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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período HEPATITES VIRAIS A hepatite viral é uma infecção que leva à uma necro-inflamação do fígado, com manifestações clínicas e laboratoriais relacionadas, sobretudo, às alterações hepáticas decorrentes do processo inflamatório = inflamação no parênquima hepático. - infiltrado inflamatório local por células de defesa que liberam citotoxinas localmente para obstruir o vírus, lesionando o tecido hepático. - Quando há lesão no tecido hepático, há substituição por tecido fibroso, que evolui para cirrose e, por fim, pode evoluir para hepatocarcinoma. As hepatites virais causadas pelos vírus hepatotrópicos representam a maioria dos casos de hepatite aguda e, portanto, a expressão “hepatite viral” habitualmente se refere à hepatite causada pelos vírus da hepatite A, B, C, D e E. Há ainda, vírus não-hepatotrópicos que podem causar hepatite, como o vírus da rubéola, febre amarela, coxsackie, sarampo, caxumba, adenovírus, herpes e varicela. Dentre estas outras causas de hepatite aguda estão as drogas hepatotóxicas, a hepatite auto- imune, a doença de Wilson e a isquemia hepática. As hepatites virais se dividem em: I. Recente: IgM positivo; II. Aguda: IgM positivo + transaminases elevadas. Até 6 meses; pouca inflamação e muita morte celular (hepatócitos), alta de enzimas hepáticas (transaminases TGO e TGP ou AST e ALT); III. Crônica: pouca morte celular, alta de enzimas hepáticas (TGO e TGP), presença de fibrose; + de 6 meses. IV. Fulminante: falência hepática no curso da hepatite aguda. Essa insuficiência hepática pode causar: - Coagulopatia: devido a diminuição dos fatores de coagulação e alargamento do tempo de protrombina. - Encefalopatia - Hipoalbuminemia Hepatite A • Infecção causada pelo vírus da hepatite A (HAV), transmitido frequentemente pela via fecal-oral. • Geralmente uma doença benigna, autolimitada com período de incubação de 2-5 semana. • O vírus da hepatite B (HAV) não causa hepatite crônica e raramente causa hepatite fulminante. • Endêmico em pa íses com h ig iene e saneamento básico abaixo dos padrões, • A doença clínica tende a ser branda ou assintomática em crianças, com infecções graves em adultos. Fisiopatologia • O HAV é um picornavírus pequeno de RNA monifilamentar, desprovido de cápsula. Ele atinge o fígado pelo trato intestinal após a ingestão, replica-se em hepatócitos e é disseminado na bile e nas fezes. • O vírus em si não parece ser tóxico aos hepatócitos e, por isso, a lesão hepática parece ser resultado de um dano mediado por células T aos hepatócitos infectados. • A lesão hepática resulta da resposta imunológica do hospedeiro ao vírus A, mediada por linfócitos T CD8+ e células natural killer. ??????? • A imunidade é específica, duradoura e pode ser desenvolvida a partir da infecção com o vírus ou pela vacinação. Transmissão • O HAV é transmitido pela ingestão de água e alimentos contaminados e eliminado nas fezes durante 2-3 semanas antes e uma semana após a icterícia. • O vírus não é eliminado em quantidade significativa na saliva, na urina ou no sêmen. Manifestações Clínicas Inicialmente, a sintomatologia costuma ser inespecífica: náuseas, vômitos, anorexia, febre, mal-estar e dor abdominal. De dias a semanas, podem surgir colúria e acolia fecal, seguidos por icterícia e prurido. Os sintomas iniciais tendem a reduzir conforme aparece a icterícia, cujo pico acontece tipicamente em 2 semanas. Geralmente, após 3 meses, o paciente está recuperado. Fases da hepatite viral: I. Período prodrômico ou pré-ictérico: • Ocorre após o período de incubação é antes do aparecimento da icterícia. • Sintomas inespecíficos: anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, comstipacao, febre baixa, cefaleia, mal-estar, astenia e fadiga e etc. II. Fase ictérica: • Corresponde ao aparecimento da icterícia, com diminuição dos sintomas prodrômicos. • Presença de hepatomegalia dolorosa, com esplenomegalia ocasional. III. Fase de convalescença: • Após o desaparecimento da icterícia, com recuperação completa após algumas semanas, mas é possível que a fraqueza e o cansaço possam persistir por meses. Marcador de gravidade: hepatite fulminante (caracterizada por encefalopatia, além de disfunção hepática grave). Fatores de risco: APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período - Residência oi viagem para áreas com saneamento básico precário; - Contato domiciliar oi sexual com portadores de hepatite A; - Relação sexual por via anal; - Creches, asilos ou penitenciárias. Manifestações atípicas da doença: • Hepatite recidivante: ocorre em menos de 10% dos casos. Cursa com recidivas dos sintomas e piora bioquímica nos primeiros 6 meses após a doença, após normalização inicial. A duração da recaída é menor que 3 semanas, mas a alteração bioquímica pode permanecer por até 12 meses. Transaminases podem ser superiores a 1.000 unidades/dL, e anti-HAV IgM tende a permanecer positivo; • Hepatite colestática: em menos de 5% dos casos. Cursa com hepatite colestática persistente, com duração de mais de 3 meses. Há aumento de bilirrubina (> 10 mg/dL) e fosfatase alcalina, além do aumento de transaminases de 5-15 vezes; • Hepatite autoimune: a hepatite A pode servir como gatilho para seu desenvolvimento Os achados do exame físico incluem febre, icterícia, hepatomegalia dolorosa e dor abdominal à palpação. Menos comumente, podem ser observadas esplenomegalia e manifestações extra-hepáticas. Diagnóstico A infecção pelo HAV deve ser sugerida em pacientes com início agudo de sintomas prodrômicos (náuseas, anorexia, febre, mal-estar e dor abdominal) e icterícia ou elevação de transaminases, particularmente na presença de fatores de risco. Exames de rotina: - Hemograma; - Marcadores de fase aguda; - Função renal s eletrólitos; - Hepatograma; - Coagulograma; - Sorologia para hepatites virais (HAV IgM e IgG, HBsAg, anti-Hbc IgM, anti-HCV); - Sorologia para HIV; - USG de abdome para avaliação de vesícula e vias biliares (casos selecionados). O diagnóstico é estabelecido pela detecção de anti-HAV IgM. Os anticorpos IgM são detectados a partir do 2º dia do início dos sintomas com declínio após a 2ª semana, desaparecendo após 3 meses. A detecção de anti-HAV IgM na ausência de s in tomas sugere in fecção prév ia com persistência de IgM, resultado falso-positivo ou infecção assintomática, que é mais comum em crianças < 6 anos de idade. Anticorpos anti-HAV IgG aparecem na fase de conva lescênc ia , confer indo imun idade permanente a infecção. O anti-HAV total é capaz de detectar anticorpos anti-HAV das classes IgG e IgM. A detecção de anti-HAV IgG na ausência de IgM reflete infecção prévia ou vacinação. Anticorpos IgG persistem mesmo após a convalescença e são a imunidade protetora contra a reinfecção. Tratamento A infecção é frequentemente autolimitada, sendo feito apenas o tratamento de suporte (como Colestiramina para prurido intenso). Drogas hepatotóxicas ou que sejam metabolizadas no fígado devem ser usadas com cautela, se forem necessárias. Pacientes com insuficiência hepática fulminante d e v e m s e r t r a n s f e r i d o s p a r a c e n t ro s transplantadores. Prevenção - Higiene pessoal; - Imunização passiva com soro; - Vacina de vírus inativado dada antes e após exposição (ex: viagens). Hepatite B Doença hepática causada pelo vírus da hepatite B (HBV).Pertence ao grupo Hepadnaviridae; Vírus de DNA, com estrutura esférica e apresenta antígenos em sua estrutura (HBsAg, HBcAg e HBeAg -> com anticorpos Anti-HBs, Anti-HBc e Anti-HBe). - HBsAg: presente na superfície, indica vírus presente no indivíduo; Fisiopatologia O HBV apresenta DNA como genoma e pertence à família Hepadnaviridae. É um vírus oncogênico que apresenta 10 genótipos, com classificação de A a J. No Brasil, os genótipos A, D e F são os mais prevalentes. O HBV possui tropismo pela célula hepática e, ao se ligar a receptores presentes na superfície celular, é internalizado e perde seu envoltório. Em seguida, o conteúdo viral migra para o núcleo, onde se replica. Transmissão Solução de continuidade (pele e mucosas). • Via parenteral: compartilhamento de agulhas, seringas, material de manicure e pedicure, lâminas de barbear e depilar, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança. • Relações sexuais desprotegidas: via predominante. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Transmissão vertical: período de maior risco de transmissão a partir de gestantes com replicação viral. Essa via apresenta maior chance de cronificação. O período de incubação é de 30-180 dias (média de 60-90 dias); o período de transmissibilidade acontece em duas a três semanas antes dos primeiros sintomas e enquanto o HBsAg estiver detectável. O portador crônico pode transmitir o HBV durante vários anos. Os pacientes que apresentam HBeAg (marcador de replicação viral) reagente têm maior risco de transmissão do HBV do que os com HBeAg não reagente. A imunidade adquirida por infecção prévia resolvida naturalmente é estabelecida pela presença de anti-HBc e anti-HBs reagentes. A imunidade adquirida por vacina é confirmada pela presença de anti-HBs nos exames sorológicos. A infecção pelo vírus da hepatite B pode causar hepatite aguda ou crônica. Define-se infecção crônica pela persistência do vírus ou a presença do HBsAg por mais de seis meses detectada por meio de testes sorológicos. Fatores de Risco: - Usuários de drogas; - Profissionais da saúde; - Pacientes transplantados. Manifestações Clínicas Varia entre infecções subclínicas e anictéricas (70% dos casos) ou hepatite ictérica (30% dos casos) na fase aguda, com a minoria dos casos (< 1%) evoluindo com hepatite fulminante e infecção subclínica crônica causando hepatite crônica, com evolução para cirrose e maior risco de carcinoma hepatocelular. Fase aguda: assintomática (maioria das vezes). - Sintomas prodrômicos de febre baixa, náuseas, vômitos, anorexia, fadiga e dor em hipocôndrio direito e/ou epigástrio. Fase fulminante (<1%): insuficiência hepática aguda com icterícia; alteração padrão do sono; sonolência; confusão mental; encefalopatia hepática; coma; piora de ascite; hemorragia digestiva; coagulopatias; miocardite; pericardite. Fase crônica: curso assintomático ou com sintomas constitucionais (fadiga, anorexia e náuseas); - É caracterizada pela detecção de material genético ou de antígenos virais por um período de seis meses após o diagnóstico in ic ia l . Nesses casos , os pac ientes apresentam sinais histológicos de lesão hepática (inflamação com ou sem fibrose) e marcadores sorológicos/virológicos de replicação viral, com possível agravamento da doença hepática em longo prazo; Sintomas gerais - Icterícia (geradas pelas lesões de fígado); - Dor abdominal; - Náuseas e vômitos; - Urina escura. Manifestações extra-hepáticas: - Vasculite necrotizante aguda; - Glomerulonefrite; - Acrodermatite papular; - Anemia aplásica. Diagnóstico Exames laboratoriais para avaliar a doença hepática e marcadores sorológicos virais. Exames laboratoriais de rotina: - Hemograma completo; - Função renal e eletrólitos; - Coagulograma; - Transaminases; - Enzimas canaliculares; - Bilirrubina total e frações; - Albumina e proteína total; - PCR; - VHS. Fase aguda: presença de HBsAg, IgM; Fase crônica: presença de IgG. • ELISA, analisar presença ou não do vírus. Tratamento Fase crônica: Interferon, inibidores.. • Fumarato de tenofovir desoproxila 300mg/dia; • Entecavir 0,5mg/dia; • Alfapeguinterferona 2a 180mcg; • Tenofovir alafenamida 25mg/dia; APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Hepatite C Infecção aguda ou crônica pelo vírus C (HCV). O HCV pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae, e tem estrutura genômica composta de uma fita simples de ácido ribonucleico (RNA). Fisiopatologia A infecção pelo vírus C pode ser dividida em duas fases: Aguda - A infecção aguda costuma ser assintomática na maioria dos pacientes. - Esta fase pode durar até seis meses e apresenta níveis elevados do vírus C no sangue. - Termina quando os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico conseguem controlar a multiplicação do vírus. - Apesar da ação do sistema imunológico, somente cerca de 15 a 20% dos pacientes conseguem ficar efetivamente curados do vírus. Os outros cerca de 85% evoluem para hepatite C crônica. Crônica - Pode permanecer silenciosa até fases avançadas. - A destruição do fígado ocorre lentamente, e, às vezes, os sintomas só surgem anos após a contaminação. Isso explica por que boa parte dos pacientes infectados pelo vírus C não sabem que estão doentes. - Até 1/3 dos pacientes com hepatite crônica acabam desenvolvendo cirrose hepática. Transmissão Vias de transmissão: • Via parenteral: principal forma de infecção por meio de contato com sangue contaminado. • Via sexual: esporádica, sobretudo em indivíduos com múltiplos parceiros e práticas sexuais de risco sem uso de preservativo. • Via vertical: menor proporção de casos, risco aumenta se gestante coinfectada por HIV-HCV. Hepatite aguda: geralmente assintomática, pode cursar com icterícia e estigmas de lesão por prurido. Hepatite crônica: estigmas de hepatopatia crônica e cirrose, como: - Icterícia; - Ascite; - Esplenomegalia e hepatomegalia: - Circulação colateral proeminente; - Edema de membros inferiores; - Diminuição da pressão arterial; - Aranhas vasculares (telangiectasias); - Ginecomastia e atrofia testicular; - Eritema palmar; - Distrofia ungueal (unhas de Muehrcke e unhas de Terry); - Flapping (movimentos assincrônicos das mãos, como “asas de borboleta”). Manifestações Clínicas O período de incubação para a hepatite C varia de 2-26 semanas, com média entre 6-12 semanas. A hepatite C aguda é assintomática em 75% das pessoas afetadas e pode não ser percebida. Assim, não se conhece muito sobre essa fase da doença. O RNA do HCV pode começar a ser detectado no sangue, no intervalo de dias a oito semanas, a depender do inóculo inicial. As elevações de aminotransferases séricas ocorrem em 2-12 semanas. Apesar de os anticorpos neutralizantes anti-HCV se desenvolverem no intervalo de semanas a poucos meses, eles não conferem imunidade eficiente. Respostas imunes fortes, envolvendo células CD4+ e CD8+, estão associadas a infecções autolimitadas pelo HCV, mas não se sabe por que apenas uma minoria de pessoas é capaz de se curar da infecção. Na infecção persistente, o RNA circulante do HCV é detectável, e as aminotransferases apresentam episódios de elevação ou elevação contínua apresentando valores flutuantes. Em pequena porção das pessoas afetadas, os níveisde aminotransferases são normais mesmo quando já há alterações histológicas no fígado. O aumento da atividade enzimática pode ocorrer na ausência de sintomas clínicos, provavelmente refletindo os eventos de necrose de hepatócitos. A infecção persistente é a característica diferencial da infecção por HCV, ocorrendo em 80-85% dos pacientes com doença aguda subclínica ou assintomática. Obs: - A cirrose se desenvolve em 20% das pessoas persistentemente infectadas: ela pode estar presente no momento do diagnóstico ou levar 20 anos para se desenvolver. - Alternativamente, os pacientes podem ter infecção crônica por HCV por décadas sem progredir para cirrose. - A hepatite fulminante é rara. A hepatite C confere um risco elevado para o carcinoma hepatocelular. Diagnóstico O diagnóstico laboratorial da hepatite C deve ser realizado com, pelo menos, dois testes. • Teste inicial: Anti-HCV ou teste rápido para HCV. A presença dos anticorpos anti-HCV ocorre cerca de 30-60 dias após a exposição ao vírus. • Teste confirmatór io : PCR HCV-RNA qualitativo ou quantitativo. Qualitativo identifica https://www.mdsaude.com/gastroenterologia/cirrose-hepatica/ APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período a presença ou não do vírus; já o quantitativo calcula o número de coisa de genomas virais circulantes em um paciente (carga viral). • Genotipagem para HCV: testes moleculares capazes de identificar os genótipos, subtipos e populações mistas do HCV. O exame de genotipagem no Brasil é reservado somente para pacientes com idade entre 3 e 11 anos e pesando menos de 30 kg. Tratamento Prevenção: não possui vacina. Hepatite D O vírus da hepatite D causa infecção no fígado apenas em pessoas com hepatite B. Infecção causada pelo vírus RNA de fita única defectivo denominado delta (HDV), de 36 nm de diâmetro, cujo envelope lipoproteico é fornecido pelo vírus B. O vírus da hepatite D pertence à família Deltaviridae, pode ser transmitido pelo sangue (por via parenteral, percutânea e vertical) e por via sexual ou fômites contaminados, e se replica em altos níveis nos hepatócitos após a infecção. No entanto, depende da presença do vírus B para formação de seu envelope lipoproteico (feito de HBsAg) e formação do virion, sendo considerado um vírus defectivo, de modo que sempre há infecção simultânea pelos dois vírus. Fisiopatologia A infecção pode ocorrer de duas maneiras: • Coinfecção: Infecção simultânea pelo vírus B e D, resultando em hepatite B + D aguda. Essa entidade é clinicamente indistinguível da hepatite B aguda clássica e, geralmente, é autolimitada. No entanto, pode cursar com insuficiência hepática aguda fulminante, especialmente entre usuários de drogas injetáveis. Progressão para cronicidade em 2-8% dos indivíduos; • Superinfecção: Infecção pelo vírus D em paciente portador de hepatite B crônica. Evolui para hepatite D crônica em 70-90% dos casos, sendo a replicação do vírus B, geralmente, suprimida pelo vírus D. Tem curso mais grave e rápido que a infecção isolada pelo vírus B, com cirrotização em 80% dos pacientes ao longo de 5-10 anos. Acredita-se que, na infecção aguda, haja dano citopático, enquanto, na infecção crônica, a lesão seja, predominantemente, imunomediada. O período de incubação é de 30-180 dias, e a transmissibilidade ocorre na superinfecção de 2-3 semanas antes dos primeiros sintomas, se mantendo enquanto o HBsAg estiver detectável. Na coinfecção, ocorre 1 semana antes do início dos sintomas, se mantendo enquanto o HBsAg estiver detectável. Manifestações Clínicas Pode variar de casos assintomáticos até hepatite fulminante. A maioria dos casos de coinfecção se manifesta como uma forma de hepatite aguda benigna, assemelhando-se ao quadro clássico de hepatite B aguda: - A infecção aguda pelo vírus D pode se manifestar com fadiga, hiporexia, icterícia e vômitos. - Na coinfecção, geralmente observam-se dois picos de elevação de transaminases com intervalo de 2-5 semanas entre eles. O primeiro pico, geralmente, é associado à infecção pelo vírus B, e o segundo, pelo vírus delta. - Os sintomas desaparecem com 2-10 semanas. - O risco de insuficiência hepática aguda fulminante é maior na coinfecção do que na monoinfecção pelo vírus B; - Em pacientes com infecção crônica pelo vírus B e D, podem ser encontrados: fadiga, hiporexia, náuseas, dor em hipocôndrio direito e artralgia. Deve-se atentar a sinais de insuficiência hepática crônica. A evolução é mais agressiva que na hepatite B crônica isolada. Diagnóstico Na suspeita de infecção pelo vírus delta, recomenda-se realizar pesquisa de anti-HDV total. Se positivo, solicitar PCR-RNA para HDV. Paralelamente, deve-se solicitar PCR-DNA para o vírus B, para avaliar indicação de tratamento concomitante. A d i f e r e n c i a ç ã o e n t r e c o i n f e c ç ã o e superinfecção é feita pela presença do anti-HBc IgM, que é positivo na coinfecção. - HDAg sérico por ensaio imunoenzimático ou radioimunoensaio; - Detecção de HDV-RNA por RT-PCR; - Anti-HDV total por ensaio imunoenzimático ou radioimunoensaio: marcador mais utilizado. Geralmente, se eleva 4 semanas após a infecção aguda. Altos títulos são observados em pacientes com infecção crônica pelo vírus delta. Anti-HDV total negativo não exclui o diagnóstico de coinfecção aguda; - Anti-HDV IgM por ensaio imunoenzimático ou radioimunoensaio: pouco utilizado na prática clínica. Pode ser empregado para diagnóstico da infecção aguda pelo HDV; - H D A g p o r i m u n o - h i s t o q u í m i c a o u imunofluorescência de biópsia hepática. Exames de rotina: - Hemograma; - Função renal e eletrólitos; - Perfil hepát ico: TGO, TGP, GGT, FA, bilirrubinas, INR, albumina. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Tratamento Hepatite E O vírus da hepatite E (VHE), pertencente à família Caliciviridae é um agente etiológico esférico, não envelopado, contando 30 nanômetros de diâmetro e contendo RNA de hélice única como material genético. São conhecidos até o momento cinco genótipos, apenas quatro deles foram identificados em humanos, sendo os genót ipos 1 e 2 , aparentemente mais virulentos, ao passo que os genótipos 3 e 4 são responsáveis por infecções subclínicas. A hepatite E é uma antropozoonose, na medida em que o VHE, diferentemente dos outros vírus causadores das hepatites, é encontrado em alta porcentagem em animais domésticos como galinhas, roedores e, particularmente, em suínos, podendo ser esses animais fontes de contágio ao homem. A água é considerada a principal via de transmissão da doença, pois pode ser contaminada com dejeções animais (incluindo excretas humanas). Uma característica epidemiológica peculiar do VHE, que o diferencia dos outros vírus entéricos, é a raridade da disseminação secundária interpessoal dos infectados aos contatos íntimos. O período de incubação é de 2-10 semanas. Anteriormente, os enfermos referem anorexia, astenia, diarreia, febre (não muito elevada), náuseas e vômitos. Após uma semana, surge icterícia, colúria, hipocolia e prurido cutâneo, que perduram por duas semanas, e, em geral, evoluem com resolução para cura. As formas colestáticas da hepatite E ocorrem em 20% a 30%; hepatomegalia é observada em 80% dos infectados. Quando ocorre colestase, os níveis de bilirrubina e de fosfatase alcalina se elevam. A hepatite E não apresenta tendência para c ron i fi c a ç ã o , t o d a v i a , e m g e s t a n t e s , principalmente no primeiro trimestre de gravidez, é observado aumento da ocorrência de hepatite fulminante e de evolução para coagulação intravascular disseminada, sendo descritas taxas de letalidade que variam de 30% a 100%. Diagnóstico É estabelecido a partir da detecção de reatividade ao IgM anti-VHE no soro dos pacientes com suspeita diagnóstica. O anti- VHE I g M o u I g G , e n c o n t r a - s e d i s p o n í v e l comercialmente. A despeito das diferenças genômicas entre as diversas cepas, o VHE possui um único sorotipo, o que explica a reatividade cruzada para os principais epítopos virais, facultando o diagnóst ico sorológico em embalagens comerciais. Tratamento A terapia de suporte semelhante a outras hepatites agudas virais pode estar indicada, na dependência de cada caso. Com efeito, nos casos graves, em geral com evolução fulminante, deve ser realizado em u n i d a d e s d e t e r a p i a intensiva. Prevenção, Tratamento e Vacinação A terapia de suporte semelhante a outras hepatites agudas virais pode estar indicada, na dependência de cada caso. Com efeito, nos casos graves, em geral com evolução fulminante, deve ser realizado em unidades de terapia intensiva. A profilaxia da hepatite E em áreas endêmicas depende essencialmente de medidas adequadas de saneamento básico, similares àquelas descritas para a hepatite A. Controle adequado do suprimento de água potável e destino do esgoto são fatores essenciais para a prevenção de surtos. As medidas de higiene e educação são também vitais para o controle da doença. Até o momento não há vacinação efetiva para o vírus da hepatite E. REFERÊNCIAS: •