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Coordenação de Ensino FAMART AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 2 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 3 SUMÁRIO Avaliação Geriátrica Ampla ......................................................................................... 7 Avaliação clínica ........................................................................................................ 10 Exame físico .............................................................................................................. 12 Exame da cabeça ...................................................................................................... 12 Face .......................................................................................................................... 13 Fácies ........................................................................................................................ 13 Olhos ......................................................................................................................... 14 Pálpebras .................................................................................................................. 14 Conjuntiva ................................................................................................................. 14 Córnea ...................................................................................................................... 15 Íris ............................................................................................................................. 15 Cavidade oral ............................................................................................................ 16 Língua ....................................................................................................................... 17 Nariz .......................................................................................................................... 19 Ouvidos ..................................................................................................................... 19 Pescoço .................................................................................................................... 20 Membros superiores .................................................................................................. 21 Mãos ......................................................................................................................... 21 Quadro Deformidades ............................................................................................... 23 Quadro Musculatura .................................................................................................. 23 Quadro Tremor .......................................................................................................... 24 Ombro ....................................................................................................................... 25 Exame do tórax ......................................................................................................... 26 Ausculta respiratória .................................................................................................. 28 Avaliação da coluna .................................................................................................. 28 Exame do aparelho cardiovascular ........................................................................... 30 Pressão arterial (PA) ................................................................................................. 30 Pulso arterial ............................................................................................................. 32 Refluxo hepatojugular ............................................................................................... 32 Ictus cordis ou choque da ponta ................................................................................ 33 Ausculta cardíaca ...................................................................................................... 33 Bulhas cardíacas ....................................................................................................... 33 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 4 Sopros cardíacos ...................................................................................................... 34 Edema sacral ............................................................................................................ 36 Abdome ..................................................................................................................... 36 Inspeção .................................................................................................................... 36 Cicatrizes abdominais ............................................................................................... 37 Circulação venosa subcutânea ................................................................................. 38 Ausculta .................................................................................................................... 38 Percussão ................................................................................................................. 39 Palpação ................................................................................................................... 41 Exame proctológico ................................................................................................... 43 Inspeção .................................................................................................................... 43 Toque retal ................................................................................................................ 44 Exame urológico ........................................................................................................ 45 Membros inferiores .................................................................................................... 45 Pele e subcutâneo ..................................................................................................... 45 Articulações, músculos e ossos ................................................................................ 48 Sistema venoso e arterial .......................................................................................... 48 Doença arterial periférica .......................................................................................... 48 Insuficiência venosa .................................................................................................. 49 Veias varicosas ......................................................................................................... 49 Teste do enchimento retrógrado ............................................................................... 49 Exame dos pés .......................................................................................................... 49 Alterações ungueais .................................................................................................. 50 Exame neurológico .................................................................................................... 50 Exame da motricidade ...............................................................................................50 Tônus muscular ......................................................................................................... 51 Exame da força muscular .......................................................................................... 51 Movimentos anormais ............................................................................................... 52 Distúrbios bradicinéticos (parkinsonismo) ................................................................. 53 Distúrbios hipercinéticos ........................................................................................... 53 Exame da marcha e do equilíbrio .............................................................................. 54 Testes simples para avaliação da marcha ................................................................ 57 Tempo de suporte unipodal ....................................................................................... 57 Estabilidade postural ................................................................................................. 57 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 5 Teste de Nudge ......................................................................................................... 57 Avaliação da sensibilidade ........................................................................................ 58 Avaliação da propriocepção ...................................................................................... 58 Reflexos Tendinoso ................................................................................................... 58 Sinais de irritação meníngea ..................................................................................... 60 Avaliação da linguagem ............................................................................................ 60 Deficiências sensoriais .............................................................................................. 61 Visão ......................................................................................................................... 61 Audição ..................................................................................................................... 62 Incontinência urinária ................................................................................................ 63 Capacidade funcional ................................................................................................ 64 Avaliação nutricional ................................................................................................. 74 Conclusão ................................................................................................................. 76 Instrumentos de Avaliação em Geriatria ................................................................... 77 Instrumentos de aferição ou escalas – o que aferem? .............................................. 80 Propriedades psicométricas ou características das medidas das escalas ................ 81 Adaptação transcultural ............................................................................................. 85 Escalas e avaliação geriátrica: uma proposta de uso racional .................................. 88 Escalas de rastreamento global ................................................................................ 89 Escalas de avaliação de áreas .................................................................................. 91 Considerações finais ................................................................................................. 93 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94 Todos os direitos reservados ao Grupo Famart de Educação. Reprodução Proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998. Grupo Famart – Comprometimento com o seu ensino. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 6 Introdução O aumento da expectativa de vida e a multiplicação de pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas têm impactado a realidade médica em todo o mundo. Os idosos constituem um grupo especial, com necessidades, estilo de vida, rendimentos, condições sociais e de saúde bastante diversos do restante da população (Camarano, 2004). As doenças crônico-degenerativas requerem acompanhamento constante, sendo necessária a adequação da avaliação geriátrica, com a adoção de rotinas bem estabelecidas para essa faixa etária. O profissional deve estar preparado para abordar corretamente o paciente idoso, respeitando as características próprias da faixa etária dele, partindo para uma minuciosa avaliação funcional. De acordo com a abordagem ao paciente, é possível controlar a progressão das doenças crônico- degenerativas, reduzindo o risco de incapacidade, e aumentar a expectativa e a qualidade de vida (Fried,Guralnick, 2007). A condição funcional do paciente com idade avançada é um dos parâmetros mais importantes da avaliação geriátrica. A evidência da presença de declínio funcional faz pressupor a existência de doença ligada ao quadro e que, algumas vezes, não está diagnosticada, decorrente, em geral, das manifestações clínicas atípicas inerentes a essa faixa etária, constituindo um desafio à prática clínica. Com o objetivo de facilitar essa avaliação, foram criados instrumentos capazes de detectar sinais de demência, (delirium, depressão, efeitos colaterais medicamentosos, déficits de ordem visual e auditiva etc., bem como a presença http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 7 das grandes síndromes geriátricas. O conjunto dos instrumentos de avaliação – procedimentos, regras e técnicas – visa avaliar o idoso de forma global (Freitas, Miranda, 2006; Costa, 2005). Com a identificação das condições funcionais do paciente, associadas ou não às comorbidades, é possível desenvolver um plano adequado de intervenção que visa ao tratamento das doenças diagnosticadas, evitando seu agravamento, portanto, retardando o aparecimento de limitações funcionais, o que pode levar alguns pacientes, que delas são acometidos, a serem inseridos em programas de reabilitação, possibilitando melhora do seu quadro. Com essa finalidade, foi criada a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) (Wong, 1998; Reuben, Rosen, 2009). A AGA foi concebida pela doutora Marjory Warren que, a partir de 1936, iniciou obstinado trabalho de reabilitação de pacientes incapacitados em um hospital londrino. Muitos deles recuperaram a mobilidade e receberam alta. O resultado positivo do trabalho da doutora Marjory introduziu o conceito do cuidado interdisciplinar e a necessidade de uma avaliação ampla nos pacientes geriátricos, com o objetivo de esquematizar um plano terapêutico. O conhecimento das alterações próprias do envelhecimento é fundamental nessa complexa avaliação, resguardando os seus limites fisiológicos, para o estabelecimento das condições realmente de enfermidade. O envelhecimento é um processo biológico intrínseco, progressivo, declinante e universal, no qual é possível reconhecer marcas físicas e fisiológicas inerentes. Essas mudanças anatômicas e funcionais, próprias do envelhecimento, não são produzidas por doenças e variam de indivíduo para indivíduo (Ramos, Toniolo, 1998; Kenney, 1985).Avaliação Geriátrica Ampla Após a terceira década, o desempenho funcional dos indivíduos deteriora-se aos poucos devido ao processo natural e fisiológico de envelhecimento, que é lento, inexorável e universal. Essa velocidade pode ser influenciada por vários fatores – constituição genética, hábitos de vida, meio ambiente, fatores socioeconômicos, acidentes, doenças –, podendo acelerar ou retardar o surgimento de dependência. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 8 A AGA é um processo diagnóstico multidimensional, geralmente interdisciplinar, para determinar as deficiências ou habilidades dos pontos de vista médico, psicossocial e funcional. Denomina-se ampla por fazer uma abordagem global ou abrangente, avaliando as três dimensões do completo estado de bem-estar. Difere de um atendimento médico habitual por se concentrar nos idosos frágeis, portadores de múltiplas morbidades; por usar, com frequência, equipe interdisciplinar; por dar ênfase ao estado funcional e à qualidade de vida. Além disso, é bastante comum o uso de escalas de avaliação, o que facilita a comunicação entre os membros da equipe e a comparação evolutiva. A AGA é também conhecida como Avaliação Geriátrica Multidimensional (AGM) ou Avaliação Geriátrica Global (AGG) (Wong, 1998; Reuben, Rosen, 2009). Tem como objetivos principais obter um diagnóstico global, desenvolver um plano de tratamento e de reabilitação e facilitar o gerenciamento dos recursos necessários para o tratamento. Para tanto, seguem três principais pontos: o idoso propriamente dito, com seus complexos problemas; a condição funcional e a qualidade de vida, enfaticamente focados; e o envolvimento de uma equipe interdisciplinar. Enquanto uma avaliação médica padrão obtém bons resultados em uma população não constituída de idosos, os resultados tendem a falhar na detecção dos problemas prevalentes neles. Esses desafios referem-se, principalmente aos “5 Is da Geriatria” – instabilidade cerebral, imobilidade, instabilidade postural, incontinências e iatrogenias, efetivamente detectados pela AGA, cuja identificação é fundamental para a adequação terapêutica e para a prevenção da incapacidade nessa população (Isaacs, 1976). A AGA pode ser feita pelo médico em seu consultório, no entanto, é melhor realizada por uma equipe composta por membros da equipe interdisciplinar, nos diferentes locais de atendimento ao idoso, como pronto-socorro, enfermaria, centro de reabilitação, ambulatório e em programas de atendimento domiciliar. Os componentes da equipe variam de um programa para outro, conforme o protocolo estabelecido (Freitas, Miranda, 2006; Costa, 2005). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 9 Vários estudos confirmam os benefícios da AGA. Dentre eles, encontram-se maior precisão diagnóstica; melhora do estado funcional e mental; redução da mortalidade, diminuição de internação hospitalar e de institucionalização; além de maior satisfação com o atendimento (Wong, 1998; Reuben, Rosen, 2009). Por outro lado, ajuda a estabelecer critérios para a internação hospitalar ou em instituições de longa permanência (ILP); orienta adaptações ambientais, reduzindo as hostilidades dos locais em que vivem com a colocação de rampas, adequação de pisos, barras de apoio em corredores e banheiros etc.; avalia o grau de comprometimento mental, motor ou psíquico; estabelece metas nutricionais e de otimização terapêutica; além de ser elemento fundamental para a criação de políticas públicas de ação na saúde e de destinação de recursos. Apesar de o maior benefício ser identificado entre os idosos frágeis e os doentes, a maioria dos pacientes é beneficiada pela AGA, especialmente nos programas que incluem a avaliação, a reabilitação e o acompanhamento a longo prazo. O principal objetivo da AGA é, com a participação de uma equipe multiprofissional e a utilização de escalas, identificar as limitações do paciente geriátrico, quantificá-las e estabelecer a conduta terapêutica adequada. As principais áreas a serem analisadas incluem a detecção das doenças crônicas, da função física e mental e das condições sociais e familiares. A AGA faz parte do exame clínico do idoso, sendo fundamental nos pacientes portadores de polipatologias e em uso de vários medicamentos. A avaliação clínica detalhada faz parte desse processo, devendo ser fundamentada em uma anamnese criteriosa e com peculiaridades que são indispensáveis à boa comunicação entre o médico e o paciente (Wong, 1998; Reuben, Rosen, 2009). Os componentes da AGA foram sendo incorporados aos elementos habituais do exame clínico, considerando-se a procura de condições específicas comuns nos idosos capazes de determinar importante impacto sobre a função e que podem passar despercebidas no exame convencionais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua três domínios específicos que definem os objetivos da AGA: • Deficiência (impairment) – definida como a perda da estrutura corpórea, aparência ou função de um órgão ou de um sistema. • Incapacidade (disability) – refere-se à restrição ou à perda de habilidade. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 10 • Desvantagem (handicap) – restrições ou perdas sociais e/ou ocupacionais experimentados por uma pessoa. Na realidade, define dependência. Componentes básicos da AGA Avaliação clínica Capacidade funcional Anamnese Atividades da vida diária (AVD) Saúde física Atividades instrumentais da vida diária (AIVD) Visão Audição Fala Incontinência urinária Equilíbrio e marcha (mobilidade) Saúde mental POMA (Tinetti) Cognição Humor Álcool Avaliação nutricional Avaliação social e ambiental Rede social Segurança ambiental Avaliação do cuidador Os componentes básicos da AGA incluem: anamnese, avaliação de saúde física – incluindo visão, audição e incontinência urinária –; avaliação nutricional; avaliação funcional; equilíbrio e mobilidade; avaliação ambiental, social e da saúde mental Avaliação clínica http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 11 O diagnóstico clínico no idoso exige grande perspicácia por parte do examinador. Frequentemente, a apresentação clínica do idoso é atípica (como o hipertireoidismo apático) e tardia, dando-se por meio de queixas inespecíficas, vagas e mal caracterizadas. É necessária muita atenção na avaliação dos sintomas inespecíficos, haja vista que diferentes doenças, algumas graves, nela se apresentam. A anorexia, por exemplo, associada a transtornos psíquicos como depressão, alterações do paladar, distúrbios gástricos, intoxicação digitálica subaguda, distúrbios metabólicos, entre vários outros. O conceito da “doença única”, na qual todos os sinais e sintomas seriam explicados por um único problema, não vale para o idoso, que se apresenta com a soma dos sinais e sintomas de uma ou mais doenças agudas ou subagudas e uma ou mais doenças crônicas. Como exemplo, podemos citar o paciente diabético e hipertenso, com lesão em órgãos-alvo (insuficiência renal e cardíaca) e o pulmonar crônico, o qual, após uma gripe, desenvolve insuficiênciarespiratória. Em um estudo populacional em São Paulo, 80% dos idosos apresentavam, pelo menos, uma doença crônica, enquanto 10% apresentavam cinco ou mais (Ramos, Toniolo, Cendoroglo, Garcia, Najas (et al. EPIDOSO). O uso das escalas de auto avaliação de saúde é útil, e já foi demonstrado que o idoso que avalia seu estado como ruim realmente tem pior prognóstico. Diversos indicadores de gravidade de doenças podem ser utilizados, como a classe funcional da NYHA (New York Heart Association) para avaliação da incapacidade na insuficiência cardíaca e a escala APACHE (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) para quantificar a gravidade da doença em pacientes agudos. Várias escalas foram desenvolvidas para quantificar o nível de função, a disfunção e a incapacidade para cada doença em particular; algumas são puramente quantitativas (como o (peak flow expiratório) e outras são qualitativas, como a escala de qualidade de vida. Peculiaridades na anamnese para que a comunicação com o paciente seja eficiente e a história clínica fidedigna, devemos ter certos cuidados: • Falar devagar, com tom de voz adequado, olhando para o paciente de maneira a facilitar a leitura labial; usar gesticulação para ajudar na comunicação; ter cuidado para não gritar com idosos que ouvem bem http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 12 • Conduzir a anamnese: é importante deixar que o idoso se expresse com certa liberdade, principalmente no início; porém, devido à somação de problemas e pela ordem cronológica, frequentemente confusa, na maioria das vezes, a anamnese deve ser conduzida • O interrogatório sobre diversos aparelhos (ISDA) ou interrogatório complementar (IC) deve ser completo, pois é uma das etapas mais importantes da anamnese. Muitas alterações não valorizadas pelos pacientes ou familiares somente são lembradas quando interrogadas especificamente. Alguns exemplos são: quedas, que podem gerar sequelas graves; disfunções sexuais, sobre as quais, normalmente, os idosos ou idosas não falam espontaneamente; alterações bucais, como prótese dentária mal ajustada; distúrbios gastrintestinais, como plenitude pós-prandial ou obstipação intestinal • História medicamentosa: idosos são mais suscetíveis a eventos adversos e parte ou todo o problema atual pode ser secundário a isso. Os medicamentos em uso podem ajudar a conhecer diagnósticos anteriores. Recomendamos que o idoso seja instruído a levar, em todas as consultas, a prescrição e todos os medicamentos em uso. Muitas vezes, somente com essa medida se tem conhecimento sobre automedicação, posologia incorreta, uso de mais de um fármaco com o mesmo objetivo etc. Exame físico As imagens mostradas pelos métodos de imagem, como do ultrassom e da ressonância magnética, as escalas e questionários mais detalhados, por mais extraordinários que sejam, são informações complementares que não superam a sutileza do exame clínico. Uma história médica rigorosa em consonância com a observação dos sinais ao exame físico fundamenta a boa prática clínica. O exame físico ultrapassa o objetivo de comprovar ou contestar as hipóteses provocadas na anamnese, mas também representa o momento mais próximo e íntimo da relação médico-paciente. Exame da cabeça http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 13 Face Os distúrbios da face podem envolver a face como um todo ou apenas parte dela. Se uma anormalidade não visivelmente aparente, olhe cuidadosamente para toda a face. Fácies • Hipotireoidismo: olhos pequenos, inexpressivos, pele infiltrada, rosto arredondado, cabelos secos, apatia • Insuficiência renal: palidez, edema palpebral, pálpebras empapuçadas • Doença de Parkinson: fixa, imóvel, inexpressiva, fronte enrugada, cabeça para frente, pouca mobilidade palpebral, pele gordurosa, tendência a babar, voz baixa e monótona • Depressão: fronte enrugada, olhar sem brilho, expressão de apatia • Demência: mímica pobre, lábios entreabertos, olhar vago para o infinito • Doença de Paget: a cabeça parece maior do que o normal e tem um formato grosseiramente triangular • Hipertireoidiana: é menos observada em idosos devido às alterações cutâneas associadas ao envelhecimento • Assimetria facial: nessa faixa etária comumente se associa à ausência de dentes, o que pode dificultar o diagnóstico diferencial com paralisia facial secundária à doença do neurônio motor superior • Paralisia facial: a paralisia facial em geral é unilateral. O primeiro passo para se identificar o lado afetado consiste em diferenciar uma lesão do neurônio motor superior de uma lesão do neurônio motor inferior. Peça ao paciente para mostrar os dentes, fechar os olhos e franzir a testa. Na lesão do neurônio motor superior, o músculo frontal não estará envolvido e as pálpebras podem ser fechadas. Na lesão do neurônio motor inferior, a paralisia envolve todos os músculos do lado afetado • Discinesias orofaciais ou bucolinguais: consistem em movimentos involuntários da língua, musculatura oral e facial, mandíbula ou músculos mastigatórios. Pode ocorrer em pacientes idosos particularmente naqueles com http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 14 déficit cognitivo, naqueles que não têm os dentes e nos que fazem uso de medicamentos antipsicóticos e antiparkinsonianos. A discinesia tardia consiste em movimentos involuntários da boca, língua e mandíbula, que, nos tipos graves, pode acometer a musculatura respiratória, da deglutição e fala. É secundária ao uso prolongado de antipsicóticos • Artérias temporais: o achado de artérias temporais aumentadas em tamanho, tortuosas e ou sem pulso sugere o diagnóstico de arterite temporal. Olhos O exame cuidadoso dos olhos faz parte do exame físico do paciente idoso e consiste na avaliação da acuidade visual, dos campos visuais, dos movimentos oculares e das estruturas externas e internas do olho. À inspeção, deve-se atentar para o exame das pálpebras, da conjuntiva, da esclerótica, da córnea, das pupilas e da íris. Pálpebras • Ptose palpebral: pode ser uni ou bilateral. As causas mais frequentes nessa faixa etária são a ptose senil e a secundária à paralisia do terceiro par craniano • Xantelasma: pode ser indicativo de hiperlipidemia, embora a maior parte dos pacientes com hiperlipidemia não o apresente • Ectrópio: eversão palpebral • Entrópio: inversão palpebral. Conjuntiva • Icterícia: é mais bem visualizada nas escleróticas e no palato, tornando-se perceptível quando os níveis séricos de bilirrubina total são maiores que 2 mg/dl. A icterícia de grau leve pode facilmente passar despercebida caso a esclerótica não seja examinada na presença de boa luz. A icterícia em idosos é quase sempre do tipo obstrutiva, na maioria dos casos, ocasionada por neoplasias. A coledocolitíase também é uma causa comum nesta faixa etária. Nos indivíduos negros, a http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 15 esclerótica pode ter cor ligeiramente amarelada, não apresentando significado patológico • Anemia: o achado físico mais característico de anemia é a palidez-cutânea mucosa.Embora a palidez seja demonstrável em todas as áreas expostas do corpo, a conjuntiva, as palmas das mãos, a mucosa oral e os leitos ungueais são, em geral, as áreas mais representativas. Córnea • Arco senil: consiste em um anel esbranquiçado no perímetro da córnea, sendo um achado comum no envelhecimento normal, sem significado patológico • Pupilas: a pupila do idoso é caracteristicamente menor, sendo frequentemente observadas pequenas diferenças de tamanho entre as duas. O tempo de relaxamento e acomodação aumenta progressivamente com o passar dos anos. Todavia, a reação pupilar à luz está preservada nos idosos. Algumas alterações pupilares mais significativas nessa faixa etária compreendem: • Pupila de Argyll-Robertson: encontrada não somente na neurossífilis, mas em várias outras condições neurológicas. • Caracteristicamente, a pupila não reage à luz, embora o faça em acomodação • Pupila miotônica de Adie: ocorre lenta constrição à exposição prolongada de luz, especialmente se o paciente se encontra em um quarto escuro. Após a retirada do estímulo, a dilatação pupilar é gradual. Pode representar disfunção do sistema nervoso autônomo • Síndrome de Horner: na paralisia do simpático cervical ocorre miose no lado afetado, podendo se associar à ptose e • enoftalmia. Íris http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 16 • Prolapso da íris: secundário à complicação de cirurgia de catarata, ainda pode ser ocasionalmente encontrado em idosos • Movimentação ocular: aproximadamente um terço dos idosos apresenta anormalidades do desvio conjugado do olhar para cima, na ausência de doença neurológica • Fundo de olho: o papiledema é incomum em lesões expansivas intracerebrais no idoso. A sua detecção nesta faixa etária normalmente é prejudicada pela coexistência de catarata e dilatação inadequada das pupilas. Logo, a sua ausência não exclui o diagnóstico de lesão intracraniana. Cavidade oral O exame cuidadoso da cavidade oral, que constitui parte obrigatória do exame do paciente idoso, é um método simples e eficaz em detectar tanto enfermidades benignas quanto malignas. Ao examinar a cavidade oral, inicie pelos lábios e peça para que o paciente retire as próteses dentárias. Avalie então a mucosa da cavidade oral, a gengiva, os dentes, a língua, o vestíbulo e os palatos mole e duro. Observe a coloração da mucosa, a sua pigmentação, a presença de ulcerações, de gengivite ou de outras lesões da gengiva, bem como o estado dos dentes. A cianose generalizada ou universal, observada nos lábios, ocorre principalmente nas doenças pulmonares e cardíacas. É aconselhável procurar sempre por evidências sugestivas de malignidade como úlceras que não cicatrizam, eritroplasia e lesões que sangram facilmente. O carcinoma de células escamosas é a neoplasia mais frequente da cavidade oral e se localiza, preferencialmente, na superfície lateral e dorsal da língua, assoalho da boca e palato. As lesões benignas mais comumente encontradas são: • úlceras bucais traumáticas secundárias a dentaduras, dentes fraturados e/ou restaurações • aftas (cada vez menos prevalentes após os 50 anos de idade) • veias varicosas na parte ventral da língua (sem significado patológico) http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 17 • estomatite induzida por dentaduras (alterações inflamatórias localizadas sob as dentaduras) • estomatite angular • cáries dentárias e/ou doença periodontal nos que mantiveram os dentes naturais. As placas brancas encontradas nas gengivas e na mucosa jugal podem ser secundárias ao líquen plano, à leucoplasia e/ou à candidíase. Caso possam ser removidas por uma espátula, sugere candidíase; caso contrário, o paciente deve ser encaminhado a um especialista, já que podem se tratar de lesões pré-malignas. Língua Procure por glossite e atrofia da mucosa que podem sugerir deficiência vitamínica e anemia. O exame da língua é importante na detecção de várias doenças neurológicas. Os nervos cranianos IX (glossofaríngeo), X (vago) e XII (hipoglosso) são avaliados na cavidade oral. Os nervos cranianos IX e X são testados em conjunto observando-se o movimento do palato e o reflexo do vômito quando a espátula toca o terço posterior da língua, o palato mole e/ou a parede posterior da faringe. O IX par craniano também é responsável pela sensação gustativa no terço posterior da língua (já a sensação gustativa dos 2/3 anteriores é feita pelo nervo facial – VII par craniano). Na lesão do IX par craniano, a úvula move-se em direção ao lado não afetado. O nervo hipoglosso é responsável pela motricidade da língua e é testado avaliando a sua movimentação. A lesão do XII par é demonstrada pelo desvio da língua em direção ao lado lesado quando o paciente a coloca para fora. Uma fraqueza menos óbvia pode ser identificada colocando a ponta dos dedos do examinador em ambas as bochechas do paciente enquanto ele pressiona firmemente a sua língua contra a parte interna da bochecha alternadamente. Outras doenças neurológicas que podem ser diagnosticadas pelo exame da língua são mostradas no Quadro http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 18 Lesão do neurônio motor superior Lesão do neurônio motor inferior Bilateral • Paralisia pseudobulbar • Língua: atrofia e fasciculações (contrações espontâneas de grupos • Língua espástica e imóvel musculares) • Disfagia, disfonia e disartria (podem estar presentes) • Disfagia, disfonia e disartria (podem estar presentes) • Causas mais frequentes: AVC e doença do neurônio motor superior • Causa mais frequente: paralisia bulbar progressiva Unilateral • Incapacidade, em geral leve • Pouco comum • Causa mais frequente: AVC recente • Causas mais frequentes: doenças vasculares, inflamações crônicas, tumores e trauma Faringe O exame é limitado à inspeção. Pesquisa-se a presença de infecções amigdalianas (menos frequentes em idosos) e tumorações. Deglutição • Avaliação da fase oral: note dificuldades na mastigação, início retardado ou precoce do reflexo de deglutição e dificuldade de vedação dos lábios para líquidos ou outros alimentos • Avaliação da fase faríngea: observe sinais clínicos como deglutição incompleta (retorno do bolo alimentar para a cavidade oral), referência a alimento retido na garganta, deglutições múltiplas (manobra utilizada para se retirar alimentos retidos na parede faríngea e valécula), regurgitação, alterações da qualidade vocal e se ocorre tosse antes ou durante o ato de engolir (indicativo de penetração laríngea) • Reflexo da deglutição: observe se há presença ou ausência do reflexo da deglutição, tosse antes ou durante a deglutição (indicativo de penetração laríngea), movimentação não sincrônica ou ausência de elevação da laringe http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 19 • Movimentação faríngea: observe sinais clínicos como deglutição incompleta (após várias tentativas de deglutição, há um retorno do bolo alimentar para a cavidade oral), tosse após a deglutição, referência a alimento retido na garganta,deglutições múltiplas (manobra utilizada pelo paciente para retirar alimentos retidos na parede faríngea e valécula) • Mecanismo laríngeo: observe se há elevação da laringe, alteração da qualidade vocal após a deglutição, presença ou ausência de alteração na ausculta cervical. • Ausculta cervical: com o estetoscópio colocado na laringe procura-se detectar os sons da deglutição na fase faríngea. Dificuldades técnicas relativas a este procedimento são encontradas em pacientes dependentes de ventilação e traqueostomizados • Teste com água: observe a deglutição após a administração de 9 ml de água (se ocorrem, até um minuto após, tosse, engasgos ou alteração da qualidade da voz). É um exame simples e sensível para rastreamento de portadores de disfagia com risco aumentado de aspiração. Nariz A chave para o exame interno do nariz é o posicionamento adequado da cabeça, levemente inclinada para trás. Procure por simetria, escoriações e/ou inflamação dos vestíbulos nasais ou evidência de obstrução nasal, tais como pólipos nasais. O septo nasal pode ser avaliado com o otoscópio, assim como a cavidade nasal. Ouvidos Sempre inicie o exame pelo pavilhão auricular. As lesões como o carcinoma baso e espinocelular e aquelas provocadas pelo herpes-zóster são em geral óbvias. Os achados de tofos gotosos no ouvido externo são altamente específicos para artrite gotosa. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 20 A prega do lobo da orelha (sinal de Lichtstein) consiste em uma prega oblíqua do lobo da orelha, frequentemente bilateral. Comumente observada na idade avançada, é ainda considerada um possível marcador externo de aterosclerose. Em seguida, utilize o otoscópio. O conduto auditivo externo é retificado tracionando-se o pavilhão auditivo para cima, para fora e para trás. Inspecione em busca de sinais inflamatórios, secreção, cerume ou corpos estranhos. Examine a membrana timpânica: esta pode estar perfurada ou apresentar coloração fosca ou adquirir tons avermelhados e/ou amarelados, o que sugere a presença de patologias. Entre os testes de acuidade auditiva, o teste do sussurro pode ser realizado à cabeceira do leito e consiste em pronunciar palavras a uma distância de 60 cm de cada ouvido. Outros testes, como o de Rinne e Weber, têm um papel limitado nesta faixa etária, pois a sua confiabilidade depende da cognição e da cooperação dos pacientes. Pescoço Procure por cicatrizes, assimetria ou massas. A cicatriz secundária à tireoidectomia é a mais frequente. Observe o movimento e a posição da traqueia. Inspecione as veias cervicais que drenam para o tórax. O pulso venoso pode ser visível. A dilatação das veias cervicais pode estar associada a aumento do volume do pescoço e da face. A congestão da face pode se tornar mais aparente com a elevação dos braços acima da cabeça. Esses sinais são sugestivos de obstrução de veia cava superior, cuja principal causa é a sua compressão por tumores do mediastino superior. À ausculta do pescoço, procure identificar sopros carotídeos bilateralmente e sopros sobre a glândula tireoide, caso um bócio esteja presente. Posicione-se por detrás do paciente e palpe a tireoide. Caso seja detectado um bócio, verifique se o aumento é difuso ou nodular e se há dor à palpação. O bócio difuso é incomum no idoso, porém, quando ocorre, deve-se à doença de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 21 Graves, tireoidite, efeito de medicamentos ou linfoma. O bócio multinodular é mais prevalente, em geral secundário à doença benigna e em geral não constitui fator de risco para malignização. Palpe também a traqueia, o pulso carotídeo, toda a região cervical e a fossa supraclavicular. Quaisquer linfonodos encontrados devem ser avaliados quanto à mobilidade, à consistência e dor à palpação. Os linfonodos dolorosos são sugestivos de inflamação, enquanto linfonodos de consistência firme e aderido aos tecidos adjacentes são compatíveis com neoplasia maligna. A limitação dos movimentos do pescoço secundária à osteoartrose cervical é um achado frequente nessa faixa etária. Membros superiores Mãos Examine ambas as mãos, sempre de maneira comparativa. Avalie sistematicamente a pele, as unhas, as articulações e os músculos. Inspecione as partes palmar e dorsal. Palpe as mãos. No exame das articulações, valorize a presença de edema, calor, assimetria ou rubor. Cheque a movimentação passiva e ativa. Teste a força. É importante a avaliação funcional da mão: peça ao paciente para segurar uma caneta ou levantar uma xícara. Quadro pele Perda da gordura subcutânea Envelhecimento normal Redução da secreção sebácea Ressecamento, enrugamento e perda da elasticidade Palidez palmar Anemia Cianose DPOC Cardiopatias avançadas http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 22 Fenômeno de Raynaud Pigmentação das dobras e do dorso Doença de Addison Eritema palmar Fisiológico Hepatopatias Manchas de nicotina Tabagismo pesado Quadro Dedos Palidez das pontas, cianose e rubor, em períodos de frio ou emoção Fenômeno de Raynaud Isquemia digital Embolia arterial Vasculites Baqueteamento digital Carcinoma broncogênico Bronquiectasias Abscesso pulmonar Empiema Doenças cardiovasculares Doenças hepáticas Doenças gastrintestinais Nódulos dolorosos nas pontas (nódulos de Osler) Endocardite bacteriana subaguda Nódulos nas interfalangeanas distais (nódulos de Heberden) Osteoartrose Nódulos nas interfalangeanas proximais (nódulos de Bouchard) Osteoartrose Dor, calor e edema nas metacarpofalangeanas e Artrite reumatoide http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 23 interfalangeanas proximais Artrite psoriática Quadro unhas Acentuação das estrias longitudinais, perda do brilho e maior tendência a rachaduras após trauma Envelhecimento normal Espessamento, deformidade, hiperqueratose subungueal Onicomicose Coiloníquia (unha em formato de colher) Deficiência de ferro Leuconíquia (pontos ou manchas brancas) Hipoalbuminemia ou trauma Hemorragia subungueal Endocardite bacteriana, subaguda ou trauma Quadro Deformidades Contratura em flexão da mão Hemiplegia espástica (doença cerebrovascular) Mão caída Lesão de nervo radial (diabetes, trauma e neoplasias) Aumento do tamanho das mãos Acromegalia Desvio ulnar dos dedos, deformidade em “pescoço de cisne”, deformidade em boutoniere, deformidade em “Z” do polegar Artrite reumatoide Incapacidade de unir totalmente as superfícies palmares dos dedos Sinal da reza (síndrome da mão diabética) Tofos Gota Quadro Musculatura http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 24 Atrofia Doença do neurônio motor (esclerose lateral amiotrófica) Espondilose cervical Atrofia por desuso nas doenças articulares Envelhecimento normal Quadro Tendões “Estalo”, “travamento”e dor na base do dedo, na face palmar Tenossinovite flexora do quirodáctilo (diabetes e artropatia inflamatória) Dor e edema na parte lateral do carpo (processo estiloide) Desencadeamento da dor com o desvio ulnar da mão Tendinite de De Quervain Espessamento da fáscia palmar com contratura das articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas Contratura de Dupuytren (hereditária, cirrose alcoólica, traumas repetidos) Quadro Tremor Tireotoxicose Tremor fino, associado a mãos quentes e úmidas Ansiedade Tremor acompanhado de mãos frias e úmidas Doença de Parkinson Tremor de repouso primariamente envolvendo as mãos (contar dinheiro ou moedas) Piora com ansiedade Diminui com o movimento (fases iniciais) e durante o sono Tremor essencial Tremor fino, rápido com as mãos estiradas. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 25 Piora com ansiedade, movimento, estresse, fadiga, anormalidades metabólicas (tireotoxicose, abstinência alcoólica) e uso de certos medicamentos (cafeína, beta- adrenérgicos agonistas, corticosteroide e inibidores da fosfodiesterase) Melhora com a ingestão de álcool História familiar frequente Asterixe ou flapping Tremor grosseiro e involuntário, sobretudo nas mãos em dorso- flexão (“em roda denteada” ou “em batimento de asas”) Manifestação precoce de encefalopatia hepática Ombro O exame do ombro inclui um cuidadoso exame neurológico, dos membros superiores e da coluna cervical. O exame deve se iniciar com inspeção dos músculos infra e supra espinhosos e do deltoide em busca de sinais de atrofia. A movimentação ativa e passiva, incluindo a elevação anterior, rotação interna e externa, deve ser medida e comparada com o lado oposto. A perda de movimentação ativa com manutenção da passiva sugere patologia do manguito rotator, enquanto a perda das duas modalidades associada à rigidez sugere capsulite adesiva. • Lesão do manguito rotator (síndrome do impacto): quando ocorre tendinite do manguito rotator (que compreende os tendões dos músculos escapular, supraespinhoso, infraespinhoso e do redondo menor), pode haver ruptura de um ou mais tendões. A etiologia é traumática ou degenerativa. O paciente apresenta dificuldade para executar os movimentos com as mãos acima dos ombros (p. ex., http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 26 pentear cabelos), enquanto os movimentos realizados com as mãos abaixo da linha dos ombros podem estar isentos de limitação ou mesmo dor. Pode haver ou não perda de força Muscular • Teste de Jobe (avaliação da integridade do supraespinhoso): solicite ao paciente para manter os membros superiores em abdução de 90° e anteflexão de 30°. Na lesão do supraespinhoso, o paciente tem dificuldade em manter esta postura se o examinador pressionar os membros para baixo • Teste de Patte: com o paciente em pé, com o braço abduzido 90° no plano frontal e cotovelo fletido a 90°, force a rotação interna do braço contrarresistência. A resistência diminuída ou a presença de dor sugerem lesão do infraespinhoso • Teste de Yergason: teste a porção longa do bíceps, colocando o cotovelo fletido a 90° junto ao tronco e com o antebraço pronado; pede-se para o paciente fazer a supinação contra a resistência • Tendinite calcificada: geralmente acomete o ombro direito, mas pode ser bilateral. Ao exame físico, ocorre limitação de movimentos com presença de dor e atrofia • Ombro congelado (capsulite adesiva): inicialmente o paciente apresenta dor no ombro, sendo esta referida nos MMSS, dorso e coluna cervical. A limitação de movimentos surge com o aumento da dor. O paciente prefere assumir a posição do braço aduzido em rotação interna • Sinal do sulco: espaço visível e palpável abaixo do processo acromial. É diagnóstico de subluxação do ombro. Comum no ombro hemiplégico. Exame do tórax • Tórax globoso ou em tonel: o aumento do diâmetro anteroposterior do tórax é observado em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) avançada, por vezes com protrusão dos espaços intercostais e das fossas supraclaviculares • Cifose: os pacientes idosos geralmente apresentam alterações da coluna. A cifose na mulher é comumente secundária a doenças degenerativas da coluna, sobretudo a osteoporose com fraturas. Em indivíduos do sexo masculino, em geral, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 27 a osteoporose é devida a causas secundárias, como hipogonadismo, uso de corticoides, mieloma múltiplo, metástases ósseas ou alcoolismo • Abaulamentos unilaterais ou localizados: podem ser encontrados em derrames pleurais volumosos, hiperdistensão compensadora (enfisema vicariante) e tumores • Retrações: são geralmente encontradas em enfermidades crônicas, como fibroses pulmonares, atelectasias, processos pleurais do tipo (paquipleuris, ausência congênita ou cirúrgica de um pulmão • Tiragem: em geral constitui uma manifestação de obstrução de vias respiratórias, sendo comum nos portadores de DPOC, especialmente na insuficiência respiratória. Pode ocorrer também em obstruções altas. Às vezes é acompanhada de ruído característico que é a cornagem. As causas mais frequentes em idosos incluem os tumores, as secreções espessas, as broncoestenoses, o edema, o espasmo brônquico e as compressões extrínsecas. No idoso restrito ao leito, dependente para se alimentar, a obstrução pode ser devida à presença de corpo estranho (prótese dentária) ou até mesmo alimento sólido nas vias respiratórias superiores • Circulação colateral tipo cava: ocorre em tumores do mediastino com compressão da veia cava superior, podendo levar à edema, à congestão da face e à turgência venosa, constituindo a síndrome da veia cava superior • Telangectasias aracniformes (aranhas vasculares): aparecem na metade superior do tronco, especialmente no tórax, na face e nos membros superiores. Sugerem a presença de insuficiência hepática com certo grau de hipertensão porta, embora possam também ser observadas em indivíduos normais. • Ginecomastia: pode ocorrer no envelhecimento normal, sendo desprovida de significado patológico. No entanto, causas clássicas como tumores, hepatopatia e uso de certos medicamentos devem ser descartados. Frequência e padrão respiratório • Frequência respiratória: no idoso, tem particular significado semiológico quando superior a 24 incursões respiratórias por minuto. A taquipneia pode preceder o diagnóstico clínico de infecção respiratória em até 3 a 4 dias http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 28 • Respiração do tipo Biot: é frequente nos pacientes com depressão respiratória induzida por fármacos, na hipertensão intracraniana e na lesão cerebral geralmente a nível medular. Apresenta padrão irregular e com longos períodos de apneia • Respiração do tipo Cheyne-Stokes: padrão irregular, com períodos intermitentes de aumento e redução da frequência e da profundidade das incursões respiratórias, alternados com períodos de apneia. Ocorre em pacientes com depressão respiratória induzida por medicamentos, na insuficiência cardíacacongestiva e nas lesões cerebrais • Respiração do tipo Kussmaul: respiração rápida e profunda, geralmente secundária a acidose metabólica • Expansão torácica: é frequentemente limitada no idoso e nem sempre oferece muitas informações • Percussão torácica: as alterações da percussão mantêm o significado nessa faixa etária. Ausculta respiratória A ausculta respiratória torna-se mais difícil de ser realizada porque nem sempre os idosos conseguem realizar inspirações profundas. As crepitações nas bases pulmonares desprovidas de significado clínico são frequentes, particularmente quando desaparecem após a tosse. A ausculta pode também identificar ruídos resultantes de pneumopatias prévias, o que dificulta a sua interpretação em quadros agudos. Nos casos de pneumonia, os sinais identificados à ausculta, como crepitações, podem não ter correspondência imediata com a imagem radiológica, uma vez que as alterações na radiografia de tórax podem demorar até 72 h para se tornarem evidentes. Avaliação da coluna http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 29 Na avaliação da lombalgia em idosos, é importante a realização de um exame físico geral que inclua o exame dos vasos (especialmente pulsos pediosos), do abdome, da região inguinal, do quadril e do reto. • Flexão da coluna lombar: desencadeia ou aumenta a dor provocada por uma lesão discal. A irradiação da dor para um ou ambos membros inferiores sugere protusão discal. No entanto, as hérnias discais ocorrem em menor frequência em pessoas acima de 60 anos • Extensão da coluna lombar: desencadeia ou piora a dor provocada pelo estreitamento artrósico do canal medular e no acometimento das articulações zigoapofisárias • Manobra de Valsalva: pedir ao paciente que tussa ou assopre a mão sem deixar escapar o ar. Se houver acentuada exacerbação da dor ou irradiação da dor completa (até o pé) indica provável compressão radicular • Manobra de Lasègue: com a mão esquerda o examinador imobiliza o ilíaco do paciente e com a mão direita eleva o membro inferior segurando-o na altura do tornozelo.A manobra é positiva se ocorre dor ou esta se exacerba no trajeto do dermátomo de L4- L5 ou L5-S1, quando o membro inferior fizer um ângulo que vai de 35º a 70º é uma prova inequívoca de compressão radicular quando positiva a 60º. Também geralmente é positiva nas hérnias posterolaterais. • Manobra de Lasègue contralateral: testada da mesma maneira que a manobra de Lasègue clássica, mas a dor é percebida no membro contralateral • Sinal do arco de corda: quando a manobra de Lasègue é positiva, faz-se uma flexão do joelho havendo redução ou desaparecimento da dor • Manobra de Romberg: compatível com déficit proprioceptivo, mas de difícil realização no paciente idoso, particularmente no muito idoso. O paciente fica de pé com os pés juntos e com os olhos fechados por 10 segundos. Caso sejam necessários movimentos compensatórios para manter os pés fixos no mesmo lugar, o teste é considerado anormal • Sinal das pontas: também de difícil execução no idoso. Se o paciente não consegue andar com uma das pontas dos pés, indica compressão de raiz de S1. Não conseguindo andar com um dos calcanhares, indica compressão de raiz de L5 • Reflexos: as alterações do reflexo patelar e aquileu não necessariamente são indicativas de lesão neurológica na idade avançada, pois o primeiro pode estar http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 30 abolido na presença de osteoartrose e o segundo pelo próprio processo do envelhecimento • Pesquisa da força de extensão e flexão do hálux: ausência ou diminuição de força para flexionar e estender o primeiro podáctilo é compatível com compressão radicular da raiz de L5. A ausência de força no segundo até o terceiro podáctilo indica comprometimento de raiz de S1 • Exame sensorial: a sensibilidade superficial alterada no hálux pode indicar comprometimento da raiz de L5, já na região do maléolo lateral e posterolateral do pé, raiz de S1 • Síndrome da cauda equina: consiste na compressão nas raízes dos nervos lombossacrais (hérnia de disco central, tumor, infecção, estenose lombar). Ocorre retenção ou incontinência urinária, anestesia em sela e perda do tônus do esfíncter anal. Exame do aparelho cardiovascular Pressão arterial (PA) A aferição da PA no idoso deve ser feita com os mesmos cuidados destinados para os mais jovens. Muitas vezes são necessárias diversas avaliações, pois a variabilidade da PA aumenta com a idade. Classicamente são recomendadas três medidas com valores anormais, em consultas diferentes, antes que o paciente seja rotulado como hipertenso. Recomenda-se mensurar a PA em ambos os braços. Caso haja variação de uma medida para outra, considere o maior valor encontrado, visto que o menor resulta de fenômenos ateroscleróticos que mascaram a PA real. • Hiato auscultatório: consiste no desaparecimento dos sons na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente entre o final da fase 1 e o início da fase 2 dos sons de Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira pressão sistólica (PAS) ou superestimar a pressão arterial diastólica (PAD). Este erro pode ser evitado insuflando-se o manguito até níveis de PA nos quais há o desaparecimento do pulso à palpação http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 31 • Pseudo-hipertensão: é um artefato decorrente do endurecimento das paredes das artérias periféricas e resulta em falsa estimação da PA à esfigmomanometria. Esse diagnóstico é sugerido em indivíduos com níveis pressóricos elevados e ausência de lesão em órgãos-alvo. Eles geralmente são idosos e apresentam artérias dos braços calcificadas, que podem ser identificadas à palpação e/ou ao exame radiológico • Sinal de Osler: consiste na detecção de artérias palpáveis quando o esfigmomanômetro estiver insuflado a nível superior ao da PAS. Auxilia na identificação da pseudo-hipertensão • Hipertensão do jaleco-branco: consiste na elevação da PA no consultório do médico, contrastando com verificações domiciliares normais. É frequentemente verificada nos idosos • Hipotensão ortostática (HO): a PAS pode ser subestimada na presença de HO, caso a sua mensuração seja feita somente na posição assentada. Aconselha- se para todos os pacientes idosos hipertensos a aferição da PA em decúbito e em ortostatismo. Perante a suspeita de HO, o primeiro passo é procurar detectar a presença de queda postural da PA. Antes da medida da PA em ortostatismo, o paciente deve repousar em decúbito dorsal idealmente por 30 min, medindo-se a PA a cada 10 min. Considera-se como PA supina a terceira medida, no 30o minuto. Em seguida, o paciente é colocado de pé sendo que a medida da PA em ortostatismo deve prosseguir até, pelo menos, 4 min quando necessário. Uma queda de 20 mmHg na PAS, com ou sem sintomas, é suficiente para o diagnóstico de HO em idosos. Em ortostatismo, se o braço do paciente for deixado pendente, o manguito estará abaixo do nível do coração, o que artificialmente aumentará a PA em relação à posição supina, o que subestimaria a queda postural real. Aconselha-se colocar o braço do paciente sobre o ombro do examinador mantendo-o ao nível do coração. O próximo passo consiste na classificação da HO do ponto de vista fisiopatológico de acordocom a frequência cardíaca (FC). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 32 A hipotensão ortostática pode ser classificada em três categorias distintas, de acordo com a variação da FC, observada quando o paciente assume a posição ortostática: • HO simpaticotônica: ocorre uma resposta cardíaca compensatória apropriada (aumento da FC em até aproximadamente 20 bpm). Em geral, este tipo de HO encontra-se associada ao descondicionamento físico, uso de medicamentos ou à hipovolemia • HO por disfunção autonômica: não ocorre aumento da FC com a queda postural da PA ou, se ocorre, em geral não é superior a 10 bpm • HO por distúrbio vagal: ocorre diminuição da FC associada à queda postural da PA. Pulso arterial A frequência cardíaca é rotineiramente avaliada pelo pulso radial. Deve-se contar o pulso por um período de 60 segundos. Esse método é preciso para a maioria dos ritmos regulares. Porém, se o paciente apresenta um pulso irregular como o encontrado na fibrilação atrial, arritmia muito frequente em idosos, existe um déficit de pulso. Nestes casos, apenas a ausculta cardíaca fornecerá uma avaliação mais exata da frequência cardíaca. Nos idosos, o clássico pulso (parvus et tardus, encontrado nos casos de estenose aórtica, é mascarado pelo endurecimento das paredes arteriais e pela presença de fibrilação atrial. Ao contrário, os sinais periféricos da insuficiência aórtica são de fácil reconhecimento. Refluxo hepatojugular Um teste útil na avaliação da pressão venosa jugular elevada é o reflexo hepatojugular ou teste da compressão abdominal. O procedimento é realizado com o paciente em decúbito dorsal, com a boca aberta, respirando normalmente, o que evita uma manobra de Valsalva. O examinador coloca sua mão direita sobre o fígado (hipocôndrio direito) e aplica uma pressão firme e progressiva. Esta compressão é mantida durante cerca de 20 a 30 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 33 segundos. Na insuficiência ventricular direita, a distensão venosa mantém-se durante todo o período de compressão, com redução rápida após a liberação súbita da compressão. Se o exame for realizado de maneira incorreta, com a boca do paciente fechada, resultará em uma manobra de Valsalva e produzirá resultados imprecisos do teste de refluxo hepatojugular. Ictus cordis ou choque da ponta Embora importante na avaliação de pacientes jovens, o (ictus cordis foi palpado em apenas 35% em pacientes idosos hospitalizados. Com o avançar dos anos, torna-se cada vez mais difícil a sua palpação, particularmente em pessoas acima de 80 anos. Mesmo quando palpado, a sua sensibilidade e especificidade são baixas como índice de cardiomegalia, se comparadas à radiografia do tórax e ao ecocardiograma. Os distúrbios musculoesqueléticos frequentes no idoso, como a cifoescoliose e o enfisema pulmonar, afetam a sua localização. Deste modo, na idade avançada, o (ictus cordis não constitui um marcador clínico confiável na avaliação da área cardíaca. Os mesmos fatores anteriormente referidos dificultam a palpação de bulhas e frêmitos em idosos. Ausculta cardíaca No paciente idoso, a ausculta cardíaca obedece aos mesmos princípios utilizados para o paciente jovem. Entretanto, algumas alterações devem ser comentadas. Na ausculta dos ruídos cardíacos, são habituais os achados de hipofonese das bulhas e de sopros cardíacos que podem estar relacionados com processos degenerativos sem repercussão clínica. Bulhas cardíacas • Primeira bulha: apresenta um componente mitral mais alto e um componente tricúspide mais suave, cujo desdobramento pode ser ouvido na borda http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 34 esternal inferior esquerda em indivíduos normais. Este desdobramento em geral não é influenciado pela respiração • Segunda bulha: a sua intensidade varia com o local da ausculta e outros fatores constitucionais. Assim, até a quarta década de vida, ela é mais intensa no segundo espaço intercostal esquerdo do que no direito. Em idade mais avançada, esta relação se inverte devido provavelmente a modificações na posição da aorta e da artéria pulmonar, consequentes ao processo de envelhecimento. A fonese da segunda bulha também pode ser influenciada por fatores cardíacos e extracardíacos. Outra variação frequente é o desdobramento paradoxal da segunda bulha, cujas causas neste grupo etário podem ser a sobrecarga de ventrículo esquerdo, a estenose aórtica grave, a miocardiopatia dilatada ou hipertrófica, a isquemia miocárdica aguda, o bloqueio de ramo esquerdo, o marca-passo artificial ou os ritmos ectópicos originados no ventrículo direito • Terceira bulha: tem origem atribuída, principalmente, às vibrações das estruturas do ventrículo esquerdo e da massa de sangue. Esta bulha pode se originar em qualquer um dos ventrículos. Está acentuada em condições que aumentam a velocidade e o volume sistólico residual. É possível que tais vibrações estejam atenuadas nos idosos por redução do impacto do coração sobre a parede torácica, devido a alterações na sua configuração, ou menor velocidade do movimento cardíaco nesta população. Sua detecção pode ser ainda dificultada pela presença de enfisema pulmonar e escoliose. No idoso, a terceira bulha é sempre patológica e um indicador confiável de insuficiência ventricular esquerda • Quarta bulha: pode ser detectada em até 94% dos idosos, independente da presença ou não de cardiopatia. A quarta bulha tem seu valor limitado no diagnóstico das doenças cardíacas no idoso. Alguns autores consideram que é um fator fisiológico na velhice. Sopros cardíacos Os sopros cardíacos são muito frequentes na idade avançada. A prevalência de sopros sistólicos na população idosa é de aproximadamente 60%. A causa mais comum de sopro nesta faixa etária é a doença valvar calcificada, sendo as valvas aórticas e mitral as mais comumente afetadas. As mesmas manobras utilizadas http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 35 para os pacientes mais jovens também se aplicam aos mais idosos. Entretanto, a localização do sopro é de menor significado, exemplificado pelo conhecimento de que a maioria dos sopros sistólicos apicais de idosos resultam de lesões da valva aórtica e não da valva mitral. Os sopros sistólicos originados na região da valva aórtica são devidos à dilatação do anel aórtico e da aorta ascendente ou a espessamento, deformidade e/ou calcificação das cúspides valvares. O sopro sistólico da estenose aórtica é frequentemente menos intenso no idoso e pode ser confundido com o da regurgitação mitral. Outra possibilidade em idosos é a existência de uma valva aórtica calcificada sem fusão comissural (tipo mais comum de estenose aórtica neste grupo) que em vez de produzir um jato para dentro da aorta ascendente, pode fazê-lo em “(spray”. Assim, o sopro áspero na base direita pode ser marcadamente menos intenso e comparativamente indistinguível. Devido à falta de fusão comissural, o ruído de ejeção, em geral, não está presente. Desde que as cúspides não estejam fundidas, elas podem vibrar durante a ejeção ventricular,produzindo um sopro sistólico musical que será transmitido através do ventrículo esquerdo. Este sopro audível na região apical ou próximo ao (ictus é frequentemente confundido com um sopro de regurgitação mitral. O sopro sistólico apical em idosos pode também resultar de regurgitação mitral, embora possa irradiar também para a axila ou borda esternal esquerda. Às vezes, o sopro holossistólico apical tem um componente áspero que pode causar certa confusão com o sopro da estenose aórtica. Uma estenose mitral oculta com uma primeira bulha suave devido à calcificação valvar e um sopro diastólico inaudível devido a baixo débito cardíaco, fibrilação atrial, enfisema ou deformidade da parede torácica pode representar um desafio diagnóstico em Geriatria. Em um estudo, 55% dos pacientes com estenose mitral não tinham sido previamente diagnosticados, sendo que em 23% deles haviam estado hospitalizados anteriormente. O prolapso de valva mitral pode originar uma importante regurgitação mitral. Enquanto o sopro característico desta condição foi caracterizado como meso a telessistólico, em homens idosos, o sopro de regurgitação comumente é holossistólico. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 36 O sopro da regurgitação tricúspide, na maioria dos casos, tem mecanismo semelhante ao da regurgitação mitral funcional, isto é, deve-se à acentuada dilatação do átrio e ventrículo direitos ou do anel valvar. Nos pacientes idosos, as causas habituais para este tipo de sopro são as miocardiopatias dilatadas, o (cor pulmonale secundário à DPOC e mais raramente a embolia pulmonar. É muito importante lembrar que diante de comprometimento da função ventricular há diminuição da intensidade dos sopros, dificultando o diagnóstico das disfunções valvares. Desse modo, frequentemente deixamos de diagnosticar uma valvopatia em pacientes com insuficiência cardíaca. Edema sacral Pode ser a única manifestação de insuficiência cardíaca congestiva em pacientes idosos que estão restritos ao leito, sendo um sinal frequentemente negligenciado. Abdome O exame físico do abdome não apresenta grandes diferenças em relação ao jovem. Idealmente, o paciente idoso deve ser examinado em decúbito dorsal, com exposição completa dos mamilos até o meio da coxa. Para que a dignidade do paciente seja preservada, sua genitália deve ser coberta por uma toalha ou pedaço de pano até que o abdome seja devidamente examinado. Inspeção Observe a forma do abdome, cicatrizes, hérnias, a movimentação com a respiração, evidências de perda de peso, escoriações, veias dilatadas e peristaltismo visível. Se há aumento acentuado do fígado e baço, às vezes, estes podem ser visíveis. As alterações detectadas à inspeção do abdome e seu significado clínico são descritas no Quadro http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 37 Abdome plano na ausência de respiração abdominal Sepse abdominal, obstrução intestinal, peritonite fecal Abdome escavado ou escafoide Constitucional, caquexia, doenças inflamatórias intestinais, espasmo da musculatura abdominal Abdome assimétrico Tumores ou visceromegalias intra-abdominais de órgãos sólidos ou ocos (megacólon, fecaloma, vólvulo de sigmoide, tumores colônicos, uterinos, bexigoma), e da parede abdominal Deslocamento da cicatriz umbilical Tumores da cavidade ou parede abdominal Protrusão da cicatriz umbilical Hérnias umbilicais, ascite ou outros tipos crônicos de aumento de pressão intra- abdominal Coloração azulada do umbigo (sinal de Cullen) Hemoperitônio Equimoses nos flancos (sinal de Grey-Turner) Pancreatite aguda Equimose na parede abdominal anterior baixa Lesão da artéria epigástrica inferior e na insuficiência hepática grave Cicatrizes abdominais São indicativas de cirurgias anteriores. Podem auxiliar no esclarecimento de achados clínicos quando há suspeita de obstrução intestinal por aderências, hérnias de parede abdominal, eventrações e cólicas abdominais. Podem ainda ser foco de drenagens de processos infecciosos e inflamatórios intestinais. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 38 Circulação venosa subcutânea Sugere a existência de um obstáculo ao retorno venoso nos sistemas porta e cava. No sistema porta, os vasos se apresentam no andar superior do abdome, ocorrendo na cirrose hepática, na compressão extrínseca por tumores, na trombose de veia porta, podendo assumir um padrão conhecido por cabeça de medusa, quando elas se dirigem de maneira radial e para fora da cicatriz umbilical. No sistema cava inferior, as dilatações venosas aparecem, sobretudo na parte inferior do abdome, decorrendo de tromboses venosas, ascites volumosas e compressões extrínsecas por tumores variados. Ausculta Na maioria das pessoas são auscultados ruídos decorrentes do peristaltismo intestinal, como sons intermitentes de volumes variados, à passagem constante de líquidos e gases pelas haustrações intestinais. Todavia, o aumento, a diminuição e a abolição do peristaltismo na maioria das vezes têm correspondência clínica. As alterações detectadas à ausculta do abdome e seu significado clínico são descritas no Quadro Quadro Ausculta do abdome Aumento do peristaltismo Redução ou abolição do peristaltismo Aumento do peristaltismo Redução ou abolição do peristaltismo • Peritonite • Fase inicial das obstruções intestinais mecânicas • Peritonismo (cólicas renais, colecistites, cólicas biliares, abscessos abdominais e pélvicos encapsulados, diverticulites) http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 39 • Hemorragias digestivas altas e baixas • Reações extraperitoneais com irritação do centro frênico (infartos miocárdicos diafragmáticos, pneumonias, embolias pulmonares) • Gastrenterites • Doenças consumptivas • Aerofagias • Síndrome de imobilidade aguda ou crônica • Intoxicações alimentares • Doenças neurodegenerativas • Ingestão de produtos irritativos (laxativos, bebidas alcoólicas, fermentados etc.) • Medicamentos (antianêmicos, antiparkinsonianos, analgésicos opioides, antirreumáticos, antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos, antiespasmódicos, diuréticos, anti-hipertensivos) • Hipertonia vagal (colopatias neurogênicas, cólon irritável, doença diverticular de sigmoide, hipercloridria, usuários de simpaticolíticos e vagomiméticos) • Distúrbios hidreletrolíticos e ácido- básico • Pós-operatório de grandes cirurgias Podem ainda ser detectados, na ausculta abdominal, sopros arteriais ou venosos, atritos da superfície do fígado e baço com o gradil costal durante a respiração e transmissão de ruídos respiratórios e cardíacos, sendo interessante a ótima audibilidade dos movimentos respiratórios na presença de gases livres dentro da cavidade abdominal. Percussão http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 40 A percussão abdominal
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