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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: O coagulograma deve ser solicitado à parte pelo clínico ou estomatologista quando se apresenta uma história de coagulopatia evidente, omitida ou mal explicada, ou mesmo como pré-operatório, sobretudo nas cirurgias gengivais e nos implantes osteointegrados. O coagulograma é mandatório em procedimentos periodontais e implantares, assim como nas exodontias de terceiros molares inclusos. São os seguintes exames que constituem o coagulograma: • Tempo de sangramento (TS); • Prova da fragilidade capilar ou prova do laço ou de Rumpel-Leede; • Tempo de coagulação; • Retração do coágulo; • Tempo de tromboplastina parcial (TTP); • Tempo de protrombina (TP). Hemostasia: É o conjunto de eventos mecânicos e bioquímicos pelo qual o organismo faz com que o sangue permaneça circulando nos vasos no estado líquido. É, basicamente, o objetivo dos fatores de coagulação e plaquetas: manter o sangue fluindo dentro dos vasos e parar qualquer sangramento diante de algum evento. • As lesões de vasos de pequeno calibre (arteríolas, capilares, vênulas): a hemostasia fisiológica é suficiente para conter o sangramento; • As lesões de vasos de maior calibre (artérias e veias): necessitam de uma compressão mecânica, complementando a hemostagia fisiológica, para conter o sangramento. As plaquetas e fatores da coagulação, diante de um sangramento, se aglomeram e formam um tampão, que irá conter a saída do sangue. • estanca o sangramento,envolve a ação das plaquetas (que formam o tampão para estancar o sangramento, porém esse tampão é instável). • evita o ressangramento e torna o tampão estável, envolve os fatores da cascata de coagulação para formar a rede de fibrina. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Uma pessoa pode possuir um defeito na hemostasia primária, ou na hemostasia secundária, ou nas duas ao mesmo tempo. Quando desconfia-se de que há problemas na coagulação, é necessário realizar o coagulograma. Dependendo de qual exame apresentar alterações, poderá haver a desconfiança de um tipo de coagulopatia específica. Resumindo, antes da hemostasia primária, o vaso realiza uma vasoconstrição (na tentativa de conter o sangramento). Em seguida, as plaquetas se acumulam, formando o tampão instável (hemostasia primária). Depois, surge a hemostasia secundária para estabilizar o tampão (ocorre a formação da rede de fibrina). Todo esse proceso é fisiológico. Quando o indivíduo apresentar alguma interferência na hemostasia fisiológica, irá sofrer sangramentos. Exames do coagulograma: • Espaço de tempo que vai desde a punção de um grupo de capilares até a parada ou estancamento da hemorragia capilar; • Depende da formação do agregado plaquetário; • Podem interferir no tempo de sangramento: ▪ Plaquetopenia - número de plaquetas diminuído; ▪ Disfunção plaquetária – quando elas não estão funcionando corretamente; ▪ Doença de Von Willebrand. Doença de von Willebrand: Quando as plaquetas se aglomeram para formar o tampão, eles devem se unir entre si e também com o vaso. Para que elas possam se grudar ao vaso, é necessário se ligarem a uma proteína chamada von Willebrand. Doença de von Willebrand: Então, o fator von Willebrand permite essa união entre as plaquetas e o vaso sanguíneo. Nessa doença, há uma menor quantidade desse fator von Willebrand e as plaquetas não conseguem “grudar” à parede do vaso, apenas se aglomeram entre si. Dessa forma, o tampão não se une ao vaso, levando ao aumento do tempo de sangramento. As pessoas podem apresentar uma deficiência leve ou uma deficiência mais grave dessa proteína. • A doença frequentemente é adquirida, mas também pode ser genética e hereditária; • Proporciona diminuição da quantidade ou alteração na estrutura do fator de von Willebrand; • Sinais e sintomas: ▪ Fácil contusões; ▪ Hemorragia nasal excessiva; ▪ Sangramento das gengivas; ▪ Fluxo menstrual excessivo. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto O TS alterado é inespecífico, pode indicar várias alterações, esse diagnóstico deve ser dado por um hematologista. Há dois métodos para realizar esse exame: ▪ Punciona-se o lóbulo da orelha com uma lanceta ou outro instrumento pontiagudo cortante; ▪ Recolhem-se a cada 30 segundos, com o uso de um papel-filtro, as gotas de sangue que vão surgindo, até que a hemorragia acabe; ▪ Esse pequeno sangramento deve cessar espontaneamente, geralmente, em 3 minutos. ▪ Pratica-se uma incisão cutânea padronizada de 1 cm de extensão e 1 mm de profundidade ao nível da face anterior do antebraço; ▪ Aplica-se, ao mesmo tempo, na parte superior do braço, uma contrapressão constante de aproximadamente 40 mmHg por meio do manguito de um tensiômetro; ▪ O tempo de sangramento normal com esse método deve ser inferior a 8 minutos. Com o tempo, devido à pouca profundidade da incisão, a cicatriz desaparece. • Indica a fragilidade dos vasos. Normalmente é negativa e não tem relação com o tempo de sangramento; • Utiliza-se um esfigmomanômetro de pressão arterial, insuflando-o durante 2 a 4 minutos; • Depois, verifica-se então a quantidade de petéquias que eventualmente podem aparecer na parte interna do antebraço do paciente; • Quando existe plaquetopenia, também pode haver a prova do laço positiva; • O alto número de petéquias está associado a uma fragmentação capilar. Síndrome de Wiskott-Aldrich (síndrome rara com prova do laço posiitiva). • Examina a função das plaquetas através da avaliação do volume do coágulo; • Um sangue normal, colocado em um tubo durante 1 hora, a 37°C, fornece 40 a 45% de soro e 55 a 60% de coágulo em relação ao seu volume total; • A retração do coágulo é de grande importância no diagnóstico das moléstias e síndromes hemorrágicas, e vários fatores costumam estar relacionados com essa alteração hematológica, podendo-se citar: ▪ Número de plaquetas: quanto menor é o número desses elementos, menor é a retração do coágulo; ▪ Quantidade de trombina: quanto maior é a quantidade desse fator de coagulação, maior é a retração do coágulo; ▪ Número de eritrócitos: quanto maior é o número desses elementos figurados, menor é a retração do coágulo; – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto ▪ Quantidade de fibrinogênio: o aumento de fibrinogênio diminui a retração do coágulo. • – mais líquido, o coágulo não foi formado adequadamente, nesse caso há sangramento excessivo (ex: doença de von Willebrand); • – o sangue coagulou mais do que o normal, não há sangramento exagerado e pode propiciar uma trombose (ex: anemia: pois há uma baixa quantidade de eritrócitos + favorecimento na ação das plaquetas = maior retração. Aumentando a intensidade da coagulação sanguínea). Ilustração de pipetas com o sangue ainda não coagulado (A) e com a retração do coágulo (B). • Tempo que o sangue leva para coagular quando retirado do leito vascular e colocado em condições padrão; • Dependendo do método utilizado, o tempo de coagulação varia de 4 a 9 minutos; • Esse exame, irá avaliar a hemostasia primária e secundária. • Quando esse tempo está aumentado, trata-se de um achado inespecífico, pois pode estar relacionado a vários problemas: ▪ Deficiência de fibrinogênio (o precursor da fibrina) – a fibrina é o produto final da cascata de coagulação, que estabiliza o tampão plaquetário; ▪ Hemofilia A e Hemofilia B – deficiência nos fatores de coagulação; ▪ Doença de von Willebrand – tempo de coagulação aumenta; ▪ Hepatopatiasseveras – o fígado que produz vários fatores da coagulaçao, se ele estiver com algum problema, também haverá alteração no tempo de coagulação; ▪ Deficiência de vitamina K (precursora de muitos fatores da coagulação) – pode levar a uma deficiência dos fatores da coagulação e, consequentemente, causar alterações no tempo de coagulação; ▪ Trombocitopenia – diminuição do número de plaquetas também pode alterar o tempo de coagulação. • Avalia as moléculas envolvidas na cascata de coagulação; • Faz a triagem da atividade das proteínas na via intrínseca e comum (fatores XII, XI, IX e VIII, X, II, V e fibrinogênio); • O tempo normal é de 35 segundos, dependendo da metodologia do laboratório de hematologia e do equipamento utilizado. (de 24 a 40 segundos); • Aumentado em pacientes com hemofilias A e B, com doenças hepáticas, que fazem uso de anticoagulantes e deficiência de vitamina K, pois os fatores II, IX e X são dependentes desta vitamina. • Avalia as moléculas envolvidas na cascata de coagulação; • Faz a triagem da atividade das proteínas na via extrínseca e comum (fatores VII, X, II, V e fibrinogênio); • Varia de 10 a 15 segundos; • Aumentado em pacientes que fazem uso de anticoagulantes, pacientes com doenças hepáticas e deficiência de vitamina K, pois os fatores II, VII e X são dependentes desta vitamina. Cascata de coagulação: onde ocorre a ação dos fatores de coagulação na elaboração da hemostasia secundária, eles interagem e produzem no final da cascata a fibrina (que é uma proteína que vai estabilizar o tampão plaquetário e evitar ressangramentos). Essa cascata possui uma via intrínseca (participação de certos fatores de coagulação), uma via extrínseca (participação de outros fatores de coagulação) e uma via comum (que leva à formação da fribrina). – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Hemofilia A: • Causa hereditária mais comum de sangramento grave; • Caráter recessivo ligado ao x – é mais comum em homens do que mulheres. Pois, se está ligada ao fator X, a mulher precisa possuir os dois fatores X afetados para que haja a manifestação da doença. Já o homem, com apenas um fator X afetado, ele já irá manifestar a doença. Portanto, a mulher pode ser apenas portadora e não manifestar a doença; • Há uma atividade reduzida do fator VIII; • Relacionada a vários tipos de lesões genéticas = vários graus de deficiência. Abraphen.org,br • Equimoses fáceis; • Hemorragias maciças após traumas; • Hemorragias “espontâneas” – hemartroses (estresse mecânico). • Confirmação da deficiência do fator VIII; • TTP aumentado. • reposição do fator VIII. Hemofilia B: • Deficiência grave do fator IX; • Clinicamente indistinguível da hemofilia A; • TTP aumentado; • Diagnóstico: confirmação da deficiência do fator IX; • Tratamento: infusão do fator IX recombinante. Cuidados: Cuidados no atendimento odontológico em pacientes (já diagnosticados) com hemofilia e doença de von Willebrand (artigo). – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Preferir derivados de paracetamol ou dipirona; • Aspirina e seus derivados são contraindicados em função de sua atividade inibitória da agregação plaquetária; • O uso de anti-inflamatórios restrito, em função de suas atividades antiagregantes (consultar o hematologista). • Anestesia troncular deve ser evitada – pois causa um trauma maior, podendo ocasionar hematomas e sangramentos; • Sedação com Diazepam ou a analgesia com óxido nitroso podem ser empregadas (evitando assim a aplicação de anestesia); • Vasoconstritores podem fornecer hemostasia local adicional – devem ser utilizados; • Reposição prévia dos fatores de coagulação – antes do procedimento – pode ser realizada (consultar o hematologista). • A sondagem periodontal, raspagem e alisamento supra gengival podem ser feitos normalmente sem o risco de sangramento significativo; • Instrumentação ultrassônica, resultando em menos trauma do tecido periodontal; • A cirurgia periodontal só deve ser indicada quando tratamento conservador não obtiver sucesso (em casos de extrema necessidade); • Para promover hemostasia: compressão de gaze embebida em antifibrinolíticos, bolinhas de algodão embebidas em ácido tricloroacético (ATA) a 10% (diminui sangramentos), cimento cirúrgico e, se necessário, a administração de antifibrinolítico viaoral (os antifibrinolíticos inibem a fibrinólise, inibindo assim a degradação do tampão); • Indicação de reposição dos fatores de coagulação e da associação de antifibrinolíticos. • Só devem ser realizadas se for indispensável devido ao grande risco de sangramento; • Médico do paciente deve ser consultado; • Pacientes com doença severa devem ser tratados em centros especializados; • Reposição prévia de concentrados de fatores de coagulação; • Uso de antifibrinolítico via oral, com início pelo menos 24 horas antes do procedimento cirúrgico e manutenção do mesmo durante pelo menos sete dias; • Fazer o uso de selantes de fibrina e sutura, mesmo em decíduos, para conter o sangramento. Referências: KIGNEL, Sergio. Estomatologia: bases do diagnóstico para o clínico geral. 3. ed. Rio de Janeiro: Santos Editora, 2020. Aula teórica de Clínica de Semiologia.Profesora Natália Guimarães Barbosa. Faculdade Maurício de Nassau, odontologia, 2021.
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