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2ª UNIDADE DIREITO ROMANO

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CASOS DA 2ª UNIDADE 
AULA DIA 01/04/19
 
3º CASO: caso Fannia – se passa por volta em 100 antes de cristo, no período em que a republica já havia se expandido consideravelmente. Esse caso se passa perto da origem de Roma, na região de Minturnae (península Itálica)
Fannia era uma mulher maior de idade e muito rica, entretanto não tinha boa reputação social, por ser muito namoradeira – era mal visto em Roma, pois era uma sociedade muito conservadora. Sobre a sua família, não se sabe como era configurada, mas imagina-se que ela possuía a tutoria de um parente homem adulto da família, para cuidar de seus assuntos jurídicos. Ela possuía certa autonomia social, por ser muito rica. Ela se casa com o Gaius Tininius e ele já sabia da reputação de Fannia quando se casou e mesmo assim aceita se casar por conta do dote de Fannia. (dote era uma espécie de contribuição que a noiva/ família da noiva trazia para o casamento – não era obrigatório, mas presumia-se que um casamento sem dote era um casamento entre desiguais e por isso era muito usado em roma) por volta de 100 antes de cristo eles decidem se separar, por motivos de traição de Fannia. Provavelmente Gaius descobre a traição e entra com o pedido de divórcio para reter o dote. Se ele provasse essa traição, ele reteria o dote que recebeu de Fannia. (caso não provasse, ele deveria devolver o dote e ainda indenizar a mulher)
O valor do dote de Fannia ultrapassava a alçada do tribunal de Minturnae e a causa teve que ser julgada em Roma. Ela ajuíza a ação de restituição de dote, cumulada com o pedido de divórcio, frente ao pretor em Roma. O juiz escolhido foi o Gaius Marius, que a época era um dos cônsules de roma. (isso prova o tamanho da reputação econômica da família de Fannia). (o arbitro era eleito por ambas as partes). 
Marius tenta conciliar as partes, mas elas não concordam com isso e ele profere uma decisão de negar o pedido de retenção do dote pedido por Titinius e deu razão a Fannia, o pedido de restituição do dote, pois ele alegou que titinius sabia quem era Fannia. O Marius aplica uma multa de 1 serstercio para Fannia pela infidelidade, o que foi uma derrota para Fannia, pois a repercussão moral disso é horrível e só pioraria a reputação social dela e da família. 
Gaius marius precisa fugir de roma, depois de um tempo e ele precisa passar por minturna na hora da fuga e nisso ele é levado para a casa da Fannia, pela “corte” de minturna, e histórias contas que eles se tornaram amigos, ela nao fica ressentida com Marius e o ajuda a fugir.
4º CASO: caso de publius calpurnius lanaries – comprador de boa fe. 
Existia um cara, chamado de Titus Claudius Centumalus que era dono de um apartamento em Roma. Eram apartamentos não muito bem-feitas e não muito higiênicos, porem, muito comuns em roma. 
Esse prédio ficava muito próximo do colégio sacerdotal que era sede dos algores (sacerdotes responsáveis por interpretar questões religiosas – invocar deuses, analisar voos de pássaros para dizer se os dias seriam fastos ou nec fastos). Esse prédio era um pouco alto e os algores procuraram problemas com o dono, pois diziam que ele estava atrapalhando a visão dos voos dos pássaros e o dono precisaria demolir uma parte de seu prédio. Como o dono não queria destruir o que havia feito, ele anunciou a venda de seu imóvel nos jornais. O anuncio era feito em praça publica, não era impresso e era renovado a cada dia. O anuncio da venda de imóvel era bem atrativa, pois o valor estava bom, e por isso o Lanarius compra a propriedade. Tempo depois os algores voltam a criar problemas e o novo proprietário diz que não tinha conhecimento sobre nada. O Lanarius decide ir para os tribunais e vai ate o pretor para ajuizar uma ação que discutisse se o Centumalus agiu corretamente ou não. A primeira ação judicial que era cabível para ser discutida era a ACTIO EMPTIO. O juiz do processo foi o Marcius Portius Catus e ele condenou o Centumalus a ressarcir o Lanarius, pois ele deveria ter informado tudo que era relevante para celebrar o NJ. Esse caso foi importante porque o direito romano não protegia esse direito à informação, em um primeiro momento. Esse seria um dos primeiros casos em que o pretor aceita discutir a existência desse direito. Esse apartamento era um bem mancipi, o que significa dizer que se deu por conta de uma mancipatio. Era preciso a presença de 6 cidadãos romanos – um deles equipados com uma varinha e com uma Vindicta, o sujeito deveria tocar a coisa com a vindicta e assim ocorria a venda do bem mancipi. Se a coisa não fosse algo móvel, poderia se simbolizar a ocorrência do NJ com uma fração do bem que estava sendo vendido ou com a chave do bem. Quando o vendedor vai nesse cerimonia, em que o bem não está presente ele deve anunciar as características do bem vendido. E quando ele quantificava o objeto de forma errado, ele restituía o comprador com um pagamento do dobro do valor real. Porem isso só acontecia para quantificações para menores, o que não aconteceu aqui, pois o antigo proprietário havia dito o tamanho certo, só não havia falado que o prédio precisava ser demolido. 
O pretor, pela primeira vez, permitiu inserir no édito que o vendedor deveria informar tudo que o comprador deveria saber para realizar uma compra, no pedido de uma ação civil de compra e venda. 
CASO SEPARADO:
 Cicero conta, em suas obras, o caso de Marcus Marius Graciano e Gaius Sergius Orato. 
O sergius compra na mao do marcus um sitio que tem uma servidão cravada em favor de terceiro. O sergius já sabia dessa servidão e mesmo assim ajuíza uma ação pedindo que o marcus devolvesse uma parte do dinheiro pago, por ele não saber, porem o gracianus prova que sergius já sabia dessa informação e não foi preciso devolver o dinheiro. 
OBS: EM ROMA, DIREITO PROCESSUAL E MATRIAL ERA UMA COISA SÓ. COORIGINALIDADE ENTRE DIREITO PROCESSUAL E MATERIAL. O material só existia se houvesse um direito processual que o protegesse. 
 
 OBS: os pretores faziam o édito, todos os anos – onde estavam todas as ações que seriam admitidas em seu mandato e indicava o que era juridicamente relevante dentro de cada ação. 
O direito romano se desenvolveu muito por conta dos pareceres dos juristas e por conta dos pretores, que ano após ano iam atualizando os éditos para abarcarem novas proteções. 
2ª UNIDADE
AULA DIA 08/04/2019
O processo formulário pode ter surgido: ou no séc. II a. C oi no séc 17 a. C
O processo anterior (leges actiones) era inteiramente oral e puramente privado, não havia um ente estatal para ordena-lo; e sua principal característica era seu alto grau de formalidade, pois era preciso se comportar exatamente como o ritual mencionava. E esse era um problema muito grande, pois isso fazia com que injustiças se concretizassem, pois o formalismo era muito grande. Ambas as partes faziam um acordo onde o qual elas se vinculariam ao resultado da ação, das formalidades, chamado de LITIS CONTESTATIO. 
Outro problema era o fato de que as ações antigas permitiam coisas que com o passar do tempo se tornaram barbaras para os romanos. Ex: direito dos credores de se satisfazer sobre o corpo do credor. (legis actio per mamus imiectio) e os romanos decidem mudar as regras para um direito que se resolvessem apenas no ponto de vista patrimonial. 
Após isso se chega ao processo formulário, a formula é um modelo de ação – esse processo se caracteriza por um processo escrito, chamado de iudicium e o modelo do iudicium é a formula. A formula é o modelo abstrato e o iudicium o caso concreto; a formula vai sempre se adaptando aos casos. Os pretores criam as formulas. Existia apenas uma formula, que derivava do direito quiritario – formulas quiritárias (antigo direito romano), porem alguns novos direitos que não haviam nesse antigo direito começaram a ser tutelados, o que fez com que novas formulas aparecessem. 
 AÇÃO INDENIZATORIA PARA DEVOLUÇAO DE CRÉDITO CERTO: (livro)
Titius ludex esto. Si paret Numerium Negidium Aulo Agerio X milio darre operate, ludex Num Num Aº A° sesstertum X milia loudemnato, se nou paret,absolorto
TRADUÇÃO: “nome do juiz”, seja o juiz, se parecer que “nome da parte” deve “valor da causa” à “nome da parte” ó juiz condene “nome da parte” a pagar “tal valor” para “nome da parte” se não, absorve. 
Surgiram então as fórmulas honorarias, criadas pelos pretores e edis. Não havia direito material sem direito processual que não o protegesse, ou seja, sem a fórmula não havia direito. Surgiram por conta dos pretores e dos edis que começavam a tutelar novos direitos. Essas novas fórmulas poderiam ser chamadas de direito honorário. 
As partes, junto com o pretor preenchem a fórmula – criando assim o iudicium, (FASE IN IURE) esse iudicium é enviado ao juiz que irá analisa-lo e irá tomar sua decisão. (FASE APUD IUDICEM). Se a parte pediu mais do que realmente era devido, ela perde todo o direito de receber. 
Curiosidades:
Desaparece o poder de manus imiectio – tudo se resolve em forma de pecúnia/ patrimônio. Porem a escravidão por dívida continua como forma de contrato 
Nem sempre na fórmula, é possível se determinar o valor exato da indenização. Ações por crédito incerto (não se estipula exatamente o quantum indenizatório e cabe ao arbitro essa parte, com base na equidade estabelecer).
Partes da fórmula: 
Partes principais – 
INTENTIO: preenchida pelo autor de acordo a sua pretensão, pode ser certa ou incerta; corresponde a causa de pedir das ações atuais 
DEMONSTRATIO: só existe em ações que a intentio for incerta. Elementos de fato que seriam parâmetros para a eventual condenação. (comprar um escravo doente que não valia tudo que foi pago)
CONDEMNATIO: é a consequência condenatória da fórmula. Essa condenação pode ser certa ou incerta, se incerta deve ser arbitrada para que se torne certa.
ADJUDICATIO: só existe nas ações divisórias (ações que se dividem o patrimônio comum entre as partes). 
Partes acessórias/ adjeticias – 
PRAESCRIPTIO: vem antes da fórmula, é uma parte opcional. Pode ser a favor do autor ou contra. Poderiam se relacionar a dois tipos de questões: para deixar claro que o autor está se reservando ao direito de cobrar uma parte do que tem direito naquela ação e a outra parte depois. Ou para justificar porque o réu fazia parte da ação (para justificar a legitimidade da parte no processo). O réu também pode usa-la na defesa 
EXCEPTIO: defesa do réu. Pretensão denegatória do direito do autor. 
REPLICATIO/ DUPLICATIO/ TRIPLICATIO: as vezes o argumento que o réu utilizou na exceptio pode ser pode ser contraposto por um novo argumento do autor. 
AULA 15/04/19
As formulas podem ter várias funções e cada uma protegia um direito diferente da época. Por isso o papel do pretor era muito importante, em um primeiro momento haviam poucas fórmulas - que eram baseadas no antigo direito romano, eram as fórmulas IUS CIVILE. Porém alguns pretores começaram a fazer fórmulas acto infactum, aquelas que não estavam no iu dicium, mas que ele entendia que por razão de justiça era necessário uma nova formula, e se criava a formula com base no caso concreto. Assim que foi se transformando o direito civil, ele deixa de ser baseado nos rituais e passa a ser mais ligado ao processo, houve uma renovação na medida em que os pretores podiam criar essas normas novas e depois disso elas serem adicionadas ao edito. Esse direito criado pelos pretores ficou conhecido como direito honorário. 
Ler o caso da Iusta Calatoria – pegar na xerox e depois se estudará a transição da república para o império (dominato). 
Próxima aula: Transformações que aconteceram no final da república 
Invasão de Júlio Cesar a Roma
Surgimento de uma adm publica mais estável e adm jurídica com juízes do estado.

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