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Causas de Modificação da Competência: Conexão e Continência

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Universidade de Ribeirão Preto 
Faculdade de Direito Laudo de Camargo 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
Causas de Modificação da Competência: Conexão e Continência 
 
 
 
 
MARIA EDUARDA CASTRO CORRÊA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO 
Junho/2021 
CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: CONEXÃO E 
CONTINÊNCIA 
 
 
RESUMO 
 
Este presente trabalho acadêmico tem como finalidade tratar sobre as causas de 
modificação da competência, mais especificamente a conexão e continência, bem como, os 
crimes eleitorais conexos e o entendimento do STF sobre o tema. Para tanto foram utilizadas 
doutrinas, legislação vigente e jurisprudência. 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Competência está relacionada intrinsecamente a jurisdição, pois a competência é a 
delimitação da atuação jurisdicional, isto é, o espaço onde determinada autoridade judiciária 
terá competência para aplicar o direito às demandas apresentadas. 
Assim dizendo, todo o magistrado possui jurisdição, embora a sua competência seja 
devidamente definida e diferenciada em normas constitucionais. Enquanto a jurisdição é poder 
propriamente dito, a competência é a permissão jurídica parar exercer parte desse poder. 
A competência é separada em razão de matéria, pessoa, e local, e pode ser tanto 
absoluta, ou seja, declarada a qualquer tempo ou grau de jurisdição, de ofício ou a requerimento 
das partes; quanto relativa, quando deve ser alegada pelo réu em preliminar de contestação, sob 
pena de preclusão. 
Contudo, a competência pode sofrer modificação em razão da ocorrência de certos 
fatos jurídicos processuais. Dentre essas possíveis modificações, estão a conexão e a 
continência, que ocorrem quando houver razão pessoal, que facilite a colheita das provas e 
acarrete a economia processual, bem como impedir decisões contraditórias. Tais modificações 
não ferem o princípio do juiz natural, pois trata-se de um critério objetivo previsto em lei. 
O presente trabalho abordará as modificações da competência em razão da conexão e 
continência, e em seguida tratará sobre a competência dos crimes eleitorais conexos. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 Conexão: conceito e classificação 
O artigo 76 do CPP prevê os casos de conexão, que tem como finalidade unir crimes 
em um mesmo processo. Nessa modalidade exige-se a prática de dois ou mais crimes. Pode 
haver ou não pluralidade de agentes, porém não existe conexão de crime único. 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I – se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo 
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, 
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as 
outras; 
II – se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou 
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a 
qualquer delas; 
III – quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias 
elementares influir na prova de outra infração. 
 
Conforme bem elucida o autor RENATO BRASILEIRO (2020): 
A conexão pode ser compreendida como o nexo, a dependência recíproca que 
dois ou mais fatos delituosos guardam entre si, recomendando a reunião de 
todos eles em um mesmo processo penal, perante o mesmo órgão 
jurisdicional, a fim de que este tenha uma perfeita visão do quadro probatório. 
 
As espécies de conexão estão dispostas no rol taxativo do artigo 76, supracitado, são 
elas: conexão intersubjetiva (por simultaneidade, por concurso, por reciprocidade), conexão 
objetiva e conexão instrumental. 
A conexão intersubjetiva, prevista no inciso I, envolve vários crimes e várias pessoas 
obrigatoriamente. Na sua modalidade por simultaneidade duas ou mais infrações são cometidas 
ao mesmo tempo, por várias pessoas ocasionalmente reunidas, ou seja, sem que haja intenção 
de reunião, aproveitando-se das mesmas circunstâncias de tempo e local. 
Ocorrerá por concurso quando duas ou mais infrações tiverem sido cometidas por 
várias pessoas em concurso, ainda que em tempo e local diversos. E por reciprocidade quando 
duas ou mais infrações tiverem sido cometidas por diversas pessoas umas contra as outras. 
A espécie de conexão objetiva, prevista no inciso II, acontece quando um crime 
sobrevém para facilitar a execução do outro ou ainda, para ocultar o outro, garantir impunidade 
ou vantagem. 
Por fim, a conexão instrumental, prevista no inciso III, ocorre quando a prova de um 
crime influência na existência do outro, sem necessidade de relação de tempo ou espaço entre 
os crimes. 
 
2.2 Continência: conceito e classificação 
O artigo 77 do Código de Processo Penal, contém a previsão quanto a continência: 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I – duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II – no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 70, 73 e 74 
do Código Penal. 
 
A continência se configura quando uma demanda, em virtude de seus elementos, 
partes, pedido e causa de pedir, estiver contida em outra. Suas espécies estão dispostas no rol 
do artigo 77 CPP, supracitado, são elas: continência por cumulação subjetiva e continência por 
cumulação objetiva. 
Na continência por cumulação subjetiva, prevista no inciso I, ocorre a junção de 
processos contra réus diferentes, contanto que eles tenham praticado o fato delituoso em 
conluio, isto é, com unidade de desígnios, fazendo-se único o fato a ser apurado. Conforme 
elucida o autor NUCCI (2020): Não se trata somente de uma causa inspirada na economia 
processual, mas também na tentativa de evitar decisões contraditórias, que nada contribuem 
para a credibilidade da Justiça. 
A modalidade por cumulação objetiva trata-se do concurso formal. Neste caso o fato 
a ser apurado é apenas um, apesar de existir dois ou mais resultados. O artigo 70 versa sobre o 
concurso formal propriamente dito, ou seja, o agente ao praticar uma única conduta (ação ou 
omissão) provoca dois ou mais crimes. O artigo 73, segunda parte, define a aplicação do 
concurso formal, quando por erro na execução, o agente atinge outra pessoa não visada, além 
daquela desejada (aberratio ictus). O artigo 74, segunda parte, define aplicação do concurso 
formal ao agente que, por erro na execução, atinge não somente o resultado pretendido, mas 
também outro, que não fazia parte de sua pretensão inicial (aberratio criminis). Consoante 
NUCCI (2020): A conduta do agente é única, merecendo a apuração por um só magistrado, 
evitando-se com isso qualquer tipo de erro judiciário, inclusive no tocante à aplicação da pena. 
 
2.3 Crimes eleitorais conexos e o entendimento do STF em relação a crimes eleitorais 
 
A Justiça Eleitoral integra a Justiça Especial, e em relação a Justiças Comuns (Federal 
e Estadual) há uma prevalência da Especial sobre a comum, conforme previsão dos artigos 78, 
IV e 79, I do Código de Processo Penal. 
O artigo 121 da Constituição Federal, prevê, precariamente, a competência da Justiça 
Eleitoral, e o Código Eleitoral se ocupa de estabelecer, diante as lacunas da previsão, a 
competência, assim como os crimes eleitorais. 
Logo, consoante artigo 78, IV, CPP, em conjunto com o art. 35, II, do Código Eleitoral 
nos casos em que houver um crime eleitoral conexo com um crime comum, previsto no Código 
Penal, a competência para o julgamento de ambos os delitos será da Justiça Eleitoral (conexão). 
 Esse entendimento já é pacífico e sedimentado nos Tribunais Superiores, sendo 
reafirmado recentemente pelo julgado do Quarto Agravo Regimental no Inquérito n. 4.435/DF: 
 
Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes 
forem conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de 
conexão de delitos comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter 
os casos à Justiça competente. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel.Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933). 
 
Também assentou entendimento de que, identificada a competência da justiça 
prevalente, isto é, especializada, cabe apenas a ela a deliberação de d ecisões jurisdicionais a 
respeito do processo, sendo invalida a interferência de juízo residual. 
Não obstante, quanto ao cometimento de crime eleitoral e delito de competência do 
Tribunal do Júri, o entendimento majoritário, mas ainda objeto de discussões, é de que não 
ocorrerá a conexão, e sim a cisão, ou seja, o crime de competência do Júri por ele será julgado, 
e o crime Eleitoral será julgado pela Justiça Eleitoral. Isso pois, a competência do Júri é 
constitucional, prevalecendo sobre o disposto em leis ordinárias. 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Com base no que foi apresentado, pode-se concluir que a competência é matéria 
determinada em norma constitucional. Contudo, prezando pela celeridade do processo e afim 
de se evitar decisões judiciais controvérsias a lei também prevê causas de modificação das 
competências. 
Dentre essas causas de modificação encontram-se a conexão e a continência, temas 
estes estudados no presente trabalho. Além disso, foi abordado a competência prevalecente da 
Justiça Eleitoral quanto ao julgamento de crimes conexos com crimes eleitorais. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL, legislação. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Apud BRASIL. 
 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de direito processual penal. 17. ed. – Rio de Janeiro: 
Forense, 2020. 
 
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 8. ed. rev., ampl. e 
atual. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.

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