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Autenticidade, memória e Ideologias Nacionais: o problema dos patrimônios culturais. José Reginaldo Gonçalves. Sobre o autor: Professor Titular da disciplina de Antropologia Cultural da UFRJ, Phd em Antropologia Cultural pela Universidade de Virginia, Mestre em Antropologia Cultural pela UFRJ e graduado em Ciências Sociais pela UFRJ. Autenticidade e a ideia de ‘’aura’’: · É esperado que as coisas sejam autênticas. · Isso é algo problemático, mas as pessoas não falam sobre isso; · Walter Benjamin, diz que na modernidade esse negócio de ser autêntico, das coisas terem uma aura vai acabando. · A aura seria uma relação única com o passado que as coisas nos permitem ter. · Nesse primeiro momento o autor nos mostra que quer problematizar a autenticidade das coisas que são escolhidas para representar a nação, que são consideradas os patrimônios. Patrimônios culturais: propriedade, memória e identidade: · Como a formação acadêmica do autor é voltada mais pra área da antropologia cultural ele começa dizendo como é muito importante que existam políticas de patrimônio que contribuam com uma identidade nacional ou étnica. · Por isso nos últimos anos vem crescendo o campo de estudo sobre objetos e coleções e como isso tudo pode contribuir para criar uma identidade para alguns grupos que não são muito representados pelos conceitos de nação. · Assim, ele traz a concepção dele de patrimônio: Os chamados patrimônios culturais podem ser interpretados como coleções de objetos móveis e imóveis. através dos quais é definida a identidade de pessoas e de coletividades como a nação, o grupo étnico, etc. (GONÇALVES, 1988, p. 267) · A ideia de patrimônio está ligada ao nacionalismo: Parte do que é patrimônio está ligado ao passado ou a história de uma nação, e podem ser classificados como relíquias ou monumentos. · Ou seja, as coisas que temos como patrimônio cultural são em grande parte monumentos históricos ou relíquias e quando olhamos para eles nos remetemos a olhar o passado da nossa nação. · Os bens são capazes de evocar o passado, a partir deles conhecemos uma nação, um povo, eles estabelecem ligação entre passado, presente e futuro. Eles garantem continuidade do tempo. · Na medida que associamos ideias e valores a determinados espaços ou objetos, estes assumem o poder de evocar, aquelas ideias e valores. (p.267) · Os monumentos são considerados parte orgânica do passado e na medida em que os possuímos ou os olhamos, estabelecemos por seu intermediário, uma relação de continuidade com o passado. · Segundo ele, a nação, enquanto coleção de indivíduos ou indivíduo coletivo, através da posse de seu patrimônio cultural ou sua cultura, define sua identidade. Nesse contexto, a cultura é pensada como coisa a ser possuída, preservada, restaurada etc. Assim, do mesmo modo que uma pessoa pode ter sua identidade definida pela posse de determinados bens, a nação define-se a partir da posse de seus bens culturais. · No Brasil, por possuirmos igrejas barrocas como patrimônio e monumentos como a Casa Branca em Salvador, entendemos que o Brasil é isso: barroco, católico, mineiro, negro e baiano. · Nesse sentido não acontece uma problematização da autenticidade, por isso mesmo com diversos contextos dentro de uma nação só são considerados autênticos o que são patrimonializados. · Em outras palavras. a crença nacionalista na "realidade" da nação é retoricamente possibilitada pela crença na autenticidade do seu patrimônio. Não importa que os conteúdos das definições de patrimônio. autenticidade e nação possam variar bastante em termos históricos e sociais. Concepções de autenticidade: Colonial Willamsburg e Ouro Preto. · Nessa parte o autor quer problematizar o fato de que cidades coloniais são vistas como ‘’autênticas’’ e as não coloniais são carentes de autenticidade. · Essa questão de lugares com monumentos coloniais nos passam uma ideia de que alguma forma esses lugares tem uma relação orgânica com o passado e a nação. · Colonial Willamsburg: pode ser visto como um modelo de preservação histórica nos EUA. · Foi reconstruída no século XX para ser como era no século XVIII, para visar uma afirmação de uma identidade genuína americana por oposição a Europa. (ou seja, criando sua própria identidade para que não fosse visto como uma cidade europeia no EUA) · Esse modelo foi criticado por não ser autêntico. (Saiu do padrão Europeu não é visto como algo que tem aura) · Lá não encontramos a ‘’aura’’ pois é como se vivessem no passado, visto que tudo foi reconstruído como era antes. · Ouro Preto: Passa a ser vista como um exemplo de nacionalidade, as outras cidades mineiras históricas só existem nessa categoria ‘’cidade histórica de Minas Gerais’’ porque Ouro Preto fundou essa categoria. · O patrimônio da cidade é visto como um modo de estabelecer vínculo com o passado. · Essa cidade está totalmente ligada ao conceito de nação brasileira e por ter monumentos e construções coloniais é vista com uma ‘’aura’’ que a torna autêntica. · Diferente de Colonial Willamsburg, aqui a aura ressurge. Ficções: patrimônio e nação. · O autor finaliza o texto dizendo que não quer tomar partido sobre nenhum lado, com autenticidade ou sem autenticidade. · O objetivo dele foi construir uma discussão que não é muito feita hoje em dia, mas que deveria, visto que até hoje no Brasil os padrões para que algo seja tombado é que exista essa tal aura.
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