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Fichamento História da Antropologia

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ERIKSEN, Thomas Hylland. NIELSEN, Finn Siert. História da antropologia. Petrópolis, RJ: Vozes. 2007
RESUMO
Inicialmente, o autor faz um resgate histórico na perspectiva da Antropologia, trata em particular de Heródoto, e um problema que persiste na antropologia: “como devemos nos relacionar com os ‘outros’?”. Após, retrata o cenário da Europa Ocidental, pontuando as grandes navegações e que impactos teve, e as viagens de Marco Polo. Retrata que a maioria dos relatos dos viajantes estava sob forte influência da Igreja. Surge uma grande polêmica filosófica: empirista e racionalistas. Os autores também trabalham dois conceitos: universalismo, onde dão ênfase nos pontos em comum; e relativismo, onde tratam das diferenças. Em um segundo momento, o autor trata das correntes filosóficas que fundamentaram a antropologia como disciplina acadêmica. São elas: Iluminismo; e, Romantismo.
	No segundo capítulo, os autores abordam sobre o Evolucionismo Social de Morgan, Marx, Bastian, Tylor, entre outros expoentes. Trata do conceito de difusionismo, que se opõe ao evolucionismo. E finalizando, trata da nova sociologia, abordando Weber e Durkheim, sendo este último mais influente na Antropologia. 
FICHAMENTO
 “[...] a antropologia, considerada como a ciência do homem, teve origem na região que em geral, mas imprecisamente, chamamos de “Ocidente” especialmente em três de quatro países “ocidentais”: França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e, até a II Guerra Mundial, Alemanha [...] gostam de atribuir suas origens aos antigos gregos. [...]” p.9
“[...] Vemos pequenas cidades- Estado circundadas de áreas rurais tradicionais da Idade do Ferro e ligadas ao mundo externo por uma rede de relações comerciais marítimas entre povoados urbanos distribuídos ao longo das costas do Mediterrâneo e do Mar Negro [...]” p.10
“[...] hoje, Heródoto é lembrado principalmente por sua história das Guerras Persas, mas ele também escreveu narrativas de viagem minuciosas de várias partes da Ásia Ocidental e do Egito, e de lugares tão distantes como a terra dos citas na costa norte do Mar Negro [...]” p.10
“[...] reconhecemos um problema que acompanha a antropologia em roupagens várias, até os dias atuais: como devemos nos relacionar-nos com “os outros”? Eles são basicamente como nós ou são diferentes? [...]” p.10
“[...] Trata-se do paradoxo do universalismo em oposição ao relativismo. Um universalista atual procuraria identificar aspectos e semelhanças comuns (ou mesmo universais) entre diferentes sociedades, ao passo que um relativista enfatiza a singularidade e particularidade de cada sociedade ou cultura [...]” p.11
“[...] Outros cidadãos são espectadores, enquanto a fé de Sócrates numa razão universal, capaz de determinar verdades universais, é contestado pela visão relativista de que a verdade irá sempre variar de acordo com a experiência e com o que chamaríamos de cultura [...]” p.11
“[...] Ele também afirmava que os seres humanos são fundamentalmente sociais por natureza. Na antropologia [...] esse estilo universalista [...] desempenha um papel de destaque até hoje [...]” p.11
“[...] nos séculos seguintes, atividades “civilizadas”, como arte, ciência e filosofia, se desenvolveram em torno de todo o Mediterrâneo [...] o interesse pelo outro continuou. Assim, o geografo Estrabão (c.63- 4 a.C.-c.21 d.C.) escreveu vários tomos volumosos sobre povos estrangeiros e lugares distantes, obras que cintilam a curiosidade e de alegria da descoberta [...]” p.12
“[...] quando o cristianismo foi elevado à condição de religião oficial [...] desapareceu toda a cultura urbana, o próprio elemento aglutinador que mantinha coeso o Império Romano como um Estado integrado (embora de modo instável). Em seu lugar, manifestava-se um sem-número de culturas europeias locais [...]” p.12
“[...] O maior historiador e filósofo social desse período foi Ibn Khaldun (1332-14060) que vivem na atual Tunísia [...]” p.12
“Ele desenvolveu uma das principais teorias sociais não religiosas e antecipou as ideias de Emile Durkheim sobre solidariedade social [...] Khaldun destaca a importância do parentesco e da religião na criação e manutenção de um senso de solidariedade e de compromisso mútuo entre os membros de um grupo [...]” p.13
“[...] O mais famoso é o relato de Marco Polo (1254-1323) de sua expedição à China, onde ele teria permanecido durante dezessete anos [...]” p.13
“[...] Estimuladas por esses grandes movimentos sociais e financiados pelos novos empreendedores, muitas e longas viagens marítimas exploratórias foram promovidas por governantes europeus [...]” p. 13
“[...] as viagens desse período alimentaram a imaginação dos europeus com descrições vívidas de lugares cuja própria existência lhes fora até então totalmente desconhecida [...]” p.13
“[...] Vespúcio parece usar os índios como mero efeito literário para justificar afirmações sobre sua própria sociedade [...] os americanos nativos são representados como reflexos distorcidos e muitas vezes invertidos dos europeus [...]” p.14
“[...] A maioria desses livros traça um contraste mais ou menos explícito entre os Outros (que eram “nobres selvagens” ou então “bárbaros”) e a ordem existente na Europa (que é contestada ou então defendida) [...]” p.14
“[...] Essa compreensão “não religiosa” estimulou a secularização cada vez maior da vida intelectual europeia, a libertação da ciência com relação a autoridade da Igreja e a relativização dos conceitos de moralidade e de pessoalidade [...]” p.14
“[...] Na história mais recente da antropologia, concepções de desenvolvimento e progresso desempenham às vezes um papel importante. Mas se o progresso é possível, infere-se que ele é produzido pela atividade desses seres humanos, e essa ideia, de que as pessoas traçam seu próprio destino, é uma noção ainda mais persistente na antropologia [...]” p. 15
“[...] Michel de Montaigne [...] em seus escritos sobre povos remotos Montaigne se revela alguém que hoje chamaríamos de relativista cultural [...]” p.15
“[...] Mas na maioria desses relatos, os “outros” ainda desempenham um papel passivo: os autores raramente se interessam pelo modo de vida desses povos; antes, importam-lhes sua utilidade como munição retorica em debates europeus sobre a própria Europa [...]” p.15
“[...] Exemplo relevante desse fato foi a grande polemica filosófica entre empiristas e racionalistas durante os séculos XVII e XVIII [...]” p.15
“[...] Locke lança aqui os fundamentos epistemológicos de uma ciência da sociedade que combina u principio universalista (todos nascem iguais) com um principio relativista (nossas experiências nos tornam diferentes) [...]” p.16
“[...] as antropologias francesas e alemãs ainda trazem a marca do racionalismo continental, uma posição que talvez tenha sido mais ardorosamente defendida por René Descartes [...] conhecido pela distinção clara que estabeleceu ente consciência moral e vida espiritual de um lado, e mundo material e corpo humano de outro [...]” p.16
“[...] sustentamos que a antropologia como ciência só apareceu num estagio posterior, não obstante ser verdade que sua origem foi um processo mais gradual do que as vezes se supõe [...]” p.17
“[...] primeira, que todo o trabalho mencionado até aqui pertence a um de dois gêneros: escritos de viagem e filosofia social [...] quando dados e teoria se integram é que surge a antropologia. Segunda, e talvez mais controversa [...] a disciplina é produto não apenas de um conjunto de pensamentos singulares como os que mencionamos acima, mas de mudanças muito amplas na cultura e na sociedade europeias que no devido tempo levariam a formação do capitalismo [...]” p.18
“[...] É só quando a sociedade emergiu como objeto a ser continuamente aperfeiçoado e remodelado em formas mais avançadas é que o indivíduo racional, independente, pôde transformar-se em algo novo e diferente, e inclusive “mais verdadeiro para si mesmo”. Sem um discurso explicito sobre essas ideias, jamais haveria possibilidade de surgir uma disciplina como a antropologia. [...]” pg.18
“[...] século XVIII, a “idade da razão”,quando foram feitas as primeiras tentativas de criar uma ciência antropológica. Uma obra inicial importante foi La scienza nuova (1725; The New Science, 1999), de Giambattista Vico (1668-1744) [...]” p.19
“[...] Vico propõe uma estrutura universal de desenvolvimento social segundo o qual todas as sociedades passam por quatro fases, com características especificas formalmente definidas [...]” p.20
“[...] Em 1748 o Barão de Montesquieu [...] um estudo comparativo entre “culturas” distintas [...] uma concepção que levou muitos a descrevê-lo como protofuncionalista. p.20
“[...] Nossa capacidade de ver nossa própria cultura “objetivamente”, “de fora”. Montesquieu empregou uma técnica especifica para resolver esse problema: descreveu sua própria sociedade do ponto de vista de um forasteiro [...]” p.21
“[...] Foram os enciclopedistas, liderados pelo filosofo Denis Diderot (1713-1784) e pelo matemático Jean Le Rond d’Alembert (1717-1783). O objetivo desses intelectuais era coletar, classificar e sistematizar o maior volume possível de conhecimentos com o intuito de promover o avanço da razão, do progresso, da ciência e da tecnologia [...]” p.21
“[...] Rousseau afirmava que o desenvolvimento não era progressivo, mas degenerativo, e que a causa desse declínio era a própria sociedade[...]” p.21
“[...] Essa reavaliação das sociedades livres representou obviamente um passo significativo para o verdadeiro relativismo cultural [...] Aqui, a celebração rousseauniana do “homem autêntico” recebeu novo impulso e os primeiros conceitos de cultura foram apresentados explicitamente [...]” p.22
“[...] O Iluminismo acreditava no indivíduo e na mente racional. Em contraste, o pensamento romântico deslocou sua atenção do indivíduo para o grupo, da razão para a emoção [...]” p.22
“[...] Essa segunda constatação é especialmente comum na antropologia, que tem como objetivo não somente compreender todos culturais (um projeto romântico), mas também dissecá-los, analisá-los e compará-los (um projeto iluminista) [...]” p.22
“[...] Herder proclamava a primazia das emoções e da linguagem e defendia a sociedade como uma comunidade profundamente consolidada, mítica. Ele afirmava que todo Volk (povo) tem seus próprios valores, costumes, língua e “espirito” (Volksgeist). Dessa perspectiva, o universalismo de Voltaire não passava de um provincialismo disfarçado [...]” p.23
“[...] A grande realização de Kant foi demonstrar que o pensamento e experiência estavam relacionados dinamicamente e que a aquisição do conhecimento é um processo criativo [...]” p.24
“[...] Hegel responde a essa pergunta dizendo que não estamos sozinhos no mundo. O indivíduo participa de uma sociedade comunicativa com outras pessoas [...] o indivíduo não é sua causa, mas um dos seus efeitos [...]” p.24
“[...] Assim, através das complexas e frequentemente obscuras formulações de Hegel, vemos emergir o principio do coletivismo metodológico- a ideia de que a sociedade é mais fundamental do que o indivíduo [...]” p.24
“[...] Se o conhecimento é um processo coletivo, que cria um mundo coletivo que pode ser conhecido por indivíduos, torna-se possível visualizar esse mundo num padrão de comunicação mais ou menos sistemático entre pessoas [...]” p. 25
“[...] assim, o nacionalismo tem sua inspiração na filosofia romântica, mas foi também produto de processos históricos subjacentes: as conturbações politicas na sequência das guerras napoleônicas, a alienação produzida pela industrialização e a difusão dos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade [...]” p.25
“[...] Foi nesse mundo agitado e em transição que a antropologia começou a ser considerada como disciplina acadêmica. Uma precondição importante para que isso se concretizasse foi a criação dos primeiros museus etnográficos [...]” p.25
“[...] seguindo o programa de Herder, haviam começado a realizar estudos empíricos sobre os costumes “do povo”. Eles coletavam dados sobre a vida camponesa- sobre contos populares e lendas vestuário e dança, ofícios e habilidades [...]” p.25
“[...] a contribuição alemã à antropologia continuou importante no decorrer de todo o século XIX, concomitantemente ao desenvolvimento de uma antropologia “vitoriana” peculiar na Grã-Bretanha [...]” p.26
“[...] Essa efervescência, por sua vez, significava que a produção podia ser aumentada, tanto na agricultura como na indústria manufatureira. [...] O resultado foi o crescimento da população [...]” p. 27
“[...] As condições nas cidades em rápido crescimento eram sempre precárias: epidemias eram comuns, e quando foi introduzida a primeira lei britânica contra o trabalho infantil, em 1834, ela apenas regulamentou a situação de crianças com idade inferior a 9 anos [...]” p.27
“[...] Simultaneamente aos protestos desenvolveu-se uma ideologia nova, de caráter socialista. Suas raízes remontam a filósofos sociais como Rousseau e Henri de Saint- Simon (1760-1825) e aos neo-hegelianos alemães, mas sua formulação definitiva ocorreu com KarI Marx, que abordaremos mais adiante [...]” p.28
“[...] O antropólogo é um pesquisador global prototípico que depende de dados detalhados sobre pessoas em todo o mundo. Agora que esses dados se tomavam disponíveis, a antropologia podia estabelecer-se como disciplina acadêmica [...]” p.28
“[...] Todos os principais antropólogos da época apoiavam o princípio da unidade psíquica da humanidade - os seres humanos nasciam em toda parte com aproximadamente os mesmos potenciais, e as diferenças herdadas eram negligenciáveis [...]” p.29
“[...] Diferentes sociólogos compreenderam esse projeto de modos diversos, mas todos tinham em comum a ideia de sociedade como uma realidade autônoma que deve ser estudada em seus próprios termos, não com os métodos da ciência natural. [...] os sociólogos defendiam a unidade psíquica da humanidade e aceitavam a teoria evolucionista [...]” p.29
“[...] Morgan compreendeu que grande parte da complexidade da cultura nativa americana em pouco tempo seria irrecuperavelmente destruída como consequência do influxo de europeus, e considerava como tarefa crucial documentar a cultura tradicional e a vida social desses nativos antes que fosse tarde demais [...]”p.29-30
“[...] ele também fez contribuições teóricas substanciais, especialmente em sua obra pioneira sobre o parentesco. [...] ele descobriu semelhanças e diferenças surpreendentes entre o sistema de parentesco desse povo e o de outros povos na América do Norte [...]” p.30
“[...] Morgan criou a primeira tipologia de sistemas de parentesco (cf. Holy 1996) e introduziu uma distinção entre parentesco classificatório e descritivo que continua em uso ainda hoje [...]” p.30
“[...] Para Morgan, o parentesco era principalmente uma porta de entrada para o estudo da evolução social [...]” p.30
“[...] Morgan procura realizar uma grandiosa síntese de toda sua obra. Ele distingue três grandes estágios da evolução cultural: selvageria, barbárie e civilização (com três subestágios para a selvageria e três para a barbárie) [...]” p.30
“[...] A influência de Marx sobre a teoria social é multiforme e complexa e pode ser detectada em muitas análises antropológicas até hoje [...]” p.31
“[...] ele conservou o princípio dialético de Hegel, mas afirmou que o movimento da história se deu num nível material, não num nível espiritual. Segundo Marx, a sociedade é constituída de infra-estrutura e superestrutura [...]” p.32
“[...] Mas, pergunta o antropólogo, esse modelo é aplicável a contextos não-ocidentais? Como ele se harmoniza com a afirmação de Morgan de que o parentesco é o princípio organizador fundamental nas sociedades primitivas? O parentesco faz parte da infra-estrutura? Como isso é possível, se o parentesco é uma ideologia que oculta a infra-estrutura? Toda distinção entre infra-estrutura e superestrutura, entre material e espiritual, deve ser abandonada? Em que sentido, se existe um, a ideologia é “menos real” do que o poder? [...]” p.32
“[...] Poderíamos observar, por exemplo, que suas dificuldades em aproximar o materialismo e o idealismo (hegeliano)lembram o problema de Morgan com as causas materialistas da terminologia do parentesco [...]” p.33
“[...] Nos anos 1860, [...] o prolífico antropólogo alemão Adolf Bastian (1826-1905) publicou o seu Der Mensch in der Geschichte em três volumes (“Man in History”, ver Koepping 1983). [...] Bastian continuou a tradição alemã de pesquisa sobre Volkskultur que fora inspirada por Herder e criticou duramente os esquemas evolucionistas simplistas que começavam a se destacar nessa época [...] Sua visão era que todas as culturas têm uma origem comum, da qual se ramificaram em várias direções - uma visão que mais tarde foi desenvolvida com grande sofisticação por Boas e seus alunos [...]” p.33
“[...] Foi principalmente na antropologia alemã, e em grande parte através da obra de Bastian, que o princípio embrionário do relativismo cultural, evidente em Herder mas ausente do pensamento iluminista e da antropologia anglo-americana do século dezenove, marcou presença na antropologia durante o século dezenove [...]” p.34
“[...] Maine procurou demonstrar como mudanças na legislação refletem mudanças sociais mais amplas e fez a distinção entre sociedades tradicionais baseadas em status e sociedades modernas baseadas em contrato. [...]” p.34
“[...] Bachofen defendia uma teoria evolucionista que passava de um estágio inicial de promiscuidade geral (Hetarismus) a uma primeira forma de vida social - matriarcado - em que as mulheres detinham o poder político. O interesse pelos estudos comparativos da cultura e da sociedade estava aumentando, especialmente na Inglaterra e na Alemanha, e o acesso a dados empíricos confiáveis melhorava rapidamente graças ao colonialismo. [...] único antropólogo do século dezenove a rivalizar com Morgan em influência foi Edward Bumett Tylor [...]” p.34
“[...] Ele e Morgan acreditavam na primazia das condições materiais. [...] Mas, diferentemente de Morgan, Tylor não se interessava pela terminologia do parentesco, e em lugar dela desenvolveu uma teoria dos sobreviventes culturais. [...]” p.35
“[...] a contribuição mais importante de Tylor à antropologia moderna é sua definição de cultura. [...]” p.35
“[...] Para Herder e seus sucessores, a humanidade consistia em culturas autônomas, limitadas. Para Tylor e outros evolucionistas vitorianos a humanidade consistia em grupos que eram aculturados em vários graus e distribuídos nos degraus de uma escada de evolução cultural [...]” p.36
“[...] os antropólogos estavam envolvidos num projeto de duas direções. Em parte, eles se ocupavam em esboçar grandes esquemas evolucionários - unilineares na intenção e universalistas nas pretensões; em parte, tratavam de documentar a imensa amplitude da variação sociocultural humana - e do conhecimento assim acumulado emergiram as primeiras teorias de “baixo alcance” pertencentes a domínios etnográficos específicos, como o do parentesco, e enraizadas em descrições empíricas específicas e detalhadas [...]” p.36
“[...] Durante algumas décadas depois dos prolíficos anos 1860 e 1870, [...] Na antropologia vemos a primeira institucionalização da disciplina na Inglaterra, Alemanha, França e Estados Unidos [...]” p.37
“[...] O último grande evolucionista vitoriano foi James George Frazer (1854-1941), um aluno de Tylor que se celebrizou muito além dos círculos antropológicos por sua obra-prima The Golden Bough [...] é uma extensa investigação comparativa da história do mito, da religião e de outras “crenças exóticas”, com exemplos tirados de todas as partes do mundo. [...]” p.38
“[...] a Expedição a Torres, organizada na Universidade de Cambridge em 1898, com destino ao Estreito de Torres, entre a Austrália e a Nova Guiné, teve retrospectivamente repercussões mais amplas [...]” p.38
“[...] devido à alta qualidade e ao impressionante volume de dados coletados, muitos consideram esses antropólogos como os primeiros pesquisadores de campo verdadeiros. [...]” p.38-39
“[...] Haddon [...] Ele assim contribuiu decisivamente para deslocar o foco da antropologia inglesa das ilhas do Pacífico (onde permaneceu até anos adentro da década de 1920) para a África (que em pouco tempo se tomaria uma mina de ouro etnográfica) [...]” p. 39
“[...] Os difusionistas estudavam a distribuição geográfica e a migração de traços culturais e postulavam que culturas eram mosaicos de traços com várias origens e histórias. As partes de uma cultura, portanto, não estão todas necessariamente ligadas a um todo maior. Em contraste, a maioria dos evolucionistas sustentava que as sociedades eram sistemas coerentes, funcionais. [...]” p.39
“[...] Os difúsionistas tinham como objetivo realizar uma descrição completa da difusão de traços culturais dos tempos primitivos até hoje [...]” p.41
“[...] A maioria dos difúsionistas ainda acreditava que a mudança social geralmente levava ao progresso e a um aumento da “sofisticação”. O aspecto a que se opunham no que se refere ao evolucionismo vitoriano era seu caráter unilinear e determinista: a idéia, encontrada em Tylor e outros, de que todas as sociedades devem passar por certos estágios que seriam mais ou menos semelhantes em todo o mundo [...]” p.41
“[...] Tonnies, na sociologia, analisou a dicotomia simples/complexo da sociedade, acrescentando complexidade e nuança aos esquemas simplistas que o haviam precedido; Simmel (hoje em fase de reabilitação) é admirado por seus estudos da modernidade, da cidade e do dinheiro. Dürkheim e Weber ainda são considerados importantes o bastante para inspirar comentários extensos e frequentes [...]” p.42
“[...] As sociedades primitivas não eram “sobreviventes” de um passado nebuloso nem “passos” em direção ao progresso, mas organismos sociais que mereciam ser estudados por seu valor intrínseco. Finalmente, diferentemente de Bastian e da escola ölkerkunde,
“[...] Durkheim estava interessado, não com a cultura, mas com a sociedade, não; com símbolos e mitos, mas com organizações e instituições [...]” p.43
“[...] A religião e o ritual atraíam de longa data o interesse dos antropólogos, que os haviam documentado numa grande variedade de formas empíricas [...]” p. 44
“[...] “O exótico” podia ser compreendido como um sistema integrado de representações coletivas cuja função era criar solidariedade social. E a religião, o fenômeno mais mistifícante e “exótico” de todos, acabou se transformando no dínamo racional propulsor de todo esse processo [...]” p.45
“[...] E foi a hermenêutica, a ciência que tem como objetivo compreender e interpretar o ponto de vista de uma cultura, pessoa ou texto desconhecidos, que inspirou Weber a pesquisar as motivações por trás das ações, a maneira como determinado modo de agir podia fazer sentido aos indivíduos. Nessa perspectiva, Weber é um dos primeiros representantes do que mais tarde se chamaria de individualismo metodológico. [...]” p.46
“[...] para Weber, a sociedade é um esforço mais individual e menos coletivo do que para Marx ou Durkheim. [...] A sociedade é uma ordem ad hoc gerada quando diferentes pessoas com diferentes interesses e valores se encontram, discutem e tentam (em última análise pela força) convencer umas às outras e chegam a alguma espécie de acordo [...]” p.47
“[...] A influência do legado de Weber sobre a antropologia foi menos direta do que a de Durkheim, ele próprio instrumental na criação da moderna antropologia francesa [...]” p.48
“[...] Muitos conceitos subsistiram e continuam sendo adotados: a distinção de Maine entre contrato e status, a definição de cultura de Tylor e as formas culturais incipientes de Bastian são todas “sobreviventes” (para usar um termo nativo) da antropologia vitoriana [...]” p.48
COMENTÁRIOS 
	De forma didática, o texto faz uma reconstrução da Antropologia. Assim como Laplantine trata em Aprender Antropologia, a Antropologia surge na Europa, e compartilham a mesma ideia sobre a visão que os europeus tinham das “sociedades primitivas”, grande parte desta visão, como explica Eriksen e Nielsen deve-se a forte influência da religião cristã. 
	Cristina Costa, em “Sociologia- introdução à ciência da sociedade”aborda o darwinismo social da seguinte maneira:
 
o princípio de que as sociedades se modificam e se desenvolvem num mesmo sentido e que tais transformações representariam sempre a passagem de um estágio inferior para outro superior, em que o organismo social se mostraria ais evoluído, mais adaptado e mais complexo. (2001)
	
Visto isso, segundo Eriksen e Nielsen, os estudiosos à época acreditavam que as sociedades da África e Ásia estavam em um estágio inferior, o que explica o forte racismo existente nos escritos.
IDEALIZAÇÃO
	Dois conceitos importantes e que são abordados ainda hoje na Antropologia são os de: Universalismo, onde o foco são os pontos em comum de diversas sociedades; e o Relativismo, onde o foco são as particularidades de cada sociedade. A discussão segue além desses conceitos, entretanto nota-se a importância do prisma de análise utilizado na elaboração de pesquisas, principalmente no campo antropológico.

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