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Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 Nos tomógrafos helicoidais (mais antigos) os técnicos angulavam para que os cortes fossem feitos na linha infraorbitária (que segue até meato acústico externo e parte posterior do crânio) para aquisição dos cortes das estruturas encefálicas em posição anatômica. No multslice não há necessidade de traçar essa linha pois os cortes são muito finos e conseguimos reconstruir as imagens. Introdução Cérebro = hemisférios cerebrais (telencéfalo) + diencéfalo Encéfalo = cérebro + tronco encefálico + cerebelo Partindo do pressuposto que cérebro e encéfalo são coisas diferentes, pedir uma Tomografia “cerebral” é um equívoco, pois automaticamente estudamos todas estruturas do compartimento intracraniano e não somente o cérebro. Logo, o termo correto é TC ou RM do encéfalo ou do crânio. Quando falamos de neuroimagem dividimos as estruturas de acordo com o tentório (tenda do cerebelo) em subtentoriais e supratentoriais. A grosso modo as estruturas subtentoriais são as da fossa posterior da calota craniana, ou seja, tronco cerebral e cerebelo. Os cortes estão de baixo para cima, então a primeira estrutura que visualizamos é o bulbo, porção mais inferior do tronco. Este pontinho preto em seu interior é o líquor (densidade liquórica). Ainda com densidade liquórica visualizamos na frente a cisterna pré-bulbar, atrás a cisterna magna e lateralmente o recesso inferior do quarto ventrículo. Vemos ainda hemisférios cerebelares D/ E e uma estrutura na linha média chamada de vermix cerebelar. Subindo o corte começamos a ver a ponte ou “protuberância” (porção mais espessa do tronco) e os pedúnculos cerebelares MÉDIOS ou “braço pontinho” (comunicação mais espessa e visível do tronco com o cerebelo). Densidades Cinza – parênquima Preto – líquor Além do pedúnculo cerebelar médio existem os pedúnculos cerebelares superiores (que comunicam com o mesencéfalo) e pedúnculos cerebelares inferiores, região dorsolateral do bulbo. Uma seta indicando densidade parenquimatosa no meio do cerebelo e atrás do 4º ventrículo tem que ser o vérmix. Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 Subindo vemos o mesencéfalo, o pedúnculo cerebelar superior (não delimitado na imagem acima) e o quarto ventrículo. A imagem mais clássica do mesencéfalo é o corte onde aparecem os pedúnculos cerebrais “orelhinha do Mickey” (estrutura mesencefálica por onde passam os tratos corticoespinhais direito e esquedo). Entre os pedúnculos cerebrais está a fossa interpeduncular contendo líquor. Sistema Liquórico O quarto ventrículo possui um corpo, possui um recesso inferior (margem mais afilada na porção inferior) e a medida que sobe o corte, primeiro ele vai se abrindo e, posteriormente, vai se afilando novamente para formar um recesso superior. Já o terceiro ventrículo não é subdividido. Ventrículos supratentoriais = 3º ventrículo e ventrículos laterais. Saindo do recesso superior do quarto ventrículo entramos na estrutura pequena, nodular e puntiforme na região dorsal do mesencéfalo que é o aqueduto cerebral (comunica sistema ventricular supratentorial com o infratentorial por via liquórica). Subindo ainda mais passamos a ver uma estrutura em fenda com densidade liquórica na linha média que é o 3º ventrículo. (Normalmente possui formato em fenda bem fino, sem parede abaulada e sem convexidade, entretanto quando é empurrado por efeito de massa se desloca perdendo esse padrão). Continuando a subir começam a aparecer os ventrículos laterais também com densidade liquórica. Nas imagem que se seguem é possível acompanhar toda a extensão dos ventrículos laterais, que é subdividido Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 em corpo (porção mais superior), descendo vemos a estrutura triangular que é o trígono ou átrio do ventrículo lateral (em seu interior apresenta uma área cinza clara que é o plexo coroide calcificado – fisiológico) e prolongamentos occiptais, frontais e temporais. Do trígono vemos partir uma caudinha (mais visível do lado esquerdo) que é o prolongamento occiptal do ventrículo lateral, esse prolongamento também existe na frente e representa o prolongamento frontal do ventrículo lateral (visível na 1º imagem dessa sequência). Descendo nos lobos occiptais na fossa craniana média, vemos uma estrutura com densidade liquórica que são os prolongamentos temporais dos ventrículos laterais (são bem finos ou até invisíveis, quando estão muito evidentes pode sugerir hidrocefalia incipiente, deixando-os mais dilatados e visíveis que o normal). Circulação liquórica: O líquor é produzido pelo plexo coroide caindo no sistema ventricular. A comunicação dos ventrículos laterais com o terceiro ventrículo se dá através do forame interventricular ou forame de Monro e o 3º se comunica com o 4º através do aqueduto cerebral. Do aqueduto cerebral o líquor vai para recesso superior – corpo – e depois recesso inferior do 4º ventrículo, deixando o sistema ventricular pelos recessos laterais do 4º ventrículo ou pelo forame de Magendie (forame central que comunica o compartimento intracraniano com o canal raquiano). O líquor depois cai nas cisternas e é reabsorvido pelas granulações aracnoideas retornando à circulação. TC é ruim para avaliar tronco encefálico: Existem artefatos de atenuação dos feixes de raio X pelas estruturas ósseas (principalmente na fossa posterior) que acabam impedindo a avaliação precisa do tronco encefálico, por esse motivo lesões isquêmicas passam despercebidas na TC. Portanto, TC é um péssimo exame para análise desse tipo de lesão, o ideal é a RM. Estrutura vascular de pequeno calibre e densa na frente no tronco encefálico é o tronco basilar.* * * * * Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 Nas fossas cranianas médias vemos os lobos temporais* e na fossa craniana anterior temos a base dos lobos frontais*, giros retos e fronto-orbitários repousados, entre o giro reto (que é o mais mediano) e o fronto-orbital mediano temos o sulco ofatório, por onde percorre o bulbo olfatório. Existem duas densidades no parênquima cerebral um cinza mais escuro (que é a substância branca) e um cinza mais claro (que é a substância cinzenta). Quanto mais escuro mais próximo ao líquor, portanto, substancia branca é mais escura e substancia cinzenta é mais clara. Núcleos de substancia cinzenta (mais claros): Tálamo; Núcleo lentiforme (composto por 2 Núcleos da base - globo pálido e putamen, mas a distinção entre eles não é possível) Núcleo caudado (na imagem acima vemos a cabeça do núcleo caudado fazendo uma impressão/deformidade no prolongamento frontal do ventrículo lateral) Substancia branca (mais escuro): Capsula interna com ramo anterior, joelho e ramo posterior (lembra um “boomerang”). o OBS: o trato corticoespinhal passa pelo ramo posterior da cápsula interna, logo lesão nessa área resulta em plegia contralateral à lesão. Sinal precoce de isquemia Existem três densidades diferentes que são notadas na área onde temos o núcleo lentiforme, são elas: putamen (porção mais lateral do núcleo lentiforme), capsula externa/extrema e o córtex da insula. O sulco colateral (passa dentro da insula) e nos ajuda a delimitar essa região. As três densidades são: cinza claro (putamen), cinza escuro (cápsula externa) e cinza claro (córtex da insula), além da densidade preta depois do córtex insular (que é o sulco colateral). Quando a distinção entre essas diferentes densidades desaparece significa AVE isquêmico recente no território de artéria cerebral média. Tálamo não pertence aos gânglios da base, é um núcleo de substância cinzenta assim como os núcleos da base, mas não é um núcleo da base. Os núcleos de substância cinzenta, o córtex e o tálamosão cheios de núcleos neuronais (possuem mais células do que líquido), logo, ficam cinza mais claro que a substância branca (mais água do que células) na TC. Substancia branca – cinza escuro Substancia cinzenta – cinza claro Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 Tálamo é responsável pelo nível de consciência e participa de conexões corticais tanto motoras quanto sensitivas. (Infarto nessa região paciente pode ficar comatoso). Gânglios da base (núcleo lentiforme e núcleo caudado aqui representados) são responsáveis pela coordenação dos movimentos finos. (Lesão traz tremor). Córtex da insula (infarto isquêmico nessa região indica acometimento recente de artéria cerebral média). OBS: o claustrum é um núcleo de substancia cinzenta e deveria ter coloração cinza claro assim como o putamen e o córtex da insula, mas é tão pequeno que no meio da densidade da capsula externa e extrema (que é de densidade cinza escuro) não aparece. Então podemos dizer que a região entre o putamen e o córtex da insula compreende a localização da substância branca (capsula externa e extrema) e do claustrum. Sulcos Importantes É importante saber alguns sulcos para separar lobo parietal (sensitivo) de frontal (motor). Ao lado podemos visualizar a linha média representada pela fissura inter-hemisférica (que é uma reflexão dural). Formas anatômicas de detectar o sulco central 1º Forma: Primeiro encontramos o sulco frontal superior que é paralelo à fissura inter-hemisférica, a porção posterior desse sulco se junta ao sulco pré-central (formando um L verdadeiro ou L em espelho dependendo do hemisfério que estiver avaliando). Dessa forma, o próximo sulco é o central, ou seja, anterior a ele é o lobo frontal e posterior a ele é o lobo parietal. 2º Forma: Encontrarmos o sulco central focando na sua morfologia que se parece com a da letra ômega. 3º Forma: Detectamos o ramo marginal do sulco do cíngulo que se parece com um Mustache (bigode em inglês), esse sulco parte da linha média e o sulco que mais se aproxima dele na linha média é o sulco central. Cinza claro (putamen) Cinza escuro (capsula externa/ extrema) Cinza claro (córtex da insula) Sulco frontal superior Sulco pré-central Sulco central Tomografia COMPUTADORIZADA DO CRÂNIO: ANATOMIA básica Layra Alves - 54 Seios cavernosos e Hipófise A parede medial da órbita é o etmoide (com células aeradas abaixo das cavidades paranasais) Atrás das células etmoidais estão as cavidades esfenoidais e acima dessa cavidade está a hipófise (sela turca repousa acima do seio esfenoidal). Na frente da sela turca ainda tem uma porção das cavidades esfenoidais, portanto a cavidade esfenoidal é utilizada como parâmetro anatômico para a sela turca. Essa densidade óssea posterior é o dorso da sela turca e a porção anterior é o tubérculo da sela turca, no meio está a hipófise. Na TC é muito ruim para ver, o ideal é RM. Sela turca não é cobrada na TC somente na RM. Nessa imagem, do lado esquerdo não conseguimos identificar as diferentes densidades do putamen, capsula externa e córtex da insula. A área está hipodensa e apagada sugerindo isquemia recente.
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