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SEMIOTÉCNICA Pamela Elis Astorga Galleguillos Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os cuidados de enfermagem para os casos de ferida de primeira, segunda e terceira intenção. � Identificar os principais cuidados de enfermagem na passagem, bem como os testes para confirmação da sonda gástrica, enteral Blakemore e vesical de demora. � Elencar os principais cuidados de enfermagem, indicações e tipos de ostomias intestinais e urinárias. Introdução O cuidado com o paciente com ferida constitui uma prática muito corri- queira do profissional de enfermagem, realizado de maneira individua- lizada, atentando-se às necessidades daquele indivíduo que é portador de uma realidade e um cotidiano particular — visto que a presença dessa ferida modifica o seu cotidiano —, sensibilizando-o emocional e fisiologicamente. Além desse cenário, o profissional precisa ter conhecimento sobre as orientações e os cuidados pertinentes à colocação de sonda e à ostomia, procedimentos bastante realizados na assistência à saúde. Neste capítulo, você aprenderá a respeito desses cuidados per- tinentes ao profissional de enfermagem, os testes realizados para as distintas sondas e indicar e diferenciar os tipos de ostomias (intestinal e urinária). Cuidados de enfermagem para os casos de feridas de primeira, segunda e terceira intenção A pele é um órgão integrante do sistema tegumentar, que mantém a integri- dade da superfície corporal pelo deslocamento e pela descamação, podendo recuperar a superfície das feridas pelo aumento dos mecanismos de reposição celular (VIANA; WHITAKER, 2011). Já a ferida corresponde à interrupção ou ao rompimento da integridade normal da pele e dos tecidos, variando desde um pequeno corte em um dedo até uma queimadura de terceiro grau em quase toda a extensão do corpo (TAYLOR et al., 2014). Essas feridas podem se originar por forças mecânicas (p. ex., incisões cirúrgicas) ou lesões físicas (p. ex., queimaduras), sendo classificadas como: � intencionais, que resultam de terapia ou tratamento invasivo e planejado, com fins terapêuticos, e não intencionais, aquelas feitas de maneira acidental, de um trauma inesperado; � abertas, quando a superfície da pele é rompida, constituindo uma porta de entrada para microrganismos, e fechadas, resultantes de uma pancada, força ou esforço causado por um trauma que não tem a superfície da pele rompida, mas somente o tecido macio danificado; � agudas, que costumam cicatrizar em dias ou semanas, com as bordas das lesões bem aproximadas, fator que diminui o risco de infecção, e crônicas, em que as bordas das lesões não costumam se aproximar, aumentando a possibilidade de uma infecção, visto que o tempo de cicatrização é lento; � quanto ao risco de infecção, podem ser limpas, produzidas volunta- riamente no ato cirúrgico, passível de assepsia ideal e com condições favoráveis, não contendo elementos patogênicos; contaminadas ou sujas, que ocorreram com tempo maior que 6 horas entre o trauma e o atendimento, não apresentando sinais de infecção; e infectadas, que correspondem àquelas em que houve proliferação de microrganismo, levando a um processo infeccioso. Após o surgimento de uma ferida, Viana e Whitaker (2011) relatam que o tratamento dependerá diretamente do tipo de cicatrização da lesão, que poderá ser de primeira, segunda e terceira intenção. Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias2 A cicatrização de primeira intenção, ou fechamento primário, corresponde à cicatrização na qual há uma perda mínima de tecido, como a ferida cirúrgica (Figura 1). A proximidade das bordas é feita por sutura, colas especiais ou grampos cirúrgicos, processo que impede a contaminação de microrganismos. Figura 1. Ferida cirúrgica. Fonte: Viana e Whitaker (2011, p. 319). Já a cicatrização de segunda intenção, ou fechamento secundário, corres- ponde a lesões com perda tecidual mais intensa, que, por seu tamanho mais extenso, não permitem a aproximação das bordas, estando mais expostas a infecções e exigindo um período maior para a cicatrização (p. ex., lesão por pressão). A distinção entre as cicatrizações de primeira e segunda intenção pode ser claramente observada no esquema apresentado na Figura 2. 3Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias Figura 2. Representação esquemática diferenciando entre a cicatrização de primeira e segunda intenção. Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 194). Já a cicatrização de terceira intenção surge principalmente por infecção da ferida que, desse modo, deverá ser tratada e, em seguida, ressuturada, abrangendo a pele e o tecido subcutâneo (COSTA; EUGENIO, 2014). Assim, em um primeiro momento a ferida permanecerá aberta para, depois, ser fechada. De acordo com Viana e Whitaker (2011), essas feridas precisam ficar abertas para a drenagem de secreção e para a regressão de um edema. A limpeza de uma ferida pelo profissional de enfermagem deverá ser realizada com o objetivo de remover os microrganismos e dejetos do local lesionado, com o mínimo possível de força mecânica a fim de proteger o tecido granular saudável (TAYLOR et al., 2014). Geralmente, os profissionais da área da enfermagem de instituições de saúde optam por utilizar uma solução fisiológica salina, ou seja, cloreto de sódio a 0,9%, como agente de limpeza, sobretudo nos casos de lesões por pressão, devendo fazê-lo em um momento inicial e antes de aplicar um novo curativo. De acordo com Taylor et al. (2014), o profissional responsável pela téc- nica de limpeza de uma ferida com bordas aproximadas deve seguir estes procedimentos: � seguir as precauções padronizadas pela instituição de saúde; � umedecer a gaze, o algodão ou o forro estéril com o agente limpador previamente prescrito; Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias4 � utilizar uma gaze ou um algodão novo para cada movimento a ser realizado; � realizar a limpeza de cima para baixo e da direção externa a partir da incisão, em linhas paralelas a ela, conforme mostra a Figura 3; Figura 3. Limpeza de feridas com bordas aproximadas. Fonte: Taylor et al. (2014, p. 977). � a limpeza deverá ser feita da área mais limpa para a menos limpa. Ainda conforme Taylor et al. (2014), na técnica de limpeza de uma ferida com bordas não aproximadas o profissional deve: � utilizar as precauções padronizadas pela instituição de saúde; � umedecer a gaze, o algodão ou o forro estéril com o agente limpador previamente prescrito; � utilizar uma gaze ou um algodão novo para cada movimento a ser realizado; � direcionar a limpeza em círculos completos ou pela metade, com início no centro no sentido para a parte mais afastada, conforme a Figura 4; 5Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias � realizar a limpeza pelo menos 2,5 cm para além das extremidades do curativo novo; � caso não seja inserido nenhum curativo novo, a limpeza então deverá ser feita pelo menos 5 cm além das margens da ferida. Figura 4. Limpeza de feridas com bordas não aproximadas. Fonte: Taylor et al. (2014, p. 977). Em alguns casos, depois de limpar a ferida, é preciso cobri-la com gaze ou outro elemento, ou seja, aplicar um curativo, que pode ser classificado em: � oclusivo: oclui-se totalmente a ferida, geralmente em lesões abertas ou cirúrgicas nas primeiras 48 horas ou quando da presença de exsudato; � oclusivo úmido: aplica-se uma cobertura com soro fisiológico para promover a umidade do local, uma vez que as camadas da pele desidra- tadas morrem na ausência dessa umidade; além disso, evita possíveis traumas decorrentes da troca do curativo; Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias6 � oclusivo seco: aplica-se uma cobertura seca sobre a lesão, sendo muito utilizado na ferida cirúrgica ou em local de inserção de cateter e dreno; � aberto: cobre-se a ferida,geralmente em incisões cirúrgicas após 48 horas ou quando a ferida não apresenta mais exsudato; � compressivo: realiza-se a compressão da lesão pelo curativo, com a finalidade de promover a hemostasia e favorecer o retorno venoso. Costa e Eugenio (2014) relatam que o profissional de saúde deve observar e avaliar alguns itens referentes à ferida, como a sua profundidade e o exsudato, que pode ser seroso, serossanguinolento, sanguinolento, piossanguinolento ou purulento. Em complemento, Viana e Whitaker (2011), discorrem sobre a coloração do leito da ferida, que poderá ser: vermelho, característico de feridas saudá- veis, que apresentam tecido limpo e de granulação; amarelo, pela presença de exsudato com uma camada de tecido endurecido; e preto, indicativo de necrose, devendo ser removido. De maneira geral, as anotações de enfermagem quanto às feridas se con- centram no local e na dimensão da lesão, na aparência da ferida, nos sinais e sintomas observados quanto à presença de secreção, na coloração, no odor, na quantidade e na dor para avaliar a necessidade de analgesia, no tempo de existência, na necessidade de desbridamento e no tipo de curativo e material prescrito e utilizado. Cuidados de enfermagem na passagem e testes para confirmação da sonda gástrica, enteral blackmore e vesical de demora Durante o tratamento para o restabelecimento da saúde, o paciente poderá necessitar de apoio alimentar por um curto prazo, situação em que precisará utilizar a sonda gástrica, em que o conector é inserido até ao estômago. Um cuidado muito importante na inserção da sonda nasogástrica se refere à mensuração desse elemento, para que seja longa o suficiente para atingir o estômago do paciente e, assim, atingir a sua finalidade — a de nutrir o paciente. De acordo com Malta et al. (2013), são possíveis algumas complicações em relação à inserção e à passagem da sonda nasogástrica, como estenose, perfuração do esôfago, pneumotórax, inserção da sonda em brônquios, entre outros. 7Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias Há ainda o risco de aspiração quanto o tubo é inserido próximo da transição esofagogástrica, o que poderá ocasionar refluxo gastresofágico, ou deslocado após tosse, náuseas ou vômito. Segundo Unamuno e Marchini (2002), existem diferenças entre as sondas usadas para infundir nutrientes e aquelas empregadas para drenar secreções digestivas, exigindo, consequentemente, alguns cuidados particulares. Para as sondas gástricas, são referidos: � as sondas para sondagem gástrica de polivinil devem ser utilizadas por períodos menores de 30 dias; � o paciente deverá estar em jejum alimentar de, no mínimo, 4 horas; � posicionar o paciente com cabeceira elevada a 45°; � mensurar a extensão da sonda da seguinte maneira: colocar a sua parte distal na ponta do nariz estendendo-a até o lóbulo da orelha e, depois, até o apêndice xifoide (Figura 5); Figura 5. Mensuração da sonda nasogástrica. Fonte: Taylor et al. (2014, p. 1233). � ao introduzir a sonda, umedecê-la com água; � para evitar que o paciente tenha sensação de náuseas em razão da pas- sagem da sonda pela faringe, o profissional deverá orientar o paciente a inspirar e fazer o movimento de engolir quando sentir que a sonda chegou à garganta; � a chegada da sonda ao estômago poderá ser verificada pela aspiração do suco gástrico com uma seringa de 20 mL — introduzem-se de 10 a 20 mL de ar por intermédio da sonda em que o profissional deverá auscultar com o estetoscópio logo abaixo do apêndice xifoide; Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias8 � a sonda de Levine é fabricada em material de PVC, maleável, transpa- rente e atóxico, e não requer radiografia para verificar sua localização. Já a sonda Blakemore, observada na Figura 6, é utilizada para o tratamento de sangramento de varizes do estômago, hemorragias de fundo varicoso, sendo constituída por três luzes com dois balões: uma luz para insuflar o balão gástrico e a outra para o balão esofágico. Figura 6. Esquema da sonda Sengstaken-Blakemore. Fonte: Galvão (2016, documento on-line). Para as sondas entéricas, os cuidados se referem a: � o tubo digestivo do paciente deverá estar íntegro com a capacidade de absorção pelo menos parcialmente conservada; � a porção distal da sonda deverá estar além da fístula, no caso de pacientes com fístula intestinal proximal de baixo débito; � o paciente deverá estar em jejum alimentar de, no mínimo, 4 horas; � posicionar o paciente com cabeceira elevada a 45°; � mensurar a extensão da sonda da seguinte maneira: colocar a sua parte distal na ponta do nariz estendendo-a até o lóbulo da orelha e, depois, 9Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias até o apêndice xifoide, devendo migrar espontaneamente com o estímulo peristáltico 25 cm ou mais, para os casos de posicionamento na segunda ou na terceira porção do duodeno ou jejuno; � ao introduzir a sonda, umedecê-la com água; � orientar o paciente a inspirar e fazer o movimento de engolir quando sentir que a sonda chegou à garganta; � não passar a sonda enteral com a cabeça em extensão; � após a confirmação do posicionamento gástrico, o profissional deverá fixar a sonda na face do paciente, dispondo uma alça que será desfeita espontaneamente de acordo com os movimentos peristálticos, permi- tindo a passagem pelo piloro; � para uma passagem da sonda ao intestino mais rápida, o profissional poderá posicionar o paciente em decúbito lateral direito, estimular a sua deambulação ou administrar medicamentos que estimulem a motilidade gástrica. As intubações pós-pilóricas são facilitadas pelas sondas com uma ogiva distal (2 a 3 g), que permite que o peristaltismo gástrico e intestinal posicione a sonda de maneira correta pelo período compreendido entre 4 e 24 horas (UNAMUNO; MARCHINI, 2002). Em casos nos quais o paciente apresenta dificuldade respiratória, tosse persistente, cianose e agitação, poderá estar indicado desvio da sonda nas vias respiratórias, devendo ser retirada e reintroduzida. Ainda sobre a verificação do posicionamento da sonda no tubo gástrico, radiografia de abdome ou fluoroscopia são muito utilizadas pelos profissio- nais (UNAMUNO; MARCHINI, 2002). Ainda, há o teste de pH do líquido aspirado pela sonda, em que valores abaixo de 6 sugerem o posicionamento no estômago; no entanto, a presença de alimentos ou medicamentos no tubo digestivo poderá mascará-lo. Em casos de difícil cooperação do paciente para a passagem da sonda, esta deverá ser introduzida com o fio-guia, lembrando-se de injetar 5 mL de vaselina liquida na luz da sonda, para que possa ser retirada com maior facilidade. Somente após a confirmação do posicionamento da sonda no estômago, o fio-guia poderá ser retirado. A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 0450/2013 aponta as diretrizes para a atuação dos profissionais de enfermagem em relação à sondagem vesical: Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias10 � o calibre da sonda deve ser o menor possível, a fim de proporcionar a drenagem adequada e minimizar traumas; � encher o balão de retenção com água destilada, evitando soluções salinas ou com outros eletrólitos, uma vez que estes poderão cristalizar após um período, eventualmente dificultando a retirada do cateter na deflação; � usar um sistema de drenagem que garanta sua esterilidade como um todo; � no cateterismo de bexiga masculina, inserir com cuidado a ponta da seringa na uretra e instilar 10 mL de lubrificante, que garantirá a pas- sagem do cateter sem traumas ao revestimento da uretra; � manter a bolsa coletora abaixo do nível de inserção do cateter, o que permitirá evitar o refluxo intravesical de urina; � substituir o sistema de drenagem quando houver quebra na técnica asséptica, desconexão ou vazamento; � sempre identificar e monitorar os grupos de pacientes suscetíveis à infecção do trato urinário; � na sonda vesicalde demora, ter cuidado quanto à limpeza ao redor do óstio uretral, que pode ser executada durante a sua lavagem externa com água e solução antisséptica, redobrando a atenção para evitar a tração da sonda; � secar a área com gazes e, em seguida, realizar a nova fixação do dis- positivo de acordo com as especificidades para cada sexo; caso seja necessária a mudança de lado da bolsa coletora, o profissional deverá clampear a extensão da sonda, realizar a alteração o lado e, depois, não se esquecer de abrir o seu clamp; � verificar se a mangueira de drenagem não está dobrada e se os movi- mentos das grades laterais do leito não interferem na bolsa de drenagem. Após a inserção do cateter, o profissional deverá puxá-lo delicadamente depois de o balão ser inflado, até que se sinta uma resistência, uma vez que a inflação imprópria poderá provocar desconforto ao paciente e mau posicio- namento do cateter. De acordo com Taylor et al. (2014), caso não haja retorno de urina após o procedimento e persistirem dúvidas quanto à localização do cateter, o profis- sional não poderá inflar o balão, e sim remover o cateter e notificar o médico. 11Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias Cuidados de enfermagem, indicações e tipos de ostomias intestinais e urinárias Conforme as orientações do Instituto Nacional de Câncer (INCA) (2018), a ostomia intestinal e urinária correspondem a aberturas cirúrgicas realizadas para a construção de um novo trajeto para a saída das fezes ou da urina, localizado no abdome. O tipo de ostomia (Figura 7) dependerá do local em que se orifício se localiza, como mostrado a seguir. � Colostomia — quando o estoma está no intestino grosso. A frequência e a consistência das fezes dependerão do lugar em que é realizada, podendo ser ascendente, transversa, descendente ou sigmoide e úmida em alça: ■ colostomia ascendente: as fezes são líquidas ou semilíquidas nos primeiros dias após a cirurgia e, depois, se tornam pastosas; ■ colostomia transversa: as fezes se apresentam em forma semilíquida a pastosa; ■ colostomia descendente: as fezes encontram-se pastosas a sólidas, irregulares no início e podendo ser eliminadas várias vezes ao dia, em distintos momentos; ■ colostomia sigmoide: as fezes são firmes e sólidas, podendo ser eliminadas com regularidade; ■ colostomia úmida em alça: o procedimento cirúrgico é realizado para que urina e fezes sejam eliminadas pela mesma ostomia. � Ileostomia — quando o estoma está no intestino delgado (fino). Nessa situação, as fezes são inicialmente líquidas, passando a ficar semipas- tosas após um período de adaptação. � Urostomia — quando o estoma é realizado para a saída de urina, continuamente e sem interrupções. Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias12 Figura 7. Tipos de ostomia. Fonte: Perfoll (2018, documento on-line). De acordo com o manual da Secretaria do Estado de Saúde de Vitória (ESPÍRITO SANTO, 2016), a ostomia pode ser em duplo barril ou duas bocas, ou seja, o intestino é separado por dois estomas, proximal e funcionante e distal não funcionante. No entanto, poder ser composta por uma única boca, dependendo da técnica cirúrgica empregada. De maneira geral, as ostomias urinárias são indicadas para preservar a função renal, e as intestinais para desviar o trânsito fecal do local patologica- mente comprometido. Suas principais indicações operatórias correspondem a malformação congênita do intestino, tumores intestinais, doença inflamatória intestinal, traumas abdominais, etc. Os principais cuidados gerais que o profissional deve seguir acerca dos estomas são: � verificar a coloração (deverá ser vermelho-vivo), o brilho, a umidade, presença de muco, o tamanho e a forma; � realizar a limpeza de maneira delicada, sem movimentos de fricção; � limpar ao redor do estoma com água e sabonete neutro; � aparar os pelos ao redor do estoma; � orientar para que o paciente não utilize substâncias agressivas à pele, a fim de evitar ressecamento, lesão ou reações alérgicas; � ao realizar a troca da bolsa, retirá-la delicadamente, para não traumatizar a pele. Isso poderá ser feito com o auxílio de gaze ou algodão embebido 13Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias com água morna ou orientando o paciente a realizá-lo durante o banho, para facilitar a retirada; � secar cuidadosamente ao redor do estoma; � recortar a bolsa de acordo com o tamanho do estoma, retirar o papel que protege a resina e ser coloca-lo no sentido de baixo para cima; � sempre se certificar de que a bolsa está bem adaptada à pele, retirando todo o ar de dentro da bolsa, fechando com o clamp; � esvaziar a bolsa em casos de ileostomias e urostomias, quando no mí- nimo 1/3 de seu espaço estiver preenchido, e das colostomias, sempre quando necessário, geralmente uma ou duas vezes por dia; � trocar a bolsa quando a coloração da placa protetora, que é amarela, se tornar quase branca em sua totalidade, já que, nesse ponto de saturação, há risco de descolamento e vazamento do conteúdo. Existe uma especialidade da prática do enfermeiro, instituída no Brasil desde 1990, que trata da assistência às pessoas portadoras de estomias, fístu- las, túbulos, cateteres, drenos, feridas crônicas e agudas, incontinência anal e urinária, nos diversos âmbitos (preventivo, terapêutico e de reabilitação), denominada estomaterapia. O órgão que representa a estomaterapia brasileira é a Associação Brasileira de Estomaterapia (Sobest), fundada em dezembro de 1992, que conceitua o enfermeiro pós-graduado em estomaterapia como enfermeiro estomaterapeuta (ET). Além disso, o órgão dita algumas competências clínicas relacionadas aos estomas intestinal e urinário, como (SOBEST, 2009) descrito a seguir. � No pré-operatório: ■ a consulta de enfermagem deverá conter informações como aspectos sociodemográficos e saúde geral, além do exame físico; ■ orientar o paciente quanto ao ato operatório, ao preparo prévio, ao estoma, às bolsas coletoras e aos programas públicos existentes; ■ realizar a demarcação do local do futuro estoma; ■ caso necessário, realizar o teste de sensibilidade aos equipamentos; ■ caso necessário, encaminhar o paciente a outros profissionais; ■ planejar e executar visitas domiciliares. � No intraoperatório: ■ trocar informações com o enfermeiro do centro cirúrgico sobre o equipamento adequando-o ao tipo de estoma e à confirmação da confecção do estoma na área anteriormente marcada. Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias14 � No pós-operatório imediato e mediato: ■ realizar visitas para avaliar as condições do estoma e da ferida operatória; ■ realizar orientações quanto ao autocuidado ao paciente e cuidador. � No pós-operatório tardio: ■ avaliar as condições da pele periestoma, do estoma e eventuais complicações; ■ quando necessário, reforçar as orientações prévias; ■ realizar treinamento quanto à autoirrigação ou ao equipamento oclusor; ■ se necessário, encaminhar a outros profissionais da equipe multidisciplinar; ■ estimular o retorno do paciente ao convívio social; ■ estimular a participação dos pacientes em associações de ostomizados ou grupos de autoajuda; ■ acompanhar a evolução da doença-base, orientando o paciente quanto aos exames de rotina e especializados; ■ avaliar as atividades prestadas, bem como os equipamentos utilizados, por meio de protocolos, visando à melhoria de sua qualidade. COFEN. Resolução COFEN nº 0450/2013. Normatiza o procedimento de Sondagem Vesical no âmbito do Sistema Cofen / Conselhos Regionais de Enfermagem. 2013. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-04502013-4_23266. html. Acesso em: 21 jun. 2019. COSTA, A. L. J.; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed, 2014. (Série Tekne). ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado de Saúde. Manual e orientação aos serviços de atenção às pessoas ostomizadas. Brasília: Secretaria de Estadoda Saúde, 2016. Disponí- vel em: https://saude.es.gov.br/Media/sesa/Consulta%20P%C3%BAblica/Manual%20 ostomizados%202016%201.pdf. Acesso em: 21 jun. 2019. GALVÃO, E. Sengstaken-Blakemore. 2016. Disponível em: https://multisaude.com.br/ artigos/sonda-sengstaken-blakemore/. Acesso em: 24 jun. 2019. INCA. Cuidados com estomias intestinais urinárias: orientações ao usuário. 2. ed. Rio de Janeiro: Inca, 2018. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files// media/document//livro-cuidados-com-a-sua-estomia.pdf. Acesso em: 21 jun. 2019. 15Cuidado ao paciente com feridas, sondagem e com ostomias MALTA, M. A. et al. Medidas antropométricas na introdução da sonda nasogástrica para nutrição enteral empregando a esofagogastroduodenoscopia. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, [s. l.], v. 26, n. 2, p. 107–111, 2013. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/abcd/v26n2/07.pdf. Acesso em: 21 jun. 2019. PERFOLL, R. Indicações e tipos de ostomias intestinais e urinárias. 2018. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/index.php/informacoes-gerais-documentos/media-e- -alta-complexidade/servico-de-ostomizados/apresentacoes-capacitacao-2018/12974- -indicacoes-e-tipos-de-ostomias-intestinais-e-urinarias/file. Acesso em: 24 jun. 2019. SOBEST. Competências do enfermeiro estomaterapeuta. 2009. Disponível em: http:// www.sobest.org.br/textod/19. Acesso em: 21 jun. 2019. TAYLOR, C. 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