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Parte 3- Dicionário de Verbetes- Termos centrais em RI

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Universidade Federal de Goiás-Curso: Relações Internacionais
Disciplina: Teoria das Relações Internacionais I
Lívia Borges de Sousa 
Exercício C
1. Super-estrutura
A super-estrutura diz respeito ao resultado de uma estratégia de grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu poder ( BODART,2016) e, conjuntamente com a infraestrutura, é uma das duas partes que constituem uma sociedade, segundo Marx. É composta por: cultura, instituições, ritos, costumes, ideias e outras instituições que tem papel de produção ideológica, sendo usada pela classe dominante como forma de assegurar o domínio sobre a classe trabalhadora . A superestrutura se sobrepõe sobre todos os Estados, e tem como objetivo manter a infraestrutura que a sustenta, organizando o aparato ideológico e a repressivo.
“O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu-me de guia para meus estudos, pode ser formulado, resumidamente, assim: na produção social da própria existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; essas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência.”(MARX, 2008, p.47)
“é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, que regulam a produção e distribuição das ideias de seu tempo; e, por conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época” (MARX, 1993, p. 72)
2. Infraestrutura
A Para Marx, a infraestrutura é concebida como a junção das forças de produção, compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (é aqui onde ocorrem as relações de produção, por vezes pautadas na exploração: empregados-empregados, patrões-empregados), tais fatores compõe a base da sociedade e do ciclo de acumulação capitalista. Se relaciona com a Superestrutura à medida em que ao mesmo tempo que é por ela sustentada também a sustenta, através da mais-valia.
“O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. Em uma certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é mais que sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais elas se haviam desenvolvido até então. De formas evolutivas das forças produtivas que eram, essas relações convertem-se em entraves. Abre-se, então, uma época de revolução social.”(MARX, 2008, p.47)
3. Capitalismo
O capitalismo é um sistema econômico, um modo de produção específico dominando pelo que Marx chama de classe burguesa, que é possuidora dos meio de produção da sociedade. Tal classe dominante exerce seu poder sobre a classe dominada, aqui representada sobre a classe trabalhadora, que aliena sua mão de obra, vendendo-a ao burguês. Tal sistema tem como princípios a acumulação de capital – lucro. O capitalismo tem raízes históricas que remontam desde o mercantilismo no século XV, partindo do comércio de escambo que se desenvolve e se aprimora enquanto sistema de exploração até o modelo que conhecemos hoje, no excerto abaixo da obra de Lênin, temos tal processo descrito:
 
“Marx traçou o desenvolvimento do capitalismo desde os primeiros germes da economia mercantil, desde a troca simples, até às suas formas superiores, até à grande produção. E de ano para ano a experiência de todos os países capitalistas, tanto os velhos como os novos, faz ver claramente a um numero cada vez maior de operários a justeza desta doutrina de Marx. O capitalismo venceu no mundo inteiro, mas, esta vitória não é mais do que o prelúdio do triunfo do trabalho sobre o capital.” (LÊNIN,1913, p.3)
4. Socialismo
O socialismo é uma doutrina política e econômica , tendo sua vertente científica criada por Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) no século XIX. Defendia como princípios a tomada dos meios de produção pela classe trabalhadora e sua consequente coletivização, proporcionando igualdade de oportunidade de condições a toda a sociedade. Na teoria marxista, o socialismo representaria uma etapa do meio entre a sociedade capitalista de exploração e o comunismo, a etapa final da teoria marxista. 
“O socialismo simplifica as funções da administração do "Estado", permite que se suprima a "hierarquia", reduzindo tudo a uma organização dos proletários em classe dominante, que empregue, por conta da sociedade inteira, operários, contramestres e guarda-livros.”(LÊNIN,1917, p.27)
5. Comunismo
O comunismo é uma doutrina política e econômica, idealizada por Marx como sendo a sequência do modo intermediário socialista que se pauta na completa extinção do Estado e da ideia de propriedade privada, onde têm-se uma sociedade igualitária, com ausência de classes sociais e concentração de renda e na qual a ideia de nação foi superada consequente a extinção de ideia de Estado, pois tais ideias são adventos de ideologias burguesas de dominação. Nenhum indivíduo é mecanicamente designado para fazer determinada função.
“No fato de que o comunismo nasce do capitalismo por via do desenvolvimento histórico, que é obra da força social engendrada pelo capitalismo. Marx não se deixa seduzir pela utopia, não procura inutilmente adivinhar o que não se pode saber. Põe a questão da evolução do comunismo como um naturalista poria a da evolução de uma nova espécie biológica, uma vez conhecidas a sua origem e a linha de seu desenvolvimento. ” (LÊNIN, 1917, p.48-49)
6. Teoria Marxista das RI (agenda, premissas e argumentos)
Marx não escreve especificamente sobre uma teoria das relações internacionais, mas seus escritos podem ser utilizados para compreender as relações entre Estados e suas implicações e causas.
O Marxismo tem como premissas o materialismo histórico dialético, segundo o qual a forma de vida da sociedade é fortemente influenciada pelo modo de produção; o materialismo filosófico; e a objetividade e normatividade, usando a ciência como uma forma de não só compreender a realidade, mas também de modifica-la. Essa teoria argumenta que o Sistema se subdivide me duas categorias : a superestrutura e a infraestrutura e que juntas elas se retroalimentam de modo a preservar os privilégios da classe dominante(os burgueses) e manter sob dominação a classe explorada (os trabalhadores/ proletariado) que o são através da alienação de sua mão de obra pelo processo de mais-valia. O objetivo desse sistema denominado capitalista é a acumulação de capital, o lucro, tudo isso sendo proporcionado pela estrutura do Estado, escritório burguês de dominação e repressão. Seu nível de análise é transnacional e o principal ator internacional é a luta de classes. 
Contribui para o Estudo das Relações Internacionais no sentido de que estuda e considera a dimensão histórica dos fenômenos internacionais, uma vez que o capitalismo, a ideia de nação e o Estado moderno não são imutáveis. Entende a economia política para compreender as relações internacionais pois as ideias de “Estado” e “Anarquia” encobrem conflitos de classe e exploração entre Estados, é preciso estudar as relações sociais fundamentais no estágio atual de desenvolvimento das forças produtivas.
“Apesar de não ter dedicado particular atenção aos temas da política internacional, Marx presta uma contribuição fundamental para o desenvolvimento de uma visão crítica das relações internacionais se considerarmos alguns dos pontos centrais de sua teoria. Em primeiro lugar, a concepção da história como um processo governado por contradições e antagonismos associados à forma de organização da produçãomaterial dos bens necessários à reprodução das sociedades humanas nos convida a olhar para as relações humanas como produto de sua própria ação, e não como resultado de forças da natureza que não podemos controlar. ” (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.106)
7. Materialismo Filosófico 
É uma perspectiva epistemológica de análise que se pauta na defesa de que no modo de produção existe a superestrutura e a infraestrutura. Elas são mutuamente responsáveis pelo sucesso uma da outra, sendo a superestrutura mantenedora da ideologia de dominação que mantém o trabalho do proletariado alienado e sua visão de mundo concordante com o modelo social de origem. A infraestrutura é a base econômica, o capital e meios de produção, que proporciona a existência da superestrutura. Uma alteração em uma implica uma alteração na outra. 
“Marx e Engels defenderam resolutamente o materialismo filosófico, e explicaram repetidas vezes quão profundamente errado era tudo quanto fosse desviar-se dele. Onde as suas opiniões aparecem expostas com maior clareza e pormenor é nas obras de Engels Ludwig Feuerbach e Anti-Dübring, as quais - da mesma forma que o Manifesto Comunista - são os livros de cabeceira de todo o operário consciente.” (LÊNIN, 1913, p.2)
8. Imperialismo 
Segundo a definição de Vladimir Lênin, o Imperialismo é a política expansionista de países desenvolvidos sobre nações mais pobres, visando manter um controle de natureza política, cultural, econômica e ideológica. É definido como a etapa superior do capitalismo, sendo algo inevitável enquanto houvesse propriedade privada. No imperialismo, poucos países poderosos dominam e exploram a maior parte do planeta, obtendo grandes montantes de lucro, ás custas dos operários de seus próprios países e dos territórios por eles explorados.
“Sem ter compreendido as raízes econômicas desse fenômeno, sem ter conseguido ver a sua importância política e social, é impossível dar o menor passo para o cumprimento das tarefas práticas do movimento comunista e da revolução social que se avizinha. O imperialismo é a véspera da revolução social do proletariado. Isto foi confirmado à escala mundial desde 1917.” (LÊNIN, 1916, p.6)
9. Teoria Leninista das RI
A Teoria Leninista segue as mesmas premissas metateóricas da teoria marxista das RI do materialismo filosófico e histórico, porém se difere no que diz respeito ao nível de análise que era transnacional e passa a ser sistêmico com Lênin, e nos atores centrais que não são mais a luta de classes, mas sim os 
Estados. Ele escreve uma teoria de política internacional onde trata em sua obra do imperialismo, processo no qual países desenvolvidos expandem seu capital e domínio para nações menos desenvolvidas, explorando-as, visando estabelecer uma hegemonia, processo que para ele levaria inevitavelmente à guerra e ao conflito, havendo uma divisão entre países opressores e oprimidos, e esse processo é sustentado pelo sistema internacional. 
“Ao contrário de Marx, que enfatizava as contradições entre as forças sociais de produção e as relações de produção capitalistas como força de transformação histórica das sociedades nacionais, e para quem as relações internacionais não tinham importância relevante no contexto dessas transformações, Lênin aponta a contradição entre nações capitalistas (imperialistas) como determinantes para desencadear o processo revolucionário que levaria à queda do capitalismo. ” (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.111)
10. Relação centro-periferia
Immanuel Wallerstein desenvolve sua obra – O Sistema Mundial Moderno, vol. I, II e III – a partir do conceito de divisão internacional do trabalho produzida pela estrutura capitalista. Dentro de sua obra, discute a divisão do mundo pautada dentro desse sistema internacional como sendo composta por 3 estados hierárquicos: centro, periferia e semiperiferia. A relação centro-periferia um conceito que descreve a relação dos países desenvolvidos, o centro, e os países subdesenvolvidos, a periferia, caracterizada por uma subordinação dos mais pobres aos mais ricos e seus interesses, que passam a depender econômica, comercialmente e tecnologicamente das potências. 
A outra dicotomia básica era a hierarquia espacial de especialização econômica, centro versus periferia, no qual havia uma apropriação de excedentes dos produtores de baixos níveis salariais (mas alta supervisão), de baixa rentabilidade, mercadorias de baixo custo de capital pelos produtores de altos níveis salariais (mas baixa supervisão), elevadas margens de lucros, elevada intensidade de capital, assim chamado “intercâmbio desigual”. (WALLERSTEIN, 1976, p.350-351, tradução própria)
11. Impérios-Mundiais
Wallerstein descreve os impérios-mundiais como sendo estruturas políticas que possuem um sistema de governo central único, mas que possuem mais de duas culturas. Há uma divisão de trabalho, apropriação de excedentes e cobrança de tributos pelo governo central.
“O império mundial tem muitas variações em termos de superestrutura política e das consequências culturais. [...], mas o modo de produção é comum a essas formas variantes. É um modo de produção que cria suficiente de um excedente agrícola (baseado, portanto, numa tecnologia mais avançada que o modo de linhagem recíproca) suficiente para manter ambos os artesãos que produzem mercadorias não-agrícolas e, no sentido mais amplo, um estrato “administrativo”. Considerando que produtores agrícolas e artesanais em algum sentido ‘trocam’ mercadorias, tanto reciprocamente quanto em mercados locais, mercadorias são transferidas de produtores para ‘administradores’ através de uma apropriação forçada, ‘tributo’, que é centralizado por alguém ou alguma instituição [...] e depois disso ‘redistribuída’ à burocracia administrativa. ” (WALLERSTEIN, 1976, p. 346, tradução própria)
12. Economias-mundiais
As economias mundiais de diferem dos impérios-mundiais, no sentido de que as economias-mundiais são integradas pelo próprio mercado e divisão internacional do trabalho, não havendo um governo central. Nelas existem vários Estados interdependentes economicamente e que formam um sistema interestatal. 
“O que é notável então sobre o mundo moderno é a emergência da economia-mundial capitalista que sobreviveu. De fato, ela fez mais do que sobreviver: floresceu, se expandiu para cobrir a Terra inteira (e assim eliminou todos os mini-sistemas e impérios-mundiais restantes) e provocou uma ‘explosão’ tecnológica e ecológica no uso dos recursos naturais. ” (WALLERSTEIN, 1976, p. 349)
13. Teoria do Sistema Mundo (agenda, premissas e argumentos)
 Wallerstein não segue a ideia de evolução histórica dialética de Marx, e para ele, todo Sistema- Mundo tem :Fronteiras, estruturas, coerência, grupos, regras de legitimação e legislação. A teoria do sistema mundo trata o sistema internacional como uma estrutura unitária que possui integração econômica e política, orientada pelo desenvolvimento do capitalismo e sua lógica de acumulação, que acabou por criar uma hierarquia entre os países (centro e periferia), de acordo com o tipo de mercadoria que produzem, originando uma troca desigual. Seu nível de análise é sistêmico, seu enfoque é no materialismo e os atores centrais são as classes sociais. Suas premissas são: moderno sistema mundial, economia-mundo capitalista e sistema interestatal. 
	
“Sua teoria do sistema-mundo tem em comum com as teorias da dependência a preocupação com o desenvolvimento desigual que caracteriza o capitalismo global e as estruturas de dominação decorrentes dele. Seu ponto de partida, contudo, está no conceito de sistema-mundo, por meio do qual Wallerstein trata o sistema internacional como uma única estrutura integrada, econômica e politicamente, sob a lógica da acumulação capitalista. ” (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.123)
14. Ciclos de acumulação capitalista
Arrighi defende que vivemos quatro ciclos de acumulação capitalista: um ciclo genovês, um ciclo holandês, um ciclo britânico e um norte-americano. Tais ciclos são compostos de duas fases: fase de expansãomaterial e fase de expansão financeira. Quando a hegemonia entra em declínio, há um momento de caos econômico, e surge então uma nova hegemonia e se se estabelece um novo ciclo.
“Nossa investigação é, essencialmente, uma análise comparativa dos sucessivos ciclos sistêmicos de acumulação, numa tentativa de identificar (1) os padrões de recorrência e evolução, que se reproduzem na atual fase de expansão financeira e reestruturação sistêmica, e (2) as anomalias da atual fase de expansão financeira que podem levar a um rompimento com padrões anteriores de recorrência e evolução. ” (ARRIGHI, 1996, p.6) 
15. Hegemonia
Segundo Arrighi, Hegemonia é a capacidade de um Estado liderar e governar as demais nações soberanas presentes em um sistema, dominando moral e intelectualmente, podendo além disso ser estabelecida por uma coalização de Estados.
 O conceito de “hegemonia mundial” aqui adotado, no entanto, refere-se especificamente à capacidade de um Estado exercer funções de liderança sobre um sistema de nações soberanas. [...]. Esse poder é algo maior e diferente da dominação pura e simples. É o poder associado à dominação, ampliada pelo exercício da “liderança intelectual e moral”. (ARRIGHI, 1996, p. 27-28)
16. “Terceiro Grande Debate das RI”
O debate interparadigmático( terceiro grande debate das RI) é uma discussão de caráter epistemológico, e refere-se ao debate acadêmico entre os proponentes do realismo, liberalismo e abordagens marxistas. O debate é também descrito como sendo entre o realismo, institucionalismo e o estruturalismo. Foi tópico durante as décadas de 70 e 80, durante a ocorrência da síntese neo-neo, ou seja, neorrealistas e neoliberalis chegaram a alguns consensos e passaram a fazer seus estudos a partir de um chão comum, considerando conjuntamente pressupostos de que o sistema internacional é anárquico, de que os Estados são os atores naturais das RI, mas que outros atores importam, como organizações internacionais, empresas etc. A discordância que permanece entre eles foi quanto à natureza do comportamento dos Estados, se estes são naturalmente conflituosos ou não. O debate epistemológico refere-se aos postulados e parâmetros e conclusões das teorias, portanto quanto a forma como o mundo é conhecido, suas condições e limites. Alguns argumentam no entanto que este não seria um grande debate, mas que o terceiro na verdade teria ocorrido entre os positivistas e os pós-positivistas- entre os racionalistas e os reflexivistas. Considerando-se essa análise, os positivistas desejam estudar as relações internacionais de uma forma cientificista, estabelecendo verdades absolutas e os pós-positivistas fazem uma análise mais empírica, afirmando que a “realidade é socialmente construída”. 
“Lapid define o póspositivismo, em primeiro lugar, como a inserção da teoria num determinado paradigma intelectual – isto é, num conjunto de princípios através dos quais as proposições de conhecimento são organizadas em teorias e consideradas válidas e legítimas. Em segundo lugar, o póspositivismo olha para as circunstâncias históricas, sociais e políticas que servem de contexto à emergência de uma determinada teoria. O póspositivismo pode, portanto, ser considerado um projeto geral de politização do conhecimento, ou seja, de reconhecimento das dimensões políticas do conhecimento. Esta politização tem três dimensões: a desnaturalização do que é dado como certo e evidente; a análise dos pressupostos, valores e propósitos do teorista; e a contextualização social e histórica da atividade de investigação. ” (NUNES, 2012, p. 13)
17. Metateoria
Entende-se por metateoria, o conhecimento preliminar que se possui para a criação de uma teoria. A metateoria é composta por Metodologia, Ontologia e Epistemologia. Ela parte de teorias científicas, filosóficas etc., permitindo a compreensão, crítica e melhoramento das teorias existentes e dando base para criação de novas teorias.
“O desafio póspositivista assumiu os contornos de uma preocupação com «a natureza e o desenvolvimento do conhecimento» no estudo da política internacional. Nesse sentido, o póspositivismo enfatiza o nível paradigmático ou metateórico do conhecimento, isto é, concebe uma determinada teoria como parte de um conjunto mais alargado de outras teorias, ideias e condições sociais de produção de conhecimento. ” (NUNES, 2012, p.13)
18. Ontologia
Diz respeito a natureza, a realidade e a existência daquilo que se estuda. 
“Mais do que uma preocupação com o funcionamento interno de uma teoria – a forma como os seus conceitos formam proposições e preveem relações causais acerca da realidade – o póspositivismo preconiza uma análise dos pressupostos que fazem com que determinados conceitos e proposições sejam vistos como válidos e possíveis. Estes pressupostos são, por um lado, de ordem ontológica (o que existe e o que é real?). ” (NUNES,2012, p.13)
19. Epistemologia
Diz respeito à origem do conhecimento, é a forma como conhecemos o mundo, é sobre a natureza, condições e limites do conhecimento, é a chamada filosofia do conhecimento. 
“O póspositivismo preconiza uma análise dos pressupostos que fazem com que determinados conceitos e proposições sejam vistos como válidos e possíveis. Estes pressupostos são, por um lado, de ordem ontológica (o que existe e o que é real?), epistemológica (o que podemos conhecer sobre o real?) e normativa (qual deve ser a nossa relação com o real?) [...] O póspositivismo pode, portanto, ser considerado um projeto geral de politização do conhecimento, ou seja, de reconhecimento das dimensões políticas do conhecimento. Esta politização tem três dimensões: a desnaturalização do que é dado como certo e evidente; a análise dos pressupostos, valores e propósitos do teorista; e a contextualização social e histórica da atividade de investigação. ” (NUNES, 2012, p.13) 
20. Metodologia
Diz respeito aos meios usados para se conhecer algo, os distintos níveis de análise, características, limitações, potencialidades, sendo também uma forma de orientar pesquisas. Explica e justifica a escolha de um determinado método.
“Os cientistas políticos, de orientação tradicional ou moderna, reificam os seus sistemas reduzindo-os às suas partes em interacção. Por duas razões, a junção de tradicionalistas orientados pela história e modernistas orientados pela ciência pode parecer estranha. Primeiro, a diferença nos métodos que usam obscurece a similaridade da sua metodologia, isto é, da lógica que seguem suas investigações. ” (WALTZ, 2002, p.90)
Referências : 
ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BODART, Cristiano das Neves. Infraestrutura e superestrutura em Marx. Blog Cagé com Sociologia. com. Disponível em https://cafecomsociologia.com/infraestrutura-e-superestrutura-em-marx/. Acesso em 12/12/18
LÊNIN, Vladimir Ilitch. As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo, 1913.
LÊNIN, Vladimir Ilitch. O Estado e a Revolução, 1917.
MARTINS, José Ricardo. Immanuel Wallerstein e o sistema-mundo: uma teoria ainda atual?. Iberoamérica Social: revista-red de estudios sociales (V), pp. 95-108. Recuperado de https://iberoamericasocial.com/immanuel-wallerstein-e-o-sistema-mundo-uma-teoria-ainda-atual/. Acesso em 12/12/18.
MARX, Karl. A ideologia alemã. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.
MARX, Karl. O capital da crítica da Economia Política- Livro 1: o Processo de Produção do Capital. Editorial Bomtempo, 2008.
NOGUEIRA, J.P.; MESSARI, N. Teoria das Relações Internacionais- Correntes e Debates. Editora Elsevier, 2005.
NUNES, J. Para que serve a teoria das Relações Internacionais?. Relações Internacionais, Lisboa,n.36,p.11-22,dez.2012.
WALLERSTEIN, I. . O sistema mundial moderno. Vol. I: a agricultura capitalista e as origens da economia-mundo europeia no século XVI. Porto: Ed. Afrontamentos, 1976.

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