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Júlia Figueirêdo – HM V ACESSO VENOSO CENTRAL: O acesso venosos central é uma técnica de punção venosa de veias calibrosas e próximas ao coração, tendo como objetivo principal o rápido acesso à circulação sistêmica. Esse procedimento permite a instalação de diversos dispositivos, como: Catéter em hemodiálise; Inserção de um marcapasso; Colocação de filtro da veia cava; Uso de um caéter de artéria pulmonar; Inserção de um catéter venoso central (principal uso). As principais indicações para a colocação de um catéter venoso central são: Falha de acesso periférico; Administração de medicações de alta osmolaridade (ex.: noradrenalina ou nutrição parenteral total); Monitorização (avaliação da pressão ou saturação venosa central). Apesar de todos esses possíveis empregos, nota-se que a realização de um acesso venoso central para expansão volêmica não é recomendada, pois a infusão de líquidos por essa via é mais lenta, em decorrência do calibre do vaso. Não há nenhuma contraindicação absoluta para a passagem desse tipo de acesso, porém são elencadas como contraindicações relativas: Coagulopatias: a presença de plaquetas < 50.000 sugere a realização do proceddimento em um local com menor propensão hemorrágica, ao passo que, em valores < 20.000, recomenda-se a transfusão de hemocomponentes antes da passagem do acesso (preferencialmente); Lesões de pele: é indicado evitar locais lesionados, seja com queimaduras ou celulites (buscar outro sítio de punção), mas na ausência de pele íntegra, é dado segmento ao processo. Os principais pontos a serem puncionados são a veia jugular interna, a veia subclávia e a veia femoral, todas elas simétricas no organismo. A escolha entre uma ou outra baseia-se nas especificidades de cada vaso, a saber: Veia jugular interna: é uma região de fácil acesso, passível da realização de punção guiada ppor USG, e com ampla compressibilidade (útil em cas de punção arterial). Não há desvantagens evidentes; Acesso venoso central por via jugular para realização de hemodiálise Veia subclávia: como vantagens destaca-se a pouca variação anatômica no traço vascular e o menor risco de infecção. Dentre as desvantagens desse local, no entanto, podem ser elencadas a maior incidência de complicações pulmonares, e o caráter não compressível; o O lado a ser puncionado deve ser o mesmo em que há maior comprometimento pulmonar. Veia femoral: essa via de acesso é compressível, de rápida identificação e punção e não apresenta risco de complicações respiratórias. É, porém, a região com maior propensão a Júlia Figueirêdo – HM V infecções e com predisposição à trombose. Principais áreas para realização de um acesso venoso central Após o procedimento, algumas complicações podem ocorrer, dividindo-se em imediatas e tardias, a saber: Imediatas: o Punção arterial (identificada por retorno de sangue “vermelho vivo”); o Hematoma (problema principalmente na veia jugular); o Pneumotórax; o Hemo, quilo ou hidrotórax; o Arritmias (resposta ao contato do fio guia com o músculo cardíaco); o Embolia. Em qualquer situação de comprometimento respiratório, não se deve tentar acesso contralateral (evitar oclusão total de vias aéreas). Tardias: o Trombose; o Infecção. PROCEDIMENTO PARA O ACESSO VENOSO CENTRAL: A preparação para realizar o acesso venoso, independentemente do sítio de punção, deve contar com uma série de etapas: Coleta de consentimento; Posicionamento adequado do paciente (Trendlemburg); Posição de Trendlemburg Organização do material necessário: o Kit de acesso central (agulha, seringa, fio guia, dilatador e catéter); o Gaze; o Seringa; o Soro; o Kit de sutura e fio nylon 3-0 (fixação). Organização dos equipamentos de assepsia; EPI (paramentação completa, com touca, avental, máscara e luvas estéreis); Realização de anestesia local (normalmente lidocaína). As técnicas para punção venosa central irão diferir conforme o sítio escolhido: Técnica de Seldinger (no contexto da Jugular interna): 1. Com o paciente adequadamente posicionado, é necessário identificar o ápice triangular formado pelas cabeças clavicular e esternal do ECOM (triângulo de Sedillot), onde passa a veia jugular interna; Triângulo de Sedillot, composto pela clavícula (base) e por duas cabeças do esternocleidomastoideo. A punção deve ser feita no local da seta Júlia Figueirêdo – HM V 2. Após essa detecção, deve ser feita a assepsia da pele adjacente com clorexidina e a formação do botão anestésico; 3. A punção deve ser feita com a agulha em 30-45º, guiada em direção ao mamilo ipsilateral; a. A penetração do vaso é confirmada pelo retorno de sangue venoso (mais escuro e gotejante). 4. Com a veia adequadamente puncionada, o fio guia deve ser inserido por dentro agulha. Esse processo não deve apresentar resistência; a. Em caso de arritmia, é necessário retornar um pouco com o fio, pois essa estrutura acabou tocando as paredes atriais. 5. A agulha é removida; 6. Para dilatar a pele, pode ser realizada uma pequena incisão adjacente ao fio, ou até mesmo a inserção direta do dilatador ao guia. Os movimentos devem ser circulares (ex.: saca-rolha), com introdução de 1 a 2 cm; 7. O diatador é removido para a passagem do catéter, que só deve ocorrer quando a ponta do fio-guia for visível por essa estrutura (evita que haja dispersão para outros vasos); 8. Com a introdução do catéter, o fio guia é retirado e procede-se à fixação com a sutura do equipamento à pele do paciente. Passo a passo da punção venosa central por técnica de Seldinger A técnica de Seldinger corresponde à passagem dos equipamentos pela agulha e pelo fio guia, podendo ser utilizada em qualquer sítio de punção. Como referencial anatômico na punção da veia femoral está o ligamento inguinal, abaixo do qual se inserem os nervos e vaos locais. Nessa região, a veia é medial em relação à artéria. Júlia Figueirêdo – HM V Referenciais anatômicos na punção femoral Na punção da artéria subclávia, o sítio de énetração da agulha corresponde à inserção da musculatura do peitoral maior (depressão na clavícula medial), devendo ser guiada em direção à fúrcula esternal. Sítio de punção da veia subclávia. A agulha deve ser direcionada levemente para trás e para baixo, direcionando ao esterno Sempre deve ser preferido o lado direito, pela menor incidência de pneumotórax. Com o término do procedimento, uma radiografia sempre deve ser realizada de modo a identificar possíveis complicações. O “teste de funcionamento” do catéter deve ser feito pela análise de fluxo e refluxo, aspirando um pouco de sangue ou injetando soro fisiológico a partirde uma seringa. Os cuidados gerais que devem ser implementados após qualquer tipo de acesso central abrangem: Limpeza do local; Manutenção do acesso pelo menor tempo possível (evitar complicações tardias); Troca de catéteres apenas na presença de sinais de infecção. o Não é recomendada a troca periódica.
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