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Tetraciclinas

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Medicina UNEB – Turma XIII 
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As tetraciclinas são ATB bacteriostáticos de amplo espectro que penetram nos microrganismos, parte por 
difusão passiva e parte por transporte ativo. Uma vez dentro da célula, as tetraciclinas se ligam de maneira 
reversível à subunidade 30S do ribossomo bacteriano, bloqueando a ligação do RNAt ao sítio aceptor no 
complexo RNAm-ribossomo, o que impede a adição de aminoácidos ao peptídeo em crescimento. 
 
As tetraciclinas são ativas contra muitas bactérias G+ e G-, inclusive determinados anaeróbios, riquétsias, 
clamídias e micoplasmas. A atividade antibacteriana é similar na maioria das tetraciclinas, exceto pelo fato 
de que as cepas resistentes à tetraciclina podem ser sensíveis à doxiciclina, à minociclina e à tigeciclina, 
que são substratos fracos para a bomba de efluxo se ela for o mecanismo da resistência. 
1. Influxo comprometido ou efluxo aumentado → bomba proteica transportadora ativa. As espécies 
G- que expressam a bomba de efluxo Tet(AE) são resistentes às antigas tetraciclinas, doxiciclina e 
minociclina, mas são sensíveis à tigeciclina, que não é um substrato para essas bombas. De modo 
semelhante, a bomba de efluxo Tet(K) dos estafilococos confere resistência à tetraciclina, mas não 
à doxiciclina, à minociclina ou à tigeciclina. Porém, a tigeciclina é um substrato para as bombas de 
efluxo codificadas por cromossomo das espécies de Proteus e Pseudomonas aeruginosa para 
múltiplos fármacos, responsáveis por sua resistência intrínseca a todas as tetraciclinas. 
2. Proteção do ribossomo → produção de proteínas que interferem na ligação da tetraciclina com o 
ribossomo. As espécies G+ que expressam a proteína de proteção ribossomal Tet(M) são 
resistentes à tetraciclina, doxiciclina e minociclina, mas são sensíveis à tigeciclina. 
3. Inativação enzimática (os mais importantes são os dois acima). 
 
 Medicina UNEB – Turma XIII 
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Clortetraciclina tem absorção por VO de aproximadamente 30%; tetraciclina, oxitetraciclina, 
demeclociclina e metaciclina de 60 a 70%; doxiciclina e minociclina de 95 a 100%. A tigeciclina é mal 
absorvida por VO e deve ser administrada por via IV. Uma parte da dose da tetraciclina administrada por 
VO permanece no lúmen intestinal, altera sua flora e é excretada nas fezes. A absorção é prejudicada 
por alimentos (exceto doxiciclina e minociclina), cátions bivalentes (Ca2+, Mg2+, Fe2+, Al3+), laticínios e 
antiácidos, que contêm cátions multivalentes, e pH alcalino. Há soluções de tetraciclina especialmente 
tamponadas preparadas para administração IV. 
As tetraciclinas distribuem-se amplamente por tecidos e líquidos orgânicos, exceto pelo LCS. Elas 
atravessam a placenta também são excretadas no leite. Em consequência da quelação com o cálcio, as 
tetraciclinas se ligam – e lesionam – dentes e ossos em crescimento. Por conta disso, nenhuma deve ser 
administrada por VO com leite, antiácidos ou sulfato ferroso. Carbamazepina, fenitoína, barbitúricos e 
ingestão crônica de álcool podem encurtar a meia-vida da doxiciclina em 50% por meio da indução das 
enzimas hepáticas que metabolizam o fármaco. 
São excretadas principalmente na bile e na urina. Parte do fármaco excretado na bile é reabsorvido no 
intestino (circulação entero-hepática) e pode contribuir para a manutenção dos níveis séricos. Parte é 
excretada por filtração glomerular e parte é excretada nas fezes. A doxiciclina e a tigeciclina, são eliminadas 
por mecanismos não renais, não se acumulam de forma significativa e não precisam de ajuste de dose 
na insuficiência renal. 
Ação curta → meia-vida 6-8h: clortetraciclina, tetraciclina, oxitetraciclina; 
Ação intermediária → meia-vida 12h: demeclociclina e metaciclina; 
Ação longa → meia-vida 16-18h: doxiciclina e minociclina. Tigeciclina tem meia-vida 36h. 
Uma tetraciclina é o fármaco de escolha no tratamento de infecções provocadas por riquétsias. Também 
são excelentes para tratamento de Mycoplasma pneumoniae, clamídias e de algumas espiroquetas. São 
empregadas em combinação com outros medicamentos no tratamento para 
Helicobacter pylori. Podem ser utilizadas em diversas infecções por bactérias G+ 
e G-, inclusive infecções por Vibrio, desde não seja resistente. Elas permanecem 
eficazes na maioria das infecções por clamídia, inclusive as sexualmente 
transmitidas. 
As tetraciclinas são por vezes utilizadas no tratamento ou na profilaxia de 
infecções por protozoários, p.ex., Plasmodium falciparum. Os outros usos 
incluem tratamento de acne, crises de bronquite, PAC, doença de Lyme, febre 
recidivante, leptospirose e algumas infecções por micobactérias não 
tuberculosas (p. ex., Mycobacterium marinum). As tetraciclinas já foram usadas no tratamento de diversas 
infecções comuns, inclusive gastrenterite bacteriana e ITUs. Contudo, muitas dessas cepas de bactérias 
tornaram-se resistentes, e outros agentes se mostraram mais eficazes. 
Doxiciclina + ceftriaxona → alternativa para o tratamento de doença gonocócica. 
Uma tetraciclina + outro antibiótico → tratamento de peste, tularemia e brucelose. 
Minociclina →pode erradicar o estado de portador meningocócico, mas, em razão dos efeitos 
colaterais e da resistência de muitas cepas meningocócicas, dá-se preferência à rifampicina. 
Demeclociclina → inibe a ação do ADH no túbulo renal e tem sido utilizada no tratamento da 
secreção inadequada de ADH ou peptídeos similares por determinados tumores. 
Tigeciclina → possui várias características peculiares em relação às tetraciclinas mais antigas. Muitas 
cepas resistentes às tetraciclinas são suscetíveis à tigeciclina, já que ela não é afetada pelos 
Na cólera, as tetraciclinas 
interrompem rapidamente a 
disseminação dos vibriões, 
mas houve resistência ao 
medicamento durante 
epidemias. 
 Medicina UNEB – Turma XIII 
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determinantes comuns da resistência. Seu espectro de ação é muito amplo, mas deve ser reservada 
para situações em que não haja a possibilidade de tratamentos alternativos. Como as 
concentrações do medicamento ativo na urina são relativamente baixas, não é efetiva para as ITUs. 
São sensíveis à tigeciclina, com exceção de Proteus sp. e P. aeruginosa (intrinsicamente resistentes): 
o Estafilococos coagulase-negativos e o Staphylococcus aureus, inclusive cepas resistentes à 
meticilina, cepas intermediárias e resistentes à vancomicina; 
o Estreptococos, sensíveis e resistentes à penicilina; 
o Enterococos, inclusive as cepas resistentes à vancomicina; 
o Bastonetes G+; 
o Enterobactérias; 
o Cepas de Acinetobacter sp. resistentes a múltiplos fármacos; 
o Anaeróbios G+ e G-; 
o Riquétsias, Chlamydia sp. e Legionella pneumophila; 
o Micobactérias de crescimento rápido. 
Reações de hipersensibilidade (febre medicamentosa, erupções cutâneas) são incomuns. Muitos efeitos 
colaterais se devem à toxicidade direta do fármaco ou à alteração da flora microbiana. 
Náusea, vômitos e diarreia são os motivos mais comuns de interrupção das tetraciclinas. Esses efeitos são 
atribuíveis à irritação local direta do TGI e podem ser controlados com a administração do fármaco com 
alimento, com redução da dose ou com suspensão do medicamento. Também alteram a microbiota 
normal, com supressão dos coliformes sensíveis e crescimento excessivo de pseudomonas, Proteus, 
estafilococos, coliformes resistentes, clostrídeos e Candida. Isso pode resultar em distúrbios funcionais 
intestinais, prurido anal, candidíase vaginal ou oral, ou colite associada ao Clostridium difficile. Entretanto, 
o risco de colite por C. difficile talvez seja menor com as tetraciclinas do que com outros antibióticos. 
Ligam-se de imediato ao cálcio depositado no osso ou no dente recentemente formado em crianças 
pequenas. Quando uma tetraciclinaé administrada durante a gravidez, ela pode se depositar nos dentes 
fetais, causando fluorescência, alteração na cor e displasia de esmalte. Também pode se depositar nos 
ossos onde é possível que cause deformidade ou inibição do crescimento. Para evitar a deposição nos 
dentes ou ossos em crescimento, as tetraciclinas devem ser evitadas nas mulheres grávidas e em crianças 
com menos de 8 anos. 
Podem comprometer a função hepática, principalmente durante a gravidez, em pacientes com 
insuficiência hepática preexistente e quando doses altas são administradas por via IV. Quando 
administradas com diuréticos podem causar nefrotoxicidade. As tetraciclinas, exceto a doxiciclina, podem 
se acumular até níveis tóxicos em pacientes com função renal comprometida. A injeção IV pode causar 
trombose venosa. A injeção IM produz irritação local dolorosa e deve ser evitada. 
 
 
 
 
Fonte: Katzung, 13ª Ed.

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