - 1679). Pesquisou as alavancas do sistema músculo- esquelético e como as alavancas aumentam o movimento muito mais do que a força; Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 59 • Irmãos Weber - Eduard (1795-1881) e Wilhelm Weber (1804-1891). Estudaram a marcha humana a partir de leis simples da mecânica. Compararam o movimento dos membros inferiores com o movimento de um pêndulo; • Guillaume Benjamin Amand Duchenne (1806-1875). Conhecido como o Pai da Biomecânica Moderna. Seu livro "Fisiologia do Movimento" é considerado uma das mais importantes obras da literatura. Ele era fascinado pela investigação das respostas musculares produzidas pela estimulação elétrica. Estabeleceu os fundamentos da eletromiografia; É possível analisar as forças e tensões impostas aos músculos, ligamentos, nervos e articulações durante uma determinada postura imposta no desempenho da atividade laboral. Nas próximas unidades, você irá estudar como o corpo humano se comporta em determinadas situações de trabalho, como o trabalho sentado, em pé, de manuseio de carga, em terminais de computador, em esteiras, etc. Cinesiologia A cinesiologia é considerada por Chaffin, Anderson e Martin (2001) uma parte da biomecânica. Explicam que a cinesiologia surge quando os anatomistas buscaram descrever as ações músculo-esqueléticas e os movimentos corporais resultantes. Abrange toda a área do movimento humano, sendo dividida pelos autores em: 1. Cinemática – descreve o movimento de todo o corpo ou dos segmentos corpóreos principais, independente das forças que causam os movimentos; 2. Cinética – descreve as forças relacionadas aos movimentos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 60 A cinesiologia fornece modelos descritivos fundamentais para a criação de modelos biomecânicos quantitativos. Existe uma variedade de modelos biomecânicos que podem ser usados nas investigações da cinemática do corpo humano em situações reais de trabalho. No Modulo “Aplicabibilidade das principais vertentes e ferramentas ergonômicas” você aprenderá como utilizar alguns dos modelos existentes. Antropometria A antropometria é a ciência empírica que tenta definir medidas físicas confiáveis da forma e dimensão de uma pessoa para comparação antropológica. A antropometria trata das medidas físicas do corpo humano. A origem da antropometria remonta-se à antigüidade, pois Egípcios e Gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhecimento de biótipos humanos diferentes já aparece nos tempos bíblicos e o nome de muitas unidades de medida, utilizadas hoje em dia é derivado de segmentos do corpo. Itiro Lida (2005) explica que a indústria moderna demanda cada dia mais medidas antropométricas confiáveis e cada vez mais detalhadas. As medidas são necessárias pela necessidade de produção em massa de produtos como vestuários e calçados. Vêm sendo usadas em projetos de carros, adequados ao perfil de cada população e é fundamental nos projetos ergonômicos. A antropometria pode ser dividida em: • Antropometria
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