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Colelitíase 1 Colelitíase Anatomia e terminologia NOÇÕES GERAIS As vias biliares tem como função geral recolher a bile produzida nos hepatócitos e drenando para as vias biliares extra hepaticas direciona a bile para dentro do TGI. Tem-se o ducto hepático direito que drena a bile produzida do lado direito do fígado e ducto hepático esquerdo que drena do lado esquerdo do fígado. A junção do ducto hepático esquerdo e direito dá o ducto hepático comum. Tem-se o ducto cístico que conecta a vesícula à via biliar principal. A junção do ducto cístico com a porção final do ducto hepático comum dá formação ao colédoco. O colédoco desemboca na segunda porção do doudodeno, sendo mais preciso, na papila de Vater, juntamente com do o ducto pancreático principal. A papila de Vater então é a junção do ducto colédoco, com o ducto pancreático principal. Dentro da ampola de Vater, tem-se o esfíncter de Oddi, que fica contraído e só vai ser relaxado quando a bile produzida no fígado escoar para o TGI. A função da vesícula é armazenar a bile, quando a vesícula é contraída, a bile sai para o TGI. Lembrando que a bile é produzida pelo fígado, a bile chega na vesícula para ser armazenada por um processo de retroalimentação de bile para dentro da vesícula, quando o esfíncter de Oddi está fechado, ocorre represamento da bile Colelitíase 2 na via biliar principal que reflui a bile passando pelo cístico em direção à vesícula. Assim que a bile é armazenada na vesícula. OBS O ducto principal não faz parte da via biliar. Toda vez em que for fazer uma colescistectomia deve-se identificar o triângulo de Calot Trígono de Calot: formado pela borda inferior do fígado, ducto cístico e ducto hepático comum. É neste trígono que mora a artéria cística. Colelitíase 3 Tem-se o tronco celíaco, dele sai a artéria hepática comum que emite a gastroduodenal, artéria hepática própria e depois vem a artéria hepática direita (que emite a artéria cística, podendo ser emitida tb da artéria hepática própria). Terminologias Colelitíase → Cálculos dentro da vesícula biliar Colecistolitíase sintomática → ocorre quando cálculos agarram de forma intermitente no infundíbulo ou ducto cístico gerando dor. Colecistite aguda → Cálculos que agarram no infundíbulo por mais de 6 horas causando inflamação e infecção. Coledocolitíase → quando o cálculo impacta no colédoco, que pode descer um pouco mais e causa uma pancreatite. Colangite → obstrução e inflamação de toda a via biliar. Síndrome de Mirizzi → cálculo grande sai da vesícula e atravessa a via biliar, sem respeitar os limites. Fístula biliodigestiva → cálculo que sai da vesícula e vai em direção ao trato digestivo (duodeno) Colecistolitíase Colelitíase 4 Etiologia dos cálculos Cálculos de colesterol → Corresponde à maioria dos cálculos → São cálculos amarelos: Excesso de colesterol na bile, faz com haja dessolubilização, depois cristalização e nucleação do colesterol formando os cálculos. Colelitíase 5 Cálculos pigmentados → Podem ser marrons ou pretos → Estão associados a várias composições dentre elas, bilirrubinato de cálcio (cálculo peto), tornando-os radiopacos. Ocorre mais comumente em doenças hemolíticas. A diferença do cálculo preto para o marrom é diferença na Colelitíase 6 concentração de bilirrubinato de cálcio, no cálculo preto a composição é quase exclusiva de bilirrubinato de cálcio enquanto que nos cálculos marrons terá colesterol + bilirrubinato de cálcio + ác graxos Fatores de risco 6 F's em inglês Female → sexo feminino Fertile → Fertilidade (mtas gestações - múltipara) Forty → quarenta (próximo aos 40 anos) Colelitíase 7 Fat → Obesidade Fair → Caucasiana (pessoas brancas) Family history → história familiar Outros fatores → Vegetarianos, anemias hemolíticas, uso de ACO, etilistas, estrogênio (faz ter + colesterol na bile) Quadro clínico Assintomático → Maioria dos casos Diagnóstico incidental Sintomáticos → Colecistolitíase sintomática Estes pacientes podem desenvolver complicações Os sintomas típicos são: → Dor em hipocôndrio direito → alivia em até 6 horas → Pós prandial → Após o consumo de alimentos gordurosos: isso vai estimular muito a contração da vesícula, o que pode fazer o cálculo impactar de forma intermitente no fim da vesícula, obstruindo ela no infundíbulo. O paciente sente dor, porque a vesícula fica contraindo o tempo todo, tentando vencer a obstrução Colelitíase 8 → Ocorre devido à oclusão transitória do ducto cístico → Menor que 6 horas Não é uma urgência Sintomas atípicos → Dispepsia OBS Sintomas como febre, dor persistente, icterícia, colúria, indicam a probabilidade de colangite, colédocolitíase ou colecistite Diagnóstico USG abdominal irá mostrar: → cálculos → tamanho dos cálculos → calibre das vias biliares → são descritos como imagem hiperecoicos (brancos) e sombra acústica. → se tem líquido livre associado Laboratório Colelitíase 9 → avalia se tem risco de coledocolitíase (aumento de gama gt, FA, bilirrubina, tgo, tgp). → avalia se o paciente tem algum risco pré operatório OBS Na USG tudo q for hipoecoico (+ liquido) será mais enegrecido na imagem ultrassonográfica, já tudo q for hiperecoico (+sólido) será mais brancacento. Tratamento cirúrgico Quando está indicado? Pacientes sintomáticos → Nestes casos o tto cirúrgico é o padrão → Colecistectomia video laparoscópica → Cirurgia eletiva → Potencialmente contaminada → ATB profilático é controverso → ATB terapêutico é proscrito Outras formas de tto são: colecistectomia aberta (somente para casos complicados), ''single port'' (sangra muito), tto clínico ineficaz Apresentam alguma forma de complicação da colecistolitíase ( pancreatite aguda, por exemplo) Em pacientes assintomáticos, como forma profilática (exceção) Os casos assintomáticos de forma geral devem ser observados e não operar. Colelitíase 10 Complicações Colecistolitíase pode complicar com: → Colecistite aguda → Coledocolitíase → Colangite → Pancreatite biliar → Síndrome de Mirizzi → Fístulas biliodigestivas Colecistolitíase assintomática Paciente encontra-se completamente assintomático ou não apresenta sintomas típicos (dor biliar, dor em HCD, dor pós prandial após o consumo de alimentos gordurosos Cálculos grandes? Cálculos pequenos? O importante é observar se: O paciente é uma fábrica de cálculos. Colelitíase 11 Se o paciente apresenta este perfil, mais cedo ou mais tarde ele torna-se sintomático. Os cálculos tem composição mais comum de bilirrubina. O excesso de bilirrubina virá principalmente de pacientes que apresentam anemia hemolítica, como esferocitose ou anemia falciforme, em que o paciente vai fazer hemólise repetitivas que vai fazer com que haja mais bilirrubina na bile, formando assim, mais cálculos pigmentados Se apresenta risco de câncer → O paciente apresenta colecistolitíase + vesícula em porcelana (em que o diagnóstico é ultrassonográfico) → O paciente apresenta colecistolitíase + pólipos de qualquer tamanho. → Cálculos > 3cm Microcálculos está relacionado à pancreatite Nestes tipos de paciente faz-se colecistectomia profilática. Nesses pacientes a cirurgia é videolaparoscópica. Se o paciente não apresenta nenhuma das situações acima, deve-se: Observar e acompanhar e reavaliação seriada em ambulatório USG seriada Colecistite aguda Colelitíase 12 Ocorre impactação do cálculo do infundíbulo, que faz com que a vesícula desenvolva características inflamatórias. A obstrução pode ocorrer tanto no infundíbulo quanto no ducto cístico. Quando há infecção, ela pode ocorrer devido à E. coli e Enterobacter Duração dos sintomas tem 6h Quadro clínico Dor biliar Duração > 6h Náuseas Colelitíase 13 Febre Sinal de Murphy → pausa álgica da inspiração profunda enquanto alguém está palpando o ponto cístico do paciente. Leucocitose Propedêutica USG na colecistite mostra: Cálculo impactado Espessamento de 4mm da vesícula biliar, elafica edemaciada A inflamação pode juntar líquido o redor da vesícula Colelitíase 14 Quando se tem dúvida do diagnóstico após ter feito o USG, pode-se fazer o exame padrão ouro que é Colecintilografia DISIDA, é um exame em que se joga um radionuclideo que é excretado pela via biliar e quando ele cora a vesicula quer dizer que está tudo bem, que há comunicação da vesícula com o trato biliar completo. Se o exame não cora a vesícula na cintilografia biliar, quer dizer que tem um calculo obstruindo o fluxo biliar. Colelitíase 15 Tratamento Colecistectomia videolaparoscópica → precoce em tem até 72h para operar. É seguro de fazer até 1 semana. Com objetivo de aliviar a pressão das vias biliares Tem que dar ATB, sendo a escolha, ceftriaxona + metronidazol ou ciprofloxacino + metronidazol ou amoxicilna + clavulanato OBS Em pacientes graves e que não toleram CVL, pode ser feita colecistostomia percutânea, para drenar o líquido inflamatório Colelitíase 16 Colecistite aguda grave A colecistite torna-se grave devido à vários fatores, quando grave pode ocorrer: Empiema da vesícula biliar → a vesícula biliar está cheia de pus. é muitas vezes diagnosticada no intraoperatório, mas tbm pode ser vista pela USG, que irá identificar líquido espesso na vesícula. Colecistite necrosante → ocorre necrose da vesícula biliar, sendo o diagnóstico intraoperatório Colecistite enfisematosa → a vesícula tem alguns pontos de necrose, o que permite a saída de gases da vesícula, sendo que estes gases vão para parede abdominal. Pode ser diagnosticada por exame de imagem, como TC. Colecistite perfurada → Ocorre necrose da parede da vesícula, pode ocorrer tb um abscesso junto da vesícula, pode gerar coleção cavitária. Diagnóstico é feito por exame de imagem ou no intraoperatório. Colelitíase 17 Quadro clínico Dor biliar 6h Náuseas Febre Murphy Colelitíase 18 Leucocitose O local pode estar com a parede abdominal rígida e pode haver sinais de peritonite. Sistemicamente → paciente pode apresentar sepse e apresentar: hipotensão, IRA, insuficiência respiratória Quando isso ocorre? Casos arrastados Quando o paciente é diabético Sexo masculino Idosos Colecistite alitiásica Ocorre quando o paciente estava com um quadro sistêmico grave e posteriormente evoluiu com inflamação/infecção da vesícula biliar Ocorre em pacientes graves como: Grande queimado Sepse Colelitíase 19 Choque prolongado Má perfusão da vesícula biliar → perde seus mecanismos de defesa predispondo à infecção Imunossuprimido Clínica Será de colecistite, além disso o paciente poderá apresentar: Rigidez da parede abdominal/peritonite Sepse Deve-se questionar se o paciente é homem ou tem DM, ou se é grande queimado USG Pode ter ou não cálculos (colecistite alitiásica) Colecistite Abscesso Perfurção Rx/TC/RM → Podem demonstrar gás na parede abdominal Pode-se fazer tb a colecitintilografia DISIDA Colelitíase 20 Tratamento Estabilização do paciente Hidratação Antibiótico Monitorização Medidas de urgência → Quão grave? Médio grave → colecistectomia laparoscópica Muito grave → colecistostomia percutânea (drenagem) Coledocolitíase Colelitíase 21 Quadro clínico O paciente apresenta: Dor biliar Síndrome colestática: Icterícia Obstrutiva Colúria Acolia fecal Colelitíase 22 Eventualmente o paciente cursa assintomático Exames Laboratório Elevação de enzimas canaliculares FA Gama GT Elevação de enzimas hepáticas TGO TGP Elevação de bilirrubina às custas da direta Imagem USG vê: Colecistite Dilatação da via biliar Coledocolitíase (raramente o cálculo é visto no colédodoco, pq geralmente ele impacta no fim do colédoco, que fica escondido atrás do duodeno e com isso Colelitíase 23 o US não pega) ColangioRM É melhor para ver vesícula e colédoco Não vê cálculos < 3mm É o exame de escolha para investigar a coledocolitíase. EcoEDA Exame excelente Mais sensível Muito invasivo Pouco disponível Tratamento → CPRE (colangiopancreatografia retrógada endoscópica) → eletiva Não é exame. É procedimento de caráter terapêutico Faz-se uma papilotomia endoscópica e extração dos cálculos SOMADO A ISSO, faz-se → uma colescistectomia laparoscópica Colelitíase 24 Outra forma de tratar é por: → Exploração da via biliar por videolaparoscoia Faz-se colecistectomia videolaparoscópica, faz-se extração transcística ou coledocotomia → tudo isso é exceção. → Derivação Biliodigestiva É uma cirurgia aberta, em que se faz exploração das vias biliares e coledocotomia . Faz-se quando o colédoco tem uma dilatação > 2cm Colelitíase 25 Colangite É a infecção de toda a via biliar. Apresentação clínica Tríade de Charcot Icterícia colestática Dor em hipocôndrio direito Febre Se não tratada progride e causa uma sepse de foco biliar, com isso a a apresentação clínica passa a ser: Pêntade de Reynolds: Icterícia colestática Dor em hipocôndrio direito Febre Hipotensão Rebaixamento do nível de consciência Exames Laboratório: Elevação de enzimas canaliculares: GGT e FA → a maior lesão na colangite ocorre na via biliar e não nos hepatócitos Elevação de enzimas hepáticas: TGO, TGP Elevação de bilirrubina às custas da direta Leucocitose Aumento do PCR Propêdeutica Procurar a colecistolitíase → USG : Colecistolitíase Colelitíase 26 Dilatação de via biliar Coledocolitíase Ao diagnosticar a coledocolitíase, que está causando a colangite, deve-se fazer a CPRE. Complicações pós CPRE Lembrar que CPRE não é uma exame, é um procedimento de caráter terapêutico. Faz-se papilotomia, abre-se a papila duodenal, rompe o esfíncter de Oddi, e faz a extração do cálculo. As complicações podem ser: Pancreatite → complicação mais frequente. Geralmente é leve, mais benigna Clínica: → Dor → Náusea e vômito → Taquicardia Diagnóstico → Elevação de amilase e lipase → TC revelará edema intersticial do pâncreas Colelitíase 27 Conduta → Jejum → Hidratação → Suporte Sangramento → Ocorre no trato digestivo acima do ângulo de Treitz Clínica → HDA Hematêmese, melena → Piora hemodinâmica → Anemia (queda da hemoglobina) Diagnóstico → Endoscopia revisional: vai ver se a papila duodenal está sangrando. Conduta → Autolimitado → EDA terapêutica: adrenalina/clipe → Cirurgia → raro Perfuração Clínica: Muita dor, náusea, vômito, taquicardia Laboratório → Amilase e lipase: normais ou discretamente elevadas → Tomografia: Demonstra retropneumoperitônio, bolhas, líquido livre e pneumoperitônio. Conduta: Manejo clínico → Jejum → Hidratação → ATB Colelitíase 28 Cirurgia → Sutura → Drenagem Complicações colelitíase Fístulas digestivas As fístulas podem dar para órgãos vizinhos como: duodeno, estômago, cólon. Dentro dessas vísceras além do material líquido digestivo, tem-se gás. Então quando ocorre a fístula, há saída de gás gerando aerobilia. Quadro clínico Haverá um quadro infeccioso Pode haver obstrução Colangite Laboratório Elevação de: FA, GGT, TGO, TGP, Bilirrubinas, leucociotose USG → Colecistolitíase, dilatação de via biliar, aerobilia Manejo ATB Colelitíase 29 CPRE Cirurgia (último caso) Complicação Íleo biliar→ ocorre fístula duodenal, e o cálculo cai no duodeno e vai crescendo, causado um abdome agudo obstrutivo. Neste tipo de complicação há a tríade de Rigler: Dilatação do delgado, aerobilia e cálculo em fossa ilíaca direita (vísivel em radiografia) Conduta → Laparatomia exploradora, enterotomia íleal e retirada do cálculo. Pode ser feita correção da fístula e retirada da vesícula. Outra complicação que pode ocorrer é a síndrome de Bouveret→ que é uma fístula colocistogástrica e o cálculo obstrui o duodeno. Colelitíase 30
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