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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Clínica – Semana 9 – Dispneia (Asma, DPOC, Atelectasia, Pneumotórax) Introdução A maioria das doenças do sistema respiratório se apresenta com tosse e/ou dispneia e pode ser classificada em 3 categorias principais: - Doenças pulmonares obstrutivas: são as mais comuns e incluem principalmente distúrbios das VA como asma, DPOC, bronquiectasia e Bronquiolite. - Distúrbios restritivos: incluem doenças do parênquima pulmonar, anormalidades da parede torácica e da pleura e doenças neuromusculares; - Anormalidades da vascularização: embolia pulmonar, hipertensão pulmonar e doença veno-oclusiva pulmonar. OBS: Embora muitas doenças específicas se enquadrem em uma dessas categorias, os processos infecciosos e neoplásicos podem afetar o sistema respiratório e resultam em múltiplos achados patológicos, incluindo aqueles listados nas 3 categorias. OBS: Os distúrbios também podem ser agrupados conforme as anormalidades das trocas gasosas, incluindo os hipoxêmicos, os hipercárbicos e as alterações combinadas. Anamnese: - Dispneia e tosse: os sintomas cardinais das doenças respiratórias são dispneia e tosse. A dispneia tem várias causas possíveis, algumas delas não são predominantemente relacionadas com a patologia pulmonar. O tempo de início e duração da dispneia do paciente ajuda a determinar sua etiologia. Nesse contexto, a falta de ar aguda geralmente está associada a alterações fisiológicas súbitas, como edema de laringe, broncoespasmos, IAM, embolia pulmonar ou pneumotórax. Já os pacientes com DPOC e fibrose pulmonar idiopática apresentam-se com dispneia aos esforços de evolução progressiva, marcada por episódios agudos de piora da falta de ar. Por outro lado, os asmáticos, em sua maioria, não apresentam sintomas diários, mas experimentam episódios intermitentes de dispneia, tosse e aperto do peito, em geral associados a desencadeantes específicos. As palavras usadas pelo paciente para descrever a falta de ar podem sugerir determinada etiologia para a dispneia. Os pacientes com doença pulmonar obstrutiva costumam queixar-se de: aperto no peito ou de incapacidade de respirar profundamente; Já os pacientes com IC costumam relatar uma sensação de sufocamento ou que o ar é insuficiente. As perguntas específicas devem se concentrar nos fatores que desencadeiam a dispneia, assim como em qualquer intervenção que ajude o paciente a aliviar a falta de ar. Além disso, a determinação do grau de atividade necessário para que haja falta de ar é de extrema importância, pois dá ideia do grau de incapacidade do paciente. No caso da tosse, o médico deve inquirir sobre a duração da tosse, se está associada a escarro e sobre os fatores que desencadeiam a tosse. A tosse aguda com produção de escarro frequentemente indica infecção do sistema respiratório, incluindo os processos que afetam as VA superiores ou inferiores e o próprio parênquima pulmonar. É importante avaliar a quantidade e a própria qualidade do escarro (se há sangue, por exemplo). A tosse crônica (definida como uma tosse que persiste além de 8 semanas) comumente está associada a doenças de padrão obstrutivo, sobretudo asma, DPOC e bronquiectasia crônica, assim como doenças não respiratórias, como DRGE e gotejamento pós-nasal. As doenças difusas do parênquima, como a fibrose pulmonar idiopática, frequentemente se apresentam com tosse persistente e não produtiva. - Outros sintomas: Os pacientes com doenças respiratórias podem relatar: Sibilos: sugestivos de problemas nas VA, particularmente asma. A hemoptise pode ser causada por diversas doenças pulmonares, incluindo infecções do trato respiratório, carcinoma broncogênico e embolia pulmonar; Dor ou desconforto torácico pode ter origem respiratória. Sendo que ela costuma resultar de problemas na pleura parietal, a exemplo do pneumotórax ou de doenças vasculares pulmonares, como a hipertensão pulmonar. Cor pulmonale: como muitas doenças pulmonares podem resultar em sobrecarga do coração direito, os pacientes apresentam sintomas de cor pulmonale, que incluem: aumento do volume ou distensão abdominal e edema de MMII. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP OBS: Uma história social completa é parte essencial da investigação clínica de pacientes com doença respiratória. Todos os pacientes devem ser questionados acerca de tabagismo prévio ou atual. Além disso, deve-se explorar possíveis exposições inalatórias no trabalho ou em casa. OBS1: A associação de sintomas como febre e calafrios aumenta a suspeita de etiologia infecciosa, tanto pulmonar como sistêmica. Exame físico: A suspeita clínica de doença respiratória frequentemente é levantada pelos sinais vitais do paciente. - A frequência respiratória é informativa, esteja ela aumentada (taquipneia) ou reduzida (hipopneia). Além disso, a oximetria de pulso deve ser monitorada uma vez que muitos pacientes com doença respiratória apresentam hipoxemia em repouso ou ao esforço. A primeira parte do exame físico é a inspeção. Os pacientes com doença respiratória aparentam desconforto, tendo que utilizar os músculos acessórios da respiração. Já a percussão do tórax é usada para definir a excursão do diafragma e a extensão dos pulmões. - No caso de redução do MV: a percussão é usada para distinguir entre derrame pleural (maciço à percussão) e pneumotórax (hipertimpânico). O papel da palpação é restrito no exame do aparelho respiratório. Com a palpação, pode-se demonstrar a presença de ar no tecido subcutâneo em quadro de barotrauma. Ela também é usada como meio adjunto para determinar se a redução do MV em uma área se deve a consolidação (aumento do frêmito) ou derrame pleural (redução do frêmito). Para detecção de distúrbios de ventilação unilateral, a simetria e o grau de expansão da parede torácica podem ser avaliados durante uma inspiração profunda colocando-se os polegares juntos na linha média sobre a parte inferoposterior do tórax. A maioria das manifestações respiratórias está presentes na ausculta pulmonar. - Os sibilos são manifestações de uma obstrução de VA. São sons agudos. asma, edema da IC, além de qualquer quadro que cause estreitamento das VA; OBS: Geralmente são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando aparecem em um local específico, devemos suspeitar de neoplasia ou corpo estranho. - Roncos: é uma manifestação de obstrução das VA de médio calibre, muitas vezes com secreção. São sons graves. bronquite viral ou bacteriana, DPOC, Bronquiectasia; - Estridor: é um sibilo inspiratório focal mais agudo, geralmente ouvido no pescoço como manifestação da obstrução de VA superior; - Creptos ou estertores finos: sinalizam doença alveolar. Processos que preenchem os alveolos de líquido podem resultar em creptos. Ocorrem no final da inspiração, são agudos e de curta duração. Não se modificam com a tosse. edema pulmonar e pneumonia. - Estertores bolhosos ou grossos: têm frequência menor e maior duração que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. Ocorrem no início da inspiração e durante toda a expiração. Podem ter origem na abertura e fechamento das vias respiratórias contendo secreção espessa bronquite crônica e bronquiectasia. OBS: A ausência ou redução do MV ajudam a determinar a etiologia da doença respiratória. Pacientes com enfisema costumam se apresentar com um tórax silencioso com redução difusa do MV. Os pacientes com pneumotórax ou derrame pleural podem se apresentar com uma área de MV abolido. OBS1: O achado da dispneia deve ser corroborado por parâmetros clínicos, como a observação do uso da musculatura acessória, aumento da frequência respiratória,alteração da amplitude respiratória, ocorrência de cianose e alterações da ausculta pulmonar. Dispneia A dispneia é a dificuldade para respirar, podendo o paciente ter ou não consciência desse estado. Será subjetiva quando só for percebida pelo paciente e objetiva quando se fizer acompanhar de manifestações que evidenciam ao exame físico. Classificação: - De acordo com as atividades físicas: Dispneia aos grandes esforços; Dispneia aos médios esforços; Dispneia aos pequenos esforços; Dispneia em repouso: é a dificuldade respiratória mesmo no repouso. OBS: A dispneia pode acompanhar-se de taquipneia (frequência respiratória aumentada) ou hiperpneia (amplitude aumentada). - De acordo com a posição: Ortopneia: dispneia que impede que o paciente fique deitado, o que obriga a sentar-se ou ficar de pé para obter algum alívio; Trepopneia: dispneia em decúbito lateral, ocorre principalmente nos pacientes com derrame pleural; Platipneia (contrário da ortopneia): dispneia que aparece quando o paciente passa da posição deitada para sentado ou em pé. As causas mais comuns são malformações arteriovenosas pulmonares, síndrome Hepatopulmonar, forma oval patente ou defeito do septo atrial. - Dispneia do Medical Research Council Modificada (mMRC): 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Fisiopatologia: As causas da dispneia podem ser divididas em atmosféricas, obstrutivas, pleurais, toracomusculares, diafragmáticas, teciduais ou relacionadas ao SNC. - Causas atmosféricas: quando a composição do ar for pobre em oxigênio ou sua pressão parcial estiver diminuída. Nesses casos, o organismo reage, de início, com taquipneia, mas, se esta situação perdurar, aparece a sensação de falta de ar; - Causas obstrutivas: Obstruções laríngeas: comumente são parietais e são ocasionadas por difteria, laringite estridulosa, edema angioneurótico, estenose por tuberculose ou blastomicose e neoplasia; Obstrução da traqueia: ocorre geralmente por compressão extrínseca, decorrente de bócio, neoplasias malignas, aneurisma de aorta e adenomegalias mediastínicas; Obstruções brônquicas: podem ser intraluminais, parietais ou mistas, e são causadas por neoplasias do mediastino, adenomegalias, carcinoma brônquico. Obstruções bronquiolares: são sempre mistas e aparecem em asma e nas bronquiolites. - Causas parenquimatosas: todas as afecções que reduzem a área de hematose de modo intenso, tais como condensações e rarefações parenquimatosas determinam dispneia. - Causas toracopulmonares: as alterações capazes de modificar a dinâmica toracopulmonar, reduzindo a elasticidade e movimentação ou ainda provocando assimetria entre os hemitórax podem provocar dispneia. Nessas condições se incluem fraturas de arcos costais, cifoescoliose e alterações musculares, como miosite e mialgia intensa. - Causas diafragmáticas: sendo o diafragma o mais importante músculo respiratório, toda a afecção que interfira no seu movimento pode ocasionar dispneia. As principais causas são: paralisia, hérnias e elevações uni ou bilaterais. - Causas pleurais: a pleura parietal é dotada de inervação sensitiva e sua irritação provoca dor que aumenta com a inspiração. Para evita-la, o paciente procura limitar ao máximo seus movimentos, bem como deitar sobre o lado que incomoda. Grandes derrames pleurais reduzem a expansão pulmonar, o que causa dispneia; - Causas cardíacas: dependem do mau funcionamento da bomba. O mecanismo principal da dispneia é a congestão passiva dos pulmões; - Causas de origem tecidual: o aumento do consumo celular de oxigênio é uma resposta fisiológica normal ao aumento da atividade metabólica. Praticamente basta intensificar a atividade muscular para condicionar o aparecimento da dispneia: exercício, tetania e crises convulsivas; - Causas relacionadas ao sistema nervoso: podemos separa-las em 2 grupos: Origem neurológica por alterações do ritmo respiratório: como ocorre em hipertensão craniana; Psicogênica: se manifesta como dispneia suspirosa. Correlação das principais causas da dispneia aos mecanismos fisiopatológicos: - Aumento do estímulo respiratório: Estimulação dos quimiorreceptores: Condições que conduzem a hipoxemia aguda; Diminuição das trocas gasosas: asma, embolia, pneumonia, IC; Hipoxemia ambiental: altitude, espaço fechado com fogo; Condições que conduzem ao aumento do espaço morto, hipercapnia aguda; Diminuição das trocas gasosas: asma, exacerbação da DPOC, edema pulmonar; Alteração da bomba ventilatória: fraqueza muscular, obstrução do fluxo aéreo; Acidose metabólica; Doença renal: insuficiência renal, acidose tubular renal; Diminuição da capacidade de transporte de oxigênio: anemia; Diminuição da liberação do oxigênio ao nível tecidual: hemoglobinopatias; Diminuição do débito cardíaco. Estimulação dos receptores pulmonares: irritantes, mecânicos e vasculares: Doença do interstício pulmonar; Derrame pleural; Doença vascular pulmonar: TEP, hipertensão pulmonar idiopática; Asma leve. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Fatores comportamentais: Síndrome de hiperventilação, distúrbios de ansiedade e ataques de pânico. - Aumento do esforço ou do trabalho respiratório: Fraqueza muscular: miastenia grave, lesão da medula espinhal, miopatia; Diminuição da conformidade da parede torácica: cifoescoliose grave, obesidade, derrame pleural; Obstrução do fluxo aéreo: asma, DPOC, aspiração de CE, bronquite. Sibilos Chiado ou chiadeira é como o paciente se refere a um ruído que ele pode perceber, predominantemente na fase expiratória da respiração, quase sempre acompanhado de dispneia. A sibilância é frequentemente referida durante o período noturno quando o paciente se encontra no leito. Isso ocorre porque nesse momento o ambiente está mais silencioso, a posição deitada pode reduzir os volumes pulmonares e o diâmetro das vias respiratórias, sempre ocorre uma redução fisiológica da produção de Corticoesteroides e catecolaminas. O chiado resulta da redução do calibre da árvore brônquica, podendo ser o prenuncio de crise asmática. Na criança pode aparecer devido resfriados, já no adulto pode ser por broncoespasmos infeccioso e quando persistente e localizada pode indicar neoplasia ou corpo estranho. Causas: - Asma; - Bronquite aguda e crônica; - Tuberculose brônquica; - Neoplasias malignas e benignas; - Embolias pulmonares; - Bloqueadores beta-adrenérgicos; - Inalantes químicos; - Fármacos colinérgicos; - IC esquerda: a chamada asma cardíaca. Asma brônquica A asma é uma doença heterogênea, caracterizada pela inflamação crônica das vias respiratórias e por limitação variável do fluxo expiratório, que pode ser parcial ou totalmente reversível. Sintomas: - Sibilância; OBS: Não é exclusivo da asma, podendo aparecer em DPOC e IC. Importante salientar também que a ausência de sibilos não exclui o diagnóstico de asma, pois a ausência dele em uma crise pode indicar um caso de gravidade extrema (tórax silencioso), de modo que a passagem de ar nas vias está quase totalmente impedida pelo broncoespasmo. - Dispneia; - Opressão torácica; - Tosse seca ou produtiva, geralmente mucoide, mas podendo ter característica mucopurulenta em caso de infeciosos concomitantes; - Piora no período noturno ou pela manhã e também aos exercícios. Os sintomas podem ser precipitados ou agravados por infecções virais, exposição ambiental a alérgenos ou irritantes, variações climáticas, exercício e estresse. O processo inflamatório é responsável direta ou indiretamente pela tríade: - Broncoconstricção; - Espessamento da parede das vias respiratórias; - Aumento da produção de muco. Diagnóstico: O diagnóstico deasma é clínico, de modo que uma história compatível de tosse, chiado, dispneia que piora à noite ou pela manhã, aumenta muito a probabilidade de asma. DPOC A DPOC é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores e do parênquima pulmonar. A inflamação é sistêmica, persistente e causada pela inalação de fumaças tóxicas. A obstrução do fluxo expiratório é o que caracteriza a DPOC. Os sintomas de DPOC são progressivos e determinantes para a inatividade física e a perda da qualidade de vida dos pacientes. Causas: A inflamação pulmonar crônica, o remodelamento das vias e a destruição do parênquima pulmonar causam a obstrução crônica ao fluxo expiratório da DPOC. Nas exacerbações da DPOC, o dano pulmonar é agravado por piora da inflamação e aumento do estresse oxidativo e das proteases. A inflamação das vias respiratórias resulta em hiperplasia do epitélio respiratório e hipersecreção brônquica (bronquite crônica). Além disso, há uma destruição da elastina, o que 5 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP causa perda do recolhimento elástico do parênquima pulmonar. Assim, o ar aprisionado pelo aumento da resistência das vias respiratórias à expiração leva a hiperdistensão dos espaços respiratórios e ruptura dos septos alveolares (enfisema). A inflamação da DPOC é sistêmica e contribui para o desenvolvimento de comorbidades: cardiovasculares, caquexia, fraqueza muscular, anemia, DM, distúrbios do sono, osteoporose, depressão e CA de pulmão. Em pacientes com DPOC, a resistência das vias respiratórias ao fluxo respiratório é aumentada notadamente ao fluxo expiratório. Assim, a obstrução ao fluxo expiratório impede a saída do ar, e o VEF1 fica reduzido. O ar, então, é aprisionado e hiperinsufla os pulmões, provocando o aumento do volume residual e a redução da capacidade vital forçada (CVF). Portanto, quanto menor o tempo expiratório, pior é a hiperinsuflação e a frequência respiratória aumentada nos esforços diminui o tempo expiratório e provoca piora aguda da hiperinsuflação pulmonar. Sinais e sintomas: Os sintomas da DPOC são lentamente progressivos e nos estágios iniciais quase imperceptíveis. O mais frequente é a tosse crônica matinal, seca ou com expectoração e, na maioria dos casos, precede a dispneia. Por outro lado a dispneia é o sintoma incapacitante. Inicialmente percebida somente aos esforços maiores, mas se agrava lenta e progressivamente. As síndromes clínicas clássicas da DPOC são: - Síndrome pulmonar de hiperaeração; - Síndrome brônquica obstrutiva. Nos pacientes mais leves, o exame físico tendem a estar normal. Contudo, nos pacientes mais graves nos vamos encontrar: - Tórax em tonel; - Hipersonoridade à percussão; - Frêmito e MV diminuídos; - Roncos, sibilos e estertores podem estar presentes. Os pacientes podem evoluir para cor pulmonale, com turgência jugular, edema de MMII, hepatomegalia, hiperfonese de B2. Classificação: - Pink Puffer ou soprador rosado; - Blue Bloater ou bronquitico crônico. A maioria dos pacientes apresenta uma combinação dos dois tipos. OBS: A exacerbação da DPOC apresenta-se clinicamente com piora dos sintomas, De modo que a dispneia se agrava, a expectoração fica mais abundante, podendo ser purulenta, taquipneia, tempo expiratório prolongado, respiração com lábios semicerrados, uso da musculatura acessória, cianose, roncos, sibilos e estertores. Muitas vezes são confundidos com quadros gripais. Diagnóstico: O questionamento sobre tabagismo ou exposição a fumaças tóxicas é o ponto chave. Além disso, é importante avaliar comorbidades: HAS, dislipidemia, Síndrome metabólica, catarata, depressão, osteoporose e CA de pulmão. Bronquite crônica: Ao exame físico o principal achado são estertores grossos disseminados em ambos hemitórax. Roncos e sibilos são frequentes e pode-se encontrar redução bilateral da expansibilidade, hipersonoridade e redução do frêmito e do MV. Enfisema pulmonar: A hiperaeração que se observa no enfisema pulmonar resulta de alterações anatômicas caracterizadas pelo aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, acompanhadas de modificações estruturais das paredes alveolares. Clinicamente apresenta-se com dispneia, que se agrava lentamente. Nas fases iniciais, o exame físico iremos encontrar apenas redução do MV e expiração prolongada, com a evolução da doença, somam-se tórax em tonel, FTV diminuído e hipersonoridade. Atelectasia A atelectasia tem como elemento principal o desaparecimento de ar dos alveolos sem que o espaço alveolar seja ocupado por células ou exsudato. Os principais achados são: - Redução do FTV; 6 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Macicez. As causas mais comuns são: - Neoplasias; - Corpos estranhos. OBS: Se a obstrução se situar em um brônquio principal ocorre atelectasia no pulmão inteiro, já se estiver em brônquios lobares ou segmentar, a atelectasia fica restrita a um lobo ou a um segmento pulmonar. Pneumotórax No pneumotórax, o que se acumula no espaço pleural é ar, que penetra através de uma lesão traumática, ruptura de bolha subpleural ou em certas afecções pulmonares, como tuberculose, neoplasia e pneumoconioses. As principais manifestações clínicas são: - Dor no hemitórax acometido; - Tosse seca; - Dispneia; - Redução do FTV; - Hipersonoridade. Pneumonia As pneumonias caracterizam-se por um processo inflamatório agudo que acomete os espaços aéreos, de qualquer natureza, principalmente por agentes infecciosos, como bactérias, vírus e mais raramente por fungos e parasitos. Quando a pneumonia se restringe a um lobo pulmonar ela se denomina da pneumonia lobar. Já as formas com comprometimento predominante de vias respiratórias e do lúmen alveolar, de limites mal definidos, irregulares e entremeados de áreas do parênquima sem lesões denominam-se de broncopneumonia. Classificação: - Pneumonia adquirida na comunidade (PAC): refere-se à doença adquirida fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de atenção à saúde ou ainda que se manifeste em até 48 horas da admissão à unidade assistencial. O acometimento prioritário ocorre em: Grupos etários vulneráveis: crianças menores de 5 anos e adultos maiores de 65 anos; Grupos com maior gravidade: cardiopatas, diabéticos e pacientes com doenças pulmonares crônicas. - Pneumonia nosocomial: é aquela que se instala após 48 horas após da internação ou que ocorre até 48 horas após a alta hospitalar. Sinais e sintomas: - Tosse: na fase inicial pode ser seca ou apresentar pequena quantidade de expectoração mucoide, mas que evolui para purulenta; - Dor torácica tipo pleurítica: localizada, em pontada, que piora com a tosse e a inspiração profunda; - Febre; - Dispneia: geralmente ausente nos quadros leves. Quando presente caracteriza sempre um quadro grave; - Fraqueza: sintoma muito frequente. Exame físico: - Síndrome de consolidação pulmonar: Expansibilidade diminuída; FTV aumentado; Macicez; MV diminuído; Estertores finos. - Derrame pleural: de modo que os achados do exame físico do derrame pleural podem prevalecer: Expansibilidade diminuída; FTV diminuído; Macicez; Abolição do MV. - Taquipneia. OBS: Sempre é necessária uma avaliação completa do paciente, incluindo idade, epidemiologia, antecedentes e identificação de comorbidades, como DPOC, rinite, sinusite, laringite, bronquioectasias, asma, DM, alcoolismo, desnutrição, AIDS, IC, neoplasia maligna, uso de Corticoesteroides. 7 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Pneumonia Congestão Atelectasia DPOC Derrame Pleural Pneumotórax Inspeção Expansibilidade diminuída Taquipneia e tiragem intercostal Expansibilidade diminuída e assimetria torácica Tórax em tonel,expansibilidade diminuída e tiragem intercostal Taquipneia, presença de tiragem intercostal Taquipneia, presença de tiragem e abaulamento dos EIC’s FTV Aumentado Aumentado Diminuído ou ausente Diminuído Diminuído Diminuído Percussão Macicez Macicez Macicez Hipertimpanismo Macicez Timpanismo Ausculta MV normal, estertores no final da inspiração MV normal com creptos MV ausente sem ruídos adventícios MV diminuído, roncos e sibilos MV abolido e ausência de ruídos adventícios Diminuição do MV, podendo ter atrito pleural Raio X Opacificação não homogênea, presença de consolidação. Aumento da área cardíaca, linhas B de Kerley, inversão da trama vascular e padrão em asa de borboleta. Opacificação, desvio para o lado ipsilateral, hiperinsuflação, elevação do diafragma. Rebaixamento do diafragma, aumento do volume e hipertransparência. Opacificação homogênea, sinal da parábola ou menisco, empurra as vísceras para o lado contralateral Aumento da transparência, ausência da trama vascular. 8 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP
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