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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Jéssica Pinto de Souza Atividades profissionais do designer de interiores Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir design e designer. � Identificar o perfil profissional do designer de interiores. � Mostrar as áreas de atuação desse profissional. Introdução O design de interiores é um campo profissional que tem crescido muito nos últimos anos. Ele ganhou mais credibilidade e popularidade com a sua regulamentação, em 2016. De grande importância para a qualidade de vida das pessoas, a profissão de designer de interiores deve crescer ainda mais para atender às mudanças do século XXI e também às necessidades especiais de cada espaço. Neste capítulo, você vai estudar as definições dos termos “design” e “designer”. Também vai entender o que é o design de interiores e conhe- cer o perfil do profissional dessa área. Por fim, vai ver em que setores ele pode atuar no mercado de trabalho. O design e o designer O termo design vem da língua inglesa e significa “desenho”. Ele deriva do verbo latino designare, que quer dizer designar, mostrar, apontar um direção. Como você sabe, hoje esse termo tem um sentido mais amplo, pois se refere ao processo de criação de alguma coisa, que pode ser um espaço, um objeto, um conceito ou uma ideia. Esse processo de projeto de um elemento envolve um conjunto de ações intelectuais aliadas ao uso de uma série de ferramentas de representação dessas ações, como o desenho, a escrita, a modelagem, etc. O termo “design” surgiu no século XVIII, na Inglaterra, mas somente após a expansão da produção industrial é que assumiu o sentido que tem hoje. Isso ocorreu a partir da criação das escolas de design e da definição do campo disciplinar específico. Já no Brasil, as primeiras escolas de design surgiram na metade do século XX, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. A palavra “design” também se refere ao campo profissional do design, que contempla diversos segmentos, como design de interiores, design de produto, design gráfico, design digital, design de moda, entre outros. O processo de design envolve um grande número de fatores que influenciam a concepção de um projeto. Entre esses fatores estão as questões de uso, as formas de produção e execução, as questões estéticas, as questões sociais, culturais, econômicas, etc. (COELHO, 2008). Para Heskett (2008), o design é um fator determinante para a qualidade de vida de uma população. Afinal, ele afeta diretamente todos os aspectos da vida cotidiana, possibilitando melhorar e aperfeiçoar o espaço e os objetos utilizados diariamente. Você pode considerar que o design faz parte da história da humanidade desde a Idade da Pedra. Mesmo que de forma empírica (baseado na experiência prática), o homem desenvolveu o design das primeiras ferramentas e utensílios que criou para a sua sobrevivência (TAI, 2017). Já o termo “designer” se refere ao profissional que atua na área do design. O profissional que trabalha com design de interiores, por exemplo, é cha- mado de designer de interiores. Muitas vezes, os termos design e designer são utilizados como sinônimos pela população leiga no assunto. Entretanto, como você pode perceber, os termos possuem significados diferentes e são utilizados em situações distintas. Atividades profissionais do designer de interiores2 Quando você deve usar o termo design e quando deve usar o termo designer? Observe a Figura 1, a seguir. Ela vai ajudar você a não confundir esses dois termos e a sempre usá-los corretamente. Figura 1. Design versus designer. Fonte: Santos (2017, documento on-line). O designer de interiores No Brasil, a profissão do designer de interiores foi regulamentada pela Lei nº 13.369, de 12 de dezembro de 2016, que define e normatiza as atribuições desse profissional. Essa regulamentação impulsiona e valoriza a atividade, que vem ganhando cada vez mais destaque no mercado nacional. A Associação Brasileira de Designers de Interiores (1980, documento on-line), que foi criada em 1980, define o profissional de design de interiores da seguinte forma em seu estatuto: Designer de interiores é o profissional que atua numa atividade criativa e de caráter multidisciplinar dedicada ao planejamento da ocupação e do uso de espaços construídos ou não, de uso residencial, empresarial, institucio- nal, industrial, misto ou efêmero, tendo o usuário como foco de projeto e considerando os aspectos funcionais, estéticos e simbólicos do contexto socioeconômico-cultural em que atua, de modo a resultar em ambientes confortáveis e eficientes às demandas instituídas, contribuindo para o bem- -estar e a qualidade de vida dos seus usuários. 3Atividades profissionais do designer de interiores O designer de interiores é o profissional que pensa e projeta os espaços internos para que tenham a melhor utilização e uma boa estética, respondendo às necessidades e expectativas do cliente. Com a intenção de melhorar a qua- lidade dos espaços internos, o designer de interiores desempenha as seguintes funções, segundo Gibbs (2010): � analisa as necessidades específicas de seus clientes, incluindo seu estilo de vida; � elabora conceitos e ideias a partir de seu conhecimento específico, de forma adequada às necessidades levantadas; � desenvolve o projeto do ambiente com especificações de materiais, layout, mobiliário, instalações e equipamentos; � organiza e administra orçamentos e contratos; � acompanha e revisa as soluções de projeto durante sua execução. Segundo Gibbs (2010), o designer de interiores precisa ser um bom comu- nicador. Ele deve estabelecer as relações entre os diversos atores envolvidos no projeto e na execução de interiores, como fornecedores, técnicos, especialistas e clientes. Precisa ser criativo, disciplinado e ter um bom senso artístico. O projeto de design de interiores necessita de um grande número de pro- fissionais além do designer. Quando o projeto exige alterações estruturais, ampliações ou grandes reformas, o designer deve contar com o auxílio de profissionais especializados, como arquitetos e engenheiros, para a garantia da segurança da obra e a aprovação nos órgãos competentes, como prefeituras e corpo de bombeiros (GIBBS, 2010). O profissional que vai atuar na área de interiores nos próximos anos precisa ser flexível e se adaptar às novas necessidades contemporâneas. Em especial, deve considerar as questões de sustentabilidade, buscando materiais ecoló- gicos, com menor custo e mais eficientes energeticamente. A definição dos espaços está cada vez mais relacionada aos avanços tecnológicos e sistemas de automação (GIBBS, 2010). Cada vez mais o design de interiores tem sido pensado como design de ambientes. Ou seja, a ideia é transformar um espaço qualquer em um espaço humanizado e emocional, não apenas em um espaço funcional. A palavra “ambiente” remete à atmosfera do lugar, que une as necessidades práticas dos usuários à afetividade e ao conforto que podem ser proporcionados em um espaço (TAI, 2017). O designer de interiores precisa ter domínio de uma série de ferramentas para desenvolver e demonstrar as suas ideias e os seus projetos. A primeira Atividades profissionais do designer de interiores4 ferramenta é o desenho técnico. Ele é necessário para que o profissional faça a correta leitura ou representação do local em que vai atuar. Também é fun- damental para ele representar corretamente seu projeto. Só assim tal projeto vai ser corretamente executado, por exemplo, nas marcenarias, nas empresas fornecedoras e na própria obra. O designer também precisa dominar ferramentas de desenho em três di- mensões. Assim, pode demonstrar as suas ideias aos clientes da forma mais realista possível. Atualmente, existem diversos softwares que auxiliam na representação dos projetos de interiores. A formação do designer de interiores também contempla conhecimentos de história da arte (fundamentaispara o processo criativo nas soluções dos projetos); conhecimentos de psicologia (para compreender melhor o comportamento das pessoas); conhecimentos de ergonomia (que estuda a interação do homem com o mobiliário que ele utiliza); conhecimentos técnicos e tecnologia dos materiais (para poder especificar corretamente os acabamentos); entre outros. O profissional da área de design de interiores precisa estar em constante atu- alização de seus conhecimentos, pois trabalha em um campo muito dinâmico. Nesse campo, constantemente surgem novas tecnologias, novos produtos e até novas ferramentas de trabalho, como softwares, projeções, realidade virtual, etc. O designer de interiores precisa acompanhar a dinâmica do mercado para sempre propor as melhores soluções, com os materiais e as ferramentas mais adequadas às necessidades de cada cliente. Morris (2010) destaca que o designer precisa aliar a capacidade de ver o futuro à sua visão pessoal. Ele deve possuir características como criatividade, pensamento analítico e lógico, empatia, inteligência e boa observação. Você sabe quais são as diferenças entre o designer de interiores e o decorador de interiores? O designer de interiores é o profissional que possui conhecimento e habilidade para desenvolver projetos de mobiliários e planejar o uso dos espaços internos. Ele também elabora a composição estética dos espaços, escolhendo os elementos decorativos que vão compor os ambientes. Já o decorador de interiores é o profissional que pensa apenas na disposição do mobiliário e na composição estética e decorativa dos ambientes. 5Atividades profissionais do designer de interiores Áreas de atuação do designer de interiores De acordo com a Lei nº 13.369, que regulamenta a profissão de designer de interiores, esse profissional possui as seguintes competências: � projetar ambientes internos existentes ou pré-configurados, buscando a otimização do conforto, a estética, a saúde e a segurança, atendendo às necessidades dos clientes e às determinações das normas técnicas; � elaborar desenhos técnicos de espaços internos ou externos contíguos aos interiores; � especificar mobiliários, acessórios e materiais, definindo suas insta- lações e orçamentos; � compatibilizar os projetos com as exigências legais; � especificar cores, materiais de revestimentos e acabamentos; � projetar e detalhar móveis e demais elementos de decoração dos ambientes; � assessorar ou se responsabilizar pelas compras e gerenciamento da execução do projeto; � propor alterações nos espaços existentes mediante aprovação e execução por um profissional habilitado; � prestar consultoria técnica na área; � desempenhar cargos e funções em entidades públicas e privadas na área de interiores; � atuar no ensino e na pesquisa na área de design de interiores. (BRASIL, 2016, documento on-line). Para ler na íntegra a Lei nº 13.369, que regulamenta a profissão de designer de interiores no Brasil, acesse o site da Associação Brasileira de Designers de Interiores no link a seguir. http://abd.org.br A atuação do designer de interiores, segundo Gibbs (2010), se divide em duas grandes categorias: a residencial e a comercial. O design residencial deve atender às necessidades específicas dos clientes, levando em consideração Atividades profissionais do designer de interiores6 os hábitos e características dos moradores aliados às questões técnicas, de ergonomia, de tecnologia e de qualidade ambiental. Na área do design resi- dencial, o designer ainda pode desenvolver projetos para empreendimentos imobiliários, geralmente de unidades decoradas para divulgação e venda. No campo de atuação do design comercial, você pode considerar os projetos para escritórios, lojas, restaurantes, museus, hospitais, etc. O designer de interiores pode trabalhar em escritórios de arquitetura, construtoras e incorporadoras, lojas de móveis e de decoração. Pode ainda montar seu próprio escritório de projetos. A seguir, veja algumas das áreas em que o designer de interiores pode atuar. � Projeto de mobiliário: o designer pode desenvolver os móveis para seus projetos, para melhor utilizar os espaços e atender às necessidades dos clientes. Também pode desenvolver projetos de mobiliários para lojas e fabricantes de móveis planejados. � Decoração de interiores: o designer pode definir a composição dos espaços por meio da escolha dos mobiliários, da definição de cores, tex- turas, materiais de acabamento e objetos de decoração de um ambiente. � Gerenciamento da obra: o designer pode acompanhar e se responsa- bilizar pela execução da obra de interiores, contratando fornecedores e mão de obra, organizando cronogramas e orçamentos, fazendo contratos e compras. � Projeto de espaços internos: o designer pode desenvolver o projeto (pode incluir o projeto de mobiliário) para os espaços internos, definindo a disposição do mobiliário e considerando o melhor aproveitamento dos espaços. Nesse caso, ele define a estética e a decoração do ambiente, escolhendo materiais de acabamento para pisos, paredes e forros, e ainda texturas para sofás, almofadas, cortinas, painéis, tapetes, etc. Escolhe objetos de decoração, vegetação de paisagismo, equipamentos e eletrônicos, além de definir as instalações necessárias, como internet, telefone, sistemas de automação, etc. Como você viu, o design envolve tanto conhecimentos técnicos quanto conhecimentos estéticos e filosóficos. Além disso, ele se relaciona à visão pessoal do profissional. Essa complexidade exige que os profissionais dessa área estejam sempre buscando novos conhecimentos e inspirações em suas experiências diárias. A profissão de designer é ideal para quem gosta de enfrentar desafios, de estar sempre estudando e aprendendo (MORRIS, 2010). 7Atividades profissionais do designer de interiores 1. Muitas vezes, profissionais da área de projetos de interiores utilizam de forma incorreta os termos “design” e “designer”. Assinale a alternativa que apresenta o sentido correto desses dois termos. a) Design se refere à profissão e designer se refere ao profissional. b) Design e designer se referem ao profissional. c) Design e designer se referem à profissão. d) Design se refere ao profissional e designer, à profissão. e) Nenhum dos dois termos deve ser utilizado, pois estão em língua estrangeira. O correto seria “desenho” e “desenhista”. 2. O termo “design” engloba um amplo conceito e pode ser utilizado com diferentes significados. Assinale a alternativa que contém os usos corretos desse termo. a) Design pode se referir ao profissional e também pode se referir às cores de um objeto. b) Design pode se referir ao desenho do objeto ou ao profissional. c) Design pode se referir ao estilo de projeto ou ao profissional. d) Design pode se referir ao profissional e também à profissão. e) Design pode se referir ao desenho ou à forma de um objeto, ou pode se referir ao processo de criação de um produto. 3. A profissão de designer de interiores é regulamentada pela Lei nº 13.369, que determina as competências e limitações desse profissional. Assinale a alternativa que apresenta essas competências profissionais. a) O designer de interiores pode planejar e elaborar o projeto para edificações residenciais de até dois pavimentos. b) O designer de interiores pode desenvolver projetos de reforma, alterando a estrutura existente para melhor aproveitamento do espaço. c) O designer de interiores pode trabalhar com ambientações de áreas abertas, como parques e praças. d) O designer de interiores pode desenvolver projetos de mobiliários que melhor se adaptem às necessidades dos usuários. e) O designer de interiores pode acompanhar as obras de edificações de até quatro pavimentos, fiscalizando o cumprimento das normativas e legislações vigentes. 4. Duas das principais características do designer de interiores são a flexibilidade e a constante atualização de seus conhecimentos.Assinale a alternativa que contém a justificativa correta para essa afirmação. a) O designer de interiores precisa estar em constante atualização pois as técnicas de desenho estão sempre mudando e o profissional precisa aprender esses novos métodos. b) O designer de interiores precisa estar em constante atualização pois os arquitetos estão sempre alterando seus projetos, o que altera também os espaços internos. Atividades profissionais do designer de interiores8 c) O designer de interiores precisa estar em constante atualização pois o mercado de interiores é muito dinâmico e a cada dia surgem novos materiais e novas tecnologias. d) O designer de interiores precisa estar em constante atualização pois a mão de obra não possui qualificação para a execução dos projetos. e) O designer de interiores precisa estar em constante atualização para poder cobrar mais pelo desenvolvimento de seus projetos. 5. Uma das grandes preocupações do mundo contemporâneo diz respeito às questões ambientais e à sustentabilidade. De que forma essa preocupação pode se refletir no trabalho do designer de interiores nos próximos anos? a) O designer contemporâneo deve utilizar apenas materiais de origem animal para ser mais sustentável. b) O designer contemporâneo deve se preocupar em utilizar materiais ecológicos, mais sustentáveis e com melhor eficiência energética. c) O designer contemporâneo deve utilizar somente materiais reciclados e ecológicos em seus projetos. d) O designer contemporâneo deve utilizar soluções tradicionais de projeto, pois a sustentabilidade não afeta a área de interiores. e) O designer contemporâneo deve evitar tecnologias em seus projetos em busca da sustentabilidade. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESIGNERS DE INTERIORES. Estatuto social da Associação Brasileira de Designers de Interiores. ABD, 30 out. 1980. Disponível em: <http://abd.org. br/home/DownloadFile/estatuto-abd/3>. Acesso em: 23 out. 2018. BRASIL. Lei nº 13.369, de 12 de dezembro de 2016. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 dez. 2016. Disponível em: <http://www.abd.org.br/13369-- --regulamentacao-da-profissao>. Acesso em: 23 out. 2018. COELHO, L. A. L. (Org.). Conceitos-chave em design. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2008. GIBBS, J. Design de Interiores: guia útil para estudantes e profissionais. Barcelona: Gus- tavo Gilli, 2010. HESKETT, J. Design. São Paulo: Ática, 2008. MORRIS, R. Fundamentos do design de produto. Porto Alegre: Bookman, 2010. SANTOS, R. Design: investimento x reconhecimento. DCON, 27 abr. 2017. Disponível em: <http://designconceitual.com.br/2017/04/27/design-investimento-x-reconhecimento/>. Acesso em: 23 out. 2018. TAI, Hsuan-An. Design: conceitos e métodos. São Paulo: Blucher, 2017. 9Atividades profissionais do designer de interiores Conteúdo:
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