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LARISSA MENEZES – GASTRO HEPATITE AGUDA • É a injuria hepatocelular • Aminotransferase: enzimas canaliculares • Autolimitada (duração média de 1-2 meses) ou com sintomas extra-hepáticos evoluindo para doença hepática crônica (>6 meses) • Inferior a 6 meses • Etiologia: idade, sexo, fatores de exposição, infecções (virais) e medicamentosa • Diagnóstico: ▪ ALT>AST ▪ 10-20x LSN e pode alterar FA e GGT em menor proporção QUADRO CLÍNICO o Fadiga e mal-estar o Mialgia o Náusea e vomito o Cefaleia o Diarreia o Dor em HCD o Prurido o Hiporexia o Icterícia em 70% FASE PRODRÔMICA o Sintomas inespecíficos, predominantemente sistêmicos e GI o Mal-estar, astenia, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, perda ou perversão do paladar e olfato, artralgias, mialgias, tosse, coriza, cefaleia e fotofobia o Febre leve o Artralgias e/ou artrite o Rash cutâneo ou urticaria o Glomerulonefrite aguda o Hepatomegalia dolorosa com esplenomegalia discreta (10% dos casos) o Em crianças essa fase pode não ser notada FACE ICTÉRICA o Icterícia associada ou não com colúria, hipocolia fecal e prurido (síndrome colestática) o Sintomas sistêmicos da fase prodrômica regridem ou abrandam o Essa fase pode não acontecer e o paciente nunca saberá que teve hepatite viral ou se dará conta anos depois, quando aflorar o primeiro sinal de hipertensão porta ou insuficiência hepática FASE DE CONVALESCÊNCIA o Melhora dos sintomas e melhora dos sinais da fase ictérica o Seu término marca o fim do quadro de hepatite aguda ACHADOS LABORATORIAIS o Leucopenia por queda de neutrófilos e linfócitos, logo evoluindo para linfocitose o Leucocitose neutrofilica = Hepatite fulminante o Leucocitose com desvio a esquerda = Hepatite alcoolica aguda o Leptospirose também cursa com leucocitose neutrofilica o Aumento das aminotransferases (ALT e AST/TGP e TGO) acima de 10x o LSN o ALT normalmente mais alto que o AST o A magnitude na elevação das aminotransferases não guarda relação direta com o prognóstico da hepatopatia: ainda que um aumento exuberante indique maior extensão do dano hepático (mais necrose hepatocitária), não necessariamente isso significa que o paciente tem maior chance de evoluir para falência hepática aguda o BT pode chegar a níveis >20mg/dL o Em relação ao metabolismo da bilirrubina, a injúria da célula hepática (hepatócito) compromete mais a etapa da excreção de bilirrubina para os canalículos biliares do que as etapas de captação e conjugação. Isso vem do fato de a excreção de bilirrubina do hepatócito ser um processo altamente LARISSA MENEZES – GASTRO dependente de ATP (energia). Por isso, nas hepatites é comum o aumento predominante da bilirrubina direta o Elevações moderadas de FA e GAMAGT (colestase intra-hepatica) o Mau prognostico: HIPOalbuminemia e alargamento do TAP OBS: Todas as hepatites virais (agudas e crônicas) são doenças de notificação compulsória no Brasil, devendo ser feita em até 7 dias) OBS: As verdadeiras provas de função hepática são albuminemia, tempo e atividade de protrombina, bilirrubinas e amonemia (amônia sérica). FA e GAMAGT e aminotransferases pertencem ao hepatograma, mas não são provas de função hepatica HEPATITE A (HAV) • Icterícia catarral epidêmica • Curta duração, alta infectividade e evolução benigna • O vírus é um enterovírus do tipo RNA. Membro da família Picornaviridae, gênero Hepatovírus • Existe apenas um sorotipo de HAV • Ciclo de vida: ingeridos, as partículas virias atingem o fígado pelo sistema portal e são levados aos hepatócitos, onde se replicam e são secretados pelos canalículos biliares, passam pelo ducto biliar, intestino delgado e são eliminados pelas fezes • Não cronifica. Pode fulminar • Distribuição universal, com diferenças regionais dependentes da fatores socioeconômicos • Transmissão via orofecal, alimentos contaminados, contágio interpessoal, parenteral e sexual • Atualmente, no Brasil, o grupo mais acometido por hepatite A é o das crianças com idade abaixo de 10 anos, com pico de incidência na faixa etária entre 5-6 anos. Não há diferenças significativa entre os sexos, e as regiões com maior número de casos são o Norte e o Nordeste • A vacinação contra hepatite A faz parte do calendário vacinal básico: dose única aos 15 meses de vida (MS) PATOGENIA o O HAV resiste ao pH ácido do trato digestivo alto e, assim, após ingerido, penetra na mucosa intestinal chegando ao fígado através da circulação porta o As partículas virais se proliferam e se concentram no citoplasma dos hepatócitos, sendo posteriormente excretadas na bile, o que explica os elevados títulos virais nas fezes (100-1.000x mais altos que no sangue) e, por conseguinte, a transmissão eminentemente fecal-oral o O HAV é órgão-específico: a replicação viral ocorre apenas nos hepatócitos! o Manifestações extra-hepáticas, como glomerulonefrite, artrite e vasculite, são secundárias à deposição de imunocomplexos contendo anticorpos produzidos pelo hospedeiro e antígenos virais secretados a partir do fígado o Sabe-se que o HAV não é diretamente citopático, ou seja, por si só ele não causa dano aos hepatócitos infectados! Acredita-se que a lesão hepatocelular ocorra em função da resposta imune do hospedeiro pelos linfócitos T citotóxicos (CD8+) QUADRO CLÍNICO o Criança <6ª: assintomática, anictérica o Adulto: sintomática, ictérica o A hepatite A é a hepatite viral mais relacionada à síndrome colestática intra-hepática, cursando com prurido intenso, colúria e acolia fecal, bem como com elevação moderada da fosfatase alcalina, gama-GT e bilirrubina LARISSA MENEZES – GASTRO direta. Nas formas sintomáticas clássicas, as aminotransferases começam a se elevar ainda no período de incubação, normalizando 3-4 semanas após o início dos sintomas o Insuficiência hepática aguda: encefalopatia e coagulopatia o Prolongada: ▪ Colestática ▪ Aminotransferases <500 ▪ BT>10 ▪ >12 sem ▪ Clareamento lento do HAV o Polifásica: ▪ Recidivante ▪ Mais de 1 pico de ALT, seguido da normalização ▪ ALT>1000 é recaída ▪ Duração de 16-40sem ▪ Persistência do anti-HAV IgM ▪ Bom prognostico ▪ Não cronifica o Manifestações extra-hepáticas: ▪ Lesão renal aguda ▪ Pancreatite ▪ Colecistite alitiásica ▪ Artrite ▪ Vasculite leucocitoclástica cutânea ▪ Trombocitopenia ▪ Anema aplásica ▪ Mielite transversa ▪ Derrame pleural ▪ Ascite pericardite ▪ Hepatite autoimune DIAGNÓSTICO o Incubação em média 28 dias (15-50 dias) o Picos de viremia e eliminação viral nas fezes ocorrem antes do desenvolvimento de sintomas o Quadros agudos são diagnosticados pela detecção de anti-HVA IgM na presença de doença sintomática ou assintomática com aumento de aminotransferases o Anti-HVA IgG: imunidade que se segue a infecção natural e confere proteção contra a doença; encontrados na fase de convalescença o Anti-HAV IgM tendem a persistir aumentados por 3-6 meses o Somente o achado de IgM anti-HAV autoriza o diagnóstico de hepatite A aguda! o Fator reumatoide pode causar o falso-positivo o Icterícia + anti-HAV IgG NÃO é hepatite A aguda TRATAMENTO o Repouso relativo e aumento da ingesta calórica o Medicamento para os sintomas (antitérmico, antiemético) o Atenção aos sinais de gravidade o Não há tto específico o Pacientes recebem alta com normalização de aminotransferases o Não deve ingerir álcool por pelo menos 6 meses e deve evitar drogas hepatotoxicas (paracetamol) o Não cronifica e o prognostico é excelente PROFILAXIA o O paciente sintomático não precisa de isolamento de contato o De acordo com o Ministério da Saúde, pode ser necessário o afastamento do paciente de suas atividades (principalmente criançasque frequentam creche ou escola) durante as primeiras duas semanas da doença, e não mais que um mês após o início da icterícia LARISSA MENEZES – GASTRO o Profilaxia pós-exposição: ▪ Indivíduos anti-HAV IgG negativo (não vacinados e não infectados no passado) se beneficiam de medidas profiláticas após exposição à hepatite A, desde que essas medidas sejam aplicadas num prazo máximo de duas semanas ▪ Para pessoas saudáveis com idade entre 12 meses e 40 anos, a estratégia de escolha consiste na aplicação de dose única da vacina anti-HAV inativada. Por outro lado, pacientes com idade < 12 meses ou > 40 anos, bem como portadores de imunodepressão, hepatopatias crônicas ou que possuam qualquer contraindicação à vacina, devem receber imunoglobulina humana (0,02 ml/kg, IM). HEPATITE B • A infecção pelo vírus B não necessita evoluir para cirrose hepática para causar o hepatocarcinoma/carcinoma hepatocelular (CHC) em 30-50% dos casos • Causada por um vírus DNA pertencente a familiar Hepadnaviridae. Possui fita dupla incompleta e replicação do genoma viral por enzimas transcriptase reversa. As partículas virais esféricas são compostas de envelope externo proteico que constitui o HbsAg (antígeno da superfície viral). O glicocapsídeo é constituído pela proteína do core ou núcleo (HbcAg – não é secretado para o plasma e não é detectado no sangue) e pelo genoma viral • É um vírus oncogênico e apresenta 10 genótipos (A-J) • O HBsAg é detectado mesmo quando o vírus não está replicando. Sua concentração plasmática é 1000X maior que a do vírus completo, por isso é um marcador de presença do HBV no corpo • Anti-HBs é o anticorpo especifico do antígeno HBsAg e seu surgimento segue do desaparecimento do HBsAg (cura da hepatite) • O Anti-HBc é o principal marcador da infecção pelo vírus B, ativa ou curada. Não é neutralizante e sua presença não indica a cura da infecção • HBeAg alto indica alta virema (fase replicativa). O seu anticorpo no sangue é o Anti-HBe CICLO DE VIDA/PATOGÊNESE o O HBV possui tropismo pela célula hepática e ao se ligar a receptores na superfície celular, é internalizado e perde o envoltório. O conteúdo viral migra para o núcleo e replica-se como um retrovírus o Não há evidencias que suportem a escolha da terapêutica em função da genotipagem o O HBV não é diretamente citopático, envolve resposta imune de linfócitos T citotóxicos CD8+ e citocinas pró-inflamatórias, como TNFalfa TRANSMISSÃO o Parenteral o Via sexual o Horizontal: pós-natal o Transmissão vertical: perinatal >>>>>>> intrauterina o Transmissão por líquidos orgânicos LARISSA MENEZES – GASTRO o Transplante de órgãos o A chance de transmissão é diretamente proporcional a carga viral HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E “MARCADORES” o Aparecimento do HBsAg: ▪ Período de soroconversão ▪ 1 a 10 semanas após o contágio e antes de qualquer sintoma ▪ Primeiros sintomas inespecíficos da fase prodrômica já possuem HBsAg + o Período de incubação: ▪ 30 a 180 dias ▪ Aumento de aminotransferases e aparecimento do Anti-HBc nos primeiros sintomas o Três fases clínicas e marcadores sorológicos: ▪ Fase prodrômica com duração de 1 a 2 semanas ▪ Anti-HBc IgM aparece no soro logo após o HBsAg (1-2 semanas), juntamente com os sintomas da hepatite, e permanece + por 4 a 5 meses ▪ Anti-HBc IgG aparece pouco tempo depois do IgM e permanece + por tempo indefinido, mesmo com cura ou com cronificação da doença ▪ Surgimento do Anti-HBs: fase de convalescença, queda progressiva de aminotransferases e redução de icterícia e de sintoma sistêmicos ▪ Janela imunológica é o período de algumas semanas entre a negativação do HBsAg e surgimento do anti-HBs ▪ A melhora do quadro agudo da hepatite B e a evolução para a cura dependem fundamentalmente da capacidade do indivíduo em produzir de forma satisfatória o anti-HBs. Se não houver a produção deste anticorpo dentro de seis meses, o paciente se torna portador assintomático ou desenvolve hepatite B crônica – em outras palavras, a presença do HBsAg por mais de seis meses significa cronificação da infecção QUADRO CLÍNCO o Depende da idade da infecção, do nível de replicação viral e do estado imune do paciente o Hepatite B aguda os sintomas são mais intensos que na A ou C o A infecção perinatal ou mesmo durante a infância está associada a um quadro clínico geralmente mais brando, oligo ou assintomático (sem icterícia), embora com elevado risco de cronicidade. Em adultos, ao contrário, a infecção pelo vírus B geralmente determina sintomas proeminentes (com icterícia), mas com pouca chance de cronicidade. Em idosos a hepatite B aguda tende a ser mais grave o Aguda ou crônica: oligossintomáticas e raramente causam icterícia o 5-10% dos portadores são crônicos com 90% de cura o 20-25% evoluem para doença hepática avançada (DHC) o Hepatites agudas benignas: ▪ Assintomática LARISSA MENEZES – GASTRO ▪ Aumento de aminotransferases e marcadores sorológicos ▪ Anictérica ou Icterica ▪ Recorrente se novas elevações das aminotransferases em pacientes que já haviam melhorado e normalizado as enzimas ▪ Colestática: intensa acolia fecal e prurido, aumento de BT, FA e gama-GT o Hepatite aguda grave ou Hepatite fulminante: ▪ Evolui para encefalopatia hepática num período de 8 semana a partir do inicio do quadro ▪ Sintomas GI ▪ Febre persistente ▪ Icterícia ▪ Insuficiência hepática ▪ Redução de aminotransferases ▪ Leucocitose com neutrofilia e desvio a esquerda ▪ Desenvolvimento precoce de Anti-HBs, Anti-HBc e Anti-HBe o Condição para HDV: região amazônica o Cirrose hepática e CHC: ▪ Extremos de idade ▪ Fatores genéticos e comportamentais ▪ Características demográficas ▪ Substâncias toxicas ▪ História familiar de CHC ▪ Formas graves: ▪ Replicação viral persistente ▪ Cirrose ▪ Genótipo C ▪ Mutação na região promotora do pré-core ▪ Coinfecção com HCV e HIV o Manifestações extra-hepáticas: ▪ Poliarterite nodosa ▪ Glomerulonefrite ▪ Acrodermatite papular DIAGNÓSTICO o Teste rápido: HbsAg o Imunoensaio: sorologia anti-HBs o O diagnostico da hepatite B aguda depende apenas do HBsAg e do Anti-HBc IgM o HBsAg +: ▪ HBV no organismo ▪ Hepatite B aguda ▪ Hepatite B crônica ▪ Estado de portador assintomático do vírus o HBaAg -: ▪ Não exclui hepatite B pela janela imunológica ▪ Infecção com níveis baixos do vírus ou mutante de escape (hepatite B oculta) o Anti-HBc IgM +: ▪ Hepatite B aguda o HBsAg + , Anti-HBc IgM – e IgG +: ▪ Hepatite B crônica o HBsAg - , Anti-HBc IgM – e IgG +: ▪ Hepatite B crônica ▪ Infecção por vírus B antiga o HBsAg - , Anti-HBc IgM – e IgG – , Anti-HBs +: ▪ Imunização vacinal LARISSA MENEZES – GASTRO o Estratégia diagnóstica atual: EXAMES LABORATORIAIS INESPECÍFICOS o Hemograma: se alterado, mostra discreta leucopenia com linfocitose o VHS normal o Aminotransferases elevadas se sintomas, significa lesão hepatocelular o Bilirrubina o FA o GAMAGT EXAMES COMPLEMENTARES o O objetivo dos exames são definir o momento de inicio do tratamento, o tipo de tratamento instituído, a qualidade da resposta obtida com a terapêutica e o rastreamento de CHC BIÓPSIA HEPÁTICA o Padrão ouro o Deve ser feita em casos de duvida o Via percutânea, aberta (em cunha profunda) ou por via transjugular o A amostra deve conter 10-20 espaços porta, cilíndrica e não fragmentada LARISSA MENEZES – GASTRO o Indicações: doença hepática compensada, plaquetas>60000 e atividade de protrombina >50% o Classificação: METAVIR A (atividade inflamatória) e F (fibrose) o CI relativa: ascite, obesidade mórbida, falta de cooperação, lesão hepática vascularo CI absoluta: infecção do parênquima hepático, coagulopatia grave, obstrução biliar extra- hepática ELASTOGRAFIA o Mede o grau de fibrose hepática o Não invasivo e avalia área maior que a biopsia o USG ou RM o Possui limitações CIRROSE DESCOMPENSADA o CHILD-PUGH 7(B) – Cirrose descompensada, atentar a transplante: ▪ B: BT ▪ E: encefalopatia ▪ A: albumina ▪ T: TAP/INR ▪ A: ascite INDICAÇÃO DE TRATAMENTO o Paciente com HBeAg reagente e ALT>2X limite superior da normalidade o Adulto maior de 30 anos com HBeAg reagente o Paciente com HBeAg não reagente, HBV- DNA>2000 UI/mL e ALT>2X LSN OUTROS CRITÉRIOS PARA TTO INDEPENDENTE DA SOROLOGIA o História familiar de CHC o Manifestações extra-hepáticas com acometimento motor incapacitante, artrite, vasculites, glomerulonefrite e poliarterite nodosa o Coinfecção HIV/HBV ou HCV/HBV o Hepatite aguda grave (coagulopatias ou icterícia por mais de 14 dias) o Reativação de hepatite B crônica o Cirrose/insuficiência hepática o Biopsia hepática METAVIR ≥ A2F2 ou elastografia hepática > 7,0 kPa o Prevenção de reativação em pacientes que irão receber terapia imunossupressora ou quimioterapia TRATAMENTO o Reduzir risco de progressão para DHC, consequentemente de cirrose e CHC o Perda sustentada de HbsAg com ou sem soroconversão para Anti-HBs (raro) o HbsAg persistente o HbeAg R: soroconversão para Anti-Hbe (melhor prognóstico) o Independente, ALT nl e HBV DNA <2000 o HbeAg NR e Anti-Hbe R: ALT nl e HBV DNA<2000 o Cirrose hepática: redução do HBV DNA, Hbe Ag NR (espontâneo ou induzido), menor risco de CHC e descompensação TRATAMENTO DA HEPATITE B CRÔNICA o Contraindicação ao uso de Tenofovir: doença renal crônica, osteoporose e outras doenças do metabolismo ósseo, terapia antiretroviral com didanosina (ddl), cirrose hepática (relativa) e intolerância ao medicamento SITUAÇÕES ESPECIAIS DA HEPATITE B CRÔNICA LARISSA MENEZES – GASTRO o Transmissão vertical: Cronicidade: faixa etária. 1°tri: <10% (RN); 2 e 3°tri: >60%. Gestante com HBV crônica (HbeAg+ - risco grave para o RN) – Imunoprofilaxia ao RN e vacina o Coinfecção com HIV: História natural do HBV afetada pelo HIV. 5-6x-cronicidade. Coinfecção: HIV aumenta a replicação do HBV –formas graves de DH; menor soroconversão. DH grave-Sdda Reconstituição Imune. HBV oculto. TARV precoce. Coinfecção por HCV: ou tratar HCV ou simultâneo o Imunossupressão e quimioterapia: Risco de hepatite grave, insuficiência hepática e óbito. Entecavir/lamivudina. Indicação: perfil sorológico, tipo de tto imunossupressor e pelo risco de reativação viral PROFILAXIA o Adultos e idosos que não foram previamente imunizados devem receber a vacina. O esquema consiste de 3 doses da vacina monovalente nos tempos 0, 1 e 6 meses o Pós-exposição: administração de HBIg entre 7 e 14 dias de acordo o tipo de exposição; iniciar vacinação ativa simultaneamente com esquema das 3 doses HEPATITE C • O vírus da hepatite C (HCV) pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae. Sua estrutura genômica é composta por uma fita simples de ácido ribonucleico (RNA). Sete genótipos e 67 subtipos do vírus. • A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter insidioso e se caracteriza por um processo inflamatório persistente. • O genótipo 1 é prevalente no mundo, sendo responsável por 46% de todas as infecções pelo HCV, seguido pelo genótipo 3 (30%). O mesmo se observa no Brasil, com pequenas variações na proporção de prevalência desses genótipos. • As hepatites virais são doenças de notificação compulsória regular. Todos os casos confirmados devem ser notificados e registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em até sete dias TRANSMISSÃO o Parenteral o Via sexual o Vertical QUADRO CLÍNICO o Evolução subclínica. A maioria é assintomática e anictérica. Diagnóstico décadas após infecção aguda. Descoberta na fase crônica o Os sintomas da hepatite C aguda costumam surgir no período entre 6 a 12 semanas após a exposição, porém, menos de 20% dos infectados se tornam sintomáticos na fase aguda! LARISSA MENEZES – GASTRO o A probabilidade de um paciente agudamente infectado se tornar portador crônico do HCV é de aproximadamente 80%. o A eliminação viral após infecção aguda ocorre em 15-40% dos casos o Sintomas semelhantes as outras hepatites o Evolução para falência hepática é rara o Há cronificação em 60% a 85% dos casos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Após a cirrose hepática, o risco anual para o surgimento de carcinoma hepatocelular (CHC) o O risco anual de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20% o A taxa de progressão para cirrose é variável e pode ser mais acelerada em determinados grupos de pacientes, como alcoolistas ou coinfectados pelo HIV o A evolução para óbito, geralmente, decorre de complicações da hepatopatia crônica, como insuficiência hepatocelular, hipertensão portal (varizes gastresofágicas, hemorragia digestiva alta, ascite) e encefalopatia hepática, além de trombocitopenia e desenvolvimento de CHC o Aminotransferases se elevam entre 2 a 8 semanas após exposição, antes do surgimento dos sintomas o Manifestações extra-hepáticas: ▪ Fortemente associada ao HCV: Crioglobulinemia, linfoma de células B, porfiriacutânea tarda, líquen plano, neuropatia e glomerulopatias o Historia natual: Hepatite C aguda → Hepatite C crônica → Cirrose → Carcinoma hepatocelular DIAGNÓSTICO DE HEPATITE C AGUDA o Não costuma ser feito na fase aguda pela ausência de sintomas o O RNA do HCV pode ser identificado no soro ou plasma antes da presença do anti-HCV. A presença dos anticorpos anti-HCV é mais tardia e ocorre cerca de 30 a 60 dias após a exposição ao vírus o Nos pacientes sintomáticos, os sintomas da infecção agudam costumam ocorrer entre 4 e 12 semanas após a exposição ao HCV. A fase aguda da costuma resolver em 12sem o A definição de hepatite C aguda se dá por: ▪ Soroconversão recente (há menos de seis meses) e com documentação de anti-HCV não reagente no início dos sintomas ou no momento da exposição, e anti-HCV reagente na segunda dosagem, realizada com intervalo de 90 dias; OU ▪ Anti-HCV não reagente e detecção do HCV- RNA em até 90 dias após o início dos sintomas ou a partir da data de exposição, quando esta for conhecida o Genotipagem: ▪ O exame de genotipagem do HCV utiliza testes moleculares capazes de identificar os genótipos, subtipos e populações mistas do HCV. A carga viral mínima de 500 UI/mL, comprovada por teste de quantificação de HCV-RNA anterior (12meses) ▪ Quando não for possível caracterizar o genótipo, considerar o mesmo esquema terapêutico proposto para o genótipo 3. Mesma forma em relação aos subtipos do genótipo 1, considerar 1ª ESTADIAMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA o O tratamento da hepatite C está indicado na presença da infecção aguda ou crônica pelo HCV, independentemente do estadiamento da fibrose hepática o O grau de fibrose avançada (F3) ou cirrose (F4), pois poderá afetar a condução clínica do paciente e o esquema de tratamento proposto o Recomenda-se que o estadiamento da doença hepática seja realizado para todos os pacientes infectados pelo HCV, coinfectados ou não pelo HIV, de modo a caracterizar ausência ou presença de doença avançada LARISSA MENEZES – GASTRO o USG: presença de circulação colateral, fígado e bordas irregulares, esplenomegalia, aumento do calibre da veia porta, redução do fluxo portal, ascite e varizes esofágicas → APRI E FIB- 4: são escores de biomarcadores que apresentam boa especificidade, porém baixa sensibilidade (F3 ouF4). Coinfecções podem afetar os escores, superestimando o grau de comprometimento hepático o Biópsia hepática e elastografia conforme utilizado para HBV o Identificação da cirrose descompensada- CHILD-PUGH o Exames complementares prévio ao tratamento: semelhantes ao HBV TRATAMENTO o Objetivo: ▪ Resposta virológica sustentada (RVS), que é a ausência de HCV-RNA na 12ª ou 24ª semana após o término da terapia ▪ Não confere imunidade protetora após a primeira infecção, risco de reinfecção o Critérios de exclusão: ▪ Crianças com idade inferior a três anos; ▪ Pacientes oncológicos com cirrose Child- PughB ou C, ou cuja expectativa de vida seja inferior a 12 meses, sem remissão da doença (nos casos de doença em remissão, a indicação de tratamento poderá ser individualizada); ▪ Pacientes adultos com cirrose descompensada e indicação de transplante hepático com MELD score≥20, ainda não submetidos a transplante hepático (caso o tempo de espera na fila para o transplante seja superior a seis meses, a indicação do tratamento medicamentoso poderá ser discutida individualmente); ▪ Pacientes cuja expectativa de vida for inferior a 12 meses, devido a hepatopatia e outras comorbidades, os quais poderão ter a indicação de tratamento individualizada; ▪ Pacientes com hipersensibilidade ou intolerâncias ▪ Casos especiais: ▪ Gestante: deve ser evitada durante o tratamento até 6 meses após o término (drogas teratogênicas) ▪ DRC: Cl Cr > 30ml/min, não necessita ajuste de dose. Inferior a esse valor, deve evitar sofosbuvir ▪ Coinfecção HIV: e concomitante, iniciar a TARV (até supressão viral). Avaliar sempre interação medicamentosa ▪ Coinfecção HBV: se indicado, tratar prévio ou junto do HCV. Monitorizar HBV DNA o Dois esquemas são aceitos, independentemente do genótipo viral: ▪ Interferon convencional (IFN) em monoterapia, via subcutânea, dose diária nas primeiras 4 semanas (6 MUI se IFN-alfa 2a, ou 5 MUI se IFN-alfa 2b), seguido de dose reduzida (3 MUI) 3x semana nas 20 semanas subsequentes – total 24 semanas; ▪ Interferon convencional + ribavirina, também por 24 semanas, fazendo-se o interferon pela via subcutânea 3x semana (3 MUI, tanto IFN-alfa 2a quanto IFN-alfa 2b; a dose da ribavirina é 15 mg/kg/dia VO divididos em 12/12h). LARISSA MENEZES – GASTRO o Critérios para suspensão do TTO (3-4 dias): ▪ Ocorrência de eventos adversos importantes; ▪ Ausência de adesão ao tratamento; ▪ Identificação de situação que contraindique o tratamento, a gestação; ▪ Elevação das aminotransferase sem níveis dez vezes acima do limite superior da normalidade; ▪ Infecção bacteriana grave, sepse, independentemente da contagem de granulócitos; ▪ Descompensação hepática em pacientes previamente compensados SEGUIMENTO o F3 e F4: Rastreamento contínuo de CHC e varizes gastroesofágica sem F4. o Prevenção da reinfecção; abstinência de álcool, drogas e tabaco; e o controle das comorbidades, do peso e dos distúrbios metabólicos. O uso de medicações potencialmente hepatotóxicas deve ser evitado o F0-F2, na ausência de outras contraindicações para alta, podem ser liberados, com aconselhamento o F2, com outros fatores de risco para progressão de doença hepática (etilistas, coinfectados pelo HIV e/ou HBV, obesos, diabéticos etc.) deverão ser acompanhados ambulatorialmente HEPATITE D (DELTA) • O HDV (gênero Deltavírus) é um vírus pequeno, esférico, de composição híbrida e defectiva • Trata-se do único agente satélite e subviral humano dependente de proteínas do envelope do HBV • Apresenta-se em oito genótipos (HDV-1 a HDV8) • Presente na Região Norte (Amazônia e Acre) • Apresentação clínica não é uniforme. Pode ser assintomática. Pode evoluir para cirrose e CHC, nas formas graves COINFECÇÃO (SIMULTÂNEO) o Interferência viral o Hepatite aguda benigna o Completa recuperação em até 95% dos casos SUPERINFECÇÃO o HDV em portadores de HBS Ag o Grave e de pior prognóstico o Risco de desenvolver infecção crônica é maior (79,9%) o Crianças evoluem mais rápido DIAGNÓSTICO o Detecção de anticorpos anti-HDVIgG em paciente com suspeita de exposição recente para o agente infeccioso o Pacientes portadores de hepatite B residentes em áreas endêmicas ou com antecedente epidemiológico correspondente são candidatos à investigação o Anti-HDVIgG reagente, a confirmação da hepatite Delta será realizada por meio do somatório das informações clínicas, epidemiológicas e demográficas TRATAMENTO o O objetivo é o controle do dano hepático o Terapia composta por alfapeguinterferona2a (48-96sem) e/ou análago de nucleotídeo (tenofovir ou entecavir) o Interrupção: efeito adverso importante, contraindicação, ausência de aderência, situação que indique substituição da medicação LARISSA MENEZES – GASTRO CONTRAINDICAÇÃO AO USO DE ALFAPEGUINTERFERONA o Consumo atual de álcool e/ou drogas; o Cardiopatia grave; o Disfunção tireoidiana não controlada; o Distúrbios psiquiátricos não tratados; o Neoplasia recente; o Insuficiência hepática; o Antecedente de transplante, exceto hepático; o Distúrbios hematológicos: anemia, leucopenia, plaquetopenia; o Doença autoimune; o Intolerância ao medicamento HEPATITE E • Causa hepatite aguda com recuperação espontânea em quase todos os casos. Pode evoluir com insuficiência hepática aguda • Vírus de RNA • Transmissão fecal-oral. Países tropicais e subtropicais • Relato de cronificação e evolução para cirrose em casos seletos (imunodepressão) • Zoonose: animais comestíveis (javali, porcos), associado a grupo populacional específico (fazendeiros, açougueiros, veterinários) • Via parenteral QUADRO CLÍNICO o Similar a HVA o Autolimitado o Incubação: 4-5 sem (40 dias) o Assintomático e anictérico até hepatite fulminante o Icterícia: elevação de aminotransferases, bilirrubinas e FA o Maior mortalidade DIAGNÓSTICO TRATAMENTO o Não há um específico para o quadro agudo o A forma crônica é recente e ainda faltam estudos para a terapêutica, mas, se fala em uso combinado de interferonpeguilado e ribavirina ou monoterapia com ribavirina (Redução da carga viral) PREVENÇÃO o Vacina recombinante baseada no antígeno o Eficácia de 3 doses-100%, falta produção em grande escala
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