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ANÁLISE DE PROJETOS E ORÇAMENTO EMPRESARIAL AULA 2 Prof. Clecio Steinthaler 2 CONVERSA INICIAL Nesta unidade, estudaremos a visão do projeto como instrumento de planejamento estratégico das organizações e descobrimos que a elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. Em seguida, analisaremos a estrutura de gestão de projetos, em que estudamos os três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Logo depois, vamos estudar o contexto da gestão de projetos no ambiente das organizações, no qual um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Analisaremos os ciclos de vida dos produtos em projetos, uma vez que na dinâmica do mundo contemporâneo qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado, e é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. Por final, observaremos a preparação, a estruturação e as estimativas de recursos para um projeto, considerando os aspectos técnicos; aspectos financeiros; aspectos administrativos; aspectos jurídicos e legais e os aspectos contábeis. Então, vamos lá! CONTEXTUALIZANDO Iniciaremos nossos estudos analisando os aspectos econômicos e financeiros relacionados a gestão orçamentária, nas suas mais diferentes etapas. Em seguida, analisaremos os indicadores primordiais de avaliação para mensurar o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa. Discutiremos o controle da gestão, como sendo um conjunto de ferramentas que permitem analisar e acompanhar o desempenho estipulado, 3 permitindo intervenções corretivas antecipadas para o sucesso dos objetivos desejados. Por final, analisaremos as demonstrações contábeis projetadas, que consistem em representações monetárias estruturadas que indicam as posições patrimonial, financeira e econômica da empresa, objetivando fornecer informações sobre patrimônio, posição financeira, fluxo financeiro e resultado, a fim de indicar os resultados do gerenciamento do negócio. TEMA 1 – PROJETO E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O objetivo das organizações é o lucro. Portanto, seus esforços são direcionados, de forma estratégica e operacional, para atingir esse objetivo. Não pode ser diferente quando se inicia a avaliação preliminar de um projeto de investimento, pois, ao estruturarmos esse projeto em parâmetros de rentabilidade, tempo de retorno, lucratividade e total a ser investido, estamos estruturando o planejamento estratégico desse investimento. A elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos, que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam possíveis resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. O resultado financeiro é o direcionador das atividades, e o projeto é um instrumento de planejamento das atividades de uma organização. Por meio do orçamento empresarial, define-se a projeção do lucro, como sendo a projeção das receitas – projeção dos gastos. Sabemos que todo investimento deve considerar os aspectos econômicos e financeiros relacionados a sua performance, além da sua própria sustentabilidade. Não podemos esquecer que todo planejamento deve sempre vir acompanhado do seu orçamento, pois somente com um planejamento bem estruturado é que estaremos diminuindo as incertezas do processo decisório. Como podemos definir o prazo para um planejamento? Simples: podemos conceituar o planejamento como de longo prazo, acima de um ano, quando passa a ser conhecido como planejamento estratégico. 4 No entanto, quando projetado para o período de um ano, torna-se um instrumento de planejamento de curto prazo, que deve ser elaborado com base nos objetivos e nas estratégias definidos no planejamento estratégico, que é de longo prazo. O ciclo de longo prazo é definido para um período que normalmente compreende cinco anos ou mais e abrange três pontos principais: 1. Decidir para onde a organização vai. 2. Avaliar o ambiente dentro do qual ela operará. 3. Desenvolver estratégias para alcançar os objetivos definidos. Vamos contextualizar essa questão Dúvida: ao elaborar o orçamento de gastos com peças para o próximo ano, devo continuar comprando as mais simples, para que o produto final seja mais barato, ou devo comprar peças mais requintadas para que o produto final tenha mais qualidade, gerando, consequentemente, um preço mais alto? Solução: antes de tomar tal decisão, devo conhecer o planejamento estratégico da empresa na qual trabalho para descobrir aonde ela quer chegar. Caso ela busque diversificação de clientes, focando naqueles que possuem maior renda, devo orçar a compra de peças mais requintadas. Do contrário, não. Conclusão: o orçamento empresarial, que é de curto prazo, deve ser elaborado com base nos objetivos e nas estratégias definidos pelo planejamento estratégico, que é de longo prazo. Atenção Para que o orçamento seja utilizado como um instrumento de controle, no acompanhamento do planejamento estratégico, basta que, por intermédio de relatórios gerenciais, as projeções sejam comparadas com resultados efetivamente obtidos. Que tal analisarmos um exemplo? Determinada empresa possui dois produtos para vender. Após analise do mercado consumidor, determinou preços médios de venda e quantidades para suas duas filiais, a Norte e a Sul. 5 Após determinado periodo, solicitou um mapa de acompanhamento das vendas, por quantidade vendida e preço praticado. Tabela 1 – Mapa de acompanhamento das vendas Orçado Realizado Variação Norte Sul Total Norte Sul Total Norte Sul Total Preço (R$) 20,00 25,00 22,73 17,00 27,45 22,27 -3,00 2,45 -0,46 Quantidade (unidade) 50 60 110 56 57 113 6 -33 3 Total receitas (R$) 1.000 1.500 2.500 952 1.565 2.517 -48,00 65,00 17,00 Analisando os dados apresentados, pode-se concluir quanto a estratégia de preços e quantidades adotadas que: a. O preço orçado para o produto no Sul está “subestimado” (R$ 25,00), pois, por um preço de R$ 2,45 acima (R$ 27,45), chegou-se muito próximo da meta orçada (faltaram apenas 3 unidades). b. O preço para o produto no Norte está “superestimado” (R$ 20,00), pois a meta só foi superada (foram vendidas 6 unidades a mais) cobrando-se um preço de R$ 3,00 abaixo do orçado (R$ 17,00). Portanto, ao identificar as metas que não foram atingidas, a administração da empresa agora pode rever seu planejamento, com o objetivo de definir novas estratégias para contornar o problema. No entanto, de que forma deverá agir para definir suas novas estratégias? Segundo Rezende (2003, p.32), a estrutura mínima do planejamento estratégico deve conter os seguintes elementos: a. Capa.b. Sumário ou índice. c. Resumo do projeto. d. Dados e histórico da organização. e. Diretriz operacional (missão, política, objetivos, valores etc.) f. Análise da situação atual. g. Estratégias viáveis ao ambiente. h. Controles (estratégico, tático e operacional). 6 A estrutura básica de um planejamento estratégico deve obrigatoriamente ser acompanhada de indicadores de retorno, ou seja, dos feedbacks sobre o controle das operações. Kaplan e Norton (1997, p.9), estabelecem que os dados colhidos nesse processo precisam, obrigatoriamente, ser compartilhados por todos os funcionários e níveis da organização, a fim de que as partes envolvidas compreendam a importância de seus atos, em cada fase do processo. Esses dados, normalmente, são denominados de indicadores de desempenho e podem ser: Estatísticas de controle de processos. Identificação de produtos defeituosos em relação a produção. Identificação de processos repetitivos, que estejam comprometendo o desempenho. Registro de atrasos, tanto os absolutos quanto os relativos. Identificação de gastos adicionais ou complementares. O registro desses indicadores permite a tomada de decisões em diversos níveis, o que torna eficiente e eficaz o controle de todo o processo. Segundo Brady e Brady (2002, p.25), esses níveis de decisão devem ser estruturados em três áreas distintas: Estratégico: atende a política da organização. Tático: relacionado com o método selecionado para atender a política organizacional. Operacional: aplicação prática das políticas adotadas. Vamos contextualizar essa questão, imaginando que você esteja disputando uma partida de futebol e seja o capitão do time. Sua equipe está perdendo o jogo, e, durante o intervalo, você deve mudar a estratégia. Quais perguntas lógicas devem ser feitas? 1. Que jogo o meu time imagina que está jogando? 2. Qual jogo de fato está jogando? 3. Qual jogo deveria estar jogando? Percebeu a importância de alinharmos as atividades estratégicas com as operacionais, visando atingir um objetivo? 7 Parece ser um processo bastante simples, não é verdade? Realmente ele se torna bastante simples, desde que, segundo Rezende (2003. P.23), cinco etapas sejam atendidas: 1. Análise do ambiente onde vai ser desenvolvido o projeto. 2. Estabelecimento de metas possíveis de serem atingidas e que estejam alinhadas com a missão e os objetivos da organização. 3. Estabelecimento de estratégias, definidas a partir das ações necessárias para alcançar os objetivos. 4. Conhecimento das estratégias a serem desenvolvidas. 5. Monitoramento, avaliação e acompanhamento de todo o processo. Alcançar esse tipo de eficiência não se constitui em um sonho impossível, mas, com um fluxo de informações constantes, criando uma rede de feedbacks, a alta organização pode alinhar a missão da empresa, que resumidamente é caracterizada como: I.Qual é a razão de ser da organização? II.Qual é a natureza do negócio da organização? III.Quais são as atividades de maior relevância para a organização concentrar seus esforços? Entenda melhor: Figura 1 – Missão, princípios e visão Missão • Trata da filosofia básica da empresa. Princípios • São os valores organizacionais que regem as ações da empresa. Visão • É o futuro que se deseja alcançar. 8 TEMA 2 – ESTRUTURA DE GESTÃO DE PROJETOS Ao analisarmos a estrutura de gestão de projetos, devemos considerar três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Embora seja muito comum observarmos empreendedores usarem essas três palavras como sinônimos, na verdade cada uma delas possui significados bem distintos, funcionando como etapas na avaliação de qualquer tipo de processo. Eficiência: fazer certo as coisas. Eficácia: fazer as coisas certas. Efetividade: cumprimento de metas e objetivos. Quanto às características própria de um projeto, podemos destacar: Temporariedade: característica que se refere ao tempo, ou seja, a delimitação temporal para início, meio e fim de um projeto. Essa particularidade está representada na criação dos organogramas de atividades, pois os projetos não devem ser infinitos, uma vez que, mesmo sendo passíveis de renovações e atualizações, as suas atividades de encerramento devem estar previstas em seu conteúdo textual. Vamos imaginar que um grupo de pessoas, após uma reunião, tenha recebido determinadas tarefas para serem realizadas. Assim, um controle de cada atividade seria uma tabela com o nome de cada participante, a data de início e a data final de suas tarefas. 9 Figura 2 – Controle de atividades Ao se estabelecer o conteúdo de um projeto, deve-se ter em mente o resultado esperado, atendendo sempre as próprias expectativas criadas com o projeto. Não se pode elaborar um projeto que vise um determinado objetivo e, ao final, desviar-se completamente do objetivo que estava estabelecido. Portanto, ao elaborar conteúdos para um projeto, deve-se sempre manter a exclusividade desses conteúdos ao projeto, não desvirtuando seus objetivos, pois podem-se comprometer os resultados estimados. Cada projeto é constituído de seus próprios conteúdos, que passam a ser exclusivos dele. Um exemplo bastante interessante dessa vinculação podemos encontrar na Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993 (lei das licitações), na qual é estabelecido o princípio da vinculação ao edital, que vincula o objeto que se está licitando aos termos exclusivos do próprio edital. O projeto deve possuir uma coordenação permanente, porque não é um processo que se conclui na própria elaboração. Deve ser estruturado em fases, e cada fase deve estar interligada de tal forma que a fase seguinte só poderá ser iniciada se a anterior estiver concluída. 10 O processo de encadeamento pode permitir que duas fases sejam iniciadas simultaneamente, mas todas devem obedecer a padronização do avanço para atingirem os resultados esperados. Vamos contextualizar essa ideia de uma forma bastante simples, imaginando uma confecção de camisas. Ao mesmo tempo que um setor adquire os tecidos, a área financeira estrutura a forma de pagamento, enquanto o design cria os novos modelos em função das cores e estampas a serem adquiridas. São três setores que, de forma sincronizada, estarão operando simultaneamente, mas a confecção das camisas, deverá seguir três passos sequenciais: a. Corte b. Costura c. Acabamento Não há como inverter essas prioridades, e uma depende da outra, em um processo sequencial e harmônico Atenção: a progressividade deve ser planejada de acordo com o escopo do projeto. E quanto a gestão do processo? Gerir um processo é estar alinhado com as modernas regras de gestão e possuir uma visão holística do conjunto do projeto. Por essa particularidade, trata-se de uma tarefa que exige algumas características específicas do gestor: Capacidade de organização. Capacidade analítica até dos menores detalhes do projeto. Capacidade de interação entre os envolvidos. Visão de cada parte, sem esquecer a visão do conjunto do projeto. Conhecimento integral do projeto. Portanto, o gestor do projeto deve ser um profissional apto para desenvolver atividades que possam garantir a manutenção e a execução do projeto, como: Determinar metas coerentes e prazos realistas. Identificar problemas que possam surgir ao longo do projeto e buscar soluções possíveis. 11 Harmonizar as variáveis tempo, custoe qualidade dentro dos objetivos propostos pelo projeto. Atuar de forma permanente para corrigir eventuais distorções em relação aos objetivos do projeto. Cabe destacar que, segundo Cunha e Bulgacov (2002 p. 299), o gestor, para atingir os objetivos desejados, deve adotar instrumentos de monitoramento do projeto. Os autores recomendam alguns sistemas, em especial o PERT-COM, enfatizando o uso do gráfico de Gantt, pois descreve a relação entre a atividade e o tempo gasto com elas. Tabela 2 – Gráfico de Gantt As habilidades gerenciais, acompanhadas de um eficiente sistema de monitoramento, permitem a gestão eficiente de qualquer projeto, pois eventuais desvios tendem a ser minimizados pelas ações corretivas e preventivas que tempestivamente podem ser implementadas. TEMA 3 – CONTEXTO DA GESTÃO DE PROJETOS Um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Na simplificação desse processo, as organizações devem criar o PMO (Project Management Office), ou simplesmente o “escritório de gerenciamento de projetos”. 12 A principal atividade do PMO é supervisionar e gerenciar os projetos ou os programas, ou ainda ambos, portanto o escritório de projetos deve cuidar do planejamento e da integração dos diversos projetos e subprojetos, devendo estar alinhado com a visão estratégica da empresa. Vamos simplificar esse entendimento? Figura 3 – Atividades do PMO Essa compreensão quanto ao processo de se “fatiar” um projeto ainda está um pouquinho confusa? Vamos emprestar um exemplo do autor Carvalho Junior (pag. 103), imaginando um programa municipal que procura atender e estimular o aleitamento materno nas comunidades de baixa renda. Figura 4 – Exemplo de projeto Plano estratégico da empresa Programa de ações a serem desenvolvidas Projetos a serem implementados Subprojetos vinculados a cada projeto Projeto principal • Estimular o aleitamento materno nas comunidades de baixa renda Programa de ações a serem desenvolvidas • Desenvolver as estratégias, com a formalização teórica do projeto • Estabelecer a visão e a missão do projeto Subprojetos • Subprojeto 1 - Estabelecer e mapear as unidades a serem atendidas • Subprojeto 2 - Treinar as equipes de visita • Subprojeto 3 - Elaborar cartilha explicativa • Subprojeto 4 - Desenvolver programa de obtenção de recursos • Subprojeto 5 - Realizar orientações preventivas no atendimento de gestantes do pré-natal nos postos de saúde das unidades a serem atendidas PMO "a visão do todo" • Estabelecer o Project Management Office, ou o escritório de gerenciamento de projetos, que vai coordenar todas as atividades, acompanhando e avaliando o desempenho de cada subprojeto, para que o objetivo principal seja atendido. 13 O gerenciamento do projeto proposto deve ser realizado de modo centralizado e coordenado, pois envolve vários subprojetos que podem ter início em fases diferentes, e alguns deles podem se tornar programas específicos e independentes que darão a continuidade e a manutenção do projeto original (como orientações preventivas quanto ao aleitamento materno, ao se fazer o atendimento de gestantes do pré-natal nos postos de saúde). Assim, de forma reduzida, o PMO é a “autoridade máxima” nas decisões que se referem à gestão do projeto, uma vez que sua composição deve privilegiar um corpo técnico, com capacidade de emitir pareceres e tomar decisões quanto ao início de cada subfase; ou ainda, a recomendação para suspensão de projetos que, por qualquer motivo, não estejam mais atendendo aos objetivos gerais da empresa. Dentre suas atividades, podemos destacar: Desenvolvimento de metodologia específica para acompanhamento dos projetos (controles, reuniões, visitas, entre outros). Organização das informações (aferição dos resultados alcançados em função dos objetivos propostos, consolidação de informações de vários subprogramas que estejam vinculados ao mesmo projeto). Gerenciamento e detecção de riscos (acompanhamento financeiro, atrasos em cronogramas, problemas com mão de obra etc.) Em função da volatilidade do mundo moderno, perceber novas oportunidades, que possam exigir um redirecionamento de alguns objetivos, para conseguir melhores resultados. E quanto ao ciclo de vida de um projeto? O ciclo de vida de um projeto, comporta quatro fases distintas: Figura 5 – Fases do ciclo de vida de um projeto Conceito ou iniciação (visão e missão) Planejamento Implementação Conclusão ou encerramento 14 Não podemos esquecer que entre as fases ocorre uma transição, portanto uma fase pode ser iniciada sem que a anterior esteja concluída. a. Conceito ou iniciação: é o “nascimento” do projeto. Trata-se da ideia inicial. Ocorre quando estabelecemos a visão e a missão do projeto. b. Planejamento: é o processo de definir as metas desejadas, da efetiva organização do projeto inicial e do estabelecimento de seus subprogramas. Nessa fase, implementa-se o PMO e cuida-se da operacionalização e do acompanhamento do projeto. c. Encerramento: é a fase final do projeto, tão importante quanto as demais, pois é nesse momento que são feitas as avaliações de encerramento, traçando um quadro geral das atividades desenvolvidas, identificando as potencialidades e fragilidades das equipes envolvidas, medindo-se os resultados obtidos, em função dos recursos dispendidos, para que possam ser obtidos subsídios de aprendizado ao se desenvolver novos projetos. O encerramento deve ser a escola, de onde extraímos o aprendizado de nossos erros e dos nossos acertos. O guia PMBOK (PMI, 2004 p.20) estabelece que os ciclos de vida de um projeto, devem definir: a. A data de início e término de cada fase. b. Quais são os sujeitos envolvidos em cada fase. c. O controle e a aprovação da própria fase. Fica bem evidenciada a relação lógica entre as fases do ciclo de vida de um projeto, portanto a sua evolução segue uma ordem racional, e não devemos ignorar ou pular alguma fase, pois a formalidade na transição de uma fase para a outra é o momento de fazer as revisões técnicas da fase anterior e autorizar o início da fase seguinte. TEMA 4 – CICLOS DE VIDA DE PRODUTOS EM PROJETOS Na dinâmica do mundo contemporâneo, qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado. Consequentemente, todo projeto a ser desenvolvido deve contemplar esse ciclo do produto a que ele se refere, pois é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. 15 O ciclo de vida de um produto pode ser determinado pela intensificação da concorrência, por produtos similares ou mesmo pelo próprio projeto inicial do produto, que prevê avanços tecnológicos constantes, permitindo sua inovação e atualidade perante os concorrentes, como no caso dos aparelhos celulares. É interessante destacarmos que esse processo de reinvenção permanente vale inclusive no setor público, pois, quando o administrador público deseja atrair investimentos para um município, por exemplo, deve oferecer um produto novo, que seja atraente perante os investidores, com diferencial competitivo entre os seus pares, o que pode se traduzir em políticas de educação, segurança, transporte etc. Traçando-se um paralelo entre os ciclos de um projeto e os ciclos de vida de um produto, podemos destacar quatro estágios principais que envolvemo ciclo de vida de um produto. Figura 5 – Fases do ciclo de vida de um produto a. Introdução no mercado: Nessa fase inicial, as empresas normalmente estipulam seus projetos com ganhos bastante reduzidos, como forma de atrair a atenção dos consumidores. Normalmente nessa fase, os projetos preveem investimentos com marketing e logística bastante altos, sem garantia de êxito, o que acentua um acompanhamento mais rígido do projeto, pois os riscos de não aceitação do produto pelo mercado são grandes, pela característica da inconstância do próprio consumidor. • Fase 3• Fase 4 • Estágio 2• Estágio 1 Introdução no mercado Crescimento Maturidade e saturação Declínio das vendas 16 b. Crescimento: Ocorre quando o produto começa a ficar conhecido no mercado. Nessa fase o projeto já trabalha com expectativa de retorno maior, possibilitando a recuperação dos investimentos. c. Maturidade e saturação: Ao atingir a capacidade máxima de consumo, inicia-se um ciclo de queda nas vendas. Trata-se de uma fase extremamente delicada, pois a empresa, ao perder mercado, inicia a próxima fase, de declínio das vendas. Entretanto, se quando elaborou seu planejamento previu essa fase, deve ter pronto um novo produto ou o mesmo produto com algumas diferenças (como maior agregação tecnológica, por exemplo), iniciando novamente o ciclo. d. Declínio das vendas: Não havendo renovação no produto, bens mais novos podem se tornar mais atrativos e eficientes. Nesse cenário, restam apenas duas alternativas à empresa: ou saem completamente do mercado, ou procuram mercados novos, mais restritos e especializados. Os projetos refletem os ambientes das organizações onde estão sendo desenvolvidos, portanto o ciclo de vida de um projeto está ligado às operações que estão sendo desenvolvidas pelas empresas, mas não podemos confundir o ciclo de vida de um projeto com o ciclo de vida de um produto. O produto está contido no projeto. Figura 6 – Projeto e produto Isso representa que o objetivo do projeto não está concluído com a simples criação de um produto, mas sim com o ciclo de vida desse mesmo produto, o que é popularmente conhecido como “plano de negócios’’. Trata-se de um importante processo auxiliador para determinar os objetivos de um projeto e o ciclo de vida de um produto, pois esse processo deve abranger até o próprio mercado consumidor. Portanto, temos uma visão mais abrangente, que pode ser resumida assim: 17 Figura 7 – Visão de projeto e produto O plano de negócios reflete as expectativas específicas com cada produto e concentra as necessidades observadas nos ambientes interno e externo, portanto é o realimentador das diretrizes do próprio projeto, incluindo ou eliminando fases, uma vez que ele está diretamente vinculado às partes interessadas do projeto, estabelecendo um elo entre o controlador do projeto e os gerentes da linha de atuação. Não devemos esquecer que cada organização é única em seu contexto, portanto deve estabelecer um ritmo próprio de trabalho. Esse processo exige um compartilhamento de informações entre todos os envolvidos, num processo de aprendizagem continuo, que segundo Have et al. (2003, p. 80) deve estar centrado em quatro competências básicas: 1. Absorção do conhecimento captado de fora; 2. Difusão interna do conhecimento adquirido e adaptado; 3. Geração interna do próprio conhecimento; 4. Aplicação desses conhecimentos. Para o sucesso do projeto, é extremamente importante a aplicação dessas quatro competências, pois em todo projeto existem vários grupos correlacionados. Figura 8 – Grupos correlacionados de um projeto 18 É interessante notar que cada parte, mesmo trabalhando de forma isolada, possui uma forçosa interligação com as outras, pois o sucesso do projeto não está apenas no sucesso de uma das partes, mas no do conjunto todo. Essa é uma visão sistêmica de gestão, em que ocorre um trânsito constante entre os departamentos, sem haver a perda de hierarquias entre os eles e, em especial, sem perder de vista os objetivos do projeto. Kaplan e Norton (1997 p.264) definem com bastante propriedade o compartilhamento de informações, pois afirmam que “a visão compartilhada é o ponto de partida essencial para o processo de aprendizado estratégico, porque define, em termos claros e operacionais, os resultados que toda organização está tentando alcançar”. TEMA 5 – PREPARAÇÃO, ESTRUTURA E ESTIMATIVAS DE RECURSOS PARA UM PROJETO Sabemos que o futuro é incerto, pois estamos sempre subordinados a fatores externos, que fogem completamente ao nosso controle, e isso não nos impede de fazermos projetos. Todavia, para que esses projetos tenham um mínimo de viabilidade, devem trazer um percentual, mesmo que pequeno, de segurança sobre os acontecimentos futuros. Não se trata de um processo ilusionista ou fantasioso, mas de um processo técnico que deve permear todo empreendimento. Esse processo considera alguns aspectos específicos: 1. Aspectos econômicos. 2. Aspectos técnicos. 3. Aspectos financeiros. 4. Aspectos administrativos. 5. Aspectos jurídicos e legais. 6. Aspectos contábeis. No mundo contemporâneo, as mudanças comportamentais e de valores ocorrem na velocidade de um clique, ou seja, as novas tecnologias e a globalização transformaram o mundo em uma “sociedade da informação”, exigindo das organizações uma preparação para suportar mudanças cada vez maiores, em um cenário de competição permanente. 19 Esse cenário exige inovações permanentes, e, cada vez que pensamos em inovação, pensamos em projeto, e cada vez mais os projetos devem ser bem estruturados, para permitir um controle eficaz sobre todas as atividades que se fazem necessárias para a sua implementação. O aspecto econômico e financeiro pode ser representado pelo total de recursos investidos, o grau de risco embutido no projeto, o percentual de incerteza e, em especial, o percentual retorno desejado e a agregação de valor para a empresa. Vamos exemplificar: Suponhamos um projeto com as seguintes características: Figura 9 – Características do projeto Projeto de investimento 30.0% de recursos ao custo de 10.0% aa 30.0% de recursos ao custo de 11.0% aa 40.0 de recursos ao custo de 9.0% aa Retorno desejado 15.0% aa Sabemos que só pode ocorrer agregação de valor se a taxa de retorno for superior ao custo médio ponderado dos capitais investidos. Portanto: 30,0% dos recursos captados ao custo de 10,0% a.a. = 3,0% 40,0% dos recursos captados ao custo de 9,0% a.a. = 3,60% 30,0% dos recursos captados ao custo de 11,0% a.a. = 3,30% Total = 9,90% Resultado: A taxa média ponderada do custo dos recursos captados é igual a 9,90% a.a., enquanto o retorno estimado é de 15% a.a. Portanto, há uma agregação de valor de 5,10%, o que viabiliza economicamente o investimento. Havendo a viabilidade econômica, pode-se mensurar a entrada/saída de capitais em cada período do projeto, mantendo-se um controle sobre os recursos através de uma planilha orçamentária dividida em duas fases: a. Fase de planejamento. 20 b. Fase de execução. Esse controle permite atingir o desempenho econômico desejado, pois podemos expandir ou retrair os investimentos, conforme a reação do próprio mercado. Simultaneamente a esse controle, devemos identificar algumas variáveis que interferem no sucesso do projeto, como: a. Grau de satisfação quanto ao produto/serviço proposto pelo investimento. b. Processo de captação. c. Processo de fidelização. d. Medição constantee permanente da lucratividade. O aspecto técnico trata da engenharia do projeto e deve ser representado por um documento, na forma de um quadro resumido, onde devem constar todos os recursos tecnológicos necessários, bem como as melhores soluções técnicas para a implementação do projeto. São informações extremamente importantes, pois a utilização de inovações não consideradas pode representar um impacto direto nas questões financeiras. Os aspectos administrativos são aqueles relacionados com a estrutura organizacional em que serão desenvolvidas as atividades inerentes ao projeto. O ponto importante a ser considerado nesse item é a capacidade que a estrutura da empresa tem para enfrentar as incertezas decorrentes da imprevisibilidade mercadológica, afinal, como já afirmamos, o futuro é incerto. Sabemos que muitos projetos fracassaram por causa do desenho organizacional em que foram desenvolvidos, que não permitiram respostas rápidas a mudanças imprevistas. Vamos ver um exemplo: Imagine um projeto de vendas internacionais em que se analisou o mercado internacional e foram criados a área de atendimento ao cliente, uma área de finanças e um banco como parceiro, mas não foi pensado na estrutura de um sistema de informações sólido, optando-se por um sistema com uma menor escala de armazenamento de informações e uma capacidade limitada e reduzida para navegação de dados. Havendo um crescimento exponencial e rápido das vendas, em função de uma demanda não prevista, será criado um ponto de estrangulamento no fluxo das informações, que poderá comprometer todo o negócio. Portanto, qual é o custo financeiro e de tempo para a migração desse sistema? Se houvesse sido 21 planejado um sistema que permitisse uma ampliação de sua capacidade de forma rápida, mesmo representando um pequeno custo adicional, o projeto não estaria protegido contra esse imprevisto? Figura 10 – Itens do projeto Mercado Internacional Departamento Jurídico Atendimento ao Cliente MICROSOFT CORPORATION Finanças Projeto de Vendas Internacionais Sistemas de Informações $ Banco y y y Esquecimento Devemos considerar que toda estrutura deve variar de acordo com o tamanho do projeto, mas deve-se ter em mente a capacidade adaptativa da estrutura, para maior ou menor, conforme a variação do mercado. Portanto recomenda-se que todo projeto deva estar vinculado a três grupos clássicos de estrutura administrativa. a. Estrutura modular: quando o projeto está vinculado restritamente a uma tarefa/área específica. b. Estrutura hibrida: o projeto deve conter elementos de várias áreas, permitindo uma permeabilidade interna de suas atividades. c. Estrutura achatada: quando o projeto necessita de equipes técnicas de alto nível, com um desenvolvimento independente. O aspecto jurídico e legal não incide diretamente sobre o projeto, mas trata da forma como este está relacionado ao seu entorno, ou seja, representa os quesitos legais exigidos pela lei. Tais itens podem estar representados na elaboração de um contrato ou de um recibo ou em termos oficiosos de 22 compromissos a serem assumidos. Trata-se da presença do universo jurídico, legitimando uma ação. O aspecto contábil vem assumindo importantes funções dentro dos projetos, uma vez que trata da forma de como os resultados serão apresentados. Possui a finalidade de verificar a legalidade da documentação contábil, dando veracidade aos lançamentos. É a aplicação de alguns princípios contábeis que legitimam os valores recebidos ou dispendidos, como vamos a seguir. Art. 4: O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio da organização não se confunde o dos seus sócios ou proprietários. Art. 6: O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram Por consequência, todos os lançamentos devem ser escriturados de forma imediata, o que permite manter um registro atualizado de cada movimentação. Art. 10: O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Esse princípio evita o excesso de otimismo, causa de tantos males em vários projetos. Agora que já conhecemos a preparação, a estrutura e as estimativas de um projeto, não podemos esquecer que cada tópico abordado representa um risco ao projeto, e cada risco deve ser mensurado conforme o seu nível de prioridade. Recomenda-se dividir os riscos em três níveis de prioridades: 23 Figura 11 – Níveis de prioridades dos riscos Essa medição pode ser auferida na forma de indicadores, que serão a base para as futuras correções, e assim manter um controle estratégico de todo o processo, uma vez que o objetivo final de um projeto é medido pelo desempenho da organização, a comparação entre o desempenho e os objetivos traçados pelo projeto e, por final, pelas ações corretivas adotadas e suas consequências no projeto. FINALIZANDO Abordamos a visão do projeto como instrumento de planejamento estratégico das organizações e descobrimos que a elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos, que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. Em seguida, analisamos a estrutura de gestão de projetos e estudamos os três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Nível 1 • São os riscos mais danosos, pois influenciam negativamente o resultado do projeto, sendo impossível de saná-los. Nível 2 • Risco intermediario, pois demanda um custo moderado para ser solucionado, devendo ser sanado de forma imediata e, se possivel, ainda na fase de planejamento. Nível 3 • Nível leve, não representa risco significativo para o projeto, podendo ser solucionado de forma gradativa. 24 Logo depois, estudamos o contexto da gestão de projetos no ambiente das organizações, no qual um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Passamos a analisar os ciclos de vida dos produtos em projetos, uma vez que na dinâmica do mundo contemporâneo qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado, e é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. Por final, observamos a preparação, a estrutura e as estimativas de recursos para um projeto, considerando os aspectos técnicos, financeiros, administrativos, jurídicos e legaise contábeis Esperamos você em nosso próximo encontro! 25 REFERÊNCIAS CARVALHO JUNIOR, M. R. de. Gestão de projetos da academia à sociedade, Curitiba: InterSaberes, 2013. MACEDO, J. de J. et ali. Análise de projeto e orçamento empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2013.
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