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Clínica Médica I Lorenna Sá CIRROSE DEFINIÇÃO • Via final comum de uma lesão hepática crônica e persistente em indivíduo geneticamente predisposto e que, independentemente da etiologia, acarretará fibrose e formação nodular difusa, com consequente desorganização da arquitetura lobular e vascular do órgão EPIDEMIOLOGIA • Distribuição global, independente de raça, idade e gênero • Prevalência de 4,5 a 9,5% • Apenas 30% dos pacientes alcoolistas crônicos ou infectados pelo HCV evoluem para cirrose, realçando a importância do fator genético ETIOLOGIA • Metabólica – congênita ou adquirida do metabolismo, em crianças ou adultos jovens; • Alcoólica – principal agente etiológico entre pacientes adultos; • Autoimune – evolução da hepatite ou colangite autoimune (> mulheres); • Obstrução do fluxo venoso hepático – causa anóxia congestiva do fígado; ocorre na síndrome de Budd-Chiari, na doença veno-oclusiva e na pericardite constritiva; • Virais – hepatites (vírus B, D e C); • Biliares – a cirrose biliar secundária é o processo final de doenças crônicas que acometem a árvore biliar com colangites de repetição, a colangite esclerosante e na obstrução das vias biliares; • Criptogênica – 5 a 10% de causa indeterminada; • Induzida por fármacos – metotrexato, isoniazida, oxifenisatina, alfametildopa... FISIOPATOLOGIA Necroinflamação -> fibrose • Os principais achados morfológicos da cirrose incluem: • Fibrose difusa • Nódulos regenerativos • Arquitetura lobular alterada • Estabelecimento de derivações vasculares intra-hepáticas • Outras características relevantes são: capilarização dos sinusoides e fibrose perissinusoidal, trombose vascular e lesões obliterativas no trato portal e veias hepáticas FIBROSE E FIBROGÊNESE • Fibrose – acúmulo dos componentes da matriz celular (tecido conjuntivo) • Esse acúmulo decorre de uma maior síntese ou menor degradação dos componentes pelos miofibroblastos • Os miofibroblastos são ativados por meio das células estreladas • Quando há lesão hepática crônica, a progressão para fibrose ou para reparação depende do estímulo desencadeado pela lesão e da genética do indivíduo • Lipoperoxidação -> necrose celular MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS São divididas em insuficiência hepática e hipertensão portal Insuficiência hepática – dependentes principalmente da perda de massa hepatocelular funcionante • Icterícia • Hipercolesterolemia • Desnutrição • Desregulação do metabolismo glicídico • Edema • Coagulopatias • Impotência/ diminuição da libido • Ginecomastia Clínica Médica I Lorenna Sá • Teleangectasias • Eritema palmar • Diminuição da pilosidade • Atrófia testicular • Irregularidades menstruais • Sinais de virilização Hipertensão portal – cirrose não é igual a hipertensão portal • Varizes gastroesofágicas • Circulação colateral • Esplenomegalia • Hemorroidas • Caput medusae – circulação colateral periumbilical • Hiperesplenismo • Trombocitopenia • Ascite CLASSIFICAÇÃO Os pacientes cirróticos podem ser classificados em: • Compensados • Descompensados Baseado na presença de ascite, encefalopatia (asterixis) e/ou icterícia – Classificação Child-Turcotte-Pugh Importante valor prognóstico de mortalidade MELD • Avalia concentração sérica de sódio plasmático • Critério de alocação de órgãos para transplante hepático • Creatinina, bilirrubina e INR DIAGNÓSTICO • Forma correta: biópsia com agulha • Alterações encontradas no exame físico e/ou no exame de imagem e EDA tornam a biópsia desnecessária - (alteração da ecogenicidade e retração do parênquima com superfície nodular e os sinais de hipertensão portal) EXAMES DE IMAGEM • USG – avalia parênquima e rastreamento de neoplasias • TC • RNM • Marcadores não invasivos: Diretos – envolvidos com a síntese e a degradação da matriz extracelular, como o ácido hialurônico, pró-colágeno tipo III, metaloproteases etc. Indiretos – AST/ALT, bilirrubinas, proteínas e contagem de plaquetas APRI < 1 – cálculo com AST/ALT FIB-4 – relação AST/ALT e plaquetas FIBROSCAN (elastografia) – avaliação de fibrose pela medida da elasticidade do tecido (< elasticidade > velocidade de propagação da onda) BIÓPSIA HEPÁTICA Clínica Médica I Lorenna Sá TRATAMENTO • Objetivo – erradicação do agente causal da cirrose • Há relatos de regressão da cirrose após tratamento da doença de base, especialmente nas hepatites virais e autoimunes • Ainda não se dispõe nenhuma droga antifibrogênica • Transplante hepático • Nutrição - Suplementação de aminoácidos essenciais de cadeia ramificada (AACR) – auxilia na retenção de nitrogênio - Suplementos orais com soluções ricas em AACR ou com leite de soja - Necessidade energética – proteínas de 1,2 a 1,5 g/kg e pequenas refeições distribuídas - A restrição proteica não é recomendada, exceto por período curto em ocorrência de hemorragia gastrointestinal - Ingesta de sódio não deve ser menor que 2000 mg/dia COMPLICAÇÕES • Ascite • Peritonite bacteriana espontânea • Encefalopatia hepática • Hepatocarcinoma celular • Hipertensão portal • HDA varicosa • Síndrome hepatorrenal • Síndrome hepatopulmonar
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