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É uma dor em musculatura que se relaciona com a sensibilização das vias de transmissão da dor no sistema nervoso central. O mecanismo não está bem definido, mas já sab e que ocorre um aumento das concentrações de neuropeptídeos no SNC e alterações no eixo hipotálamo-hipofisário-supra-renal. Os pacientes apresentam o quadro com u ma síndrome de amplificação da dor , onde são extremamente sensíveis aos estímulos dolorosos e n ão -doloroso, p odendo ter a sensibilidade para o toque, calor, frio, estímulos mecânicos.Vale salientar, que os estímulos desses pacientes, podem ocorrer a partir de estímulos luminosos, sonoros e olfatórios. Não se conhece o mecanismo exato para o desencadeamento da sensibilidade exagerada, mas o que se sabe, é que em todos os pacientes que apresentaram o quadrode SFM evidenciou anormalidades no processamento da dor no SNC.De forma que uma sensibilização central, indicou uma redução do limiar nociceptivo no corno dorsal da medula espinhal e no encéfalo. sensibilização central, indicou uma redução do limiar nociceptivo no corno dorsal da medula espinhal e no encéfalo. F I B R O M I A L G I A Definição: É uma síndrome dolorosa crônica, sendo caracterizada por uma dor generalizada, pontos dolorosos, distúrbios do sono e fadiga extrema. A síndrome fibromiálgica (SFM) é uma condição dolorosa crônica difusa do sistema musculoesquelético, não -articular, caracterizada pela presença de dor à palpação em locais predeterminados denominados pontos dolorosos. Os critérios fundamentais: Dor crônica generalizada há mais de 3 meses (parte superior, inferior e região lombar) com hipersensibilidade aos estímulos, mecânicos e com pelo menos 11 d os 18 pontos dolorosos. Apresentar insônia, fadiga e angústia. Ocorrência de uma resposta anormal do eixo-hipotálamo-hipofisário ao estresse, associado ainda a outros transtornos significativos de humor. E por fim, ainda pode estar relacionada com outras síndromes dolorosas crôn icas (síndrome do cólon irritável, síndrome da fadiga crônica, síndrome da guerra do Golfo e lombalgia ). Epidemiologia: acomete em geral, as mulheres (9:1). Não apresenta uma única manifestação, mas sim um conjunto de sinais e sintom as. Acomete cerca de 2 a 5% da população geral. Além de acometer mais mulheres, acomete numa faixa que varia de 35 a 50 anos de idade, mas de forma geral, pode afetar qualquer idade. O American College of Rheumatology (ACR) publicou os critérios diagnósticos da SFM: dor generalizada crônica (> 3 meses) e alodinia mecânica em pelo menos 11 dos 18 pontos doloroso. A maioria dos pontos apresentam-se em pontos de inserção dos tendões e apresenta poucas ou nenhuma anormalidade histológica detectada. P A T O G E N I A: ps.: E essa teoria é a mais aceita por conta dos achados experimentais: (1) – elevados níveis de substância P no líquido cerebrospinal; (2) – elevados níveis de dinorfina no líquido cerebroespinal; (3) – elevados níveis de fator de crescimento nervoso no líquido cerebroespinal; (4) – somação t emporal elevada da sensação t érmica cutânea; (5) –somação temporal elevada da se nsação de pressão muscular; (6) – potencialsomatossensorial elevado em resposta a estímulo cutâneo; Exame físico: dor à palpação digital c om 4 kg/cm2 em áreas denominadas pontos dolorosos (tender points) em 11 ou mais dos seguintes pontos (bilateralmente): - Inserção dos músculos suboccipitais na nuca; - Ligamentos dos processos transversos da quinta à sétima vértebra cervical; - Bordo rostral do trapézio Músculo supraespinhal; - Junção do músculo peitoral com a articulação costocondral da segunda costela ; - Dois centímetros abaixo do epicôndilo lateral do cotovelo; - Quadrante látero-superior da região glútea, abaixo d a espinha ilíaca Inserções musculares no trocanter femoral; - Dois centímetros rostralmente à linha articular do côndilo medial do fêmur ; Quando o número de pontos for menor à 11, porém, com concomitância de outros sintomas e sinais, o diagnóstico de fibromialgia também pode ser realizado. Quadro clínico: O sintoma cardin al para a SFM é a dor crônica generalizada (sendo moderada ou intensa). Ainda, o paciente refere dor nos músculos, ligamentos e tendões em várias p artes do corpo. E a cefaleia crônica, geralmente diária, intensas e relacionadas à t ensão emocional, ocor rem em mais de 40% dos doentes. A dor em pacientes com FM localiza- se acima e abaixo da cintura, em ambos os lados do corpo, acometendo o esqueleto axial (pescoço, costas ou tórax). A dor atribuível a FM é pouco localizada, difícil d e ignorar, intensa e associad a a uma redução da capacidade funcional. A dor deve estar presente na maior p arte do dia, na maio ria dos dias, durante p elo menos 3 meses. (7) – resposta elevada da injeção de solução salina intramuscular; (8) – redução da dor após infusão de cetamina (antagonista do receptor NMDA); (9) – elevação dos níveis plasmáticos de neuropeptídeos Y; (10) – déficit do sist ema de controle inibitório da nocicepção; (11) –atividade elevada das áreas de processamento cerebral da dor com imagem de ressonância magnética funcional; (12) – decréscimo da atividade talâmica com Scans cerebral funcional. Além disso, observou que os pacientes com SFM apresentam uma experiência da dor referida quando os músculos são estimulados com solução salina, e há uma redução do limiar de dor diante dos estímulos mecânicos nos músculos. Enquanto em indivíduos normais a curva de intensidade da dor , gerada por estímulos mecânicos é logarítimica¸nos doentes com SFM o aumento é linear Hiperalgesia: é caracterizada pela sensibilização central, que depende da at ivação dos receptores NMDA e da liberação da substância P pelo s aferentes nociceptivos primários da medula espinal. Eventos desencadeantes: a maioria das exposições ambientais, são descritas como estressores. E nisso, pode entrar traumatismos físicos, infecções, sofrimento emocional, distúrbios endócrinos e ativação imunológica. Uma das associações da SFM com os traumatismos, são as lesões em região cervical. De forma que no primeiro ano, após uma lesão cervical, o paciente aumenta em 10 vezes as chances de desenvolver a SFM. Critérios diagnósticos sugeridos pelo CAR: História clínica: dor generalizada localizada no hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura, além do eixo axial (região cervical, face anterior do tórax, dorso e região lombar) com duração superior a três meses. O quadro de rigidez articular ocorre em cerca de 80% dos casos. De forma que podem se apresentar com h orários de preferência, como ser intensas pela manhã e ao anoitecer, podendo se agravar com o excesso de atividades físicas, infecções sistêmicas, lesão de tecidos moles, privação de sono, exposição ao frio, umidade e estresse. A fadiga generalizada que é referida por uma sensação de “falta de energia/exaustão” foi relatada por 85% dos doentes. Parestesias e adormecimento, referidas principalmente nas extremidades, e às vezes até no couro cabeludo (sem padrão dermatológico) e com ausência de anormalidades no exame neurológico, são ref eridas por 50 a 75% dos pacientes. E ainda, os sintomas como sensação de inchaço, edemas n as mãos e pés, tornozelos também são sintomas frequentes. Dificuldade co m o sono, seja para a instalação do sono, despertares frequentes durante a noite, dificuldade na retomada dosono, sono agitado, sono superficial e despertares precoces ocorrem em aproximadamente 65% dos doentes. Estudos de polissonografia revelam padrão anormal de ondas α durante os estágios 2, 3 e 4 do sono não-REM em doentes com SFM . Entretanto, esse achado não é específico para SFM. Quando esse padrão é induzido em indivíduos saudáveis, sintomassemelhantes aos da fibromialgia são reproduzidos. Ainda não se sabe se essa anormalidade do sono é causadora ou consequência da dor crônica. Sintomas neuropsicológicos: as queixas variam, desde a dificuldade em adormecer, dificuldade em manter o sono e acordar cedo pela manhã. Mas independente das variações, o paciente relata sentir dificuldade em acordar. Além disso, podem ter queixas comportamentais e cognitivas, como dificuldade em manter a concentração, lentidão no processamento, dificuldades d e atenção ou concentração, problemas com lembranças de palavras e uma perda de memória a curto prazo. Síndromes de superposição: frequentemente os pacientes com FM apresentam outros sintomas, como cefaleias, dor facial, mandibular, dor miofascial regional, acometendo o pescoço ou as costas e artrite. Bem como, queixas de dor em t rato gastrointestinal, bexiga, região pélvica ou perineal. Considerações psicossociais: durante os períodos de altos níveis de estresse real ou percebido, pode influenciar na exacerbação dos sintomas da FM. D I A G N Ó S T I C O Um estudo realizado pelo Colégio Americano de Reumatologia (CA), chegou à seguinte conclusão: determinou que a combinação de dor difusa, bilateral, acima e abaixo da cintura, nas extremidades e no esqueleto axial e a identificação de, pelo menos, 11 de 18 pontos dolorosos específicos apresentava sensibilidade de 88,4% e especificidade de 81,1% nos doentes com SFM. Exame físico: Na prática clínica, essa sensibilidade é determinada pelo exame de um ponto hipersensível, em que o examinador usa a unha do polegar para exercer uma pressão de aproximadamente 4 kg/m2, ou uma pressão que produz empalidecimento da ponta da unha do polegar, em locais musculotend neos bem definidos. Exames Laboratoriais ou radiográficos: os exames de rotina, tanto laboratoriais e radiográficos, se apresentam normais. De forma que esses exame s complementares, visam descartar o diagnóstico diferencial. M E C A N I S M O S N E U R O M O R A I S O paciente que apresenta a SFM ele possui anormalidades neuroendócrinas no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal. De forma que a dor, fadiga e a falta de sono ocasionados pela fibromialgia, são fatores estressores. E a resposta fisiológica ao estresse, inclui o ACTH, a noradrenalina, o sistema nervoso neurovegetativo, o locus ceruleus, sistema nervoso periférico e o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal. O h ipotálamo é o principal centro regulador do eixo h ipotálamo-hipofisário-adrenal. De forma q ue a su a at ivação p romove o aumento de secreção de ACTH, que por sua vez, estimula a secreção de cortisol pelo córtex adrenal. Assim, o cortisol por mecanismo de feedback negativo, inativa o hipotálamo, a hipófise e outr os centros do sistema nervoso central, que regulam a fun ção hipotálamo-hipófise- adrenal. E assim, os pacientes com SFM, ap resentam uma reação exagerada ao ACTH e ao CRG, e a reação da adrenal ao ACTH. Durante a reação de estresse, o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal interage com anoradrenalina do locus ceruleus e d o SNNVS e outros sistemas encefálicos. O SNNVS produz noradrenalina, enquanto a medula ad renal produz adrenalina e noradrenalina. Essa atividade é regulada pelo feedback entre as projeções dos neurônios do hipotálamo e o núcleo simpático catecolaminérgico graças à ação de vários neurotransmissores e neuropeptídeos. Alguns neurotransmissores, como a serotonina e a acetilcolina, ativam tanto o eixo hipotálamo-h ipofisário-adrenal quanto o SNNVS, enquanto outros neurotransmissores, como o GABA e vários peptídeos opioides, inibem os d ois sistemas. A pró-opiomelanocortina e a β-endorfina inibem tanto o eixo hipotálamo- hipofisário- adrenal como o SNNVS. A substância P é um potent e inibidor de GH, mas estimula o SNNVS. O eixo hipo-tálamo-hipofisário- adrenal desempenha algum controle no eixo do hormônio de crescimento. Os pacientes com SFM apresentam um nível significativamente menor de somatomedina C e a reação de fator de insulina, de forma que isso influencia no menor nível, e assim, o eixo somatomedina C- GH é importante no processo de homeostase muscular. De forma que se acredita que essa alteração na secreção de GH é um fator que contribui para a menor recuperação frente aos microtraumatismos musculares, e as dores musculares associadas a SFM. Fadiga: se associa com a falta do sono reparador, bem como, a falta de condicionamento físico e as disfunções do eixo HHA. E ainda, a d eficiência na produção de sero tonina, pode também resultar no comprometimento d a duração do sono não-REM. E que por sua vez, o GH é liberado, principalmente, nos estágios três e quatro do sono não -REM. A dor crônica é uma condição estressante que interfere na capacidade de atenção, concentração e memória – cognição e processamento das informações. T R A T A M E N T O O tratamento inclui o controle da dor e da fadiga, com melhora do padrão de sono, controle de anormalidades do humor, melhora e reintegração psicossocial – interação interdisciplinar. Os antidepressivos tricíclicos são o “padrão ouro” para o tratamento, podendo ser associado a analgésicos, anti-inflamatórios não- hormonais (AINHS), miorrelaxantes, ansiolíticos, sedativos e opioides.
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