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/ Capa EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO A formação inicial e continuada Rita de Cássia Borges e Flávia Amaral Rezende (Organizadoras) Nota 1: Alguns dos capítulos aqui apresentados são derivados ou são recortes de trabalhos apresentados e publicados nos anais do Encontro Nacional Movimentos Docentes (2020) e em outros eventos, devendo cada autor tomar a devida cautela em não gerar autoplágio. Nota 2: Esta obra foi elaborada de forma colaborativa, tornando-se uma coletânea. Os capítulos respeitam as normas técnicas e recomendações da ABNT. A responsabilidade pelo conteúdo de cada capítulo é de competência do respectivo autor, não representando, necessariamente, a opinião da editora, tampouco das organizadoras. Nota 3: As organizadoras, autoras, autores e editora empenharam-se para fazer as citações e referências de forma adequada, dispondo-se a possíveis acertos caso, inadvertidamente, alguma referência tenha sido omitida. Apesar dos melhores esforços de toda a equipe editorial, organizadoras, autoras e autores, é inevitável que surjam erros no texto. Deste modo, as comunicações das leitoras e leitores sobre correções são bem-vindas, assim como sugestões referentes ao conteúdo que auxiliem edições futuras. © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. A V&V Editora detém direito autoral sobre o projeto gráfico e editorial desta obra. A organizadora, autoras e autores detêm os direitos autorais de publicação. O trabalho Educação a Distância e Ensino Remoto: A formação inicial e continuada, das organizadoras BORGES, Rita de Cássia e REZENDE, Flávia Amaral também está licenciado com uma Licença de Atribuição Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional, permitindo seu compartilhamento integral ou em partes, sem alterações e de forma gratuita, desde que seja citada a fonte. Impresso no Brasil. Printed in Brazil. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO REMOTO A formação inicial e continuada Rita de Cássia Borges e Flávia Amaral Rezende (Organizadoras) V&V Editora Diadema – SP 2021 Conselho Editorial Profa. Dra. Marilena Rosalen Profa. Dra. Angela Martins Baeder Profa. Dra. Eunice Nunes Prof. Dr. Flávio José M. Gonçalves Prof. Dr. Giovano Candiani Prof. Dr. Ivan Fortunato Prof. Dr. José Guilherme Franchi Profa. Dra. Luciana Aparecida Farias Prof. Dr. Luiz Afonso V. Figueiredo Profa. Dra. Maria Célia S. Gonçalves Profa. Dra. Rita C. Borges M. Amaral Profa. Dra. Silvana Pasetto Prof. Me. Arnaldo Silva Junior Profa. Ma. Beatriz Milz Profa. Ma. Letícia Moreira Viesba Profa. Ma. Marta Angela Marcondes Prof. Me. Pedro Luis Castrillo Yagüe Profa. Erika Brunelli Prof. Everton Viesba-Garcia Profa. Sarah Arruda Expediente Coordenação Editorial: Everton Viesba-Garcia Coordenação de Área: Marilena Rosalen Projeto Editorial: Giovanna Tonzar, Thays Soares e Everton Viesba-Garcia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 V&V Editora - Diadema, São Paulo – Brasil Tel./Whatsapp: (11) 94019-0635 E-mail: contato@vveditora.com vveditora.com E24 Educação a Distância e Ensino Remoto: a formação inicial e continuada / Organizadoras Rita de Cássia Borges, Flávia Amaral Rezende. – Diadema: V&V Editora, 2021. 220 p. : 14 x 21 cm – (EaD e Ensino Remoto) Vários autores Inclui bibliografia ISBN 978-65-88471-12-8 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8 1. Educação à distância. 2. Ensino remoto. 3. Professores - Formação. I. Borges, Rita de Cássia. II. Rezende, Flávia Amaral. CDD 371.72 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8 Sumário Prefácio ........................................................................ 9 A formação docente e o uso das metodologias ativas e ferramentas digitais como pensamento inovador no processo da metacognição ........................................... 12 Andréa de Sousa Galliza Mitchell de Morais Práticas de estágio supervisionado durante o ensino remoto: uma experiência envolvendo licenciandos em matemática ................................................................ 31 Barbara Corominas Valério Tânia Tavares de Araújo Formação docente durante a COVID-19: Educação em valores e uso de recursos no ensino remoto.................. 49 Emily Bomfim Souza Paulo Fraga da Silva As dificuldades enfrentadas pelos professores no ensino remoto emergencial como reflexo do déficit de formação digital para educadores ................................. 64 Tayná de Oliveira Gonçalves Sandra Regina de Albuquerque Solange Domingos Barretos de Oliveira Wilza Candida Santos e Silva Franciely Alves da Silva Formação Continuada em tempos de ensino remoto emergencial: o caso da Unioeste .................................. 79 Jaqueline Antonello Sueli Ribeiro Comar Elenita Conegero Pastor Manchope Adaptações de atividades escolares no ensino remoto: dialogando com a literatura e ressignificando a prática docente ...................................................................... 93 Lucilla Peres Lins Adriana Rodrigues Cunha A formação docente e a implementação de práticas pedagógicas apoiadas em tecnologias digitais como proposta inovadora da Educação Básica ..................... 110 Manoel Lopes Clementino Formação continuada ‘sem inicial’ para o ensino remoto: desafios dos professores na educação de jovens e adultos ........................................................ 120 Manoel Santos da Silva Gabriela Espirito Santo Maria de Fátima Feitosa Amorim Gomes Cléia da Silva Lima Sidiane Ferreira Batista Percursos formativos no período de pandemia no município de Santos.................................................. 135 Marcia Regina Marques Paolo Civita Relatos de experiência sobre lecionar teatro e artes da cena em 2020 ........................................................... 147 Sophia Aloha Eduardo Coutinho Talita Nunes Ensino Remoto e o uso das metodologias ativas sob a ótica de docentes em tempos de pandemia................. 169 Sidney Pires Martins Mateus José dos Santos Desafios para implantação da Educação a Distância na Rede Municipal de Educação durante a Pandemia: o caso da cidade de Itaboraí-RJ .................................... 182 Yohans de Oliveira Esteves Leonidas Oliveira Gomes Souza Sobre as organizadoras .............................................. 206 Sobre as autoras e os autores..................................... 208 Ficha técnica ............................................................ 218 Índice remissivo ....................................................... 219 9 Prefácio O ensino remoto desafiou a capacidade transformadora dos profissionais da educação, sobretudo os processos criativos dos docentes. Foi uma corrida contra o tempo. Muita gente caiu na estrada e muita gente se descobriu. Por quê? Como? É o que pretendemos com este livro: narrar experiências e fazer reflexões sobre este momento ímpar que demonstra que o único e melhor caminho será o aprender a aprender. Da noite para o dia, a partir de meados de março de 2020, docentes e gestores foram obrigados a se reinventar. Para o mundo da Educação foi uma verdadeira revolução, um fato inédito, pois há mais de 20 anos as chamadas tecnologias educacionais tentavam entrar nas escolas e universidades e tinham resistência de diferentes ordens desde infraestrutura, passando por metodológica ou pedagógica e até mesmo ideológica por parte de vários setores da comunidade acadêmica desde o ensino básico (sobretudo) até o ensino superior. Na última década,tivemos um salto no número de instituições do ensino superior que se credenciaram para ministrar cursos na modalidade a distância. Em dez anos, o crescimento dos ingressantes em EAD foi de 226%, contra 19% da modalidade presencial. A mesma tendência aconteceu nas matrículas, que caíram 0,4% nos cursos presenciais enquanto cresceram 17,6% na educação a distância. Simultaneamente, o estigma de baixa qualidade na modalidade a distância prevaleceu em todos os níveis educacionais a despeito da existência de cursos com muita qualidade. Um dos grandes motivos do “preconceito contra EaD” foi gerado pela maneira como as tecnologias digitais de informação e comunicação eram aplicadas em detrimento da ação direta docente. Ou seja, muitos cursos privilegiavam somente a interatividade apenas com os sistemas e não valorizavam a presença humana no processo educacional ou se existia tutores era numa proporção desumana de um docente 10 tutor para 800 alunos, com uma ação docente repetitiva e sem rosto. A elevada qualidade no ensino mediado, demonstrada por inúmeras pesquisas acadêmicas, baseia-se na presença na interação humano-humano. É quando docentes e alunos interagem num processo de escuta ativa das necessidades na perspectiva de provocar o desenvolvimento de competências, habilidades críticas e criativas – como as requeridas no mundo do trabalho - e a construção de novos conhecimentos por meio das tecnologias digitais. Surpreendida pela pandemia, as comunidades escolares em todo o planeta tiveram de se reinventar, pois o processo educacional não poderia ser suspenso uma vez que o aprender é vital em todas as sociedades. Surge o ensino remoto, conectando escolas e docentes a alunos e seus familiares por meio de diferentes tecnologias: celulares, computadores, tablets com uso de diferentes softwares de comunicação que proporcionam a aproximação por meio do diálogo ativo. Estratégias pedagógicas que aparentemente funcionavam no presencial passaram a ser inadequadas neste novo ambiente tecnológico, como por exemplo, aulas expositivas de longa duração sem a ação dos estudantes para aprender. Com o passar do tempo em meio à pandemia, novas atividades e recursos passaram a ser utilizados pelos docentes. As chamadas metodologias ativas vieram para ficar. A escola e as instituições de ensino superior privadas e públicas jamais voltarão a funcionar como antes da pandemia. O ensino híbrido veio para ficar, de um lado, desvelando presença robusta de conhecimento docente que agora precisa trabalhar criativamente o conteúdo em diferentes enfoques além de ter consciência de sua própria aprendizagem. De outro, colocando em movimento o aluno que apenas estava inerte de corpo presente na sala de aula presencial e que agora precisa ser proativo e criativo de fato para aprender. 11 Assim, urge a formação docente como componente estratégico da mudança do paradigma pedagógico para o matético enquanto a arte de aprender [Seymour Papert]. Como escreveu G. Mello (2000): [...] ninguém facilita o desenvolvimento daquilo que não teve oportunidade de desenvolver em si mesmo. Ninguém promove a aprendizagem de conteúdos que não domina nem a constituição de significados que não possui ou a autonomia que não teve a oportunidade de construir. Tenham uma leitura prazerosa, carregada de reflexões e aprendizagens. Profa. Dra. Rita de Cássia Borges de Magalhães Amaral Profa. Dra. Flavia Amaral Rezende 12 A formação docente e o uso das metodologias ativas e ferramentas digitais como pensamento inovador no processo da metacognição Andréa de Sousa Galliza Mitchell de Morais A formação docente e o uso das metodologias ativas e ferramentas digitais como pensamento inovador no processo da metacognição doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.1 Andréa de Sousa Galliza Mitchell de Morais https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.1 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.1 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.1 13 Pensando no processo da Metacognição Trataremos, nesse capítulo, o trabalho com a formação docente utilizando as Metodologias Ativas e as Ferramentas Digitais, bem como a utilização de técnicas de ensino objetivando uma melhora na prática profissional baseada em atitudes e valores para ter como pensamento inovador iniciando com o pensar no processo da metacognição. As Metodologias Ativas com o uso das Ferramentas Digitais têm como função principal permitir o alcance da autonomia para a autoformação. Então, a metacognição não seria o planejamento de melhorias pedagógicas para um processo cognitivo e efetivo? A pretensão aqui é de otimizar o processo de formação com inovação, utilizando recursos tecnológicos, processo híbrido, novos modelos de pensamento e desenvolvimento humano para o saber, habilidades e conhecimentos adquiridos na relação-chave entre tecnologias e competências e a formação baseada em competências. Para o desenvolvimento da metacognição, serão apresentadas diversas metodologias ativas para esse processo de autoforma o com suas a ordagens para as mais diversas formas de aprendizagem Metodologias ativas s o t cnicas estruturas recursos sistemas ou a ordagens cujo o jetivo e incentivar seus estudantes a aprenderem de forma mais autônoma. Para isso, esses métodos utilizam atividades que envolvem colaboração, problemas reais, diversão, empatia, pensamento crítico e, em vários casos, tecnologia para buscar uma melhor formação, levando a buscar melhores condições de trabalho, estrutura e organização da atividade profissional. Essas práticas parecem, mas não são novas. Na obra “Emílio” de Jean Jacques Rousseau (1712-1778), a experiência assume destaque em detrimento da teoria. Diversos processos de ensino são pautados na aprendizagem pela interação social, preconizada por Lev Vygotsky (1896-934), na aprendizagem pela experiência (DEWEY, 1978), a aprendizagem significativa de 14 David Ausubel (1918-2008) e levando em consideração a perspectiva da autonomia de Freire (FREIRE, 2015). Formação docente O livro “A escrita da História” de Michel de Certeau que é um livro universal entre os historiadores brasileiros, questiona que o historiador recria a verdade e desperta para uma questão essencial no momento que ele fala em “o lugar social” Essa reflexão constrói um paralelo quando trazemos para a posição do professor, visto que o docente parte de um lugar social para construir sua prática, refletindo assim na maneira de agir no dia a dia. Todo seu conhecimento já adquirido, seu histórico acadêmico, preferências disciplinares, experiências pessoais refletem no seu trabalho. Tudo isso se torna ponto determinante na sua marca particular de trabalhar e agir nesse processo. Sua formação é total reflexo e resultado do que se tornou ou tornará por isso “formar o docente” tem toda sua responsabilidade respaldada na sua formação como discente. O método utilizado durante a formação docente será o alicerce e modelo a se tomar quando se der sua prática futura. Observamos, nas teorias de aprendizagem, um porto seguro para o entendimento e o desenvolvimento das metodologias ativas. A formação inicial e continuada dos professores é, também, fator decisivo no processo de transformação da educação. Uma formação que oportunize a reflexão sobre as concepções e práticas educativas pode levar o professor a ressignificar sua ação pedagógica e tornar-se ele próprio engajado na proposta de transformação educacional e social. Metacognição: educação para a emancipação e autonomia Quando falamos em Metacognição, falamos em autonomia e nos remetemos a “Pedagogia da Autonomia” de Freire, 1996, esta proposta baseia-se na necessidade de se pensar a formação docente como esfera privilegiada de concretização de uma educaçãopara a emancipação e 15 autonomia do ser humano, priorizando a formação integral do educando. A metacognição é a consciência de si próprio, do seu processo de aprender e de interação, em que os elementos principais são seus próprios processos de aprendizagem, é a maturidade desse processo. É aprender a aprender. Para tanto, procura-se evidenciar o papel das estratégias metacognitivas na potencialização da aprendizagem, ou seja, no desenvolvimento pelo aluno de modos eficazes para lidar com a informação proveniente do meio e com os próprios processos de pensamento. Como objeto de investigação e no domínio educacional encontramos duas formas essenciais de entendimento da metacognição: conhecimento sobre o conhecimento (tomada de consciência dos processos e das competências necessárias para a realização da tarefa) e controle ou autorregulação (capacidade para avaliar a execução da tarefa e fazer correções quando necessário - controle da atividade cognitiva, da responsabilidade dos processos executivos centrais que avaliam e orientam as operações cognitivas). A metacognição vem compactuar com as Metodologias Ativas, visto que estas são processos de aprendizagem em que os alunos participam ativamente da construção do seu conhecimento e, desse modo, cria-se a habilidade de entender qual seu processo para o aprendizado. Metodologias ativas e ferramentas digitais Um determinado texto cita que entraram em uma máquina do tempo um médico cirurgião e um professor, onde viajaram 30 anos no futuro. Após esse tempo, eles foram até os seus locais de trabalho, o médico quando entrou no centro cirúrgico não conseguia reconhecer muitos dos equipamentos que ali se encontrava, não sabia identificar as suas utilidades mesmo passando horas a tentar desvendá-los. O professor chegando em uma sala de aula, pouco viu diferença, as carteiras 16 continuavam lá e enfileiradas, o quadro continuava lá, só que antes de giz, em algumas salas existiam uma tv e outras um projetor, e só. As diferenças na educação sempre andaram a passos lentos, se na indústria de entretenimento, comunicação e publicações, bem como nas áreas da saúde, transporte, agricultura, indústria, financeira, propaganda e marketing estão cheios de inovações tecnológicas, a educação não pode ficar de fora. O design centrado no aluno pode até ser uma inovação pelas criações de interfaces mas a “educa o centrada no aluno” é patrimônio dos pedagogos desde Carl Rogers que publicou Tornar-se pessoa (1972, com versão original em 1961). Cada ano surge uma nova metodologia, uma tecnologia e um novo conceito. As metodologias ativas são modelos de ensino que visam desenvolver a autonomia e a participação dos alunos de forma integral. Com isso, as práticas pedagógicas são beneficiadas e todo o processo educativo é melhorado e aprimorado. Utilizando- as no processo de formação docente estaremos trabalhando e investindo em uma bagagem educacional, e esse conhecimento adquirido se transformará e perpassará para as novas gerações. As metodologias Ativas são os métodos, as dinâmicas, para um aprendizado autônomo, participativo e ativo, aqui os alunos não ficam passivos no recebimento das informações prontas, eles são estimulados a pesquisar, a buscar, construir e se engajar. As ferramentas digitais são os meios utilizados durante as dinâmicas, durante os vários métodos de ensino ativo, são os aplicativos utilizados, os equipamentos que se usam para produzir, analisar, investigar, criar, participar desse processo de construção do conhecimento, não é apenas uma ferramenta tecnológica, é um instrumento de criação e desenvolvimento. A construção do processo de aprendizagem se dá de acordo com William Glasser da seguinte forma: 17 Junto com as diversas Metodologias Ativas, ágeis, imersivas e analíticas existentes hoje na educação, também existem diversas Ferramentas Digitais, com as mais variadas funções podendo estimular e desenvolver todas as competências a que se desejar. Com a personalização do ensino trazido pelos novos processos de aprendizagem é possível trabalhar com cada estudante em seu ritmo individual, ajudando a desenvolver as competências e habilidades individuais. Metodologias Ativas São muitas as Metodologias Ativas que aparecem dia após dia, dito isso, foram relacionadas algumas com seus devidos conceitos e formatações para uma orientação no seu uso prático, com suas abordagens e estratégias de ensino- aprendizagem: Sala de Aula Invertida - Basicamente, o conceito de sala de aula invertida é o seguinte: o que tradicionalmente é feito 18 em sala de aula, agora é executado em casa, e o que tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula. Também chamada de flipped classroom, é uma metodologia ativa amplamente conhecida, o aluno estuda um determinado assunto antes da aula, em casa, através de livros, livro didático, vídeo aulas, youtube, textos etc., fazem resumos e anotações das dúvidas, e em sala de aula são feitas dinâmicas para explorar e fixar o aprendizado em grupo ou individual, que também é o momento de tirar as dúvidas. Começa cada aula com alguns minutos de discussão sobre o vídeo que foi visto em casa ou material que foi feito leitura etc. Todas as dúvidas são anotadas durante esse estudo em casa para serem tiradas no momento em sala. Para esse momento, é sugerido usar o método Cornell de anotações em que transcrevem os pontos importantes, registram quaisquer dúvidas que lhes ocorram e resumem o conteúdo aprendido. Depois de responder às perguntas, passa aos alunos as tarefas do dia a serem executadas na sala de aula. Pode ser experiência em laboratório, atividade de pesquisa, solução de problemas, teste e outros. O professor deixa de ser mero transmissor de informações; em vez disso, assume funções mais orientadoras e tutoriais. Em vez de repetir a aula várias vezes ao dia, passa-se a interagir com os alunos e ajudá-los na aprendizagem. Um dos grandes benefícios da inversão é o de que os alunos que têm dificuldade recebem mais ajuda. Circula-se pela sala de aula o tempo todo, ajudando os estudantes na compreensão de conceitos em relação aos quais se sentem bloqueados. Ensino Híbrido - Seu diferencial reside no uso da tecnologia – especialmente a internet, pois mistura a experiência digital e de sala de aula, potencializando o aprendizado. No ensino híbrido, o uso da tecnologia sempre está presente para pesquisas, visitas a museus, fazer trabalhos colaborativos 19 usando o Google doc ou apresentação, criação de estórias, cartazes, infográficos, ver simuladores em sites como NASA etc. Apesar de serem momentos diferentes, o online e o presencial, o objetivo do aprendizado híbrido é que esses dois momentos sejam complementares e promovam uma educação mais eficiente, interessante e personalizada. Confira, a seguir, uma lista com alguns dos arranjos possíveis de combinação de ensino online e off-line: Rotação - Ocorre, normalmente, em uma disciplina específica, na qual os alunos rotacionam por modalidades diferentes de aprendizagem. Um dos formatos possíveis é que o professor monte “esta ões” com propostas diferentes Em uma parte dos alunos podem se dedicar ao ensino via plataformas digitais. Em outra, os estudantes podem estar desenvolvendo projetos em pequenos grupos. Em uma terceira, outro grupo de alunos pode estar com o professor, tirando dúvidas. Nesse modelo, há as seguintes propostas: Rotação por Estações: na qual os estudantes realizam diferentes atividades, em estações, no espaço da sala de aula; Laboratório Rotacional: onde os estudantes usam o espaço da sala de aula e laboratórios; Sala de Aula Invertida: considerando que a teoria é estudada em casa, no formato online,e o espaço da sala de aula é utilizado para discussões, resolução de atividades, entre outras propostas; Rotação Individual: onde cada aluno tem uma lista das propostas que deve contemplar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados. Flex - A plataforma online é a espinha dorsal desse tipo de ensino. Professores estão por ali, em maior ou menor proporção, tirando dúvidas que apareçam pessoalmente para cada um ou para grupos pequenos. 20 Laboratório on-line - Uma plataforma online entrega o curso inteiro, mas num lugar físico. Frequentemente os alunos que participam do laboratório também têm aulas tradicionais. Podemos considerar que os dois ambientes de aprendizagem (a sala de aula tradicional e o ambiente virtual de aprendizagem) estão tornando-se gradativamente complementares. Isso ocorre porque, além dos usos de variadas tecnologias digitais, o indivíduo interage com o grupo, intensificando a troca de experiências. PBL – Aprendizagem Baseada em Projetos - A metodologia, também chamada de project-based learning (PBL), faz com que os alunos construam seus saberes de forma colaborativa, por meio da solução de desafios. Assim, o estudante precisa se esforçar para criar, explorar e testar as hipóteses a partir de sua própria vivência. Na prática, é comum o uso de recursos que vão além do livro didático. O educador pode incluir tecnologias como vídeos ou fóruns digitais, além de propor atividades que envolvam elementos concretos – como cartazes e maquetes. A fim de desenvolver nos alunos um perfil investigativo e crítico diante das situações propostas. Aposta na construção de conhecimento por meio de um trabalho longo de investigação que responda a uma pergunta complexa, problema ou desafio. A partir dessa questão inicial, os alunos e as alunas se envolvem em um processo de pesquisa, elaboração de hipóteses, busca por recursos e aplicação prática da informação até chegar a uma solução ou produto final. A aprendizagem baseada em projetos torna o aprender e o fazer inseparáveis. Aprender com o PBL tem a ver diretamente com a exploração do contexto, a comunicação entre pares e a criação a partir do conhecimento. E é especialmente na etapa final, a produção de resultados, que a tecnologia enriquece o processo: estudantes podem organizar suas descobertas em formatos multimídia, fazendo uso de gráficos e tabelas, vídeos, aplicativos, ferramentas. 21 A metodologia também ganhou um reforço com o Novo Ensino Médio e a BNCC que colocam em evidência a formação integral de estudantes. Para a última etapa da Educação Básica, a aprendizagem baseada em projetos auxilia na estruturação dos itinerários formativos em suas disciplinas eletivas. Gamificação – Significa dizer engajar os alunos nos seus estudos, no ensino, nas aulas e no seu processo de aprendizagem. Pode-se entender como gamificação a utilização de elementos como jogos e desafios em situações de sala de aula. A metodologia é principalmente utilizada para gerar maior engajamento, motivar a ação, promover a aprendizagem ou resolver problemas de modo criativo. Para fazer uso da gamificação, portanto, não é preciso usar jogos prontos – apesar de eles serem uma das possibilidades. Jogos como Minecraft – em que os jogadores precisam encontrar recursos, construir estruturas e plantar para sobreviver – tornaram-se populares não apenas entre crianças e adolescentes, mas entre educadores. Tanto que uma versão especial foi lançada, o MinecraftEDU, que já é utilizado por quase mil escolas em mais de 40 países. Em vez de trazer jogos já existentes para a sala de aula, o educador pode explorar a gamificação através de certas dinâmicas com sua turma: a principal é trabalhar a partir de missões ou desafios, que funcionam como combustível para a aprendizagem. Dessa forma, todo conhecimento serve a um propósito, o que envolve os estudantes no processo. Outras alternativas são utilizar pontos, distintivos ou prêmios como incentivo; definir personagens (avatares) ou cenários específicos com que os alunos precisam lidar ou propor obstáculos a serem superados. Aprendizagem entre pares - Conhecida também como instrução pelos colegas, a metodologia foi desenvolvida na década de 1990 na Universidade Harvard nos Estados Unidos. Com o propósito de apoiar a aprendizagem durante aulas de https://bloga.grupoa.com.br/gamificacao-na-educacao/ 22 Física, utilizando um aplicativo no qual os alunos, divididos em duplas, respondiam questões. Possui vantagens, como uma atenção mais individualizada aos alunos, o que não conseguiria ser feito pelo professor sozinho em uma turma grande. O método faz com que os estudantes se sintam responsáveis pelo próprio processo de aprendizagem e fiquem incentivados a aprender a aprender. Outra característica importante do aprendizado por pares é que cada estudante tem a oportunidade de ajudar e ser ajudado, sentindo-se útil e parte de uma comunidade de aprendizado. Os que possuem maior dificuldade comumente ganham suporte emocional dos seus pares que os incentivam a não desistir; isso porque eles mostram que também tiveram dúvidas para aprender, mas que há solução para isso. O professor dá aos alunos um conteúdo para ler em casa, antes da aula, eles provavelmente não vão entender toda a matéria ainda. Podendo se dar da seguinte forma: na aula, em vez de ensinar mediante uma aula expositiva, o professor faz perguntas à classe. Essas perguntas precisam ser aquelas que os estudantes costumam fazer após a leitura, e não questões de livros didáticos ou coisas que saíram da cabeça do professor. A turma então ganha alguns minutos para pensar e, logo depois, o professor oferece respostas de múltipla escolha. Isso pode ser feito com auxílio dos smartphones, em que os alunos podem marcar a resposta que acharem corretas. Em seguida, o professor pede que os aprendizes procurem alguém próximo que tenha respondido de forma diferente para que possam discutir a resposta entre si. Isso pode ser feito em duplas ou em grupo de até cinco alunos. Depois disso, o professor refaz a votação da pergunta que achar correta “Se você começa com 30% a 70% de respostas certas, as chances de chegar a 100% na segunda rodada são grandes” afirma Mazur Depois disso se ainda permanecerem dúvidas, elas serão respondidas pelo professor. https://socrative.com/ 23 O aprendizado por pares torna o processo de aprendizagem mais fácil e claro para os estudantes, sendo uma boa ferramenta para implementar em sala de aula. Aprendizagem baseada em problemas (Abp) - Aqui se propõe a construção de conhecimento através de debates e júris, discutindo em grupo um problema. Na prática, o aluno estuda um determinado assunto antes da aula. Depois, traz suas dúvidas e dificuldades para o encontro com o professor e os colegas, debatendo sobre sua interpretação. O método da aprendizagem baseada em problemas tem como propósito tornar o aluno capaz de construir o aprendizado conceitual, procedimental e atitudinal por meio de problemas propostos que o expõe a situações motivadoras e o prepara para o mundo do trabalho. Enquanto a aprendizagem baseada em projetos exige que os alunos coloquem a “m o na massa” a aprendizagem baseada em problemas é focada na parte teórica da resolução de casos. Estudo de caso - A prática pedagógica de Estudo de Casos tem origem no método de Aprendizagem Baseada em Problemas. O Estudo de Caso oferece aos estudantes a oportunidade de direcionar sua própria aprendizagem, enquanto exploram seus conhecimentos em situações relativamente complexas. São relatos de situações do mundo real, apresentadas aos estudantes com a finalidade de ensiná-los, preparando-os para a resolução de problemas reais. World Café - Tam m chamado de “Learning Caf ” foi criadopor Juanita Brown e David Isaacs. Essa técnica consiste na divisão de um grande tema em subtemas. A turma também é dividida em grupos, em cada grupo deve conter um anfitrião ou secretário e os demais membros serão viajantes. Cada grupo deve debater sobre o seu subtema e, ao acabar o período de tempo definido (de 15 a 30 minutos), os “viajantes” seguem todos para os próximos grupos. O anfitrião 24 agora recebe o próximo grupo e pode introduzir o tema para continuar a ser desenvolvido. Durante os debates, pode ou não haver a intervenção do professor sanando dúvidas e instigando questionamentos. As rodadas devem durar o tempo suficiente para que o diálogo seja desenvolvido de 20 a 30 minutos O “anfitri o” deve encorajar que os “viajantes” expressem suas ideias com rabiscos, desenhos ou palavras-chave. O anfitrião deve conectar essas ideias e dar boas-vindas aos novos viajantes a cada rodada A dinâmica acaba quando os viajantes chegam ao ponto de partida e pode ser pedido aos anfitriões para apresentar cada tópico Depois de concluído o world café é hora de documentar o processo e os resultados, podendo criar jornais ou livros de história com os relatos e ilustrações que registraram o evento. As ferramentas digitais no processo de ensino aprendizagem e na avaliação Inicialmente, tem-se que pensar a avaliação em função do planejamento, quais habilidades e capacidades se pretende desenvolver, escolhendo para isso as metodologias e ferramentas que se adaptem às essas intenções. A forma de avaliar deve se adequar ao aluno por ser um ensino personalizado e individualizado. As formas de avaliar são muitas e as possibilidades são constantes, e a partir desses resultados diários e constantes faz- se ou não necessária uma adequação aos métodos, ritmos, formas no processo, para uma adaptação do melhor caminho a ser seguido por cada docente em formação. Deve-se mesclar nesse processo o virtual e o físico, a avaliação deve verificar o processo de aprendizagem agindo nos resultados obtidos, como um feedback metacognitivo “o docente conseguiu desenvolver sua aprendizagem autônoma?”. 25 Hoje, temos muitos caminhos abertos para avaliação como a internet, computadores, tablets e celulares que passaram a integrar a educação, mesmo que por vias limitadas. Temos fora do ambiente escolar vastas ferramentas de aprendizagem, o celular nos traz acontecimentos diários do mundo todo em tempo real, temos a disposição vários sites e aplicativos que nos levam a vários lugares do mundo em um clique, temos a mão vídeos de qualquer assunto que se queira saber ou aprofundar-se, temos o significado de qualquer palavra em poucos segundos, então fica claro que as instituições de ensino não podem se tornarem alheias a essa realidade, pois isso torna os alunos ou docentes em formação sem estímulos, o mundo fora da escola está cheio desses incentivos, a pandemia não precipitou essas mudanças de enormes proporções, ela apenas trouxe à tona o que já deveria estar no sistema educacional como um todo. O ensino tradicional já não atende mais aos alunos. Vale ressaltar que as ferramentas digitais são utilizadas como forma de engajamentos nas metodologias ativas como ferramenta de ensino, pesquisa e construção e como instrumento de apoio às matérias e aos conteúdos lecionados. No entanto, as ferramentas digitais utilizadas com as Metodologias Ativas são trabalhadas, não só como meio, e sim em todo o processo, na autonomia do processo ensino aprendizagem e por isso são diversas ferramentas criadas para essa finalidade, são programas desenvolvidos com a finalidade de estimular e auxiliar na construção do conhecimento no engajamento e participação ativa. Novas estratégias de avaliação Podemos avaliar de diversas formas: Por meio de fóruns de discussão (mural do Google classroom); Podem desenvolver projetos nas redes sociais (Facebook, Blogs, aplicativos do Google for Education); 26 Explicar a matéria através de áudios e vídeos (podcast, celular); Criar storyboards ou construir textos criativos (no Canva, Pixton, Google documentos ou apresentação); Por mensagens diretas e comentários durante as aulas (onde é possível identificar o que o estudante sabe e o que precisa aperfeiçoar). O Kahoot (é uma ferramenta de perguntas e respostas com tempo para respostas, podendo ser individual ou em grupo, é uma opção bastante intuitiva que utiliza a gamificação para engajar o grupo enquanto testa seu conhecimento); Google formulário, com questões objetivas e subjetivas podendo usar rubricas para complementarem as respostas; A ferramenta online Canva, na construção de cartazes, infográficos (trabalhando os diversos temas e o português com observações na sua escrita) salvos em pdf, jpg ou vídeos. Ferramentas digitais Para entender melhor sobre as Ferramentas Digitais, foi elaborado uma relação de algumas com sua descrição e indicação metodológica, isto é, do que trata, qual sua funcionalidade e seus objetivos. São exemplos de Ferramentas Digitais: LOOM Descrição: Loom é uma extensão para Google Chrome que permite gravar a tela do computador sem precisar instalar softwares adicionais. Com um clique, o plugin permite capturar só a tela do computador ou a tela e a webcam ou tela, webcam e o áudio ou a tela e o áudio ou apenas a webcam ou tela do PC. Indicação: Permite transformar slides, pdf, textos, imagens ou qualquer arquivo já existente em vídeo aula, então se 27 o professor já tem um material de uma aula ou palestra pronto, pode transformá-lo em vídeo e até mesmo colocar áudios com a voz, explicando cada tela, poderá também deixar sua imagem aparecer no canto da tela enquanto explica. Por ser uma ferramenta básica, não permite edição Tudo isso será transformado em uma vídeo-aula para ser publicado no youtube, ou enviado para determinados alunos para terem acesso durante o uso da metodologia da Sala de Aula Invertida, onde terá contato com o assunto antes da aula e no momento de aula remota ou presencial o assunto ser discutido das mais variadas formas, pois o aluno já chegará com o conhecimento prévio Poderá também ser usado pelos docentes em formação para apresentar determinada pesquisa, sendo desse modo trabalhada as mais diversas competências e com isso atingir de forma positiva a maior quantidade de alunos dentro das suas habilidades, sendo ótima ferramenta avaliativa também. Endereço: Loom.com CAMTASIA Descrição: Camtasia também é uma ferramenta de captura e gravação de tela para Windows e Mac. É um programa que além de capturar, possui diversas opções para edição e montagem de vídeos. Ele é ideal para a criação de tutoriais em vídeo e apresentações. É um programa mais profissional e pago, mas vale a pena citá-lo a título de informação. Indicação: Permite editar vídeos e fazer montagens com vídeos imagens, sons e efeitos para desenvolvimento de vídeo aulas ou vídeos para as mais diversas necessidades de uma forma mais complexa. Por ser um programa completo permite edição total, alguns usam junto com o Loom. CANVA Descrição: Para fazer infográficos, pôsteres, cartazes, panfletos e demais artes para Instagram, facebook, blogs, etc. 28 Indicação: Podendo trabalhar todas as disciplinas de estudo desenvolvendo a escrita, artes, usando os conteúdos para ilustrar essas artes. GOOGLE DOCS Descrição: Editor de texto para produções individuais ou em grupo de forma colaborativa, onde os demais participantes farão em tempo real um trabalho com todos digitando ao mesmo tempo ou em sequência. Indicação: Criar histórias em conjunto, compartilhada, músicas, interpretações, brincadeiras com cada participante dando sequência engraçada a uma mesma história. GOOGLE APRESENTAÇÃO Descrição: Construçãode apresentações colaborativas ou individuais. Indicação: Criar apresentações de forma colaborativa, onde cada grupo fica responsável por desenvolver slides com informações pertencentes a sua pesquisa, o professor acompanhará em tempo real essa criação podendo ajudar caso precisem. Poderá ser feito também individualmente. Desafiando você Concluindo esse capítulo com a problemática de que as Metodologias Ativas usando das Ferramentas Digitais têm como função principal de permitir o alcance da autonomia para a autoformação e uma aprendizagem individualizada e personalizada em detrimento das diferentes competências e habilidades de cada um na sua individualidade. Deu pra perceber que quando temos a possibilidade de atingir através das metodologias ativas, ágeis, imersivas e analíticas o desenvolvimento da aprendizagem autônoma, construindo assim a metacognição de cada indivíduo, teremos os seus objetivos individuais, seus pontos fracos, suas habilidades trabalhadas de forma mais assertiva e eficaz. 29 Sabemos que se um docente em formação tem habilidades com textos escritos, este se destacará em atividades com produções textuais, com criação de histórias, infográficos, cartazes e outros, se outro tem facilidade com a oralidade, se destacará em atividades tipo podcast, vídeos, narrativas, etc, se outro se destaca pela dramatização e uso corporal, terá destaque em dramas, teatros, tik tok etc. Conclui-se que nas Metodologias ativas e com o uso das ferramentas digitais a forma de avaliação é muito vasta e faz com que além de altos estímulos serem testados, torna-se mais justa a avaliação final, fazendo que cada um tenha um arsenal de métodos a seu dispor para ser suporte de meio e fim no processo de aprendizagem e que corresponda com suas competências e habilidades. Dentro de todo contexto, sabemos que nós somos fruto do nosso processo de ensino aprendizagem, e, para formarmos docentes ativos e híbridos, devemos fazê-lo assim durante toda sua formação. Dessa forma, desafio você que ainda não trabalha assim (com essas metodologias) a montar seu primeiro projeto, colocar em prática e registrar e, para você que já trabalha, deixo meus parabéns e o incentivo a se aprimorar a cada dia e montar seu melhor projeto para o ano que se inicia. Concluindo o desafio, peço que escolham as metodologias que pretendem trabalhar ou criem suas próprias, registrem suas práticas, me enviem (através do e-mail informado no rodapé) suas experiências e os melhores estarão no meu livro “O manual das melhores práticas em Metodologias Ativas” tenho certeza que verei docentes ativos transformando outros docentes com muita criatividade, o objetivo aqui é esse, incentivar a transformar. Um excelente trabalho a todos. 30 Referências BERGMANN, J., SAMS, A. Sala de Aula Invertida - Uma Metodologia Ativa de Aprendizagem. 1 Edição. Rio de Janeiro: Editora LCT 2019. BACICH, L., NETO, A. T.; TREVISANI, F. De M. Ensino Híbrido. Personalização e Tecnologia na Educação. Edição: 1 Editora: Grupo A Selo: Penso. FILATRO, A.; CAVALCANTI, C. C. Metodologias Inovativas, na Educação presencial a distância e corporativa. 1ed – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. FREIRE, P Educação como prática da liberdade. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP. 2000. HORN, M. B.; STALKER, H. Blended: Usando a Inovação Disruptiva para Aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015 LIMA, L. O. A Construção do Homem Segundo Piaget. São Paulo: Summus, 1984, p 17-45. PELIZZARI, A.; KRIEGL, M. L; BARON M. P; FINCK, N. T. L; DOROCINSKI, S.I. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev PEC. 2001- 2002; 2(1): 37-42. https://www.amazon.com.br/s/ref=rdr_kindle_ext_aut?_encoding=UTF8&index=books&field-author=BERGMANN%20E%20SAMS https://www.amazon.com.br/dp/852163045X/ref=rdr_kindle_ext_tmb https://www.amazon.com.br/dp/852163045X/ref=rdr_kindle_ext_tmb https://www.amazon.com.br/dp/852163045X/ref=rdr_kindle_ext_tmb 31 Práticas de estágio supervisionado durante o ensino remoto: uma experiência envolvendo licenciandos em matemática Barbara Corominas Valério, Tânia Tavares de Araújo Práticas de estágio supervisionado durante o ensino remoto: uma experiência envolvendo licenciandos em matemática doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.2 Barbara Corominas Valério Tânia Tavares de Araújo https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.2 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.2 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.2 32 Introdução O estágio curricular ganhou, nas últimas décadas, um papel de destaque na formação inicial do professor. No Parecer CNE/CP nº 9/2001 que subsidiou várias deliberações e resoluções, expressando em diretrizes a base comum de formação docente, foi elencado uma série de problemas que já deviam ser considerados na revisão do processo de formação dos professores, os quais eram tanto do campo institucional como do campo curricular. Nesse segundo campo, podemos citar o pro lema “Concep o restrita de prática” (BRASIL 2001 p 22) em que há identificação da dicotomia existente entre a prática e a teoria. O primeiro pólo supervaloriza os conhecimentos teóricos, acadêmicos, desprezando as práticas como importante fonte de conteúdos da formação. Existe uma visão aplicacionista das teorias. O segundo pólo, supervaloriza o fazer pedagógico, desprezando a dimensão teórica dos conhecimentos como instrumento de seleção e análise contextual das práticas. Neste caso, há uma visão ativista da prática (BRASIL, 2001, p. 22-23). No Parecer, enfatizado que “a ideia a ser superada” (BRASIL, 2001, p. 23) é a de que a teoria ocorre na sala de aula da instituição formadora e o estágio é apenas o espaço reservado à prática. Levanta-se ainda a visão equivocada de que não pode ocorrer pesquisa na prática afirmando que “a atua o prática possui uma dimensão investigativa e constitui uma forma não de simples reprodução, mas de criação ou, pelo menos, de recriação do conhecimento” (BRASIL, 2001, p. 24). Nesse contexto, para atender inicialmente a uma exigência do Conselho Estadual da Educação de São Paulo (CEE/SP) e às resoluções CNE/CP 1 e 2/2002, foi aprovado, em 2004, na Universidade de São Paulo, o Programa de Formação de Professores da USP (PFPUSP). 33 O documento estabelece as bases e as condições da integração das ações de formação inicial de professores para a educação básica em cada unidade e entre as diferentes unidades, assim como entre a USP e os sistemas de educação básica do estado e dos municípios circunvizinhos aos campi desta universidade (SÃO PAULO, 2004, p. IX). No PFPUSP, foi estabelecido que das 400 horas de estágio curricular obrigatório que os alunos do curso de licenciatura deveriam cumprir, 100 horas seriam de responsabilidade da unidade de origem do curso. No curso de Licenciatura de Matemática do Instituto de Matemática e Estatística - IME-USP, as 100 horas de estágio são supervisionadas por docentes do Departamento de Matemática do IME e estão vinculadas à disciplina anual Projetos de Estágio. Esta tem como objetivo promover a elaboração de projetos ou sequências didáticas que serão aplicadas em salas de aula de escolas parceiras, juntamente com os professores das turmas. As aulas desta disciplina ocorrem quinzenalmente durante o ano. O grupo é formado por licenciandos e professores da Educação Básica das escolas parceiras onde os projetos são desenvolvidos. Todos são orientados por um docente do Departamento de Matemática e contamcom o apoio de bolsistas educadores, alunos do curso de pós-graduação da Universidade, vinculados ao Programa de Formação de Professores. Os professores regentes das classes das escolas parceiras também são alunos de um curso anual de extensão chamado Projetos de Estágio: Aprendendo Matemática com Projetos. Nos encontros, além do desenvolvimento dos projetos e análise de sua aplicação, também são trabalhados temas como: sala de aula como espaço de investigação, o uso de projetos no ensino de Matemática, questões de metodologia do ensino de Matemática, reflexões sobre obstáculos didáticos, aprendizagem significativa, o papel do erro e avaliação. O estágio da disciplina é dividido em dois momentos. Durante o primeiro semestre, os licenciandos conhecem os 34 alunos com quem irão trabalhar, observam sua rotina, realizam atividades diagnósticas e elaboram um projeto ou sequência didática que será aplicada no segundo semestre. O trabalho que acontece nessa disciplina une o conhecimento acadêmico com a prática profissional de acordo com as orientações sobre a formação inicial e continuada de professores. Na elaboração dos projetos de ensino, os estagiários são incentivados a desenvolver atividades diferentes das rotineiramente propostas pelo regente de classe, pois entendemos que é no momento do estágio que o estudante pode ousar e colocar em prática toda a teoria de Didática da Matemática, com o apoio da equipe de educadores e, principalmente, do professor supervisor. Com isso queremos discutir a viabilidade da aplicação de projetos inovadores, dar oportunidade aos alunos da escola parceira de participarem de atividades diferenciadas e aumentar o repertório dos professores regentes, mostrando a eles que a aplicação de atividades não rotineiras pode ser tão ou mais eficaz para a aprendizagem do que a sua prática usual. (VALÉRIO E CUEVA, 2018, p. 3) Concordamos que o estágio curricular configura-se não apenas como um espaço importante na formação do licenciando, onde teoria e prática caminham juntas, mas também como espaço de pesquisa dos formadores de formadores. Nosso objetivo, neste texto, é discutir e analisar as experiências vivenciadas, ao longo de 2020, por um grupo de 22 licenciandos ao cursarem a disciplina Projetos de Estágio que teve sua dinâmica reformulada como consequência do isolamento social imposto pela pandemia do COVID-19. Ao longo do texto, usaremos os termos licenciandos ou estagiários para nos referirmos aos alunos do curso de graduação em Licenciatura em Matemática e usaremos o termo alunos quando estivermos nos referindo aos alunos das escolas 35 de Educação Básica que foram parceiras na realização dos estágios no ano de 2020. Atividades desenvolvidas Em 2020, a disciplina Projetos de Estágio começou seguindo o seu cronograma usual. O primeiro encontro foi reservado para explicar aos licenciandos como seria o desenvolvimento das atividades ao longo do ano, visto que a dinâmica adotada é diferente da utilizada nas outras disciplinas do curso. No segundo encontro, os professores das escolas públicas onde os estágios ocorreriam foram apresentados e os grupos formados. No ano de 2020, o curso de extensão contou com a participação de 7 professoras e 1 professor, todos responsáveis por salas regulares de 4 escolas estaduais, sendo 1 localizada na zona Sul, 1 na zona Oeste, 1 na zona Norte e outra em Diadema. Após estes dois encontros, tivemos a suspensão das atividades presenciais e tudo mudou. A pandemia trouxe muitas incertezas e questionamentos sobre como tudo iria ocorrer. Foi necessário fazer um replanejamento de todas as ações para que a disciplina pudesse atingir, da melhor maneira possível, seus objetivos. Os encontros presenciais na Universidade foram substituídos por aulas realizadas de maneira síncrona através da utilização do Google Meet (um recurso do Google para realizar videoconferências). Os licenciandos que, por algum motivo, tiveram problemas de conexão puderam ver as discussões em outros momentos, pois os encontros foram gravados. Todos os temas previstos inicialmente para serem abordados foram discutidos e surgiram novos temas motivados pelo ensino remoto (ensino realizado por meio de recursos digitais). Os textos eram disponibilizados na plataforma Moodle da Universidade de São Paulo juntamente com uma proposta de atividade, isto é, questões para serem respondidas, síntese ou reflexão sobre a leitura realizada. Nos encontros síncronos, os textos eram discutidos e todos os participantes tinham a oportunidade de expor suas dúvidas e reflexões acerca dos temas. Apesar da 36 distância física, os debates contaram com a ativa participação de todos os licenciandos que se manifestaram oralmente ou escrevendo pelo chat. No planejamento inicial, também estava prevista a realização de oficinas que seriam realizadas de forma presencial pelos educadores. As oficinas foram mantidas, adaptadas para o modelo remoto e aplicadas sem perda de conteúdo. Estas tinham como objetivo estimular os licenciandos com um pouco da vivência de um professor: criar um plano de aula ou analisar planos de aula já prontos, pensar sobre as motivações de uma atividade, pensar sobre diversas formas de resolução de uma questão, etc. Foram realizadas duas oficinas, uma envolvendo o tema Quadriláteros e a outra o tema Pensamento Proporcional. As duas contaram com tarefas realizadas de forma assíncrona e um encontro síncrono para discutir todo o material produzido pelos licenciandos e suas percepções sobre as atividades. Enquanto as discussões que ocorreriam nas aulas presenciais foram adaptadas para a forma remota, as atividades relacionadas diretamente ao estágio curricular obrigatório foram totalmente reformuladas, visto que as escolas também tiveram suas aulas presenciais suspensas. No Estado de São Paulo, as aulas passaram a ser transmitidas através do Centro de Mídias SP (https://centrodemidiasp.educacao.sp.gov.br) através de aplicativos CMSP, TV Educação e TV Univesp. Além disso, os conteúdos apresentados também estavam disponíveis para consulta posterior. Um dos grandes desafios colocados pela pandemia foi pensar o que poderia ser feito no estágio de forma remota que realmente fizesse diferença na formação dos licenciandos. O replanejar destas atividades se deu com o parecer do Conselho Estadual de Educação de São Paulo em resposta à consulta realizada pela UNICAMP, publicado no Diário Oficial de 16 de abril de 2020, com o conhecimento de decisões de outras comissões coordenadoras de curso de licenciaturas da USP e de uma decisão do IME-USP. A Comissão Coordenadora do Curso de Licenciatura em Matemática do IME-USP aprovou um https://centrodemidiasp.educacao.sp.gov.br/ 37 documento em maio de 2020 oficializando as atividades que seriam consideradas como estágio enquanto as atividades presenciais estivessem suspensas. Alguns exemplos de atividades são a análise de materiais didáticos, criação de plataforma de apoio para estudantes da Educação Básica, apoio a professoras(es) na elaboração de materiais didáticos para Educação Básica (inclusive para ensino remoto), produção independente de materiais didáticos de apoio para a Educação Básica, entre outros. Após a divulgação desse documento, houve um encontro com os licenciandos para a discussão dessas novas possibilidades de atividades de estágio que seria realizado de forma remota. Além disso, eles também ficaram cientes sobre a disponibilização das aulas do Centro de Mídias SP. Com essas novas informações, os grupos formados no início do ano se organizaram novamente com a tarefa inicial de avaliar as possíveis formas de interações com os alunos da escola. Para que os estagiários tivessem contato com o tipo de aula que os alunos de escolas estaduaisestavam assistindo, foi solicitado que assistissem 3 aulas do Centro de Mídias do ano correspondente à classe que iriam trabalhar no estágio. A análise e discussão sobre este material foi feita em um dos encontros síncronos e a participação dos professores das escolas parceiras foi fundamental quando discutimos sobre a pertinência, limitações e qualidade dos vídeos. Com esse novo formato de estágio, os grupos não propuseram um projeto para o segundo semestre, como normalmente seria feito no estágio presencial. Cada um dos 7 grupos formados (pois um grupo trabalhou com duas professoras) foi desenvolvendo uma dinâmica própria. Não fazia mais sentido pedir que os grupos seguissem um plano único de desenvolvimento. As atividades eram desenvolvidas conforme a realidade ia mudando e as necessidades iam aparecendo. Os estagiários aprenderam a trabalhar com várias ferramentas e aplicativos. Como exemplo, eles utilizaram o 38 Jamboard e outras lousas que podem ser empregadas de forma remota, desenvolveram e editaram vídeo aulas com ferramentas como Loom e Inshot, criaram jogos utilizando o Wordwall, criaram atividades utilizando os Formulários do Google, entre outros. E para que os estagiários tivessem acesso às estratégias utilizadas por todos os grupos, foi disponibilizado no Moodle da disciplina um Padlet, um mural interativo virtual. Lá os estagiários postaram suas atividades para que todos pudessem observar, construindo conhecimento juntos. Os grupos utilizaram o WhatsApp e o Google Meet para substituirem os encontros de planejamento que teriam presencialmente. E utilizaram, da melhor maneira que conseguiram, a plataforma Google Meet para ministrar seus planos de aula, fazer a devolutiva aos alunos e fazer plantões de dúvidas. Como muitos alunos da escola pública tinham problemas de acesso ao Google Meet, os estagiários tentaram, então, mesclar as atividades. Por exemplo, gravaram vídeos com explicações de alguns temas, construíram formulários do Google e criaram jogos de cunho matemático que pudessem ser aplicados em casa. Neste processo, foi fundamental a participação dos educadores, visto que eles acompanhavam os grupos de WhatsApp dos estagiários, o que facilitava a comunicação. Em todos os outros anos que a disciplina foi oferecida, quase nenhum recurso digital foi utilizado pelos estagiários. Como os encontros eram presenciais, eles optaram por outro tipo de atividades, como, por exemplo, o uso de material concreto. Além disso, muitas vezes os computadores das escolas não funcionavam ou não tinham acesso à internet. Este ano de pandemia acabou gerando uma oportunidade única para que fossem realizadas atividades de uma forma bastante diferenciada. Com foco na formação inicial, faremos uma análise das atividades desenvolvidas pelos licenciandos que cursaram esta disciplina durante o ano de 2020. A análise é baseada nos materiais produzidos por eles, isto é, relatos de seus estágios (em 39 formato de áudio) e reflexões sobre a leitura dos textos propostos. Além disso, no final da disciplina os licenciandos responderam um questionário cujo objetivo era avaliar as atividades desenvolvidas ao longo do ano e quais os impactos em sua formação. Havia perguntas de múltipla escolha, perguntas dissertativas e perguntas de escala de avaliação. Este questionário foi enviado através do Google Formulários e obtivemos a resposta de 16 dos 22 licenciandos inscritos na disciplina. Portanto, nossa análise será também sobre essa devolutiva dos licenciandos norteada por nossas observações ao acompanhar todo o processo. Nas nossas reflexões serão citadas algumas falas dos licenciandos e, para preservar sua identidade, eles foram numerados de 1 a 22 e seus nomes estão substituídos por L1 a L22. Reflexões proporcionadas O ano de 2020 será um ano marcado na história da humanidade. Os efeitos da pandemia foram sentidos em todos os setores da sociedade e já existem vários estudos sobre os efeitos psicológicos que o isolamento social causou. Além disso, a imprevisibilidade foi fator marcante nesse período. A pandemia e o isolamento social fizeram com que muitas pessoas reinventassem sua maneira de trabalhar. Na área da Educação, todos os envolvidos procuraram se adaptar às formas remotas de ensino. Foi neste contexto que as nossas atividades aconteceram e não foi fácil para nenhuma das partes envolvidas no processo. As reflexões que o estágio presencial traz não puderam ser propiciadas a este grupo de licenciandos. No entanto, novas reflexões surgiram, reflexões estas tão pertinentes quanto as anteriores. Afinal, o estágio foi além do planejamento, aplicação e análises de atividades. Para esta nova forma de estágio, também deveria ser pensado: qual o melhor modo remoto para aplicar tal atividade? Como tentar atingir um maior número de alunos? Quando os licenciandos foram questionados sobre as experiências que o estágio realizado tinha proporcionado a eles, aspectos relacionados à criatividade, utilização de ferramentas 40 digitais, trabalho em grupo e adaptação ao ensino remoto foram levantados. Muitas! Mas vou destacar algumas: 1. O contato com as ferramentas digitais (Google Meet, Loom, Jamboard); 2. O constante replanejamento das atividades, dada a participação ou não dos alunos e alunas; 3. A interação com os estudantes através dos grupos do WhatsApp; 4. A relação professor(a) - estagiário para pensar nas atividades da semana e ou da sequência (L11). Alguns aspectos relacionados à participação dos alunos das escolas nessa época de pandemia também foram citados. Muitos observaram que, apesar do esforço para criarem atividades remotas, muitos alunos da escola não puderam ter acesso a elas por falta de uma mínima estrutura tecnológica. MAT1500 me mostrou o quão falho é o nosso governo e o nosso sistema educacional. Em uma sala de 30 a 40 alunos, apenas uns 4 a 7 conseguirem acesso à aula, é algo que me deixava triste todas as semanas e até mesmo desanimado para produzir jogos e atividades diferentes para as outras aulas. A experiência de estágio online me trouxe diversos aprendizados (...) que têm alunos que realmente querem aprender, porém não tem estrutura para aulas online (alunos com conexão ruim, alunos com celular e tela bem pequena, alunos no trabalho dos pais para ver aula, alunos sem conexão mesmo) algo me deixa muito triste, que muitas vezes algo que daria certo no presencial não dá certo no online (L7). Outros licenciandos comentam que, apesar de não terem realizado um estágio esperado, as atividades foram enriquecedoras, pois tiveram que exercitar a criatividade buscando novos caminhos e aprendendo novas ferramentas. Como o "estágio" foi durante a quarentena e pandemia, não acho que fizemos um trabalho 41 de estágio como se imagina pela definição da palavra. Mas pelo acompanhamento das atividades, elaboração e construção de atividades e o fomento de pensar criticamente sobre determinadas atividades foi muito enriquecedor (L4). Os licenciandos foram questionados também sobre quais das experiências proporcionadas pelo estágio que realizaram poderiam não ter ocorrido se o estágio fosse presencial. Além de citarem o uso de recursos digitais para a realização das atividades, eles abordaram, de maneira enfática, a falta de contato com os alunos e o que isto representou para eles. Muitos tiveram que desenvolver atividades sem ao menos conhecer os alunos com quem estavam trabalhando. Muitas vezes não tinham uma devolutiva desses alunos, então, não havia exatamente uma sequência didática sendo construída. Um dos licenciandos chama atenção para a sensação de impotência frente às dificuldades dos alunos “Acredito que tudo o trabalho em grupo seria diferente (teríamos mais atividades juntos), o interessedos alunos poderia ser diferente. Acredito que a sensa o de impotência continuaria mas seria mais fraca” (L10). Alguns ainda citaram o fato de acabarem trabalhando com uma turma menor do que teriam no presencial, possibilitando uma atenção maior a cada aluno. O estágio de forma remota também fez com que os licenciandos tivessem um estímulo para pensar de forma diferenciada alguns conteúdos. Assim, eles tentaram fazer com que seus alunos aprendessem mesmo distanciados fisicamente. Um recurso nunca usado no oferecimento da disciplina nos anos anteriores foi o Padlet. Sua criação teve dois objetivos principais: facilitar o acesso a todo material produzido e propiciar a troca de experiências entre os grupos, já que compartilhavam as atividades desenvolvidas. Esta ação foi incentivada, pois não tínhamos experiência na produção de materiais para serem utilizados de forma remota pelas escolas e o compartilhamento de ideias ajudaria a todos. 42 Pela avaliação dos licenciandos esta ação se mostrou pertinente. Quando questionados sobre o compartilhamento de atividades no Padlet, eles destacam as vantagens da utilização de um meio ágil, organizado e de fácil acesso para compartilhamento de ideias. Pois podíamos analisar as propostas de ensino dos colegas a fim de melhorar e acrescentar a nossa proposta e as deles. Então, podendo ver as atividades feitas, tivemos uma coleção de ideias que poderiam ser adaptadas para o nosso estágio, como por exemplo, o uso de outras plataformas para se apresentar uma aula seja por powerpoint, imagens animadas, lousa digital e entre outras (L2). Como os licenciandos poderiam escrever suas opiniões nos trabalhos dos colegas, os pontos de vista eram compartilhados e as atividades desenvolvidas pelos grupos iam melhorando com a colaboração de todos. Acredito que poder compartilhar experiências e pontos de vista ajudam bastante na formação do professor. Ainda mais poder compartilhar maneiras de se trabalhar com determinados temas e com alunos de anos distintos. Agregou bastante valor à formação como professor (L4). O compartilhamento das atividades no Padlet mostrou-se rapidamente de grande potencial. Era uma forma de acompanhar como os licenciandos organizavam as atividades e como elas eram apresentadas aos alunos das escolas. Aproveitando o potencial deste compartilhamento, foi proposto aos licenciandos que escolhessem 3 atividades do Padlet e fizessem uma análise onde deveriam apontar o que fariam diferente e o que tinham aprendido, sempre justificando as respostas. As análises realizadas foram compartilhadas em uma aula síncrona e consideramos a discussão muito pertinente e produtiva. Alguns licenciandos observaram alguns detalhes em 43 suas análises que outros não haviam pensado quando realizaram suas atividades. As cores utilizadas nos vídeos, a velocidade das falas, o fato do licenciando aparecer ou não nos vídeos, a diversidade dos recursos tecnológicos utilizados, imprecisões nas colocações realizadas e a duração dos vídeos foram alguns dos aspectos levantados nas análises. Além disso, os licenciandos tiveram a oportunidade de observar com um olhar mais apurado a possibilidade de utilização de um novo recurso em seu estágio. Segundo o relato de uma licencianda “Eu nunca imaginaria que o TikTok pudesse ser usado para aulas de matemática. Muito menos para aulas de matemática de estágio de MAT1500 É genial” (L2). Todos os licenciandos avaliaram positivamente a análise realizada. Alguns citam que levaram em consideração as observações feitas pelos colegas na produção dos novos vídeos. Um licenciando destaca que a utilização do Padlet (...) cria a possibilidade de melhorar a nossa proposta de ensino, mas também em contribuir com os outros grupos em possíveis melhoras. Como todo o ensino foi feito remotamente é complicado se ter um feedback dos alunos, então com essa análise tivemos opiniões e contribuímos com opiniões, mas com um olhar diferente da professora e dos educadores, afinal é um olhar menos profissional, mas que visa à melhoria do ensino contribuindo assim, em uma melhor aula para todos (L2). Esse comentário destaca que a opinião do grupo foi importante, visto que com o isolamento nem sempre era possível ter um retorno dos alunos da escola sobre o material produzido. 44 Figura 1 - Padlet da disciplina Projeto de Estágio no ano de 2020. Fonte: Elaborado pelas autoras. Os licenciandos também foram questionados sobre possíveis pontos negativos no estágio realizado e suas respostas foram muito diversificadas. Percebemos que alguns pontos foram recorrentes como, por exemplo, a falta de contato presencial com os alunos e a falta de experiência em sala de aula. Outro ponto levantado foi o fato do ensino remoto excluir muitos alunos da rede pública e com isso, existir uma menor participação de alunos nas atividades realizadas. Além disso, havia uma preocupação com questões extracurriculares como, por exemplo, o plano de dados dos alunos das escolas parceiras. No entanto, mesmo com alguns pontos negativos citados, a maioria dos licenciandos recomendaria essa disciplina a um amigo se ela fosse oferecida de forma remota novamente, alegando que foi uma experiência bem diferente e que boas ideias surgem com grandes desafios. Faça. Primeiro, a sociedade precisa. Segundo, você vai aprender o que um ensino presencial não ensinaria. Terceiro, talvez você venha aprender mais sobre as precariedades da educação (matemática) brasileira e da sociedade brasileira do que num curso presencial. Quarta, não sabemos ainda o quanto a pandemia vai impactar a educação a 45 longo prazo, você estará nessa linha de frente. Quinto, não sabemos o quanto EAD, ensino remoto e tecnologias educacionais serão megatendências, é interessante estar a par dessa movimentação (L16). Um dos licenciandos ainda se refere aos estágios em geral pontuando que “estágios com sensa ões "frustradas" acabam trazendo ensinamentos/questionamentos muito mais interessantes do que estágios “incríveis”” (L 10). Aqueles que não afirmaram que recomendariam a disciplina disseram que explicariam todos os prós e contras ao colega, deixando que ele decidisse de acordo com suas necessidades. Apontaram que, para realizar o estágio remoto, é necessário ter acesso à internet e recursos tecnológicos para poder realizar as atividades propostas, além de estar disposto a realizá-las. (...) Se for uma pessoa que não consiga e tenha dificuldade ou limitações de acesso a recursos tecnológicos e à internet, eu diria para trancar a matéria, se fosse alguém que teve uma boa experiência com esse ano, diria para fazer (L9). Na realidade, uma das maiores dificuldades no estágio desenvolvido de forma remota foi a necessidade do uso de recursos tecnológicos por todos os envolvidos. Não estávamos preparados para usar estes recursos no processo de ensino e aprendizagem e nossos lares não estavam adaptados para o uso contínuo destas ferramentas. Possuir um celular com acesso à internet, muitas vezes mostrou-se insuficiente. Conclusões O ano de 2020 foi um ano atípico. Na disciplina Projetos de Estágio existiram muitas adaptações devido à pandemia e ao isolamento social. Ocorreram encontros síncronos, atividades assíncronas, interações no formato de áudio, devolutivas por escrito e a interação através do Padlet. Sabemos que essa 46 disciplina não foi realizada da mesma maneira que nos outros anos em que foi oferecida. Consideramos, no entanto, que o ensino remoto não prejudicou a qualidade das discussões propiciadas durante os encontros síncronos. Todos os temas que estavam previstos foram trabalhados nesses encontros e a maioria dos licenciandos afirmou que as discussões realizadas foram importantes em sua formação,bem como as oficinas oferecidas ao longo da disciplina. O desenvolvimento do estágio, no entanto, foi onde ocorreu a maior alteração na disciplina. Procuramos oferecer alternativas para que os licenciandos pudessem realizar seus estágios de regência da melhor maneira possível. Foram propiciadas muitas maneiras de interação entre os licenciandos, educadores, professores das escolas parceiras, alunos e a docente da disciplina. No Padlet, todos tinham acesso a tudo que estava sendo realizado. Além de observarem as produções realizadas pelos colegas, o Padlet proporcionou uma autoavaliação a cada licenciando. Ali eles poderiam se observar nos vídeos refletindo sobre a maneira com que tinham abordado os conceitos e vislumbrando modificações para os próximos vídeos. Na nossa opinião, o Padlet tem muito potencial para ser utilizado inclusive quando a disciplina voltar a ser oferecida presencialmente. Os licenciandos também gravavam relatos em formato de áudio para que pudessem descrever detalhadamente como acontecia a aplicação das atividades em seus estágios, suas impressões e aprendizados, complementando o que estava postado no Padlet. Este tipo de interação por áudio não existia nos outros oferecimentos da disciplina. Acreditamos que ao gravar o áudio o licenciando possa refletir sobre suas próprias práticas porque está pensando sobre elas ao relatá-las. Segundo Carvalho (2012), É preciso incentivar, sempre que possível, principalmente nos estágios de minicursos, o registro em vídeo ou em áudio, para que sirva de material de reflexão individual ou coletiva dos processos de ensino e aprendizagem. Desse modo, os estágios de regência devem 47 servir de experimentação didática para o aluno-estagiário, sendo então concebidos como um objeto de investigação, criando condições para que o aluno seja o pesquisador de sua própria prática pedagógica, testando as inovações e sendo um agente de mudança em potencial (CARVALHO, 2012, p. 65). As experiências que os licenciandos tiveram em seus estágios remotos não foram as mesmas que teriam em um estágio presencial, mas acreditamos que foram igualmente importantes. O aspecto que mais sofreu impacto no estágio remoto foi a interação professor-aluno, o que segundo Morales (1998), é muito importante no processo de ensino-aprendizagem. Alguns grupos tiveram pouco ou nenhum contato com os alunos das escolas e isso influenciou nas atividades desenvolvidas por eles e nas suas impressões e aprendizados dos estágios. Nós já imaginávamos que isso seria um obstáculo e essa impressão foi confirmada pelos licenciandos que participaram desses grupos. No entanto, aqueles estagiários que tiveram acesso aos alunos das escolas parceiras (ou parte deles), conseguiram criar um vínculo com eles que pôde ser percebido em todas as conferências que participaram. Ao longo do ano, foi muito discutido sobre quais aprendizagens um estágio de regência realizado de maneira remota traria ao grupo. Acreditamos que os licenciandos que cursaram Projetos de estágio no ano de 2020 tiveram uma oportunidade única em seus estágios, já que vivenciaram exatamente o mesmo que os professores estavam passando em suas escolas: as angústias, desafios e adaptações. Aprenderam em seus estágios como desenvolver suas aulas remotas utilizando muitas ferramentas digitais. Aprenderam ao mesmo tempo em que os professores das escolas parceiras, trabalhando em conjunto para tentar proporcionar um melhor aprendizado em tempos de pandemia. Toda essa experiência os faz muito preparados para ingressar em sala de aula como professores titulares no ensino presencial, remoto ou de forma híbrida. 48 Referências BRASIL. Parecer CNE/CP nº 09, de 08 de maio de 2001. Dispõe sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, DF, 2001. BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de for-mação de professores da Educação Básica em nível superior. Brasília, 2. CARVALHO, A. M.P.; Os Estágios nos Cursos de Licenciatura. Coleção Ideias em Ação. São Paulo: Cengage Learning, 2012. MORALES, P. A relação professor aluno. O que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1998. SÃO PAULO, Universidade de São Paulo. Programa de Formação de Professores da USP. Pró Reitoria da USP, São Paulo, 2004. VALÉRIO, B. C.; CANDIDO, C. C. Programa de Estágio Supervisionado: uma real integração entre Universidade e Escola da Educação Básica. In: XV Conferência Interamericana de Educação Matemática, 2019, Medelin - Colômbia. Proceedings da XV CIAEM, 2019. p. 1-7. 49 Formação docente durante a COVID-19: Educação em valores e uso de recursos no ensino remoto Emily Bomfim Souza, Paulo Fraga da Silva Formação docente durante a COVID-19: Educação em valores e uso de recursos no ensino remoto doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.3 Emily Bomfim Souza Paulo Fraga da Silva https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.3 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.3 https://doi.org/10.47247/VV/RCB/88471.12.8.3 50 Introdução Existe hoje uma eminente preocupação dos centros universitários em formar educadores que consigam integrar o campo social com o campo científico, em um viés de ampla reflexão crítica sobre questões de ciência, tecnologia e sua relação com a sociedade. Neste sentido, tem-se a importância dos professores em formação debruçarem-se no estudo da educação em valores, que visa articular um trabalho docente apoiado em valores ético-morais e democráticos na formação cidadã. O ensino e aprendizagem de valores no cotidiano escolar torna-se algo inevitável e presente naquilo que se faz ou se deixa de fazer “[ ] A educa o para os valores realiza-se em todos os momentos, permeia o curriculum e também todas as interações interpessoais na escola e as relações desta com a família e a sociedade” (VALENTE 1989 p 1). Partindo da perspectiva da autora, evidencia-se que a educação em valores faz parte das responsabilidades da escola em parceria com outras instâncias sociais, em prol da plena formação humana do sujeito. A partir da compreensão da importância da educação em valores, faz necessário que a mesma deva fazer parte da formação de educadores. Em um contexto de pandemia, decorrente do COVID-19, as aulas que antes eram presenciais, passaram a serem adaptadas para o ensino remoto. Inseridos nesta nova realidade, uma indaga o emergiu: “Como discutir de forma significativa educação em valores com estudantes de pedagogia de forma remota?” O presente capítulo pretende desvelar a importância do estudo e discussão da educação em valores na abordagem da teoria dos conteúdos no processo de formação de educadores, bem como refletir como isso pode ser efetivado com uso de um fórum como recurso de aprendizagem colaborativa próprio do ambiente virtual de aprendizagem. 51 Educação em valores na abordagem da Teoria dos conteúdos "ajude-me a agir por mim mesmo” (Maria Montessori) Educar para cidadania. Educar em valores. Educar para o trabalho. Educar para solidariedade. Educar para autonomia. Educar para a boa convivência. Educar para transformar. Existem diferentes objetivos educacionais que a escola almeja que seus alunos conquistem ao longo da trajetória escolar. É comumente exigido neste espaço que os alunos tenham, além de um bom desempenho acadêmico, boas atitudes de convívio, que saibam lidar com suas emoções, que trabalhem bem em equipe, que sejam proativos ou saibam se comunicar eficazmente. Mas afinal, quem ensina esses aspectos ao aluno? O autor Coll (2000) aponta que nas escolas
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