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BOVINOCULTURA DE CORTE Maria Eduarda Rocha RAÇAS EUROPEIAS – TAURINAS BRITÂNICAS → ABERDEEN ANGUS: · Origem: Escócia. · Raça muito antiga. · Animal típico para corte: alto rendimento de carcaça e boa qualidade de carne. · Raça taurina britânica de maior uso no Brasil. · Animais de muita homogeneidade (semelhantes em termos de desempenho). · Qualidade de carne excepcional. · Aptidão para corte. · Fêmeas: excelente habilidade materna e boas produtoras de leite (desmame pesado). · Muito usado para cruzamento industrial (fêmea Nelore x macho Angus), dando origem a animais meio sangue de muito desempenho. · Precocidade. · Raça muito importante no mundo inteiro. · Posição de cupim bem diferente do Nelore. · Docilidade. · Característica mocha. · Grande ganho de peso. · Melhoramento genético bem sucedido. · No Brasil, o maior objetivo é produzir animais F1 através do Angus (cruzamento industrial). · Vantagens da raça: · Peso ao nascer baixo (entre 25 e 28 kg) → redução da incidência de distocias · Crescimento muito rápido (precocidade); · Animais nascem leves, mas o desempenho aumenta rapidamente. Animal típico para corte: ▪ Quanto maior a profundidade e arqueamento de costelas, melhor será o desempenho do animal → maior capacidade digestiva e cardiorrespiratória. ▪ Cabeça leve. ▪ Equilíbrio entre membros posteriores e anteriores. ▪ Animal mais longilíneo (mais comprido) → maior a porção de carnes. ▪ Taurinos são mais baixos (mais próximos do chão) do que os zebuínos (“pernalta”), indicando mais precocidade. · Red Angus · Variedade recessiva. · Mutação na coloração. · Homozigoto recessivo (aa). · Produtivamente não há diferença entre o Red Angus e o Black Angus. · Pouca quantidade de animais Red Angus, a maioria são Black Angus (AA;Aa). · A desvantagem é que o Red Angus geralmente sai despigmentado. · Se colocar touro Black Angus em fêmea Nelore → progênie de cor preta Se colocar touro Red Angus em fêmea Nelore → progênie rajada/manchada de cor marrom · Macho: 900 kg; Fêmea: 700 kg. Sucesso do Angus no Brasil: ▪ Muito produtivo; ▪ Peso ao nascimento menor; ▪ Homogeneidade da progênie; ▪ Boa qualidade de carcaça; ▪ Animais padronizados; ▪ Melhoramento genético bem sucedido. → HEREFORD: · Origem: Inglaterra. · Muito utilizado nos Estados Unidos (época do faroeste). · Aptidão para corte. · Qualidade de carne (“baby beef”). · Cortes cárneos de excelente qualidade. · Também muito utilizado no cruzamento industrial. · Precocidade. · Rusticidade. · Facilidade de parto, fertilidade e longevidade. · Pelagem: vermelho-malhada. · Cor branca: cabeça, pode estender até o pescoço e cernelha, ventre e extremidades dos membros e cauda. · Pode ser confundido com o Simental (raça continental). · Hereford possui uma linha branca na cernelha, que não é presente no Simental. · Touros: 900 kg; Vacas: 550 kg. · Região Sul (Rio Grande do Sul). · Alto rendimento de carcaça (58 a 68%). · Dimorfismo sexual. · Assim como várias outras raças puras, vem sendo substituído por raças sintéticas ou compostas, que imprimem mais heterose e adaptabilidade. · Muito semelhante ao Angus em termos de produtividade e qualidade de carne. Porém o Angus se sobressai devido à alta consolidação no mercado. → SHORTHORN: · Origem: Inglaterra. · Melhor raça britânica em termos de produtividade. · Muito produtiva e pouco adaptada (muito sensível). · Dupla aptidão (leite e corte). · Precocidade. · Alto rendimento de carcaça (68 a 72%). · Raça mais utilizada para formar novas outras raças (quando se quer imprimir produtividade), e não para cruzamentos industriais. → DEVON: · Origem: Inglaterra. · Pelagem: vermelho escuro ao claro (cor rubi). · Rusticidade. · Corpo em forma de bloco (muito longilíneo). · Machos: 700 a 800 kg; Fêmeas: 500 kg. · São mais adaptados que os Shorthorn, e por isso substituem eles → “Onde se cria dificilmente 2 Shorthorns, pode-se criar bem 3 Devons.” · Encontrado no sul do Brasil. → WAGYU: · Origem: Japão. · Raça muito antiga (era utilizada nos arados para plantio de arroz no Japão). · Inserção recente no Brasil. · Aptidão para corte. · O foco principal da raça é imprimir gordura de marmoreio. · A gordura entremeada é mais cara, mais difícil e mais demorada de se colocar numa carcaça. · Necessidade de alimentação com grãos → criação em confinamentos de longo prazo (1 ano e meio). · Na criação à pasto não se consegue colocar esse tipo de gordura na carcaça. · Carne muito valorizada, mas também muito cara para se produzir. · Variação de cor (Wagyu Black e Wagyu Red). · Há predomínio do preto (Wagyu Black). · O marrom é mocho e possui uma carcaça melhor que o preto. · Corte de contra-filé Wagyu: RAÇAS EUROPEIAS – TAURINAS CONTINENTAIS De forma geral, são animais maiores, de alto rendimento de carcaça e mais tardios. Ao se colocar esse tipo de genética no criatório, deve estar ciente do tamanho desses animais e se o sistema comporta eles. → LIMOUSIN: · Origem: França. · Alto grau de musculosidade e menor quantidade de gordura. · Pelagem: amarelo-laranja uniforme. · Mucosas claras. · Alta fertilidade. · Longevidade. · Utilizado em cruzamentos terminais (produto destinado para abate). · Excelente rendimento de carcaça (68%). · Não se vê esses animais criados à campo, mas há venda de sêmen. · Alto valor no mercado. · Machos: 800 a 900 kg; Fêmeas: 600 a 700 kg. → CHAROLÊS: · Origem: França. · Aptidão para corte. · Leite apenas para o bezerro. · Muito semelhante ao Limousin, mas o Charolês é um pouco superior. · Coloca mais gordura de marmoreio que as outras raças continentais. · Carne de excelente qualidade (mínima gordura subcutânea, embora marmorizada). · Possui mutação genética no gene da miostatina: · Maior porcentagem de fibras musculares. · A função da miostatina é inibir o desenvolvimento muscular, ou seja, essa proteína atua como um regulador negativo de crescimento muscular, sendo responsável por cessar a multiplicação de fibras musculares antes do nascimento do animal. Com a mutação no gene da miostatina, a proteína perderá a função e a hiperplasia muscular não será cessada após o nascimento, de forma que essas fibras musculares sofrerão hipertrofia muscular posteriormente, o que irá garantir maior volume muscular, aumento da massa muscular e maior desempenho no ganho de peso. · Hiperplasia muscular (aumento do número de fibras musculares) → quantidade · Hipertrofia muscular (aumento do volume das fibras musculares) → tamanho · A mutação no gene da miostatina leva à perda de função da proteína (inibir o desenvolvimento muscular), sendo assim haverá aumento de massa muscular, determinando o fenótipo “musculatura dupla”. · Mutação no gene da miostatina → perda de função da miostatina → perda da inibição do desenvolvimento muscular → continuidade da hiperplasia muscular → hipertrofia muscular → aumento de massa muscular → fenótipo “musculatura dupla” → BELGIAN BLUE: · Origem: Bélgica. · Animal com vários defeitos. · Dupla musculatura - “super boi”. · Muito músculo e pouca gordura. · Dificuldade de parto (distocias). · Alto rendimento de carcaça (70%). · Baixa qualidade de carne. · Carne escura, dura e seca (DFD). → PARDO SUÍÇO: · Origem: Suíça. · Dupla aptidão (corte e leite). · Muito utilizada para cruzamentos. · Possuem cascos muito resistentes. · Características semelhantes aos outros continentais. · Macho: > 800 kg; Fêmeas: 650 kg. → SIMENTAL: · Origem: Suíça. · Dupla aptidão (corte e leite). · Pode ser confundido com Hereford (britânico). · Muito utilizada em cruzamentos industriais. · Excelente habilidade materna e boa produção de leite. · Segunda raça mais criada do planeta. · Simental sul-africano: mais tolerante ao calor. · Machos: 1050 kg; Fêmeas: 750 kg. · Alto rendimento de carcaça (62%). → CHIANINA: · Maior raça (altura). · Origem: Itália. · Pelagem branco porcelana. · Musculatura desenvolvida e notada altura. · Produção de leite baixa. · Raça demaior porte (1,68 a 1,72m altura de cernelha). · Rápido crescimento. · Alto rendimento de carcaça (60%). · Alguns criatórios no estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul. → MARCHIGIANA: · Origem: Itália. · Grande potencial. · Dupla musculatura. · Pele pigmentada. · Muito usado em cruzamento em confinamento (alto rendimento de carcaça). · Machos: > 1.100 kg; Fêmeas: 680 kg. RAÇAS TAURINAS ADAPTADAS Raças 100% taurinas, criadas para trazer mais adaptabilidade. → BONSMARA: · Origem: África do Sul. · 5/8 Africânder + 3/16 Hereford + 3/16 Shorthorn. · Raça encontrada no Brasil. · Pode ser confundido com o Senepol. · Fertilidade, precocidade sexual, adaptação, docilidade e excelente qualidade de carne. → CARACU: · Raça brasileira (origem: Centro-Sul). · Dupla aptidão (corte e leite). · Docilidade. · Alta adaptabilidade às condições tropicais. · Rebanho pequeno (poucos criatórios). · Pouco interesse em fazer melhoramento genético e aumentar a eficiência da raça. · Excelente qualidade de carcaça. · Indicado para cruzamentos a pasto. → SENEPOL: · Origem: Caribe. · N’Dama + Red Poll. · Raça relativamente nova · Ainda em aperfeiçoamento. · Adaptado ao calor. · Docilidade. · Bastante produtivo. · Animal mais baixo. · Forte marketing na marca. · Habilidade materna. · Fertilidade. · Adaptação. · Relatos de problemas no casco. RAÇAS SINTÉTICAS OU COMPOSTAS · Cruzamento entre zebuínos e taurinos. · Raças sintéticas: utilização de 2 raças (zebuíno x taurino). · Raças compostas: utilização de 3 ou mais raças. · Quanto maior o número de raças utilizadas, melhor será a nova raça. · Maior variabilidade genética. · Origem a animais superiores. · “Pega o bom de cada raça e junta tudo numa só.” · Mais demorado e mais caro fazer. · Geralmente o grau de sangue é 3/8 zebuíno e 5/8 taurino. → BRAFORD: · Origem: Sul dos EUA. · Raça sintética (utilização de duas raças). · Brahman + Hereford · 3/8 Brahman e 5/8 Hereford · No Brasil: 3/8 Nelore + 5/8 Hereford · Brahman não é tão utilizado no Brasil, então a opção de zebuíno mais utilizada no cruzamento é o Nelore. · Vem substituindo o Hereford, devido a sua rusticidade e maior capacidade de produção de leite. · Alta fertilidade e tolerância ao calor. · Macho: 820 kg; Fêmea: 570 kg. → BRANGUS: · Origem: EUA. · Raça sintética (utilização de duas raças). · 3/8 Brahman + 5/8 Angus · No Brasil: 3/8 Nelore + 5/8 Angus · Brahman não é tão utilizado no Brasil, então a opção de zebuíno mais utilizada no cruzamento é o Nelore. · Tolerância a carrapatos. · Precocidade. · Qualidade de carne. · SP e MG. · Variação de cor (Brangus vermelho e Brangus preto). · Macho: 900 kg; Fêmea: 600 kg. → CANCHIM: · Origem: Brasil (SP). · Raça composta (utilização de três ou mais raças). · Composto é sempre melhor que sintético. · 3/8 Zebu (Indubrasil + Guzerá + Nelore) + 5/8 Charolês. · Boa fertilidade. · Alto rendimento de carcaça (60%). · Tolerância a carrapatos e calor. · Macho: 600 a 900 kg. → SIMBRASIL: · Origem: Brasil. · Raça composta (utilização de três ou mais raças). · 3/8 Zebu (Nelore; Guzerá; Brahman; Gir) + 5/8 Simental. · Vem substituindo o Simental. → MONTANA: · Origem: Brasil (SP). · Raça composta (utilização de três ou mais raças). · Não é fixo (pode-se usar diversas raças para originar um Montana, desde que tenha um zebuíno, um britânico, um continental e um adaptado). · ¼ Zebuínos (Nelore); ¼ Britânicas (Angus); ¼ Continentais (Simental e Pardo Suíço); ¼ Taurino adaptado (Bonsmara e Senepol). Lembrando que... → BRITÂNICAS: - Raça maternal; - Menos músculo e mais gordura; - Indica-se abater machos e reter fêmeas (aproveitar a precocidade reprodutiva). - O abate tanto de machos, quanto de fêmeas também é indicado. → CONTINENTAIS: - Raça terminal; - Maior taxa de crescimento e maior carcaça (animais mais pesados); - Mais músculo e menos gordura; - Indica-se abater tanto machos quanto fêmeas. Não existe a melhor raça! Mas qual raça escolher? → Pensar no objetivo de produção! ← Exemplos: - A campo: no sul do Brasil pode-se utilizar uma raça taurina ou um cruzamento (maior produtividade); no centro-oeste e norte do Brasil, optar por zebuínos, que nesse ambiente terão maior desempenho devido à alta adaptabilidade. - Confinamento: quanto maior o grau de sangue taurino, melhor para o confinamento (carcaça de maior qualidade), porém também são animais mais caros de se produzir. CRUZAMENTOS Por que utilizar cruzamentos? LUCRATIVIDADE! · Cruzamento: acasalamento entre indivíduos menos aparentados (entre espécies (zebuíno x taurino), raças e linhagens). · O produto é chamado de cruzado, mestiço ou híbrido. · Para ter resultados bons com cruzamentos, deve-se usar raças distantes, garantindo maior heterose. · Heterose: resultado superior obtido quando há cruzamento de animais geneticamente distantes. · A heterose máxima traz vigor híbrido, adaptabilidade e precocidade reprodutiva. SISTEMAS DE CRUZAMENTO: → ABSORVENTE OU CONTÍNUO: · Substituição de uma raça por outra, pelo uso contínuo da segunda raça. · Produz animais puros por cruza (PC). · Utiliza sempre a mesma raça de reprodutor até chegar ao puro por cruza. · Exemplo: num rebanho de vacas Nelore, o criador quer substituí-las por animais da raça Tabapuã. Dessa forma, ele irá adquirir um touro Tabapuã e colocar para cobrir as vacas Nelore. O fruto do cruzamento entre as vacas Nelore e o touro Tabapuã será animais meio sangue Tabapuã (½ Nelore + ½ Tabapuã). Posteriormente, touro Tabapuã cobre novamente as vacas meio sangue Tabapuã, de forma que irá aumentar o sangue Tabapuã no rebanho, até se conseguir a produção de um animal puro por cruza (PC) na 4ª geração. · Vantagens: · Introduzir gene; · Substituir raça. · Desvantagens: · Reduz a heterose que existiu no começo (meio sangue). · Os animais meio sangue são melhores em desempenho que os puros, por isso é uma desvantagem reduzir a heterose. → ALTERNADO OU ROTACIONAL: · Uso alternado de reprodutores (alternando entre uma raça e outra). · A raça do macho reprodutor (pai) é alternada a cada geração. · Fêmeas incorporadas e machos para comercialização. · As fêmeas ficam mantidas no sistema e os machos vão para abate. · 2, 3 ou 4 raças. · Quanto mais raças utilizar, mais complicado ficará, devido ao grande número de raças diferentes inseridas no mesmo sistema. · Se quer manter duas raças na fazenda, faz um cruzamento inicial gerando um animal meio sangue. Nesse animal gerado, utiliza um touro de outra raça no cruzamento, sempre alternando a raça dos reprodutores utilizados. · Vantagens: · Mantém razoável grau de heterose (67%). · Maior pressão de seleção nas fêmeas retidas. · Desvantagens: · Manejo mais complexo (diferentes graus de sangue). · Espacial ou temporal (no tempo): · ESPACIAL: · Manejo mais complexo. · Alteração da raça do reprodutor a cada estação de monta. · Num cruzamento entre uma vaca Z e um touro E, o fruto será um animal EZ (meio sangue) com 100% de heterose, ou seja, superior ao pai e mãe. Na fêmea EZ (meio sangue) coloca um touro E novamente, sendo que na fêmea originada nesse cruzamento, já utiliza-se um touro Z, sempre alternando entre touro da raça E e touro da raça Z, para deixar o mais equilibrado possível. · TEMPORAL: · Facilita o manejo. · Alteração da raça do reprodutor a cada dois anos (duas estações de monta). · Utilização da mesma raça de touro por duas estações de monta (2 anos), de forma fixa. · Dois anos diretos com a mesma raça de touro reprodutor. · Num cruzamento entre uma vaca Z e um touro E, o fruto será um animal EZ (meio sangue) com 100% de heterose, ou seja, superior ao pai e mãe. Na fêmea EZ (meio sangue) coloca um touro E novamente, sendo que na fêmea originada nesse cruzamento, utiliza-se um touro E, fixando a mesma raça de reprodutor por duas estações de monta, ou seja, dois anos seguidos. Após os dois anos utilizando a mesma raça de touro (E), passa a utilizar touro Z nasfêmeas por dois anos, de forma a alternar a raça do touro utilizado a cada dois anos. O objetivo é manter no sistema as duas raças e com certo grau de heterose, sendo que o tipo espacial mantém mais heterose do que o tipo temporal. → TERMINAL OU SIMPLES OU INDUSTRIAL: · Cruzamento envolvendo somente duas raças (geralmente zebuíno e taurino), com produção de primeira geração de animais meio sangue (F1). · Geralmente machos e fêmeas são destinados para abate (cruzamento terminal), porém em muitos casos há necessidade de reter as fêmeas para fazer outros cruzamentos (tricross, por exemplo) como forma de incrementar a lucratividade da fazenda, visto que os animais meio sangue possuem 100% de heterose, sendo assim muito produtivos e adaptados, com ótimo desempenho de forma geral. · Terminal com 2 raças → F1; · Terminal com 3 raças → tricross; · Terminal com 4 raças → suínos e aves. · De forma geral, em aspecto produtivo o melhor animal é o F1 (100% de heterose). · Vantagens: · Mantêm bom grau de heterose, e ao mesmo tempo, alto nível de produção. · Desvantagens: · Manejo mais complexo; · Necessidade de reposição. · TRICROSS (cruzamento triplo): · Consiste em cruzar mais uma raça, com um animal já cruzado (meio sangue). · Utilização de outra raça, diferente das utilizadas na formação do animal F1 (meio sangue). · Num cruzamento industrial, insemina uma fêmea Nelore (zebuíno) com um macho Angus (taurino), dando origem à um produto F1 (“filho da 1ª geração”) meio sangue, sendo ½ Nelore e ½ Angus. Ao reter a fêmea F1 como matriz, posteriormente ela deverá ser inseminada ou coberta por algum animal. · OPÇÕES: · 1) Backcross: Se optar por um macho da raça Angus (taurino britânico), o produto F2 (“filho da 2ª geração”) desse cruzamento será ¾ taurino (75% de sangue taurino), sendo assim um backcross. Esse animal será muito produtivo, mas pouco adaptado a regiões tropicais. · 2) Backcross: Se optar por um macho da raça Nelore (zebuíno), o produto F2 (“filho da 2ª geração”) desse cruzamento será ¾ zebuíno (75% de sangue zebuíno), sendo assim um backcross. Esse animal será muito adaptado, porém menos produtivo. · 3) Tricross: Se optar por uma raça que ainda não foi utilizada no cruzamento anterior, ou seja, um macho da raça Senepol (taurino adaptado), o produto F2 (“filho da 2ª geração”) desse cruzamento será um tricross, e por usar uma raça taurina adaptada que ainda não havia sido utilizada no cruzamento anterior, a heterose ainda será mantida, obtendo alto ganho genético e alto desempenho. BACKCROSS: ▪ Consiste em cruzar uma mesma raça já utilizada, com um animal já cruzado (meio sangue). ▪ Backcross é o produto F2 proveniente do cruzamento entre a F1 meio sangue e um macho da mesma raça utilizada para dar origem a F1. Ou seja, inseminando uma F1 (½ Nelore e ½ Angus) com macho Nelore ou Angus, ocorre o chamado retrocruzamento ou backcross. ▪ Exemplo: Nelore (F) x Angus (M) → F1 (meio sangue) x Nelore (M) → F2 (backcross) · Exemplos práticos: · “Com qual raça devo inseminar a F1 meio sangue Angus?” · Não existe a melhor raça, e sim a que mais se adapta ao sistema de produção e a fazenda em questão. · Todas as raças possuem vantagens e particularidades na sua utilização. Devemos ter consciência das necessidades, do mercado consumidor e das preferências da propriedade antes de indicar alguma raça para produção do tricross. · Angus: o produto (F2) terá 75% do sangue taurino, sendo mais exigente em nutrição, ambiência e sanidade. · Nelore: o produto (F2) terá 75% do sangue zebuíno, sendo mais adaptado, porém comprometendo produtividade (ganho de peso e velocidade de terminação). · Braford: como a raça já é um cruzamento entre zebuíno e taurino, o produto tende a ser adaptado e bom ganhador de peso. Usando o Braford ainda há ganho em heterose, pois acrescenta sangue Hereford no sistema. · Senepol: as raças adaptadas são taurinos que viveram sua seleção e evolução genética em países tropicais. O uso desse animal aumenta a heterose no cruzamento com a F1 e não perde em adaptação. · Posso inseminar a fêmea F1 (meio sangue) de Braford?” · É uma ótima opção. A raça Braford é um sintético originado de cruzamentos entre Hereford e zebuíno, possuindo bom equilíbrio de rusticidade e desempenho. · “Seria interessante cruzar fêmea F1 Angus com Nelore Myo?” · O Nelore Myo é uma linhagem Nelore com o gene da “dupla musculatura”. Perde-se em heterose, comparando com outra raça, mas pode usar se o objetivo for produzir um animal mais rústico e com esse diferencial (dupla musculatura). Porém, tem que avaliar se o mercado vai valorizar essa característica, já que atualmente a precocidade e acabamento tem demonstrado maior tendência de valorização. · “E o uso da raça Tabapuã em fêmea F1?” · Quando insemina a F1 com Tabapuã, está usando uma terceira raça, aumentando heterose, mas é uma raça zebuína que vai aumentar rusticidade e adaptabilidade, porém não vai agregar tanto em desempenho e precocidade. É necessário avaliar o sistema de produção e o objetivo da fazenda. → COMPOSTO: · Criação de uma nova raça (há fixação de características). · Os cruzamentos anteriores são apenas para formação de animais cruzados, não tem criação de nova raça. · Cruzamentos sistemáticos entre raças europeias e zebuínas. · 3/8 zebuíno e 5/8 taurino. · Raças sintéticas. · Vantagens: · Manejo simples (raça). · Desvantagens: · Menor heterose que o cruzado; · Demorado e caro; · Específico. RESULTADOS DE CRUZAMENTOS: → CRIA: Animais cruzados terão melhor desempenho em ganho de peso. → REPRODUÇÃO: Taurinos são mais precoces que zebuínos, logo os animais cruzados terão bom desempenho em precocidade. → EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS: A genética taurina possui uma exigência nutricional muito maior, então não adianta produzir animais cruzados se não produzir alimento de boa qualidade e não fornecer suplementação. → ADAPTABILIDADE: O Nelore possui o pelo menor e mais inclinado, fatores que facilitam a troca de calor e confere aos animais zebuínos maior adaptabilidade ao calor.
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