Prévia do material em texto
0 1 1 Introdução A eletroterapia é uma técnica que faz o uso de correntes elétricas com objetivos terapêuticos e estéticos. Essa terapia era utilizada para melhora de dores e desconfortos em pacientes. No início, peixes com cargas elétricas eram usados em indivíduos com gota; assim que ocorria a descarga de energia, sentia-se uma melhora na analgesia. Com o passar dos anos, as técnicas de eletroterapia foram se aprimorando, até chegar nos dias atuais, em que ela é utilizada para diversos tratamentos, incluindo os estéticos (ROSA; LOPES, 2018). De modo geral, a eletroterapia tem o objetivo de realizar efeitos terapêuticos no tecido e, para isso, podem ser utilizados agentes físicos, que são materiais ou ações empregados para obter ou estimular uma resposta fisiológica no organismo (AGNE, 2013). Muitas vezes há um déficit de energia celular no organismo; devido a isso, necessita-se de uma fonte externa de energia para que haja uma energização e gere-se uma capacitância celular – ou seja, para que capacitem essas células a voltarem à sua homeostase. Para isso, são utilizados os agentes físicos terapêuticos (ROSA; LOPES, 2018). Os agentes físicos podem ser ionizantes ou não ionizantes. Na Estética, utiliza- se os agentes não ionizantes, como o ultrassom, o laser e a eletroterapia. A radiação desses equipamentos não causa a estimulação ou a formação de células tumorais, pois utiliza um espectro eletromagnético que não é capaz de romper uniões anatômicas (PEREIRA, 2014). No entanto, mesmo que não causem ou estimulem células tumorais, pacientes que fazem ou passaram por tratamentos oncológicos, como quimioterapia são contraindicados para a técnica de eletroterapia. Isso ocorre porque, apesar de serem agentes não ionizantes, podem ser lesivos ao tecido (ROSA; LOPES, 2018). Os agentes físicos ionizantes, por sua vez, utilizam um espectro de energia que é capaz de provocar alterações moleculares que podem causar lesões tanto no tecido quanto no DNA celular. São exemplos de equipamentos que utilizam radiação ionizante o raio X, raios gamas e a radioterapia, os quais tratam-se de agentes não terapêuticos que podem causar efeitos irreversíveis (PEREIRA, 2014). Os agentes físicos não ionizantes podem utilizar formas de energia diferentes: elétrica, térmica, cinética, mecânica, sonora e luminosa. Sempre deve-se estar atento à energia e ao objetivo do equipamento. Abaixo, há alguns exemplos de recursos que utilizam esses diferentes tipos de energia (ROSA; LOPES, 2018): 2 1. Elétricos: microgalvanopuntura, microcorrentes, TENS, corrente russa e corrente aussie; 2. Eletromagnético: radiofrequência; 3. Mecânicos: vacuoterapia, endermoterapia, ondas de choque e plataformas vibratórias. A partir das ondas mecânicas, tem-se as ondas sonoras e, com isso, os equipamentos sonoros que geram essas ondas; 4. Térmico: criolipólise; 5. Luminosos: infravermelho, laser, LED e luz intensa pulsada (LIP). Os agentes físicos causam uma interação física sobre o tecido (meio biológico); como consequência, tem-se os efeitos fisiológicos, os quais podem ser a nível de uma resposta primária, causando alterações bioquímicas, ou a nível celular. É possível que ocorram, também, respostas secundárias, que ocorrem a nível tissular e orgânico (AGNE, 2017). Os equipamentos, quando bem utilizados, irão gerar respostas adequadas; no entanto, se houver alguma falha, como descalibração do equipamento ou erros de parâmetros, pode ser gerada uma resposta inadequada capaz de ocasionar lesões no tecido (AGNE, 2017). A eletricidade é uma das formas básicas de energia que pode produzir efeitos sobre os tecidos biológicos. A eletroterapia consiste no uso de correntes elétricas dentro da terapêutica, e a eletroestética é a utilização da eletroterapia em alterações estéticas com o objetivo de melhorar as afecções (KITCHEN, 2003). Antes de trabalhar com os equipamentos de eletroterapia, é necessário lembrar de alguns conceitos importantes, como (KITCHEN, 2003): - Átomos: são as menores moléculas do corpo, sendo formados pelos prótons, elétrons e nêutrons, que possuem diferentes cargas elétricas; - Atração e repulsão: moléculas com cargas elétricas possuem uma interação entre as cargas celulares. Energias contrárias se atraem e cargas do mesmo sinal se repulsam; - Campo elétrico: ao redor de todas as partículas carregadas ocorre um campo elétrico, e é através dele que a força elétrica das partículas carregadas é transmitida para as moléculas; - Corrente elétrica: a corrente pode ser definida como uma quantidade de carga (q) que se move por um condutor por unidade de tempo (t). A corrente elétrica pode ser medida por um amperímetro, sendo a sua unidade de medição o 3 Ampére (A). Na Estética, são utilizadas correntes elétricas menores que não causam lesões graves nos tecidos. A corrente elétrica é o fluxo da carga elétrica, geralmente de elétrons (-); ou seja, o movimento de partículas carregadas através de um condutor em resposta a um campo elétrico aplicado. Para produzir uma corrente elétrica e uma interação entre o meio, é necessário ter partículas carregadas e meios condutores (MACHADO, 2002). Os íons em líquidos corporais são os meios condutores para a corrente elétrica. É necessário fazer a aplicação de uma força motriz nos equipamentos para mover essas partículas, que nada mais é do que as voltagens aplicadas nos equipamentos (MACHADO, 2002). Devido aos íons presentes nos líquidos corporais serem os meios condutores para a corrente elétrica, tecido mais hidratados, ou seja, com uma maior quantidade de água, possuem uma melhor capacidade de conduzir a corrente elétrica. No corpo humano podemos encontrar meios que são bons condutores, médios condutores ou pouco condutores (MACHADO, 2002): 1. Pouco condutores: osso, gordura, pele seca, pelos e unhas; 2. Condutores médios: pele úmida, tensões, fáscias grossas e cartilagens; 3. Bons condutores: sangue, linfa, líquidos corporais, músculos, vísceras e tecido nervoso. Os tecidos biológicos contêm partículas carregadas em soluções na forma de íons, como, por exemplo, sódio (Na +), potássio (K +) ou cloreto. Por possuir íons livres que se movimentam quando expostos a correntes eletromotoras, o corpo humano, em geral, é um bom condutor. Devido à característica de bons condutores elétricos, os seres humanos possuem a sensação de choque (MACHADO, 2002). Há diferentes tipos de correntes elétricas (AGNE, 2017): 1. Correntes contínuas ou polarizadas: esse tipo de corrente elétrica possui um fluxo unidirecional e contínuo; um exemplo é a corrente galvânica. Possuir um fluxo unidirecional significa que a corrente permanece em apenas um polo – no positivo ou no negativo – sem sofrer alterações. Os dois polos possuem efeitos diferentes no corpo humano: o polo positivo repele a água, é anestésico, produz ácido, diminui o pH, e é vasoconstritor. Já o polo negativo tem como características: atrair a água, ser estimulante, produzir base, aumentar o pH e ser vasodilatador; 4 2. Corrente alternada: possui um fluxo bidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas eletricamente carregadas. Esse tipo de corrente utiliza os dois polos (positivo e negativo) e oscila entre eles. É uma corrente bifásica ou bipolar; 3. Corrente pulsada: contém três ou mais pulsos agrupados ao mesmo tempo. Esses pulsos são interrompidos por pequenos períodos de tempo e se repetem em intervalos regulares. O tempo de duração de pulso é o tempo de duração que a energia passa pelo tecido. As correntes podem ter diferentes efeitos no tecido, que podem ser agrupados em: eletroquímicos – toda vez que a corrente entra no tecido gera um efeito e faz uma alteração química entre as células, resultandoem um efeito terapêutico –, motor, sensitivo ou de aporte energético (PEREIRA, 2014). Os tecidos biológicos possuem uma resistência à corrente elétrica, que depende da natureza desses tecidos e da frequência de estimulação; essa característica é conhecida como impedância. Quanto mais alta a frequência aplicada nos aparelhos, mais baixa a impedância em relação aos tecidos; ou seja, menor a resistência à corrente elétrica (PEREIRA, 2014). A impedância é variável e alguns fatores podem influenciá-la, podendo aumentá-la ou diminuí-la, como, por exemplo, temperatura, umidade, espessura da pele, suor, gordura e pilosidade. Ao aplicar uma corrente elétrica no paciente, o objetivo é ter uma baixa impedância para que essa corrente consiga passar pelos tecidos e gerar os efeitos desejados (MACHADO, 2002). Eletrodos, quando colocados em pontos errados, quando autoadesivos, ou quando os cabos não estiverem bem conectados, podem aumentar a impedância. Devido a isso, é necessário utilizar bons eletrodos – para isso, o profissional deve estar apto para aplicá-los, e eles devem ser bem acoplados no tecido (ROSA; LOPES, 2018). Temperatura elevada, umidade, tecidos mais espessos, suor, gordura – pois é um mau condutor – e pilosidade são exemplos de fatores que aumentam a impedância (ROSA; LOPES, 2018). Além disso, é necessário saber a diferença entre três conceitos: capacitância, resistência e condutância. A capacitância é a propriedade que permite que um sistema armazene carga; resistência é a oposição ao movimento de partículas carregadas em um condutor; e condutância é a facilidade relativa com a qual as 5 partículas carregadas se movem em um meio, ou seja, a capacidade de um tecido ou célula de conduzir energia (MACHADO, 2002). Além dos eletrodos, potência, frequência e intensidade são importantes parâmetros que devem ser ajustados corretamente nos equipamentos para se ter bons resultados. A potência dos equipamentos é a velocidade com que o aparelho converte a energia elétrica em trabalho, sendo medida em (W). Esse parâmetro indica qual é a quantidade de energia elétrica que é transformada em outro tipo de energia por unidade de tempo. Muitas vezes, a potência dos equipamentos já é pré-definida pelos fabricantes e não pode ser alterada (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2010). A frequência está relacionada ao número de vezes que um fenômeno se repete em um intervalo de tempo, e a sua unidade de medida é em Hertz (Hz). Os equipamentos podem ser classificados em baixa, média e alta frequência (DINGLEY; FRANCIS, 2015). A pele tem, como característica, agir como uma resistência linear e como um capacitor. Para “vencer” essa resistência, a intensidade do equipamento deve ser aumentada, o que pode causar uma sensação desagradável no paciente. A resistência capacitiva decresce à medida que se aumenta a frequência, ou seja, frequência mais altas estão relacionadas a menor resistência da pele. A frequência é inversamente proporcional à resistência: quanto maior, menos ela penetra no tecido, enquanto frequências mais baixas penetram mais profundamente (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2010). A intensidade da corrente elétrica consiste na quantidade de carga elétrica que atravessa a secção reta de um condutor na unidade de tempo, sendo representada pela vogal I, e sua unidade de medida é o ampére (A). O aumento da intensidade do estímulo proporciona alcance profundo da corrente no tecido (DINGLEY; FRANCIS, 2015). A dose é a quantidade de energia que o tecido irá receber por cm², ou seja, é o fluxo iônico que passa pelo eletrodo em direção à pele em um certo tempo. Quanto menor a amplitude da corrente, maior o tempo de aplicação para que a mesma quantidade de íon seja transferida, ou vice-versa. Ao aumentar muito a intensidade de um equipamento, deve-se diminuir o tempo da ação, pois altas doses por um tempo muito grande podem causar efeitos adversos nos pacientes (ROBINSON; SNYDER- MACKLER, 2010). 6 A densidade é a quantidade de energia que cada porção do tecido receberá (cm²). Essa energia deverá ser absorvida em quantidade suficiente para estimular ou inibir um sistema sem saturá-lo ou lesá-lo (PETRA et al., 2015). Os eletrodos são os meios de contato com a pele, e são utilizados como forma de ligação entre o aparelho e o paciente para a aplicação da terapia. A dimensão, a constituição e a colocação dos eletrodos são, em geral, responsáveis por parte do êxito no resultado do tratamento. Quando não aplicados corretamente, podem levar ao desconforto e até a queimaduras ou lesões, em conjunto com parâmetros errôneos. Existem diferentes tipos de eletrodos (PETRA et al., 2015): - Eletrodos de placas de silicone: são aplicados com gel e precisam ser fixados no tecido para que fiquem bem posicionados. São reutilizáveis após a sua assepsia; - Eletrodos de placas autoadesivas: não precisam de gel, são reutilizáveis; - Esponjas: usados como passivos em terapêuticas que usam correntes elétricas com eletrodo ativo e outro ativo, e polos positivo e negativo. Deve ser umedecida em água e fixada com faixas ou fitas para fechar o campo elétrico; - Luvas: eletrodo no formato de luva, movimento ativo com as mãos do terapeuta; - Eletrodo de mão: caneta, bastão, rolo e gancho; - Agulha: aplicação subcutânea no tecido. É invasiva, no entanto, superficial; - Eletrodos de vidro: geralmente possuem um gás que gera uma corrente. A colocação do eletrodo irá depender de uma avaliação individual e de uma colocação correta, que varia de acordo com a corrente utilizada ou aparelho, além de levar em conta o objetivo do tratamento. Portanto, para aplicar recursos eletroterápicos, é preciso saber (PETRA et al., 2015): - Indicações; - Efeitos esperados; - Contraindicações; - Precauções; - Dosagens mínimas e máximas permitidas; - Efeitos adversos. Na eletroterapia, é necessário fazer uma boa avaliação dos pacientes antes de iniciar os tratamentos para evitar erros procedimentais, ter resultados efetivos, e não 7 ser surpreendido por resultados indesejáveis. Deve-se saber os reais benefícios das aplicações, e não se ater apenas ao manual do aparelho, pois os parâmetros devem ser adequados de acordo com os pacientes. Além disso, deve-se conhecer e entender a ação fisiológica da aplicação, garantindo resultados seguros e efetivos (DINGLEY; FRANCIS, 2015). 2 Terapias a vácuo As técnicas de ventosaterapia, endermoterapia e vacuoterapia possuem em comum a utilização do vácuo, ou seja, uma pressão negativa no tecido. Para esses recursos, são utilizadas manoplas diferentes com objetivos distintos no tecido (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). A ventosaterapia é a técnica que origina as outras. Ela é oriunda da medicina tradicional chinesa (MTC) que remonta pelo menos 2000 anos. Na medicina chinesa descobriram que colocando o fogo dentro de copos de saída única e aproximando da pele conseguiam criar um vácuo, dando origem, assim, à técnica de ventosaterapia (MOSELEY et al., 2007). Atualmente, é um recurso muito utilizado, e os materiais usados podem ser de vidro, acrílico ou silicone. Ela pode ser aplicada com o auxílio de fogo ou aplicador de vácuo (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). Quando voltada à medicina tradicional chinesa, ela é avaliada a partir da coloração que o tecido fica após a aplicação das ventosas. Com base nessa coloração, os profissionais avaliam se o tecido está com muitas toxinas ou não, tendo em vista que, para a medicina tradicional chinesa, essa técnica tem a propriedade de limpar o sangue das toxinas acumuladas no organismo. A estagnação do sangue que fica escuro e sujo, nos músculos das costas ou articulações, é considerado pela MTC como um dos elementos causadores de doenças (MOSELEY et al., 2007). Através dos efeitos da ventosaterapia foi criada a endermologia, que é um método mecânicocom o objetivo de copiar as técnicas de massagem manual por meio de pressão negativa. Outro nome dado a essa técnica é LPG, em homenagem a quem criou esse aparelho, Louis-Paul Guitay (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). O equipamento de LPG possui rolos motorizados, os quais sugam os tecidos devido à pressão negativa e giram em lados opostos ou do mesmo lado. Esses rolos, ao girarem, fazem a massagem no tecido de forma mecânica (CHANG et al., 1998). 8 O equipamento possui uma mangueira de vácuo acoplada a motores separados para os dois rolos de massagem, que trata efetivamente a pele e o tecido. O uso desses aparelhos preconizam que, sob a pele, o paciente esteja usando uma malha de contenção corporal a fim de proporcionar higiene ao tratamento e atenuar possíveis desconfortos provocados pela formação da prega cutânea produzida através da força do vácuo, facilitar manobras e o deslizamento da manopla em todas as direções e manter a integridade do tecido conjuntivo (MOSELEY et al., 2007). O equipamento de endermologia criado por Louis Paul Guitay é uma patente, e é chamado de Endermologie ®. Outros fabricantes criaram um equipamento com cabeçote parecido para não copiar exatamente o aparelho de LPG, tendo em vista que o mesmo é patenteado – esses equipamentos são chamados de endermologia (CHANG et al., 1998). A diferença do equipamento de endermologia para o de Endermologie ® é que esse não possui rolos que giram de forma automática. Os rolos da endermologia se movimentam pela pressão feita no tecido, enquanto o de LPG é motorizado e sofre uma parametrização (MOSELEY et al., 2007). Figura 1 - Movimentos que os rolos do © LPG podem fazer no tecido 9 Fonte: MEZENCEVOVÁ et al., 2017. Na aplicação da endermologia ou endermoterapia, não é necessária a malha de contenção, pois possuem uma aplicação menos agressiva que o LPG. Os cabeçotes desses equipamentos podem variar de tamanho, que se adaptam conforme a região a ser tratada. Além disso, os cabeçotes podem alterar de tamanho conforme os fabricantes (MOORTGAT et al., 2016). A vacuoterapia é uma técnica que utiliza equipamentos com pressão negativa com os mesmos preceitos da endermoterapia, mas sua manopla não possui nenhum tipo de rolo. Os seus aplicadores são de plástico, acrílico ou vidro, podendo o profissional acompanhar a movimentação do tecido durante a aplicação. Essa técnica pode ser chamada, também, de eletrosucção (MEIRTE et al., 2016). É uma técnica de aspiração que atua principalmente a nível hipodérmico, realizando uma massagem que utiliza pressão negativa. A profundidade da aplicação irá depender da pressão utilizada. As ponteiras utilizadas na vacuoterapia podem ser grandes ou pequenas de acordo com as regiões que forem tratadas (MEIRTE et al., 2016). Figura 2 - A massagem a vácuo cria uma prega cutânea e faz a mobilização dessa prega. Fonte: MOORTGAT et al., 2016. Tanto a vacuoterapia quanto a endermoterapia são consideradas técnicas de massagem mecânicas não invasivas que utilizam uma pressão negativa. Elas realizam a estimulação mecânica dos tecidos, causando estímulos teciduais os quais 10 iniciam com uma hiperemia, que aumenta a permeabilidade dos vasos e acaba por estimular os efeitos desejados da técnica (INNOCENZI; BALZANI; PANETTA, 2002). Estudos mostram o uso da terapia de vácuo para cicatrizes. Conforme a literatura, a técnica estimula os fibroblastos e, com isso, aumenta a produção de colágeno e elastina. No entanto, os estudos presentes utilizam o LPG, o qual possui um rolo motorizado e pode-se selecionar a frequência do equipamento. Devido a isso, é importante verificar os equipamentos presentes no mercado e analisar se eles possuem parametrizações ou não antes de iniciar qualquer tratamento com essas terapias (MEIRTE et al., 2016). Todas as vezes em que há fibrose em algum tecido, há um aumento do tecido granular neste local, pois a fibrose é uma resposta do organismo a uma lesão ou inflamação. Ela ocorre quando existe um desequilíbrio da regeneração tecidual (MÁRQUEZ-REBOLLO et al., 2014). Sempre que há uma inflamação, posteriormente se dá início ao processo de regeneração tecidual. Ao estimular o tecido, ocorre um estímulo fibroblástico, e esse fibroblasto promove a síntese de colágeno e elastina. Devido a esse processo, essas terapias podem ser utilizadas para afecções estéticas, como celulite e fibroses (MÁRQUEZ-REBOLLO et al., 2014). A literatura comprova que a técnica de LPG causa um aumento de núcleos de fibroblastos, além da melhora da vascularização do tecido. Conforme um estudo, a liberação de fatores de crescimento causada por forças mecânicas é associada a um aumento significativo da matriz extracelular e aumento de colágeno tipo I, III, IV e XII, fibronectina, b-actina e tenascina-C (INNOCENZI et al., 2003). A estimulação mecânica é capaz de induzir mudanças a nível vascular e cutâneo através de fatores específicos de crescimento, como TGF-𝛽 e VEGF, ocorrendo proliferação do endotélio vascular. Um resultado importante observado com o uso dessa técnica é o aumento do número de fibroblastos e a diminuição do espaço intersticial, o que faz com que o tecido tenha uma melhor acomodação e é responsável pela melhora visual das cicatrizes (MAJANI; MAJANI, 2013). As forças de sucção geradas pela massagem a vácuo provocam uma série de forças mecânicas dentro dos tecidos. Esse efeito gera a apoptose de miofibroblastos, com isso, há uma parada da produção de colágeno e elastina, o que também causa uma melhora das cicatrizes hipertróficas e acúmulo de colágeno (MAJANI; MAJANI, 2013). 11 O que irá definir o efeito da vacuoterapia será a parametrização dos equipamentos, pois, como já visto, a vacuoterapia pode ser utilizada para afecções distintas, como flacidez e cicatrizes, por exemplo. No primeiro caso, é necessária a estimulação do tecido para produção de novas fibras. No segundo, o objetivo é diminuir a produção de fibras elásticas e colágeno para melhora das cicatrizes; ou seja, são efeitos contrários. Por isso, a parametrização dos equipamentos é essencial ao fazer o procedimento estético (INNOCENZI; BALZANI; PANETTA, 2002). O estresse mecânico causado pela pressão negativa é capaz de alterar o fenótipo do fibroblasto, modificando a sua função normal para secretor. A nível epidérmico ocorre a indução do aumento da síntese de DNA e a proliferação de queratinócitos; já a nível dérmico ocorre a indução do aumento da proliferação de fibroblastos via aumento da síntese de DNA. Quando a aplicação do estresse mecânico cessa, os fibroblastos entram na fase de divisão G0 e G1 e a síntese do DNA diminui até ela parar totalmente (MARQUES et al., 2011). Os macrófagos que aparecem no início da resposta à cicatrização de feridas também são os principais produtores de TGF-ꞵ, que é, indiscutivelmente, um dos principais fatores de fibrose. Estudos sugeriram que a fonte celular de TGF-ꞵ1 determina sua atividade com TGF-ꞵ1 derivado de macrófagos, geralmente mostrando atividade pró-fibrótica e cicatrizante e TGF-ꞵ1 secretado pelas células reguladoras CD4+T (células treg), funcionando como um anti-inflamatório e mediador antifibrótico. Toda vez que temos um controle dos fatores de crescimento há uma melhora do tecido (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). São efeitos das técnicas (MOORTGAT et al., 2016): - Vasodilatação e melhora do fluxo sanguíneo; - Perfusão e metabolismo dos tecidos; - Melhora da tonificação tissular; - Hidratação, oxigenação e nutrição celular; - Absorção de restos metabólicos; - Mobilização e reabsorção de gases e líquidos estagnados; - Analgesia tecidual e muscular; - Aumento do lúmen vascular; - Mecanotransdução: diminuição dos tecidos fibróticos; - Reorganização tecidual e diminuição fibrótica; 12 - Aumento de fibroblastose colágeno: parametrização de frequência nos equipamentos; - Estimulação e purificação dos gânglios linfáticos por efeito reflexo/simpático. Toda vez que há vasodilatação em algum local, ocorre uma maior perfusão sanguínea e, consequentemente, uma melhor oxigenação e nutrição tecidual, que acaba por melhorar a hidratação do tecido também. Através da absorção de resíduos metabólicos há uma redução de líquidos estagnados por uma via reflexa do sistema, sendo este um efeito que ocorre de forma secundária (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). Outra técnica de ventosagem conhecida é a dermotonia, que é uma técnica aplicada de forma contínua ou pulsada para descongestionar os tecidos estimulando as zonas congestionadas, chamadas dermalgias. Nessa técnica são utilizados pontos de trabalho que usam as zonas reflexas de efeitos. Por exemplo, um paciente que possui dor na região ventral e, por algum motivo, não pode receber a aplicação nessa região específica – nesse caso, faz-se a técnica na região dorsal em um ponto específico que cause o efeito na região ventral, ou seja, em zonas reflexas de efeitos (MACHADO et al., 2013). Através da dermotonia surgiram dois novos conceitos: depressomassagem e depressomassagem linfática, sendo que essa última acontece por via reflexa e é igual a drenagem linfática manual. São técnicas diferentes que podem ter como efeito a redução de edema e equimoses por conta da diminuição dos líquidos estagnados (MACHADO et al., 2013). São indicações das técnicas que utilizam pressão negativa (ROSETTI, 2006): - Fibroses; - Cicatrizes fibróticas; - Celulite fibrótica; - Aderências; - Estrias; - Cicatrizes atróficas; - Cicatrizes hipertróficas; - Complemento às técnicas de remodelamento corporal: a vacuoterapia não causa lipólise adipocitária. Por isso, não deve ser a terapia principal para 13 diminuição de gordura localizada. Ela pode ser utilizada para remodelamento, e não emagrecimento; - Desordens musculares. Deve-se ter cuidado com cicatrizes queloideanas, pois quando aplicada a vacuoterapia pode ocorrer uma intercorrência e não gerar os efeitos desejados. Devido a isso, é extremamente importante avaliar corretamente a cicatriz, classificando-a como hipertrófica ou queloideana (MACHADO et al., 2013). São contraindicações das técnicas que utilizam essa pressão negativa (ROSETTI, 2006): - Fragilidade vascular; - Tumores; - Aplicação em olhos ou ouvidos; - Hipertensão arterial não controlada: vácuo gera hiperemia que está associada ao aumento do fluxo sanguíneo; - Sobre útero gravídico; - Pacientes em tratamento com anticoagulantes; - Flebites e tromboflebites; - Pacientes com sensibilidade diminuída, pois não conseguem dar um feedback de dor. Para evitar efeitos adversos ou então intercorrências nas técnicas é necessário ter conhecimento sobre os parâmetros que podem ser utilizados. O vácuo pode ser aplicado de forma contínua ou pulsada, sendo que na primeira forma ele gera uma pressão negativa intermitente no tecido (MAJANI; MAJANI, 2013). A pressão negativa é medida em mmHg, sendo que a maioria dos autores recomendam que se utilize no máximo - 400 mmHg para uma aplicação segura. Essa pressão pode variar de 0 a - 400 mmHg, variando de acordo com o objetivo do tratamento e de como a pele do paciente irá reagir a essa pressão (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). O tempo de aplicação é variável. No equipamento sempre terá que elencar um período para que o mesmo comece a funcionar, no entanto, não há um tempo mínimo de aplicação. Alguns autores relatam que deve-se fazer o procedimento até alcançar a hiperemia, ou dependendo do objetivo da indicação e alteração estética (WEIDENHAMER; TRANQUILLO, 2013). 14 A direção de aplicação também é variável e depende da alteração e do tecido. Por exemplo, devido ao colágeno ser uma molécula tridimensional, se o objetivo do tratamento é estimular a síntese de colágeno, deve-se fazer a aplicação do vácuo em todas as direções para redimensionar essas fibras e promover um estiramento desse tecido. Para remodelamento corporal, a aplicação irá variar conforme a região (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Para celulite e fibrose, os autores indicam que não se use meios deslizantes para que consiga fazer um adequado estiramento mecânico do tecido e realizar a reorganização tecidual e celular. Cuidar para não exercer uma pressão excessiva pois além de causar um estiramento muito grande, dificulta o movimento do paciente e o deslizamento da manopla (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). 3 Microgalvanopuntura Os efeitos fisiológicos da microgalvanopuntura iniciam com a produção de calor. Esse calor é gerado pelo atrito dos íons que são dispersos pelo eletrodo durante sua passagem pelo tecido, com os íons presentes no tecido biológico. Esse atrito gera um aumento de temperatura e a somatória dessa ação promove o chamado efeito Joule, ou seja, produção de calor local (BITENCOURT et al., 2016). A aplicação da corrente contínua no tecido tende a gerar um efeito térmico e as respostas térmicas relacionadas a isso. Observa-se um aumento do metabolismo, que é decorrente da vasodilatação, e aumento da oxigenação e nutrição celular. Além disso, há um crescimento da ação de defesa do organismo, e devido à vasodilatação ocorre um aumento de elementos fagocitários, principalmente pelo polo negativo (FERREIRA et al., 2018). Conforme a corrente passa no tecido ocorrem modificações internas, devido à capacidade da corrente de fazer a atração e repulsão de íons. Geralmente os equipamentos possuem a cor dos eletrodos positivos e negativos padronizados, sendo o positivo indicado pela cor vermelha e o negativo pela cor preta (BITENCOURT et al., 2016). O polo positivo é responsável por repelir os íons positivos (anaforese), atrai íons negativos, causa efeitos analgésicos, sedantes, vasoconstritores, desidratantes, além de deter sangramentos, estimular a produção de ácidos, e com isso, reduzir o pH (FERREIRA et al., 2018). 15 Já o polo negativo é responsável por repelir os íons negativos (cataforese), atrair íons positivos, ter ação estimulante e irritante, causar vasodilatação, ser hidratante, causar sangramento, estimular a produção de base e consequentemente aumentar o pH (FERREIRA et al., 2018). A corrente galvânica também pode ser utilizada para a técnica de desincruste, que faz o uso dessa corrente para remoção do sebo do tecido. Em 1952 foi criado o eletrolifting, com a finalidade de produzir um “levantamento” na pele e de estruturas adjacentes. O termo eletro deriva de eletricidade/corrente elétrica, e lifting tem origem inglesa, com significado de levantamento (BESSA; BESSA, 2019). O objetivo da técnica é estimular a produção de colágeno através dos efeitos fisiológicos desencadeados pela aplicação da corrente galvânica. Com isso, pode melhorar afecções estéticas, como rugas, por exemplo. A técnica consiste na utilização da corrente galvânica, e na ponta do eletrodo usa-se uma “caneta”, sendo uma aplicação não invasiva, apenas sobre a pele, que pode gerar uma escoriação. Há algumas nomenclaturas correlatas que têm sido utilizadas em estudos, como: corrente contínua filtrada, galvanopuntura, microcorrente galvânica ou microcorrente galvânica invasiva (BESSA; BESSA, 2019). A microgalvanopuntura utiliza, na ponta da caneta, uma agulha fina que causa uma puntura no tecido para gerar uma inflamação controlada, aumentando a síntese de colágeno e elastina. O eletrodo ativo é a caneta, e o passivo é uma esponja dentro da qual há uma placa de metal. O eletrodo passivo deve ser embebido em água e ser colocado no paciente próximo à região de aplicação, e pode ser fixado com o auxílio de fitas (BESSA; BESSA, 2019). Figura 3 - Eletrodo ativo (caneta com agulha) e eletrodo passivo (conectado auma esponja) 16 Fonte: Manual do Equipamento Endstria. O estímulo físico da agulha desencadeia uma inflamação aguda localizada, não apresentando qualquer efeito sistêmico. No entanto, a intensidade e duração desse processo inflamatório depende da intensidade da corrente utilizada e da capacidade reacional do paciente (FIGUEIREDO et al., 2014). Há dois estímulos: o da punturação da agulha/injúria da agulha no tecido, e o que advém dos efeitos da corrente contínua que adentram no tecido juntamente com a água. O efeito do polo negativo é local, ocorrerá apenas onde for aplicada a punturação da agulha, mas a intensidade e a duração do processo inflamatório irá depender dos parâmetros utilizados e também do modo de aplicação. Por exemplo, se em uma estria pequena forem utilizadas 10 punturações, e em outra de tamanho e característica igual forem utilizadas 30, é certo que nesta última terá um processo inflamatório maior (SILVA et al., 2017). Após a lesão, inicia-se um quadro de hiperemia e edema, desencadeados pela tensão, responsável pela vasodilatação e aumento da permeabilidade cutânea. Quando inserida na epiderme, a agulha provoca uma lesão traumática que irá ativar os mediadores inflamatórios que acionados interagem gerando respostas celulares e vasculares (GONDIM, 2012). Essa técnica baseia-se tanto no estímulo físico provocado pela agulha, quanto na corrente galvânica propriamente dita que irão desencadear uma resposta inflamatória no tecido tratado e, consequentemente, estimulará a produção de colágeno (FIGUEIREDO et al., 2014). É dito que a microgalvanopuntura é uma técnica não invasiva apenas superficial pois a agulha adentra somente na epiderme e, no máximo, atinge a derme, nunca chegando na hipoderme, no tecido muscular ou fáscia (HENEINE, 2010). 17 Os efeitos da corrente microgalvânica consistem em promover alterações fisiológicas devido à ação da corrente sobre as proteínas que se encontram dispersas na substância fundamental na derme (OLIVEIRA, 2013) Estas modificações ocorrem ao redor da agulha (polo ativo), atingindo o ponto isoelétrico de algumas proteínas, promovendo a sua precipitação para, consequentemente, ocorrer uma estabilização e incrementação proteica conforme forem realizadas as sessões de tratamento, reorganizando o tecido conjuntivo local (WHITE, 2008). O padrão de aplicação após a sessão tende a ser o mesmo, no entanto, pode ter alterações devido às características da pele de cada paciente, e, também à intensidade e à duração da reação (OLIVEIRA, 2013). Com a aplicação de uma agulha através do polo negativo de uma corrente, temos a ação de uma inflamação controlada (aguda). É preciso que essa inflamação não se exacerba, pois pode gerar uma hipercromia pós-inflamatória e uma lesão tecidual. É uma lesão que é feita para estímulos celulares necessários que causem a regeneração tecidual (SILVA et al., 2017). Os efeitos se iniciam na vasodilatação, quando ocorre aumento da circulação sanguínea que aumenta a nutrição e oxigenação celular. Observa-se edema e aumento da permeabilidade dos vasos, por isso, após a aplicação, pode-se fazer a utilização de fármacos, pois a permeabilidade dos vasos estará aumentada. Através da neovascularização há também o estímulo dos fibroblastos e a síntese de colágeno e elastina, que causam o efeito de epitelização e o aumento dos constituintes da derme e epiderme, melhorando o aspecto estético da pele (FIGUEIREDO et al., 2014). A aplicação ou não de cosméticos varia conforme o objetivo do tratamento. A aplicação é feita a seco e após o procedimento é que se aplica os cosméticos (SILVA et al., 2017). São indicações da técnica (SILVA et al., 2017): - Estrias; - Cicatrizes atróficas. São contraindicações da técnica (RUSENHACK, 2004): - Uso de marca-passo ou pacientes cardiopatas; 18 - Uso de próteses metálicas; - Hipertensão não controlada; - Neoplasias; - Gestantes, em qualquer idade gestacional; - Processos inflamatórios ou infecciosos; - Sobre pele anestesiada; - Hipersensibilidade e/ou alergias; - Epilepsia ou patologias neurológicas que contraindicam o uso de corrente elétrica; - Pacientes com alterações de pele e predisposição a queloide; - Diabéticos, fumantes; - Drogas anestésicas; - Pós-peeling abrasivo (ácido); - Uso de corticoides e anti-inflamatórios: diminuem o efeito da terapia. Em relação aos parâmetros da técnica, não há um padrão definido na literatura. Diversos autores indicam parâmetros diferentes para a técnica: - Silva (1999) orienta amperagem na faixa de 180 a 200 µA; - Silva (1977) indica 74 µA em peles sensíveis e 89 µA em peles resistentes; - Guirro e Guirro (2004) afirmam que a faixa ideal de tratamento é de 70 a 100 µA. De forma geral, a aplicação da microgalvanopuntura utiliza uma corrente contínua em que deve-se elencar um eletrodo ativo e um passivo, no qual, geralmente, o negativo é elencado como ativo, e o positivo é passivo. A intensidade que é utilizada normalmente varia de 100 a 400 µA (GUIRRO; GUIRRO, 2004). A frequência desta técnica é considerada baixa, pois vai até 1000 Hz. O tempo é elencado no equipamento para que o mesmo inicie o procedimento, no entanto, varia conforme o local de aplicação (RUSENHACK, 2004). Na aplicação, uma agulha é conectada na caneta no eletrodo, que fica conectado no polo negativo da corrente contínua em microamperagem (µA). Para fechar o circuito tem-se o eletrodo dispersivo, que é conectado no polo positivo, o qual deve ser acoplado, também, ao corpo do paciente (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 19 Na aplicação, a caneta fica em uma angulação que varia de 25 a 45°, adentrando o tecido. Rusenhack (2004) descreveu quatro diferentes técnicas de aplicação da microgalvanopuntura: - Puntiforme (punturação): agulha inserida na pele de forma vertical em toda extensão do sulco, com profundidade de aproximadamente 1 mm; - Linear: agulha deve ser inserida obliquamente à pele com movimentação circular de levantamento, atingindo a profundidade entre 2 mm e 3 mm; - Angulada tipo escama de peixe: nesta técnica a agulha deve ser inserida sobre as bordas da estria, alternando-se os lados obliquamente, podendo realizar o levantamento da pele; - Transversal: a agulha deve ser inserida de uma borda até a outra, levantando toda a superfície da pele. 4 Microdermoabrasão A técnica de microdermoabrasão pode ser encontrada na literatura com os seguintes nomes: microdermoabrasão, peeling diamantado ou de diamante, ou peeling de cristal. Ela tem como objetivo a renovação celular da capa córnea, sendo um de seus propósitos promover a aceleração da mitose celular fisiológica, que resulta em um tecido epitelial mais fino e saudável, além de controlar e até minimizar determinadas alterações cutâneas (ANDREWS; LEE; PRAUSNITZ, 2011). A profundidade do procedimento, depende da intensidade de ação e do método escolhido. O nível de esfoliação, portanto, depende da pressão utilizada, do tipo de ponteira e do número de passadas na pele. O peeling pode ser classificado como superficial, médio ou profundo (ANDREWS; ZARNITSYN; BONDY; PRAUSNITZ, 2011): - Peeling superficial: ocorre a remoção da capa córnea, sendo que após a aplicação ocorre um eritema leve; - Peeling médio: há remoção de mais camadas da epiderme, sem atingir a derme. Após a aplicação a pele fica com um eritema mais forte e prolongado; - Peeling profundo: a esfoliação atinge a derme papilar. É observado um orvalho sanguíneo, alcançando a junção derme/epiderme. Figura 4 - Profundidade dos peelings. 20 Fonte: Columbus Jain Plastic Surgery, 2021. Os primeiros tipos de peelings mecânicos existentes eram chamados de dermoabrasão e, posteriormente, eles passaram a ser chamados de microdermoabrasão (GRIMES, 2005). A dermoabrasãoé um procedimento aprovado pela FDA e foi introduzido pela primeira vez em 1985, sendo um método utilizado para tratar cicatrizes, acne e outras condições cosmético-dermatológicas (SPENCER, 2006). É um peeling invasivo, pois é realizado com uma lixa giratória que, quando em contato com a pele, remove as camadas, podendo chegar até a derme papilar, expondo a derme reticular, e o tecido fica extremamente edemaciado e avermelhado (GRIMES, 2005). A dermoabrasão, no final da técnica, gera bastante sangramento, sendo necessário fazer o uso de um anestésico local, ter habilitação médica, com acompanhamento e cuidado home care. Por ser uma técnica que gera uma inflamação bem acentuada, os pacientes com fototipos V e VI são contraindicados, pois quanto mais melanócitos forem ativados maior será a possibilidade de aumento de máculas hiperpigmentadas ou hipopigmentadas (HILL, 2006). É uma técnica que gera bastante desconforto devido à profundidade alcançada, além disso, o paciente precisa se afastar das suas funções após fazer a técnica, pois são necessários diversos cuidados no pós-procedimento (HILL, 2006). Posteriormente à dermoabrasão, surgiu a microdermoabrasão. Esta é uma técnica de esfoliação, não cirúrgica, passível de controle do terapeuta, podendo ser executada de forma não invasiva e superficial. Nesta técnica o pós-procedimento é 21 mais brando; o paciente precisa ter cuidados, no entanto, a técnica não é tão agressiva e o mesmo não necessita se afastar das suas funções (FABBROCINI, 2010). A profundidade atingida na aplicação será determinada pela técnica, potência e número de vezes em que será passado o peeling sobre a mesma região. A microdermoabrasão tem duas divisões: o peeling diamantado e o peeling de cristal. Ela pode ser eficaz no tratamento de cicatrizes e produzir clinicamente melhorias na aparência da pele (GRERRA; KAMEI; BURKLE, 2013). São efeitos da microdermoabrasão (KARIMIPOUR et al., 2005): - Renovação celular (mitose celular); - Afinamento da capa córnea e do tecido epitelial; - Incremento no aporte sanguíneo: tecido apresenta hiperemia, vasodilatação após o procedimento, aumentando a oxigenação e nutrição celular; - A técnica causa uma lesão que desencadeará uma reação inflamatória aguda localizada, atuando sobre os fibroblastos, estimulando-os na síntese de colágeno e elastina. O peeling de cristal utiliza a combinação de vácuo e cristal, utilizando uma caneta e óxido de alumínio. Essa caneta é acoplada na saída do aparelho de vácuo. Os microgrânulos de óxido de alumínio são jateados pela pressão positiva (+) do equipamento, sobre a superfície cutânea, a uma velocidade passível de controle, a fim de provocar uma erosão na pele. Ao mesmo tempo o equipamento suga, através da pressão negativa (-), os resquícios dos microcristais e de células córneas (KARIMIPOUR et al., 2005). A regeneração tecidual ocorre de forma mais rápida se comparada com a dermoabrasão. Além disso, a abrasão é menos regular e precisa. Deve-se ter cuidado, pois pode ocorrer a incrustação de cristais na pele e dificultar a visualização do nível de esfoliação em pacientes que têm óstios dilatados, por exemplo (GRERRA; KAMEI; BURKLE, 2013). Devido a essa possibilidade dos cristais incrustarem na pele do paciente, o profissional deve ter o cuidado de, durante a aplicação, ir fazendo a remoção da sujidade causada pelo cristal. Além disso, deve-se cuidar para os cristais não penetrarem no olho do paciente (GRERRA; KAMEI; BURKLE, 2013). 22 Já o peeling de diamante é um acessório do equipamento de vácuo, constituído por uma caneta de vidro ou acrílico, e ponteiras diamantadas de diferentes granulometrias, ou seja, de grânulos esfoliantes (BHALLA; THAMI, 2006). Na ponta da caneta são acopladas as ponteiras diamantadas que, ao serem passadas no tecido, causam o lixamento mecânico. Para conseguir o lixamento, a ponteira deve estar em contato com a pele, tendo cuidado para não causar lesões no paciente devido a uma força excessiva por parte do profissional (BHALLA; THAMI, 2006). Essa técnica apresenta somente a utilização da pressão negativa (ajustável), proporcionando a rotação da lixa que, ao entrar em contato com a pele, vai sugá-la suavemente e promover esfoliação mecânica. O lixamento será efetuado através dos movimentos realizados pelo terapeuta, que deve manter a manopla em contato com a pele. As lixas podem variar de 20 a 200 micras, sendo que quanto menor a micragem maior será a abrasão (KARIMIPOUR; KARIMIPOUR; ORRINGER, 2010). No peeling de diamante é possível visualizar a profundidade da esfoliação, já que não ficam resíduos sobre a pele. Deve-se ter cuidado em regiões de contorno ou muito profundas, pois podem ser de difícil acesso pelas lixas (GRERRA; KAMEI; BURKLE, 2013). A ponteira de diamante de 75 micras é a ponteira de maior diâmetro, a de 100 micras é a intermediária e a de 150-200 micras é a ponteira de menor diâmetro (KARIMIPOUR; KARIMIPOUR; ORRINGER, 2010). Os efeitos do peeling têm como resultado um afinamento da pele, a tornando mais lisa e uniforme. Em um primeiro momento, há uma diminuição do estrato córneo e, após, uma inflamação controlada, com aumento dos elementos da derme e produção de colágeno e elastina. Além disso, há a remoção de sujidades e oleosidade, desde que este seja o objetivo do tratamento. Outro efeito que pode ser observado após o peeling é o clareamento das camadas mais superficiais da epiderme (KARIMIPOUR; KARIMIPOUR; ORRINGER, 2010). Após a microdermoabrasão, mudanças histológicas na pele são observáveis, como o estrato córneo compactado, a epiderme mais lisa, aumento da espessura dérmica com produção de novo colágeno e elastina e aumento da hidratação da pele com melhora da função de barreira epidérmica (COIMBRA et. al 2004; BERARDESCA et al 1998). São indicações da microdermoabrasão (GRIMES, 2005): 23 - Pré-tratamento/preparação da pele para outros procedimentos; - Correção de sulcos e rugas; - Sequelas de acne; - Hiperqueratoses; - Pseudofoliculite: cuidar para não ser uma foliculite, pois nesta última há uma bactéria fazendo a inflamação que pode piorar após a microdermoabrasão. Portanto, é extremamente importante uma adequada avaliação dos pacientes; - Discromias: pode ser um recurso complementar para as discromias, mas apenas a microdermoabrasão não irá gerar resultados efetivos. São contraindicações do peeling (GRIMES, 2012): - Infecções ativas; - Acne pustulosa; - Herpes simples e zoster; - Lesões abertas; - Verrugas; - Rosácea e telangiectasias (fragilidade capilar); - Uso da Isotretinoína (aplicação somente após 6 meses da descontinuação do uso). Em relação aos parâmetros utilizados, os autores divergem quanto à pressão, no entanto, o profissional precisa utilizar o linear entre o mínimo e o máximo já estudado. Na literatura, é recomendado que não se deve ultrapassar os 400 mmHg (ZHOU, 2011). Alguns autores na literatura recomendam: -380 mmHg, 3 passadas (HERNANDEZ-PEREZ, 2001); -110 a -220 mmHg, passadas com 5 a 30 segundos (FUJIMOTO, 2005); -150 a -250 mmHg, passadas de 3 a 10 segundos (LEE, 2006); -180 mmHg, 2 passadas em cada região (FREEDMAN, 2009); -300 mmHg, 7 passadas (GILL, 2009); 15 mmHg, 10 passadas (ZHOU, 2011). Em relação ao modo de aplicação também não há uma regra, no entanto, deve- se ter uma aplicação uniforme. As passadas variam de acordo com a pressão 24 utilizada. Além disso, há algumas diferenças entre os peeling de cristal e de diamante (GRIMES, 2012): - Peeling de cristal: a caneta deve ser apenas encontrada na pele e deslizada, tendo uma uniformidade no deslizamento; - Peeling de diamante: cuidar da gramatura das ponteiras, e ter cuidado com a pressão da mão também. 5 Microagulhamento O microagulhamento é um recurso bastante antigo que sebaseia na técnica cutânea de acupuntura chinesa. O objetivo do método era o descongestionamento energético. Em 1960, o microagulhamento foi inspiração para a acupuntura na França, visando efeitos diversos no organismo (ALSTER; GRAHAM, 2017). Na França, existia a técnica chamada de Nappage, que era o microagulhamento utilizado juntamente com a utilização de fármacos para promover o rejuvenescimento facial. Em 1995 foi descrita a técnica de subcisão ou agulhamento dérmico para cicatrizes deprimidas ou cicatrizes atróficas, e em 1997 um equipamento semelhante ao utilizado para fazer tatuagens começou a ser utilizado para tratar a aparência e textura de cicatrizes. Em 2002, Dermond Fernandes publicou um artigo científico com a técnica de terapia de indução de colágeno. Em 2006, Fernandes criou um dispositivo chamado de Dermaroller ® (LIMA; LIMA; TAKANO, 2013). A partir da criação do Dermaroller ®, outras marcas começaram a produzir diferentes tipos de roller; atualmente; no mercado há diversos tipos de roller. O microagulhamento pode ser encontrado por outras nomenclaturas na literatura científica, como: indução percutânea de colágeno, Collagen Induction Therapy, técnica de roller e roller (LIMA; LIMA; TAKANO, 2013). A técnica de microagulhamento consiste em gerar pequenas perfurações na pele com agulhas a fim de gerar microcanais, no entanto, sem danificar a derme, gerando, assim, uma lesão controlada que estimula a liberação de fatores de crescimentos para aumentar a síntese de colágeno e elastina. Esses microcanais criados com o microagulhamento se fecham após um período de tempo (ALSTER; GRAHAM, 2017). O tamanho das agulhas pode variar de 0,2 a 3,0 mm, e esse tamanho e o comprimento das agulhas está relacionado aos efeitos gerados no tecido. Quanto menor o tamanho da agulha, menor será o efeito, e quanto maior, maior o efeito. O 25 tamanho da agulha deve ser escolhido de acordo com o objetivo, com o tecido que será feita a técnica, e também de acordo com a experiência do profissional (ARORA; GUPTA, 2012). Em uma pele mais espessa, para conseguir chegar a uma inflamação controlada no tecido, será necessário utilizar um tamanho de agulha maior; no entanto, em peles mais sensíveis, ou de algum paciente que realiza limpeza de pele frequente, utiliza-se tamanhos menores. Portanto, a classificação dos efeitos do microagulhamento advém do tamanho das agulhas que serão utilizadas (LIMA; LIMA; TAKANO, 2013). Agulhas de até 0,3 mm têm seus efeitos associados ao uso de cosméticos, ou seja, elas não são capazes de gerar uma inflamação necessária para gerar a ativação de fibroblastos e estimular a síntese de colágeno e elastina. Portanto, este tamanho de agulha é utilizado para a permeação de ativos, pois, devido ao microagulhamento abrir microcanais, a penetração dos ativos é facilitada de forma mais invasiva na pele, sem gerar inflamação (EL - DOMYATI et al., 2015). Agulhas acima de 0,5 a 1,5 mm são utilizadas com objetivos terapêuticos, pois são capazes de gerar uma inflamação controlada. Agulhas acima de 2,0 mm são de uso médico, pois o tecido necessita estar bem anestesiado e o ambiente precisa estar totalmente estéril. Devido a isso, na Estética, utiliza-se agulhas com até 2,00 mm de comprimento (EL - DOMYATI et al., 2015). Na literatura é possível encontrar estudos com excelentes resultados a partir do uso de agulhas de comprimentos menores, então, não significa que apenas agulhas com comprimentos maiores e que gerem uma inflamação maior terão resultados efetivos. A inflamação ocorre de acordo, também, com a técnica profissional adotada (ALBANO;PEREIRA;ASSIS, 2018). Além disso, é necessário que o profissional tenha em mente que, ao gerar uma lesão, ele precisa saber controlá-la para alcançar os resultados esperados. Portanto, se o profissional ainda não tem experiência suficiente para controlar uma inflamação muito grande, o mesmo deverá iniciar o microagulhamento com agulhas menores que gerem uma inflamação menos agressiva (ALSTER; GRAHAM, 2017). O mecanismo de ação do microagulhamento se divide em dois: uso de cosméticos e uso terapêutico para indução percutânea de colágeno através da resposta do processo inflamatório, facilitando o sistema de acesso ou drug delivery (LEE et al., 2006). 26 O drug delivery é feito após a aplicação das agulhas, pois, assim que os microcanais são gerados, a penetração dos princípios ativos é facilitada, já que não precisarão passar pela resistência epidérmica, conseguindo chegar até uma camada mais profunda. Conforme a literatura, os microcanais ficam abertos na pele entre 18 e 24 horas, após isso se fecham. Portanto, quando é feito drug delivery, deve-se cuidar com o princípio ativo a ser utilizado (LEE et al., 2006). Quando o drug delivery é associado ao microagulhamento, é preciso atentar aos processos alérgicos ou a uma maior sensibilidade que podem ser gerados no paciente. Para isso, deve-se utilizar produtos estéreis e monodoses. Portanto, não se deve utilizar produtos já abertos anteriormente na clínica, e cuidar para produzir os ativos sem perfumes e pigmentos para evitar esses processos alérgicos ou de hipersensibilidade. Conforme a literatura, há um aumento de 80% até 500% na penetração dos ativos após a técnica de microagulhamento (ARORA; GUPTA, 2012). Sabe-se que o microagulhamento causa uma lesão no tecido que tem, por objetivo, fazer com que o tecido se recupere e se regenere melhorando seu aspecto. No entanto, é importante saber diferenciar os conceitos de reparo tecidual e cicatrização (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018). O reparo tecidual refere-se à substituição do tecido lesado por outro semelhante ao anterior à lesão. Já na cicatrização, o reparo pode gerar uma cicatriz normotrófica, atrófica ou hipertrófica. Portanto, o microagulhamento busca pelo reparo tecidual, e não a cicatrização (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018). O controle na aplicação da técnica é o que determinará o efeito gerado e como o tecido irá fazer a regeneração. Quando se utiliza agulhas muito grandes para tecido muitos finos, passadas excessivas e uma força excessiva, pode ser que essa lesão gerará uma resposta de cicatrização, e não de reparo tecidual, por isso é importante o profissional ter muito cuidado durante a aplicação (LIMA et al, 2013). A técnica de microagulhamento, então, realiza microperfurações na pele e como resultado ocorre uma resposta pós-traumática, liberando plaquetas que produzem uma série de fatores de crescimento que vão atuar na produção de colágeno (LIMA et al, 2013). A indução de colágeno ocorre pela ação das agulhas que rompem a barreira cutânea e induzem a liberação de citocinas, que provocam vasodilatação na derme e migração dos queratinócitos para restaurar a epiderme. Isso gera uma resposta pós- 27 traumática que promove um aumento dos fatores de crescimento na região (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018). Essa resposta desencadeia uma cascata de fatores inflamatórios que estimulam a liberação dos fatores de crescimento. A neovascularização e a neocolagênese ocorrem secundariamente à migração e à proliferação de fibroblastos. A partir da lesão cutânea, uma rede de fibronectina é formada, gerando a matriz para a deposição de colágeno tipo III, que eventualmente é substituída pelo colágeno tipo I (LIMA et al, 2013). A neovascularização e a neocolagênese ocorrem através da ativação dos fatores de crescimento endotelial vascular, fator de crescimento epidérmico e regulação de aumento de GAGs (LIMA et al, 2013). Os fatores de crescimento são substâncias que, em conjunto com os hormônios e neurotransmissores, desempenham um papel na comunicação intercelular e têm como funções: regular a mitose, auxiliar na sobrevivência tecidual (em algum momento que a célula morre o tecido precisa repor essas células de forma ágil e eficaz),estimular a migração (são os fatores de crescimento que determinam quais células precisam ir para cada local, tanto para estimular a produção de componentes celulares ou então para parar essa produção) e apoptose (LIEBL; KLOTH, 2012). As agulhas com comprimento mínimo de 0,5 mm são capazes de causar a perda da integridade da barreira cutânea, causar a dissociação de queratinócitos (abertura da pele para permeação dos ativos), liberação de citocinas, vasodilatação dérmica (tecido fica com hiperemia e edemacioso), migração de queratinócitos para restaurar o dano epidérmico (AUST et al., 2008). A resposta inflamatória ocorre a partir desse processo, e, com isso, ocorre a reparação tecidual e melhora da afecção estética. Inicialmente, após a lesão, as plaquetas e neutrófilos recrutados estimulam a liberação de fatores de crescimento, incluindo a transformação fator de crescimento alfa (TGF-ⲁ), TGF-beta (ꞵ) e derivados de plaquetas fator de crescimento (PDGF), que facilitam a produção e propagação de proteínas da matriz intercelular (MCCRUDDEN et al., 2015). A primeira fase é a de hemostasia ou tampão na qual o tecido irá gerar o acúmulo de plaquetas e neutrófilos para fechar a abertura da lesão, fazendo com que o tecido pare de sangrar, impedindo a entrada de microrganismos indesejáveis. Essa 28 migração das plaquetas e neutrófilos faz também a ativação de fatores de crescimento que vão iniciar todo o reparo tecidual. Período de duração: 20 a 30 minutos após a aplicação da agulha no tecido. Essas fases ocorrem sempre que o tecido for lesionado (AUST et al., 2008). Após isso, monócitos, queratinócitos e fibroblastos continuam sendo influenciados pela liberação de fatores de crescimento e como resultado a matriz é formada. Isso começa logo após a hemostasia, é a fase da inflamação. A duração dessa fase depende do tamanho da agulha utilizada, conforme já discutido anteriormente. Pode durar de 48 até 72 horas, de acordo com a lesão e técnica utilizada após o procedimento. Os macrófagos e a liberação de fatores de crescimento irão iniciar todo o reparo (LIEBL; KLOTH, 2012). Após, os fibroblastos finalmente depositam o colágeno. Nessa fase os fibroblastos recebem a informação da produção e iniciam a produção de colágeno e elastina. O organismo do paciente precisa estar apto para a produção de colágeno e elastina (LIEBL; KLOTH, 2012). A técnica faz uma ativação, informando o tecido que precisa de uma produção desse componente para por exemplo, corrigir a afecção estética. Se o paciente não faz ingestão de água e não faz uma boa alimentação, os efeitos da técnica serão minimizados e os efeitos observados podem não ser os desejados. Conforme a proliferação celular acontece, o tecido novo preenche essas falhas (LIMA et al, 2013). Por fim, o tecido novo se estabiliza e matura, recupera o tecido lesionado e deixa a afecção estética com uma aparência melhor. Então, ocorre a conversão do colágeno tipo III em colágeno I, resultando em aperto da pele (LIMA et al, 2013). Toda a vez que se aplica a técnica de lesão inicia-se a fase da inflamação, e, somente a partir disso, é calculado o período que a técnica deve ser reaplicada no paciente. Portanto, devido ao período da inflamação variar em torno de 21 a 28 dias, esse é o intervalo de cada sessão (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Outros estudos propõem que o potencial de repouso da membrana elétrica das células é de aproximadamente -70 mV e, quando as agulhas se aproximam da membrana, o potencial elétrico interno aumenta rapidamente e isso desencadeia o aumento da atividade celular e a liberação de várias proteínas, potássio e fatores de crescimento das células para o exterior, levando à migração de fibroblastos para o local da lesão e, portanto, à indução de colágeno (LIEBL et. al, 2010). Para que ocorra 29 uma reparação tecidual correta, devem ocorrer estímulos através de mediadores químicos e fatores de crescimento. Figura 5 - Potencial de repouso da membrana elétrica das células. Fonte: LIEBL et. al, 2010. Figura 6 - Curto circuito dos campos elétricos após a injúria pela agulha. Fonte: LIEBL et. al, 2010. Figura 7 - Bomba Na/K é ativada. 30 Fonte: LIEBL et. al, 2010. Figura 8 - O potencial da ação aumentado resulta em um estímulo elétrico. Fonte: LIEBL et. al, 2010. Os fatores de crescimento são os maiores estimuladores positivos para que as células se proliferem, no entanto, esse processo não pode ocorrer de forma descontrolada, e para controlar esse crescimento existem certos mediadores que freiam esse efeito. O equilíbrio nesse processo é o que permite uma reparação tecidual correta (LIEBL; KLOTH, 2012). As indicações do microagulhamento incluem cicatrizes de acne, rítides periorbitais e periorais, flacidez da pele, cicatrizes pós-traumáticas e estrias distensas. As indicações vão de acordo com os efeitos que o microagulhamento causa no tecido. Por exemplo, o aumento da permeação de ativos ou medicamentos pode ser utilizado para linhas de expressão e rugas, hiperpigmentação, estrias, cicatrizes de queimaduras, alopecia, flacidez tecidual (ALSTER; GRAHAM, 2017). 31 Alguns cuidados devem ser tomados ao realizar a técnica de microagulhamento, principalmente em peles sensíveis, gestantes, pacientes com diabetes mellitus controlado, em telangiectasias, pacientes com herpes simples (microagulhamento pode piorar o quadro de herpes), rosácea na fase crônica (pode ser ativada com o microagulhamento), e peles muito finas. Em peles sensíveis e muito finas, o tamanho das agulhas deve ser adequado, não se deve utilizar agulhas muito grandes. Sempre deve-se pensar no risco-benefício de aplicar a técnica em pacientes que possuem alguma dessas características acima descritas (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). As contraindicações do microagulhamento incluem: neoplasias de pele, ceratose solar, verrugas, qualquer infecção na pele, uso de anticoagulantes (em pacientes que usam anticoagulante a fase de hemostasia pode não ser completada e o tampão plaquetário pode não se formar, prejudicando a ação do microagulhamento), quimioterapia, radioterapia ou corticoterapia, diabetes mellitus descontrolado, rosácea na fase ativa, acne na fase ativa, isotretinoína oral (com pausa menor que 6 meses), pele queimada ou lesionada (EL-DOMYATI; MEDHAT, 2013). Em relação aos equipamentos e suas especificações, o primeiro equipamento desenvolvido foi o roller, da marca Dermaroller®, no entanto, atualmente existem diversos dispositivos para venda no mercado. Porém, para ter uma segurança na utilização da técnica, deve-se utilizar apenas dispositivos registrados na Anvisa (ALSTER; GRAHAM, 2018). O formato, a coloração e o design dos dispositivos variam conforme a marca, no entanto, todos são dotados de um cabo que geralmente é de policarbonato e ABS e na ponta possuem um rolo com microagulhas encravadas, geralmente feitas de aço inoxidável ou titânio (ALSTER; GRAHAM, 2018). Como esses equipamentos possuem agulhas, com peças não desmontáveis é proibido o reprocessamento do mesmo, ou seja, são de uso único. No Brasil, é proibido esterilizar o roller ou reutilizá-lo. Já foi verificado em estudos que a esterilização do roller em autoclave ou através do ultrassom fez com que as agulhas perdessem o corte, e a capacidade de rolagem do equipamento ficou comprometida (ARORA; NAIR, 2014). Devido a isso, os equipamentos vêm lacrados e previamente esterilizados. Após o uso devem ser descartados corretamente em lixos perfurocortantes que 32 devem ser coletados, posteriormente, por uma empresa especializada (ARORA; NAIR, 2014). Atualmente, no mercado, existe a caneta elétrica, que é um dispositivo que pode ser utilizado no lugar do roller. A caneta, diferentemente do roller, utilizaagulhas e guias descartáveis para ajustar o comprimento das agulhas. As ponteiras de cada refil podem conter 2, 3, 7, 12 ou 36 agulhas (ARORA; GUPTA, 2012). Este dispositivo é automático e funciona por movimento perpendicular da agulha que penetra na profundidade requerida. As agulhas ficam dentro da guia que delimita o comprimento da agulha e essa ponteira é descartável. Apenas isso é descartável, a caneta não. Além disso, é possível ajustar o comprimento do tamanho da agulha, ou seja, com a mesma ponteira pode realizar a aplicação para mais de uma alteração, de acordo com a região e anatomia tratada (SINGH; YADAV, 2016). A aplicação da técnica depende da técnica, aptidão e experiência do profissional, e não existe um consenso sobre qual é a melhor maneira de aplicar, no entanto, o que é recomendado pela literatura científica é que sejam feitas de 10 a 15 passadas em cada direção. O aparelho é passado sobre a pele, em diversas direções, criando orifícios (GARCIA, 2013). Na literatura sugere-se uma pressão vertical de 6 N, no máximo 15 passadas na mesma região. Para medir a pressão pode-se utilizar um dinamômetro para acostumar a mão a essa pressão. Na caneta a pressão é semelhante. O tamanho das agulhas ou a largura do roller dependerá do objetivo do tratamento e do tamanho da área a ser tratada (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). As reações esperadas após o microagulhamento são: edema, eritema, sensação de calor e queimação de pele, repuxamento da pele. Após o procedimento não necessariamente a região deverá sangrar, isso irá variar de acordo com a região aplicada, da força e do tamanho da agulha. Não é regra que, para ter os efeitos desejados, é necessário sangrar (EL - DOMYATI et al., 2015). Como complicações das técnicas, devido a dispositivos inadequados ou, então, à má conduta profissional, podem ocorrer cortes, arranhões, hematomas, ativação de herpes e rosácea, acne, edemas graves, contaminação, infecções ou cicatrizes hipertróficas ou queloides (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Antes de iniciar o microagulhamento a pele precisa ser preparada e, para isso, é preciso fazer uma correta anamnese e avaliação e então montar um protocolo personalizado de atendimento. Um exemplo de preparação de pele feita é uma 33 limpeza de pele prévia, hidratação, esfoliação e revitalização (ALBANO; PEREIRA; ASSIS, 2018). A aplicação da técnica consiste na preparação do profissional e do paciente, higienização da região, muitas vezes é necessário dessensibilização da região, antissepsia e posteriormente a aplicação do roller. Após o procedimento, pode-se aplicar algum cosmético com um ativo de interesse que pode ajudar a chegar nos efeitos esperados, e, por fim, o descarte do material contaminado (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Após a aplicação o paciente deve seguir algumas recomendações, como (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019): - Não se expor ao sol, piscina, mar, sauna por 24 horas; - Evitar exposição solar pelo período do tratamento; - Não usar secador com ar quente ou prancha nas primeiras 24 horas e cuidar o uso após; - Não passar as mãos na região da aplicação; - Não deixar animais de estimação ou crianças tocarem na região; - Não usar maquiagem por 24 horas; - Não usar filtro solar por 4 horas – o mais indicado é esperar 24 horas; - Não usar nenhum produto sem o consentimento do profissional. 6 Plataforma Vibratória O uso da vibração como terapêutica para pacientes foi relatado pela primeira vez em 1936, no qual um médico utilizou uma cama acoplada a motores que produziam vibrações a fim de melhorar a vascularização de pacientes acamados. A partir de então, foi verificado que a vibração dos tecidos gera efeitos benéficos aos indivíduos (MARÍN, 2011). Após, em 1949, foi utilizada uma cama vibratória em pacientes que ficaram por longos períodos em internação estática. A partir da utilização da vibração para, principalmente, pacientes acamados, em 1960 foi desenvolvido o primeiro equipamento que utilizava vibração mecânica em múltiplas direções em pacientes que sofriam de nevralgias e atrofia muscular (BOARO et al., 2011). A vibração também começou a ser utilizada em astronautas com o objetivo de reduzir a atrofia muscular e redução da densidade óssea que os acomete devido à 34 ausência da gravidade. Até a atualidade, algumas agências espaciais utilizam um treinamento vibratório como parte do programa de treinamento físico dos astronautas (HALLAL; MARQUES; GONÇALVES, 2010). Em 1999, Guus Van der Meer desenvolveu um equipamento portátil com a tecnologia da vibração que pudesse ser aplicado ao treinamento físico. A partir de 2000 ele passou a produzir plataformas vibratórias comercialmente, denominando-as de Power Plate (MARÍN, 2011). Quando o paciente é colocado na plataforma vibratória, ocorre um favorecimento do aumento da força muscular. A estimulação da vibração mecânica pode ser um meio seguro e eficiente de melhorar a força muscular e o equilíbrio corporal. A geração mecânica é de baixa amplitude e de alta frequência. Alta frequência significa que um evento se repete inúmeras vezes em um determinado intervalo de tempo, já a baixa frequência se repete menos vezes em um determinado intervalo de tempo (JUNIOR; BARONI; VAZ, 2012). A vibração é tida como uma flutuação mecânica que ocorre em um ponto de equilíbrio. O movimento se repete em um intervalo de tempo regulado. As vibrações são um tipo de onda mecânica, ou seja, necessitam de um meio material para propagar a sua energia (MARÍN, 2011). A vibração não ocorre de qualquer forma. A intensidade da vibração é determinada através da amplitude das ondas produzidas durante o deslocamento e da frequência. A amplitude é medida em milímetros (mm) e a frequência em Hertz (Hz) (SAVOIA et al., 2013). As plataformas vibratórias produzem ondas senoidais que podem ser categorizadas em dois tipos: sistema com vibrações verticais e sistema com vibrações oscilatórias. Nas clínicas de Estética o equipamento que deve ser utilizado é o de vibrações verticais (ZAIDELL et al., 2013) A plataforma que causa o oscilatório é como se fosse uma gangorra, faz um movimento de oscilação, ou seja, quando uma das extremidades desce a outra sobe e vice-versa. A frequência varia de 1 a 30 Hz e a amplitude média de 10 a 15 mm (ZAIDELL et al., 2013) Já a plataforma vibratória faz com que a vibração da placa ocorra no equipamento inteiro, a fim de que a vibração seja igual em todos os pontos. A frequência utilizada varia de 5 e 45 Hz e a amplitude média de 1 a 10 mm (SAVOIA et al., 2013). 35 A ação mecânica de vibração é realizada para produzir rápidas e curtas mudanças no comprimento do complexo músculo - tendíneo. Quando ocorre uma vibração, o componente muscular é ativado gerando efeitos fisiológicos no corpo, ocorrendo o reflexo tônico à vibração: um eixo central do músculo recebe a vibração que estimula os fusos musculares que fazem a ativação de um grupo muscular como um todo (JUNIOR; BARONI; VAZ, 2012). Estima-se que em um treino convencional, apenas 40% das fibras musculares por músculo são ativadas, enquanto que na plataforma vibratória, as vibrações fazem com que 95% a 97% das fibras musculares sejam envolvidas. Com isso, é possível estimular músculos posturais e estabilizadores mais profundos que às vezes não são estimulados por exercícios convencionais (CARDINALE; BOSCO, 2003). Com a plataforma o paciente pode realizar um movimento passivo, no qual o ele apenas recebe a vibração ou ativo, faz também algum movimento (MARÍN, 2011). A vibração extracorpórea que gera uma ativação dos fusos musculares gera uma ativação de todo um grupo muscular que antes ou não estava sendo recrutado ou não estava sendo recrutado totalmente. A reação à vibração não é apenas biomecânica, poisa plataforma vibratória alia a combinação de respostas dos sistemas músculo-esquelético, cardiovascular, endócrino e nervoso (BENÍTEZ et al., 2015). A flexibilidade é vista após a aplicação da plataforma vibratória, trazendo benefícios para o corpo como um todo. As vibrações provocam contrações, alterações no comprimento da unidade músculo-tendão, dos músculos e um recrutamento maior de fibras musculares (MARÍN, 2011). O estímulo no músculo agonista local faz o antagonista relaxar. Na plataforma, como ela atua com o aumento da capacidade das fibras musculares, causa um estímulo muito maior dos agonistas e, por isso, ocorre um aumento da flexibilidade desses músculos (CARDINALE; BOSCO, 2003). A plataforma vibratória gera efeitos agudos e também, crônicos. como efeitos, além da melhora da capacidade da musculatura, já foi verificado que a plataforma gerou redução na pressão arterial em indivíduos jovens saudáveis, aumento do fluxo sanguíneo local, melhora da densidade mineral óssea, entre outros (HALLAL; MARQUES; GONÇALVES, 2010). No entanto, para gerar efeitos a plataforma deve ser parametrizada corretamente e os movimentos devem ser realizados com cuidado. 36 Foi observado que o uso da plataforma pode gerar respostas hormonais, como liberação natural do hormônio do crescimento e da testosterona que são fatores importantes no estímulo do aumento da massa muscular. Um estudo, utilizando vibração de 30 Hz durante 25 minutos, observou ligeira redução de glicose plasmática e concentrações aumentadas de norepinefrina (DI GIMINIANI et al., 2009). Além da resposta hormonal, a plataforma pode ser utilizada em complementarização para tratamentos de gordura localizada (SAVOIA et al., 2013). Os efeitos da plataforma vibratória no corpo humano podem depender das configurações de vibração, como frequência, amplitude e duração da sessão e tipos de exercícios realizados na plataforma, como a sua intensidade e volume. Em resumo, são efeitos da plataforma vibratória (SAVOIA et al., 2013): - Recrutamento de fibras musculares; - Ganho de flexibilidade; - Aumento da força; - Melhora da densidade óssea; - Incremento da circulação; - Ativação do metabolismo; - Aumento na produção hormonal; - Oxidação de ácidos graxos. A vibração utilizada em excesso também pode gerar efeitos adversos no organismo. Grandes cargas vibratórias já foram relacionadas a dores no peito, sangramento gastrointestinal, desordens neurológicas, danos a articulações e ossos e hipertrofia das paredes dos vasos sanguíneos, o que resultou em estreitamento dos mesmos (JORDAN et al., 2005). São contraindicações da plataforma vibratória (SAVOIA et al., 2013): - Gestantes; - Trombose aguda; - Doenças cardiovasculares; - Próteses nos quadris ou joelhos; - Hérnia de disco, discopatia ou espondilolistese; - Doenças músculo-esqueléticas; - Inflamações agudas; - Portadores de marca-passo; - Pessoas com descolamento de retina. 37 Em relação à parametrização dos equipamentos, deve-se ajustar a amplitude, frequência, tempo e definir os exercícios. Em relação à amplitude, que representa o deslocamento que o movimento realiza e é expressa em milímetros, sabe-se que entre 2 a 4 mm se consegue uma obtenção de aumento na contração voluntária máxima isométrica (MARÍN, 2011). A frequência, que representa o número de vezes que o movimento se repete no período de um segundo, é medida em Hertz (Hz) e em geral permanece abaixo de 50 Hz, sendo comum a utilização dentro do intervalo de 25 a 45 Hz. Vale ressaltar que cada parte do corpo humano possui uma frequência própria, portanto, a frequência pode ser modificada conforme o objetivo e a área tratada (MARÍN, 2011). Em relação ao tempo de tratamento, foi observado que após 1 minuto de séries vibracionais já se obtém aumento da força muscular. E quando o estímulo for prolongado, atingindo 5 até 6 minutos ininterruptos, observou-se o contrário, uma diminuição de desempenho neuromuscular (MARÍN, 2011). Estudos indicam que se deve flexionar os joelhos, o quadril e os tornozelos. O peso corporal deve ser depositado sobre o antepé, evitando a aplicação dos estímulos mecânicos diretamente sob os calcanhares (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). Resumindo, a frequência usualmente utilizada varia de 25 a 45 Hz, a amplitude de 2 a 4 mm, o tempo do estímulo de 30 segundos até 5 minutos, podendo ter intervalos, sendo o tempo total entre 10 e 40 minutos. E os exercícios são variáveis, dependendo do objetivo do procedimento e da região a ser tratada (TASSINARY; SINIGAGLIA; SINIGAGLIA, 2019). 7 Criolipólise A criolipólise foi inicialmente estudada por dois dermatologistas, que basearam-se no conhecimento de que os tecidos ricos em gordura são mais suscetíveis ao frio do que os tecidos adjacentes. Quando crianças consumiam muito picolés e alimentos gelados, foi verificado uma diminuição do volume de gordura dos lábios, e a isso, se deu o nome de paniculite do picolé. Além disso, mulheres que utilizavam calças justas e praticavam equitação sob clima gelado, também foi 38 observado que tinham uma diminuição da camada de gordura da região de dentro da coxa (JALIAN; AVRAM, 2013). A criolipólise, portanto, tem os preceitos da paniculite, que são doenças caracterizadas por inflamação do tecido adiposo subcutâneo, devido a isso, quando é feita a criolipólise, se chama de paniculite fria (HUNT; STORK, 2013). O primeiro teste em humanos foi em 2009, mas os efeitos foram passageiros. No entanto, posteriormente foi feito um novo estudo com uma nova parametrização e teve-se o entendimento da paniculite fria. A partir de então a técnica começou a ser amplamente utilizada (JALIAN; AVRAM, 2013). O objetivo da técnica é gerar um processo inflamatório silencioso, pois nem sempre se tem os sinais comuns da inflamação e os efeitos são visíveis após meses da aplicação (HUNT; STORK, 2013). Como efeito fisiológico se tem a apoptose adipocitária, ou seja, a morte apoptótica dos adipócitos que entram em contato com a placa resfriada do equipamento. O frio intenso em contato com a gordura subcutânea dá início a um processo inflamatório que, por sua vez, inicia ou ativa a apoptose celular na região (JALIAN; AVRAM, 2013). A restauração do sangue na região pós-criolipólise, portanto, causa a inflamação, a produção de radicais livres ou espécies reativas de oxigênio, e também a ativação de caspases. Essas caspases sinalizam a necessidade de regulação e iniciação da morte celular pela caspase 8 ou então sinalizam a necessidade de fragmentação celular através da caspase 3 (FERRARO et al., 2012). Isso chama-se de cascata proteolítica: ativação das caspases que gerenciam todos os processos da apoptose. As caspases são ordenadas pela inflamação gerada principalmente pela reperfusão do tecido (FERRARO et al., 2012). Após a morte adipocitária ocorre a metabolização da gordura. A gordura liberada dos adipócitos vai ficando aprisionada aos corpos apoptóticos que serão fagocitados pelos macrófagos. Após o procedimento não ocorre o aumento do nível de comprometimento hepático ou então alteração dos níveis séricos de colesterol e triglicerídeos. Ou seja, essa gordura pode ser armazenada por outro adipócito ou então é metabolizada (fagocitada pelos macrófagos), não indo para a corrente sanguínea (MANSTEIN et al., 2008). Imediatamente após a aplicação da criolipólise não se tem nenhum dano ao adipócito, essa técnica segue um ciclo (MEYER et al., 2018): 39 - Após 24 até 72 horas: inicia-se a reação inflamatória; - Em 7 dias: uma paniculite intensa se desenvolve e atinge seu pico em aproximadamente 14 dias; - Do 14° até o 30° dia: macrófagos começam a envolver e digerir os adipócitos apoptóticos. Durante esse período, as células de gordura danificadas começam a ser eliminadas, e os resultados estéticos