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c O livro Coronelismo, enxada e voto - O município e o regime representativo no Brasil foi publicado em 1948 pelo jurista brasileiro Victor Nunes Leal. Sua tese traz uma importante análise regional sobre a raiz do coronelismo - chefes locais controlando o processo político através de sua influência para com fazendeiros mais pobres - e a vida social e política brasileira do século XIX. Leal argumenta que o coronelismo é uma manifestação do poder privado no regime representativo, uma troca de favores entre o poder público e os senhores de terras. Baseado no Sistema de Reciprocidade, em que esses chefes locais em troca de favores, de empregos, força policial e sobretudo dinheiro para construção e melhoramento da cidade dispõe de eleitores para eleições estaduais e federais. O autor ainda acrescenta que essa estrutura é mutualmente dependende, sem o auxílio do Estado os “coroneis” tem seu poder enfraquecido e se os “coroneis” não tivessem influência não haveria reciprocidade de favores. Ademas os coronel possuiam um alto nível de riqueza, bem como grandes e médias propriedades bem produtivas, o que facilitava a autoridade sobre a maioria dos sertanejos, que viviam em profunda miséria, sem estudo, sem assistência médica, não possuindo acesso a nóticias viam no coronel uma esperança. Assim se estabelecia o voto de cabresco: os coroneis prometiam uma vida melhor a esses fazendeiros pobres e, em troca os mesmos votavam em quem o coronel mandava, iludidos que estariam lutando pelo próprio bem. E como os caponeses não dispunham de dinheiro nem para o próprio sustento, também não tinham dinheiro para arcar com as despesas eleitorais, assim os chefes locais bancavam estadia, passagem, refeições, roupas e tudo que fosse necessário para que eles fossem votar. Em suma o coronelismo é um problema de estrutura econômica e política baseado no paternalismo, no filhotismo e no mandosnismo. Em que chefes locais prometem a seus condescendentes favores em troca de voto, prometem voto aos políticos estaduais em troca de favores de ordem política - nomeando cargos estaduais, participando de decisões importantes e recebendo dinheiro para obras municipais.
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