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ALAN R F PAZ JÚNIOR 2021 APOSTILA DE SEMIOLOGIA MÉDICA 1.0 INTRODUÇÃO 1.1 Teoria Geral dos Sistemas (TGS) Surgiu com os trabalhos do biólogo Ludwig von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968, e não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas sim produzir teorias e formulações conceituais que possam criar condições de aplicação na realidade dos múltiplos conhecimentos existentes. Teoria de sistemas pode ser uma maneira mais abrangente de estudar os campos não físicos do conhecimento científico, especialmente, as ciências sociais. Com isso, consegue-se analisar mais variáveis que influenciam o todo, sem um olhar focar e segmentado de apenas um ponto de vista ou área do conhecimento. Objetiva a unidade das diferentes ciências de forma a transformá-las numa ferramenta do saber, fruto da educação científica. Necessita de uma avaliação como um todo. Integra assuntos que são de naturezas diferentes. É, portanto, uma tendência que tenta integrar as áreas do conhecimento, e assim produzir teorias e conceitos com utilidade prática. 1.2 Comunicação É um pilar da profissão médica, e representa o veículo das manifestações observáveis em uma relação. Ou seja, se o veículo for ruim, as mensagens não são trocadas e por consequência não se obtém as informações muitas vezes cruciais no exame clínico e em qualquer conversa. Esse veículo pode ser descrito por cinco inerentes axiomas da comunicação, que são: • I - A impossibilidade de não comunicar Mesmo inerte e sem comunicação visual ou verbal, o paciente está comunicando algo. Todo gesto leva uma mensagem. • II - O conteúdo e níveis de relação da comunicação A comunicação sempre que se estabelece tem material, dados, e uma hierarquia, que impõe comportamento (entrevistado x entrevistador). • III - Pontuação da sequência de eventos A comunicação respeita uma série de trocas de informações que ditam o tom e aonde se chegará. Depende da postura de cada um dos elementos da comunicação. • IV - Comunicação digital e analógica Toda comunicação tem um meio e fazem parte, para os humanos, formas verbais e não verbais de comunicação. • V - Interação simétrica e complementar Quando duas pessoas divergem o tom e o resultado da comunicação será diferente do que se elas concordassem. Pode ser, portanto, simétrico ou complementar. 1.3 Princípios de Bates O livro de semiologia médica de Bates elenca seis princípios que considera fundamentais serem de domínio do médico para conseguir extrair o máximo de informações com qualidade do seu paciente. São elas: • Facilitação Dando opções, o paciente consegue descrever melhor o seu problema. Obrigatoriamente ele terá que optar, e para isso, toma uma decisão consciente. • Reflexão Conduzir o diálogo de maneira a haver sentido, com ordem e veracidade. Questionar se alivia ou piora com alguma conduta. • Esclarecimento Questionar o paciente sobre o que ele disse. Eu entendi certo? Foi assim mesmo? • Confrontação Questionar é fundamental, buscando inconsistências no que o paciente relata. • Interpretação Quando não entender, elabore. “Dor no lombo” pode não ser lombalgia, gírias devem ser sempre interpretadas. • Respostas empáticas Estabelecer contato visual e com gestos, concordando com o paciente, sacudindo a cabeça e expressando curiosidade faz com que se evolua na relação médico-paciente com mais facilidade. 1.4 O exame clínico O exame clínico do paciente ao ser atendido é composto de duas grandes partes, a anamnese e o exame físico. EXAME CLÍNICO = ANAMNESE + EXAME FÍSICO Diferentemente da matemática, a ordem dos fatores altera o produto. Não se inicia um exame clínico pelo exame físico. A anamnese é fundamental para nortear o processo, onde se obtém informações riquíssimas que nortearão todo o atendimento e permitirão um exame físico focado e que corrobore informações da história que o paciente relata e de sintomas que apresenta. Isso não quer dizer que durante o exame clínico não se faça perguntas complementares, apenas que o exame deve seguir uma lógica. Por exemplo, um paciente de 76 anos presenta-se na emergência com uma face demonstrando dor, dificuldade respiratória, hipotenso, com dor nas costas e na cabeça. Qual a conduta? Uso de máscara nasal com O2 a 100%? Uma droga vasopressora? Um analgésico? Óbvio que não! É necessário conversar com esse paciente ou acompanhante e coletar uma história simples e rápida que indicará um diagnóstico ou hipótese diagnóstica rapidamente. Voltemos ao caso. Você descobre que o paciente começou a sentir falta de ar, e você, atento à dispneia do paciente, resolve aferir a frequência respiratória e descobre que ele está taquipneico, com 26 incursões por minuto, e com taquicardia, com 115 batimentos por minuto. Pressão arterial de 80/50 mmHg e pulso radial fino. Sua hipótese diagnóstica é Infarto Agudo do Miocárdio. Afinal, aprendeu nas aulas de cardiologia que dor no peito que irradia para as costas e para o mento, com dispneia, hipotensão e taquicardia pode ser um Infarto. Solicita um Eletrocardiograma (ECG) e enzimas cardíacas, além de um hemograma completo. Rapidamente descobre que não haviam alterações no ECG condizentes com a hipótese diagnóstica, o que lhe deixa confuso. Após 6 horas, retorna o resultado do hemograma e você fica surpreso ao observar uma leucocitose com desvio a esquerda. Corre até o paciente, que nesse momento se encontrava mais hipotenso e com alteração da consciência. Três perguntas seriam simples nesse caso e teriam dado um desfecho completamente diferente ao caso: • Desde quando você está com falta de ar? • Como é a sua dor? • O que mais o senhor sente? Um quadro de falta de ar de evolução de 5 dias, progressiva, com tosse e chiado no peito e expectoração mucopurulenta, certamente não é Infarto do Miocárdio! Com essas informações e com um exame físico respiratório bem feito, a hipótese diagnóstica mesmo sem febre e sem o hemograma, seria de pneumonia. Diante de uma pneumonia grave como essa, em um paciente idoso, provavelmente séptico, cabe ao médico extrair as informações corretas e não se deixar enganar. Lombalgia e cefaleia são queixas extremamente comuns que, nesse caso, confundiram o médico em seu diagnóstico. Responda, marcando X na alternativa verdadeira. Você está em Bagé/RS e avista um mamífero herbívoro de 4 patas com 1,5 metro de altura, que galopa, come grama, tem pelo curto e ralo, orelhas levantadas e pontudas, com crinas macias. Você está diante de um(a): a. ( ) Cavalo. b. ( ) Zebra. 1.5 Anamnese A anamnese é uma entrevista que deve guiar para o diagnóstico de uma doença. É o início do raciocínio clínico, sendo um processo dinâmico e interativo. Tem por objetivo iniciar a relação médico-paciente, coletar a história e os antecedentes deste paciente, direcionar o exame físico, definir a estratégia dos exames complementares e possibilitar a escolha dos procedimentos mais adequados ao paciente levando em vista o contexto, como nível intelectual, escolaridade, renda, condições socioeconômicas e outras. Princípios básicos da anamnese: • Estabelecer uma cronologia; • O paciente não sabe o que é importante. O médico deve saber; • O médico não é juiz de ninguém, e está a serviço do paciente; • Jamais estereotipar o paciente, o chamando de “vozinha” por ser uma senhora, por exemplo • Sintoma é o que o paciente refere. Sinal é o que você observa. A anamnese é composta por: • Identificação Nome, idade, sexo, cor (raça), estado civil, profissão (atual e anterior), local de trabalho, naturalidade, residência e procedência. • Queixa principal Motivo que levou o paciente à consulta. Importante não tentar traduzir a queixa, deve-se abordar a partir de como ele a traz. Sempre coletar a duração da queixa (minutos, horas,dias, anos...). Importante! Sintoma é uma queixa subjetiva referida pelo paciente, porém não menos importante. Ex: Dor, náuseas... Sinal é um achados objetivo que podem ser observados pelo examinador. Ex: febre, icterícia... • História da doença atual (HDA) Determinar um sintoma-guia e explorá-lo, buscando conhecer como começou, evoluiu, o que piora e melhora. Aqui é preferível utilizar termos técnicos, enfatizando no principal, estabelecendo relações entre sintomas. Abordar a localização e irradiação, caráter, quantidade, intensidade, cronologia, situação em que ocorre, fatores atenuantes e agravantes, manifestações associadas, estado atual. • Interrogatório Sintomatológico Permite levantar possibilidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrados na HDA, e que por ventura o paciente tenha esquecido de relatar. Afasta ou aproxima hipóteses levantadas pelos sintomas. Busca-se sintomas gerais, em cabeça e pescoço, no tórax, abdome, sistema gastrintestinal, geniturinário, hemolinfopoiético, endócrino, musculoesquelético, nervoso e psíquico. • Antecedentes Pessoais e Familiares Acidentes, imunizações, doenças prévias, genéticas, sexarca, ciclo menstrual, gestação e nascimento, climatério (idade da menopausa). • Hábitos de vida e condições socioeconômicas Estilo de vida, alimentação, moradia, lazeres, trabalho, religião, vida conjugal, história ou tabagismo ativo. 1.6 Exame Físico Feito depois da anamnese, o exame físico é guiado pelas informações que o médico tem. Com isso, utiliza do seu conhecimento para reconhecer sinais e sintomas, utilizando equipamentos e técnicas semiológicas. Faz-se primeiro o exame físico geral, a ectoscopia. • Estado geral Primeira impressão ao ver o paciente: bom, regular ou ruim. • Nível de consciência De virgília à coma. Se avalia a perceptividade (LOTE – lúcido e orientado em tempo e espaço), a reatividade a estímulos, deglutição e reflexos. Perceptividade: Lúcido e orientado no tempo e espaço (LOTE) Consciente: responsivo Sonolento: se não requisitado, dorme Obnubilado: sonolento e desorientado Estupor: só abre os olhos por estímulo doloroso Coma: superficial, profundo, decorticação, decerebração Escala de Coma de Glasgow: mais utilizada no trauma. • Fala e linguagem Disfonia ou afonia: alteração no timbre de voz. Ex: voz rouca, fanhosa, bitonal Dislalia: alteração no ritmo de fala. Ex: gaguejar Disartria: alteração nos MM da fonação, incoordenação cerebral, hipertonia, paralisia Disfasia: perturbação na elaboração cortical da fala Disgrafia: perda da capacidade de escrever Dislexia: perda da capacidade de ler • Estado de hidratação Hidratado, hiperidratado, desidratado... pele, elasticidade, turgor, mucosas, olhos, urina. • Estado de nutrição Alterações no peso, musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento físico, estado geral, pele e olhos. • Desenvolvimento físico Análise da idade e do sexo com relação ao físico. Pode ser acromegálico, normal, infantilismo, anão... • Fácies Dados exibidos a face através de traços anatômicos, expressão fisionômica e elementos patológicos. Normal, hipocrática, renal, leonina, mixedematosa... • Atitude e decúbito Posição no leito ou fora dele, voluntárias ou involuntárias. Posição ortopnéica, genupeitoral, cócaras... • Mucosas Conjuntivas, labiobucal, lingual e gengival. Se observa coloração, umidade e lesões. • Pele e Fâneros Análise de como estão (coloração, integridade, umidade, elasticidade, consistência, brilho...) • Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo Avalia-se a distribuição (diferente entre as idades e os sexos), e quanto á quantidade (normal, aumentada...). • Linfonodos Se analisa localização, tamanho ou volume, consistência, mobilidade, sensibilidade e alterações da pele adjacente. Se avalia os grupos da cabeça e pescoço (submentonianos, submandibulares, amigdalianos, cervicais superficiais, profundos e posteriores, occipitais, auriculares), supraclaviculares, axilares e supratrocleares, inguinais. • Medidas antropométricas Peso, altura e IMC. • Biotipo Ângulo de Charphy (ângulo entre as costelas inferiores com o osso esterno). Longilíneo, mediolíneo ou brevelínio. • Sinais Vitais FC (60-100 bpm/min) Temp. (35,5 – 37ºC) FR (12 a 20/min) Pulso Interpretação é diferente de observação. Quando o paciente refere dor no peito, pode ser uma angina, uma dor muscular, um trauma, uma pneumonia... Se ele diz dor no peito, é dor no peito. Interpretações precipitadas de observações realizadas levam à falha diagnóstica! Depois que for feito o exame físico geral, se faz o Exame Físico dos Aparelhos. Em uma situação geral, de rotina clínica, em um paciente que não traz queixas específicas, deve-se coletar uma boa história para nortear o exame físico, primariamente. Se não, faz-se um bom exame físico geral, analisando a aparência do paciente, membros inferiores... e os aparelho respiratório, órgãos abdominais e cardiovasculares. • Respiratório Inspeção, se analisa presença de deformidades, lesões de pele, mamas, musculatura. Palpação, se analisa expansibilidade torácica, tônus muscular, edema, abaulamento. Percussão, se analisa o tipo de som (timpânico, atimpânico, maciço, submaciço). Ausculta, se analisa presença e simetria do murmúrio vesicular e modificações patológicas (diminuição, ruídos adventícios, roncos, sibilos, atrito...). • Cardiovascular Inspeção, presença de abaulamentos, retrações e deformidades pré-codiais. Pulsos visíveis. Ictus cordis. Pulsação carotídea ou epigástrica. Palpação, descrever o ictus cordis e a presença de frêmitos na região pré- cordial não relacionados à respiração. Se presentes, pesquisar irradiação. Percussão, não é feita. Ausculta, descrever ritmicidade, frequência, intensidade das bulhas, presença de 3º ou 4º bulha, sopros.... • Abdome Ausculta, se avalia presença de ruídos hidroaéreos e frequência. Inspeção, se avalia o tipo de abdome (plano, globoso...), simetria, coloração, cicatrizes, abaulamentos, circulação colateral... Palpação, se faz superficial (tensão, sensibilidade, nodulações, herniações) e profunda (descrição das vísceras, massas palpáveis, fígado e sua posição em relação ao rebordo costal direito, consistência, além dos 6 sinais principais). Percussão, se busca um som timpânico, que pode estar diminuído ou aumentado. Em pacientes específicos, cuja queixa orienta uma avaliação mais direcionada, busca-se um exame físico também direcionado à queixa, analisando: • Sintomas gerais: febre, astenia, alterações no peso, sudorese, calafrios, prurido, alterações cutâneas, alterações no desenvolvimento. • Cabeça e pescoço: Crânio, Face e Pescoço (dor, paralisias, tiques, movimentos involuntários, tumorações, alterações nos movimentos); Olhos (acuidade visual, dor, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, olho seco, diplopia, fotofobia, escotomas, secreção, nistagmo, visão colorida); Ouvidos (acuidade auditiva, dor, otorréia, otorragia, zumbidos, vertigem); Nariz e Seios Paranasais (obstrução, dor, rinorréia, espirros, prurido, epistaxe, hiposmia, anosmia, cacosmia); Cavidade Oral e Faringe (sialorreia, xerostose, halitose, dor, gengivorralgias, lesões, glossodíneas, odinofagia, disfagia, pigarro, tosse, vômica. • Tórax: Mamas (mastalgia, secreção mamilar, nódulos palpáveis); Sistema Cardiorespiratório (precordialgia, palpitações, dispneia, cianose, edemas, dor torácica, tosse, expectoração, disfonia, hemoptise, chiado, vômica. • Abdome: Parede Abdominal (dor, alterações da forma e volume); Sistema Gastrointestinal (disfagia, odinogaria, epigastralgia, dor, pirose, regurgitação, eructação, soluço, hematêmese, náuseas e vômitos, dispepsia, hábito intestinal, diarreia, esteatorréia, cólicas,distenção abdominal, flatulência, hemorragia digestiva, icterícia, obstipação intestinal, sangramento anal. • Sistema Genitourinário: dor, incontinência urinária, retenção, modificações no jato urinário, oligúria, anúria, poliúria, polaciúria, noctúria, urgência, disúria, urina turva, hematúria, mau cheiro. Homens lesões genitais, corrimento uretral, impotência, ejaculação precoce, diminuição da libido. Mulheres polimenorréia, oligomenorréia, amenorreia, hipermenorréia, hipomenorréia, menorragia, dismenorreia, corrimento, prurido, dispareunia, frigidez, menopausa, climatério. • Sistema Hemolinfopoiético: palidez, hemorragias (petéquias), adenomegalias, espleno e hepatomegalia. • Sistema Endócrino e Metabolismo: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuição da sudorese, tremores, irritabilidade ou apatia, insônia ou sonolência, parestesia ou tetania, cãibras, convulsões, poliúria, polifasia, polidipsia. • Sistema Músculoesquelético: artralgias, edema, calor, rubor, dor, limitação de movimentos, deformidades, rigidez matinal. • Sistema Nervoso: distúrbios de consciência e memória, tontura, vertigem, convulsões, ausências, paresias, paralisias, parestesias, anestesias, distúrbios da marcha, do sono e das funções cerebrais superiores. • Exame Psíquico e Avaliação das Condições Emocionais: consciência, atenção, orientação humor, pensamento, ansiedade, choro frequente, irritabilidade, melancolia, desanimo. 1.7 Semiologia Neurológica Como na abordagem psiquiátrica, criar um canal aberto de comunicação é primordial para o sucesso do exame neurológico. Só existe um sinal neurológico se há algum comprometimento neurológico. O exame neurológico deve conter: • História Neurológica: queixa atual, HDA, antecedentes, medicamentos e história social; • Exame Físico geral: nível de orientação, grau de hidratação e nutrição, sinais vitais; • Exame Físico Neurológico: estado mental, teste das funções dos nervos cranianos, exame da motricidade, força e sensibilidade. Se esta sequência sugerir manifestações patológicas, se fazem exames complementares. História Neurológica - Identificação do Paciente (padrão); • José dos Santos, 53 anos, casado, residente em Passo Fundo, profissão de contador. - Queixa principal, duração e características; • Dor de cabeça que vai e vem, só as vezes. Dói só um lado da cabeça, principalmente quando eu trabalho. Às vezes fico tonto. Parece que a cabeça vai explodir, e do nada alivia. Tem dias que eu até vomito. Já tomei remédio para dor mas sempre volta, e nos últimos meses está pior. - Fazer uma história geral (pessoal, familiar e social). Antecedentes traumáticos, prematuridade, doenças genéticas, uso de álcool, drogas e medicamentos de uso contínuo, são exemplos de dados neurológicos importantes; • Diagnóstico de HBV há 12 anos. Pai e mãe diabéticos. Irmão morreu de IAM aos 46 anos. Refere tabagismo há 20 anos e etilista eventual. Nega cirurgias e internações, mas teve doenças comuns da infância e diz não lembrar a idade da sexarca. Desenvolvimento neuropsicomotor normal. É sedentário, reside em casa própria de alvenaria com a esposa, a sogra e dois filhos. Exame Físico Geral - Inspeção (microcefalia, acromegalia, neurofibromas cutâneos, adenomas sebáceos, lesões herpéticas, fácies...) - Hidratação; • MUAA - mucosas úmidas, acianóticas e anictéricas - Sinais de insuficiência dos órgãos e sistemas; • Pressão Arterial Sistêmica de 150/90 mmHg no momento da consulta. Leve icterícia ocular. Pulsos periféricos palpáveis e simétricos • AC: BNF, RR, 2T S/S • AP: MVUD S/RA • Extremidades aquecidas e perfundidas, sem edema. Exame Físico Neurológico - Cada idade tem suas manifestações; - Múltiplas fontes neuroanatômicas potenciais para a queixa – saber produzir sinais; - Explorar bem e interpretar corretamente um sintoma é primordial. “Cefaleia súbita” difere muito de “cefaleia recorrente”. “Tontura” também é vago, pode ser vertigem, perda de consciência, ataxia de marcha... - São necessários três instrumentos: martelo + diapasão + oftalmoscópio; - A análise cutânea é relevante no estudo neurológico (lembrar da embriologia...); - Em resumo, se faz no exame físico neurológico: • 1 - Exame do estado mental; • 2 - Teste das funções dos nervos cranianos; • 3 - Exame da motricidade (força muscular e tônus motor); • 4 - Exame da sensibilidade; • 5 - Reflexos – profundos e superficiais; • 6 - Funções cerebelares; • 7 - Avaliação da marcha; • 8 - Exame das meninges; • 9 - Teste das funções corticais superiores; • 10- Exame das funções neurovegetativas; 1 – Exame do estado mental • Já na anamnese se verifica como está o paciente. Se ele coopera, responde, tem humor, atenção, orientação, memória, ou ainda, se manifesta alucinações; • Em suspeita de alteração do nível de consciência, aplicar a Escala de Glasgow; • Em suspeita de alteração do estado mental, aplicar o Mini Exame do Estado Mental; 2 – Testes das Funções dos Nervos Cranianos OÓrgão Onde Tem Traumatismo AFunção Varia Grandemente Verificando Até Hemorragia. ÓLFATÓRIO – ÓPTICO – OCULOMOTOR – TROCLEAR – TRIGÊMEO – ABDUCENTE – FACIAL – VESTIBULAR – GLOSSOFARINGEO – VAGO – ACESSÓRIO – HIPOGLOSSO. • 1º Nervo Craniano – Olfatório - Pedir se sente cheiro; - Pedir para identificar diferentes aromas em cada narina (limão, chocolate, menta...). Anosmia = ausência de olfato; Hiposmia = olfato diminuído; Parosmia = olfato diminuído; Cacosmia = sente cheiro desagradável; • 2º Nervo Craniano – Óptico - Testar acuidade visual (cada olho individualmente, com a Tabela de Snellen, letras, dedos...). - Testar campos visuais (paciente fecha um olho e com o outro fixa na pupila do examinar, que afasta o dedo e pede para o paciente dizer quando enxerga nos 4 quadrantes... depois, com os dois olhos abertos testa-se o acompanhamento do olho aos movimentos das duas mãos). Amaurose= cegueira; Hemianopsia = defeito na metade de um campo visual; Sehomônima, é no mesmo campo visual em ambos os lados. Se heterônima, em campos visuais opostos (binasais, bitemporais...). Quando for hemianopsia altitudinal, se trata de perda de visão acima ou abaixo da linha média do horizonte visual. - Fundo de olho: com um oftalmoscópio, se analisa a papila do olho, que é a ponta do nervo óptico. Um borramento alí pode indicar hipertensão intracraniana. Já os vasos retinianos permitem inferir como está a microcirculação corporal do paciente. Anormalidades na retina também podem indicar hemorragias intracranianas. • 3º, 4º e 6º nervos cranianos (musculatura ocular); *Nervo oculomotor faz também a inervação parassimpática da pupila; O exame destes três nervos cranianos engloba: • Inspeção ocular – exoftalmia, enoftalmia, existência do Anel de Kaiser Fleicher (sugestivo de doença de Wilson), ptose, miastenia gravis... aquilo que fica evidente apenas olhando o olho. • Inspeção pupilar – avaliar tamanho, forma, simetria e reflexos. O normal é dizer que são “pupilas normais, isocóricas e fotorreagentes”. - Tamanho: normal entre 3 e 5 mm; - Contração pupilar: cadeira parassimpática, III NC, m. esfíncter da pupila; - Dilatação pupilar: cadeia simpática, V NC, m. dilatador da pupila; - Reflexo fotomotor direto: aplicando luz em um dos olhos, a pupila deve contrair. Defeitos na contração ou dilatação sugerem falhas na inervação; - Reflexo fotomotor indireto: a iluminação de um olho provoca a constrição da pupila contralateral; - Reflexo de acomodação: olhar alvo distante e depois a 20 cm do olho – normal é constrição; - Pupilas isocóricas: mesma forma; - Pupilas discóricas: formas diferentes; - Pupilas anisocóricas: mesma forma mas tamanhos diferentes; - Pupila miótica: tamanho reduzido(idosos, intoxicação por opióide, lesões cervicais, migrânea...); - Pupila midriática: tamanho aumentado (AVE, herniação cerebral, aneurisma, uso de anfetamina, cocaína, morte encefálica ou paralisia do III NC); • Avaliação da motilidade ocular – pedir para o paciente seguir o movimento do dedo do examinador sem mexer a cabeça. - Músculos retos lateral, reto medial, reto superior e reto inferior: movimentam o olho no sentido da contração do seus feixes – “puxa para aquele lado mesmo”. Os retos superiores e inferiores apenas elevam e abaixam o olho quando desviados lateralmente. - Músculos oblíquos inferiores e superiores: fazem o contrário do que diz o nome, pois dão a volta no olho. O inferiores elevam e os superiores abaixam, ambos quando desviados medialmente. • 5º nervo craniano – trigêmeo - Toda sensibilidade da face e cavidade bucal (exceto gustação), couro cabeludo anterior e 2/3 anteriores da língua; - Motricidade de toda mastigação; - Na avaliação, se avalia: • Sensibilidade da face – testar sensibilidade tátil e dolorosa dos 3 ramos (testa, nariz e mandíbula); • Reflexo córneo-palpebral – ao elevar a pálpebra e tocar o olho com um algodão, o normal é piscar bilateralmente (via aferente é V NC); • Musculatura mastigatória – pedir para o paciente morder para testar masseteres e temporais, didução para pterigóides; • Reflexo mandibular – percutir o lábio inferior com a boca aberta provoca reflexo em demências – pessoas normais tem arreflexia; • 7º nervo craniano – facial - Motricidade da mímica e do platisma; - Sensibilidade gustatória dos 2/3 anteriores da língua; - Na inspeção: • Na mímica, buscar sempre assimetrias entre um lado e outro (piscar, sorrir...); • Pedir pra enrugar a testa; • Pedir para fechar os olhos (examinador deve tentar abrir e não conseguir); • Sorrir; • Inflar as bochechas; • Enrugar o pescoço; *Na Paralisia Facial Periférica (neurônio motor inferior) = lesão entre o núcleo e o nervo. Causa a paralisia de Bell por inflamação do nervo – testa não contrai e olhos não fecham. *Na Paralisia Facial Central (neurônio motor superior) = lesão entre o córtex e o núcleo, geralmente por AVE ou tumor cerebral. • Sensibilidade gustatória geralmente não é testada, mas se for, coloca-se menta ou chocolate nos 2/3 anteriores da língua. • 8º nervo craniano – vestíbulo-coclear - Parte coclear: audição; - Parte vestibular: equilíbrio – conecta ao labirinto, tronco encefálico e cerebelo; § Avaliação auditiva - Condução aérea normalmente é mais audível que a óssea. Por isso, se: • Surdez condutiva = condução óssea > condução aérea. • Surdez neurossensorial = ambas ruins, mas aérea > óssea, mesmo assim. - Teste de Rinne: vibra-se o diapasão em frente ao meato. Paciente deve ouvir. Ainda virbando, o diapasão é colocado sob o mastoide, e o paciente deve ouvir. Quando parar de ouvir, ele deve avisar, quando o examinador volta a colocar em frente ao meato. • Rinne Negativo = quando não se ouve o som no meato. Condução óssea > aérea. • Rinne Positivo = quando ambas são ruins, mas funcionam. Aérea > óssea. - Teste de Weber: diapasão é colocado no centro da testa. Paciente deve escutar o som bilateralmente. • Surdez de condução: se escuta melhor no lado afetado (isso ocorre pois a orelha afetada não escuta, e a boa sim. Como a condução vem pelo osso, só se escuta nessa, pois os outros sons atrapalham). • Surdez neurossensorial: se escuta melhor no lado normal, pois a outra funciona também, mas menos. § Avaliação vestibular - Analisar se há nistagmo (oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias do olho); - Avaliar se consegue ficar estático; - Avaliar marcha (ataxia = perda de controle da coordenação motora); - Nesses testes, se há lesão, o paciente se desequilibra para o lado da lesão. • 9º e 10º nervos cranianos – glossofaríngeo e vago - Sensibilidade do 1/3 posterior da língua em diante; - Inervação motora do palato e faringe; - Inervação motora das cordas vocais (vago); * Analisar tom de voz, disfagia, e dificuldade de deglutir; * Rouquidão sugere paralisia das cordas vocais – nervo laríngeo-recorrente (vago); * Pedir para abrir a boca e dizer “aaah” – analisar palato, úvula e faringe; * Testar reflexo de vômito com swab tocando o fundo da garganta; • 11 nervo craniano – acessório - Inervação motora do trapézio e esternocleidomastoideo (ECOM); * Testar a contração do ECOM forçando a cabeça do paciente para um lado com ele fazendo resistência. Analisar nos dois lados. * Testar uniformidade da contração do ECOM segurando a testa do paciente e pedindo para ele flexiona-la anteriormente. * Testar o trapézio forçando os ombros para baixo, pedindo ao paciente erguer contra a resistência. • 12º nervo craniano – hipoglosso - Função de movimentação da língua; * Fazer uma inspeção geral, analisando forma, tamanho, fasciculações, papilas e movimentação. Pedir para protrair e mobilizar bilateralmente. 3 – Avaliação Motora - Necessário avaliar os 4 membros, sempre comparando a simetria entre eles. • Inspeção: avaliar deformidades, atrofias, assimetrias, volume muscular, contrações involuntárias, fasciculações (contrações musculares pequenas), clônus (contrações musculares involuntárias devido à estiramento súbito); • Tônus: grau de tensão de um músculo em repouso. Testar flexão, rotação e extensão das articulações. Pode revelar uma hipotonia (pouca resistência aos movimentos passivos), hipertonia (super resistência aos movimentos passivos) ; • Força muscular: pedir flexão e extensão das articulações contra a resistência do examinador; - Paresia: redução da força; - Plegia: ausência de força; - Paraparesia/paraplegia: redução ou perda da força nos MMII; - Hemiparesia/hemiplegia: redução ou perda de força em um lado do corpo; - Diparesia/diplegia: redução ou perda simétrica da força; • Postura e Equilíbrio: solicitar que fique em pé, junte os pés e feche os olhos. Normal é não balançar com olhos fechados. Se balançar muito, se chama “sinal de Romberg”, quando há déficits de propriocepção. • Marcha: pedir que caminhe em linha reta, na ponta dos pés, nos calcanhares, e pé ante pé. Pós AVE, será hemiplégica. Com doença cerebelar, será atáxica. Com Parkinson, festinante (aquela tremidinha antes). Com miopatias, será anserina (toda torta e custosa). *Síndrome do neurônio motor superior = lesão entre o córtex e o 2º neurônio. Fará sinal de Babinski positivo se há liberação piramidal (reflexo cutâneo plantar em extensão); § Síndrome do neurônio motor inferior = lesão depois da medula. Fará flexão do pé em reflexo cutâneo plantar. 4 – Reflexos • Reflexos tendinosos profundos; - Biciptal (C5) = nervo musculocutâneo. - Supinador (C5/C6) = nervo radial. - Triciptal (C6/C7) = nervo radial. - Patelar (L3/L4) = nervo femoral. - Aquileu (S1)= nervo poplíteo medial. • Reflexos superficiais; - Cutâneo-abdominal = passar objeto rombo de lateral para medial nos 4 quadrantes abdominais. Exacerbado em ansiosos, ausente em lesões piramidais. - Cutâneo-plantar = passar ponta romba na planta lateral do pé curvando-se medialmente em direção ao dedão. Normalmente, flexão do hálux e pododáctilos. Extensão dos dedos e abertura em leque em lesões piramidais (sinal de Babinski). 5 – Coordenação - Ataxia: perda da coordenação. Pode ser de origem cerebelar (ipsilateral) ou sensitiva (piora ao fechar os olhos). • Prova dedo-nariz (MS abduzido, pedir para tocar o indicador no nariz); • Prova calcanhar-joelho (apoiar o calcanhar no joelho e deslizar até o pé); • Prova dos movimentos alternados rápidos (pronação e supinação rápida dos MS sob a coxa); • Prova de ataxia de marcha (incapacidade de caminhar); 6 – Sistema Sensitivo - Tato: usar ponta do dedo e chumaço de algodão;- Dor: alfinete; - Propriocepção: sensibilidade posicional; - Vibração: diapasão; - Testar sempre bilateralmente; • Hipoestesia: redução da sensibilidade; • Anestesia: ausência de sensibilidade; • Parestesia: sensação cutânea de ausência de estímulo; • Alodínea: estímulos não dolorosos dão sensação de dor; 7 – Dermátomos - Até C5: inerva região lateral do ombro; - Até T8: inerva do ombro ao fim do rebordo costal; - Até T10: inerva umbigo; - Até T12: púbis; - Até L5: parte anterior do membro inferior; - S5: região perianal, escroto e membro inferior parte posterior; 8 – Sinais de Irritação Meníngea • Rigidez de nuca • Sinal de Brudzinski • Sinal de Kernig 1.7 Semiologia dos Linfonodos 1.7.1 Apresentação do sistema linfático O sistema linfático é composto por vasos linfáticos e linfonodos que transportam a linfa dos tecidos aos vasos sanguíneos. Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos pela força do coração, o sistema linfático não é um sistema fechado e não tem uma bomba central. A linfa depende exclusivamente da ação de agentes externos para poder circular. Fatores que determinam o fluxo linfático: • Pressão do líquido intersticial • Válvulas dos vasos linfáticos • Bomba linfática (células endoteliais são providas de fibras mioendoteliais quepossuem a capacidade de contração) • Contração dos músculos • Movimentação do corpo As principais funções do sistema linfático são: • Remoção de proteínas do liquido intersticial • Remoção de bactérias e sua destruição • Formação de anticorpos • Absorção de nutrientes no nível dos intestinos Este fluido é então transportado progressivamente para vasos linfáticos maiores acumulando-se no ducto linfático direito (para a linfa da parte direita superior do corpo) e no ducto torácico (para o resto do corpo); estes ductos desembocam no sistema circulatório na veia subclávia esquerda e direita. O baço, os linfonodos (nódulos linfáticos), as tonsilas palatinas (amígdalas), a tonsila faríngea (adenoides) e o timo (tecido conjuntivo reticular linfoide rico em linfócitos) são órgãos do sistema linfático. A estruturação do sistema linfático inicia nas formações lacunares, ainda nos tecidos, se organizam em capilares linfáticos, vasos linfáticos aferentes que por fim desembocam nos diversos linfonodos e cadeias linfonodais. Os vasos linfáticos eferentes podem desembocar em outros linfonodos ou se unirem a outrosvasos para formarem ductos coletores. • Vasos linfáticos dos membros inferiores Se unem no ducto torácico ao nível do abdome, quedesemboca na junção da veia jugular interna esquerda com a subclávia esquerda. Aídesembocam também vasos linfáticos do membro superior esquerdo e da metade esquerda dacabeça e do pescoço. • Vasos linfáticos do membro superior direito e da metade direita da cabeça e dopescoço Formam o ducto linfático direito, desembocam na junção da veia jugular interna direitacom a subclávia direita. A região cervical abriga uma população grande de órgãos linfáticos. Todo paciente deve ser submetido a palpação dos linfonodos cervicais, que se organizam em cadeias e drenam a linfa proveniente de diversas regiões importantes. São eles: IA: linfonodos submentonianos IB: linfonodos submandibulares IIA/IIB: linfonodos jugulares altos III: linfonodos jugulares médios IV: linfonodos jugulares inferiores e. supraclaviculares VA/VB: linfonodos cervicais posteriores VI: linfonodos paratraqueais e peritraqueais 1.7.2 Anamnese do sistema linfático Antecedentes pessoais: • Ocorrência de infecções da pele e do tem subcutâneo (erisipela) • Cirurgia ou trauma no trajeto dos principais duetos coletores e nas regiões de agrupamento de linfonodos Antecedentes familiares: • Moléstia de Milroy (linfedema congênito) Sinais e sintomas • Edema linfático: bloqueio ganglionar ou dos coletores linfáticos (processo neoplásico, inflamatório, parasitário e após cirurgia de esvaziamento ganglionar) • Bloqueio ganglionar por metástase neoplásica: edema unilateral, frio, de todo o membro e evolução rápida. É inicialmente mole e depressiva. Não regride com repouso eelevação do membro. • Comprometimento de coletores linfáticos: edema de instalação insidiosa, iniciando-se pela extremidade do membro. É duro, não depressível, frio, leva à deformidade do membro e não diminui substancialmente com o repouso, mesmo com a elevação do membro (ex:elefantíase) • Adenomegalia: aumento do volume do linfonodo por infecções bacterianas, virais (rubéola e mononucleose), neoplasias próprias dos linfonodos (linfoma hodgkin), invasão do linfonodo por metástase, invasão por fungos (blastomicose e cromomicose), invasão por parasitos (estrongiloidiase). Nos processos infecciosos agudos frequentemente há supuração do linfonodo comformação de abscesso local. • Linfangite: inflamação de um vaso linfático, caracterizado por eritema, dor e edema no seu trajeto. Cordão superficial vermelho. Diagnostico diferencial: flebite Exame físico • Inspeção: à distância procurando assimetrias e lesões na pele. Paciente desnudo • Palpação: procura-sealteração de tamanho, coalescência, consistência, mobilidade, sensibilidade e alterações da pele e do tecido subcutânea • Tamanho: normalmente de 0,5 a 2,5 cm • Coalescência: é a junção de dois ou mais linfonodos por processo capsular que os une firmemente por fibrose ou inflamatória ou neoplasia. Normalmente é individualizado • Consistência: endurecido ou amolecido. Endurecido em processos neoplásicos ou inflamatórios com fibrose e amolecidos em processos inflamatórios/ infecciosos com formação purulenta. • Mobilidade: normalmente móvel. quando aderido, indica comprometimento capsular com as estruturas adjacentes. • Sensibilidade: normalmente indolor. Dolorosos em infecções bacterianas agudas e indolores em Infecções virais, parasitarias e processos metastáticos. • Alterações da pele: sinas flogísticos (edema, calor, rubor e dor) e a presença de fistulização. Semiotécnica • A palpação e realizada com as polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e polegar. No caso da extremidade cervical, ajusta-se a cabeça em uma posição que relaxe os músculos do pescoço. • Linfonodos cervicais: examinador atrás do paciente • Linfonodos da cadeia jugular: apreende-se o músculo esternocleidomastóideo • Linfonodos cervicais posteriores: segura-se a cabeça do paciente em pequena rotação • Linfonodos axilares: segura-se gentilmente o membro superior ligeiramente fletido. A fossa axilar será examinada com a mão em garra. deve-se executar deslizamento suave com apele contra o gradil costal. • Linfonodos retropeitorais: deslizamento da mão em pinta em toda a face posterior acessível do músculo grande peitoral. • Linfonodos inguinais: dedos em extensão deslizam em movimentos circulares ou lineares. • Linfonodos poplíteos: decúbito ventral, perna semifletida e dedos em garra ou estendidos. A: submandibulare s B: cadeia jugular C: submentonianos D: cervicais posteriores A: linfonodos axilares; B: linfonodos retropeitorais C: epitrocleanos Obs: Localize anatomicamente, procure encontrar e conhecer os linfonodos. Procure as imagens em livros de anatomia e procure saber os referenciais anatômicos corretos. Indicação de biópsia ganglionar: • Gânglios que aumentam após 2-3 semanas • Gânglios que não regressam em 3 semanas • Adenomegalia na região supraclavicular ou cervical inferior • Nódulo >2 cm • Nódulo aderido ao plano profundo, firme, associado a ulceração e sem sinais inflamatórios. • Falha na resposta a antibioticoterapia • Sinais e sintomas sistêmicosMedicamentos que podem causar linfoadenopatias: • Captopril, Atenolol, Cefalosporina, Carbamazepina, Sulfonamidas e outros. Nódulos característicos • Nódulo de Trovoisier-Virchow: massa dura, aderida e indolor em região supraclavicular esquerda. Associado a patologias do trato gastrintestinal. • Nódulo irlandês: palpável em região axilar esquerda, também associado a patologias gastrintestinais. • Nódulo de Krukenberg: associado a patologias dos ovários e região pélvica. • Nódulo da Irmã Maria José: região umbilical. Associado a patologias na região pélvica ou abdominal. 1.8 Semiologia do Aparelho Osteomuscular Excetuando-se as patologias de origem traumática, a maioria das afecções clínicas do sistema locomotor (também conhecidas pelo termo genérico reumatismo) não têm uma etiopatogenia bem compreendida. Portanto, sua classificação nosológica é baseada muito mais no reconhecimento dos padrões comuns de manifestações do que em métodos complementares. A exceção dessa regra são as artropatias microcristalinas, condição em que a identificação de determinado cristal no líquido sinovial define a doença. 1.8.1 Anamnese Osteomuscular • Identificação Funciona como uma triagem, sendo muito relevante o sexo, idade e profissão. A osteoporose, por exemplo, é mais comum em mulheres idosas. Pé torto, em crianças recém-nascidas. • Queixa Principal O que levou o paciente até o consultório? O que investigar? Intensidade,frequência, localização. Em crianças, verificar se a criança está mais quieta, retraída,deixando de realizar as atividades que realizada previamente. • Queixas comuns: Na ortopedia, o mais comum é a dor. Outra queixa comum é a deformidade, que está associada a problemas de alinhamento, alterações de contorno, alterações musculares ou secundários a tumores ósseos. Questionar sobre localização, tamanho, se há ou não presença de dor. Limitação de funções por perda de estabilidade articular, dificuldade de locomoção com perda de movimento, alterações da marcha (claudicações), queixas osteometabólica (problemas no armazenamento de cálcio e fósforo (queixa mais improvável, o que vai trazer o paciente ao consultório é a dor); Perda da mobilidade (pensar em fraturas, contraturas), queixas neurológicas (apresentando força muscular, alteração de sensibilidade e reflexos, como na hérnia de disco, por exemplo). • Topografia Sempre avaliar bem a localização do sintoma. Localizá-lo dentro de um segmento (por exemplo, perna: medial, lateral, terço distal, terço proximal…); verificar se é pontual(fratura) ou em uma área (hérnia de disco); irradiação (alterações neurológicas da coluna) ou dor referida (às vezes um problema no quadril dá dor no joelho, por exemplo). • Mecanismos traumáticos ou não traumáticos. Traumáticos: fraturas. Questionar a forma do trauma, velocidade, tipo de colisão (frontal, lateral, traseira), posição do acidentado perante o trauma, uso do cinto de segurança, presença de air-bag (vetor de força), grau de deformação do veículo, outras vítimas. Não traumáticos: questionar o tempo de duração da dor. Lesões relacionadas a profissão geralmente tem essa apresentação. • Tempo Sintoma agudo (início abrupto) ou crônico (início insidioso), como evoluiu, relação com algum período específico do dia, frequência (alta ou baixa), duração (contínua ou intermitente). • Antecedentes pessoais Verificar se toma alguma medicação ou se tem alergias. • Outros fatores relevantes: Fisiológicos: gestação e nascimento, desenvolvimento, puberdade, menarca. Patológicos: doenças sofridas pelo paciente, alergias, doenças reumáticas (faringites repetidas, cardites…), doenças ortopédicas (fraturas, sequelas, artralgias…), distúrbios psíquicos (depressão, insônia), doenças adquiridas, cirurgias prévias, traumatismos (entorses, fraturas, queimaduras…). Antecedentes familiares: verificar doenças presentes em ascendentes e descendentes. Algumas doenças reumáticas possuem associação com vínculo genético: gota, espondiloartropatias soronegativas, doenças osteomusculares e neurológicas, espondilite anquilosante e nódulos de Heberden – nas interfalangeas distais das mãos com artrose). Hábitos de vida: etilismo (paciente do sexo masculino, já com certa idade, etilista crônico com dor no quadril: necrose avascular). • Anamnese Infantil Verificar antecedentes obstétricos (criança prematura tem mais chance de apresentar alteração neurológica) e história do desenvolvimento neuropsicomotor (lembrar da evolução natural: sustentação do pescoço 2 a 4 meses; sentar 5, 6 meses, parar de pé/engatinhar entre 8 e 10 e caminhar a partir dos 11até 18meses). • Sinais de advertência ao exame que indicam a necessidade de uma consulta com especialista Dor ininterrupta grave; Dor não afetada por medicação ou posição; Dor noturna intensa; Dor intensa sem história de lesão; Espasmo grave; Componente psicológico. • Músculos Avaliar desenvolvimento (atrofia e hipertrofia), motilidade, tônus muscular (hipotonia, atonia e hipertonia). • Ossos e Articulações Avaliar a coluna vertebral (cifose, lordose, escoliose), acondroplasia (anão), artrogripose (rigidez severa das articulações), exostose (crescimento ósseo anormal no canal externo do ouvido: doença dos esportistas náuticos), polidactilia, sindactilia (união de dois ou mais dedos), aracnodactilia (dedos muito longos), dedos em baquetas de tambor ou hipocráticos, subluxação congênita do quadril, genuvalgum, genuvarum, genurecurvatum, pé torto varum ou varo-equino, halluxvarus. • Observações A febre pode ser um sinal de grande valor diagnóstico. Algumas doenças reumáticas não cursam com o aparecimento de febre, como artrose, espondilite anquilosante e os reumatismos de partes moles (bursites, tendinites, tenosinovites). Já algumas outras cursam com febre, como o lúpus eritematoso sistêmico, principal exemplo de doença reumática que evolui com febre. 1.8.2 Exame físico osteomuscular O exame físico busca sinais da doença que permitam a confirmação do diagnóstico. • Instrumentos: Lápis para marcação da pele Goniômetro – usado para pra medir o ângulo dos movimentos Fita métrica Martelo de reflexo Algodão ou pincel de cerdas pequeno Agulha hipodérmica ou clip metálico Tubos de ensaio com rolha plástica Estetoscópio Diapasão • Inspeção Inicia antes mesmo do contato físico com o paciente, já com a observação da marcha, posicionamento do paciente e sua face, por exemplo. Quando o paciente vai se despir: observar se a movimentação se dá de acordo com a queixa (se o paciente se queixa de dor no ombro, por exemplo, não deveria tirar a camiseta com agilidade). Observar o paciente de frente, de costas, de um lado, do outro, em pé, sentado, deitado, dos pés em direção à cabeça. • Ângulo de progressão da marcha Pé com a ponta para dentro: ângulo - Pé com a ponta para fora: ângulo + Se caminha reto, com os pés paralelos: ângulo zero • Alinhamento dos membros inferiores Geno valgo (joelho pra dentro /\) é fisiológico até os 2 anos de idade, se simétrico e não associado à baixa estatura. Geno varo (joelho pra fora ()) é fisiológico até 2 a 3 anos de idade, nas mesmas condições que o valgo. • Importante Sulco no ombro e paciente segurando o seu antebraço dobrado sugere luxação glenoumeral (verifica- se no movimento de rotação externa e abdução). Na luxação de cotovelo ele se desloca posteriormente (olécrano). Na fratura de colo de fêmur a perna roda pra fora (patela lateralizada). Na fratura transtrocanteriana a perna roda pra fora também, ainda mais do que a de colo (por causa da cápsula articular). Na luxação do quadril observa-se rotação interna da perna. À palpação: relembrar anatomia de superfície. Verificar temperatura da pele,tônus muscular, contornos ósseos. Verificar amplitude de movimento em graus (há a movimentação normal e a satisfatória – o arco de movimento que é funcional). Lembrar de estabilizar a pelve ao se verificar a abdução. Primeiro movimentos ativos do paciente, depois os passivos. • Avaliação neuromuscular Para raízes nervosas: força muscular, reflexos e sensibilidade. Para nervos periféricos: força muscular e sensibilidade. Plexo Braquial Motora Sensitiva Reflexo C5 Flexão do cotovelo Lateral do Braço Biciptal C6 Extensão do punho Lateral do antebraço Estilorradi al C7 Extensão do cotovelo Dedo médio Triceptal C8 e T1 Flexão dos dedos Medial do antebraço e cotovelo Membros Inferiores Motora Sensitiva Reflexo L4 Extensão do tornozelo Medial da perna e pé Patelar L5 Extensão do hálux e dedos Lateral da Perna e dorso do pé - S1 Flexão plantar Lateral e posterior do pé Aquileu Nervos Periféricos Motora (exclusivamente) Sensitiva (exclusivamente) Media no Flexão da interfalangeada distal do indicador Polpa digital do indicador Radial Extensão do polegar Prega interdigital entre o polegar e o indicador Ulnar Músculos intrínsecos da mão (adução e abdução dos dedos) Polpa digital do dedo mínimo • Avaliação da força muscular • Testes especiais Lembrar de avisar o paciente de que os testes podem causardor. Quando algum teste ou manobra for realizado, deve ser feito primeiramente no ladonormal ou menos afetado. O teste de Lachman verifica a integridade do ligamento cruzado anterior. O teste de Thompson verifica a integridade do tendão Aquileu. O normal é apertar a panturrilha e o pé realizar a flexão plantar. 1.9 Semiologia Cardiológica 1.9.1 Introdução O coração está situado no mediastino médio e possui quatro câmaras. Dois átrios, que recebem sangue das veias, e dois ventrículos, que impulsionam sangue para o interior das artérias. Apresenta 3 faces: esterno-costal, diafragmática e pulmonar, seu ápice está voltado inferiormente para o lado esquerdo (5º espaço intercostal esquerdo). Durante a sístole ventricular, ocorre o fechamento das valvas mitral e tricúspide e abertura das valvas aórtica e pulmonar, causando a primeira bulha cardíaca (B1). Na diástole ocorre a abertura das valvas atrioventriculares e o fechamento das valvas aórtica e pulmonar, causando a segunda bulha cardíaca (B2). 1.9.2 Circulação Sistêmica e Pulmonar O lado direito do coração recebe o sangue venoso sistêmico, através das veias cava superior e inferior, que se conectam ao átrio direito. Daí o sangue flui para o ventrículo direito pela valva tricúspide, e o sangue impulsionado pela contração do ventrículo, ultrapassa a valva pulmonar, chegando a artéria pulmonar, que o distribui pela rede vascular dos pulmões, onde será oxigenado pelo processo de hematose. O sangue retorna ao lado esquerdo do coração pelas veias pulmonares, que deságuam no átrio esquerdo, daí para o ventrículo esquerdo através da valva mitral. Por fim, ultrapassa a valva aórtica, atingindo a aorta, que constitui o início da circulação sistêmica, responsável pela distribuição do sangue pelo corpo. 1.9.3 Ciclo Cardíaco 1.9.3 Sinais e sintomas referentes ao sistema cardiovascular Os mais comuns sinais e sintomas são: dor cardíaca, palpitações, dispneia, tosse e expectoração, sibilo, hemoptise, desmaio, alterações do sono, cianose, edema, astenia e posição de cócoras. • Dor cardíaca Dor precordial não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem de outros órgãos além do coração. A dor relacionada ao coração e a aorta compreende a dor de origem isquêmica, pericárdica e aórtica. Dor na isquemia miocárdica: Ocorre devido a hipóxia celular, a causa mais comum é a arterosclerose coronária, angina e IAM. Tem localização retroesternal, irradia para regiões auriculares, ombros, MMSS, mandíbula e região epigástrica. Pode durar de 2- 3 min até 20min, dor em aperto, leve. Moderada ou intensa. Sudorese, palidez, angústia, sensação de morte iminente. Desencadeada ou agravada por esforço físico, emoções e melhora com repouso e vasodilatadores. Dor de origem pericárdica: É a dor da inflamação do pericárdio (pericardite), sendo mais aguda que a angina, localizada na região retroesternal esquerda, irradia para pescoço e costas. Pode ser do tipo “peso” ou “queimação” e de grande intensidade. Agrava-se com a respiração, decúbito dorsal, movimentos na cama, deglutição e movimentação do tronco Dor de origem aórtica: Os aneurismas de aorta geralmente não provocam dor, mas a dissecação aguda de aorta provoca dor intensa, de início súbito, do tipo lancinante, de localização retroesternal ou face anterior do tórax, com irradiação para o pescoço, região interescapular e ombros. Pode ser comum em pacientes com Síndrome de Marfan. Dor de origem psicogênica: Pode aparecer em indivíduos com ansiedade ou depressão, limita-se a região da ponta do coração, persistindo por horas ou semanas e agra-se quando o paciente tem emoções desagradáveis. • Palpitações Significam percepção incômoda dos batimentos cardíacos, sendo relatadas como batimentos mais fortes, arrancos, falas, tremor, ”o coração pula”, entre outras. As palpitações cardíacas podem ser arritmias, insuficiência cardíaca, miocardites ou miocardiopatias. As palpitações não-cardíacas podem sugerir HA, hipertireoidismo, anemia, esforço físico, emoções, síndrome do pânico e uso aumentado de café, drogas, tabaco e alguns medicamentos. • Dispneia É um dos sintomas mais importantes de portadores de miocardiopatias. Dispneia de esforço: sugere IVE, está relacionada a grandes esforços, como subir uma escada, médio esforço, como uma caminhada e pequeno esforço, como falar ou trocar de roupa. Dispneia de decúbito (ortopneia): sugere congestão pulmonar, para melhorar o paciente eleva a cabeça e o tórax usando dois ou mais travesseiros. Dispneia paroxística noturna (asma cardíaca): sugere edema agudo de pulmão, é mais frequente a noite. Caracteriza-se pelo fato de o paciente acordar com intensa dispneia, seguida de sufocação, tosse seca e opressão torácica. • Tosse e expectoração A tosse é um sintoma frequente na insuficiência ventricular esquerda (IVE), é seca e mais intensa a noite. A expectoração em pacientes com IVE é serosa, pouco consistente e espumosa. A expectoração de sangue pode decorrer de ruptura de vasos endobronquiais na estenose mitral, necrose hemorrágica dos alvéolos e infarto pulmonar. • Desmaio (lipotimia e síncope) A síncope/desmaio é a perda súbita da consciência e do tônus muscular postural. Quando o sintoma não ocorre em sua forma completa, podendo ser parcial a perda de consciência, chamamos de lipotimia/pré-síncope. As causas cardíacas para o desmaio são arritmias e transtornos de condução, diminuição do débito cardíaco, hipovolemia aguda, etc. • Cianose Significa a coloração azulada da pele e das mucosas, devido ao aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar. Pode ser central (lábios, ponta do nariz, língua) ou periférica (mãos e pés). • Edema A principal causa de edema generalizado é a insuficiência ventricular direita. • Astenia Fraqueza generalizada característica dos pacientes cardiopatas, devido a um déficit de fluxo sanguíneo para a musculatura. • Posição de cócoras Pacientes cardiopatas assumem instintivamente esta posição, pois alivia a dispneia por melhorar o retorno venoso. 1.9.4 Anamnese Idade (a partir de 50 anos, doença coronariana), sexo, cor/raça (HA em negros, doença coronariana em asiáticos e miocardiopatia em indígenas), profissão, alimentação,antecedentes patológicos, antecedentes familiares (HÁ e doença coronariana na família apresenta risco para o paciente), hábitos de vida, condições socioculturais. 1.9.5 Exame físico Inclui inspeção, palpação e ausculta • Inspeção e palpação Presença de abaulamentos: O paciente deve estar em decúbito dorsal, de modo que o examinador observe o paciente de lado ou frontalmente (de frente aos pés do paciente). Deve-se pesquisar abaulamentos no tórax que estejam relacionados com aneurisma de aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica. A dilatação do ventrículo direito determina o maior abaulamento. Análise do icuscordis ou choque da ponta: Investiga-se localização, extensão, mobilidade, Intensidade e força da impulsão, ritmo, frequência do ictus cordis, que é a pulsação do ápice do coração (ponta do VE) no tórax do paciente. A localização do ictus cordis varia de acordo com o biótipo do paciente. Nos mediolíneos situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. Nos brevelineos, desloca-se 2cm para fora e para cima (4º EIC). Nos longilíneos, 6º EIC, 1-2cm para dentro da linha hemiclavicular. Nos portadores de enfisema pulmonar, obesidade, musculatura muito desenvolvida ou grandes mamas, o ictus cordis é impalpável. O seu deslocamento indica dilatação ou hipertrofia do VE, como ocorre na estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, HAS, etc. Avalia-se a extensão e a intensidade do ictus cordis pelas polpas digitais, sendo duas o normal e acima disso dilatação ou hipertrofia, podendo abarcar toda a palma da mão. Análise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis: Retração sistólica, levantamento em massa do precórdio (hipertrofia direita), choques valvares (bulhas hiperfonéticas, podem ser sentidas pela mão como um choque de curta duração), pulsação epigástrica, pulsação supra-esternal (na HAS, aneurisma de aorta) Frêmito: É a sensação tátil das vibrações produzidas no coração ou nos vasos e correspondem aos sopros. Deve-se investigar a localização (áreas de ausculta), situação no ciclo cardíaco (tomando a pulsação como referência), intensidade (+ a ++++). Utiliza-se a palma da mão sobre o tórax do paciente. • Ausculta Foco pulmonar: 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Alterações das valvas pulmonares/análise da 2ª bulha. Foco aórtico: 2º EIC direito, junto ao esterno. Foco aórtico acessório – Entre 3º e 4º EIC E, próximo ao esterno – Fenômenos aórticos. Foco tricúspide: Base do apêndice xifóide, ligeiramente para a esquerda, 4º EIC. Foco mitral: 5º EIC esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao Ictus cordis. Alterações originados da valva mitral/ análise da 1ª bulha. Bulhas cardíacas: B1: Fechamento das valvas mitral e tricúspide, pode ser observada no foco mitral. B2: Fechamento das valvas aórtica e pulmonar, pode ser observada no foco pulmonar. B3: Vibrações durante o enchimento ventricular rápido, possível de auscultar em crianças e adultos jovens. B4: É um ruído débil que ocorre no fim da diástole e raramente pode ser ouvida em crianças e adultos jovens. • Ritmo e Frequência Cardíaca Reconhecidas B1 e B2, o próximo passo é determinar o ritmo cardíaco e a frequência cardíaca (normal: 60-100 batimentos por min). O ritmo cardíaco normal pode ser: -Ritmo cardíaco regular em 2 tempos (binário): TUM-TA, TUM-TA, TUM-TA -Ritmo cardíaco regular em 3 tempos (tríplice): TUM-TA-TU, TUM-TA-TU, TUM-TA-TU Uma das principais arritmias achadas na ausculta é o ritmo de galope (PA-TA-TA), que imita o som do galopar de um cavalo, devido a uma B3 patológica. É melhor audível com a campânula apoiada com suavidade sobre o tórax. • Cliques e Estalidos São sons de alta frequência (agudos) – melhores audíveis com o diafragma do estetoscópio. Ocorrem próximos a B1 (cliques de ejeção) ou à B2 (estalidos de abertura). Surgem quando há estenose valvar. Desaparecem quando a valva calcifica ou torna-se imóvel. • Sopros Os sopros são produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo. Em condições normais o sangue flui de forma laminar e não ruidosa. Em condições patológicas, este fluido adota um caráter turbilhonar, que gera vibrações e ruídos (sopros). Dependem dos seguintes mecanismos: Aumento da velocidade da corrente sanguínea (sopro pós exercício físico), diminuição da viscosidade sanguínea, passagem do sangue através de uma zona estreitada (como uma fístula), passagem do sangue por uma zona dilatada (em aneurismas), passagem do sangue por uma membrana de borda livre. O sopro é dito discreto, moderado ou intenso, de acordo com a classificação em 4 graus. Grau I: dois indivíduos auscultaram e um terceiro ficou na dúvida. Grau II: todos auscultaram nitidamente. Grau III: um pouco Maior que grau II, mas apresenta frêmito. Grau IV: não necessita de esteto para auscultar, basta chegar bem perto da região do coração A presença de sopros cardíacos, durante a ausculta, pode indicar diferentes tipos de lesão oro-valvular (na passagem da válvula). Um indivíduo que apresente uma estenose aórtica, ou seja, um estreitamento arterial, vai experimentar, a cada ciclo cardíaco, um aumento na velocidade do fluxo sanguíneo, que faz com que o sangue sofra um turbilhonamento, produzindo, conseqüentemente um som audível, denominado sopro. O problema está na abertura da válvula, com diminuição de sua área de secção transversa. O sopro da estenose aórtica ocorre na sístole ventricular, quando se abre a válvula aórtica, ou seja, entre B1 e B2. Observa-se, portanto, que, na ocorrência de estenose das válvulas semilunares, o sopro será auscultado durante a sístole (B1-B2); no caso das válvulas atrioventriculares, o sopro acontecerá na diástole (B2- B1). A insuficiência valvular caracteriza-se como um distúrbio no fechamento das válvulas, permitindo uma regurgitação do sangue; esse refluxo é que caracteriza o sopro, na ausculta. De forma oposta à estenose, a insuficiência das válvulas aórtica e pulmonar pode ser detectada durante a diástole, enquanto que a das válvulas mitral e tricúspide ocorre na sístole. 1.10 Semiologia Respiratória • 1.10.1 Introdução O sistema respiratório humano é composto, além de dois pulmões, por fossas nasais, boca, faringe (nasofaringe), laringe, traqueia, brônquios (e suas subdivisões), bronquíolos (e suas subdivisões) e os alvéolos pulmonares reunidos em sacos alveolares. • 1.10.2 Anamnese Cada sinal ou sintoma do aparelho respiratório deve ser abordado as características de início, duração, evolução, fatores de melhora e piora e como está no momento da consulta. Os principais sinais e sintomas respiratórios são: 1.10.3 Dispneia • dificuldade de respirar percebida pelo paciente. Sempre um sintoma • trabalho respiratório excessivo pelo nível de atividade do paciente • ocorre quando as vias aéreas se tornam estreitadas (asma, bronquite) ou quando os pulmões apresentam dificuldade de expansão (pneumonia, edema pulmonar, anormalidades da parede torácica) • manifestações: aumento da FR, participação da musculatura acessória, batimentos da asa do nariz (mais comum em crianças e muito preocupante em idosos) • situações que causam dispneia: doenças pulmonares, doenças cardiovasculares, falta de condicionamento físico, psicogênica, refluxo • elementos a serem investigados: início, modo de instalação, duração, fatores desencadeantes, comparação, número de crises, periodicidade, intensidade • de acordo com às condições em que surgem • dispneia de esforço: grandes, médios ou pequenos • dispneia de repouso • ortopneia: impede o paciente de ficar deitado • dispneia paroxística noturna: aparece depois que o pct já dormiu algum tempo • trepopneia: aparece em decúbito lateral, comoem derrames pleurais • do ponto de vista do aparelho respiratório as causas podem ser divididas em: • causas atmosféricas: altas altitudes • causas obstrutivas: laríngeas ( laringite, edema, neoplasia, estenose por tuberculose), traqueais (corpos estranhos ou compressão extrínsecas por bócio, neoplasisas e aneurisma de aorta), bronquilares (asma e bronquilite) • causas parenquematosas: reduzem a área de hematose (pneumonia, fibrose, efisema) • causas toracopulomonares: modificam a dinâmica toracopulmonar reduzindo sua elasticidade e movimentação ou provocando assimetria entre os hemitorax( fraturas de arcos costais, cifoescoliose, miosotes, mialgias intensas) • causas diafragmáticas: paralisias, hérnias, elevações uni ou bilaterias provocadas por ascite, hepatoesplenomegalia ou gravidez. • Causas pleurais: irritação (pleurite seca), derrame pleural, penumotórax • causas não relacionadas ao aparelho respiratório • cardíacas: falência do ventrículo esquerdo, estenose da valvula mitral. Ambas levam a congestão passiva dos pulmões • relacionada ao SN: hipertensão intracraniana • Psicogênica: causa mais comum de dispnéia. • Distúrbios de ansiedade, de hiperventilação e síndrome do pânico. Normalmente associadas a perestesia, espasmos musculares e pode provocar perda da consciência. 1.10.3 Tosse • sintoma mais comum em pacientes com doenças pulmonares • manobra expiratória forçada que expele o muco e material estranho das vias aéreas => função protetora • ocorre a partir da estimulação (inflamação, muco, corpos estranhos, gases nocivos, temperaturas extremas) dos receptores irritante da tosse (na laringe, traquéia e grandes brônquios) • é rara em indivíduos normais • fatores que comprometem a tosse: doenças neuromusculares, broncoespasmo, retração pulmonar reduzida (enfisema) • características importante da tosse: frequência, intensidade, tonalidade, presença ou não de expectoração, relação com o decúbito, período em que predomina, efetividade, tabagismo, exposição ocupacional a agentes irritantes. • Tipos: ◦ tosse seca ou improdutiva: virose respiratória pneumonia intersticial, alergia, ansiedade, uso de IECA. Sinal de irritação ◦ tosse produtiva: acompanha expectoração ◦ tosse rouca: comum a tabagistas, laringite aguda ou crônica ◦ tosse metálica: indica edema de laringe e dos tecidos circundantes ◦ tosse bitonal: paresia de uma das cordas vocais que pode traduzir compressão do nervo laríngeo recorrente ◦ tosse quintosa: em acesso, normalmente de madrugada, acompanhada de vômito e sensação de asfixia. Comum na coqueluche ◦ tosse-síncope: após a crise de tosse ocorre perda da consciência ◦ tosse crônica: > 3meses • características da tosse com outros sintomas para auxilio no raciocínio clínico ◦ tosse seca e frequente: viroses respiratórias, pneumonia intersticial, alergia, ansiedade, uso de IECA ◦ tosse crônica e produtiva: bronquiectasia, tuberculose, bronquite crônica ◦ tosse matinal com expectoração: tabagista ◦ tosse noturna: gotejamento nasal, DRGE, insuficiência cardíaca, asma ◦ tosse com sibilo: broncoespasmo asma, alergia, IC ◦ tosse com estridor: obstrução traqueal ◦ tosse associada a ingestão de água e/ou alimentos: lesão esôfago superior ◦ tosse seca com dor em pontada no hemitorax: pleurite, pneumonia ◦ tosse com expectoração hemoptoica: pneumonia, tuberculose, CA pulmão, infarto pulmonar • efeitos benéficos da tosse: sinal de alerta, eliminação de secreções e corpos estranhos • efeitos maléficos da tosse: efeito aspirativo, disseminação de infecções pulmonares, de seios paranasais, ruptura de abcessos pulmonares, fratura de costelas, sobrecarga física para pacientes cardíacos, dor muscular, incontinência urinária, prejudica o sono 1.10.4 Expectoração • as vias aéreas saudáveis produzem muco diariamente, que é normalmente deglutido ou expectorado • doenças das vias aéreas podem aumentar a produção de muco, o qual estimula os receptores da tosse, • tipos: ◦ serosa: água, eletrólitos, proteínas ◦ mucoide: translucida ou esbranquiçada, poucas células ◦ purulenta; amarelada ou esverdeada, rica em piócitos e alta celularidade ◦ hemoptoica: sangue • características semiológicas: volume, cor, odor, transparência e consistência • volume é mais importante quando há presença de sangue. • Correlação clínica: ◦ edema agudo de pulmão: serosa, rósea, espumosa ◦ asma: mucoide e alta viscosidade ◦ bronquite: começa como mucoide e torna-se mucopurulenta ◦ pneumonias bacterianas: abundante, purulenta, densa. Pode ocorrer escarro hemoptoico ◦ pneumonias intersticiais (virais): aspecto de geleia de chocolate podendo ser fétido ◦ abcesso pulmonar: intensa fetidez ◦ tuberculose: purulenta, hemoptoico e inodoro ◦ infarto pulmonar: hemoptoica ◦ sinusite crônica/renite alérgica: mucopurulenta 1.10.5 Hemoptise • expectoração de sangue no escarro • desde estrias sanguíneas no escarro até grandes hemorragias, podendo ameaçar a vida • origem: brônquica (rupturas de vasos) ou alveolar (ruptura de capilares) • classificação: maciça (+300mL em 24h), não maciça (ocorre em infecções e CA de pulmão, tuberculose, traumatismo e embolia pulmonar) • causa mais comum: pneumonias bacterianas 1.10.6 Dor Torácica • Pleurítica ◦ lateral ou posterior ◦ para quando o paciente inspira profundamente ◦ dor aguda ou em pontada ◦ associada a doenças torácicas que inflamam o revestimento pleural do pulmão (pneumonia, embolia pulmonar, derrame pleural, pneumotórax, CA de pulmão) • Não- pleurítica ◦ no centro da região torácica anterior e pode ser irradiada para o ombro ou dorso ◦ não é afetada pela respiração ◦ dor surda ou do tipo pressão ◦ causas comuns: angina, DRGE (doença do refluxo gastroesofágico), espasmo esofágico, do na parede torácica. 1.10.7 Febre • queixa comum dos pacientes com infecção das vias aéreas e dos pulmões • a febre acompanhada de tosse sugere uma infecção respiratória, se for acompanhada de expectoração purulenta a probabilidade é ainda maior • pacientes com febre tem aumento da taxa metabólica, aumento do consumo de O2 e de produção de CO2 1.10.8 Chiadeira ou Sibilância • predominante na fase expiratória quase sempre acompanhada de dispneia • ruído comparado ao miado do gato • resultado da redução do calibre da arvore brônquica devido a espasmo ou edema • na infância pode surgir de um resfriado comum e no adulto costuma ser a primeira manifestação de asma • quando localizada ou unilateral e persistente: tumor ou corpo estranho ocluindo o brônquio • infiltrados eosinófilos, tuberculose brônquica, neoplasias brônquicas malignas e benignas pode ser observada sibilância • asma cardíaca: sibilância relacionada a insuficiência ventricular esquerda acompanhada por broncoespamos relacionada com a congestão passiva dos pulmões 1.10.9 Cornagem • dificuldade inspiratória por redução do calibre das vias respiratórias superiores na altura da laringe • manifesta por um ruído (estridor) bastante alto • causas principais: laringite, difteria, edema de glote e corpos estranhos 1.10.11 Estridor • respiração ruidosa causada pela acentuada dificuldade na passagem do ar nas vias aéreas superiores • causa: laringite estridulosa do RN 1.10.12 Tiragem • aumento da retração que os espaços intercostais apresentam em consequência das variações da pressão entre os folhetos pleurais durante a fase da inspiração. • Nas oclusões brônquicas aumenta a negatividade e intrapleural na inspiração, ocasionando uma depressão anormal dos espaços intercostais. Quanto mais periférica for a oclusão, mais restrita a área onde a tiragem estará presente • na asma brônquica e nas oclusões antes da bifurcação da traqueia a tiragem é vista em todo o tórax. 1.10.13 Exame Físico dos Pulmões 1.10.13.1 Inspe ão Formado tórax Livre de qualquer patologia apresenta variações em relação a idade, sexo e biotipo. No adulto, em geral, o diâmetro lateral e maior que o anteroposterior • Tórax chato: reduzido diâmetro anteroposterior, escapulas sobressaem claramente no relevo torácico. Sem significado patológico. • Tórax em tonel/barril: magnitude do diâmetro anteroposterior. Causa mais comum em enfisema pulmonar. Em idosos é comum e não patológico. • Tórax infundibuliforme (pectusexcavatum): depressão mais ou menos acentuada a nível do terço inferior do externo. Congênita ou adquirida. Quando acentuado pode provocar distúrbio pulmonar restritivo e/ou deslocamento do coração. • Tórax cariniforme (pectuscarinatum): ao nível do esterno uma saliência em forma de peito de pombo ou quilha de navio. Não compromete a ventilação pulmonar. Congênito ou adquirido. • Tórax sino ou piriforme: porção inferior alargada. Grandes hepatoesplenomegalias ou ascites volumosas • Tórax cifótico: encurvamento posterior da coluna torácica por defeito de postura ou por lesão de vertebras torácicas (tuberculose, osteomielite, neoplasias ou anomalias congênitas) • Tórax escoliótica: assimétrico em consequência do desvio lateral do segmento torácico da coluna vertebral. Congênita. • Tórax cifoescoliótico: pode causar restrição grave da expansão torácica causando insuficiência respiratória • torax instável traumático: ocorre na fratura de várias costelas causando movimentos torácicos paradoxais, ou seja, na inspiração a área correspondente desloca-se para dentro e na expiração para fora. Abaulamento e depressões Podem acontecer em qualquer região do tórax e indicam alguma lesão. • Aneurisma de aorta, tumor de timo ou mediastino superior, hipertrofia do ventrículo esquerdo em crianças causam abaulamentos • atelectasia ou lesões fibróticas de um pulmão ou de um lobo causam depressão no hemitorax correspondente Dinâmica 1.1.1 Tipos Respiratórios A avaliação do tipo respiratório é útil no diagnóstico de fadiga ou paralisia diafragmática. • Costal superior: observados em mulheres. Predomínio da ação dos músculos escaleno e esternocleidomastóideo • Toracoabdominal: em homens, em crianças de ambos os sexos, em adultos de ambos os sexos deitados. Predominantemente diafragmática 1.1.2 Amplitude da respiração • respiração profunda ou superficial • em regra, nos ritmos respiratórios anormais os movimentos respiratórios ficam mais amplos 1.1.3 Frequência Respiratória • eupnéia: normal, 16-20irpm • taquipnéia :fisiológiaca ( esforço, emoções), patológica (febre e lesões pleuropulmonares) • bradipnéia: fisiológica (sono, atletas), patológica (lesoes cerebrais com hipertensão intracraniana, intoxicações exogenas com depressão do centro respiratório) • apnéia: parada respiratória 1.1.4 Tiragem • fisiológica nas regiões axilares e infra-axilares • patológica: oclusão das vias respiratórias dificultando ou impedindo a penetração do ar 1.1.5 Inspeção do Pescoço • observar se a respiração é auxiliada pela ação dos músculos acessórios, sendo sinal precoce de obstrução das vias respiratórias • Os músculos acessórios elevam as clavículas e a parede torácica anterior aumentando a pressão intratorácica negativa. • esse fato é evidenciado pela retração das fossas supraclaviculares e dos espaços intercostais 1.10.13.2 Palpação Estruturas da parede torácica: pele, tecido celular subcutâneo, músculos, cartilagens e osso 1.2 Expansibilidade ou motilidade Solicitar que o paciente inspire fundo e observar a movimentação das mãos. 1.3 Frêmito toracovocal Vibrações percebidas em toda parede torácica pela mão do examinador quando o paciente fala 33. Auxilia na comparação de regiões homólogas. Aumento frêmito: traduz a consolidação de uma área pulmonar como em pneumonias ou infarto pulmonar. Diminuição/desaparecimento: relacionado com anormalidades que impedem parcial ou totalmente a transmissão das ondas sonoras, como no derrame pleural, espessamento da pleura, atelectasia por oclusão brônquica, pneumotórax e enfisema pulmonar. 1.10.13.3 Percussão Começar pela face anterior, de cima para baixo, ora de um lado ora de outro, após face lateral e posterior. Alterações: • hipersonoridade: aumento do ar nos alvéolos. Enfisema pulmonar, ao redor de uma condensação ou acima de um derrame pleural (ressonância skódica) • submacicez e macicez: redução ou inexistência de ar nos alvéolos. Derrames ou espessamento pleural, condensação pulmonar (pneumonias, tuberculose, infarto pulmonar, neoplasias) • som timpânico: indica o ar aprisionado no espaço pleural (pnumotórax) ou em grandes cavidades intrapulmonares (caverna tuberculosa). Som igual o obtido na percussão do espaço de Traube. 1.10.13.4 Ausculta 1.11 Sons normais • Som traqueal e respiração brônquica: o som traqueal, audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e na região esternal, origina-se na passagem do ar através da fenda glótica e na própria traqueia. O inspiratório consiste em um ruído soproso, mais ou menos. rude, após o qual há um curt intervalo silencioso que o separa da expiração, em que o som é um pouco mais forte e prolongado. A respiração brônquica muito se assemelha ao som traqueal, dela se diferenciando apenas por ter o componente expiratório menos intenso. • Murmúrio vesicular: produzido pela turbulência normal do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos para alvéolos, e vice-versa. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório, que por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e de tonalidade mais baixa (o componente expiratório tende a estar aumentado na asma brônquica e no enfisema, traduzindo a dificuldade de saída do ar). Não se percebe, diferentemente do que ocorre na respiração traqueal, um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração. Quando se compara o murmúrio vesicular com a respiração brônquica, o primeiro é mais fraco e mais suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção apenas das regiõesesternal superior, interescápulo-vertebral direita e ao nível da 3a e 4a vértebras torácicas. Nestas áreas, ouve-se a respiração broncovesicular. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas, entre as quais se ressaltam: presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar; obstrução das vias aéreas superiores(espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia); oclusão parcial ou total dos brônquios ou bronquíolos. Quando normais, relata-se: murmúrios vesiculares presentes e audíveis em ambos hemitórax. Ele pode, entretanto, estar aumentado, diminuído ou inexistente. • Respiração broncovesicular: somam-se aqui, as características da respiração brônquica com as do murmúrio vesicular. Deste modo, a intensidade da duração da inspiração e da expiração tem igual magnitude. 1.12 Sons anormais (ruídos adventícios) Sons ou ruídos anormais descontínuos: os sons anormais descontínuos são representados pelos estertores, que são ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. • Ruídos estertores finos ou crepitantes: ocorrem no final da inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e duração curta. Não se modificam com a tosse ou com a posição do paciente. Predominam mais na base. Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito de um punhado de cabelos junto ao ouvido ou ao som percebido ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. Aceita-se
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