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Crime de Rixa

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Crim� d� Rix�
O delito em questão está previsto no art. 137 do CP
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena — detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
A rixa é uma luta desordenada, marcada pelo tumulto, que envolve a troca de agressões
por pelo menos três pessoas, em que os lutadores visam todos os outros
indistintamente.
Atenção!
Não há crime de rixa quando há vários lutadores, porém pertencentes a dois grupos
perfeitamente identificados lutando entre si. Nesse caso, os integrantes do grupo
respondem pelas lesões causadas pelos opositores e vice-versa.
A JURISPRUDÊNCIA, todavia, vem reconhecendo o crime de rixa quando se inicia uma
troca de agressões entre dois grupos distintos, mas, em razão do grande número de
envolvidos, surge tamanha confusão que, durante seu desenrolar, torna-se inviável
identificar os componentes de cada grupo. Em tais casos, em que é impossível saber
quem atingiu quem, fica prejudicada a punição por crime de lesão corporal, restando
punir os agentes por crime de rixa.
À título de exemplo:
Em algumas brigas de torcedores em que o número de envolvidos é tão elevado que se
torna impossível a identificação das partes, pois nem todos estão identificados com as
camisas de seus times.
Jurisprudência:
“Conceitua-se a rixa como sendo lutas que surgem inopinadamente envolvendo várias pessoas
que, voluntariamente, adentram no palco dos acontecimentos para o que der e vier, figurando
como agressoras e agredidas ao mesmo tempo”
(Tacrim-SP — Rel. Silva Pinto — Jutacrim 87/434); “O delito de rixa caracteriza-se pela
confusão ou tumulto e pela participação de vários contendores, sem que se possa saber a
atuação hostil de cada participante. Assim, encontrando-se determinada a posição de cada
agente, não há falar-se na infração” (Tacrim — Rel. Castro Duarte — Jutacrim 52/266); “Tipifica
o delito de rixa a participação no conflito sem o objetivo de separar os contendores, sendo
irrelevante que não tenha sido definida exatamente a autoria das lesões” (Tacrim-SP — Rel.
Manoel Pedro — Jutacrim 13/373); “A rixa é delito de multidão, isto é, de um grupo mais ou
menos elevado de pessoas que se agridem mútua e indiscriminadamente, impossibilitando ou
dificultando a perfeita determinação do modo de agir de cada um no desenrolar da contenda”
(Tacrim-SP — Rel. Silvio Lemmi — Jutacrim 43/377); “Caracteriza-se o delito de rixa por uma
confusão originária e por isso mesmo conceitual, bem como pela subitaneidade correlata,
traços que, também por isso, impossibilitam ou dificultam a apuração da conduta de cada um
dos rixentos” (Tacrim-SP — Rel. Italo Galli — RT 412/307);
“Responderá por participação na rixa quem, inicialmente, tem intenção de separar os dois
briguentos, mas, quando da confusão generalizada, dela é parte integrante e ativa.
Inteiramente prejudicado o alegado ânimo de apartar os contendores quando o pacificador se
transforma em mais um briguento” (Tacrim-SP — Rel. Chiaradia Netto — Jutacrim 5/15).
Objetividade jurídica
A vida e a saúde das pessoas envolvidas na luta.
Tipo objetivo
A conduta típica é “participar de rixa”, que significa tomar parte na troca de agressões desferindo chutes,
socos, pauladas etc. Alguns autores classificam a participação do indivíduo em:
a) Material — por parte daqueles que realmente integram a luta. Estes são os autores
do crime. Na rixa devem existir pelo menos três pessoas nessa condição. ( chamado de
partícipe da rixa)
b) Moral — por parte daqueles que incentivam os demais a tomarem parte no evento
por meio de induzimento, instigação ou qualquer outra forma de estímulo. O partícipe
moral, todavia, deve ser, no mínimo, a quarta pessoa, já que a tipificação do crime exige
pelo menos três na efetiva troca de agressões. ( chamado de partícipe do crime de
rixa.)
Sujeitos do delito
O crime de rixa enquadra-se no conceito de crime de concurso necessário, pois, para
sua configuração, mostra-se necessário o envolvimento de, no mínimo, três pessoas.
Neste número estão incluídos os menores de idade e doentes mentais.
➔ No delito em comento, as condutas são definidas como contrapostas, já que os
rixosos agem, indistintamente, uns contra os outros. Sendo assim, todos os
envolvidos são, ao mesmo tempo, autores e vítimas do crime.
Atenção: “a rixa é crime único praticado por três ou mais pessoas. Por isso, não
pode ser usada como exemplo de conexão por reciprocidade, já que o instituto da
conexão pressupõe a configuração de dois ou mais crimes, o que ocorre, por exemplo,
quando há dois crimes de lesões corporais (recíprocas).”
Consumação
Consuma-se o crime no momento em que se inicia a troca de agressões.
➔ crime de perigo abstrato em que a lei presume o perigo em razão do entrevero.
”Cuida-se de crime de perigo porque se configura com a simples troca de
agressões, sem a necessidade de que quaisquer dos envolvidos sofra lesão. Caso isso
ocorra e o autor das lesões seja identificado, responderá ele pela rixa e pelas lesões
leves. “
➔ A contravenção de vias de fato, porém, fica absorvida.
➔ Se alguém sofrer lesão grave ou morrer, a rixa será considerada qualificada.
Tentativa
Em regra não é possível, pois, ou ocorre a rixa e o crime está consumado, ou ela não se
inicia, e, nesse caso, o fato é atípico.
"Em geral, a rixa surge subitamente, ex improviso, sem prévia combinação e, se surgir, o
crime já se consumou.”
Contudo, atenção, o autor Damásio de Jesus observa a possibilidade de tentativa na rixa
ex pro posito, em que várias pessoas combinam uma briga entre si, na qual cada um
lutará indistintamente contra todos, casos em que marcam horário para a luta ocorrer.
Nesse caso, se a polícia foi avisada e evitar o início da violência recíproca, o crime
estará tentado.
Elemento subjetivo
É o dolo de integrar a luta.
Rixa qualificada
Art. 137, parágrafo único — Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,
aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois
anos.
“A rixa qualificada é um dos últimos resquícios de responsabilidade objetiva em nossa
legislação penal, uma vez que sua redação, bem como a explicação contida na Exposição
de Motivos do Código Penal, deixa claro que todos os envolvidos na rixa sofrerão maior
punição, independentemente de terem ou não sido os responsáveis diretos pelo
resultado agravador. Assim, se alguém morrer ou sofrer lesão grave, todos os que
tomaram parte na rixa receberão pena maior. Até mesmo a vítima das lesões graves
terá sua pena majorada, conforme entendimento pacífico da doutrina e da
jurisprudência”
“Se ocorre conflito generalizado, com a efetiva participação de três ou
mais pessoas, uma das quais sofre ferimento grave, configurada estará a
rixa qualificada (CP, art. 137, parágrafo único), crime pelo qual
responderão todos os contendores.
Identificado, porém, entre os rixentos, o autor da lesão, responderá ele, e
somente ele, pelos crimes de rixa qualificada e lesão grave, em concurso
material” (TJRJ — Rel. Raphael Cirigliano — RT 550/453); “Não se exime
da pena de rixa qualificada o participante que sofre a lesão de natureza
grave. Não se trata de puni-lo pelo mal que sofreu, mas por ter tomado
parte na rixa, cuja particular gravidade é atestada precisamente pela
lesão que lhe foi infligida” (Tacrim-SP — Rel. Ferreira Leite — RT
423/390); “Sendo incerta a autoria da lesão recebida por um dos
rixentos, todos os partícipes, inclusive o ferido, respondem pela infração
agravada” (Tacrim-SP — Rel. Cunha Camargo — Jutacrim 22/235).
➔ Se for descoberto o autor do resultado agravador, ele responderá pela rixa
qualificada em concurso material com o crime de lesões graves ou homicídio
(doloso ou culposo, dependendo do caso concreto), enquanto todos os demais
continuarão respondendo pela rixa qualificada
➔ A qualificadora se aplica, quer o resultado tenha ocorrido em um dos integrantes
da rixa, quer em terceiro que passava pelo local e apenas assistia à luta.
➔ Se ocorrerem várias mortes, será reconhecida apenas uma rixa qualificada,
devendo a pluralidadede mortes ser levada em conta na fixação da pena-base.
Em caso de tentativa de homicídio perpetrada durante a luta em que a vítima não sofra
lesão grave, não se reconhece a qualificadora. Por isso, se identificado o autor da
tentativa de homicídio, ele responde por esse crime em concurso material com rixa
simples e, para os demais integrantes da briga, aplica-se somente a pena da rixa
simples.
➔ Se o agente tomou parte da rixa e dela se afastou antes da morte da vítima,
responde pela forma qualificada, com o argumento de que, com seu
comportamento anterior, colaborou para a criação de condições para o
desenrolar da luta, que culminou em resultado mais lesivo. Por outro lado, se ele
entrou na luta após o evento morte, responde apenas por rixa simples.
Bibliografia: Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado® : parte
especial – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado® / coordenação
Pedro Lenza.)

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