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A Educação Ambiental Inovando a Gestão

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Coordenação-Geral
Túlio Antônio de Amorim Carvalho
Secretaria Estadual da Educação
Carlos Guilherme Pinheiro, Daiani de Freitas Silveira, 
Denize Datri Furtado dos Santos, Fernanda Mendes Tavares Marques, 
Sandra Garcia Polino, Stela Maris Pires Gayer, 
Susana Cecília Lavarello Mintegui e Virgínia Bobsin Tietböhl.
Secretaria Estadual do Meio Ambiente/FEPAM
Artur Renato Albeche Cardoso, Carmem Marília Machado, 
Fernando Antônio Valença Floresta, Jackson Müller, 
Lairton Pedro Kleinübing, Lilian Maiara Zenker, Luiz Carlos da Costa, 
Maria Elisabete Farias Ferreira, Niro Afonso Pieper, Sidnei Carneiro e Silva e 
Túlio Antônio de Amorim Carvalho.
Aracruz Celulose S/A
Adriana Alves de Ávila, Clóvis Zimmer, Francisco Bueno, 
Jacira Maria S. Bazotti, Maurem Kayna Lima Alves e Sabrina de Freitas Bicca.
Borrachas Vipal S/A
Carlos Júlio Lautert, Claudete de Campos, Glauco Bao, 
Ilda Paludo e Sílvia Bem Olivo.
Grupo Gerdau
Cristiane Maurer Koch, Erico Teodoro Sommer, Luiz Fernando Bodanese, 
Marcele Moreira Nickhorn, Sharon Bicca Treiguer, 
Vanessa Machado Fabian e Vera Rossana Martini Wanner.
ACPM-Federação
Indiara Souza, Jairo Fernando Martins Pacheco e Robison Giudici Minuzzi.
Equipe Técnica Sumário
Aprensentação
A visão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente sobre o PEAC 5
O PEAC no Projeto Escola Aberta para a Cidadania 6
Uma ferramenta para a construção de uma nova sociedade 7
"Planto árvores porque acredito nos jovens..." 9
Grupo Gerdau apóia difusão do conhecimento ambiental nas comunidades 10
O PEAC e a Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do RS 11
As indústrias e a experiência com o PEAC 12
Os agentes da esperança para uma sociedade global com problemas locais 13
Introdução
Meio ambiente, saúde e cidadania no centro da questão educacional 15
Artigos
O PEAC e a quebra de paradigmas em Educação Ambiental 17
Um desafio lançado à mesa: um pouco da história do PEAC 21
A visão dos parceiros da iniciativa privada 27
O Sistema Estadual de Educação Ambiental e o PEAC 29
A sensibilização para as questões ambientais no sistema público de ensino 31
Projeto Escola Aberta para a Cidadania e a Educação Ambiental 33
O PEAC e o Pró-Mar-de-Dentro: uma parceria "dentro de casa" 35
A contribuição da Produção mais Limpa na Política Ambiental gaúcha 40
Projetos
Amostra de projetos do PEAC: Anais do I Congresso de Agentes Prevencionistas 45
Resultados e Perspectivas
O Primeiro Ano de Atividades 119
Materiais desenvolvidos para o PEAC 120
Escolas integradas ao PEAC 121
Novas perspectivas do PEAC: uma questão de oportunidades 125
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 5
A visão da Secretaria Estadual do 
Meio Ambiente sobre o PEAC
O Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC, pode ser consi-
derado como a primeira parceria público-privada, no âmbito do Estado do Rio
Grande do Sul, a atingir resultados significativos quanto aos seus objetivos e metas.
Este Programa vem preencher uma imensa lacuna existente no Sistema Esta-
dual de Proteção Ambiental – Sisepra. Atualmente, o Sisepra tem nos instru-
mentos de comando e controle a sua dimensão mais perceptível para os cidadãos
gaúchos. Contudo, sabe-se que a fiscalização, o licenciamento e o monitora-
mento são instrumentos mais efetivos quando, em momento anterior, há um
processo de disseminação de dados e informações que levem ao conhecimento,
necessário ao planejamento e à implementação de ações de gestão ambiental.
Os instrumentos de comando e controle podem ser usados em sistemas
imaturos ou em sistemas em que a informação disponível não é utilizada coe-
rentemente para a gestão de processos produtivos. Mesmo nesse último caso, há
que se garantir que esse conhecimento seja capaz de habilitar a população a em-
preender um rol de ações que, ao longo do tempo, modifiquem e implementem
uma cultura mais adequada à manutenção e ao incremento da qualidade am-
biental e da qualidade de vida. E tal objetivo só pode ser plenamente alcançado
quando a Educação Ambiental ocupa o lugar de ferramenta essencial do proces-
so de gestão ambiental.
Esse espaço de verdadeira transformação cultural foi legitimamente ocupado
pelo PEAC, através do qual inúmeras comunidades, com o apoio da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente e da Secretaria Estadual da Educação, aliadas aos
grandes stake-holders da economia gaúcha, estão construindo uma nova visão de
nossa atitude em relação aos ecossistemas, ambientes e recursos naturais, de for-
ma que se espera que, em um futuro próximo, haja a compreensão de que nos-
so povo e nossa terra são interdependentes, e que a qualidade de vida de um de-
pende da qualidade ambiental de outro.
Claudio Dilda
Secretário Estadual do Meio Ambiente
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 76 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
O PEAC no Projeto Escola 
Aberta para a Cidadania
A Educação Ambiental se constitui numa forma abrangente de educação,
que se propõe a atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico
participativo e permanente, o qual procura sensibilizar tanto o educando quanto
a comunidade escolar sobre uma consciência crítica em relação à problemática
ambiental, compreendendo-se como crucial a capacidade de captar a gênese e a
evolução de problemas ambientais.
Para ser efetivo, um programa de Educação Ambiental deve promover, si-
multaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilida-
des necessárias à preservação, à prevenção e à melhoria da qualidade de vida. Es-
sas características ficaram amplamente comprovadas nos belíssimos projetos de
Educação Ambiental, em execução, desenvolvidos por nossas comunidades es-
colares nos mais diversos rincões de nosso Estado.
O Projeto Escola Aberta para a Cidadania, da Secretaria da Educação, através
do Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC, visa contribuir
com a melhoria da qualidade de vida da população e com a conservação do meio
ambiente, e deve continuar a encontrar caminhos para promover e fortalecer
processos participativos, buscando o desenvolvimento de ações coletivas que al-
mejam o bem-estar de todos.
O sentido de trabalhar por um meio ambiente sadio constrói-se num fazer
diário, numa relação pessoal e grupal, e, por isso, a tomada de consciência am-
biental cidadã só pode traduzir-se em ação efetiva quando segue acompanhada
de uma população organizada e preparada para conhecer, entender e exigir seus
direitos e exercer suas responsabilidades.
Por isso, o PEAC, o Projeto Escola Aberta para a Cidadania e os parceiros estão
de parabéns por esta iniciativa inédita e exitosa, a qual deve ser contínua, pois a
educação é o melhor meio de desenvolver condutas protetoras do meio ambiente.
Nelsi Hoff Muller
Secretária Estadual da Educação
Uma ferramenta para a construção
de uma nova sociedade
Desde a década de 90 a Aracruz desenvolve na sua área de abrangência ati-
vidades de Educação Ambiental. Por isso, quando foi convidada a aderir ao
PEAC – Programa de Educação Ambiental Compartilhado, experiência públi-
co-privada inédita no Rio Grande do Sul, aceitou imediatamente.
Por considerar a Educação Ambiental uma importante ferramenta na cons-
trução de valores e conceitos que se traduzem em ações concretas em prol da
melhoria da qualidade de vida das comunidades onde atua, a Aracruz perce-
beu de pronto a importância de um programa como o PEAC.
Assim, surgia mais uma parceria cujo objetivo maior estava em valorizar a
ação pró-ativa e voluntária daqueles que buscam, através da implantação de
projetos sustentáveis nas comunidades, a melhoria da qualidade de vida das
mesmas.
Nesse sentido, o caráter pró-ativo e voluntário do PEAC imprimiu, desde o
início, o desafio de conciliar os interesses das diversas instituições promotoras do
programa à diversidade de necessidades da realidade das áreas desua atuação.
Essa adesão ao programa significou também considerar as experiências de
cada parceiro e unificar objetivos que trouxessem resultados concretos às co-
munidades envolvidas.
Os resultados dessa primeira fase evidenciaram-se na realização do I Con-
gresso Estadual de Agentes Prevencionistas, o qual trouxe ao público projetos
ambientais focados nas necessidades das comunidades, com a efetiva participa-
ção dos voluntários que promoveram sua execução.
Fazendo um exercício de avaliação dessa primeira fase, o que se destaca,
além da mobilização das comunidades, é a parceria entre as diversas institui-
ções, tanto públicas quanto privadas, estabelecidas nos municípios.
E se entendermos que é nos municípios que os projetos acontecem, o de-
safio que ora se imprime está em alavancar essas parcerias, para que esses pro-
jetos continuem colhendo resultados, e que tais resultados se traduzam em
benefícios às comunidades. Além disso, é preciso promover a participação de
outros tantos parceiros e projetos, que sabemos existir, para que eles se fortale-
çam e cresçam através da troca de experiências.
Neste momento, é indispensável que a continuidade do programa conside-
re a necessidade de estabelecer esses vínculos com as instituições municipais,
para garantir o apoio e o suporte necessários aos Agentes Prevencionistas.
Foi a frase proferida quando, em 1992, o Sr. Vicêncio Paludo, aos 71 anos, re-
sumiu a responsabilidade social e ambiental que o grupo das empresas que idea-
lizou já praticava.
A Vipal, empresa que carrega o nome de seu fundador e idealizador Vicêncio
Paludo, tem como missão industrial a fabricação de produtos para recuperação de
pneumáticos, o que faz dela uma empresa já concebida com o fim de preservar a
natureza. Afinal, a reforma de pneus é uma saída para minimizar os impactos causa-
dos no meio ambiente pelo grande número de pneus produzidos mundialmente.
Esta atividade permite que um pneu seja reformado até quatro vezes, redu-
zindo o descarte na natureza. Além da questão ambiental, os pneus reformados
chegam a rodar mais que os novos e permitem gerar uma economia superior a
50% no custo do quilômetro rodado. Depois do combustível, os pneus repre-
sentam o segundo produto de maior custo no transporte. Assim, imagine a eco-
nomia gerada por uma transportadora, por exemplo, ao optar pela reforma. 
O principal motivo para a significativa redução do custo é que a reforma de
um pneu, comparada com a produção de um novo, economiza até 80% de
petróleo. É simples: uma vez que se empregam menos borracha e outras
matérias-primas, há a redução dos gastos de produção. 
Mas nossa caminhada incessante para proporcionar o desenvolvimento da
empresa e, ao mesmo tempo, garantir conforto e qualidade de vida das pessoas
exigia a implantação de sólidos programas internos e externos, tanto na área am-
biental quanto na social.
Por isso, não poderíamos deixar de atender ao convite da SEMA – Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, para acompanhar esta parceria público-privada e,
com muito orgulho, colaboramos com o Programa de Educação Ambiental
Compartilhado.
A frase de nosso idealizador, Sr. Vicêncio Paludo, citada no início deste texto,
faz parte da nossa ideologia de investir em programas que permitam a formação
de grandes cidadãos e a construção de um mundo cada vez melhor.
Borrachas Vipal
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 98 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Ao considerarmos como desafio conciliar o crescimento econômico e so-
cial com o equilíbrio ecológico – e entendendo que o PEAC foi uma das ferra-
mentas dessa combinação –, nos cabe, além do orgulho de termos participado
dessa primeira fase, e já considerando-nos parceiros da nova fase que se apro-
xima, convidar aqueles que quiserem a integrar-se ao desafio de continuar
promovendo ações que busquem o crescimento de suas comunidades.
Experiências como essa, que a primeira fase do PEAC nos mostrou, indi-
cam que o caminho ainda está por fazer e que queremos continuar participan-
do dessa construção.
Aracruz Celulose
"Planto árvores porque 
acredito nos jovens..."
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 1110 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Crescer com responsabilidade. É assim que o Grupo Gerdau vem ampliando
as suas bases. Essa responsabilidade é refletida, por exemplo, na preocupação
constante em preservar o meio ambiente, bem como na transferência de conhe-
cimento entre todos os setores da sociedade.
O Grupo Gerdau destina investimentos permanentes em tecnologias de
proteção ambiental, porque tem a certeza de que o mundo só pode ser transfor-
mado de forma sustentável se o meio ambiente for tratado com respeito. 
É por esse motivo que a Gerdau é parceira do Programa de Educação Am-
biental Compartilhado – PEAC. Acredita na difusão do conhecimento como
instrumento excelente para conscientizar a população da necessidade de preser-
var o meio ambiente.
O trabalho de Educação Ambiental que está sendo realizado com as crianças
das escolas da rede pública do Rio Grande do Sul formará agentes prevencionis-
tas motivados e esclarecidos a sensibilizar adultos e crianças. O resultado impli-
cará em mudança de hábitos relacionadas às atitudes prejudiciais à natureza, com
soluções aplicáveis a cada realidade de modo compartilhado.
O sucesso do Programa só se torna possível pela colaboração de todos os par-
ceiros do PEAC, tanto da iniciativa pública quanto privada, e também devido à
participação ativa dos colaboradores voluntários. 
Atitudes solidárias fazem parte da cultura e dos valores que foram construí-
dos pelo Grupo Gerdau ao longo de 105 anos de história. A empresa continuará
investindo em projetos de Educação Ambiental como forma de garantir um fu-
turo melhor para as próximas gerações. 
O Grupo Gerdau entende que o Brasil ainda tem muito que conquistar na
área social. A participação da sociedade é fundamental para o desenvolvimento
de soluções inteligentes frente aos desafios nas áreas de meio ambiente, educa-
ção, cultura, pesquisa científica, entre tantas outras.
Grupo Gerdau
Grupo Gerdau apóia difusão do 
conhecimento ambiental nas comunidades
A ACPM-Federação foi fundada em 26 de setembro de 1984, tendo por
objetivo integrar e representar os Círculos de Pais e Mestres e as associações
congêneres ou afins das escolas públicas federais, estaduais e municipais no
Rio Grande do Sul.
A escola depende do que está no seu entorno. Escola integrada é escola pro-
tegida. A utilização dos seus espaços por programas educativos beneficia, além
dos alunos, os pais e os professores.
O PEAC converteu um dos objetivos dos CPMs em realidade. A ACPM-
Federação mostrou que é possível estabelecer parcerias entre o público, o priva-
do e a comunidade escolar na busca de soluções para a melhoria na qualidade de
vida das pessoas.
A Educação Ambiental é fundamental na formação dos indivíduos para o
exercício da cidadania. O Programa, nesse sentido, conseguiu envolver todos os
segmentos da comunidade escolar, com atividades básicas, como a formação de
Agentes Prevencionistas e a divulgação de estratégias educacionais, mostrando
que é possível proteger o meio ambiente.
A experiência, participando do Programa, permitiu que se ampliasse o elo da
escola com a comunidade e com a ACPM-Federação, apesar de todas as dificul-
dades inerentes a um trabalho responsável, persistente e, principalmente, volun-
tário. Esperamos estar cooperando para a elaboração de políticas que envolvam a
educação numa tentativa de reduzir os riscos ambientais.
Organização, mobilização e participação, de modo a envolver não só a es-
cola, mas as famílias e os demais membros da comunidade escolar, foram e
são fundamentais para o sucesso do Programa de Educação Ambiental
Compartilhado.
Robison Minuzzi
Presidente da ACPM-Federação
O PEAC e a Federação das Associaçõese Círculos de Pais e Mestres do RS
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 1312 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Certamente, o PEAC surpreendeu a muitos pelos resultados que alcançou
em tão curto período de tempo. Acredito que superou até o mais otimista dos
otimistas.
Após os percalços dos primeiros encontros, nos quais de um lado estavam
sentados os representantes do poder público, e de outro, os do setor privado, o
PEAC foi implementado e posto à prova pelo público a que se destinava.
Os números não deixam dúvidas de que foi plenamente aprovado. Seus pro-
jetos foram postos em execução nos 106 municípios que se envolveram com o
Programa.
São de iniciativas como essa que a sociedade não pode prescindir. Se o meio
ambiente é o tema do século XXI, não o deixemos como tema, façamos dele
nossa lição.
A Educação Ambiental é tema recorrente no meio industrial. Segundo uma
pesquisa que realizamos, inserida no Anuário RS Sustentável, de uma base de
amostra de 71 empresas, nada menos que 55 (77% do total da amostra) desen-
volvem ações de Educação Ambiental na empresa. Já no que se refere a ações de
Educação Ambiental na comunidade, o índice é de 32 empresas (45% do total)
que mantêm esse tipo de atividade. Consideramos este um índice elevado, pois
a maioria das empresas participantes do levantamento é média e pequena, por-
tanto, com menor capacidade financeira e de recursos humanos para o desen-
volvimento de ações comunitárias de Educação Ambiental.
O PEAC é um programa inovador, que possibilitou apresentar as questões
ambientais em seus diversos temas, em 165 comunidades escolares, atingindo
diretamente mais de 50 mil pessoas. Esperam-se inúmeros desdobramentos
desses projetos, os quais, certamente, contribuirão para a construção de uma so-
ciedade sustentável em nosso país.
Agradecemos e parabenizamos a todos os que fizeram do Programa de Edu-
cação Ambiental Compartilhado um grande sucesso.
Torvaldo Marzolla Filho
Coordenador do Conselho de Meio Ambiente da Fiergs
As indústrias e a experiência 
com o PEAC
A Famurs – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul
– deseja inicialmente celebrar o êxito alcançado com toda sociedade gaúcha pe-
lo Programa de Educação Ambiental Compartilhado, que é um exemplo de co-
mo deve ser a gestão pública.
Ressaltam-se a integração, a união e, acima de tudo, o profissionalismo de to-
dos os envolvidos, e a visão estratégica das empresas privadas que nele investiram.
Como já tínhamos afirmado no lançamento do Programa de Agentes Pre-
vencionistas, eles são agentes de esperança para uma sociedade com informações
globais e problemas locais. Da mesma forma, para as comunidades locais, os
prefeitos, ou melhor, as administrações municipais, são agentes de esperança e
indutores de desenvolvimento e de mudanças de paradigmas.
O Município, em função da Constituição de 1988, foi considerado ente fe-
derado, no mesmo patamar dos Estados e da União. Em vista disso, passou a ter
um conjunto cada vez mais amplo de competências administrativas e legislati-
vas, especialmente alicerçadas na ampliação da noção de interesse local, que é
onde a vida dos cidadãos acontece. A área ambiental é central nesse processo.
Mas, se, por um lado, se deve comemorar a consolidação dos Municípios na
Federação brasileira, por outro, ampliam-se as necessidades de integrar o gestor
municipal com o cidadão, e assim tornar o Município o efetivo espaço de de-
manda da sociedade. Por outro lado, tem se tornado claro para a sociedade brasi-
leira que os Municípios têm sido os grandes indutores de cidadania.
Nesse contexto, o PEAC é um exemplo a ser seguido e mostra que é possível
ter parcerias público-privadas neste País.
Saudamos e cumprimentamos todos os envolvidos, em especial a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, a Secretaria Estadual da Educação, a Fepam, as em-
presas Aracruz, Gerdau e Vipal, as Associações de Bairros, os Municípios envol-
vidos, as escolas e as Associações de Pais e Mestres, pois as mãos de todos gera-
ram um exemplo.
Certamente, os cidadãos que estamos formando terão conhecimento para
melhorar o mundo, tendo mais qualidade em suas vidas e nas de todos que habi-
tam no seu entorno, tanto os homens quanto a fauna, a flora, o solo, a água e o ar.
Valtemir Goldmeier
Presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente – Consema e consultor da FAMURS
Os agentes da esperança para uma 
sociedade global com problemas locais
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 15
As primeiras preocupações com a questão ambiental começam com o des-
dobramento de esforços efetivamente iniciados na década de 1960, quando a
expressão "Educação Ambiental" passou a ser utilizada. Naquele período, o
mundo refletia sobre o futuro da civilização, na medida em que os inúmeros
prejuízos causados no meio físico-biológico do planeta mostravam progressiva
deterioração dos ecossistemas e os primeiros sinais de comprometimento da
qualidade de vida.
Iniciaram-se, então, debates promovidos pela Organização das Nações Uni-
das – ONU, trazendo à luz, com o devido amparo científico, as primeiras pro-
postas norteadoras de uma ação coletiva mundial pela melhoria ambiental.
Hoje, a Educação Ambiental se apresenta como um instrumento que preten-
de contribuir na formação de cidadãos críticos e responsáveis, na busca de uma
cultura prevencionista. Trata-se de um processo longo e contínuo de aprendiza-
gem, com uma filosofia de trabalho voltada ao exercício pleno da cidadania, ten-
do como espaço de aprendizagem os sistemas educacionais formais, através da
incorporação da dimensão ambiental no âmbito dos currículos e das atividades
extracurriculares das instituições de ensino, e as ações e práticas educativas volta-
das à sensibilização, organização, mobilização e participação da coletividade, de
modo a envolver e obter o comprometimento não só da escola, mas também da
família e da comunidade em geral.
O Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC – nasceu no
momento em que as instituições públicas responsáveis pela execução das políti-
cas de educação e de gestão ambiental estabeleceram, de forma conjunta com
empresas privadas que já desenvolviam ações de gestão ambiental internas e vol-
tadas para as comunidades nas quais encontram-se inseridas, um grupo de tra-
balho. Esse grupo surgiu com o objetivo de planejar e desenvolver uma política
de Educação Ambiental, de modo a compartilhar esforços, recursos e resultados,
dentro de uma visão de parceria das instituições públicas e privadas, e de prota-
gonismo dos cidadãos agindo diretamente em suas comunidades.
Equipe de coordenação do PEAC
Meio ambiente, saúde e cidadania 
no centro da questão educacional
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 17
Lairton Pedro Kleinübing,
Historiador e Assessoria do Gabinete da 
Secretaria Estadual do Meio Ambiente
A educação é, por excelência, a ação humana mais comprometida com o
futuro. Todo investimento e todo esforço aplicados em educação, embora su-
bordinados às demandas, prioridades e expectativas do presente, dirigem-se
sempre à construção de um projeto de futuro. Isto é mormente verdadeiro
quando se trata da Educação Ambiental. Durante muito tempo, foi necessário
vaticinar que o nosso futuro estava conectado, de modo irremediável, aos re-
sultados, positivos ou negativos, de nossas ações sobre o meio ambiente. Esse
esforço de convencimento, embora ainda necessário, já não é mais prioritário:
a conexão entre futuro e meio ambiente é uma evidência, obnubilada apenas
por obscurantismos culturais, por torpezas imediatistas ou pela mais míope ir-
responsabilidade social.
Os problemas ambientais que se nos apresentam, presentes ou futuros, exi-
gem que esta tarefa de convencimento seja necessariamente complementada por
um esforço de ação. Já não basta, para a satisfação de nossas esperanças de futuro,
a recitação dehipotéticos apocalipses ambientais. É necessário elaborar estraté-
gias de ação e, principalmente, colocá-las em prática.
Nesse contexto, a Educação Ambiental tem sua importância redobrada. Só
ela é capaz de sedimentar as convicções e o engajamento em projetos de futuro
ambientalmente sustentáveis. E só através da Educação Ambiental é possível dar
a tais projetos a autenticidade, a legitimidade, a viabilidade e a urgência que são
conferidas apenas às causas que expressam o espírito de uma época histórica.
É nesse universo de preocupações e planos que se insere o PEAC. Contudo,
comprometido em atingir resultados significativos e palpáveis e em fomentar
uma cultura de responsabilidade socioambiental, o PEAC rompeu com uma sé-
rie de paradigmas, assentados nas concepções e práticas mais usuais em progra-
mas de Educação Ambiental. As respostas inovadoras aos desafios, construídas e
implementadas pelo Programa, são uma das principais bases de seu sucesso e
um dos maiores indícios de suas potencialidades.
A própria concepção de um programa de Educação Ambiental, elaborado e
executado de modo compartilhado entre o poder público e a iniciativa privada,
O PEAC e a quebra de paradigmas
em Educação Ambiental
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 1918 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
O PEAC apresentou a Educação Ambiental como uma dimensão potenciali-
zadora da mobilização, da inserção e da articulação das comunidades. O símbolo
máximo dessa conquista do Programa foi o processo de formação e a atuação
dos Agentes Prevencionistas. A própria concepção de Agentes Prevencionistas é
inovadora. Ela atribui aos cidadãos, em sua maioria representantes das comuni-
dades escolares, um papel integral no processo de Educação Ambiental. Não te-
mos no PEAC, como sói ocorrer em outros programas, voluntários que execu-
tam tarefas concebidas e delineadas por outras instâncias. Os Agentes Prevencio-
nistas são voluntários que, sensibilizados pelo Projeto, mas agindo autonoma-
mente, passam a conduzir um processo de diagnóstico da sua própria realidade
socioambiental e de elaboração e implementação de estratégias de ação, que são
consubstanciadas nos projetos. Após cumprir essa tarefa inicial de sensibilização,
o PEAC continua atuando apenas no sentido de apoiar, subsidiar e viabilizar
operacionalmente os projetos elaborados e conduzidos diretamente pelos Agen-
tes Prevencionistas.
Outro efeito positivo do PEAC sobre as comunidades escolares foi a qualifi-
cação dos Agentes Prevencionistas quanto à elaboração e ao gerenciamento de
projetos. Mesmo quando aplicada exclusivamente ao PEAC, essa qualificação
certamente terá outros desdobramentos, habilitando os agentes a se inserirem,
com um grau mais elevado de organização e liderança, em outras dimensões da
vida comunitária. Nos casos de vários projetos, tais habilidades podem ser per-
cebidas inclusive entre os alunos envolvidos; temos, deste modo, a Educação
Ambiental, através do PEAC, vinculando-se diretamente aos primeiros ensaios e
exercícios de cidadania de crianças e jovens.
Graças à ação dos agentes prevencionistas, muitas escolas tiveram uma me-
lhoria de sua infra-estrutura física, além de incrementos substanciais na quanti-
dade e qualidade dos materiais didáticos. Ou seja, sem qualquer aporte adicional
de recursos públicos, como resultado da organização da comunidade escolar e
do gerenciamento dos recursos do PEAC, algumas escolas obtiveram melhorias
estruturais. Em tempos de crise financeira do Estado esta é uma notícia alenta-
dora. Embora não tenha sido um dos objetivos do PEAC, a melhoria estrutural
das escolas acabou sendo uma de suas conseqüências positivas colaterais.
Além disso, o PEAC também contribuiu para estabelecer uma sintonia e uma
sinergia entre programas e projetos já existentes ou anteriormente almejados, nas
comunidades escolares e nos próprios municípios. É o que se pôde observar com
vários projetos que abordaram a problemática da destinação dos resíduos domés-
ticos, da recuperação das matas ciliares e da preservação dos recursos hídricos.
Por essas razões, o PEAC foi apelidado de "programa fermento", pois po-
tencializa, multiplica e viabiliza os projetos que são desenvolvidos pelas pró-
já indica o primeiro paradigma rompido pelo PEAC. O Estado do Rio Grande
do Sul fomentou e fomenta vários programas de Educação Ambiental. E di-
versas empresas privadas, social e ambientalmente responsáveis, mantêm ou
financiam projetos na área. Entretanto, qualquer projeto de futuro ambiental-
mente sustentável tem que considerar a necessidade de associar, numa comu-
nhão de esforços, o poder público, a iniciativa privada e as comunidades. Por
isso, o PEAC foi pensado como um programa que, necessariamente, deveria
promover essa associação.
Para o PEAC, o objetivo da parceria entre o poder público e a iniciativa priva-
da nunca foi, prioritariamente, a divisão de custos. Mais importante é a poten-
cialidade, apresentada por tal parceria, de multiplicar o alcance do Programa, de
somar experiências diversas e complementares de Educação Ambiental e de
compartilhar responsabilidades.
Essa situação fica evidente quando se observam os parceiros da iniciativa pri-
vada que se associaram à primeira fase do PEAC. A Aracruz, a Borrachas Vipal e
a Gerdau são empresas que já tinham, antes do Programa, uma política consoli-
dada de sustentabilidade socioambiental, uma ampla inserção nas comunidades
das suas respectivas áreas de abrangência e, inclusive, projetos de Educação Am-
biental próprios. Mais do que viabilidade financeira, essas empresas aportaram
ao PEAC uma vasta experiência e uma cultura de responsabilidade empresarial
de valor inestimável.
Há três indícios que demonstram que a parceria entre o poder público e a
iniciativa privada foi um dos grandes acertos do PEAC. O primeiro é que o
PEAC contou sempre com o apoio decisivo do Conselho de Meio Ambiente
da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – Fiergs. Esse
apoio deu ao Programa um grau de visibilidade, inserção e respeitabilidade no
mundo empresarial que foi e será estratégico e decisivo. O segundo indício é
que todos os parceiros da primeira fase do Programa, Aracruz, Borrachas Vipal
e Gerdau, se comprometeram com sua continuidade, e o fizeram com entu-
siasmo redobrado. O terceiro indício de sucesso da parceria público-privada
representada pelo PEAC é a adesão, para a segunda fase do Programa, de no-
vos parceiros da iniciativa privada, como a Copesul, a GM, a Tramontina, a
Votorantim, a CEEE e a RGE.
Outra inovação do PEAC foi o protagonismo que, desde o início, foi confe-
rido à participação dos cidadãos, representados, no caso do Programa, principal-
mente pelas comunidades escolares envolvidas. Daí a parceria construída com o
Projeto Escola Aberta para a Cidadania, da Secretaria da Educação e da Unesco,
e com a Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande
do Sul – ACPM-Federação.
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 2120 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
prias comunidades. Não temos o Estado nem uma empresa elaborando e fi-
nanciando um projeto a ser executado pelas escolas. Temos, sim, uma parceria
entre Estado e empresas para que as iniciativas das comunidades sejam viabili-
zadas e otimizadas.
Ligado a esse fator, temos um efeito catalisador observável em relação aos
próprios programas de Estado. O PEAC acabou por se tornar um programa
mobilizador e aglutinador para as ações de programas do Governo do Estado,
programas que, de outro modo, teriam maiores dificuldades para interagir dire-
tamente com a população. É o caso, por exemplo, das interfaces consolidadas do
PEAC com os Programas Escola Aberta para a Cidadania e Pró-Mar-de-Dentro,
e com o Sistema Integrado de Gestão Ambiental – Siga-RS, da interface que se
ensaia com os programas de recuperação de matas ciliares e da interfaceque se
estuda com o Programa de Produção Mais Limpa.
É necessário destacar um último elemento que, acredito, foi fundamental pa-
ra o sucesso do PEAC: a simplicidade da sua concepção, da sua estrutura e dos
seus modos de operação. Apenas um programa com tais características teria con-
dições de concentrar todos os seus sucessos na capacitação de agentes educado-
res, para atuar localmente na construção de uma nova cultura ambiental.
Por ser um programa de Educação Ambiental, o PEAC é uma aposta na
construção de um projeto de futuro ambientalmente sustentável. A todos nós,
que de alguma forma estivemos envolvidos com o Programa, cabe apostar no
futuro de iniciativas como esta. Esperamos que o futuro do Programa de Educa-
ção Ambiental Compartilhado seja tão profícuo quanto foi esta primeira fase,
que agora se encerra.
Túlio Antônio de Amorim Carvalho
Engenheiro Agrônomo, assessor técnico da 
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e coordenador do PEAC
O fechamento, com grande sucesso, da primeira fase de execução do Progra-
ma de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC – nos autoriza e, de certo
modo, exige que empreendamos um esforço de rememoração, na tentativa de
historiar o processo de gênese e construção desta experiência tão singular, para,
ao fazê-lo, contribuir para a consolidação de sua continuidade.
A história do PEAC, ou quem sabe possamos dizer, a história de uma parce-
ria público-privada que quebrou velhos paradigmas, contada do ponto de vista
de quem a acompanha desde o início, no centro de suas ações, começou quando
do retorno da bancada gaúcha da reunião da ABEMA, em Brasília, em novem-
bro de 2004. Segundo o então diretor-presidente da Fepam, professor Cláudio
Dilda, hoje Secretário de Estado do Meio Ambiente, após algumas "provocações
mútuas" entre representantes do Rio Grande do Sul, em pleno vôo de retorno a
Porto Alegre, ele, Cláudio Dilda, e a Coordenadora Jurídica da Gerdau, Vera
Rossana Martini Wanner, acertaram uma reunião de trabalho visando à publica-
ção de alguns trabalhos elaborados pela Fepam.
Já na primeira reunião, ocorrida em novembro de 2004, ficou claro para to-
dos que teríamos muito mais a compartilhar do que apenas publicações. As
ações de Educação Ambiental desenvolvidas pela empresa, apresentadas na-
quela tarde quente de novembro, nos mostraram que o caminho a percorrer
deveria ser repensado.
Saímos desse encontro convictos de que tínhamos dado início a algo de no-
vo. Por sugestão da Coordenadora Jurídica da Gerdau, pautamos, entre tantas
tarefas, a de buscarmos outro parceiro, ou outros parceiros. Por uma mera coin-
cidência, alguns poucos dias após esse primeiro passo, uma equipe da Aracruz,
chefiada pelo diretor de Operações, Valter Lídio Nunes, esteve no gabinete do
diretor-presidente da Fepam apresentando o projeto da nova planta industrial
que, sinalizava-se, seria em Guaíba. Após uma explanação detalhada do plano da
empresa, ficou perceptível a preocupação com as questões ambientais, bem co-
mo uma proposta de construção de canais de conversação com o órgão licencia-
dor antes de qualquer decisão ou manifestação pública de decisões. Para nós, en-
Um desafio lançado à mesa: 
um pouco da história do PEAC
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 2322 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
tão representantes da Fepam nessa reunião, foi muito gratificante ver uma em-
presa do porte da Aracruz buscar, primeiro, o entendimento da viabilidade am-
biental do seu novo empreendimento no Rio Grande do Sul, para depois desen-
cadear as negociações com a Secretaria de Desenvolvimento. Essa atitude, bem
como o próprio projeto apresentado, com detalhes importantes no sentido de
uma tecnologia moderna, mais poupadora de recursos naturais, nos levou a
questionar o diretor da Aracruz sobre o interesse de sua empresa de participar
desse desafio de construir uma parceria em Educação Ambiental. Sua resposta
foi imediata e positiva, solicitando ao coordenador de Relações Públicas, o jorna-
lista Francisco Bueno, o estabelecimento de uma equipe para participar do Gru-
po de Trabalho implementado.
Enquanto estávamos reunidos com a Aracruz, em uma sala ao lado o enge-
nheiro Carlos Júlio Lautert, da Projeconsult, empresa que representa a Borra-
chas Vipal nos procedimentos junto aos órgãos licenciadores, participava de ou-
tra reunião com técnicos da Fepam. Sendo ele um técnico que tem trânsito fácil
em todos os setores da Sema e da Fepam, fruto de sua competência técnica e de
sua ética profissional, ao ficar sabendo da negociação, solicitou que fosse incluída
a Borrachas Vipal na parceria. Como conhecíamos a história de Vicêncio Palu-
do, o patriarca do grupo Vipal, notório por ter comprado e recuperado a Fazen-
da Tupy, em Nova Prata (que estava sendo destruída por madeireiros), aceitamos
a adesão do terceiro parceiro do setor privado para "compartilhar" o desafio que
se desenhava.
Não pararam aí as coincidências. Em outra tarde quente de novembro de
2004, em uma sala junto ao gabinete do diretor-presidente da Fepam, enquanto
discutíamos a idéia de compartilharmos ações de Educação Ambiental, a geógra-
fa Carmem Franco, que de forma carinhosa chamamos de "um dos dinossauros
da Educação Ambiental no Estado do Rio Grande do Sul", o químico Artur Re-
nato Albeche Cardoso, que batizou os representantes do PEAC de Agentes Pre-
vencionistas, e este que tem o privilégio de vos contar a história desses primeiros
e decisivos passos, chegou uma pequena representação da Secretaria de Educa-
ção, do Projeto Escola Aberta para a Cidadania, com o objetivo de nos apresentar
o Projeto e propor alguma parceria. Nesse momento, se construiu essa impor-
tante parceria entre o PEAC e o Projeto Escola Aberta para a Cidadania, que se
estendeu a mais de 80 municípios e de 150 comunidades escolares de forma
quase instantânea.
Nos primeiros debates de construção das ações, ficou claro o papel das co-
munidades escolares, ou seja, que era necessário ultrapassar os muros da Escola
para chegar a todos os segmentos representativos desse coletivo. Nesse momen-
to, tomamos a decisão (com certeza, uma das tantas decisões importantes toma-
das nessa construção) de procurar a direção da Associação de Círculos de Pais e
Mestres do Rio Grande do Sul – ACPM-Federação, instituição da qual tenho
orgulho de ter sido diretor regional, quando minhas filhas freqüentaram a esco-
la pública, de meados dos anos 80 aos anos 90. Lá, encontramos esses incansá-
veis pais que tinham a tarefa de comandar a ACPM: Indiara Souza, que presidia
a Federação naquele momento, Jairo Pacheco e Robison Minuzzi, que é o atual
presidente. Foi outra grande adesão ao Programa. O papel dos pais na escola, o
trabalho da ACPM e a dedicação desses três parceiros no Grupo de Trabalho fo-
ram fundamentais para o sucesso do PEAC.
Em 17 de janeiro de 2005, em Guaíba, na Escola Estadual Solon Tavares,
com a presença do governador Germano Rigotto e de representantes das insti-
tuições e empresas parceiras, foi assinado o primeiro protocolo de intenções,
que tinha como objetivo maior construir um Plano de Trabalho em Educação
Ambiental, no qual fossem compartilhados recursos humanos, materiais e fi-
nanceiros para o desenvolvimento de ações conjuntas.
Este "projeto fermento" (apelido que foi dado ao PEAC) foi crescendo de
forma espantosa. A percepção de que uma nova forma de pensar e agir estava
em curso chegou à Fiergs e à Famurs. Aqui, cabe destacar a importante partici-
pação de Marilene Conte, representante do Conselho de Meio Ambiente da
Fiergs (Codema), e de seu coordenador, Torvaldo Marzolla Filho, que transfor-
maram a Fiergs numa importante apoiadora do PEAC. Nesse momento, já per-
cebíamos que estávamos fazendo história.
Ainda em janeiro de 2005, já então contando com o reforço à nossa equipe
representado pela professora Lilian Maiara Zenker, experiente profissional na
área de gestão ambientalmunicipal, em Tapes, cedida para coordenar a Educação
Ambiental da Fepam (e que hoje coordena a Assessoria de Educação Ambiental
da Sema, e é a coordenadora, pela Sema, da Secretaria Executiva do Sistema Es-
tadual de Educação Ambiental), começamos os trabalhos de elaboração de um
convênio. Esse convênio estabelecia competências e compromissos dos parcei-
ros e apresentava um Plano de Trabalho.
Durante os meses de janeiro a março deste ano, foram realizados mais de dez
encontros, alternando os locais, para buscar um maior conhecimento e integração
em relação aos parceiros, através de visitas às empresas e a seus projetos ambientais.
Foi uma grande experiência para todos, pois passamos a conhecer e admirar o tra-
balho desenvolvido por cada uma das instituições envolvidas. Não seria necessário
dizer como os primeiros encontros foram tensos e regados a críticas e incertezas.
Aqui começou a derrocada de alguns velhos paradigmas. Falo isso com uma grande
convicção pois sou, pessoalmente, prova disso. Durante muitos anos, fui um agudo
crítico do trabalho de Educação Ambiental da Riocel, empresa que posteriormente
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 2524 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
foi adquirida pela Aracruz, agora convertida em parceira do PEAC. Meus precon-
ceitos foram postos ao chão. A Aracruz apresentou não só um projeto bem cons-
truído, como o fez a partir de um corpo técnico de extrema competência.
Para registro, é importante dizer que a construção do PEAC possibilitou a todos
nós um crescimento técnico, pois os primeiros objetos de compartilhamentos foram
o conhecimento e as experiências com projetos já desenvolvidos pelos parceiros, ex-
periências que eram, na sua maioria, desconhecidas pelas partes envolvidas.
Antes mesmo de assinarmos o convênio, em abril, realizamos nosso pri-
meiro encontro técnico, envolvendo as equipes de coordenação de Educação
Ambiental e do Projeto Escola Aberta para a Cidadania, da Secretaria de
Educação, a equipe de Educação Ambiental da FEPAM (o quadro técnico da
SEMA entraria no PEAC mais tarde) e os representantes dos parceiros do se-
tor privado. Foram quase cem pessoas envolvidas na discussão das diretrizes
filosóficas, técnicas e do Plano de Trabalho. Uma das importantes tarefas tra-
çadas nesse momento foi a de que, através das Coordenadorias Regionais de
Educação (CREs) da Secretaria de Educação e dos parceiros, seria feita a sele-
ção dos candidatos a Agentes Prevencionistas. O primeiro critério estabelecido
foi a escolha de um representante do corpo docente da escola e um represen-
tante da comunidade. O primeiro universo de Agentes Prevencionistas repre-
sentava mais de 150 escolas envolvidas no Projeto Escola Aberta para a Comu-
nidade e mais 15 comunidades escolares vinculadas a ações de Educação Am-
biental dos parceiros Aracruz, Gerdau e Vipal.
Nesse período, já contando com a contratação da agência de publicidade
Kraskin e A+, elaboramos o Manual do Agente Prevencionista, primeira publi-
cação do PEAC. Em maio, assinamos o convênio e partimos para a elaboração
das demais peças de apoio técnico e pedagógico.
Selecionados os agentes prevencionistas, prontas as peças de apoio técnico e
pedagógico, realizamos o primeiro grande encontro do PEAC, em julho de
2005, na Fiergs, em Porto Alegre. Esse foi um momento muito especial do Pro-
grama, pois oportunizou trazer os 330 Agentes Prevencionistas e os 96 coorde-
nadores selecionados, além de representantes dos gestores de educação, meio
ambiente e saúde dos 80 municípios onde estávamos implantando o trabalho.
Cerca de 500 pessoas contracenaram com os representantes das instituições pú-
blicas e privadas, trocando experiências de gestão em saúde, educação e meio
ambiente. Ali começou a ser construída uma teia de ações integradas.
Um exemplo que se destacou nessa teia de integração foi a adesão do Progra-
ma Pró-Mar-de-Dentro, da Sema, às ações do PEAC. Por intermédio do traba-
lho da arquiteta Maria Elisabete Farias Ferreira, coordenadora do Programa, cer-
ca de 50 municípios se engajaram nessa construção compartilhada de uma cul-
tura prevencionista. Alguns desses municípios já contavam com trabalhos do
PEAC, via Escola Aberta para a Cidadania. Nesse processo, foram integrados
gestores municipais de saúde, meio ambiente e educação, representantes de
conselhos municipais dessas três áreas, bem como representantes das comuni-
dades escolares, com a inclusão de representações estudantis.
Outros momentos importantes do PEAC foram os encontros regionais, espa-
ço criado para dar visibilidades aos projetos em execução, e realimentar o planeja-
mento estabelecido pela coordenação do Programa. Foram três momentos: em
abril de 2006, em Bento Gonçalves; em maio, em Erechim; e em junho, em San-
ta Maria. Nessas oportunidades, o já então secretário de Estado do Meio Am-
biente, professor Claudio Dilda, além de representantes dos demais parceiros, ti-
veram a oportunidade de conhecer os trabalhos em andamento nas 165 comuni-
dades escolares. A partir dos resultados obtidos nesses encontros regionais, decid-
iu-se realizar o I Congresso Estadual de Agentes Prevencionistas, um espaço no
qual todos os 165 projetos se apresentariam, de forma verbal ou através de expo-
sições, contribuindo assim para uma integração, complementação e realimenta-
ção dos trabalhos implantados, bem como para uma melhor avaliação e elabora-
ção do Plano de Trabalho para o quadriênio 2007-2010 do PEAC.
O Congresso, realizado
nos dias 25 e 26 de novem-
bro de 2006, no Centro de
Eventos São José – Hotel
Plaza São Rafael, em Porto
Alegre1, agregou mais de 400
participantes, com a apre-
sentação de projetos que,
em grande medida, já ti-
nham a mostrar uma série
de resultados positivos e sig-
nificativos para o desenvol-
vimento de uma cultura
prevencionista. A maioria desses projetos está sumariada nesta publicação.
Outro grande momento do PEAC foi o recebimento do Prêmio Expressão de
Ecologia na categoria de Educação Ambiental. O Prêmio, entregue no dia 30 de
novembro de 2006, na sede da empresa Bunge, em Gaspar (SC), é um dos mais
1Aproveito a oportunidade para agradecer aos colegas da Sema que, mesmo não fazendo parte da Equipe Técnica do PEAC, deram con-
tribuições inestimáveis à realização do Congresso. São eles: Ana Maria Cruzat, Bianca Lopes, Débora Paixão, Fabielle Toniolo, Fernanda
Canez, Guilherme da Silva, Jefferson Machado, Jussara Pelisoli, Sílvia Petry e Suzana Pohia. Fica também nosso agradecimento a todos os
outros apoiadores, mobilizados pelas instituições e empresas parceiras do PEAC, os quais não tenho condições de aqui enumerar.
Apresentação do Relatório da 1ª Fase do PEAC, na
abertura do I Congresso de Agentes Prevencionistas
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 2726 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
importantes símbolos brasileiros de reconhecimento à inovação na área ambiental.
Essa premiação (que, perdoem-me por isso, eu arrogantemente tinha como certa)
foi um coroamento dos esforços empreendidos por todos, pelo Grupo de Traba-
lho de Coordenação, pelos parceiros, pelos Agentes Prevencionistas, pelos colabo-
radores, apoiadores e todos que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram
para tal. Nessa oportunidade, todos nós, parceiros dessa construção, tivemos o re-
conhecimento e a admiração dos setores público e privado da região sul do Brasil,
o que nos deu a certeza de que construímos algo novo, que quebrou velhos para-
digmas e que agregou uma importante experiência em Educação Ambiental.
Com o objetivo de registrar esses importantes momentos e destacar e enalte-
cer o pioneirismo dos parceiros, bem como agradecer e parabenizar a todos os
colaboradores, é que apresentamos aqui essa história, descrita em forma narrativa,
buscando retomar nossas memórias e nossas emoções e procurando registrar e
socializar esta exitosa parceria público-privadaem ações de Educação Ambiental.
Por fim, é preciso destacar nesse momento que tudo isso começou, avançou e
obteve sucesso porque o professor Cláudio Dilda, que tem reconhecimento públi-
co por seu trabalho em gestão ambiental no Rio Grande do Sul e no Brasil, esteve
sempre à frente de todas as decisões, acreditando na proposta, cumprindo, de ma-
neira corajosa e eficiente, seu papel de diretor-presidente da FEPAM e de secretário
de Estado do Meio Ambiente, sempre na busca do bem-estar socioambiental.
A visão dos parceiros da 
iniciativa privada
Carlos Júlio Lautert
Engenheiro Civil, Diretor da Projeconsult Engenharia e 
Integrante do Conselho de Meio Ambiente da Fiergs
A missão de educar o homem pelo homem foi-nos concedida pelo Criador
do Universo, como sendo a mais nobre e acertada que já nos foi atribuída. Igual
a esta, estou a aguardar.
Quando os idealizadores de mais esta caminhada, simbolizados nas pessoas
dos amigos Cláudio Dilda e Vera Martini Wanner, e do incansável coordenador
do PEAC – Programa de Educação Ambiental Compartilhado, Túlio Carvalho,
nos convidaram a levar à Borrachas Vipal esta idéia, identifiquei oportunidade
única para, além de fazermos um trabalho diferenciado junto às crianças do nos-
so País, quebrar paradigmas no que dizia respeito ao relacionamento entre insti-
tuições públicas e empresas privadas, assim como no relacionamento entre dife-
rentes secretarias da Administração Pública (no caso, as Secretarias da Educação
e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul).
Explico o porquê.
Como Conselheiro da Fiergs – Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul,
no seu Codema – Conselho de Meio Ambiente, sempre ouvia críticas, principal-
mente à Sema – Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e à Fepam – Fundação Es-
tadual de Proteção Ambiental. E quando me relacionava, na condição de consultor
de empresas, com a Sema/Fepam, estas manifestavam sua cautela em relação às in-
dústrias, principalmente no tocante às suas ações em prol do meio ambiente.
Através do PEAC, esse modelo foi rompido, pois instituições públicas e
privadas entenderam que é possível trabalhar juntas. Um paradigma foi que-
brado. Podemos dizer que há muito mais a ser trabalhado conjuntamente, mas
o início está feito.
Há ainda uma quebra de barreiras entre instituições públicas, no caso, a Se-
cretaria de Educação e a Secretaria do Meio Ambiente, as quais trabalham em
conjunto no PEAC, utilizando o espaço do Projeto Escola Aberta para a Cidada-
nia. Ambas formulam estratégias de como levar às escolas estaduais a Educação
Ambiental, ultrapassando os muros e limites físicos das instituições de ensino,
envolvendo a comunidade em geral, por meio das prefeituras, secretarias muni-
cipais de meio ambiente, pais, mães e alunos.
Entrega do Prêmio Expressão de Ecologia 2006 aos representantes das instituições
parceiras do PEAC. Gaspar (SC), 30 de novembro de 2006
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 2928 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Após dezoito meses de trabalho, o PEAC é uma realidade, proporcionando
resultados práticos com a implantação de medidas no ambiente escolar, com a
construção de hortas e jardins, além de mostrar aos alunos que a organização e a
limpeza são parte do sucesso para a vida. Essas medidas, do portão da escola para
dentro, certamente minimizam também despesas aos cofres públicos, com a re-
forma e manutenção de nossas escolas.
Mas resultados práticos já são notados além dos portões da escola, com im-
plantação de projetos de saneamento básico, iniciados através da divulgação das
boas práticas de comportamento das pessoas e comunidades, desde a redução da
geração de resíduos sólidos, sua adequada seleção e reaproveitamento, através da
Técnica dos "R", até a minimização dos impactos sobre os recursos naturais, co-
mo a água.
Agradeço a oportunidade, a mim oferecida pelo Grupo Vipal, de participar
deste trabalho na condição de seu representante, assim como agradeço a todos os
colegas que me motivaram a contribuir com o PEAC. Espero que, através dessa
parceria público-privada, que com justiça foi agraciada com o Prêmio Expressão
de Ecologia, o Estado do Rio Grande do Sul e o nosso povo possam continuar
mostrando ao país e ao mundo que ações como esta, que buscam na humanida-
de das pessoas a força para o sucesso, sempre darão certo.
Obrigado pela oportunidade.
O Sistema Estadual de Educação
Ambiental e o PEAC
Lilian Maiara Zenker,
Professora e coordenadora da Assessoria de Educação Ambiental 
da Secretaria Estadual do Meio Ambiente
O enfrentamento da problemática ambiental, com o efeito desejável na cons-
trução de sociedades sustentáveis, ocorre através de uma articulação coordenada
com as várias formas de intervenção ambiental e, em especial, com as ações de
Educação Ambiental.
O Sistema Estadual de Proteção Ambiental – Sisepra (Lei nº 10.330, de 27
de dezembro de 1994) estabelece como base os princípios da descentralização
regional, do planejamento integrado, da coordenação intersetorial e da partici-
pação representativa da comunidade. Além disso, temos as diretrizes específicas
da Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei nº 10.350, de 30 de dezembro
de 1994), que prevê a descentralização da ação do Estado por regiões e bacias
hidrográficas.
No sentido de promover a articulação das ações educativas voltadas às ati-
vidades de proteção, recuperação e melhoria socioambiental, e de potenciali-
zar a Educação Ambiental, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, de
acordo com a legislação federal e estadual, criou e instituiu o Órgão Gestor da
Política Estadual de Educação Ambiental, através do Decreto nº 43.957, de 8
de agosto de 2005. A esse órgão caberá a definição de diretrizes para imple-
mentar a Política Estadual de Educação Ambiental, em conformidade com a
Política Nacional de Educação Ambiental, bem como a articulação, coorde-
nação e supervisão de planos, programas e projetos na área de Educação Am-
biental. Cabe ainda ao órgão gestor a exemplo do que ocorre como Órgão
Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, estimular os Fundos de
Meio Ambiente e de Educação nos diferentes níveis à alocarem recursos pa-
ra o desenvolvimento de projetos em Educação Ambiental. Daí a importância
da implemantação da Política Estadual de Educação Ambiental. Caberá inda a
Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (CIEA-RS), estabelecer
o diálogo entre is distintos setores e entidades para criar a sinergia, estabelecer
diretrizes otimizar recursos para projetos de Educação Ambiental desenvolvi-
dos de forma integrada, a exemplodo que ocorre com o Programa de Educa-
ção Ambiental Compartilhado.
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 3130 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Considerando a Educação Ambiental como um dos instrumentos funda-
mentais da gestão ambiental, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA,
desenvolve o Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC, de-
monstrando com ele a possibilidade de efetiva integração no setor público. O
PEAC possui conexões operacionais com uma série de outros programas e pro-
jetos do Governo do Estado, como, por exemplo, a interface já em execução
com o Programa Pró-Mar-de-Dentro, bem como a importante ligação com o
Sistema Integrado de Gestão Ambiental – Siga-RS, vista como forma de propi-
ciar a execução efetiva das ações de Educação Ambiental nos municípios, onde
realmente a gestão local e os seus impactos acontecem. Além disso, a integração
do PEAC com o setor privado busca otimizar as ações de Educação Ambiental já
desenvolvidas por empresas aos programas do Governo do Estado, numa rela-
ção de parceria, sinergia.
Não há dúvida de que estamos no caminho certo. Buscamos, através da edu-
cação (no caso do PEAC, uma ação integrada da educação formal e da não-for-
mal), a mudança efetiva de hábitos e atitudes, individuais e coletivos, comofor-
ma de garantir algo que está muito além de uma educação meramente conserva-
cionista. Buscamos, sim, aquilo que vários autores chamam de uma educação
prevencionista, que nos conduza a uma profunda mudança de valores e de
atitudes culturais, sociais e ambientais.
A sensibilização para as questões 
ambientais no sistema público de ensino
Carlos Guilherme Pinheiro
Coordenador do Projeto Escola Aberta para a Cidadania
Secretaria Estadual da Educação
O Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC, uma parce-
ria da Secretaria Estadual da Educação com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, se caracterizou, em curto espaço de tempo, como um dos progra-
mas essenciais nas questões referentes ao meio ambiente. Todo esse processo
de sensibilização, realizado nas escolas do Projeto Escola Aberta para a Cida-
dania, tornou-se realidade porque o Grupo de Trabalho formatado pelas duas
secretarias de Estado, unidas pelo mesmo objetivo, atingiu as metas previstas
neste ano de 2006. Prova disso é o prêmio de referência nacional da Revista
Expressão, especializada nas questões ambientais, ao PEAC.
O Estado do Rio Grande do Sul, referência nacional em todas as ações de
prevenção ao meio ambiente, realizou o I Congresso Estadual de Agentes Pre-
vencionistas em Porto Alegre, nos dias 25 e 26 de novembro de 2006, com a
participação de Coordenadores Regionais de Educação – CREs, Coordenado-
res do Projeto Escola Aberta para a Cidadania nas CREs, diretores de escola,
professores e voluntários efetivamente engajados no processo de prevenção
junto às suas escolas e comunidades, conscientes dos problemas ocasionados
pela falta de informação e, principalmente, de atitudes que possam levar à de-
sestrutura natural desse processo.
Foram apresentados inúmeros projetos já devidamente aplicados nas diferen-
tes comunidades escolares do Estado e, pelo que pudemos observar, notamos
que estamos no caminho certo para o incremento de uma cultura de proteção à
nossa riqueza natural: a água e as florestas.
Todos os programas educacionais necessitam de um desenvolvimento
sustentável e, como tal, o PEAC apresenta todos os requisitos indispensáveis
para se tornar uma política pública de Estado, como pode ser verificado pelo
interesse das empresas privadas em colaborar efetivamente com o Programa.
Institucionalizar o PEAC é o próximo passo, e, devido à importância do te-
ma, já caracterizado como fundamental à rede de proteção ambiental, certamen-
te um maior número de empresas privadas deverá investir no Programa, au-
mentando com isso a responsabilidade do sistema governamental.
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 3332 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
Transformar a cultura numa sociedade requer ações efetivas, tanto por parte
do sistema público quanto do sistema privado, em parcerias com os diversos
segmentos da comunidade.
Precisamos urgentemente multiplicar atitudes positivas de combate ao dese-
quilíbrio ambiental. No Rio Grande do Sul, as atitudes positivas se dão através
das atividades realizadas nas escolas do Projeto Escola Aberta para a Cidadania,
as quais, em parceria com as Secretarias Municipais de Meio Ambiente, reali-
zam atividades importantes para o desenvolvimento regional ordenado.
Acreditamos que, em curto espaço de tempo, poderemos ampliar o PEAC
para nossas 3002 escolas públicas estaduais. Para tanto, precisamos consolidá-lo
através da criação de uma secretaria executiva, capaz de captar, cadastrar, mapear
e articular todas as ações da rede de prevenção ambiental no Rio Grande do
Sul. A Secretaria Estadual da Educação, certamente, abraçará essa causa tão im-
portante na qualificação do ensino público, bem como na formação integral de
novos cidadãos.
Projeto Escola Aberta para a 
Cidadania e a Educação Ambiental
Alessandra Schneider 
Coordenadora do Escritório Antena 
da Unesco no Rio Grande do Sul
Marisa Timm Sari 
Assessora Técnica Sênior para Educação e 
Cultura do Escritório Antena da Unesco 
no Rio Grande do Sul e Oficial do Projeto 
Escola Aberta para a Cidadania
O Projeto que abre as escolas estaduais nos finais de semana às comunida-
des gaúchas transforma em ações concretas o Programa Abrindo Espaços:
Educação e Cultura para a Paz, implementado no Brasil pela Unesco – Orga-
nização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Esse pro-
grama foi lançado em 2000, no conjunto de ações comemorativas ao Ano In-
ternacional para uma Cultura de Paz, propondo uma estratégia de abertura
das escolas públicas nos finais de semana com atividades de esporte, arte, cul-
tura e lazer, numa perspectiva de disseminação de uma cultura de não-vio-
lência e de promoção da cidadania de adolescentes, jovens e demais membros
da comunidade escolar.
Como combater a violência e aumentar a segurança no ambiente escolar?
Pesquisas realizadas em vários países demonstram que o melhor caminho é pro-
mover uma nova forma de interação entre os alunos, a escola e a sociedade. É
imprescindível que as escolas ofereçam ações educativas preventivas e de pro-
moção da paz, que ajudem a melhorar a auto-estima dos alunos e aumentar o
envolvimento dos professores e da comunidade. Todos precisam ter, de novo, o
sentimento de pertencimento e de identidade com a escola. Assim, o espaço es-
colar volta a ser visto como um "porto seguro" a ser preservado, constituindo-se
em fonte de esperança dos jovens por um futuro melhor.
O Projeto Escola Aberta para a Cidadania foi implantado no Rio Grande do
Sul mediante acordo de cooperação técnica com a Unesco, assinado em dezem-
bro de 2003, tendo como objetivo "promover o desenvolvimento de uma cultu-
ra de paz na rede estadual de ensino, com a abertura das escolas nos finais de se-
mana, desenvolvendo atividades socioculturais e esportivas, que priorizem o
protagonismo juvenil, a integração com as famílias dos alunos e a comunidade, e
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 3534 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
a redução dos índices de violência, contribuindo para a construção do exercício
pleno da cidadania na sociedade gaúcha".
Dois importantes aspectos a destacar no processo desenvolvido pelo Rio
Grande do Sul são o engajamento das lideranças comunitárias e a conquista de
importantes parcerias em nível estadual e local. Além disso, os dados divulgados
ressaltam a integração dos jovens em atividades efetivamente mobilizadoras e a
redução da violência escolar.
Dentre as parcerias mais relevantes estabelecidas pelo Projeto, destaca-se o
Programa de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC, no qual atuam as
Secretarias Estaduais da Educação e do Meio Ambiente, por meio das comuni-
dades das escolas abertas, contando com o apoio decisivo da Fundação Estadual
de Proteção Ambiental (Fepam), das empresas Aracruz Celulose S/A, Borrachas
Vipal S/A e Gerdau Aços Longos S/A, bem como da Federação das Associações e
Círculos de Pais e Mestres do RS – ACPM-Federação.
Para os educadores, alunos e famílias dessas comunidades, este programa é
muito importante na medida em que oportuniza a formação de agentes preven-
cionistas, por meio da realização de ações de interesse comum, com mecanis-
mos de educação e de gestão ambiental compartilhados, dentro de uma visão de
parceria público-privada. Todos esses aspectos envolvidos na formação de nossos
alunos e comunidades fazem parte dos princípios e valores defendidos pela
Unesco, que considera o respeito ao meio ambiente como essencial para a cons-
trução da cultura da paz.
Apresentamos, pois, nossos cumprimentos aos que, de forma solidária,
promoveram o I Congresso Estadual de Agentes Prevencionistas do Programa
de Educação Ambiental Compartilhado, ressaltando ainda o merecido desta-
que alcançado pelo Programa ao ser agraciado com o Prêmio Expressão de
Ecologia – categoria Educação Ambiental, considerado como o maior concur-
so ambiental do país.
Esse é o resultadoda convergência de esforços realizados em prol do meio
ambiente, em benefício de todos e com o envolvimento das novas gerações.
O PEAC e o Pró-Mar-de-Dentro: 
uma parceria "dentro de casa"
Maria Elisabete Farias Ferreira
Arquiteta e coordenadora do Programa Pró-Mar-de-Dentro
Outubro de 2005, município de São Lourenço do Sul: I Seminário do Pro-
grama Pró-Mar-de Dentro: Gestão Ambiental Compartilhada para o Desen-
volvimento. Esse foi o marco inicial da parceria estabelecida entre o Programa
de Educação Ambiental Compartilhado – PEAC e o Pró-Mar-de-Dentro.
As ações voltadas aos municípios da área de abrangência do Pró-Mar-de-Den-
tro têm por base, desde então, o seguinte tripé: Educação Ambiental, como ferra-
menta para a gestão ambiental compartilhada; gestão ambiental na esfera de atua-
ção do município e no âmbito do Sistema Integrado de Gestão Ambiental – Siga-RS;
e gestão de recursos hídricos, como elemento aglutinador regional.
Desenvolvimento sustentável, recuperação da qualidade ambiental das áreas
urbanas e rurais, gerenciamento ambiental participativo e melhoria da qualidade
de vida da população que vive na região de abrangência. Esses são os objetivos
principais do Programa Pró-Mar-de-Dentro, o qual é desenvolvido pela Secre-
taria do Meio Ambiente – Sema – do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
em 50 municípios ao longo do território banhado pela laguna dos Patos, lagoas
Mirim, Mangueira e do Peixe, canal São Gonçalo, rios Jaguarão, Piratini, São
Lourenço e Camaquã, arroios Pelotas, Turuçu e Velhaco, entre outros, atingindo
comunidades do escudo sul-rio-grandense à planície costeira gaúcha; do pampa,
da Serra, do sudeste e da restinga; da barra do Chuí ao farol de Itapuã.
Desenvolvido de forma indireta, o Programa conta com a cooperação de par-
ceiros institucionais (co-executores), que são: municípios, Coredes, Comitês de
Bacias Hidrográficas, instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais
estaduais e federais, organizações não-governamentais ambientais, organizações
da sociedade civil, Parcerias Público-Privadas – PPPs.
Mas o programa Pró-Mar-de-Dentro não é apenas um trabalho de pesquisa-
dores, biólogos, botânicos, cientistas e políticos em uma área de 63 mil quilôme-
tros quadrados. O Pró-Mar-de-Dentro é a esperança que mais de 1 milhão de
pessoas, habitantes da região, têm de reencontrar este fabuloso manancial aquá-
tico em suas melhores condições.
Nessa região do Rio Grande do Sul, os frutos dessas lagoas, rios, arroios e das
terras por eles banhados são o sustento de milhares e a economia de dezenas de
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 3736 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
municípios. É preciso sensibilizar, mobilizar e dar instrumentos à população pa-
ra que ela mesma assuma o controle dos destinos do seu patrimônio ambiental.
Daí a fundamental interface educacional que se expressa nessa parceria com o
PEAC, o qual tem o foco de atuação justamente na disseminação de conheci-
mentos a partir das escolas e das comunidades.
O subprograma 3 do Pró-Mar-de-Dentro tem como objetivo primordial a
Educação Ambiental como instrumento para as mudanças comportamentais e das
formas de produção e consumo, e para o desenvolvimento sustentável sem as habi-
tuais e desnecessárias agressões à natureza. Ao envolver nessa capacitação as escolas
públicas dos municípios do Pró-Mar-de-Dentro, além de seus professores, alunos
e representantes comunitários, fazemos o trabalho desejado em todo e qualquer
programa de cunho ambiental: lançar as bases de uma consciência formadora de
opinião. Essa consciência tende a ser duradoura, com resultados mais permanentes.
Desde as primeiras atividades de formação e capacitação de Agentes Prevencio-
nistas no Pró-Mar-de-Dentro, buscou-se atingir um número (mínimo) de 11
Agentes por município. São eles: (a) representantes dos órgãos municipais envol-
vidos – no mínimo, 3 por município (de Meio Ambiente, de Educação e de Saú-
de); (b) representantes dos conselhos municipais – no mínimo, 3 por município
(de Meio Ambiente, de Educação e de Saúde); (c) representantes das escolas en-
volvidas – no mínimo, 2 por escola (direção e professor); (d) representantes da co-
munidade escolar – no mínimo, 2 por escola (CPM ou pai de aluno, e Grêmio
Estudantil ou aluno); (e) representantes de organizações comunitárias do entorno
da escola – no mínimo, 1 por escola (associação ou entidade comunitária).
Os resultados não poderiam ser mais promissores. Foram seis eventos, entre
seminários e encontros, totalizando 622 participantes de 34 municípios, e 173
Agentes Prevencionistas formados. Foi viabilizada, com recursos do Programa, a
2ª edição do Manual do Agente Prevencionista, material pedagógico utilizado na
capacitação dos Agentes. Além disso, cinco municípios do Pró-Mar-de-Dentro
– Camaquã, Canguçu, Osório, Turuçu e Viamão – apresentaram projetos envol-
vendo Escolas Municipais de Ensino Fundamental e comunidades do seu en-
torno no I Congresso Estadual de Agentes Prevencionistas, realizado em no-
vembro de 2006.
Além dos resultados quantificáveis, houve um enorme avanço na inserção do
Programa como política pública para a Região, demonstrado pelo planejamento
(compartilhado) de ações estratégicas, através de quatro blocos de implementa-
ção: Bloco I – Consolidação dos Estudos Preliminares; Bloco II – Consolidação
dos Projetos Demonstrativos (em execução); Bloco III – Constituição do Plano
Diretor de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Regional do Pró-Mar-de-
Dentro; Bloco IV – Implantação do Plano Diretor.
A criação do Grupo de Gestores Municipais de Meio Ambiente do Pró-
Mar-de-Dentro, composto por 54 representantes indicados pelos prefeitos de 27
municípios, já em sua 5ª Reunião Ordinária e tendo como primeiro resultado a
Carta do Mar-de-Dentro – documento endossado por mais de 100 instituições
públicas, entidades privadas e representantes da sociedade civil e encaminhado
ao Governo Estadual –, também ocorreu neste período de 12 meses (até outu-
bro de 2006) da parceria PEAC e Pró-Mar-de-Dentro.
Destaco, ainda, a instalação do Comitê Gestor da Laguna dos Patos – CGLP
– como instrumento de gestão das águas deste corpo hídrico de quase 10 mil
km2, adequado à sua condição de excepcionalidade como manancial integrante
do Sistema Estadual de Recursos Hídricos do Estado – composto por: (a) repre-
sentantes dos Comitês de Bacias Hidrográficas que aportam para a Laguna (Co-
mitês Camaquã, Litoral Médio, Mirim-São Gonçalo e Lago Guaíba); (b) repre-
sentantes dos usos preponderantes da Laguna (Pesca, Navegação, Turismo e La-
zer e Agricultura Irrigável); (c) representantes de órgãos públicos estaduais (Se-
cretaria da Coordenação e Planejamento; Secretaria dos Transportes, através da
Superintendência de Portos e Hidrovias; e Secretaria do Meio Ambiente, através
da Fundação Estadual de Proteção Ambiental – Fepam, do Departamento de
Recursos Hídricos – DRH e do Pró-Mar-de-Dentro). A 1ª Reunião do CGLP
aconteceu durante o II Seminário do Programa Pró-Mar-de Dentro: Gestão
Ambiental Compartilhada para o Desenvolvimento, ocorrido em outubro de
2006 no município de Tapes.
É inegável que a aplicação da metodologia do PEAC nas ações do Pró-Mar-
de-Dentro, propiciada pela parceria estabelecida, foi fundamental para o alcance
dos frutos arrolados, conquistados a partir da otimização dos recursos humanos
e materiais existentes, da potencialização das ações das instituições parceiras do
Programa e, principalmente, do comprometimento das pessoas sensibilizadas e
identificadas com os princípios norteadores do PEAC.
Por fim, devo salientar que o Pró-Mar-de-Dentro tem o compromisso origi-
nal de pensar no meio ambiente e no seu agente transformador, o ser humano.
Essa é a razão essencial de um programa que busca o desenvolvimento regional,
o gerenciamento hidrográfico planejado e sustentável, mas, sobretudo, está foca-
do na participaçãocomunitária e solidária para corrigir desigualdades, recompor
perdas ambientais e, ao mesmo tempo, dar uma chance de sobrevivência pro-
longada a um dos mais importantes patrimônios naturais do Rio Grande do Sul.
A continuidade da parceria com o PEAC é fundamental para vencermos esta
longa e irreversível caminhada, que faz brotar o que temos de melhor – a cria-
tividade. Assim, nasce em Pelotas, um dos maiores municípios da área do Pró-
Mar-de-Dentro, a idéia de desenvolver em 2007 o primeiro PEAC Municipal,
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 3938 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
atingindo 96 escolas públicas municipais, cerca de 30.300 alunos de uma cidade
com aproximadamente 340 mil habitantes.
O Programa de Educação Ambiental Compartilhado foi criado a partir da
simplicidade de uma idéia de parceria público-privada. Já na caminhada nos as-
sociamos (o Pró-Mar-de-Dentro e seus municípios) ao PEAC. Agora, nos cabe
(a todos os parceiros), para acompanhá-lo e bem conduzi-lo, um incansável es-
forço, pois "filhos pertencem ao mundo e não aos pais".
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 4140 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
A contribuição da Produção mais 
Limpa na Política Ambiental gaúcha
Alex Neves Strey
Oceanólogo e Chefe de Gabinete da 
Secretaria Estadual de Meio Ambiente
O Sistema Estadual de Proteção Ambiental – Sisepra – é o âmbito no qual
são realizadas todas as discussões para o planejamento e a implementação da Po-
lítica Ambiental do Rio Grande do Sul. Os instrumentos que auxiliam essa dis-
cussão estão baseados nas atividades de planejamento ambiental, zoneamento
ambiental, Educação Ambiental, licenciamento e monitoramento ambiental.
O planejamento ambiental é a atividade que, uma vez consolidado o conhe-
cimento acumulado, proporciona a construção do Plano Institucional de Ativi-
dades e Programas, o qual considera a elaboração das diretrizes, metas e objeti-
vos da Política Ambiental Estadual. O zoneamento ambiental é o principal ins-
trumento de orientação entre o Sisepra e as comunidades rio-grandenses, já que
é o documento que demonstra onde e como os processos produtivos de bens e
serviços podem ser implantados e operados de forma a se manter ou incremen-
tar a qualidade ambiental. A Educação Ambiental é o instrumento de relaciona-
mento pelo qual é disponibilizado e disseminado o conhecimento na sociedade,
possibilitando, a longo prazo, influenciar aspectos da cultura e o modus vivendi, de
forma que haja a aglutinação da qualidade de vida com a qualidade ambiental. O
licenciamento e o monitoramento ambiental são as portas de entrada para o rela-
cionamento entre os processos produtivos de bens e serviços e o Sisepra. 
Todos os instrumentos descritos acima, de alguma maneira, com maior ou
menor precariedade, podem ser identificados no âmbito do Sisepra. Apesar dis-
so, a sociedade gaúcha percebe a atuação do Sistema principalmente pelo instru-
mento do Licenciamento Ambiental, no qual, de forma geral, se persegue a ob-
tenção de uma licença ou se foge da emissão de um Auto de Infração.
Assim, o licenciamento ambiental, em detrimento dos outros instrumentos,
detém a absorção do maior esforço da energia em se fazer gestão ambiental no
Estado do Rio Grande do Sul, de modo que tal esforço se reveste das qualifica-
ções do binômio comando/controle. Nos processos de licenciamento ambiental,
há o julgamento das propostas de onde e como os processos produtivos podem
ser operacionalizados, analisando-se, via de regra, caso a caso, em uma visão
fragmentada do sistema ambiental. Com essa premissa, a gestão se caracteriza
como um processo em que a maior parte da informação provém da sociedade e
se destina ao governo, oportunizando a tomada de decisão por parte deste. 
Hoje, há uma absoluta necessidade de inverter-se a direção desse fluxo, no
qual todos os dados e informações já produzidos e armazenados no âmbito do
Sisepra se transformem no conhecimento capaz de nortear o planejamento, o
zoneamento, a Educação Ambiental e, inclusive, qualificar o processo de licen-
ciamento ambiental.
Não obstante o tempo que se requer para a consolidação de um cenário ide-
al para essa inversão de fluxo, é nítida a movimentação independente da socieda-
de no sentido de suprir a informação necessária à correta inserção dos processos
produtivos em seus ambientes receptores.
Nesse contexto, os instrumentos e ferramentas produzidos pelos programas
de Produção mais Limpa e Ecoeficiência, embora não exigidos (e até desconsi-
derados) nos processos de licenciamento ambiental, têm contribuído para a mi-
nimização das externalidades negativas causadas por empreendimentos indus-
triais e agrícolas, de forma que a capacidade suporte dos ambientes envolvidos
não seja perdulariamente pressionada, oportunizando a instalação de novos em-
preendimentos.
No Rio Grande do Sul, onde está instalado o Centro Nacional de Tecnolo-
gias Limpas – CNTL, o avanço dessas técnicas e ferramentas tem sido uma dá-
diva para a gestão ambiental de processos produtivos privados e, obviamente,
com conseqüências positivas para a manutenção da qualidade dos ecossistemas
envolvidos. Considerando-se o histórico de sucesso dessas iniciativas, o Gover-
no Estadual, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, com o objetivo de
dar melhores subsídios à construção dos referidos instrumentos que executam
as Políticas Ambientais Estaduais, consentidamente se apropriou desse histórico
de sucesso para implantar o Fórum Gaúcho de Produção mais Limpa, no qual
tais iniciativas possam ser incorporadas às ferramentas do Sisepra.
Um dos objetivos desse Fórum é ser o espaço permanente de difusão das ex-
periências acumuladas e em desenvolvimento, sendo constituído por entidades
públicas e privadas interessadas em compor esse espaço interinstitucional, tendo
a responsabilidade de criar as definições que nortearão as atividades de Produção
mais Limpa no Estado.
Em dezembro de 2005, foram iniciados vários trabalhos de sensibilização
junto aos órgãos estaduais de meio ambiente, com o objetivo de consolidar con-
ceitos e idéias para a implantação de Fóruns Estaduais de Produção mais Limpa
– PmaisL, destinados a promover discussões entre os segmentos público, priva-
do e acadêmico sobre o tema consumo sustentável e ecoeficiência. Esses fóruns
visam difundir a prevenção como instrumento da proteção ambiental e estimu-
A Educação Ambiental Inovando a Gestão 4342 Programa de Educação Ambiental Compartilhado
lar a adoção de procedimentos e de tecnologias que resultem em ações de Pro-
dução Mais Limpa, melhorando a eficiência dos processos, reduzindo os riscos
ao meio ambiente e à saúde da população.
A proposta também inclui a viabilização da criação de uma Rede de Produ-
ção mais Limpa para subsidiar o Comitê Gestor Nacional de PmaisL – CGPL,
criado em 2003 com o objetivo de elaborar a Política Nacional de Produção
mais Limpa e Ecoeficiência. O Rio Grande do Sul, assim como São Paulo, Mi-
nas Gerais e Bahia, foi identificado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)
como sendo um dos estados brasileiros capacitados para estar à frente dessa ini-
ciativa, devido ao intenso trabalho desenvolvido através do Centro Nacional de
Tecnologias Limpas – CNTL/Senai, na difusão dos conceitos de PmaisL junto
ao setor produtivo e à sociedade, por meio de ensino, capacitação e pesquisa.
Aceitando o desafio, a Sema assumiu a responsabilidade de conduzir esse
processo, realizando em junho de 2006 um Seminário de Sensibilização, para
organizar a estruturação e implantação do Fórum Gaúcho de Produção mais
Limpa. O evento reuniu mais de 120 profissionais dos mais diversos segmen-
tos e foi promovido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, em parceria
com a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos do
Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto Competitividade e
Meio Ambiente

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