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COLECISTITE AGUDA • Complicação mais frequente da colelitíase; • Causa: obstrução do cístico por cálculo, levando à estase e infecção da vesícula; • Prevalência no sexo feminino – no sexo masculino aumenta com o avanço das faixas etárias, chegando a 30% dos casos acima dos 65 anos; • Emergência cirúrgica; ETIOPATOGENIA • Litíase: responsável por 90% dos casos; • O quadro agudo pode ser a primeira manifestação de doença biliar em 25 a 77% dos casos; • Colecistite aguda associada a obstrução por câncer de vesícula - 4% de nossos casos; • Colecistite aguda alitiásica: tanto em adultos quanto em crianças, durante a nutrição parenteral, devido a má perfusão tecidual causada por hipovolemia, sepse, estímulo adrenérgico, aterosclerose, aumento da concentração de bilirrubinas na bile acarretado por reabsorção de hematomas, politransfusão e desidratação; FISIOPATOLOGIA • Mecanismo inicial: impactação de cálculo no infundíbulo da vesícula ou no ducto cístico – cálculo comprime a mucosa e gerar edema e ulceração local; • A parede da vesícula produz fosfolipase-A, que age sobre as lecitinas da bile, produzindo lisolecitina (que é irritante de mucosas) e provavelmente prostaglandinas, via ácido araquidônico, que desencadeiam o processo infamatório; • A infamação aumenta o edema da vesícula e acaba por comprimir as circulações venosa e linfática; • Infecção secundária pode ser verifcada em 50% das culturas de bile - Escherichia coli, Klebsiella, Proteus e Streptococcus faecalis; • Colecistite enfisematosa: pacientes diabéticos, idosos ou que apresentem outras causas de imunodeficiência; • Áreas necróticas podem apresentar perfuração na parede posterior da vesícula, aderida ao fígado, causando abscesso intra-hepático, ou na parede anterior, livre, causando peritonite; • O processo de infamação e necrose pode perfurar órgãos que participam do bloqueio, causando fístula interna; • Síndrome de Mirizzi: coalescência infamatória do infundíbulo da vesícula com a via biliar – apresentação característica é icterícia obstrutiva; • Ílio Biliar ou Síndrome de Bouveret: coalescência infamatória entre a vesícula e o duodeno - a necrose e fistulização permitem a passagem de grandes cálculos para intestino delgado, onde podem causar obstrução intestinal; QUADRO CLÍNICO • Dor constante no hipocôndrio direito, tanto espontânea quanto à palpação, com febre e leucocitose; • Náuseas e vômitos; • Pode ocorrer dor localizada à descompressão; • ⅔ dos casos apresentam episódios anteriores de cólica biliar; • Vesícula dificilmente palpável ao exame físico; • Sinal de Murphy: paciente em respiração profunda manifesta dor quando se mantém pressão de palpação sobre a região subcostal direita; • Dor epigástrica forte, em cólica, irradiada para o hipocôndrio direito ou esquerdo, às vezes para a escápula, precórdio ou dorso, acompanhada de náuseas e vômitos reflexos; • Dor persiste por mais de 12 horas, com pouca melhora com analgésicos, diferentemente da cólica biliar, que é limitada; • Se a camada serosa é acometida: dor localiza-se no hipocôndrio direito e piora com a movimentação e inspiração profunda; • Icterícia: 20% dos pacientes adultos e é mais frequente em crianças - devida à infamação pericoledociana e regride nas primeiras 24 horas; aumento dos níveis de bilirrubina sugere a presença de coledocolitíase; • Febre em torno de 38°C; • Sinal de Murphy - sinal patognomônico de colecistite aguda; • Vesícula distendida e um plastrão infamatório formado pelo epíplon e podem ser palpados; colecistite aguda • Pacientes com reflexos diminuídos: idosos, diabéticos, imunossuprimidos e pacientes em estado crítico internados em terapia intensiva - apresentam sinais de sepse (febre, confusão mental, alterações de perfusão periférica e taquipneia) ou de insuficiência orgânica, mas não mostram sinais de defesa peritoneal; DIAGNÓSTICO • Exames laboratoriais: o Leucocitose com desvio à esquerda; o Icterícia pouco expressiva; • Exames de imagem: o Ultrassonografia: exame complementar mais usado para o diagnóstico; o TC e RM são usadas; Exames auxiliares: • Exames laboratoriais: contribuem indiretamente porque são pouco específicos; o Hemograma: apresenta leucocitose - pode ser pouco acentuada em pacientes mais graves; o Bilirrubina direta: a elevação acentuada e progressiva sugere coledocolitíase; o Amilase: pode estar elevada, podendo atingir níveis de até 500 UI - elevações maiores sugerem pancreatite aguda; o Proteína C-reativa (PCR): elevada - marcador importante no diagnóstico; • A orientação é que são suficientes para diagnóstico clínico: um dos achados de exame abdominal (sinal de Murphy ou dor ou plastrão no hipocôndrio direito) somado a um sinal sistêmico de infamação (febre ou leucocitose ou PCR elevada) e confirmado por um exame de imagem; • Ultrassonografia: exame mais indicado; o Sinal de Murphy sonográfico: dor pela compressão do transdutor exatamente no local onde a vesícula é visualizada; o Espessamento da parede vesicular acima de 4 mm + presença de cálculos = 90% de valor preditivo positivo; • TC de abdome e RNM: contribuem para o diagnóstico – demonstram vesícula dilatada (acima 8 × 4 cm), espessamento difuso e focos de atenuação na parede vesicular; o Indicados para doentes obesos, nos casos de evolução protraída, quando houver suspeita de abscessos hepáticos ou cavitários, e principalmente na suspeita de colecistite alitiásica em pacientes com aids; • Colecintigrafia: usado na exclusão de colecistite aguda como causa de abdome agudo; TRATAMENTO • Colecistectomia - na fase aguda; o Colecistectomia laparoscópica em 24 a 48 horas da internação é o tratamento ideal; o Casos mais graves com alterações sistêmicas e insuficiências orgânicas é preciso ponderar o quanto o tratamento (com reposição de volume, antibióticos etc.) pode melhorar; • Antibióticos com espectro para Gram-negativos: iniciados durante o preparo para a operação; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dani, Renato. Gastroenterologia essencial I. 4. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Clínica Médica: Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais. Medicina USP. Vol.4. São Paulo: Manole. Vol.4, Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós- graduação 2. ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2016. • Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. - Rio de Janeiro: Koogan, 2014. • Robbins & Cotran, Patologia: Bases Patologicas das Doenças, 8º. ed. Editora Elsevier. • Cecil. Medicina Interna. 24. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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