Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/259167981 Felicidade, bem-estar, qualidade de vida e saúde Article · January 2012 CITATION 1 READS 2,494 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: COPAHS - COping with PAin through Hypnosis, mindfulness and Spirituality View project The role of culture in pain-related factors View project Jose Pais-Ribeiro University of Porto 583 PUBLICATIONS 5,363 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Jose Pais-Ribeiro on 19 May 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/259167981_Felicidade_bem-estar_qualidade_de_vida_e_saude?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/259167981_Felicidade_bem-estar_qualidade_de_vida_e_saude?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/COPAHS-COping-with-PAin-through-Hypnosis-mindfulness-and-Spirituality?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/The-role-of-culture-in-pain-related-factors?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Pais-Ribeiro?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Pais-Ribeiro?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University_of_Porto?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Pais-Ribeiro?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Jose_Pais-Ribeiro?enrichId=rgreq-06f2e10a2caaf7ef4ce58a2dff70d8d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTE2Nzk4MTtBUzo5ODY1NTk5ODU3ODY5NUAxNDAwNTMyODMxODA1&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Citação Pais-Ribeiro, J. (2012). Felicidade, bem-estar, qualidade de vida e saúde. Psicologia na Actualidade, 8, 22-31 FELICIDADE, BEM-ESTAR, QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE José Luis Pais-Ribeiro Universidade do Porto O titulo do presente artigo - Felicidade, Bem-Estar, Qualidade de Vida, e Saúde – junta um conjunto de termos populares, que são encontrados nos jornais, nas revistas, principalmente as de tendência cor-de-rosa, e na linguagem das pessoas comuns. Quando passamos para uma utilização mais técnica, ou mais científica, onde os termos têm um significado mais específico que é utilizado em investigação científica, verificamos que por vezes a interpretação do seu significado é mais complexo. Comecemos por esclarecer que, apesar do que dissemos antes, estes termos são frequentemente utilizados como sinónimos na literatura científica: Veenhoven (1997; 2000) refere que os termos felicidade, satisfação com a vida, qualidade de vida, bem- estar, denotam o mesmo significado e são utilizados como sinónimos. Modernamente o conceito de felicidade é introduzido na Declaração da Independência dos Estados Unidos da América (EUA), em 4 de julho de 1776, onde, no segundo parágrafo afirma “…que todos os homens nascem iguais, que o Criador lhes dá direitos inalienáveis, e que entre eles estão a vida, a liberdade e a procura (pursuit) da felicidade”. Esta declaração tem marcado a civilização ocidental desde então. No entanto o termo “felicidade” não aparece na constituição da maioria dos países. Por exemplo, a Constituição da República Portuguesa não encontramos o termo felicidade mas sim “bem-estar” e “qualidade de vida”. Com efeito, na secção Princípios Fundamentais, Artigo 9.º (Tarefas fundamentais do Estado), afirma que “São tarefas fundamentais do Estado”, entre outras, na alínea d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais. Os termos são diferentes mas a ideia é equivalente: a principal diferença que podemos encontrar é que, na versão dos EUA, as pessoas têm o direito a procurar a felicidade enquanto na versão Portuguesa se afirma que a promoção do bem-estar e da qualidade de vida é uma tarefa do estado. Provavelmente na versão Portuguesa, está subjacente a ideia que felicidade, bem-estar e qualidade de vida, dependem de condições materiais que as pessoas têm. Ora, é relativamente claro que isso é falso. Tal é conhecido por “paradoxo de Easterlin” que afirma que, a longo prazo, o aumento da riqueza nacional não se repercute no aumento da felicidade (Easterlin, 1974). Num texto recente Easterlin, McVey, Switek, Sawangfa, e Zweig, (2010), fazendo uma revisão de investigação dos últimos decénios confirmam que ao longo do tempo, dentro de um país, a felicidade não aumenta quando o rendimento aumenta. Já em 1964 o presidente dos EUA Lyndon Johnston declarava que os objetivos de uma sociedade não podiam ser medidos pelo saldo da conta bancária. Eles só podiam ser medidos pela qualidade da vida que as pessoas tinham. Mas se quisermos ir mais longe na ideia de felicidade podemos recuar 25 séculos, a Epicuro que escreveu a Meneceu uma “Carta sobre a felicidade”, para mostrar que há uma preocupação ancestral com este tema. Mais recentemente tem-se desenvolvido o conceito de Felicidade Nacional Bruta (Gross National Happiness-GNH) que se propõe substituir o Produto Interno Bruto. É um conceito que começou por ser estudado no Butão, um pequeno reino de 700 000 habitantes, do tamanho da Suíça, implantado nos Himalaias entre o Tibete e a Índia. O conceito assume que o GNH resulta do equilíbrio entre objetivos de desenvolvimento económicos e não económicos. Mas não se pense que se trata de uma bizarria de um estranho país. Por um lado não dizem mais do que dizia o presidente dos EUA na década de 60, ou por inúmeros outros países que têm estudado essa ideia. Por exemplo, na Europa existe um Eurobarómetro que avalia a felicidade da sua população. Na Europa a 25 em 2006 (sem a Roménia e a Bulgária), perante a questão “considerando todos os aspetos você diria que é”: entre “muito feliz”, “um pouco feliz”, “não muito feliz” ou “nada feliz de todo”, 17% dos Portugueses consideravam-se muito felizes o que os colocava na 18ª posição entre os 25 países com a Dinamarca em primeiro lugar com 49%. Também no Human Development Report de 2010, Portugal, está colocado no quarto inferior da lista de 42 países do seu grupo, o dos países mais desenvolvidos, no que se refere à satisfação com a vida em geral (United Nations Development Programme, 2010). Esta é normalmente a posição dos portugueses (no terço ou quarto inferiores) perante questões do mesmo tipo (bem-estar, qualidadede vida, satisfação com a vida, etc.). Parece haver uma impressão cultural no sentir e no expressar da felicidade, bem-estar, qualidade de vida, em diferentes povos e nações. O fado ou o destino, a tristeza parecem fazer parte do modo de ser dos Portugueses enquanto povo. Conceito de felicidade, bem-estar, qualidade de vida Então o que é a felicidade, o bem-estar, a qualidade de vida? Genericamente podemos dizer que é o grau no qual a pessoa avalia globalmente a sua vida de uma forma positiva, ou seja, quanto a pessoa gosta da vida que leva. Esta avaliação pessoal toma em consideração critérios pessoais que são únicos. Se perguntarmos a duas pessoas diferentes quanto avaliam a felicidade (ou bem-estar, ou qualidade de vida) que sentem entre zero e 10, sendo 10 a felicidade máxima possível, e ambos responderem, “sete”, este valor é comparável, mas as razões porque as duas pessoas referem este valor é único, pessoal e incompreensível para as outras pessoas. Se fizermos esta pergunta a mil pessoas as razões de cada uma são diferentes de todas as outras. Esta é uma das razões porque se diz que é uma avaliação subjetiva. Mas este valor que as pessoas atribuem à sua felicidade, é consistente ao longo do tempo, e deve ser considerada válida como expressão desse sentir. A saúde, e a felicidade, bem-estar, qualidade de vida Quando falamos em ser saudável temos que nos ater à definição de saúde. Após a Segunda Grande Guerra Mundial a Organização Mundial de Saúde define a saúde, declarando que é um estado de bem-estar físico mental e social completo e não somente a ausência de doença ou incapacidade (WHO, 1948). Logo aqui se vê que há uma relação importante entre os conceitos que temos vindo a discutir. Uma pessoa que se sente feliz, ou que sente bem-estar, tem maior probabilidade de se sentir com saúde. Repare-se que isto abrange igualmente pessoas que vivem com uma doença. Hoje, é vulgar ter uma doença crónica. Quando as pessoas não estão em fase aguda da doença, elas fazem uma vida igual às outras: trabalham, cuidam dos filhos, vão ao cinema, pagam impostos etc. Logo, sentir-se bem para as atividades da vida diária é um aspeto importante, principalmente para as pessoas que vivem com uma doença. Também parece claro na investigação, que as pessoas que estão numa situação aguda recuperam mais facilmente se se sentirem bem. Diener e Chan (2011), numa revisão recente de investigação, confirmam que o bem-estar influencia tanto a saúde como a longevidade. Numa investigação que o nosso grupo tem vindo a realizar nos últimos anos em que seguimos pessoas que vivem com uma doença crónica há mais de três anos, quando comparamos a sua qualidade de vida com a das pessoas da sociedade em geral, do mesmo grupo etário e género, e sem doença, verificamos que cerca de um terço reporta ter uma qualidade de vida superior à das pessoas da comunidade em geral. Este dado pode parecer estranho mas é consistente através de vários estudos em diversos países. REFERÊNCIAS Diener, E., & Chan, M. (2011). Happy People Live Longer: Subjective Well- Being Contributes to Health and Longevity. Applied Psychology: Health And Well- Being, 3, 1–43. doi:10.1111/j.1758-0854.2010.01045.x Easterlin, R. A. (1974). Does Economic Growth Improve the Human Lot? Some Empirical Evidence. In P. A. David & M. W. Reder (Eds.), Nations and Households in Economic Growth: Essays in Honor of Moses Abramovitz (pp. 89–125). New York, Academic Press. Easterlin, R., McVey, L., Switek, M., Sawangfa, O., & Zweig, S. (2010).The happiness–income paradox revisited. Proceedings of the National Academy of Sciences,107, 22463–22468 United Nations Development Programme (2010). Human development report 2010: the real wealth of nations. New York: Palgrave Macmillan Veenhoven, R. (1997). Advances in understanding happiness. Revue Québécoise de Psychologie,18, 29-74. Veenhoven, R. (2000).The four qualities of life: ordering concepts and measures of the good life. Journal of Happiness Studies, 1, 1–39. WHO. (1948).Officials Records of the World Health Organization, no.2, p. 100. United Nations, World Health Organization. Geneve, Interim Comission. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/259167981
Compartilhar