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1 2 Alminhas queridas, Sejam bem-vindas ao estudo do Processo Penal! Preparei este material com todo o carinho para auxiliar a tua preparação. Lembre-se que o momento exige muita dedicação e persistência para que o objetivo seja alcançado. Você não está sozinho nesta missão, tem toda uma equipe junto contigo que também está focada na tua aprovação. Para aprimorar o estudo sugiro que após assistir as aulas você revise o conteúdo novamente, no mínimo uma vez, e realize as questões indicadas. Isso auxiliará na memorização e compreensão da matéria. Assim, ficarei confiante com o teu estudo. A ideia é ter presente a seguinte expressão: treino forte, jogo fácil. Desta forma, iniciaremos a nossa caminhada, com PASSOS PEQUENOS E FIRMES, rumo à segunda fase, mas para isso, neste momento de preparação, contamos com o teu comprometimento e confiança, desde o início, agora, na primeira fase do Exame da OAB com todo o comprometimento. Bora? Estamos juntos e no caminho certo! Para ter acesso a outros materiais, acompanhe as minhas redes socais: /prof.leticianeves /prof.leticiasinatoradasneves Um abraço e bons estudos! Profª. Ma. Letícia Neves https://www.instagram.com/prof.leticianeves/ https://www.facebook.com/prof.leticiasinatoradasneves 3 SUMÁRIO 1. COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL ................................................... 7 1.1. Considerações iniciais .......................................................................................... 7 1.2. Finalidade da Lei de Execução Penal .................................................................. 8 1.3. Aplicação da Lei de Execução Penal ................................................................... 9 1.4. Princípio da individualização da pena ................................................................ 10 1.5. Detração penal ................................................................................................... 10 1.6. Regimes prisionais e modificação do regime durante a execução da pena ....... 11 1.6.1. Unificação de penas ................................................................................... 12 1.7. Regime Disciplinar Diferenciado ........................................................................ 14 1.8. Sistema progressivo – Progressão de regime .................................................... 16 1.8.1. Requisitos para Progressão de Regime ..................................................... 17 1.9. Exame criminológico .......................................................................................... 21 1.10. Regressão de regime ...................................................................................... 22 1.11. Prisão domiciliar ............................................................................................... 24 1.12. Remição de pena ............................................................................................. 25 1.13. Trabalho prisional ............................................................................................. 25 1.13.1. Espécies de trabalho prisional .................................................................. 25 1.14. Permissão de saída e saída temporária ........................................................... 26 1.15. Monitoração eletrôncia ..................................................................................... 27 1.16. Livramento condicional ..................................................................................... 27 1.16.1. Requisitos ................................................................................................. 28 1.16.2. Hipóteses de revogação do livramento condicional ................................. 30 1.16.3. Suspensão do livramento condicional ...................................................... 31 1.17. Incidentes da execução penal .......................................................................... 31 1.18. Anistia, graça, indulto ....................................................................................... 31 1.19. Aspectos gerais relacionados à execução da medida de segurança ............... 33 1.19.1. Espécies ................................................................................................... 33 1.19.2. Jurisprudência selecionada ...................................................................... 33 2. AGRAVO EM EXECUÇÃO ................................................................................... 41 2.1. Cabimento/conteúdo .......................................................................................... 41 2.2. Base legal ........................................................................................................... 41 2.3. Identificação ....................................................................................................... 42 2.4. Rito e competência para o julgamento ............................................................... 42 2.5. Prazo .................................................................................................................. 43 2.6. Efeitos ................................................................................................................ 43 2.7. Estruturação da peça Agravo em Execução ...................................................... 45 3. CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO ........................................... 56 3.1. Introdução .......................................................................................................... 56 3.2. Identificação ....................................................................................................... 57 4 3.3. Prazo .................................................................................................................. 57 3.4. Conteúdo ............................................................................................................ 57 3.5. Pedido ................................................................................................................ 57 3.6. Estruturação das Contrarrazões de Agravo em Execução ................................. 59 PADRÃO DE RESPOSTAS ...................................................................................... 61 Ile g al b ) L IB ER D A D E P R O V IS Ó R IA c) P ED ID O D E R EV O G A Ç Ã O D A P R EV EN TI V A O U T EM P O R Á R IA A ud iê nc ia d e In st ru çã o e Ju lg am en to - A rt . 40 0 do C PP C liq u e n as p eç as q u e es tã o d es ta ca d as em V E R D E p ar a co n fe ri r u m m ap a m en ta l re fe re n te a o as su n to ! Fa se E xt ra ju d ic ia l IP a) R EL A X A M EN TO D E P R IS Ã O A rt . 3 10 , I , d o C P P A rt . 5 º, LX V , d a C F Q U E IX A -C R IM E R ec eb im en to da d en ún ci a Fo rm al M at er ia l A rt . 5 º, LX V I, d a C F Le g al A rt . 3 10 , I II, d o C P P Le g al A rt . 3 16 d o C P P D en ú n ci a Ci ta çã o pe ss oa l RE SP O ST A À A CU SA ÇÃ O (A rt . 3 96 e 3 96 -A d o CP P) A bs ol vi çã o su m ár ia A rt . 3 97 d o CP P Fa se J u d ic ia l 1ª In st ân ci a A rt . 4 03 , § 3º - co m pl ex id ad e ou n º d e ré us A rt . 4 04 , p . ú ni co - di lig ên ci a M EM O R IA IS Se nt en ça A rt . 3 83 /3 84 d o CP P A rt . 3 86 d o CP P A rt . 3 86 d o C P P at er ia lid ad e (I e II) u to ri a (IV ) ip ic id ad e (II I) lic it u d e (V I) u lp ab ili d ad e (V I) u b si d ia ri ed ad e (a rt . 5 9 d o C P ) M A T I C S (a rt . 30 , 4 1, 4 4 d o C P P ) V E R D E C U R SO O A B 2 ª FA SE -P E N A L https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/UqicGB92Wk5eaLIM7AZ9A05yOWwbdr2sv5aveNQo.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/UqicGB92Wk5eaLIM7AZ9A05yOWwbdr2sv5aveNQo.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/3MQMmilWyWUMEX1jy0RJXExxfSH2TRFy26nrx1vI.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/sB6lEvu3uCqCFtbgckuc4PTEwgjT3vHZn3qhZjID.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/IwAVexnYE1QRDdNTscujtzrUIGpfZHAffsK8f72Y.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/IwAVexnYE1QRDdNTscujtzrUIGpfZHAffsK8f72Y.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/sFrteAHXMqvF9lGCegXyMAxO2mpYBS9WH3BIiERp.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/X152lP00egSK1DATgNVZQmDgJVfcxIDCjqHlhsb5.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/EC0pjx7QnOgzQMr1oVPNdlne1uBbVj3gsbqPRFh9.pdf A PE LA ÇÃ O A rt . 5 93 d o CP P Fa se J u d ic ia l 2ª In st ân ci a R ec eb im en to d o re cu rs o de a pe la çã o CO N TR A R R A ZÕ ES D E A PE LA ÇÃ O A rt . 6 00 d o CP P A có rd ão E M B A R G O S D E D E C LA R A Ç Ã O A rt . 3 82 d o C P P CO N TR A R R A ZÕ ES D E R ES E A rt . 5 88 d o CP P R ec eb im en to R ES E - A rt . 5 81 d o CP P R ES E D ec is ão in te rlo cu tó ria A G R A V O E M E X EC U ÇÃ O A rt . 1 97 d a Le i 7 .2 10 /8 4 Tr ân si to e m ju lg ad o R EV IS Ã O C R IM IN A L A rt . 6 21 d o C P P H A B EA S C O R P U S A rt . 6 4 7 e 64 8 d o C P P e A rt . 5 º, LX V III , d a C F R ec eb im en to do A gr av o CO N TR A R R A ZÕ ES D E A G R A V O E X E C U Ç Ã O P E N A L a) E M B A R G O S D E D EC LA R A Ç Ã O A rt . 6 19 d o C P P A rt . 1 0 2, II , " a" , d a C F - S TF A rt . 1 0 5, II , " a" , d a C F - S TJ S en te n ça C liq u e n as p eç as q u e es tã o d es ta ca d as em V E R D E p ar a co n fe ri r u m m ap a m en ta l re fe re n te a o as su n to ! V E R D E e) R O C b ) E M B A R G O S IN FR IN G EN TE S E D E N U LI D A D E (d ec is ão N Ã O u n ân im e. E x: 2 a 1) A rt . 6 0 9, p . ú n ic o, d o C P P c) R E C U R SO E X TR A O R D IN Á R IO A rt . 1 0 2, II I, d a C F d ) R E C U R SO E SP EC IA L A rt . 1 0 5, II I, d a C F C U R SO O A B 2 ª FA SE -P E N A L https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/tDbcCGBfHSJivYNhUgu1QGijmoX1cWpJdOZl7cre.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/lPNnmH2CI4wxwugeQHiot76k2PrRXMWobNIjSiXp.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/3IAa2WAgOrYNqEu28v4UEGJm61RXALRqyEgjR2yU.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/CgMt0CrIulkr3qC8QPX2VfZZH1QsByBT00VL2Yq7.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/UYfQHnqb74rj3btK0oFrItPKhHYLt9W8mahIclKk.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/dGNODV8X8HqEo4YFyW9ftIAHWtHuItqT0SxPOcGO.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/jXA92m97Qg6f7toQ7tB8aSxwZQjzjFRj5Cf56u6W.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/TTimPNGI7mB9KAucl5GQiFAyrPLV8uB0So44bFMp.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/1nDKqYVsQdlOVMrf8ZwF972OHeWa82vQTxEYXKVR.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/1nDKqYVsQdlOVMrf8ZwF972OHeWa82vQTxEYXKVR.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/CgMt0CrIulkr3qC8QPX2VfZZH1QsByBT00VL2Yq7.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/3IAa2WAgOrYNqEu28v4UEGJm61RXALRqyEgjR2yU.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/3IAa2WAgOrYNqEu28v4UEGJm61RXALRqyEgjR2yU.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/CgMt0CrIulkr3qC8QPX2VfZZH1QsByBT00VL2Yq7.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/Bu3EuhIp7HeJiAkK5jFgybSic3Vwa5MFPv44TtHK.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/4EHeZidMKsuTnZWJzB8XSLlUBAmNjIxS1TRf58D5.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/rbThxZVvX22eKwg4QoTdMsahcPBQuCZEO72gcAx6.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/rbThxZVvX22eKwg4QoTdMsahcPBQuCZEO72gcAx6.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/rbThxZVvX22eKwg4QoTdMsahcPBQuCZEO72gcAx6.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/rbThxZVvX22eKwg4QoTdMsahcPBQuCZEO72gcAx6.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/SfAvbNxuPHRCR7xZk8VLWiRltu3Bhjwlvgk7kdWl.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/12U6F5cn1wsVN95sF5ryoJtaDnAFHd8EiepIGHeg.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/SfAvbNxuPHRCR7xZk8VLWiRltu3Bhjwlvgk7kdWl.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/TiIQJqLBlP2lYGWimlGUjDdh3wGcG52PYaG8PBAQ.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/4Gw33bUHQuL1eVuJHqfTJFmhIBR08SVJsBhMvdLP.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/4Gw33bUHQuL1eVuJHqfTJFmhIBR08SVJsBhMvdLP.pdf https://d1ly1csstr22jg.cloudfront.net/arquivos/TiIQJqLBlP2lYGWimlGUjDdh3wGcG52PYaG8PBAQ.pdf 7 EXECUÇÃO PENAL COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL 1.1. Considerações iniciais 1.2. Finalidade da Lei de Execução Penal 1.3. Aplicação da Lei de Execução Penal 1.4. Princípio da individualização da pena 1.5. Detração penal 1.6. Regimes prisionais e modificação do regime durante a execução da pena 1.7. Regime Disciplinar Diferenciado 1.8. Sistema progressivo – Progressão de Regime 1.9. Exame criminológico 1.10. Regressão de Regime 1.11. Prisão domiciliar 1.12. Remição de pena 1.13. Trabalho prisional 1.14. Permissão de saída e saída temporária 1.15. Monitoração eletrôncia 1.16. Livramento condicional 1.17. Incidentes da Execução Penal 1.18. Anistia, Graça, Indulto 1.19. Aspectos gerais relacionados à execução da Medida de Segurança 1. COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEI Nº 7.210/84 1.1. Considerações iniciais A Lei nº 7.210/84, também conhecida com a Lei de Execução Penal, regula a execução das penas e medidas de segurança no Brasil. As penas, conforme o artigo 32 do Código Penal, dividem-se em: penas privativas de liberdade, restritivas de direito e penas de multa. Já as medidas de segurança estão previstas no artigo 96 do Código Penal, dividindo-se em: medidas de segurança de internação ou de tratamento ambulatorial. Em regra, quando se fala em execução penal, se pressupõe a existência de 8 uma sentença penal condenatória transitada em julgado. Assim sendo, a partir do esgotamento da via recursal tem-se que será determinada a expedição / formação do processo de execução criminal, denominado na praxe jurídica como P.E.C (Processo de Execução Criminal). O trâmite do processo de execução se dará em Vara de Execução Criminal, quando assim houver, conforme determinação das regras de organização judiciária de cada Estado. Nesta fase, o Juiz responsável por este processo é denominado Juiz da Vara de Execução, cujo rol exemplificativo de sua competência consta no artigo 66 da Lei nº 7.210/84. É importante registrar que, excepecionalmente, é possível a formação do Processo de Execução Provisório, ou seja, quando a pessoa estiver executando uma pena que ainda está sob discussão perante o Poder Judiciário, ou seja, ainda não transitou em julgado a sentença. Independentemente de ser preso em caráter definitivo ou provisório, a Lei de Execução é aplicável no que couber. Em termos de prova prático-profissional, registra-se que os pedidos ao Juiz da Vara de Execução devem ser elaborados no formato de petições, por exemplo, o apenado pretende progressão de regime, deverá ser postulado através de petição um pedido fundamentado ao Juiz, através de seu defensor (público ou privado/contratado). Por fim, em sede de execução penal deverão ser observados todos os direitos e garantias constitucionais, bem como aqueles previstos em Tratados e Convençõesde Direitos Humanos quando aplicáveis. Neste contexto, enfatiza-se a importância de observar o artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal/88, que assegura o devido processo legal, exigindo a observância do contraditório e ampla defesa, também durante a execução penal. 1.2. Finalidade da Lei de Execução Penal A finalidade da Lei de Execução Penal, nos termos do artigo 1º da Lei de Execução Penal, está intimamente ligada à ideia de ressocialização, baseada na teoria da prevenção especial positiva. Além de efetivar as disposições contidas nas decisões penais, objetiva-se proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado ou internado. 9 Para isso, a Lei de Execução Penal busca viabilizar uma série de institutos para assegurar o contato com o mundo exterior. Aos condenados à pena de privativa por exemplo: saídas temporárias, progressão de regime, livramento condicional, entre outros. Vale destacar que todos os direitos não atingidos pela sentença permanecem inalterados (Art. 3º da LEP), inclusive nos artigos 39 e 41, ambos da Lei de Execução Penal constam listados alguns deveres e direitos que devem ser observados durante a execução penal. 1.3. Aplicação da Lei de Execução Penal A Lei de Execução Penal é aplicável a todos que estiverem recolhidos a estabelecimentos prisionais sujeitos à jurisdição ordinária (Justiça Estadual ou Federal), independentemente da origem da condenação. Logo, o que se verifica na execução penal é o local de cumprimento de pena, para determinar o Juízo Competente. Observação 1: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal da Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena. Nele constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua forma de cumprimento.1 Observação 2: Súmula 192 do STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. A título de exemplo, se um condenado pela Justiça Federal estiver recolhido num estabelecimento sujeito à administração Estadual, o Juiz da Vara de Execução Criminal Estadual será o competente para apreciar os pedidos e acompanhar a execução da pena. 1 Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ para fins de competência, importante verificar a natureza do estabelecimento prisional. 10 1.4. Princípio da Individualização da Pena (Art. 5°, inciso XLVI, da CF/88) – fase executória O princípio da individualização da pena na fase da execução manifesta-se incialmente com a classificação dos condenados segundo seus antecedentes e personalidade (Art. 5º da LEP). A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC), que elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) ao condenado ou preso provisório (Arts. 6 e 7, ambos da LEP). A Comissão Técnica de Classificação será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social. Além da classificação, para auxiliar na obtenção de mais elementos para individualização da pena, o condenado à pena privativa de liberdade em regime fechado será submetido ao exame criminológico. Ainda, poderão ser submetidos o condenado à pena privativa de liberdade, em regime semiaberto (Art. 8° da LEP). Frise-se, tais questões ocorrem no início da execução da pena, com a finalidade de apenas obter mais dados, conhecer a pessoa que está recolhida no sistema penitenciário. Todavia, convém informar que na maioria das vezes, isso não é cumprido durante a execução da pena. Atenção! Identificação Genética na Execução Penal (Art. 9º- A da LEP): Nova hipótese de falta grave a recusa em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. Leitura Complementar: Recurso Extraordinário 973837 (ver notícia sobre o reconhecimento da Repercussão Social no RExt: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797) 1.5. Detração Penal Art. 42 do CP: Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797) 11 A partir da alteração legislativa provocada pela Lei nº 12.736/12, tem-se que a detração penal deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo 387 do Código de Processo Penal. Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for objeto na sentença, deverá ser observado pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da Lei de Execução Penal e do artigo 66, inciso III, alínea “c”, da Lei de Execução Penal. Art. 111: Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso a detração ou a remição. A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do indivíduo com o Estado2. Por exemplo: a) X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido. b) X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito de furto simples, na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma conta corrente. 1.6. Regimes Prisionais e Modificação do Regime durante a execução da pena Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou quando for aplicada a pena em um acórdão pelo Tribunal, pois a fixação do regime inclui uma das fases da individualização da pena (Art. 59, inciso III, do CP e Art. 110 da LEP). Inclusive, será estabelecido conforme as regras contidas no artigo 33, § 2º e §3º e artigo 59, ambos do Código Penal. 2HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO. IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado não faz jus à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03- 2013 PUBLIC 13-03-2013). 12 Entretanto, pode ocorrer de existirem processos distintos, que ainda não iniciaram a execução da pena, neste caso o resultado da soma das condenações determinará o novo regime. Por exemplo: Cross Fox possui uma condenação por um delito de roubo praticado em Porto Alegre/RS, cuja pena aplicada foi de 5 anos, em regime semiaberto; em comarca distinta, Caxias do Sul/RS, Cross Fox possui outra condenação à pena de 6 anos, em regime semiaberto. Nesta situação quando Cross Fox começar a cumprir a pena, o Juiz da Vara de Execução ao verificar a existência de duas condenações a serem cumpridas, determinará a soma das penas, no caso totalizará 11 anos, consequentemente o regime prisional será o fechado pelo resultado apontado. De outro modo, caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação do regime será feita através da soma do restante da pena que está sendo cumprida com a nova condenação, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 111 da Lei de Execução Penal, vejamos: “Sobrevindo condenação nocurso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime”. Imagine se Cross Fox estivesse executando uma pena de 10 anos de reclusão e no momento faltasse 2 anos para terminar, caso sobrevenha nova condenação por outro crime a 8 anos de reclusão, para determinação do novo regime, deverá ser somada a nova condenação (8 anos) + o restante da pena em execução (2 anos), o total do somatório, no caso 10 anos, determinará o novo regime, que pela quantidade resultará na imposição de regime fechado. Destaca-se que nessa situação ocorrerá uma hipótese de regressão de regime (Art. 118, inciso II, da LEP), que será estudada nos itens seguintes. Em todas as situações, da mesma forma que ocorre na aplicação da pena, em que o juiz se socorre da previsão contida no artigo 33, §2º, do Código Penal para a fixação de regime, na execução penal o resultado da soma deverá ser enquadrado nas regras do artigo 33 do Código Penal. 1.6.1. Unificação de Penas O termo unificação, teoricamente, deveria ser utilizado nos casos em que se evidencia alguma hipótese de crime continuado (Art. 71 do CP) ou de concurso formal 13 perfeito (Art. 70, caput, 1ª parte, do CP), pois nesses casos muito embora tenhamos mais de um crime, para fins de aplicação de pena, considera-se a pena de um deles, se idênticas, ou a mais grave, se diferentes, e aumenta-se de 1/6 a 2/3 (sistema da exasperação). Em outros termos, pode transformar diversas penas em uma, por determinação legal. Destaca-se que caso não tenha sido observada a ocorrência de crime continuado pelo Juiz da condenação, pois geralmente essas hipóteses são apuradas no mesmo processo, se isso for constatado na execução da pena, deverá o juiz fazer a unificação da pena, aplicando a exasperação aqui na fase da execução. Veja o recente julgado exemplificando a questão. AGRAVO EM EXECUÇÃO. UNIFICAÇÃO DE PENAS DECORRENTE DE CONTINUIDADE DELITIVA. DECISÃO MANTIDA. As práticas delituosas atinentes aos processos nºs 010/2.13.0002498-1 e 5006934-02.20034047107 aconteceram em intervalo de tempo inferior a 30 dias (entre 22/01/2013 e 13/02/2013). Ademais, são da mesma espécie e se perfectibilizaram de maneira muito semelhante, consistindo ambas em roubo majorado pelo uso de arma de fogo e pelo concurso de pessoas. [...] Decisão mantida. AGRAVO MINISTERIAL DESPROVIDO. UNÂNIME. (Agravo Nº 70076880152, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Julgado em 10/05/2018). Por fim, fala-se também em unificação de pena, no caso do artigo 75 do Código Penal, para fins de delimitar o cumprimento da pena em 30 anos, ocasião em que para fins de cálculo de progressão de regime, livramento condicional permanecerá o total da pena, como orienta a súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. Chama-se atenção para o fato de que o termo unificação de penas é utilizado de diversas formas na execução pena, muitas vezes gerando confusão com a hipótese de soma de penas, pois o artigo 111 da Lei de Execução Penal não traz qualquer conceito a respeito de cada expressão, somente refere que o regime prisional será fixado pelo resultado da soma ou unificação das penas. 14 1.7. Regime Disciplinar Diferenciado (Art. 52 da LEP) Redação Anterior a Lei nº 13.964/19 Vigência da Lei nº 13.964/19 Art. 52: A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela individual; III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. Art. 52: A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie; II - recolhimento em cela individual; III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário; Alterações significativas ocorreram em virtude da aplicação da Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime) *para todos verem: esquema abaixo 15 VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. § 1º O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. § 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. § 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade; II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave. § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil 16 criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário. § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo,o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos. Atenção!! A inclusão do preso no Regime Disciplinar Diferenciado, de acordo com o artigo 54 da Lei de Execução Penal, dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. A decisão judicial que incluir o preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser fundamentada. 1.8. Sistema Progressivo – Progressão de Regime A Lei de Execução Penal adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência do regime mais rigoroso para um menos rigoroso 17 mediante a observância de alguns requisitos, sendo “inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional", nos termos da Súmula 491 do STJ. Para fins de progressão de regime, observa-se a pena total, nos termos da Súmula 715 do STF e não o limite máximo de cumprimento da pena, previsto no artigo 75 do Código Penal. Desta forma, quem estiver executando pena, poderá progredir, ainda que esteja aguardando definição de recurso (Súmula 716 do STF), bastando o preenchimento do requisito objetivo (lapso temporal) e subjetivo (bom comportamento), observando as especificidades referentes à natureza do delito, vejamos: 1.8.1. Requisitos para Progressão de Regime O instituto da progressão de regime sofreu profunda alteração com a Lei nº 13.964/2019 – Pacote Anticrime. Vejamos o antigo tratamento legal (aplicável, em regra, ainda aos crimes praticados antes do dia 23 de janeiro de 2020): A progressão de regime exige o preenchimento de dois requisitos, quais sejam: requisito subjetivo e objetivo. Em relação ao requisito subjetivo, foi mantido como requisito para concessão da progressão o atestado de bom comportamento carcerário emitido pelo diretor do estabelecimento prisional, nos termos do artigo 112, § 3º, da Lei de Execução Penal. Progressão de Regime - Antes da Lei 13.964/2019 Base Legal anterior à Lei 13.964/2019 1/6 Primários e Reincidentes - Crimes Comuns Antiga redação do Artigo 112 da Lei 7.210/84 2/5 Primários – Crimes Hediondos e Equiparados Antiga redação do artigo 2º, §2º, da Lei 8.072/90 3/5 Reincidentes – Crimes Hediondos e equiparados *para todos verem: esquema abaixo 18 Entretanto, no tocante ao lapso temporal, previamente estabelecido para o alcance da progressão ao regime mais brando, o legislador optou por estabelecer uma exigência em percentual de cumprimento de pena, não mais em formato de fração, restando a seguinte previsão na nova redação do artigo 112 da Lei de Execução Penal: 16% da pena Primário Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa 20% da pena Reincidente 25% da pena Primário Crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa 30% da pena Reincidente 40% da pena Condenado por crime hediondo ou equiparado, se for primário 50% da pena Se o apenado for: a) Condenado por crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional. b) Condenado por exercer comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado. c) Condenado por crime de constituição de milicia privada. 60% da pena Se o apenado foi reincidiente específico na prática de crime hediondo ou equiparado 70% da pena Se o apenado foi reincidiente específico na prática de crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional Somente estarão sujeitos aos novos prazos que eventualmente trouxerem um tratamento mais gravoso à progressão de regime, aqueles que praticarem crimes a partir da data da vigência do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/19), qual seja, dia 23 de janeiro de 2020. Neste sentido, sempre que a nova lei trouxer algum benefício ao apenado deverá retroagir. Dentro deste contexto, não se pode olvidar a Súmula 471 do STJ, que assegura a aplicação do prazo de 1/6 para todos os crimes, inclusive os hediondos e equiparados, desde que praticados antes do dia 29 de março de 2007, haja vista os *para todos verem: esquema abaixo 19 efeitos atribuídos ao habeas corpus n. 82.959-7/SP, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2006. a) Falta grave e Progressão de Regime O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão de regime, resultando no reinício da contagem do requisito objetivo, que terá como base a pena remanescente, nos termos do artigo 112, § 6º, da Lei de Execução Penal. Trata-se da incorporação do entendimento jurisprudencial, pois o novel parágrafo incorporou o teor da Súmula 534 do STJ. b) Progressão de Regime especial para mulheres Não houve alteração no artigo 112 da Lei de Execução Penal no tocante à progressão de regime especial para mulheres gestantes ou que forem mães ou responsáveis por criança ou pessoa com deficiência, prevalecendo a exigência dos seguintes requisitos de forma cumulativa, que constam no respectivo § 3º: 1) não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; 2) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; 3) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; 4) ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; 5) não ter integrado organização criminosa. Destaca-se que o cometimento de fato definido como crime doloso ou falta grave, conforme dispõe a lei, implica na revogação da progressão de regime diferenciada (Art. 112, §4º, da LEP). c) Tratamento diferenciado para integrantes de organização criminosa – reconhecidos expressamente em sentença – Art. 2º, § 9º, da Lei n° 12.850/2013 Atualmente, com o Pacote Anticrime em vigência (Lei 13.964/2019), foi introduzida na legislação uma norma que assegura a vedação da progressão de regime ou do livramento condicional, bem como de outros benefícios, para os casos de integrante de organização criminosa, expressamente reconhecido em sentença, ou de condenado por crime praticado por meio de organização criminosa, quando houver 20 elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo, conforme consta no artigo 2º, § 9º, da Lei nº 12.850/2013. d) Progressão para o regime aberto Frise-se, a progressão para o regime aberto possui algumas condições específicas, previstas nos artigos 114 e 115, ambos da Lei de Execução Penal, como por exemplo, estar trabalhando ou possuir condições de trabalhar imediatamente. Neste caso, convém reforçar que a inexistência, por exemplo, de vaga para trabalho, não autoriza o juiz a suprir essa condição impondo uma pena restritiva de direito como a prestação de serviços à comunidade, pois caracterizaria uma afronta à legalidade. Inclusive, há vedação expressa na Súmula 493 do STJ, matéria já cobrada no exame da OAB. e) Exame Criminológico e Progressão de Regime No tocante ao exame criminológico, até 2003 era obrigatória a realizaçãopara que se alcançasse a progressão de regime, mas com a redação dada ao artigo 112 da Lei de Execução Penal, pela Lei nº 10.792/03, foi retirada a obrigatoriedade. Entretanto, é possível que o Juiz exija a realização do exame, desde que em decisão motivada, nos termos da Súmula 439 do STJ e Súmula Vinculante nº 26 do STF, parte final, pois o início desta súmula está prejudicado pela alteração legislativa que permite a progressão de regime para esses delitos. f) Progressão de regime e crimes contra administração pública Nos casos de condenados por crimes contra a administração pública, aplica- se, como requisito para progressão, além do tempo e do comportamento, a reparação do prejuízo gerado ao erário, conforme dispõe o artigo 33, § 4º, do Código Penal. IMPORTANTE! Porte e Posse Ilegal de arma de fogo de uso restrito – Crime Hediondo Em outubro de 2017 foi inserido como crime hediondo, no artigo 1°, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90, o delito de porte e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito. A alteração teve vigência a partir do dia 27 de outubro de 2017. Dessa forma, a nova lei e o tratamento diferenciado oriundo da condição de 21 delito hediondo somente poderá incidir em crimes praticados a partir do dia 27 de outubro de 2017, pois trata-se de lex gravior, logo não poderá retroagir para alcançar fatos cometidos antes de sua promulgação. Em outros termos, por exemplo, se alguém condenado antes da inclusão deste crime no rol dos delitos hediondos pretender progredir, deverá ser observado o artigo 112 da Lei de Execução Penal, 1/6 e bom comportamento, como requisitos. Da mesma forma é importante ter bem definido os delitos que passaram a integrar o rol de crimes hediondos com o Pacote Anticrime, para verificar o tratamento diferenciado na execução, somente quando praticados a partir do dia 23 de janeiro de 2021. Por exemplo, o crime de roubo com emprego de arma de fogo. 1.9. Exame Criminológico Há entendimento sumulado sobre progressão de regime e a exigência de exame criminológico no STF e STJ. Os Tribunais Superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112 da Lei de Execução Penal tenha excluído a exigência de realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, não caracteriza constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de exame, desde que devidamente fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução Criminal. Neste sentido, temos as seguintes súmulas: Súmula Vinculante nº 26 do STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Falta grave e Progressão de Regime *para todos verem: esquema abaixo 22 Súmula 534 do STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. 1.10. Regressão de Regime - Art. 118 da LEP A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando: → O apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (Art. 50 e 51, ambos da LEP) Nesse caso, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado (Art. 118, § 2°, da LEP) audiência de justificativa, sob pena de nulidade. A regressão em caráter definitivo, esta prevista no artigo 118, inciso I, da Lei de Execução Penal exige a oitiva prévia. O entendimento jurisprudência que afasta a oitiva refere-se à regressão cautelar. Inclusive, atualmente, a Súmula 533 do STJ que exigia a instauração de PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar) para o reconhecimento de falta disciplinar está prejudicada pelo seguinte entendimento: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - PAD. NULIDADE. OITIVA JUDICIAL DO SENTENCIADO SOB DEFESA REGULAR. TEMA DE RECURSO REPETITIVO NO STF - RE 972.598/RS. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. I [...] II O col. Supremo Tribunal Federal já enfrentou a matéria aqui posta, em sede de recurso repetitivo representativo da controvérsia, no RE n. 972.598/RS, assentando a seguinte tese: A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação realizada na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave durante o cumprimento da pena? (RE n. 972.598, 23 Tribunal Pleno, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 06/08/2020). III- No mais, "Para afastar a conclusão do acórdão, absolver o agravado ou desclassificar sua conduta, seria necessário reexaminar fatos e provas, providência incabível na via do habeas corpus, de cognição limitada" (AgRg no HC n. 414.750/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe de 1º/08/2018). Habeas corpus não conhecido. (HC 620.019/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 09/12/2020, DJe 15/12/2020) Em relação à exigência de sentença transitada em julgado para o reconhecimento da falta grave pela prática de crime doloso, há entendimento sumulado vejamos: Súmula 526 do STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato. As faltas graves estão descritas no artigo 50, 51 e 52 (primeira parte), todos da Lei de Execução Penal. O Pacote Anticrime introduziu uma nova hipótese de falta grave a recusa em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético ( Art. 50, inciso VIII, da LEP). → quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a nova condenação torne impossível a manutenção do regime (Art. 111). → nos casos de violação com os deveres do monitoramento eletrônico, quando o Juiz da Execução adotar essa opção, artigo 146, alínea “c”, parágrafo único, da Lei de Execução Penal. Observações Importantes: Posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior *para todos verem: esquema abaixo 24 (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2 anos se a falta tiver ocorrido até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no REsp 1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 25/11/2013; Observação: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia do apenado (Art. 118, § 2º, da LEP), passando a exigir audiência somente nos casos de regressão definitiva. 1.11. Prisão Domiciliar (Art. 117 da LEP) Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se enquadrar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da Lei de Execução Penal, quais sejam: • condenado maior de setenta anos; • condenadoacometido de doença grave; • condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal; • condenada gestante. Atentar para a Súmula Vinculante nº 56 do STF, vejamos: “A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Precedente representativo da Súmula Vinculante nº 56 do STF: "3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como 'colônia agrícola, industrial' (regime semiaberto) ou 'casa de albergado ou estabelecimento adequado' (regime 25 aberto) (art. 33, § 1º, alíneas "b" e "c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas, deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 11.5.2016, DJe de 8.8.2016). 1.12. Remição de pena – Hipóteses legais A remição é o computo do período trabalhado ou estudado como tempo de pena cumprida, nos termos do artigo 128 da Lei de Execução Penal. É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas possibilidades. Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da Lei de Execução Penal. Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto, a Lei de Execução Penal omitiu a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os Tribunais superiores entendem que como não há previsão legal e o trabalho é requisito para ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso. Já a remição por estudo, é possível em todos os regimes prisionais, inclusive, na última etapa do cumprimento de pena, ou seja, quando o apenado estiver em livramento condicional. 1.13. Trabalho prisional 1.13.1. Espécies de Trabalho Prisional: Serviço interno e Serviço externo → Quanto à forma de serviço: a) Serviço interno (Art. 31 da LEP): qualquer regime poderá trabalhar internamente e 26 a qualquer momento, desde que existam vagas. b) Serviço externo (Art. 36 da LEP) Em relação ao serviço externo, é importante observar que o artigo 37 da Lei de Execução Penal atribui ao Diretor do Estabelecimento Prisional a concessão da autorização. Todavia, é importante registrar que há forte posicionamento doutrinário e de uso prático no cotidiano forense de que o trabalho prisional no âmbito externo deverá ser autorizado pelo Juiz da VEC (Neste sentido: Sídio Rosa de Mesquita Júnior, Norberto Avena, entre outros). 1.14. Permissão de Saída (Art. 120 da LEP) e Saída Temporária (Art. 122 da LEP) Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado, semiaberto e provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses: • falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão); • necessidade de tratamento médico. Súmula 520 do STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em regime semiaberto. Vale destacar que foi introduzida em 2010 a possibilidade da utilização de monitoramento eletrônico, no artigo 122, parágrafo único, da Lei de Execução Penal (redação dada pela Lei nº 12.258/10). Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal. Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto, deverão preencher os seguintes requisitos: • comportamento adequado; • cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes; 27 • compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. O período de deuração conforme a lei não poderá ser superior a 7 dias, podendo ser renovadas por mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas. Quando se tratar de saída para fins de estudo o tempo será o necessário para a realização das atividades discentes. A Lei nº 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para obtenção das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas, vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da Lei de Execução Penal: Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. O Pacote Anticrime inseriu o § 2º, no artigo 122 da Lei de Execução Penal e dipõe que não terá direito à saída temporária o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte. Infere-se que a lei foi restritiva ao impedir o instituto aos delitos hediondos, ou seja, aqueles previstos no artigo 1º da Lei nº 8.072/90. 1.15. Monitoração eletrôncia O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com a lei, poderá ser definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário. A lei admite a monitoração eletrônica em duas situações: prisão domiciliar e saída temporária no regime semiaberto. O instituto está previsto a partir do artigo 146 – B da Lei de Execução Penal. 1.16. Livramento Condicional O livramento condicional como o próprio nome permite concluir é a liberdade mediante condições. Trata-se da última etapa do cumprimento de pena, não se confundido com progressão de regime, pois o livramento condicional não integra o sistema progressivo. 28 O instituto é regulado pelos artigos 83 a 90, todos do Código Penal e artigos 131 a 146, todos da Lei de Execução Penal, a análise é conjunta dos dois dispositivos legais. Nesta hipótese, o apenado é liberado do estabelecimento prisional, ficando submetido as condições previstas no artigo 132 da Lei de Execução Penal, condições obrigatórias e condições facultativas, que dependerão de cada caso. Os requisitos a serem preenchidos estão expostos no artigo 83 do Código Penal. Importante destacar que o lapso temporal exigido para fins de preenchimento do requisito objetivo não é interrompido pela prática de falta grave, nos termos da súmula 441 do STJ: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional”. 1.16.1. Requisitos Os requisitos do livramento condicional, de ordem objetiva e subjetiva, encontram-se no artigo 83 do Código Penal. → Requisitos objetivos: a) Natureza e quantidade da pena (Art. 83, caput, do CP): Tal como ocorre com a suspensão condicional, somente a pena privativa de liberdade pode ser objeto do livramento condicional. Esse instituto poderá ser concedido à pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos (Art. 83 do CP). A soma das penas é permitida para atingiresse limite mínimo, mesmo que tenham sido aplicadas em processos distintos. b) Cumprimento de parte da pena (Art. 83, incisos I, II e IV, do CP): Nos termos do artigo 83, incisos I e II, do Código Penal, o criminoso primário deve cumprir mais de 1/3 da pena privativa de liberdade. Assim também o reincidente, desde que não o seja em crime doloso. Para tanto, é necessário que apresentem bons antecedentes. Quando o condenado é reincidente em crime doloso, deve cumprir mais da metade da pena. Por ausência de previsão legal, o agente primário portador de maus antecedentes deverá cumprir 1/3 para o livramento condicional, já que o inciso 29 restringe somente à hipótese de reincidente em crime doloso (não é possível analogia in malam partem). Tratando-se de condenado por prática de tortura, crime hediondo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, desde que não seja reincidente específico em tais delitos, deve cumprir mais de 2/3 da pena (Art. 83, inciso V, do CP). Assim, sendo reincidente específico não é admissível o livramento condicional. Há reincidência específica, para efeito da disposição, quando o sujeito, já tendo sido condenado por qualquer dos delitos hediondos ou demais por sentença transitada em julgado, vem novamente a cometer um deles. O Pacote Anticrime trouxe uma nova vedação para o livramento condicional no caso de crimes hediondos ou equiparado com resultado morte não terá direito ao livramento condicional (Art. 112 da LEP). Registra-se que a restrição somente srá aplicada para quem praticar delitos desta natureza a partir da vigência do pacote. Do contrário estaríamos violando o artigo 5º, inciso XL, da CF/88. Há também a previsão do artigo 2º, § 9º, da Lei nº 12.850/13 que em caso de manutenção de vínculos com organização criminosa reconhecida expressamente na sentença como integrante, não terá direito ao livramento condicional. O artigo 84 do Código Penal reza que “as penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento”. Atenção !!! Artigo 44 da Lei nº 11.343/06: Prazo para Livramento condicional – Associação ao Tráfico não é delito equiparado a crime hediondo, porém conforme a lei de drogas o prazo para obtenção de livramento condicional é de mais de 2/3. → Requisitos subjetivos: Os requisitos subjetivos estão no artigo 83, incisos III e IV, sendo exigido o bom comportamento carcerário atestado pelo diretor, por força do artigo 112, § 1º, da Lei de Execução Penal. Ressalta-se que com o pacote anticrime foi inserida a exigência de ausência de prática de falta grave nos últimos 12 meses. 30 Artigo 83, III, CP a) bom comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; Artigo 83, IV, CP tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; O exame criminológico poderá ser exigido, desde que devidamente fundamentada a decisão que o determina (Súmula 439 do STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”). 1.16.2. Hipóteses de Revogação do Livramento Condicional O livramento condicional poderá ser revogado por imposição legal ou por faculdade judicial. Assim sendo, são duas hipóteses: a) revogação obrigatória; e b) revogação facultativa. a) Revogação Obrigatória (Artigo 86 do CP): Ocorre quando o liberado vem a ser condenado irrecorrivelmente à pena privativa de liberdade por crime praticado antes ou durante o livramento condicional. b) Revogação Facultativa (Art. 87 do CP): O juiz poderá revogar o livramento condicional se o liberado descumprir as condições do artigo 132 da Lei de Execução Penal ou vier a ser condenado irrecorrivelmente por contravenção penal ou por crime cuja a pena não seja privativa de liberdade. Os efeitos da revogação dependerá se o motivo ocorreu antes ou durante o período de provas, ou seja, o perído do livramento condicional, conforme os artigos 88 do Código Penal e artigos 141 e 142, ambos da Lei de Execução Penal. Frise-se: nos casos de revogação obrigatória em razão da superveniência de sentença penal condenatória irrecorrível por crime praticado durante o livramento condicional, a revogação resulta na perda do período de provas e na perda do direito ao livramento condicional em relação à condenação em que violou as regras da liberdade condicional. Caso o crime que gerou a sentença irrecorrível tenha sido *para todos verem: esquema abaixo 31 praticado antes do livramento condicional, computa-se na pena o período de prova, período que esteve livre, podendo ser concedido novo livramento com a soma das condenações. 1.16.3. Suspensão do Livramento Condicional Conforme consta expresso no artigo 86 do Código Penal, somente revoga-se o livramento condicional se sobrevier sentença penal condenatória transitada em julgado por crime durante o período de prova, logo atente-se ao fato de ocorrer a suposta prática de crime durante a liberdade condicional. Nesta caso, não poderá haver revogação, e sim a suspensão do livramento, nos termos do artigo 145 da Lei de Execução Penal. A decisão sobre a revogação em si, bem como seus efeitos, ficará sujeita ao trânsito em julgado referente ao novo fato. I) Extinção do Livramento Condicional O cumprimento do período de prova sem que haja a revogação resulta na extinção da pena, nos termos do artigo 90 do Código Penal. Em 2018, foi publicada a Súmula 617 do STJ que refere: “A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena”. 1.17. Incidentes da Execução Penal • Conversão da Pena Privativa de Liberdade (PRD) em Pena Restritiva de Direito (PRD): PPL não superior a dois anos; condenado em regime aberto; cumprido pelo menos ¼; antecedentes e personalidade indiquem (artigo 180 da LEP). • Conversão da PRD em PPL (artigo 181 da LEP): ocorrerá na forma do artigo 45 do CP. • Conversão da Pena Privativa de Liberdade em Medida de Segurança (artigo 183 da LEP) • Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP) 1.18. Anistia, Graça, Indulto São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, inciso II, do Código Penal. 32 A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornam impuníveis por motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos, e não a pessoas. Pode ocorrer antes da condenação definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem a força de extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada impeça a sua concessão a crimes comuns.” A anistia somente é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional. A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro de sua avaliação discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia. É uma medida de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento de sua reprimenda ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso individual. De acordo com o artigo 5°, inciso XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para delitos considerados hediondos. Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade,no entanto é concedido de forma coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto concedendo Indulto para todos aqueles que preencherem determinadas condições. No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto nº 6.294/07, o qual consta em anexo para conhecimento. Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto, devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções. Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a concessão de Comutação de Pena, porém esta não se confunde com o Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas sim um abatimento da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2° e 4° do Decreto em anexo – somente para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser objeto de questionamento na prova). 33 1.19. Aspectos gerais relacionados à execução da medida de segurança 1.19.1. Espécies • Internação e tratamento ambulatorial (Art. 96 do CP): prazo máximo de cumprimento da Medida de Segurança – Súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”. • Conversão da Pena Privativa de Liberdade em Medida de Segurança – artigo 183 da LEP. • Agravo em Execução – Efeito suspensivo – artigo 179 da LEP. 1.19.2. Jurisprudência selecionada 1 Conversão de Pena Restritiva de Direito em Pena Privativa de Liberdade – Incompatibilidade de cumprimento simultâneo AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. UNIFICAÇÃO DE PENAS. RESTRITIVA DE DIREITO CONVERTIDA EM PRIVATIVA DE LIBERDADE. INCOMPATIBILIDADE DE CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO. I - Sobrevindo nova condenação, incumbe ao Juízo das Execuções Criminais proceder à unificação das penas, adequando o regime prisional ao resultado da soma, observadas, quando for o caso, a detração ou remição. II - A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que somente é possível a manutenção da pena restritiva de direitos na hipótese em que exista compatibilidade no cumprimento simultâneo das reprimendas. III - No caso, o agravante cumpria pena privativa de liberdade de 7 (sete) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, por infração aos arts. 157, §2°, I* e II e 329, §1°, ambos do Código Penal e arts. 309 e 298, I, do CTB, quando sobreveio nova condenação pela prática do crime tipificado no art. 155, §4°, do CP, oportunidade em que lhe foi imposta pena de 2 (dois) anos de reclusão, substituída por duas restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária). IV - Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1691905/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe 20/10/2017) * Atual redação do artigo 157 do CP: § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo. *para todos verem: esquema abaixo 34 2 Saída Temporária Informativo 590 - STJ DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRAZO MÍNIMO ENTRE SAÍDAS TEMPORÁRIAS. RECURSO REPETITIVO. TEMA 445. As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta duração, já intercaladas durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo previsto no art. 124, § 3°, da LEP. 3 Conversão da Medida de Segurança em Pena PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL. CONVERSÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM MEDIDA DE SEGURANÇA. INTERNAÇÃO. MANUTENÇÃO. TEMPO DE CUMPRIMENTO DA PENA EXTRAPOLADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA. 1. Em se tratando de medida de segurança aplicada em substituição à pena corporal, prevista no art. 183 da Lei de Execução Penal, sua duração está adstrita ao tempo que resta para o cumprimento da pena privativa de liberdade estabelecida na sentença condenatória. Precedentes desta Corte. 2. Ordem concedida. (HC 373.405/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 21/10/2016) 4 Mandado de Segurança e efeito suspensivo no Agravo EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO PARQUET ESTADUAL, COM O FITO DE ATRIBUIR EFEITO SUSPENSIVO A AGRAVO EM EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ILEGITIMIDADE ATIVA. AGRAVO DESPROVIDO. I - "O manejo do mandado de segurança como sucedâneo recursal, notadamente com o fito de obter medida não prevista em lei, revela-se de todo inviável, sendo, ademais, impossível falar em direito líquido e certo na ação mandamental quando a pretensão carece de amparo legal" (HC n. 368.491/SC, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan Pacionik, DJe de 14/10/2016). II - Não cabe mandado de segurança com o escopo de dar efeito suspensivo ao agravo em execução. Ora, nos termos do art. 197 da LEP ("Das decisões proferidas pelo juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo"), o recurso de agravo em execução não comporta efeito suspensivo, salvo no caso de decisão que determina a desinternação ou liberação de quem cumpre medida de segurança (precedentes). Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 380.419/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 25/04/2017) 5 Segunda Progressão – quantum Remanescente Vale a data da decisão que concedeu e não a data da efetiva transferência se RECONTAGEM DO LAPSO DE 1/6 PARA A OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO. PERDA DOS DIAS REMIDOS: ART. 127 DA LEP. Em caso de falta grave, é de ser reiniciada a contagem do prazo de 1/6, exigido para a obtenção do benefício da progressão no regime de cumprimento da pena. Adotando-se como paradigma, então, o quantum remanescente da pena. Em caso de fuga, este prazo apenas começa a fluir a partir da recaptura do sentenciado (HC 85.141 - Primeira Turma). A jurisprudência desta colenda Corte firmou a orientação de que "o cometimento de falta grave implica a perda dos dias remidos, mostrando-se constitucional o artigo 127 da Lei nº 7.210/84 - Recurso Extraordinário nº 452.994-7/RS, Plenário, julgamento realizado em 23 de junho de 2005, redator designado ministro Sepúlveda Pertence." Recurso ordinário em habeas corpus parcialmente provido. RHC 89031, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 28/11/2006, DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-2007 PP-00036 EMENT VOL-02287-03 PP- 00595) 35 não for culpa do acusado. 6 Associação ao tráfico não hediondo HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. CRIME NÃO CONSIDERADO HEDIONDO OU EQUIPARADO. BENEFÍCIOS. REQUISITO OBJETIVO. PROGRESSÃO DE REGIME E LIVRAMENTO CONDICIONAL. LAPSOS TEMPORAIS DISTINTOS. CUMPRIMENTO DE 1/6 (UM SEXTO) NO CASO DE PROGRESSÃO E DE 2/3 (DOIS TERÇOS) PARA O LIVRAMENTO, VEDADA A SUA CONCESSÃO AO REINCIDENTE ESPECÍFICO. ARTS. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL E 44 DA LEI N. 11.343/2006. CONSTRANGIMENTO jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça reconhece que o crime de associação para o tráfico de entorpecentes (art. 35 da Lei n. 11.343/2006) não figura no rol taxativo de delitos hediondos ou a eles equiparados, tendo em vista que não se encontra expressamente previsto no rol taxativo do art. 2º da Lei n. 8.072/1990. 2. Não se tratando de crime hediondo, não se exige, para fins de concessão de benefício da progressão de regime, o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente para a progressão do regime prisional, sujeitando-se ele, apenas ao lapsode 1/6 para preenchimento do requisito objetivo. 3. No entanto, a despeito de não ser considerado hediondo, o crime de associação para o tráfico, no que se refere à concessão do livramento condicional, deve, em razão do princípio da especialidade, observar a regra estabelecida pelo art. 44, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006, ou seja, exigir que o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, vedada a sua concessão ao reincidente específico. 4. Ordem concedida para afastar a natureza hedionda do crime de associação para o tráfico e determinar que o Juízo da Vara das Execuções Criminais da Comarca de São José do Rio Preto/SP proceda a novo cálculo da pena, considerando, para fins de progressão de regime e de livramento condicional, respectivamente, as frações de 1/6 (um sexto) e 2/3 (dois terços). (HC 394.327/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017). 36 7 Exame criminológico e fundamentação EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. VIA INADEQUADA. NÃO CONHECIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS E DANO. PROGRESSÃO DE REGIME DEFERIDO EM 1º GRAU. RECURSO MINISTERIAL PROVIDO EM 2º GRAU. DETERMINAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. GRAVIDADE ABSTRATA DOS DELITOS E LONGA PENA A CUMPRIR. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. O Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, e este Superior Tribunal de Justiça, por sua Terceira Seção, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, passaram a restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passível de impugnação pela via recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. Nos termos da jurisprudência desta Corte, desde a Lei n. 10.792/2003, que conferiu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal, aboliu-se a obrigatoriedade do exame criminológico como requisito para a concessão da progressão de regime, cumprindo ao julgador verificar, em cada caso, acerca da necessidade, ou não, de sua realização, podendo dispensá-lo ou, ao contrário, determinar sua realização, desde que mediante decisão concretamente fundamentada na conduta do apenado no decorrer da execução. Precedentes. 2. Fatores relacionados ao crime praticado são determinantes da pena aplicada, mas não justificam diferenciado tratamento para a progressão de regime, de modo que o exame criminológico somente poderá fundar- se em fatos ocorridos no curso da própria execução penal. Precedentes. 3. In casu, o Tribunal de origem, ao examinar recurso ministerial que atacava decisão que deferira a progressão de regime prisional, determinou a realização de exame criminológico sem a devida fundamentação, pois baseada na gravidade abstrata dos delitos praticados e na longa pena a cumprir pelo paciente. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para restabelecer a decisão do Juízo de primeiro grau que deferiu a progressão de regime prisional ao paciente. (HC 405.594/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 24/10/2017). 37 8 Regressão cautelar RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. REGRESSÃO CAUTELAR AO REGIME PRISIONAL FECHADO. POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser possível a regressão cautelar, inclusive ao regime prisional mais gravoso, diante da prática de infração disciplinar no curso do resgate da reprimenda, sendo desnecessária até mesmo a realização de audiência de justificação para oitiva do apenado, exigência que se torna imprescindível somente para a regressão definitiva. Precedentes. Recurso ordinário em habeas corpus desprovido. (RHC 81.352/MA, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 28/04/2017) 9 Monitoramento Eletrônico Informativo nº 0597 Processo HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 2/2/2017, DJe 9/2/2017. Monitoramento eletrônico mediante uso de tornozeleira. Pedido de retirada do equipamento por desnecessidade. Indeferimento pelo juízo das execuções sem fundamento concreto. Constrangimento ilegal evidenciado. Destaque: A manutenção de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia constrangimento ilegal ao apenado. Informações do Inteiro Teor A questão recursal gira em torno da legalidade do indeferimento de pedido de revogação de monitoramento eletrônico, por parte do juízo das execuções. Consoante dispõe o art. 146-D da Lei de Execução Penal, a monitoração eletrônica poderá ser revogada quando se tornar desnecessária ou inadequada. De qualquer sorte, ainda que o monitoramento eletrônico, com a colocação de tornozeleiras, seja uma alternativa tecnológica ao cárcere, a necessidade de sua manutenção deve ser aferida periodicamente, podendo ser dispensada a cautela em casos desnecessários. Todavia, a simples afirmação de que o monitoramento é medida mais acertada à fiscalização do trabalho externo com prisão domiciliar deferido ao apenado em cumprimento de pena de reclusão no regime semiaberto, sem maiores esclarecimentos acerca do caso concreto, não constitui fundamento idôneo para justificar o indeferimento do pleito. Assim como tem a jurisprudência exigido motivação concreta para a incidência de cautelares penais durante o processo criminal, a fixação de medidas de controle em fase de execução da pena igual motivação exigem, de modo que a incidência genérica - sempre e sem exame da necessidade da medida gravosa – de tornozeleiras eletrônicas não pode ser admitida. Informativo nº 595 Processo: REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 10/11/2016, DJe 24/11/2016. Uso de tornozeleira eletrônica. Perímetro estabelecido para monitoramento. Não observância. Constituição de falta grave. Não ocorrência. Aplicação de sanção disciplinar. Destaque: A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica configura mero descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura, mesmo em tese, a prática de falta grave. Informações do Inteiro Teor: Cingiu-se a discussão a verificar se a conduta do apenado, de estar fora da área de inclusão de rastreamento da tornozeleira eletrônica configura, em tese, possível falta disciplinar de natureza grave – apta à instauração de sindicância administrativa. Inicialmente, cabe destacar que resta incontroverso na doutrina e na jurisprudência que é taxativo o rol do artigo 50 da Lei de Execuções Penais, que prevê as condutas que configuram falta grave. No caso em apreço, o apenado foi identificado fora do endereço declarado no período noturno (área de inclusão), descumprindo assim uma das condições impostas na decisão que lhe concedera saída temporária. Todavia, tal conduta não está prevista no rol supracitado – o que veda o seu reconhecimento, mesmo em tese, como falta disciplinar de natureza grave, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. Trata-se, sim, de descumprimento de condição obrigatória que autoriza sanção disciplinar diversa, podendo ser aplicada, a critério do juiz da execução, a regressão do regime, a revogação da saída temporária, da prisão domiciliar ou a advertência 38 por escrito, nos termos do artigo 146- C, parágrafo único da Lei de Execuções Penais, incluído pela Lei n. 12.258, de 2010, bem como a revogação do próprio benefício de monitoração, por descumprimento do disposto no art. 146-D do referido diploma legal. Importante ressaltar que esta Corte vem admitindo a ocorrência de falta grave nas hipóteses em que o condenado rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente para o uso normal. Ocorre, contudo, que em casos tais, o apenado deixa de manter o aparelho em funcionamento, restando impossível